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APOSTILA CULTURA DA CANA1.SLIDES

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1 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO 
 
 
 
DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA 
 
 
 
 
ÁREA DE FITOTECNIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
 
 
 
 
ELABORAÇÃO: PROF. FRANCISCO JOSÉ DE OLIVEIRA, Dr. 
 
 
 
 
 
 
 
RECIFE, PE, 
 
2009
 2 
CULTURA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
Aspectos gerais 
 
1. Importância econômica 
 
2. Cultivo da cana-de-açúcar no mundo e no Brasil 
 
3. Usinas e destilarias no Brasil 
 
4. Produtos básicos da cana-de-açúcar 
 
5. Utilização dos resíduos da agroindústria 
 
6. Tipos de álcool 
 
7. Produtores Mundiais e Nacionais 
 
8. Regiões produtoras de cana-de-açúcar em Pernambuco 
 
9. Composição tecnológica da cana-de-açúcar 
 
10. Principais fontes de carboidratos no Brasil 
 
11. Definições de termos em cana-de-açúcar 
 
 
 
 
ASPECTOS GERAIS 
 
Importância econômica 
 
A participação da cana-de-açúcar na economia nacional é registrada desde o iní-
cio da colonização e sua contribuição atual, bem como, o seu crescimento, são aspectos 
expressivos no contexto agrícola do Brasil. 
A importância da cana-de-açúcar pode ser atribuída à sua múltipla utilização, 
podendo ser empregada in natura, sob a forma de forragem, para alimentação animal, 
ou como matéria-prima para a fabricação de rapadura, melado, aguardente, açúcar e 
álcool. 
É de grande importância na geração de empregos e movimenta cerca de 2% do 
PIB brasileiro (Carvalho, 1997). O Brasil é o maior produtor mundial de cana, o maior 
produtor e consumidor de álcool e o maior produtor e exportador de açúcar. 
 3 
É uma das culturas agrícolas mais importantes do mundo tropical, gerando 
centenas de milhares de empregos diretos. É uma importante fonte de renda e 
desenvolvimento. 
O sistema agroindustrial de cana-de-açúcar cerca de 1,3 milhões de empregos di-
retos e movimenta recursos da ordem de R$ 10 bilhões (Carvalho, 1997), distribuídos 
da seguinte forma: 
Insumos: R$ 0,82 bilhões 
Produção Agrícola: R$ 2,86 bilhões 
Produção Industrial: R$ 1,19 bilhões 
Comercialização: R$ 2,12 bilhões 
Impostos: R$ 2,80 bilhões 
A produção sucroalcooleira nacional está dividida em dois subsistemas. O Nor-
te/Nordeste e o Centro/Sul. Com características históricas, ecológicas e econômicas 
distintas, a região C/S vem assumindo papel cada vez mais relevante nos valores de 
cana moída, produção e exportação. 
Em 1985, o N/NE respondeu por 27% do total de cana moída. Doze anos depois, 
não passa de 20%. 
 
Produtos básicos da cana-de-açúcar 
 
1.000kg (1 t) CANA Produz: 
 
Usina de açúcar: Bagaço 300 kg - Açúcar 90 kg - Melaço 42 kg – Torta de filtro 30 kg 
- Vapor 600 kg 
 
Destilaria anexa: Melaço 42 kg: Álcool 12 L - Vinhaça 156 L 
 
Destilaria autônoma: Bagaço 300 kg - Álcool 70 L - Vinhaça 910 L – Vapor 600 kg 
 
Subprodutos da agroindústria 
Bagaço – Vinhaça – Melaço – Torta de filtro – Leveduras 
 
 
 
 4 
Utilização agrícola dos resíduos da agroindústria canavieira 
 
Cinzas – Bagaço – Torta de Filtro – Vinhaça 
 
Utilização do Bagaço da cana-de-açúcar 
 
1. Matéria-prima industrial. 2. Insumo energético. 3. Volumoso para ração animal 
 
Possíveis Utilizações do Bagaço de Cana-de-Açúcar 
 
Celulose e Papel – Coque vegetal – Carvão ativado – Furfural e álcoois – Insumo ener-
gético – Aglomerados – Fertilizante natural – Componente para ração animal 
 
FORMAS DE APRESENTAÇÃO DA SACAROSE 
 
• Açúcar mascavo (açúcar bruto): açúcar petrificado, de coloração variável entre 
caramelo e marrom, resultado da cristalização do mel-de-engenho, e ainda com 
grande teor de melaço. 
• Açúcar demerara: açúcar granulado de coloração amarela, resultante da purga-
ção do açúcar mascavo, e com teor de melaço em sua composição, mais utiliza-
do para exportação. 
• Açúcar refinado granulado: Puro, sem corantes, sem umidade ou empedramento 
e com cristais bem definidos e granulometria homogênea. O açúcar refinado 
granulado é muito utilizado na indústria farmacêutica, em confeitos, xaropes de 
excepcional transparência e mistura seca em que são importantes pelo aspecto, 
escoamento e solubilidade. 
• Açúcar refinado amorfo: Com baixa cor, dissolução rápida, granulometria fina e 
brancura excelente, o refinado amorfo é utilizado no consumo doméstico, em 
misturas sólidas de dissolução instantânea, bolos e confeitos, caldas transparen-
tes e incolores. 
• Glaçúcar: O conhecido açúcar de confeiteiro, com grânulos bem finos, cristali-
nos, produzido diretamente na usina, sem refino e destinado à indústria alimentí-
cia, que o utiliza em massas, biscoitos, confeitos e bebidas. 
 5 
• O xarope invertido: Com 1/3 de glicose, 1/3 de frutose e 1/3 de sacarose, solu-
ção aquosa com alto grau de resistência à contaminação microbiológica, que age 
contra a cristalização e a umidade. É utilizado em frutas em calda, sorvetes, ba-
las e caramelos, licores, geléias, biscoitos e bebidas carbonatadas. 
• O xarope simples ou açúcar líquido: Transparente e límpido, é também uma so-
lução aquosa, usada quando é fundamental a ausência de cor, caso de bebidas 
claras, balas, doces e produtos farmacêuticos. 
• Açúcar orgânico: Produto de granulação uniforme, produzido sem nenhum adi-
tivo químico, tanto na fase agrícola como na industrial, e pode ser encontrado 
nas versões clara e dourada. Seu processamento segue princípios internacionais 
da agricultura orgânica e é anualmente certificado pelos órgãos competentes. Na 
produção do açúcar orgânico, todos os fertilizantes químicos são substituídos 
por um sistema integrado de nutrição orgânica para proteger o solo e melhorar 
suas características físicas e químicas. Evitam-se doenças com o uso de varieda-
des mais resistentes, e combatem-se pragas, como a broca da cana, com seus i-
nimigos naturais – vespas, por exemplo. 
 
TIPOS DE ÁLCOOL 
 
• Mais de 90% do álcool produzido no Brasil destina-se ao uso como combustível. 
O restante é usado na indústria de alimentos, bebidas, farmacêutica, uso domés-
tico e hospitalar. 
 
• Álcool hidratado usado na frota nacional de veículo - Álcool anidro como aditi-
vo da gasolina. 
 
PRODUTORES DE CANA-DE-AÇÚCAR 
 
Mundiais: 
Hoje, entre 111 países produtores de açúcar, 73 cultivam cana-de-açúcar e 
são responsáveis por fornecer 3/4 da produção mundial de açúcar. O maior produtor 
de açúcar da cana é o Brasil, seguido pela Índia, China, Tailândia, Paquistão, Méxi-
co, Colômbia, Austrália e Filipinas. 
 
 6 
Nacionais: 
A estimativa da safra canavieira nacional, totaliza 585,6 milhões de tonela-
das, em maio de 2008. A expansão da lavoura mostra o interesse pelos produtos de-
rivados, notadamente o etanol e o açúcar, sendo que o álcool encontra-se mais atra-
tivo no momento, principalmente, em decorrência do aumento do consumo no mer-
cado interno. 
 
REGIÃO NORDESTE 
 
Zona da Mata de Pernambuco 
 
O canavial de Pernambuco se localiza em cinco microrregiões, as quais apre-
sentam condições edafoclimáticas diferentes: 
 
• Litoral Sul – LS 
• Mata Sul – MS 
• Litoral Norte – LN 
• Zona Central – ZC 
• Mata Norte – MN 
 
COMPOSIÇÃO TECNOLÓGICA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
1. FIBRA (10-16%): celulose – pentosanas (xilana, arabana, etc) - lignina 
2. CALDO (84-90%): água (75-82%) – sólidos solúveis (18-25%) 
 
• Sólidos solúveis (18-25%): açúcares (15,5-24%) – não açúcares (1,0-2,5%) 
 
• Açúcares (15,5-24%): sacarose (14,5-24%) – glicose (0,2-1,0%) – frutose (0,0-
0,5%) 
• Não açúcares (1,0-2,5%): orgânicos (0,8-1,8%) – inorgânicos 
 
• Orgânicos (0,8-1,8%):
aminoácidos – gorduras, ceras – ácidos, corantes, etc 
 
 7 
• Inorgânicos: silício – potássio – cálcio – enxofre – magnésio – cloro – ferro – 
sódio 
 
PRINCIPAIS FONTES DE CABOIDRATOS NO BRASIL 
 
Fontes Rend. Agríc/t/ha Rend. Litro/t Álcool Litro/ha 
 Cana-de-açúcar 45 67 3.015 
 Mandioca 12 180 2.160 
 Batata-doce 15 125 1.875 
 Babaçu (coco) 10 86 860 
 Sorgo sacarino 35 85 3.000 
 
DEFINIÇÕES DE TERMOS EM CANA-DE-AÇÚCAR 
 
• Tonelada de cana por hectare (TCH) = Número de colmos/m linear x diâmetro 
do colmo x altura do colmo ou 
• Número de colmos/m linear x peso do colmo = TCH = NC x PC (t/ha) 
 
• Tonelada de açúcar provável por hectare (TPH) = TCH x Pol % da cana, ou seja, 
TPH = TCH x Pol % da cana. 
 
• Pol % da cana (PC) = % de sacarose aparente no caldo da cana. 
• Brix % na cana (BC)= % de sólidos solúveis no caldo. 
• Pureza no caldo da cana (PUR)= % de sacarose aparente (Pol) em sólidos solú-
veis (Brix). 
• Açúcares redutores (AR) = são os açúcares monossacarídeos (glicose e frutose). 
 
Fórmulas que expressam a produção agrícola e industrial da cana-de-açúcar 
• Produção Agrícola: TCH = Número de colmos/m linear x peso do colmo 
• Produção Industrial: TPH = TCH x Pol % da cana 
• Importância do TCH e TPH 
• Na escolha da variedade para o plantio comercial devem ser observados a produ-
tividade agrícola (TCH) e a riqueza de açúcar da cana (Pol), ou seja, TPH = 
 8 
TCH x Pol % da cana, além de outros componentes da planta. A TPH varia em 
função da expressão: 
 
• Fenótipo (F) = Genótipo (G) + Ambiente (E) + Interação Genótipo x Ambiente 
(GE), ou seja, F = G + E + (GA) 
 9 
 
ORIGEM GEOGRÁFICA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
HISTÓRIA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
 
Origem geográfica da cana-de-açúcar 
 
• As espécies de cana-de-açúcar são provenientes do Sudeste da Ásia. 
 
• O Sudeste Asiático é uma das grandes regiões geoculturais da Ásia e engloba 
uma parte do continente, incluindo a Indochina (entre o leste da Índia e o sul da 
China) e uma grande quantidade de ilhas. 
 
• São os seguintes os países agrupados nesta região: Brunei - Camboja - Filipinas 
Indonésia (algumas das ilhas são normalmente consideradas parte da Oceania). 
Laos - Malásia - Mianmar - Singapura (Cingapura) - Tailândia - Timor-Leste - 
Vietnã/Vietname. 
 
História da cana-de-açúcar 
A cana-de-açúcar foi o primeiro vegetal de que o homem lançou mão para a 
extração da sacarose; somente depois de 1747, MARGGRAF, na Alemanha, inaugu-
rou os processos industriais de extração de açúcar da beterraba açucareira. 
Os árabes, com sementes trazidas da Mesopotâmia, introduziram-na no Egito 
e demais partes setentrionais da África e posteriormente na Espanha. Na Espanha, 
como bem no Egito e na Pérsia, tendo por objetivo a cultura da cana, realizaram 
grandes obras de irrigação. 
No princípio do século XV, a cana foi levada para as ilhas da Sicília, Madei-
ra e Canárias e daí seguiu o caminho do Novo Mundo, através dos espanhóis. 
Colombo introduziu a doce gramínea em 1492, em São Domingos, e Cortez, 
em 1530, levou-a para o México. 
 
