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* Historia da Filosofia Medieval TOMAS DE AQUINO 1221-1273 * Nasceu por volta de 1225 em Aquino, próximo de Napoli. Faleceu 7 de março 1274 na Abadia de Fossanova. Membro da ordem dominicana. Considerado um dos mestres da Escolástica e da teologia católica. Proclamado patrono das Universidades, escolas e academias católicas. * O pensamento de Tomas de Aquino foi declarado doutrina oificial da igreja em 1879 pelo papa Leão XIII em sua encíclica Aeterni Patris. * CHESTERTON sobre Tomas de Aquino Na obra O BOI MUDO lemos: S.Tomas era um touro: homem imenso, gordo e taciturno; calmo e magnânimo, mas pouco sociável; tímido, mesmo levando em conta a humildade a santidade; de espírito ausente, mesmo levando em conta os transes ocasionais ou os êxtases que ele dissimulava. * A obra de Tomas de Aquino foi condenada no dia 18 de março de 1277 pelo arcebispo ingles Robert Kilwarvy, e em seguida por Guilherme de la Mare, franciscano que publicou em 1279 um Correctorium catalogando 117 proposições muito audaciosas. Foi posteriormente reabilitado. Canonizado em 1323 pelo papa João XXII * Tomas de A. é conhecido por ter feito a síntese entre fé e razão na história do pensamento. Integrando a filosofia de Aristóteles ao corpus teológico dos Pais da Igreja- notadamente de Agostinho e de Pseudo-Dionísio articulando as verdades da razão com as verdades da fé, uma não podendo caminhar sem a outra. * Em sua época a teologia começa a se organizar em disciplina estabelecida; ele a coloca acima de outras disciplinas mostrando que nada pode colocar-se contra ela. * Uma filosofia realista Tomas de A. Retoma as bases da filosofia realista de Aristóteles. O conhecimento intelectual é uma abstração do conhecimento sensível, ou, em outros termos todo conhecimento vem do sensível . É dele a célebra frase : « Nada está na intelegência sem que antes tenha estado nos sentidos ». * O que está na inteligência é, portanto, abstraído das images fornecidas pelos sentidos. Isso contrapõe à corrente teológica que é ligada mais com a corrente neo-plaônica para a qual os sentidos só fornessem informações enganosas e o corpo uma prisão da alma. * O principal argumento de Tomas em favor do realismo é o seguinte: se Deus nos deu um corpo dotado de faculdades sensíveis significa que ele não pode ser enganoso e que se deve servir dele. * SOBRE TOMAS DE AQUINO Leão XIII em AETERNI PATRIS 1897 SÃO TOMÁS DE AQUINO CONCILIOU COM MÁXIMA PERFEIÇÃO RAZÃO E FÉ Porém, entre todos os doutores escolásticos, brilha, como astro fulgurante, e como príncipe e mestre de todos, Tomás de Aquino, o qual, como observa o Cardeal Caetano, "por ter venerado profundamente os santos doutores que o precederam, herdou, de certo modo, a inteligência de todos" (S. T. II II, 148, 4) . * Não há um ponto da filosofia que não tratasse com tanta penetração como solidez. As leis do raciocínio, Deus e as substâncias incorpóreas, o homem e as outras criaturas sensíveis, os atos humanos e seus princípios, são objeto das teses que defende, nas quais nada falta, * nem a abundante colheita de investigações, nem a harmoniosa coordenação das partes, nem o excelente método de proceder, nem a solidez dos princípios, nem a força dos argumentos, nem a lucidez de estilo, nem a propriedade da expressão, nem a profundidade e gentileza com que resolve pontos mais obscuros. * Os próprios Concilios Ecumênicos, em que brilha a flor da sabedoria colhida em toda a terra, se têm ocupado sempre em prestar a Tomás de Aquino especial homenagem. Nos Concílios de Lião, de Viena, de Florença, do Vaticano, acreditar-se-ia ver Tomás tomar parte, presidir de certo modo às deliberações e decretos dos Padres Conciliares, e combater com grande vigor e com mais feliz êxito os erros dos gregos, dos hereges e dos racionalistas. * A maior honra, porém, prestada a São Tomás, só a ele reservada e que nenhum dos doutores católicos pode partilhar, provém dos Padres do Concilio Tridentino, quando fizeram que, no meio da santa assembléia, com o livros das Escrituras e com os decretos dos Papas, fosse colocada aberta sobre o mesmo altar a Suma Teológica de Tomás de Aquino para dela extrair conselhos, razões e decisões. * CONCEITOS E ESTRUTURA do Sistema Tomista 1 . No sec. XIII , do aristotelismo puro de Averroes, espalharam-se traduções do denominado “averroismo latino” . Suas teses: a) o mundo é eterno( conflito com a tese da criação). b) a alma individual de cada homem não é imortal, mas incorruptível; só o entendimento comum é imortal; * c) existem duas verdades: a filosófica e a teológica; podendo conciliar-se teses opostas sobre a alma: uma é a verdade da fé, outra é a verdade da razão. 