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Aula 03 DISCIPLINA: Teoria Geral do Direito Civil Professora: Ássima Farhat Jorge Casella Pessoas naturais Personalidade jurídica: É a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações ou deveres na ordem civil. Estende-se a todos as pessoas. Art. 1°/CC Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. - Início da Personalidade Art. 2°/ CC: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Obs.: Nascituro: concebido, ainda não nascido. - Em relação ao início da personalidade, temos três teorias: Teoria Natalista, Teoria Concepcionista e a Teoria Condicionalista ou Teoria da Personalidade Condicionada . Vejamos: * Teoria Natalista: a personalidade jurídica se inicia com o nascimento com vida, no momento da primeira respiração. Decorre da interpretação, ou melhor, letra fria do artigo 2º, primeira parte do Código Civil que diz que a personalidade civil da pessoa começa com o nascimento com vida. Art. 2°/ CC: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. * Teoria Condicionalista ou Teoria da Personalidade Condicionada: de acordo com essa teoria, o nascituro é pessoa condicional, ou seja, a aquisição da personalidade dependerá do nascimento com vida. Desdobramento da Teoria Natalista. * Teoria Concepcionista: defende que a personalidade jurídica se iniciaria desde a concepção e, portanto o nascituro seria dotado de personalidade jurídica. Art. 2°/ CC: A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Nota: - A personalidade civil da pessoa começa com o nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção o direito do nascituro. - A doutrina tradicional sustenta ter o direito positivo adotado, a Teoria Natalista, que exige o nascimento com vida para ter início a personalidade. Antes do nascimento não há personalidade. Ressalva-se, contudo, os direitos do nascituro, desde a concepção. Nascendo com vida, a sua existência, no tocante aos seus interesses, retroage ao momento da concepção. - O STF não tem posição definida a respeito das referidas teorias, ora seguindo a Teoria Natalista, ora a Teoria Concepcionista. - O STJ, no entanto, tem acolhido a Teoria Concepcionista, como no tocante ao reconhecimento do direito à reparação do dano moral ao nascituro. Informativo nº 360 do STJ – Terceira Turma ACIDENTE DE TRABALHO. PENSÃO MENSAL. NASCITURO. DANO MORAL. Prosseguindo o julgamento, a Turma decidiu ser incabível a redução da indenização por danos morais fixada em relação a nascituro filho de vítima de acidente fatal de trabalho, considerando, sobretudo, a impossibilidade de mensurar-se o sofrimento daquele que, muito mais que os outros irmãos vivos, foi privado do carinho, assim como de qualquer lembrança ou contato, ainda que remoto, de quem lhe proporcionou a vida. A dor, mesmo de nascituro, não pode ser mensurada, conforme os argumentos da ré, para diminuir o valor a pagar em relação aos irmãos vivos. REsp 931.556-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 17/6/2008. Houve um acidente do trabalho, o sujeito faleceu em razão do acidente do trabalho. Foi demonstrada a culpa do empregador, o falecido tinha filhos vivos e nascituro. O STJ condenou o empregador em dano moral não apenas em favor dos filhos vivos, mas também favor do nascituro. - Término da Personalidade - O término da personalidade jurídica ocorre com a morte. O código prevê a questão da morte no artigo 6º e no artigo 7º. Art. 6°/ CC: A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. *O artigo 6° prevê a morte real em sua primeira parte, e a morte presumida na segunda parte. - Morte Real: término da existência da pessoa natural. - Morte presumida - Poderá ser com ou sem declaração de ausência. Art. 7o do CC: Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. - O artigo 7º pressupõe hipóteses em que a morte é extremamente provável, trazendo uma ideia indireta do falecimento. - A morte presumida pressupõe, como o próprio código diz, os elementos necessários para abertura da sucessão definitiva do ausente. * Morte civil. - Figura abolida das legislações modernas. Entretanto, Venosa e a Maria Helena Diniz defendem que há um resquício da questão da morte civil no direito brasileiro no caso da exclusão do sucessor por indignidade. Art. 1.816 / CC: São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. - Efeitos da morte: - Alguns efeitos: extinção do poder familiar, a extinção do vínculo conjugal e a extinção de contratos personalíssimos. * Morte simultânea ou comoriência Art. 8°/ CC: Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. - Brasil: Adota a presunção relativa de simultaneidade, ou seja, não é necessário que o evento seja único, o que importa é que haja a efetiva simultaneidade, a dificuldade em se apurar a efetiva precedência de falecimentos. - Capacidade A capacidade poderá ser de fato ou de direito. ** Capacidade de direito - É a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. ** Capacidade de fato - Representa a aptidão para pessoalmente, praticar atos da vida civil. - A capacidade de fato advém do discernimento. Obs.: No direito brasileiro não