 
 
 10 
No Brasil 
 
A cana-de-açúcar foi trazida para o Brasil da Ilha da Madeira por Martin Afonso 
de Souza em 1522 e introduzida na Capitania de São Vicente (SP). 
Em 1535 Duarte Coelho a introduziu na Capitania de Pernambuco. 
Em 1540 foi montado o primeiro engenho na cidade de Olinda (PE). 
Ciclo da cana Crioula ou Mirim foi a primeira variedade cultivada no Brasil, nos 
três primeiros séculos da colonização. 
Ciclo da Caiana, variedades que sucederam a Caiana e Ciclo dos híbridos java-
neses e indianos. 
Atualmente são cultivadas no Brasil, principalmente as variedades híbridas SP, 
RB e IAC. 
 11 
BOTÂNICA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA 
 
MORFOLOGIA DA PLANTA 
 
 
Classificação botânica 
 
Reino: Vegetal 
Divisão:Embryophita siphonogama 
Subdivisão: Angiosperma 
Classe:Monocotiledoneae 
Ordem:Glumiflorae 
Família: Poaceae 
Tribo: Andropogonae 
Subtribo: Saccharae 
Gênero: Saccharum – Atualmente citam 30 espécies 
 
Espécies cultivadas 
S. officinarum L. (2n=80) espécie genérica e complexo poliplóide 
S. Robustum Brandes e Jewiet ex Grassl (2n=60-205) 
S. spontaneum L. (2n=40-128) 
S. barberi Jewiet (2n=81-124) 
S. Sinense Roxb (2n=111-120) 
S. Edule Hassk (2n=60-80) 
A cana-de-açúcar é uma planta alógama. 
 
Morfologia da planta 
 
1 – Parte subterrânea 
 
1.1. Raízes – são do tipo fasciculado e podem atingir até 4,0 m ou mais de profundida-
de. 
 12 
Estudos clássicos sobre distribuição do sistema radicial da cana, citados por Bacchi 
(1985), evidenciam a existência de três tipos básicos de raízes na cana: 
Raízes superficiais, ramificadas e absorventes; 
Raízes de fixação mais profundas; e 
Raízes cordão, que podem atingir até 6 metros de profundidade. 
A proporção de cada tipo de raiz no sistema radicial depende da cultivar, das 
propriedades física e química do solo e da umidade. 
Cada perfilho apresenta um sistema radicial próprio, de forma que enquanto 
houver emissão de perfilhos, ocorre aumento no volume de raízes. Esse volume tende a 
se estabilizar, havendo posteriormente apenas uma renovação das raízes velhas, que vão 
morrendo. 
 
1.2. Rizomas: 
Assemelham-se a colmos subterrâneos, com entrenós, nós e gemas, sendo, po-
rém, os entrenós bastante reduzidos. 
A brotação das do rizoma vai constituir novos colmos, dando formação à toucei-
ra. O rizoma é também responsável pelo formação de uma nova touceira, após o corte 
dos colmos. 
 
 
2 - Parte aérea 
 
É formada pelos colmos, folhas e inflorescência. 
 
2.1. Colmo – É geralmente cilíndrico, colorido e formado por duas partes: nó e entrenó 
(internódio ou gomo) 
a) Nó – encontramos a cicatriz foliar (resto da inserção da bainha da folha no 
colmo), a gema e a zona radicular. 
As gemas, localizadas na zona radicular, são dispostas alternadamente no col-
mo, uma em cada nó. Possuem as mais variadas formas e tamanhos. 
As características das gemas, juntamente com a cor e diâmetro do colmo, bem 
como o formato e a disposição dos entrenós, constituem elementos importantes para 
diferenciação das variedades. 
 13 
a.1) Tipos de gemas: triangular – oval – ovalada – pentagonal – rombóide – re-
donda – oval ovalada – retangular – embricada. 
 
b) Entrenó (internódio ou gomo) 
No entrenó estão situados o anel de crescimento, a zona cerosa e o sulco ou de-
pressão da gema, que pode ser quase imperceptível ou bastante pronunciado, constitu-
indo também uma característica de diferenciação das variedades. 
 
b.1) Tipos de entrenós: cilindro – tumescente – forma de anel – cônico – cônico 
invertido – encurvado. 
 
c) Folhas – estão localizadas no colmo, alternadamente, uma para cada entrenó, 
e se dividem em duas partes: bainha e folha propriamente dita. 
A folha compreende duas partes: a lâmina e a nervura central, que a divide lon-
gitudinalmente em duas porções. As margens ou bordos, normalmente, são serrilhados e 
sua união constitui o ápice da folha. 
c.1) Bainha – é que sustenta e fixa a folha no colmo, envolvendo-o; seus bordos 
se sobrepõem na parte inferior, permanecendo um pouco abertos na superior. Nela se 
distinguem duas partes: a bainha propriamente dita e a zona de união com a folha. 
 
• A zona de união
com a folha encontra-se na parte superior da bainha e compre-
ende a garganta, o colo, a lígula e as aurículas. 
• A garganta ou colar (dewlap) – é uma zona descolorida na fase interna da axila 
da folha, onde esta se liga com a bainha. 
• O colo ou região auricular – acha-se na face externa da zona de união e se com-
põe de duas regiões triangulares, mais ou menos bem determinadas. 
• A lígula – é uma membrana circular curta que envolve o colmo na base da folha. 
• As aurículas – são lóbulos mais menos triangulares nas extremidades superiores 
da bainha; podem ser encontrados nos dois lados dela, em um só, ou não existir. 
 
d) Inflorescência – é uma panícula aberta, de tamanho e formato diversos em cada 
espécie ou variedade. O eixo principal da inflorescência, denominado raquis é cilin-
dro, diminuindo gradualmente seu diâmetro da base para o ápice. É um prolonga-
mento do último entrenó do colmo. 
 14 
Nas ramificações terciárias, na base, e secundárias, no ápice, localizam-se as “espi-
guetas”, dispostas aos pares, sendo uma séssil e outra pedicelada. Cada espigueta 
contém uma flor. 
 
d.1) Flor – a flor da cana-de-açúcar é hermafrodita. 
 
Inflorescência 
 
Panícula: espiguetas: séssil e pedicelada 
 
 Flor: hermafrodita: óvulo + estames 
 
 Anteras : pólen: (infértil) prismático – esférico (fértil) 
 
Fruto: (Cariopse) Semente 
 15 
MELHORAMENTO GENÉTICO DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
 
VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR 
 
 
PARÂMETROS USADOS NA CARACTERIZAÇÃO DE VARIEDADES DE 
CANA-DE-AÇÚCAR 
 
DIFERENÇAS ENTRE VARIEDADES 
 
MANEJO VARIETAL 
 
O melhoramento da cana-de-açúcar é a obtenção de novas variedades por via as-
sexuada, isto é, por meio de cruzamento entre espécies do gênero Saccharum ou entre 
variedades já melhoradas, que é o caso mais comum. 
A genética aplicada ao melhoramento da cana-de-açúcar tem demonstrado que 
se pode obter indivíduos com a maior soma possível de atributos desejáveis. 
 
Tipos de cruzamentos de cana-de-açúcar 
Policruzamento ou “melting pot” – Autofecundação - Cruzamentos biparentais - Polini-
zação livre – policruzamentos especiais. 
 
Técnicas de cruzamentos 
Os sistemas de cruzamentos usados podem são denominados: livre – protegido – vivo – 
artificial. 
 
 
 16 
 
 
 
FLUXOGRAMA DO PROGRAMA DE MELHORAMENTO GENÉTCO DA CANA-DE-
AÇÚCAR 
OBTENÇÃO DE VARIEDADES RB 
ANO 
 
MÊS 
 
FASE-ATIVIDADES 
 
OUTRAS ATIVIDADES 
 1 
 
04-06 
 
CRUZAMENTO (bi-parentals e 
policruzamento) 
 
Benefic. semente» 
 
1 
 
07.00 
 
Semeadurra individualização 
Inoculação: HAQ + ESG 
 
3 oramos por caixa (semeadura) 24 plântulas por caixa 
(individualização) 
 
1 
 
09-10 
 
Tl - Transplantio individual 0,50m x 
1,20m 
 
Plantio no campo 
 
 
2 
 
09-10 
 
Tl -corta em planta 
 
Nenhuma avaliação 
 
 
 
 
 
3 
 
10-11 
 
Tl -seleção em soca 
 
Avaliação: caracteres morfológicos. florescimento, 
chochamento, n
0
 de colmos, doenças, brix, etc. 
 
 
 
 
 
 3 
 
10-1 1 
 T2 - delien. Blocos aumentados 2 
sulcos x 3m x 1 m rep. 
 
Plantio 
 
 
4 
 
10-1 1 
 
T2 - Avaliação em Planta; Corte 
 
Avaliação: caracteres morfológico. florescimwento, 
chochamonto. N
0
 de colmo, doença, kg- e Brix/ Parcela, 
ele. 
 
 
 5 
 
10-11 
 
T2 - Soleçâo cm soca FM (5 sulcos x 
8m x 1 rep.) 
 
Avaliação de resistência : FER, ESC RAQ, ctc. kg. e 
Brix /Parcela. 
 
 6 
 
10-11 
 
T3 - dolln. Blocos aumentado» ( 4 
sulcos x.5m x 2 rop.) intercâmbio 
com AL. 
 
08S: No Sul e Sudeste, Intercâmbio entre as IFES 
 
 
 
 
 7 
 
05-06 
 
T3 -Avaliação cm planta 
 
Avaliação: caracteres morfológico. florescimento, 
chochamento, n
0
 do colmo», doença, brix. etc. 
 
 
 8 
 
09-11 
 
T3 - Seleçâo em Planta; corte FM 
(5 sulcos de 10m) 
 
Avaliação: Peso de 10 canas de coda 2 sulcos, Brix de 3 
colmos, doenças e pragas. 
 
9 
 
09-10 
 
T3 -Avaliação em soca Seleção em 
soca; corto. FM (11 sulcos 30 m), 
 
Avaliação: caracteres morfológicos, florescimento, 
chochamento. N
0
 de colmos, doenças, brix. etc. Seleção: 
Peso de 10 canas de cada 2 sulcos, Brix de 3 colmos, 
doenços e pragas. 
 
 
 
 
10 
 
07-09 
 
FE Blocos ao acaso ( 5 sulcos x 8m x 
4 repetições). CM (3sulcos x 4m x 6 
épocas) TD (2 sulcos x 5m x 1 
repetição) 
 
Utilização variedades padrões. Avaliação: CM para 
ciclo de maturação. FE2 produção agrícola e industrial. 
Avaliações finais para ESC.FER.PDV; RAO. ele. 
 
11 
 
09-12 
 
Colheitas: Planta 
 12 
 
09-12 
 
Soca 
 13 
 
09-12 
 
Resseca 
 
Avaliações: produto agrícola e Industrial. Intercâmbio 
com outras IFES e outras centros. 
 
 
LIBERAÇÃO DE NOVAS 
VARIEDADES 
 17 
VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR 
 
É indiscutível a importância da variedade na cultura da cana-de-açúcar. 
As variedades têm sido, em todo mundo, periodicamente substituídas devido a 
degenerescência,que ocorre após anos de cultivo. 
A degenerescência pode ser atribuída a vários fatores, como: queda da fertilida-
de do solo, efeito acumulativo de moléstias e pragas e existência de moléstias sem sin-
tomas visíveis ou ainda não identificadas. 
As variedades de cana-de-açúcar destinadas à produção de açúcar, aguardente e 
álcool são classificadas, em função da maturação, em precoces, médias e tardias, sendo 
colhidas respectivamente no início, no meio e final da safra. 
Usualmente, recomenda-se plantar 10 a 20% da área com variedades precoces, 
70% com variedades de maturação média e 10 a 20% com variedades tardias. 
Anualmente, 1/5 (20%) ou 1/4 (25%) da área de cultivo deverá ser reformada, 
observando-se as percentagens entre variedades precoces, médias e as tardias. 
 
Parâmetros usados na caracterização de variedades de cana-de-açúcar 
 
1. TEOR DE AÇÚCAR: baixo (<12,5%) – médio (12,5 – 14%) – alto (>14%) 
 
2. FIBRA % CANA: (baixo <10%) – médio (10 – 13%) – alto (>13%) 
 
3. PUI: (curto = 70 – 100 dias) – médio (120 – 150 dias) – longo (>150 dias) 
 
4. MATURAÇÃO DA CANA: precoce (12 – 14 meses) – média (14 – 16 meses) – 
tardia (> 16 meses) 
 
5. DESPALHA: fácil – regular – difícil 
 
6. Diâmetro do colmo: fino (< 3 cm) – médio (3 – 5 cm) grosso (5 cm) 
 
7. LARGURA DA FOLHA: fina (< 2 dedos) – média (3 dedos) – larga (4 dedos) 
 
 
Diferenças entre variedades 
 
1. BOTÂNICAS: Tipos de gemas, cor e forma de colmo e coloração da folha. 
 
2. INDUSTRIAIS: Fibra, Açúcar e PUI. 
 
3. CULTURAIS: Maturação, resistência às pragas e doenças e exigência de clima e solo 
 
 
 
 18 
Variedades cultivadas no Brasil e Pernambuco 
 
As variedades cultivadas atualmente são todas híbridas. 
No Brasil, as variedades mais cultivadas são as RB (Ridesa), CTC (SP) (Centro 
Tecnológico de Cana-de-Açúcar) e IAC (Instituto Agronômico de Campinas). 
 