2 . O aristotelismo de Tomas de Aquino rejeita as teses averroistas: - a eternidade do mundo - a imortalidade da alma - a dupla verdade * 3 . Teses sobre a realidade e a natureza. Tomas de Aquino adota algumas teses de Aristóteles com as sedguintes características: - a) a teoria aristotélica do movimento: passagem da potência ao ato -b) composição hilemórfica das substâncias naturais ( matéria e forma) * c) distinção entre substância e acidente d) teoria das quatro causas (material, formal, eficiente e final e interpretação teleológica da natureza) * 4 . Características doutrinárias e teleológicas de T.A. a) aceita a demonstração aristotélica da existência de Deus baseando-se no movimento, como passagem da potência ao ato. (1a. Via) b) define Deus com categorias aristotélicas: ato puro e a definição aristotélica de Deus como ato puro do pensamento * c) corrige o aristotelismo no seguinte: Aristóteles sustentava que a vida e a felicidade de Deus consiste em conhecer-se a si m esmo e,sendo auto-suficiente não conhece nada fora de si; portanto Deus é o princípio do movimento e o fim para o qual o universo se orienta. T.A. de acordo com o cristianismo /deus criou o mundo, conhece-o e o faz na medida que se conhece a si mesmo. * 5 . Antropologia tomista A questão do ser humano ocupa lugar relevante na obra de T.A. a natureza do homem enquanto ser material e espíritual é analizada com instrumentos aristotélicos. O homem é essencialmente corpo e inteligência. * T.A. adota o hilemorfismo ( o homem composto de matéria e forma) e sua teoria do conhecimento é relista, isto é, considera que nada o que se encontra na inteligência não esteve antes nos sentidos. les sens. * T.A. Em suas análises dá sentido ao homem ernquanto natureza e não somente como criatura. T.A teve clara consciência dos limites da nbatureza humana mas també, de suas capacidades tanto naturais quanto sobrenaturais. * Resumindo: a) T.A aceita a concepção hilemórfica do homem e a concepção aristotélica da alma como princípio de vida, e como ato e forma do corpo, numa substância única; b) Aristóteles negava a imortalidade da alma; T.A se distancia dele neste ponto e aproxima-se de Platão tentando a difícil síntese entre platonismo e aristotelismo; * c) o entendimento é imaterial assim como a alma, d) no homem o entendimento está vinculado a um corpo material com órgãos sensoriais , daí a união substancial entre corpo e alma. * A Ética tomista a) T.Aquino aceita o princípio aristotélico segundo o qual a finalidade do homem é a felicidade (eudaimonia) e que a felicidade perfeita consiste na atividade intelectual, distanciando-se do agostinismo; b) primazia da razão sobre a vontade * Diferente do agostinismo que afirma a supremacia da vontade sobre a razão; c) T.A defende a tese segundo a qual as normas morais se baseiam na natureza humana, logo conhecê-las e saber seus objetivos e finalidades é critério chave para a formulação da lei moral e natural; * SÍNTESE ARISTOTELICO-PLATONICA a) a questão da dupla verdade obriga a repensar a razão e a fé. O pensamento aristotélico do conhecimento expôs as fraquezas da concepção platônica e neo-platônica do conhecimento. Por quê ? * b) o objeto do conhecimento humano são as realidades imateriais (Platão). O conhecimento que a alma tem de si mesma é muito mais perfeito do que as realidades sensíveis; o sistema desenvolve-se de cima para baixo; * c ) na versão aristotélica de T. Aquino a origem de nosso conhecimento está no sensível, logo, o objeto para o nosso conhecimento não são as realidades imateriais, mas as sensíveis d) ainda que o entendimento seja imaterial e conheça o real, está ligado à experiência