existe incapacidade de direito, porque todos se tornam, ao nascer, capazes de adquirir direitos - Art. 1°/CC. - Há somente a incapacidade de fato ou de exercício. - Incapacidade= falta de discernimento para a prática de determinados atos. - A incapacidade pode ser absoluta e relativa, sendo suprida pelos institutos da representação ou assistência. Representação ≠ Assistência Conceitos pertinentes: Tutela: encargo conferido por lei a pessoa capaz, para cuidar da pessoa do menor e administrar seus bens. Tem por finalidade, suprir a falta do poder familiar. Curatela: é o encargo conferido por lei a alguém capaz, para reger a pessoa e administrar os bens de quem, em regar maior, não pode fazê-lo por si mesmo. Em regra, a curatela destina-se a proteção de incapazes maiores. Mas, há exceções: curatela do nascituro ou nomeação de curador de relativamente incapaz – entre 16 a 18 anos. Obs.: Capacidade e legitimidade Art. 496/CC É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Incapacidade absoluta: Art. 3°/ CC: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis ano II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. - O objetivo da incapacidade é a proteção do indivíduo. - Os absolutamente incapazes tem que ser representados sob pena de nulidade absoluta, artigo 166, I/CC. Art. 166 do CC: É nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; Teoria do Ato Fato: - Busca estabelecer critérios que venham a conferir validade a determinados atos praticados por incapazes independentemente de representação ou assistência. ***Critérios: - São requisitos cumulativos e não alternativos. 1°) Atos de pouca expressão econômica. 2°) Atos que venham a atender aos interesses imediatos e cotidianos do incapaz. 3°) Tais atos usualmente sejam praticados por recursos destinados pelo próprio representante ou assistente. - Incapacidade relativa - Os relativamente incapazes estão no artigo 4º/CC. Art. 4/CC: São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos. - Os relativamente incapazes têm discernimento reduzido e precisam ser assistidos sob pena de anulabilidade artigo 171, I do Código Civil. Art. 171/ CC: Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; - Índio: O Código Civil/2002 remete a questão dos índios à lei especial - Lei 6.001/73: - Se o índio estiver integrado à comunidade nacional, em regra, é capaz. - Se o índio não estiver integrado à comunidade nacional, será assistido pela FUNAI, sob pena de nulidade absoluta. - Considerado absolutamente incapaz se não estiver integrado à sociedade. Cessação de incapacidade A incapacidade cessa desaparecendo os motivos que a determinaram. Quando a causa da incapacidade é a menoridade, essa desaparece pela maioridade (Art. 5°, CAPUT) ou pela emancipação. Emancipação - É a aquisição da capacidade civil antes da idade legal. Sendo a antecipação da aquisição da capacidade de fato, podendo decorrer da concessão dos pais, sentença ou a determinados3e fatos que a lei atribui seu efeito. - Artigo 5º, §único que traz as hipóteses de emancipação. Art. 5º, §único do CC: Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; - VOLUNTÁRIA – Irrevogável – se ouver conflitos entre as partes quem decide é o juiz. - Cartório registro de pessoas naturais – VOLUNTÁRIA – Irrevogável -Legal II - pelo casamento; - Judicial III - pelo exercício de emprego público efetivo; –Legal IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. De acordo com sua causa e origem, a emancipação poderá ser de três espécies: voluntária, judicial e legal. * Emancipação voluntária - O artigo 5º, §único e no inciso I - 1ª parte: hipótese de emancipação voluntária, ou seja, aquela emancipação concedida pelos pais. A emancipação consiste na antecipação da aquisição da plena capacidade de fato, antes da maioridade, que seria um marco cronológico usual. A partir do 16 anos. - Irrevogável Obs.: A outorga do benefício deve ser feita por ambos os pais, ou por um deles na falta do outro. Na ocorrência de divergência, caberá ao juiz decidir qual a vontade deverá prevalecer. - A emancipação voluntária não isenta os pais da obrigação de indenizar as vítimas dos atos ilícitos praticados pelo menor. - Só poderá ser outorgada a emancipação, em função do interesse do menor. * Emancipação judicial - É concedida por sentença judicial. * Emancipação legal: decorre de determinados acontecimentos previstos em lei. - Os incisos II a V tratam de emancipação legal. 1) casamento (16 anos completos); 2) exercício de emprego público efetivo (concurso público); 3) colação de grau em curso de ensino superior (faculdade); 4) ter estabelecimento civil ou comercial que lhe propicie economia própria (16 anos completos); 5) possuir relação de emprego que lhe propicie a obtenção de economia própria (16 anos completos). REGISTRO E AVERBAÇÃO - Art. 9º /CC Serão registrados em registro público: I - os nascimentos, casamentos e óbitos; II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida. -Art. 10/CC Far-se-á averbação em registro público: I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação; III - dos atos judiciais ou extrajudiciais de adoção.