 
MANEJO VARIETAL 
 
Quando se planeja um plantio de cana-de-açúcar, obrigatoriamente pensa-se na 
variedade a ser utilizada. 
Nessa escolha pondera-se sobre diversos fatores que vão desde as suas caracte-
rísticas agroindustriais até o sistema de produção a ser empregado, passando pelo meio 
ambiente em que se desenvolverá a cultura. 
Manejo varietal ou adequação das variedades às condições de cultivo, é um as-
sunto muito abrangente, podendo receber
enfoque diferentes por parte dos profissionais, 
entretanto, o objetivo é o mesmo, ou seja, o máximo de rendimento de açúcar e/ou álco-
ol por unidade de área. 
Para melhor compreensão do manejo varietal, devido à diversidade de situações 
a que uma variedade pode ser submetida, o mesmo deve ser separado em duas partes 
distintas. 
Aquela relacionada com situações específicas e um enfoque geral que normal-
mente é dado pelos plantadores de cana-de-açúcar. 
(A) Situação Específicas para Manejo de Variedades: 1) Variedades x Fertilida-
de Natural de Solos; 2) Variedades x PUI; 3) Variedades x Florescimento; 4) Varieda-
des x Resíduos Industriais; 5) Valor Econômico das Variedades x Épocas de Corte x 
Distâncias da Usina. 
(B) Enfoque Geral sobre o Manejo de Variedades. 
 
 19 
MANEJO VARIETAL 
VARIEDADES DE CANA-DE-AÇÚCAR RECOMENDADAS PARA PERNAMBUCO 
 
 
Encosta Encosta mecanizável Chã Várzea Tabuleiro PUI 
Variedades LN MN LS MS LN MN LS MS LN MN LS MS LN MN LS MS LN MN LS MS - 
RB72454 X X X X X X X L 
RB863129 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X M 
RB75126 X X X X X X X X X X X L 
RB763710 X X X X X X X X X X X X L 
RB813804 X X X X X X X X X X X X L 
RB867515 X X X X X X X X X X X L 
RB842021 X X X X X X X X X X X X X X L 
RB855113 X X X X X X X X X X X X X X X L 
RB92579 X X X X X X X X X X X X X X X M 
RB932520 X X X L 
SP80-1816 X X X M 
SP78-4764 X X X X X X X X X X X X X X L 
SP79-1011 X X X X X X X X X X X X L 
SP81-3250 X X X X X X X X X X X X X X L 
B8008 X X X M 
 
LN = LITORAL NORTE – MN = MATA NORTE – LS = LITORAL SUL – MS = MAA SUL 
PUI = Período útil de industrialização 
 20 
Programas de melhoramento 
 
• Instituto Agronômico de Campinas (IAC); 
 
• Centro de Tecnologia Canavieira (CTC); 
 
• Empresa CanaVialis (CV); 
 
• Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro – RI-
DESA (RB). 
 
 21 
 
ECOFISIOLOGIA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS 
 
2. DESENVOLVIMENTO DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
1. ECOLOGIA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
2. EXIGÊNCIAS EDAFOCLIMÁTICAS 
 
3. LIMITAÇÕES À LAVOURA CANAVIEIRA 
 
4. O AMBIENTE COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO DA CANA-DE-
AÇÚCAR 
 
5. FATORES DO CLIMA E SOLOS 
 
6. NUTRIÇÃO DA PLANTA 
 
 
1. Considerações gerais 
 
O ciclo vegetativo da cana-de-açúcar varia de acordo com a região de cultivo. 
Na Louisiana, é de 9 a 10 meses, 24 meses no Peru e África do Sul e de 24 ou 
mais meses no Havaí. 
No Brasil, o seu ciclo varia de 10 a 18 meses para cana-planta, de acordo com a 
época de plantio, e 12 meses para cana-soca. 
O comportamento varietal da cana-de-açúcar, mesmo em zonas ecologicamente 
semelhantes de uma determinada região, torna-se evidente que o ambiente desempenha 
um papel preponderante, afetando a expressão fisiológica de uma da variedade. 
 
2. Desenvolvimento da cana-de-açúcar 
 
O desenvolvimento da cana-de-açúcar propagada vegetativamente compreende, 
para fins práticos, as seguintes fases: 
Germinação das gemas laterais 
Perfilhamento 
Crescimento 
Maturação ou Acumulação de sacarose 
Florescimento 
 22 
 
2.1. Germinação das gemas 
 
 As gemas são órgãos constituídos de células e tecidos em estado de latência e 
com grande poder de diferenciação. A gema apical se situa no ápice, topo ou ponta da 
planta, e as gemas laterais se situam, alternadas, nos nós e são protegidas pelas bainhas 
das folhas. 
 
Fatores que influenciam na germinação das gemas laterais 
 
Dominância apical - Estado nutricional do tolete - Posição da gema no colmo - Posi-
ção da gema no sulco - Cobertura pelo solo - Efeito de tratamento - Variedade. 
 
Fatores do clima que influenciam na germinação das gemas laterais 
 
1. Temperatura do ar desejável para a germinação se situa em torno de 32 
graus centígrado; ao redor de 21 graus a germinação é marginal. 
 
2. Temperaturas do solo abaixo de 10 graus são prejudiciais, afetando drasti-
camente a germinação das gemas. 
 
3. Umidade do solo – o seu efeito se faz sentir com a presença ou não da bainha 
da folha. 
 
2.2. Perfilhamento 
 
O perfilhamento é um caráter geral das gramíneas (Poaceas). 
No caso especial da cana-de-açúcar, o primeiro colmo que se forma é denomina-
do primário e apresenta na base internódios curtos e nós com suas respectivas gemas 
(rizoma). O rizoma dá origem a colmo secundários e estes por sua vez produzem col-
mos terciários, o conjunto constitui a touceira. 
Em cana-de-açúcar o perfilhamento tem início a partir do terceiro mês e intensi-
fica até ao quinto mês de idade. 
 
 23 
Fórmula para expressar o perfilhamento: 
P = a + xb + yc , onde 
P = número de perfilhos; a = perfilho primário; x = número de perfilhos secun-
dários; b = perfilho secundário; y = número de perfilhos terciários; c = perfilhos terciá-
rio. 
 
Fatores que influenciam no perfilhamento 
 
Clima: – Luz – Fotoperíodo – Temperatura (30 C ) – Umidade 
 
Práticas Culturais: Fertilizantes – Nitrogênio Espaçamento – Enterrio da cana-semente – 
Capação – Época de Plantio – Pragas e Doenças. 
 
 
2.3. Crescimento da cana-de-açúcar 
 
O crescimento é o aumento em tamanho, expresso em termos de dimensões e 
peso. 
Dois processos estão envolvidos no crescimento: divisão celular e elongação 
celular. 
Desenvolvimento – se refere às mudanças ordenadas e seqüenciais (fases) de 
um organismo, resultantes do crescimento e diferenciação celulares. 
Em cana-de-açúcar, o crescimento se inicia lentamente, em seguida torna-se rá-
pido até atingir um máximo para depois decrescer, havendo uma diminuição na quanti-
dade de matéria seca produzida. 
 
Fatores que influenciam no crescimento 
Luz – Temperatura – Umidade – Fertilizantes – Inundação – Ventos – Variedade 
 
2.4. Maturação da cana-de-açúcar 
O amadurecimento, ou acumulação de sacarose é um processo que se realiza 
gomo a gomo. 
No gomo, individualmente, a acumulação de açúcar é maior no entrenó e míni-
mo no nó. 
O conteúdo de glicose no colmo é quase o oposto ao da sacarose; seu conteúdo 
máximo ocorre nos gomos mais jovens, decrescendo para os mais velhos. 
Na cana madura, a glicose quase desaparece, exceto no topo. 
 24 
Completado o ciclo de desenvolvimento vegetativo, a planta da cana diminui a 
assimilação (produção de glicose e frutose) e inicia o seu período de maturação e que 
depende de fatores do clima, planta e outros fatores. 
 
Fatores que influenciam na maturação 
 
Clima 
 
• Em condições baixa umidade do solo e baixa temperatura atmosférica, a cana 
atinge a sua completa maturação, traduzida, principalmente, pela paralisação do 
crescimento vegetativo, pelo aumento da concentração de sacarose e pela dimi-
nuição do teor de açúcares redutores. 
• Sob condições de alta temperatura e alta umidade, a cana intensifica o seu 
crescimento vegetativo, em detrimento do seu teor sacarino. 
• No Nordeste brasileiro, a restrição hídrica (agosto/abril) favorece a maturação da 
cana. 
• Em São Paulo, no mês de abril a temperatura média se situa em torno de 21C e 
com pouca umidade do solo, condições ótimas de para a maturação. 
 
Solo 
 
• As propriedades físicas e químicas, a exploração, etc, tem uma influência mar-
cante na maturação da cana. 
 
• O processo de maturação é mais rápido, quando a cana é cultivada em solos po-
rosos e secos do que quando é plantada em solos úmidos e compactos. Igual va-
riação pode ser verificada nos terrenos
de morros e espigões e naqueles de vales 
e baixadas. 
• Tipos de solos e a sua fertilidade influem na maturação da cana-de-açúcar. 
• Solos argilosos, com alta retenção de umidade, geralmente retardam a matura-
ção. 
• Solos ricos em matéria orgânica prolongam o crescimento, retardando a matura-
ção. 
 
 25 
Variedade 
 
• As variedades diferem largamente da capacidade de produzir sacarose. 
 
• A época de maturação das variedades depende da classificação: precoces, mé-
dias e tardias. 
 
 
Tratos Culturais 
 
 
Sanidade da Cultura 
 
• Canaviais atacados por doenças ou debilitados, ou com deficiência de nitrogê-
nio, amadurecem cedo pela redução do crescimento, favorecendo o armazena-
mento de sacarose. 
 
 
2.5. Florescimento da cana-de-açúcar 
 
• O florescimento constitui o início da fase reprodutiva da cana-de-açúcar. 
 
• É importante para o melhorista no que se refere a produção de novas variedades, 
entretanto, para o plantador é uma característica indesejável devido as perdas de 
sacarose quando o florescimento é intenso. 
 
• A cana-de-açúcar é uma planta é de dias curtos. 
 
• O processo de florescimento é primariamente sob “controle hormonal”. 
 
• As mudanças de hormônios que induz a iniciação de florescimento são por um 
estímulo ambiental. 
 
 
Fatores que influenciam no florescimento 
 
Fotoperiodismo 
 
• A noite com duração de 11:30 h e aumentando para 12:00 h, é favorável a indu-
ção do florescimento. 
 
• No hemisfério sul isto ocorre entre fevereiro e março e o florescimento aparece 
de abril a julho; no hemisfério norte, a indução de dá em agosto-outubro e o flo-
rescimento de outubro a janeiro. 
 
• Em regiões próximas ao equador, como nas Antilhas, a cana pode florescer duas 
vezes num mesmo ano, devido à ocorrência de dois períodos em que o compri-
mento do dia é favorável à diferenciação floral. 
 
 26 
• Quanto mais distante do Equador, o florescimento diminui devido às variações 
do comprimento do dia. 
 
Temperatura 
 
O florescimento está mais condicionado por limites de temperatura noturna; po-
de ser nulo as temperaturas noturnas igual ou inferior a 12,7C e a máxima crítica de 
26,6C. 
 
Maturidade 
 
A planta deve estar no estágio de completa maturidade fisiológica para haver in-
dução floral. 
A maioria das variedades comerciais devem apresentar cerca de 3 internódios vi-
síveis para que haja indução. 
 
Umidade 
 
O clima úmido, associado a dias nublados,favorece o florescimento, que é me-
nos intenso nas regiões quentes e secas. 
 
Variedade 
 
Geneticamente, as variedades diferem entre si. 
 
 
Indução de florescimento 
 
• Utilizar plantas com pelo menos 5 meses de idade. 
 
• Expor a um período noturno de 11 horas e 35 minutos. 
 
• Manter a temperatura noturna acima de 23C. 
 
• Expor a alta intensidade luminosa durante o dia. 
 
• Manter a temperatura diurna abaixo de 20,5C. 
 
• Baixa tensão de umidade no solo. 
 
 
Controle do florescimento (prevenção) 
 
• Deficiência hídrica. 
 
• Aplicação química. 
 27 
 
• Desfolhamento e remoção do cartucho foliar. 
 
• Aplicação de nitrogênio. 
 
• Variação da época de plantio. 
 
 
ECOLOGIA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
Exigências Edafoclimáticas 
 
Clima: Luz – Temperatura – Umidade – Precipitação 
 
Solos: Fértil – Drenado – Profundo – Matéria Orgânica – pH = 5,5 a 6,5 – Topografia. 
 
 
Limitações À Lavoura Canavieira 
 
Por deficiência térmica < 21C - Por deficiência hídrica - Por geadas - Por deficiência de 
estado de repouso e maturação. 
 
O ambiente como fator de desenvolvimento da cana-de-açúcar 
 
Adaptação 
 
A cana-de-açúcar é fundamentalmente uma planta tropical que requer normal-
mente de 8 a 24 meses para atingir a maturidade. 
A temperatura deve ser suficientemente alta para permitir rápido crescimento 
por oito meses ou mais. 
A cana-de-açúcar é cultivada, geralmente, dentro de uma faixa limitada pelas la-
titudes 350 Norte e 35
0
 Sul do Equador. 
 