sensível, por ser o entendimento do ser humano. * RAZÃO E FÉ em TOMAS DE AQUINO a) a filosofia deve constituir-se de baixo para cima. b) nosso conhecimento de Deus será imperfeito, limitado e analógico a partir de comparações com outras realidades limitadas e imperfeitas cujas causas e acidentes conhecemos. * c) a fé cristã aporta noções sobre a natureza de Deus e do homem ultrapassando as fronteiras da razão; d) fé e razão tem cada um elementos próprios e diferenciados, porém existem verdades compartilhadas pelas duas faculdades; * e) a razão é um instrumental argumentativo para refutar as afirmações contrárias à fé; ex. não se pode demonstrar a criação do mundo, mas também o seu contrário; f) a fé serve à razão como critério extrínseco de verdade ou de objetividade; g) T.A. tem uma atitude moderada e otimista com respeito à razão, mas a autonomia concedida à razão é limitada. * “QUINQUE VIAE” ou AS CINCO VIAS O método para chegar até Deus pela razão se resume em três pontos: - pela causalidade: ele é a causa do mundo. – pela negação : isto é negando nele aquilo que é limite em nós, por exemplo, Deus não é material, mortal, localizado, etc. * - pela eminência : afirmando que existe nele, de modo eminente uma qualidade que está em nós, p. ex. a inteligência, o poder. T.A. Não tinha a intenção de provar a existência d Deus. Ao se dirigir aos estudantes de teologia, considerava a exist\ência de Deus como evidente. * Sua intenção era antes mostrar que se podia chegar até Deus por meio da razão natural partindo daqquilo que se constata no mundo. É por isso que não se denoiminam « provas » mas «caminhos ». * T de Aquino apresenta cinco vias para a demonstração da existência de Deus. a) atualmente não é simples a demonstração, pois está longe de ser uma idéia evidente e aceita por todos, mas na época e cenário social e religioso de Tomas a questão era mais simples. * c) as vias tem uma estrutura de 4 passos : 1 - uma experiência constatável: o movimento da natureza. 2 - aplicar o princípio de causalidade 3 - insistência na impossibilidade de uma série infinita de causas. 4 - afirmação da existência de Deus como primeiro motor * 1a. Via -(genuinamente aristotélica) constatação do movimento da natureza 2a. via - parte das causas até chegar na existência de uma causa incausada; 3a. via – (inspirada em Avicena) constata que existem seres contingentes ( ens ab alio) e um ser necessário ( ens a se) por si mesmo. * 4a. Via ( de inspiração platônica) há seres de diferentes graus de perfeição , logo deve haver um sumamente perfeito. 5a.via constata a ordem que podemos descobrir no mundo natural atribuindo-a a uma inteligência ordenadora. * CONHECIMENTO INTELECTUAL Se o entendimento forma conceitos como se dá a passagem das representações sensíveis aos conceitos que elaboram o entendimento? a) os conceitos são universais ex. o homem é um animal racional não se refere um homem concreto, mas é válido para todos os homens. Logo o conceito homem é universal. * b) nossas percepções sensíveis não são universais, os sentidos só nos mostram objetos individuais. c) a capacidade abstrativa significa que se começa da realidade sensível e se chega na inteligível. * A ESTRUTURA DA REALIDADE a) mesmo que Tomas de Aquino tenha tomado elementos de Aristóteles, alguns são originários de Platão e de uma reinterpretação do conceito cristão de criação entendida como participação; * b) a doutrina cristã da criação assinala a diferença radical que existe entre Deus e os seres criados; c) enquanto Deus é necessário, os demais seres são contingentes: existem mas poderiam não existir; d) essência e existência não tem necessidade de estar relacionadas, mas esses conceitos foram fundamentais no sistema tomista: * uma coisa é a essência do homem como ‘animal racional” e outra a sua existência : que exista ou deixe de existir; e) Tomas de Aquino afirma: o que distingue as realidades criadas é a composição de essência e existência; isso significa que sua existência é contingente porque entre os aspectos de sua essência não entre a existência, logo, somente em um ser necessário ( que não pode deixar de existir) a essência e a existência se identificam.