No Brasil, a maior concentração da cultura canavieira fica entre 8
0
 e 23
0
 de lati-
tude Sul. 
Na Zona da Mata, em Pernambuco, a média da temperatura anual é de 27
0
C e no 
Sul do País é de 27
0
C. 
As exigências climáticas da lavoura canavieira podem diferir bastante segundo a 
finalidade: açúcar de usina, álcool, aguardente ou forragem. 
Normalmente, as lavouras para açúcar são mais exigentes em clima. 
 28 
Como há necessidade de alta produção de sacarose, a planta precisa encontrar 
condições de temperatura e umidade adequadas para permitir desenvolvimento suficien-
te na fase vegetativa, seguida de período com certa restrição hídrica ou térmica, para 
forçar repouso e enriquecimento de sacarose na época do corte. 
Os principais “inputs” ambientais que governam os sistemas vegetais incluem 
radiação solar, temperatura, umidade e nutrientes. Acoplados a estes, existem os 
reguladores internos, próprio de cada espécie, cujo controle se modifica de acordo com 
as condições ambientais. 
Do ponto de vista da ecofisiologia, como compreender os sinais de controle, ou 
seja, como a planta “percebe” o ambiente e quais os eventos que conduzem a re-
alimentação e, portanto, a uma modificação do desenvolvimento vegetal. 
 
Fatores do Clima 
Temperatura – Luz – Precipitação – Umidade – Ventos 
 
Para haver alta produção de sacarose, a cana necessita encontrar condições de 
umidade, temperatura e luminosidade adequadas para um bom desenvolvimento em sua 
fase vegetativa. Em seguida, deverá ocorrer um período de baixa temperatura ou restri-
ção hídrica e fotoperíodo reduzido, para forçar o “repouso” da planta. 
 
Importância dos componentes do clima na cana-de-açúcar 
 
Exigências climáticas 
1. Temperatura : Germinação das gemas laterais - crescimento das raízes – Ma-
turação – Florescimento. 
 
2. Umidade do Solo : Germinação das gemas laterais – Perfilhamento - Cresci-
mento vegetativo. 
 
3. Luz : Perfilhamento – Crescimento vegetativo – Maturação – Florescimento. 
 
Iluminação inadequada, temperaturas extremas, deficiência hídrica e deficiências 
nutricionais são as maiores limitações ao crescimento e ao desenvolvimento da cana-de-
açúcar. 
 29 
 
Temperatura do ar 
 De maneira geral, os limites de temperatura para o desenvolvimento da cana-de-
açúcar, são os seguintes: 
• Mínima: 15 – 160C 
• Média : Acima de 210C (a ideal entre 25 -260C) 
• Máxima: Acima de 280C (a crítica acima de 330C) 
O desenvolvimento da cana-de-açúcar está intimamente ligado à temperatura 
ambiente. 
A temperatura abaixo de 25
0
C o crescimento da cana é lento, entre 30 e 34
0
C é 
máximo e que acima de 35
0
C torna-se também lento, sendo praticamente nulo em tem-
peratura superior a 38
0
C. 
Na fase de maturação a temperatura média diária inferior a 210C proporciona o 
repouso vegetativo. 
 
Luz 
 
A cana-de-açúcar é considerada uma planta do tipo C4,tendo alta eficiência fo-
tossintética e ponto de saturação luminosa elevado. 
Quanto maior for a intensidade luminosa, mais fotossíntese será realizada pela 
cultura e, logicamente, maior o seu desenvolvimento e acúmulo de açúcar. 
Em geral, o comprimento do colmo aumenta com o comprimento do dia, varian-
do de 10 a 14 horas, sendo porém reduzido para fotoperídos longos entre 16 a 18 horas. 
 
Precipitação Pluviométrica 
 
Nas áreas tradicionais canavieiras do Brasil, o total de precipitação anual está em 
torno de 1.100 mm e 1.500 mm, mas não basta simplesmente basear-se em totais das 
precipitações anuais. 
A distribuição
da chuva no curso do ano é muito importante, sendo que deverá 
ser abundante no período de crescimento vegetativo da planta. 
Durante a maturação o ideal é a ocorrência de um período mais seco induzindo 
um maior acúmulo de sacarose. 
 30 
Os efeitos da seca na produtividade e qualidade da cana-de-açúcar é evidente re-
sultante da redução da atividade fotossintética, quando o teor de água nas folhas atingir 
o ponto de murchamento. 
O consumo de água pela cultura varia com o estádio de crescimento e depende 
da variedade utilizada. 
 
Fatores climáticos e limitações para a lavoura açucareira 
 
1. Limitações por deficiência térmicas 
2. Limitações por geadas 
3. Limitações por ausência de estação de repouso de maturação 
3.1. Baixa temperatura 
3.2. Deficiência de umidade 
4. Limitações por deficiência hídrica 
4.1. Evapotranspiração potencial e balanço hídrico de thornthwaite 
4.2. Capacidade de retenção da água no solo para a cana-de-açúcar 
4.3. Balanço hídrico e as deficiências de umidade em regiões canavieiras 
 
Exigências de Solos 
 
Desde que o clima seja favorável, a cana-de-açúcar pode ser cultivada em vários 
tipos de solos, de vez que possua umidade e elementos assimiláveis em quantidade sufi-
ciente. 
Deve ser sobretudo fértil, profundo, drenado e com bom teor de matéria orgâni-
ca. 
Os terrenos excessivamente argilosos não são aconselháveis, por serem frios, 
compactos e difícil de serem trabalhados, como também os arenosos porque secam com 
facilidade e não retêm os elementos nutritivos, podendo ser melhorados com a incorpo-
ração de matéria orgânica. 
RELÊVO: Os terrenos fortemente inclinados deixam muito a desejar; salvo se 
previamente forem tomadas as medidas aconselháveis pela técnica. Os solos de declive 
muito acentuado, além de sujeitos à erosão, dificultam muito os trabalhos culturais, co-
lheita e transporte da produção. 
 31 
A cana-de-açúcar prefere os solos de aluviões planas, ou levemente inclinadas, 
que não sejam excessivamente argilosos. 
A reação do solo tem marcante influência sobre a formação do açúcar. O índice 
pH favorável fica na faixa de 5,5 a 7,0. 
 
 
EXIGÊNCIAS DE NUTRICIONAIS DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
A cana-de-açúcar necessita para o seu pleno desenvolvimento, dos nutrientes: 
C, O H, N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cu, Cl, Fe, Mn, Mo e Zn. 
 
Marcha de Absorção 
 
a) A marcha de absorção dos macronutrientes pela parte aérea da cana-de-
açúcar, com relação as quantidades absorvidas, nos 6 primeiros meses de vida da plan-
ta,são bastantes pequenas. 
b) Com 9 meses de idade a cultura já apresenta 50% de K, Ca e Mg totais e pou-
co mais de 1/3 de N, P e do S que terá no fim do ciclo. 
c) Entre 9 meses e um ano dá-se intensa absorção de N que chega mais de 90% 
do total acumulado; de 12 meses em diante a retirada é pequena. 
d) A absorção do fósforo não apresenta períodos preferenciais, indo continua-
mente do início ao fim do ciclo. 
e) A absorção do Cálcio assemelha a do K, o mesmo acontece com o Mg. 
f) A absorção do enxofre assemelha-se a do fósforo. 
 
 32 
TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR 
 
SISTEMAS DE PRODUÇÃO 
 
1) Sistema de produção de cana-planta - cana de primeiro corte 
 
2) Sistema de produção de cana-soca - soqueira de 1
0
, 2
0
, 3
0
.corte 
 
3) Renovação do canavial 
 
Sistema de produção de cana-planta 
a) Escolha de áreas para renovação e expansão 
b) Preparo da área 
c) Revolvimento e correção do solo 
d) Práticas de conservação do solo 
e) Escolha de variedades 
 f) Produção de mudas em viveiros 
g) Critérios de seleção de canas para o plantio 
h) Espaçamento e densidade de plantio 
i) Operações de plantio: corte, transporte e preparo das canas-mudas - abertura 
dos sulcos ou covas – rebolação das estacas – distribuição dos adubos minerais – apli-
cação de inseticidas – cobertura da cana. 
j) Tratos culturais da cana-planta: controle das invasoras, pragas e doenças – a-
dubação de cobertura – irrigação e fertirrigação. 
 
Sistema de produção de cana-soca 
 
Tratos culturais da cana-soca 
 
a) Enleiramento do palhiço ou queima 
b) Subsolagem ou rodeamento 
c) Controle das invasoras, pragas e doenças 
d) Adubação de cobertura 
e) Fertirrigação. 
 33 
 
Renovação do Canavial 
 
Erradicação mecânica da soqueira 
 
Cultivo mínimo (químico): destruição da soqueira com Roundup – sulcação – plantio 
da cana. 
 
Viveiros para produção de mudas 
 
Objetivos – para a reforma do canavial ou instalação de novas áreas, o agricultor deve 
ter à disposição mudas sadias, oriundas de fontes dignas de confiança e em quantidade 
suficientes para o plantio das áreas anualmente renovadas. 
Os plantadores de cana-de-açúcar devem então multiplicar as mudas de alta qualidade 
em suas propriedades, visando manter suas necessidades, procurando manter a sanidade, 
a germinação, o vigor das mesmas. 
 
Fatores a observar na condução de viveiros 
a) Localização – preferencialmente próximos à sede administrativa da usina; ser 
de fácil acesso, solos férteis e topografia suave. 
b) Relação entre áreas - a relação de multiplicação dos viveiros é de 1 : 10 ou 
1 : 12, isto quer dizer que um hectare de área plantada num viveiro primário, por exem-
plo, fornecerá mudas para o plantio de 10 a 12 hectares comerciais de viveiros secundá-
rios. 
c) Outros: preparo das mudas e plantio – Práticas culturais – Inspeção e erradi-
cação – corte da cana. 
 
IMPLANTAÇÃO E CONDUÇÃO DE CANAVIAIS 
 
Introdução 
 
A cana-de-açúcar é uma cultura semi-perene. 
 34 
Sua implantação e condução revestem-se de grande importância, pois constituem 
fatores que podem elevar a vida útil do canavial pelo aumento do número de cortes eco-
nômicos, proporcionando maiores retornos financeiros ao agricultor. 
Medidas devem ser adotadas nas seguintes atividades: 
preparo do solo adequado, plantio realizado na época recomendada, uso de mu-
das sadias oriundas de viveiros, tratos culturais da cana-planta e da cana-soca no mo-
mento adequado, com destaque para o controle de plantas daninhas, constituem práticas 
importantes para se conseguir boa produtividade na cana-planta (primeiro corte) e nas 
soqueiras (corte subseqüentes). 
 
Planejamento e escolha da área para cultivo da cana-de-açúcar 
A elaboração de estimativas de produtividade para fins de planejamento não é 
simples. Para projeções das áreas de lavoura, visando à quantificação da produção ao 
longo de um horizonte de cinco a dez anos, são utilizadas planilhas eletrônicas de simu-
lação de produção – um recurso computacional relativamente simples – que depende 
sobremaneira das estimativas de produção de cada variedade, ao longo de seu ciclo. 
Dessa forma, é preciso estimar a produtividade em cada estádio de corte, dentro 
de cada ambiente de produção, assim como sua evolução ao longo dos anos, e qual o 
número de cortes economicamente viável, em cada caso. 
 
Escolha de área 
Na escolha da área para cultivo de cana-de-açúcar, pelo menos dois fatores bási-
cos devem ser considerados: o clima e o solo. 
Em termos de exigências climáticas, a cana apresenta uma particularidade im-
portante: 
a) na fase de brotação, perfilhamento e crescimento vegetativo, primeira fase do ci-
clo da cultura, exige temperatura média do ar maior que 200C, sendo a ideal na 
faixa de 250C a 300C, e umidade disponível no solo. 
b) Já na fase de maturação, segunda fase do ciclo da cultura, a cana exige tempera-
turas baixas, abaixo de 200C e/ou restrição hídrica, para que entre em repouso 
fisiológico e haja maior acúmulo de sacarose nos colmos.
Épocas de plantio 
Na Zona da Mata de Pernambuco são duas as épocas de plantio recomendadas: 
 35 
 
a) Plantio de verão (12 meses) – é realizado no período de setembro a janeiro e 
totalmente irrigado. 
b) Plantio de inverno (18 meses) – é realizado no período chuvoso na Zona da 
Mata de Pernambuco que inicia em maio com término em agosto. 
 
Conservação do solo 
A conservação do solo na cultura da cana-de-açúcar envolve diversos fatores, 
que devem ser devidamente analisados, antes de sua implantação. 
Dentre estes estão: o tipo de solo, o tipo de corte, se mecânico ou manual; a épo-
ca de plantio e de colheita; o sistema de preparo; o tipo de traçado, se nível ou reto; a 
cobertura do solo com outras culturas ou com palha; tamanho dos talhões. 
A sulcação em nível, associada ou não a terraços, tem sido o sistema conserva-
cionista mais comum usado pela maioria das usinas, além da associação com culturas 
secundárias, como soja, amendoim, crotolária, etc., em áreas de reforma de canaviais, 
que mantêm o solo coberto no período de maior precipitação, o que reduz os perigos da 
erosão e atenua os custos de implantação de cultura. 
Na lavoura de cana-de-açúcar, a erosão de maior ocorrência é a hídrica, ex-
pondo o solo a sérios problemas que poderão ser mais ou menos intensos, dependendo 
da capacidade de infiltração e estabilidade das unidades estruturais do solo. 
 
Preparo do solo 
O preparo do solo para a cultura da cana-de-açúcar deve ser bem executado, 
uma vez que um canavial vai proporcionar vários cortes econômicos e o solo vai ser 
submetido, no período, apenas a tratos culturais de ação superficial. 
 
Cada região, em função do tipo de solo, da situação em que se encontra o terreno 
e da disponibilidade de equipamento, apresenta um tipo de preparo diferente de outras 
regiões. 
Devem-se considerar dois casos distintos de preparo do solo: o de um terreno 
que será plantado pela primeira vez com cana e o de um terreno já cultivado com ca-
na (renovação de canavial). 
 36 
No primeiro caso, inicialmente faz-se a limpeza do terreno, eliminando-se o ti-
po de cobertura vegetal existente ou os retos culturais de colheitas anteriores que se en-
contram sobre o solo. 
A limpeza do terreno é fundamental quando o terreno estiver coberto de flores-
tas, que exige um trabalho de desmatamento, destoca, enleiramento, queima e desen-
raizamento. 
O papel fundamental das operação de preparo do solo é criar condições favorá-
veis ao desenvolvimento das raízes e, por conseguinte, maiores produções. 
 
Preparo do solo: Sistema convencional 
 
Num sistema convencional de preparo inicial, o manejo envolve três fases: na 
primeira, que coincide com o período seco, será realizado o controle de plantas dani-
nhas de difícil erradicação (grama-seda, por exemplo) e poderá ser feito com associação 
mecânica (grades no período seco). 
Posteriormente, faz-se o manejo químico com glifosato, no período úmi-
do.Nesse período, é feita a instalação do sistema viário e conservacionista, confecção 
dos talhões, assim como aplicação de corretivos, tais como calcário e gesso. 
Na segunda fase, quando iniciam as chuvas, é feita a operação profunda, ou se-
ja, subsolagem ou aração. 
Na terceira fase, é feita a fosfatagem, caso seja necessária, e gradagem de pré-
plantio e plantio. 
Após a segunda fase, não é recomendável o uso de gradeações pesadas, pois o 
solo poderá ficar compactado. 
 
Preparo do solo: Renovação do Canavial 
 
Na renovação de canaviais, existem dois métodos de erradicação da soqueira 
mecânico e químico. 
 
 
 
 
 
 37 
Erradicação mecânica da soqueira: 
 
Uma vez escolhida a cana e antes de esta rebrotar, pode-se fazer uma aração, 
para cortar raízes e rizomas, trazendo este material para a superfície do solo, onde ficará 
exposto ao sol pelo menos por uma semana, para que sofra desidratação. 
Depois disso, é feita uma gradagem leve para picar o material e incorporá-lo ao 
solo, facilitando sua decomposição. 
A destruição das soqueiras poderá ser feita com uma única passagem da grade 
pesada, que substitui a aração e gradagem leve do sistema de preparo anterior, que corta 
raízes e rizomas, incorporando-os a grandes profundidades, quando há possibilidade de 
rebrota da cana-de-açúcar. 
Antes da gradagem pesada, devem-se distribuir o calcário, gesso e a torta de fil-
tro, esparramados em área total. 
Nas áreas do Litoral da Mata de Pernambuco e em solos arenosos é recomenda-
da a aplicação da torta de filtro por ocasião da renovação do canavial. 
Na véspera do plantio, faz-se uma gradagem leve para nivelamento. 
Por ocasião da renovação do canavial, a avaliação do estado de compactação do 
solo faz-se necessária, para otimizar as operações agrícolas de preparo de cultivo. 
 
Erradicação química da soqueira (“cultivo mínimo”) 
 
Neste caso, na reforma do canavial, a destruição da soca é feita com o uso de 
herbicida. 
(1) quando as socas atingirem cerca de 0,60 a 1,00 metro de altura, fazendo-se 
uma aplicação dirigida do produto com pulverizador de barra acoplado a trator e bicos 
posicionados acima da rebrota ou lateralmente, molhando-se bem as plantas. 
(2) na época do plantio, faz-se a sulcação direta nas entrelinhas e realiza-se o 
novo plantio, sem preparo prévio do solo. 
(3) o calcário necessário, deverá ser aplicado nos sulcos de plantio. 
Este método é recomendado em terrenos arenosos, sem problema de compacta-
ção de superfície e de ocorrência de pragas de solo, como Migdolus, por exemplo, po-
dem-se eliminar as soqueiras remanescentes quimicamente utilizando-se o glifosato. 
Este procedimento é mais econômico e protege o solo quanto à erosão e o solo 
fica coberto, com perspectiva de aumento da produtividade da cana. 
 38 
 
Plantio convencional 
 
Para produção da cana-de-açúcar no Brasil e em Pernambuco, ainda predomina 
o sistema de plantio convencional, semi-mecanizado, com uma grande demanda de 
mão-de-obra. 
 
Escolha de variedades 
 
A escolha das variedades para plantio deve ser em função de suas características 
de produtividade agrícola (TCH) e riqueza em açúcar (TPH) e adaptadas as condições 
edafoclimáticas local. 
Em Pernambuco, a escolha da variedade para o cultivo de canaviais leva em 
consideração ao “manejo varietal” e a adaptação às condições climáticas em uma das 
cinco microrregiões da Zona da Mata (LN, LS, MN, MS, MC) e, quanto ao tipo de solos 
de encosta, tabuleiro, chã e várzea. 
 
Sulcação 
A primeira etapa, após o preparo do solo, consiste na sulcação. Normalmente, 
são utilizados sulcadores-adubadores apropriados para cana-de-açúcar, com duas ou 
três linhas, que, ao mesmo tempo que abrem o sulco, promovem a adubação de funda-
ção. 
No caso de pequenos agricultores podem realizar a sulcação, usando arado de 
aiveca ou disco, deixando-se um disco apenas. Posteriormente, faz-se a adubação de 
forma manual. 
Os sulcos devem ser abertos o mais próximo possível do plantio, para conservar 
melhor a umidade, no caso de sol, e para que não haja riscos de entupimento, no caso de 
chuvas fortes. 
 
Espaçamento 
 
Nas regiões produtoras do Brasil, em canaviais industriais, o espaçamento tem 
variado, normalmente, de 1,30 a 1,50 m, sendo o mais usual o de 1,40 m, que se adapta 
melhor ao tráfego de tratores, carregadoras e caminhões que transitarão na área. 
 39 
No caso de colheita mecanizada, o espaçamento mais utilizado tem sido o de 
1,50 m. 
Na Zona da Mata de Pernambuco, o espaçamento entre sulcos varia de 0,80 a 
1,25 m, sendo de 0,80 m nas encostas; 1,0 m nas áreas de tabuleiros e chã; 1,25 metro 
nas várzeas.
Para produtores que cultivam áreas menores, onde a capina será feita de forma 
manual ou com cultivador da tração animal, sem tráfego de tratores e veículos, o espa-
çamento entre sulcos pode ser de até 1,0 m. 
Neste caso, os caminhões que farão o transporte da cana-de-açúcar colhida não 
entram no meio do canavial, ficando nos carreadores. 
 
Densidade de plantio 
 
Recomenda-se que a densidade de plantio seja de 12 a 15 gemas/m, podendo-se 
usar uma cana e meia ou duas canas no fundo do sulco, dependendo da distância dos 
entrenós e da qualidade geral da muda. 
 
Origem e preparo das mudas 
 
As mudas para plantio na lavoura comercial devem provir de viveiro, nos quais 
se tomou todas as providências no sentido de obtenção de material sadio e de alto vigor. 
Critérios adotados para seleção de canas para plantio: 1) escolher colmos cana-
planta de bom desenvolvimento; 2) com 8-10 meses de idade, pois apresentam pleno 
desenvolvimento vegetativo e gemas com alto potencial de brotação; 3) utilizar meias 
canas (apenas a parte superior), quando o plantio for feito na época da moagem; 4) 
evitar canas brocadas, flexadas, finas e/ou curtas ou enraizadas; 5) evitar plantar canas 
com gemas danificadas e despalhe do colmo com facões. 
Dos locais de corte ou preparo, os colmos são transportados em pequenas carro-
ças, carretas tracionadas a trator ou caminhões, até a área de plantio. 
 
Distribuição dos adubos 
Distribuição dos adubos minerais em fundação (1/3 ou 1/2 de N e K2O) e todo 
P2O5 ), podem ser aplicados manualmente antes da rebolação da cana-semente ou me-
canicamente aplicados por ocasião da abertura do sulco. 
 
 
 
 40 
Distribuição das mudas (rebolação) 
 
A distribuição das mudas é feita por meio de caminhões, quando grandes produ-
tores, e por carretas de tração animal ou tratores, quando pequenos agricultores. 
A relação entre área de viveiro para o de plantio comercial é de 1 : 10 ou 12 hec-
tares, ou seja, 1,0 hectare de viveiro fornece cana-semente para 10 ou 12 hectares de 
plantio comercial. 
São necessárias, aproximadamente, de 8 a 10 toneladas de mudas com idade de 
12 meses, oriundas de viveiros, para plantio de um hectare, sendo transportadas para o 
local de plantio com a manutenção das folhas, porém despontadas. As folhas (palhas) 
têm a finalidade de proteger as gemas durante o transporte e o manuseio. 
As mudas distribuídas inteiras nos sulcos, devem ser cortadas com facões em 
pedaços de 2 a 3 gemas. 
 
Tratatamento fitossanitário 
 
Após a rebolação faz a aplicação de inseticidas sobre as estacas contra as pragas 
de solo. 
 
Cobertura das estacas-mudas 
Após os colmos serem picados em estacas de 2 – 3 gemas, as estacas devem ser 
cobertas com cerca de 5 a 10 cm de solo, com implementos apropriados. 
Na cobertura semi-mecanizada ou mecanizada, deve-se empregar o cultivador a 
tração animal, sem as enxadas dianteiras, usando-se também grade ou cultivador de dis-
cos, ambos de levante hidráulico. 
 
PLANTIO MECANIZADO 
 
O plantio mecanizado da cana-de-açúcar, muito mais que uma tendência, é uma 
necessidade do setor, impulsionado pela expansão da produção para atender à demanda 
nos próximos anos. 
Já existem, atualmente, fabricantes desses equipamentos de plantio no Brasil, 
como, por exemplo, Santal, DMB, Brastoft, com vários modelos disponíveis no merca-
do. 
Basicamente, têm-se dois tipos de plantadoras de cana-de-açúcar: plantadora de 
cana inteira (PCI) e plantadora de cana picada (PCP). 
 41 
Na semeadura mecanizada, a máquina realiza simultaneamente todas as opera-
ções de plantio, ou seja, abre o sulco, distribui os adubos, distribui as mudas e faz o en-
terrio. 
 
OUTRAS OPERAÇÕES NO PREPARO DE SOLOS 
 
Sistematização do terreno 
 
Tem por finalidade nivelar o terreno corrigindo depressões. É utilizada princi-
palmente nas áreas onde se pratica a irrigação, pois facilita a condução da água, evitan-
do a formação de poças. 
Nas áreas de plantio onde se aplica a vinhaça por aspersão, deve-se realizar as 
operações de sistematização como norma de preparo de solo. 
 
Subsolagem de solos compatados e/ou mal drenados 
 
A subsolagem é realizada mecanicamente para quebrar o adensamento de solos 
ou áreas inundadas em áreas cultivadas com cana-de-açúcar. 
O adensamento do solo reduz ou impede a penetração da água e das raízes, di-
minuindo a capacidade de armazenamento de água pelo solo, bem como, o volume de 
solo explorado pelas raízes, limitando a produtividade do canavial. 
Uma das práticas de se determinar a necessidade ou não da subsolagem, é atra-
vés de utilização do penetrômetro de impacto. 
A subsolagem geralmente é feita por tratores de esteira, mas utilizam-se também 
tratores de pneus. 
 
TRATOS CULTURAIS DA CANA-PLANTA 
 
a) Controle das plantas invasoras - manual, semi-mecanizado e químico (herbicidas 
de pré-plantio, pré-emergência e pós-emergência). 
 
Controle das ervas invasoras - químico (herbicidas de pré-plantio, pré-emergência 
e pós-emergência) - Capina química 
 
O uso de herbicidas, por ser uma prática que requer cuidado especial, recomen-
da-se que o produtor procure uma boa orientação técnica e pessoal especializado, antes 
da utilização de qualquer herbicida. 
 42 
No manejo das plantas daninhas é importante que se conheça o período crítico 
em que o mato compete com a cana-de-açúcar (30-90 dias após o plantio/cultivo), para 
que seja realizado o controle no momento certo, evitando assim, sua concorrência com a 
cana-de-açúcar. 
Os herbicidas em cana-de-açúcar são, geralmente, aplicados em pré-emergência, 
ou seja, logo após o plantio. No caso de algumas plantas perenes, difíceis de serem con-
troladas, ocorrem aplicações dirigidas ao mato, evitando-se atingir a cana-de-açúcar. 
Os principais herbicidas utilizados na cana-de-açúcar, em Pernambuco, estão lis-
tados a seguir de acordo com seu nome comum, sendo que no mercado existem diversas 
marcas comerciais. 
A aplicação dos herbicidas pode ser feita manualmente ou mecanizada. Na apli-
cação manual, utiliza-se um pulverizador costal, com pressão de 3,0kg/cm2, utilizando-
se um bico leque TK-2, com uma vazão de 400l/ha de calda. 
 
Capinas manual, mecânica e química 
 
Os métodos de controle que podem ser usados são preventivo, cultural, manual, 
mecânico e químico. 
O mato deve ser bem controlado nos primeiros 100 dias pós-plantio, período 
considerado crítico de competição do mato na cana-planta. 
Em áreas onde não está previsto o emprego de herbicidas deve-se fazer a primei-
ra limpa logo após o aparecimento das primeiras ervas daninhas. A primeira limpa deve 
ser feita com enxada, com a finalidade de destorroar e chegar mais terra no sulco. 
Para as limpas com cultivador de tração mecânica, aconselha-se o uso de tratores 
de roda tracionanda com cultivadores de 8 a 12 discos de 18” , superficialmente, para 
não causar injúrias às raízes novas. 
Recomenda-se o cultivador de tração animal nas áreas onde a declividade é pe-
quena. A complementação desse trabalho deverá ser feita através do homem com auxí-
lio da enxada, para a eliminação das ervas daninhas nos sulcos. 
A capina química, usando herbicidas, com pulverizadores de barra acoplados a 
trator, é o método de controle mais utilizado atualmente. 
O número de limpas é função da precipitação, solo, etc., sendo normal se fazer 
de 3 a 4 limpas de enxada ou 6 de cultivador de tração animal, tomando-se o cuidado, 
neste caso, de se proceder ao repasse com ajuda da enxada. 
 43 
 
b) Adubação em cobertura - após 3 meses de plantio (90 dias). 
 
Quanto ao parcelamento do adubo nas condições
do Nordeste, apesar de algu-
mas variações em uso, geralmente a adubação de cobertura é realizada 2 a 3 meses de-
pois de plantio, consistindo de uma mistura contendo um 1/3 ou a metade das doses de 
nitrogênio (N) e de potássio (K2O) da formulação inicial total prevista para a fundação 
do canavial. 
Como o sistema de distribuição do adubo, prevalece o manual com uso de reci-
pientes que contém de 10 a 15 kg da mistura. Em algumas áreas canavieiras, costuma-se 
usar também a adubadora à tração animal que tem reservatório com capacidade de con-
duzir até 40 kg da mistura. 
 
c) Controle de pragas 
 
1) Broca comum da cana-de-açúcar (Diatraea spp.); 2) Cigarrinha da folha da cana-
de-açúcar (Mahanarva posticata); 3) Broca gigante (Castnia licus); 4) Cupins, 
lagartas desfolhadoras, formigas, besouros, lagarta elasmo e Migdolus. 
 
Cupins 
Os cupins das espécies Syntermes molestus (Burm., 1839), S. grandis (Rambur., 
1842), Cornitermes spp, Orocornilermes spp, ocorrem em todas as regiões do País 
onde se cultiva a cana-de-açúcar. 
Nos Estado de Pernambuco e Alagoas os cupins são freqüentemente encontra-
dos, onde a falta de umidade e a carência de matéria orgânica no solo fazem com que os 
ataques deste complexo de insetos sejam mais intensos, mas, convém dizer que estes 
termitidios têm uma presença generalizada em todas as regiões canavieiras do Nordeste. 
Os cupins são insetos sociais com ninhos subterrâneos e de hábitos noturnos 
sendo que, o maior parte da população do cupinzeiro, está constituído pelas operárias 
ápteras e estéreis. Os soldados, também estéreis, são responsáveis pela defesa da colô-
nia, colaborando com as operárias no seu trabalho. 
O número de indivíduos da colônia varia em função das diferentes espécies, des-
de alguns milhares até vários milhões de indivíduos. 
 44 
Os cupins de propagam atendendo a um processo de enxameagem o qual acon-
tece em época variável, mas sempre relacionado com o período de chuvas e temperatura 
elevada. São as conhecidas “revoadas” quando as formas aladas chamadas “Siri-siri”, 
“Aleluia” ou “Formiga de asa” deixam os cupinzeiros aos milhares em número quase 
igual à de machos e fêmeas. Na época da enxameagem as operárias abrem galerias que 
serão protegidas pelos soldados; por essas aberturas surgem as formas aladas que se 
juntam formando os casais reais os quais procuram um local adequado para a constru-
ção do novo cupinzeiro onde, na câmara real o macho fecunda a fêmea, a mesma que 
inicia a postura dos ovos, dando origem à formação da nova colônia. 
Na cana-de-açúcar os cupins ocasionam os seguintes prejuízos: 
a) Destruição dos rebolos recém plantados; 
b) Desfolhamento de perfilhos novos; 
c) Penetração em cana adulta os rebolos, logo após o semeio, são perfurados pe-
las extremidades sofrendo a destruição das gemas, das raízes adventícias e dos tecidos 
internos, ocasionando severas falhas de germinação obrigando, em muitos casos, a defe-
sas extras de replantio.nas plantinhas novas é freqüente observar as folhas comidas em 
seus bordos de maneira irregular ou, perfurações circulares no limpo, às vezes tão nu-
merosas que as folhas assim atacadas ficam apenas com a nervura central (raquis) como 
acontece com as formigas saúvas ou com as lagartas de algumas Lepidópteras. A produ-
ção agrícola é assim seriamente afetada, principalmente pela desuniformidade no cres-
cimento das plantas. 
Os ataques em cana grande ocorrem quando os cupins se acham em presença de 
plantas danificadas e tombadas por outros agentes (Brocas, gorgulhos, ratos, instrumen-
tos de trabalho, etc) e nestes casos, a cana caída é um convite para que os cupins entrem 
nos colmos em contato com o solo e, conseqüentemente, os destruam. 
Depois do corte da cana as touceiras são muito vulneráveis aos ataques dos cu-
pins, que penetram através dos cortes, especialmente quando a cana foi queimada e as 
touceiras apresentem grande quantidade de material morto ou chamuscado. Neste mate-
rial os cupins encontram um habitat ideal passando, depois, facilmente a destruir raízes 
novas e posteriormente colmos. 
Não fácil o combate aos cupins. A melhor maneira de controla-los é aplicando 
métodos preventivos na base de boas operações culturais, principalmente no que diz 
respeito à preparação do solo para os novos plantios. Melhorar as condições físicas do 
 45 
solo com aplicação de matéria orgânica e seleção de semente, evitando o plantio de tole-
tes danificados por outros insetos. 
Em áreas com altas incidências de cupins, recomendam-se tratos culturais que 
realizem boa destruição das soqueiras e a utilização dos inseticidas Regente 250 ou 
Heptacloro a 40% no sulco de plantio, à razão de 250g/ha ou 2 a 3l/ha, respectivamente. 
Em cana-soca, desconhece-se um método de controle eficiente. 
 
Broca gigante 
A broca gigante, Castnia licus (Drury, 1773), ocasiona severos danos aos cana-
viais dos estados da Paraíba, Pernambuco e Alagoas. 
Nas socarias, as lagartas de Castnia licus alimentam-se do rizoma e das raízes, 
reduzindo bastante o poder germinativo. Na cana jovem, passam do rizoma para os re-
bentos, causando a secagem e o posterior apodrecimento da “olhadura”. Na cana adulta, 
a lagarta perfura os entrenós da base do colmo, justamente os mais ricos em sacarose. 
Em avaliação de danos efetuada recentemente em canaviais de usinas da Paraíba 
e Pernambuco, constatou-se que, para cada 1% de entrenós brocados, foram registradas 
perdas em torno de 0,43 e 0,66%, respectivamente, nos rendimentos agrícola e industri-
al da cana-de-açúcar. 
Para o controle biológico da broca gigante, testes de laboratório e de campo, 
demonstraram a eficiência do fungo Beauveria bassiana como parasito de lagartas de 
Castnia licus. 
Em função dos hábitos e do comportamento do inseto, o fungo vem sendo apli-
cado logo após o corte da cana, sobre as cepas perfuradas pelas lagartas, a fim de permi-
tir sua ação de contato sobre as mesmas. Em experimento de campo na usina São José-
PE, Beauveria bassiana, na dosagem de 5 x 1012 esporos/ha, proporcionou uma morta-
lidade acumulada de 36% em avaliação efetuada 30 dias após a aplicação. 
Não se conhece até o momento nenhum inseticida que controle eficientemente 
essa praga, sendo assim, inviável o controle químico. Tratos culturais que realizem boa 
destruição das soqueiras e dos restos culturais assegura uma minimização dos prejuízos 
em plantios novos. 
Catações manuais de larvas e crisálidas, utilizando enxadeco, e adultos captura-
dos com rede, é hoje um método de controle recomendado. 
 
Cigarrinha da folha da cana-de-açúcar 
 46 
 
A cigarrinha da folha, Mahanarva posticata (Stal., 1855) foi introduzida aciden-
talmente em 1960, no estado de Pernambuco. Em seguida, disseminou-se para o estado 
de Alagoas, constituindo-se há alguns anos no principal problema entomológico da cana 
nesses dois estados. Os adultos da espécie ao sugarem a seiva das folhas, injetam toxi-
nas que causam seu amarelecimento e posterior “queima”, reduzindo a capacidade fo-
tossintética da planta, com perdas de peso e açúcar. 
Por sua facilidade de multiplicação em laboratório e adaptação em canaviais, o 
fungo Metahrizium anisopliae demonstrou ser o inimigo natural mais eficiente contra a 
cigarrinha da folha, nas condições climáticas da região canavieira nordestina. Os espo-
ros do fungo, em contato com a ninfa ou o adulto da cigarrinha, produzem elementos de 
crescimento que penetram no organismo do inseto. No interior do corpo, liberam toxi-
nas provocando sua morte. Em seguida, as estruturas de crescimento voltam-se para fora 
e germinam, mantendo-se dessa forma na natureza. O fungo germinado fica de cor ver-
de azeitona.
Do material produzido no laboratório (esporos do fungo), recomenda-se à apli-
cação de 3 x 1012 esporos/ha (200g/ha), suspensos em 200l de água por via terrestre ou 
25l de água por via aérea. É conveniente fazer a aplicação da suspensão pela manhã até 
às 9 horas, e à tardinha, após as 14 horas. O fungo tem proporcionado uma freqüência 
de mortalidade média ao redor de 20 a 40%, para ninfas e adultos, respectivamente. 
 
Broca comum da cana-de-açúcar 
As brocas Diatraea saccharalis (Fab., 1794) e Diatraea flavipennella (Box., 
1931) constituem problemas para todas as 
regiões canavieiras do Brasil, a exemplo do que ocorre com as demais áreas ca-
navieiras do mundo. 
As lagartas quando atacam as canas novas, causam a morte da gema apical, cujo 
sistema é conhecido por “olho 
morto”. No estágio de cana adulta ocorre perda de peso, brotação lateral, enrai-
zamento aéreo, entrenós atrofiados e 
canas quebradas. Pelas perfurações deixadas pelas lagartas, penetram os fungos 
responsáveis pelas podridões de colmo, que determinam a inversão da sacarose. 
 47 
As pesquisas canavieiras comprovaram que existe uma correlação entre o nível 
de infestação e a perda de açúcar, e o fator varia de 0,50 a 0,75% de redução de açúcar 
para cada 1% de entrenós perfurados. 
No Nordeste do Brasil, o controle biológico das brocas Diatraea spp. vem sendo 
efetuado pela utilização da vespa indiana Cotesia flavipes, introduzida no Brasil, prove-
niente de Trinidad em 1974, para os canaviais de Alagoas. Sua produção massal em 
laboratório exige a criação em larga escala da lagarta de Diatraea spp., hospedeiro so-
bre o qual o parasita se desenvolve. 
O parasitismo se inicia por uma picada da vespa, ocasião em que um lote de o-
vos é depositado no interior do corpo da lagarta. Desses ovos, eclodem as larvinhas, que 
se desenvolvem às custas do tecido de reserva da lagarta. Findo o período de alimenta-
ção, as pequenas larvas migram para fora do corpo da lagarta e formam casulos, dando 
continuidade ao seu ciclo. A lagarta por sua vez, morre exaurida, sem conseguir com-
pletar seu ciclo. Atualmente, recomenda-se a liberação de 5.000 vespas de Cotesia fla-
vipes/ha, nos locais onde sejam encontradas por uma pessoa, pelo menos, 10 lagartas de 
Diatraea spp. em 1 hora. As liberações devem ser feitas bem cedo ou ao entardecer, evi-
tando-se no transporte, a incidência de sol direto sobre as vespinhas. 
 
Saúvas ou quenquém 
As espécies Atta laevigata, A. opaciceps, Acromyrmex landolti, mencionadas 
parecem ser as formigas mais comuns que atacam a cana-de-açúcar no Nordeste. 
As saúvas são insetos sociais que vivem em formigueiros subterrâneos constituí-
dos por câmaras (panelas) e galerias (canais). Na superfície do solo, apresentam montes 
de terra solta e numerosos orifícios (olheiros). 
Nas câmaras as formigas cultivam um fungo de cuja frutificação se alimentam. 
Todo o material vegetal conduzido para o formigueiro, constitui-se apenas como subs-
trato para o desenvolvimento do fungo. 
O sauveiro é formado por única rainha e todas as outras formigas são operárias, 
as quais se dividem em castas (soldados, cortadeiras e jardineiras) caracterizadas princi-
palmente pelo tamanho. Temporariamente ocorrem revoadas de formas aladas (como no 
caso dos cupins), que são responsáveis pela formação de novos sauveiros. 
Os danos podem ser diferentes quando se trata de cana jovem (soca ou recém 
plantada) ou em cana grande, já crescida. Em cana pequena as saúvas e os quenquéns 
cortam pedaços das folhas, sendo que os repetidos cortes marginais reduzem sensivel-
 48 
mente a lâmina foliar da qual fica, às vezes, somente a nervura central, afetando seve-
ramente o desenvolvimento das plantas. O prejuízo se agrava ainda mais quando os ata-
ques das formigas acontecem nas épocas de estiagem, impedindo as plantas de reagirem 
vegetativamente com mais vigor. 
Criam-se também problemas sérios nas operações de irrigação, colheita, corte e 
transporte de cana além dos inconvenientes que ocasionam ao trabalhador de campo. 
Como medida de controle das saúvas recomenda-se: 
a) As preventivas de ordem cultural: aração profunda na etapa da preparação do 
solo para novos plantios; eliminação de gramíneas as quais são muito atrativas pelas 
saúvas. 
b) Medidas curativas, tais como: controle químico com inseticidas (formicidas) 
como Brometo de metila, Aldrin 40%, Aldrin 5%, Clordane 10%, Heptacloro 5%, Isca 
dodecacloro. 
 
Outras pragas de eventual importância econômica na cana-de-açúcar são: 
 
a) Lagartas desfolhadoras, Mocis lalipes (Guen., 1852), Spodoptera frugiperda 
(J.E. Smith, 1797). 
b) Besouros ou Pão-de-galinha, Eutheola homilia (Burm., 1847), Ligyrus bixu-
berculatus (Beauv., 1808), Stenocrates laborator (Fabr., 1801), Cyclocephala spp. 
c) Lagarta elasmo, Elasmopalpus linosellus (Zeller, 1848) 
d) Migdolus fryanus. 
Destas, apenas o Migdolus fryanus, é praga merecedora de controle nos locais 
de ocorrência. Este deverá ser realizado mediante a eliminação das soqueiras infestadas, 
através de aração rasa na linha. Esta operação deverá ser realizada nos meses de baixa 
precipitação, quando a maior parte da população dessa praga encontra-se na fase larval. 
Após 15 a 20 dias, quando as touceiras já estiverem secas, deve-se proceder à sua des-
truição com uma rotativa, procurando fragmentá-las ao máximo. Posteriormente, reali-
za-se uma aração profunda, visando eliminar o maior número de larvas de Migdolus 
ainda remanescentes. No plantio deve-se usar o inseticida Heptacloro 40% na dosagem 
de 2 a 3l/ha. 
 
d) Controle de doenças 
 
 49 
1) Raquitismo da sequeira (Clavibacter xyli); 2) Carvão (Ustilago scataminea); 3) 
Escaldura das folhas (Xanthomonas albilineaus); 4) Nematóides (Meloidogyne, 
Pratylenchus, Helicotylenchus, Trichodorus Xiphinema, Criconemoides e 
Tylenchorfïyrïchus). 
 
Dentre as várias doenças que atacam a cana-de-açúcar, algumas tem causado da-
nos apreciáveis à cultura. 
As principais doenças em nossa região são o raquitismo da soqueira, o carvão, a 
escaldadura das folhas e os nematóides. 
Devido à característica extensiva da cultura, o controle de doenças baseia-se, 
principalmente, na utilização de variedades resistentes e técnicas culturais, em que se 
destaca a utilização de mudas sadias. 
A seguir, serão descritas as principais doenças. 
 
Mosaico 
• Agente causal:vírus 
 
• Sintoma: aparência moisacada nas folhas mais novas, com diferentes graus e 
proporções de manchas verde-normal e verde-pálido. As touceiras afetadas têm 
o seu desenvolvimento retardado em relação às plantas sadias, os entrenós ficam 
curtos, os colmos ficam finos, ocorrendo um superperfilhamento da touceira. 
 
• Transmissão: toletes e pulgões. 
 
• Controle: por meio de variedades resistentes ou tolerantes; rouguing (erradica-
ção de touceiras infectadas nos viveiros e em áreas de plantio comercial), reali-
zado no período de dois a seis meses pós-plantio, numa frequência de 30 dias. 
 
Ferrugem 
 
• Agente causal: fungo – puccinia spp 
 
• Sintoma: formação de pústula de cor marrom e halo amarelo, principalmente na 
parte inferior da folha. As pústulas se rompem e liberam esporos de cor ferrugi-
 50 
nosa. A cor do canavial, de longe, fica amarronzada em variedades susceptíveis. 
A ferrugem atinge principalmente canaviais novos. 
 
• Transmissão: ventos e chuvas. 
 
• Controle: variedades resistentes ou tolerantes 
 
Nematóides 
 
A expansão da cultura da cana-de-açúcar para áreas de solos fracos tem acarre-
tado o aumento da importância do ataque de nematóides parasitos. É neste tipo de solo 
que as maiores perdas ocorrem,
geralmente. Sabe-se que, em condições de alta infesta-
ção, variedades de cana-de-açúcar suscetíveis podem sofrer reduções de até 40% na sua 
produção. 
É conhecida no solo da rizosfera e nas raízes desta cultura. Entretanto, alguns 
gêneros destacam-se como os mais prejudiciais, são eles: Meloidogyne, Pratylenchus, 
Helicotylenchus, Trichodorus, Xiphinema, Criconemoides e Tylenchorhynchus. 
São considerados patogênicos à cana-de-açúcar os seguintes nematóides: Meloi-
dogyne incógnita, Pratylenchus brachyurus, P. zeae, Tylenchorihynchus sp, Cricone-
ma sp, Trichodorus spp, Siphinema sp, Ditylenchus sp, Xiphidorus sp, Dolichodorus 
minor, Aphelenchus sp, Aphelenchoides sp, Helicotylenchus sp. 
Dentre estas espécies e gêneros a mais estudada tem sido M. incógnita devido à 
facilidade de diagnose. 
 
Os sintomas devidos ao ataque de nematóides são mais evidentes nas raízes onde 
causam o aparecimento de galhas, engrossamentos, lesões, descolamento do córtex, 
alterações no número de radicelas e redução geral no desenvolvimento do sistema radi-
cular. Na parte aérea, os sintomas compreendem amarelecimento de folhas e redução no 
desenvolvimento das touceiras. Como a distribuição horizontal mais freqüente de nema-
tóides é em reboleiras, observa-se no campo plantas com desenvolvimento irregular. 
O controle dos nematóides é feito através de variedades resistentes ou toleran-
tes e práticas de manejo de solo que visam dar a cultura condições propícias para um 
melhor desenvolvimento e, dessa forma, superar o ataque. Estas práticas incluem: bom 
 51 
preparo do solo com eventuais deficiências nutricionais corrigidas, adição de torta de 
filtro e vinhaça, adubação verde e rotação de culturas. 
O controle químico pode ser utilizado, desde que ocorra comprovadamente in-
festação em nível prejudicial e que não seja possível a indicação de variedades resisten-
tes ou das medidas de controle de manejo do solo anteriormente mencionadas. 
 
Escaldadura das folhas 
 
• Gente causal: bactéria - Xanthomonas albilineans 
 
• Sintoma: ela manifesta-se pelo aparecimento de estrias brancas (às vezes, ama-
reladas) ao longo do limbo foliar ou de manchas brancas irregulares. A doença 
pode também se manifestar de forma aguda, em que ocorre a seca das folhas a 
partir do ponteiro para a base, sem qualquer manifestação dos sintomas descritos 
anteriormente. Esta seca de folhas pode progredir, chegando a matar toda a tou-
ceira. Plantios com escaldadura das folhas tendem a brotar lateralmente, inician-
do esta brotação pelas gemas da base e progredindo para as gemas superiores. O 
perigo da escaldadura das folhas está no fato de que é comum observar-se o fe-
nômeno da latência, isto é, a planta apesar de não apresentar sintomas, é porta-
dora da bactéria, e em períodos propícios, a doença pode manifestar-se com 
grande intensidade. 
 
• Transmissão: toletes e facões. 
 
• Controle: resistência das variedades. Para o “roguing” da escaldadura das folhas 
basta a eliminação das touceiras doentes através de um enxadão ou de um produ-
to químico (Roundup), pulverizado cuidadosamente no cartucho foliar das plan-
tas doentes. 
 
Carvão 
• Agente causal: fungo Ustilago scitaminea. 
• Sintoma: o carvão tem uma forma característica de se manifestar, o que torna 
fácil a sua identificação. O fungo ataca, principalmente, os tecidos meristemáti-
cos da planta. Nos colmos, o meristema apical afetado sofre modificações e 
 52 
transforma-se em um apêndice que pode atingir mais de um metro de compri-
mento. Este apêndice é envolto por uma massa negra de esporos que são facil-
mente liberados no ar indo contaminar novas plantas. O apêndice, devido ao seu 
aspecto, é conhecido como chicote de carvão. Quando a gema lateral é afetada, o 
fungo induz a brotação desta gema dando origem a um pequeno colmo lateral, 
que irá emitir o chicote do carvão. Um chicote bem desenvolvido pode produzir 
milhões de esporos e liberá-los durante vários dias, sendo que cada um deles po-
de potencialmente causar infecção em uma nova planta. 
• Transmissão: toletes e ventos 
 
• Controle: além da utilização de mudas sadias, o produtor deve lançar mão de 
outro método de controle, que é a resistência varietal. Em áreas já infestadas 
pelo carvão deve-se plantar variedades com alto grau de resistência à doença pa-
ra evitar novas epidemias. No caso de necessidade de formação de viveiros em 
áreas de ocorrência do carvão, pode-se utilizar o tratamento das mudas com o 
fungicida Triadimefon. Este tratamento consiste em se mergulhar os rebolos em 
suspensão a 1% do produto comercial por 10 minutos, o que irá promover uma 
proteção dos rebolos contra o fungo que está no solo. Deve-se ressaltar ainda, 
que tratamento térmico a 52ºC por 45 minutos ou o tratamento convencional pa-
ra controle do raquitismo da soqueira são eficientes para eliminar o carvão dos 
rebolos. 
 
• Para se evitar a disseminação do carvão nas regiões comprovadamente ameaça-
das, deve-se realizar inspeções periódicas para eliminação das plantas doentes 
(roguing). Neste caso, antes de se eliminar a touceira, envolve-se o chicote com 
um saco e corta-se a planta na base do palhiço. Estes sacos deverão permanecer 
fechados por alguns dias e depois serem eliminados. Após retirada de todos os 
chicotes das touceiras é que se deve promover a destruição das mesmas. 
 
Raquitismo da soqueira 
• Agente causal: bactéria: Clavibacter xyli 
 
• Sintoma: esta é provavelmente a doença que mais prejuízos tem causado à agro-
indústria no Brasil. Devido à sua característica de não apresentar sintoma exter-
 53 
no visível, ela tem sido negligenciada pela maioria dos produtores de cana-de-
açúcar. A doença causa uma redução do vigor das plantas que se acentua nas so-
queiras, daí o nome raquitismo das soqueiras. 
 
• Esta doença causa obstrução dos vasos na região dos nós dos colmos, dificultan-
do o fluxo de água e nutrientes na planta, favorecendo assim, a queda de produ-
ção. 
 
• Transmissão: toletes e facões. A disseminação da bactéria de uma área para ou-
tra se dá, principalmente, pela utilização de mudas doentes e, dentro do canavial, 
através do facão de corte. 
 
• Controle: Tratamento térmico. O controle desta doença é baseado na utilização 
de mudas sadias. A produção de mudas sadias é conseguida pelo tratamento 
térmico de rebolos ou gemas isoladas em água quente a 50,5ºC, por duas horas. 
Após esse tratamento, forma-se um viveiro primário em que a quase totalidade 
das plantas estão sadias. Estas plantas são multiplicadas em viveiros subseqüen-
tes, até que se forme o canavial comercial. É importante ressaltar que após 5-6 
multiplicações sucessivas, a partir do material tratado termicamente, há uma 
tendência para se retornar aos níveis iniciais de infecção, razão pela qual é im-
portante manter-se sempre viveiros primários. 
 
 
 
e) Irrigação – a cana-de-açúcar pode ser irrigada por qualquer sistema de irrigação: 
superfície, aspersão ou localização. Métodos: irrigação por sulcos, pivô central, 
autopropelido e por gotejamento. 
 
f) Irrigação e fertirrigação 
 
Nas regiões de precipitações irregulares a prática de irrigação suplementar deve 
ser realizada cujo método dependerá das condições local e financeira do plantador de 
cana-de-açúcar. 
 54 
A fertirrigação com vinhaça é uma prática utilizada nas socarias pelas unidades 
produtoras da região. 
A vinhaça se destaca pela grande capacidade de ser usada na fertirrigação dos 
canaviais em soqueira, complementando ou substituindo totalmente as adubações mine-
rais. 
De modo geral, a natureza e a composição do mosto originário
da vinhaça inter-
ferem sobremaneira na composição química de subproduto. 
A torta de filtro é um resíduo proveniente da filtração a vácuo da mistura de lo-
do dos decantadores com bagacinho, no processo de produção de açúcar, sendo utilizada 
na renovação dos canaviais. 
 
Aproveitamento da torta de filtro 
 
A torta de filtro é um resíduo proveniente da filtração a vácuo da mistura de lodo 
dos decantadores com bagacinho, no processo de produção de açúcar. A produção mé-
dia de torta é de 30 kg/t de cana moída. Sua composição química média é de 14% de N, 
1,1% de P2O5, 07% de K2O, 5,0% de Cão e 0,5% de MgO, além de apresentar cerca de 
70% de matéria orgânica. 
Na cultura da cana-de-açúcar, a torta de filtro pode ser aplicada: a) em área total 
e incorporada ao solo antes do plantio; b) no sulco de plantio (fresca e/ou seca); e c) na 
cana-soca, sendo incorporada ao solo através da operação de cultivo. 
 
Recomenda-se o monitoramento dos resíduos (1 amostra composta/semana) vi-
sando acompanhar % K2O na vinhaça e umidade, P2O5 e N na tora de filtro. A torta de 
filtro que fica em repouso em pátio de acumulação, ou recebendo ou não revolvimentos, 
tende a aumentar o teor de P2O5 na TF úmida, e, portanto, reduz o custo do transporte e 
aplicação. Quando do uso no sulco, devem ser feitas análises de TF (P2O5 e umidade) 
no momento de transportar e da umidade quando for aplicada. 
 
Aproveitamento da vinhaça 
 
A vinhaça é um resíduo da fabricação de álcool. Trata-se de um resíduo altamen-
te corrosivo e poluente, que as usinas precisam se desfazer de alguma forma e cujo vo-
lume de produção é da ordem de 12 a 14 litros de vinhaça/litro de álcool fabricado. 
 55 
Sua composição química é variável e revela cerca de 93% de água, sendo que 
7% de sólidos restantes representam cerca de 4,5% de matéria orgânica, 0,03% de N, 
0,06% de Ca, 0,02% de Mg, 0,01% de P e 0,3% de K. 
A aplicação de vinhaça nas socarias é atualmente uma prática das mais promis-
soras para os canaviais do Nordeste, que tanto imprescíndem de matéria orgânica para 
aumento de produtividade. Além da aspersão por equipamentos semifixos e canhões 
hidráulicos, a vinhaça pode ser aplicada por caminhões ou carroças-tanque pelo sistema 
de pressão controlada ou pela ação da gravidade. Por outro lado, a fertirrigação com 
vinhaça pode-se tornar interessante em solos (normalmente os de baixa fertilidade) que 
exijam elevadas quantidades do resíduo por unidade de área ou em locais onde o déficit 
hídrico seja acentuado e a utilização da irrigação mostre-se necessária. 
Nas áreas menos declivosas, como os tabuleiros costeiros que ora são bastante 
cultivados, há ainda a vantagem de ser viável a implantação de canais condutores de 
vinhaça, possibilitando assim sua aplicação por infiltração. 
Como é um resíduo de elevados teores de potássio, cálcio, além da grande quan-
tidade de matéria orgânica, a vinhaça complementada com fertilizantes minerais passa a 
ser um fator de produção de razoável economicidade na agroindústria canavieira. 
Geralmente como trato cultural de socarias, a vinhaça é distribuída diretamente 
em sulcos feitos previamente nas entrelinhas, ou mesmo na própria linha do sulco 
quando este apresenta profundidade suficiente, em quantidades variáveis com seu teor 
de K2O. as dosagens mais indicadas estão entre 400 a 600kg de K2O, viabilizadas por 
volumes mínimos de aplicação na faixa de 750 a 1.000m3/ha. Quando aplicada por as-
persão, quer por equipamentos semifixos quer por canhões hidráulicos, a média geral de 
aplicação é de 400 kg de K2O/ha. Enquanto que na aplicação por veículos-tanque, a 
dosagem recomendada é de 200 kg de K2O/ha, em volumes variáveis, ainda conforme a 
origem do mosto (mosto de melaço, mosto de caldo, mosto misto), entre 50 a 150 
m3/ha. 
A aplicação deverá ser procedida nas soqueiras logo após o corte da cana, antes 
da brotação. 
 56 
SISTEMA DE PRODUÇÃO DA CANA-SOCA 
 
Tratos culturais da cana-soca 
 
a) Enleiramento do palhiço ou queima 
 
Após o corte e carregamento da cana-de-açúcar, o terreno encontra-se com uma 
quantidade razoável de palhiço, pontas de cana, além de um adensamento superficial do 
solo. As soqueiras brotam, constituindo nos colmos, os quais devem ser executados al-
guns tratos que visam a absorção de água e nutrientes, aeração do solo e limpeza do 
terreno. 
Praticamente, são as colheitas sucessivas dos canaviais em cana-soca que possi-
bilitam a maior ou menor taxa de retorno do capital investido desde a fundação. Portan-
to, tornam-se imprescindíveis as práticas culturais que podem aumentar a longevidade e 
as condições de produtividade das socarias. 
O cultivo de soqueira em cana-de-açúcar, de uma maneira geral, pode desempe-
nhar uma ou mais das seguintes finalidades: o controle de plantas daninhas, a aplicação 
de fertilizantes e a possibilidade de melhoria das características físicas (porosidade) das 
primeiras camadas do solo, promovendo uma melhor aração e drenagem e facilitando a 
penetração de raízes do novo sistema radicular. 
No cultivo da cana-soca o primeiro problema a ser enfrentado é o do palhiço, ou 
seja, das palhas e pontas (palmito) dos colmos, que após o corte permanecem sobre o 
solo, dificultando os tratos culturais. 
Basicamente, existem duas soluções para esse problema: enleiramento ou quei-
ma. Ambas as metodologias apresentam suas vantagens e inconvenientes dos pontos de 
vista técnico e econômico. 
O enleiramento é trabalho mais demorado e oneroso, porém, indispensável para 
o bom cultivo da soqueira. Em geral o enleiramento é feito colocando-se em uma entre-
linha o palhiço de duas a quatro ruas adjacentes; desta maneira há possibilidade de se 
cultivar mecanicamente a soqueira, conduzindo-se o trator com as enxadas do cultivador 
nas ruas desimpedidas. 
• Atualmente essa operação é executada mecanicamente com ancinhos rotativos. 
• Como vantagens do enleiramento citam-se: 
 57 
• a) a grande quantidade de matéria orgânica que será incorporada ao solo, embora 
lentamente; e 
• b) a diminuição da área a ser cultivada. 
• Como desvantagens do enleiramento temos que: 
• a) serve de abrigo a insetos como broca e a cigarrinha, que são prejudiciais à cul-
tura; 
• b) a operação de adubação da soqueira é modificada e dificultada; 
• c) há maior dificuldade nos tratos mecanizados nas entrelinhas descobertas 
(quando a quantidade de palhiço é muito grande). 
 
b) Tríplice operação 
• Cultivadores específicos,desenvolvidos para soqueiras de cana, são utilizados 
logo após o enleiramento, nas entrelinhas sem palhiço, fazendo-se a 
subsolagem, adubação e cultivo simultaneamente numa única passada. 
 
• A subsolagem deve ser executada imediatamente após o corte, no máximo 30 
dias após, para se evitar a destruição das raízes recém formadas. 
 
• Atualmente, o rodeamento foi substituído pela operação de subsolagem seguida 
de cultivo das entrelinhas. 
 
c) Controle: plantas invasoras, pragas e doenças – as mesmas recomendas em cana-
planta. No caso cana-soca, o período crítico de competíção do mato corresponde aos 
primeiros 60 dias após cada corte do canavial. 
 
d) Adubação mineral - A adubação das socas deve ser executada simultaneamente, ou 
logo imediatamente, com os tratos iniciais de cultivo. Normalmente, a mistura dos ferti-
lizantes é aplicada pelo processo manual a uma distância média de 30 a 40cm das li-
nhas, fazendo-se sua imediata incorporação ou cobertura com enxada ou cultivadores. 
Algumas vezes, após a atividade da adubação, costuma-se realizar um cultivo químico 
em pré-emergência para, assim, ampliar o período de permanência do canavial sem a 
concorrência
das plantas daninhas. 
e) Fertirrigação – a adubação química da soqueira pode ser substituída ou 
complementada com a aplicação da vinhaça, subproduto da fabricação do álcool ou 
 58 
aguardente. A vinhaça é um adubo orgânico líquido, rico em K, matéria orgânica e N, 
pobre em fósforo e outros nutrientes, sendo mais compatível com as exigências 
nutricionais das soqueiras, aplicada na dose de 150 m3 /hectare. 
 59 
 
SISTEMA DE PRODUÇÃO RENOVAÇÃO DO CANAVIAL 
 
a) Erradicação mecânica da soqueira 
 
b) "Cultivo Mínimo": operações: 
 
1°) destruição da soqueira com eliminação das ervas invasoras infestantes com 
 Roundup; 
2°) subsolagem ou sulcação; 
3°) plantio. 
 60 
 
COLHEITA DA CANA-DE-AÇÚCAR 
 
 
 
COLHEITA DA CANA 
 
 
Queima da 
palha ou crua 
Corte Carrega-
mento 
Transporte 
Manual Mecânico Intermediá-
rio 
Final 
 
 
 
 
 
 
 61 
INTRODUÇÃO 
 
Dentre as etapas do cultivo da cana-de-açúcar a colheita é a que mais exige cui-
dados especiais de planejamento e execução, pois a rentabilidade pode variar muito em 
função da condução. 
O planejamento da colheita é uma atividade determinante, para obter bons resul-
tados no processo industrial, uma vez que a qualidade da matéria-prima é a chave para 
que isso aconteça. 
A principal meta da colheita é entregar à unidade industrial uma matéria-prima 
de melhor qualidade e com menor custo, além de manter as melhores condições de de-
senvolvimento e produção dos próximos ciclos da cultura. 
O momento ideal para iniciar a colheita da cana-de-açúcar é quando a planta en-
contra-se com a maior concentração de açúcares (sacarose, glicose e frutose). Este mo-
mento depende de vários fatores, tais como: idade da cultura, variedade, tipo de solo, 
praga e doenças. 
A colheita pode ser manual ou mecânica, de cana crua ou queimada, porém to-
dos os procedimentos adotados durante a operação devem proporcionar condições de 
obter a melhor qualidade da matéria-prima. 
Pode-se lançar mão de artifícios capazes de ajudar na maturação da cana-de-
açúcar, tais como maturadores e inibidores de florescimento. 
O gerenciamento da maturação é realizado por meio de pré-análises, feita nos 
laboratórios das próprias indústrias, as quais determinam valores que indicam o momen-
to ideal para a realização da colheita. 
Quadro de indicadores da qualidade da cana-de-açúcar. 
 
PLANEJAMENTO PARA COLHEITA DA CANA 
 
• Monitoramento dos talhões para a colheita 
 
• Localização de estradas e carreadores 
 
• Revisão do Sistema Viário e de Transportes 
 
 62 
• Estrutura da Equipe de Trabalho 
 
• Recursos Materiais Necessários 
 
• Implementos agrícolas Tratores, caminhões e animais 
 
Monitoramento dos talhões para a colheita 
 
Constitui uma etapa de reconhecida importância a divisão racional da área física 
das unidades produtoras em seções, setores e talhões. No nosso trabalho será enfatiza-
do o monitoramento dos talhões. 
Os talhões constituem a menor unidade em que a terra é dividida para cultivo da 
cana. Em condições favoráveis, no que tange à temperatura e à homogeneidade do solo, 
a dimensão ideal dos talhões será em torno de 15 ha. Em condições de topografia mais 
acidentada, tem-se adotado o uso de talhões com dimensões inferiores a 10 ha. 
Os fatores principais a serem considerados na constituição dos talhões são: 
 Capacidade diária de moagem; 
 Relevo; 
 Propriedades do solo; 
 Tipo de colheita. 
A capacidade diária de moagem influi no tamanho dos talhões por aspectos li-
gados à quantidade de cana a ser queimada diariamente. O ideal é ter dimensão tais que 
permitam a queima diária de um número de talhões necessário e suficiente para fornecer 
matéria-prima para um dia de moagem. Não se deve, também, perder de vista o número 
de frentes de corte que se pretende constituir na colheita. 
O relevo condiciona a dimensão dos talhões na medida em que se adota a consti-
tuição de talhões menores diante de condições de topografia mais acidentada, devido a 
aspectos de conservação dos solos (terraços e canais) e de trafegabilidade de veículos. 
Nessas condições, é preferível que os veículos alcancem com maior facilidade os carre-
adores, onde as condições de tráfego são mais satisfatórias. Assim, os aspectos ligados 
à conservação limitam a largura do talhão e as condições de trafegabilidade delimitam o 
seu comprimento. 
As propriedades do solo influem na delimitação de talhões por aspectos ligados, 
principalmente, à fertilidade natural, que induz a diferentes níveis de produtividade físi-
 63 
ca, e à predisposição para compactação, que impede comprimento acentuado. A com-
pactação, normalmente mais intensa em solos argilosos, influi no comprimento dos ta-
lhões: quanto maior o comprimento, maior o acúmulo de trânsito no final dos sulcos. Da 
mesma forma, a fertilidade natural influi na produtividade, devendo-se ser levada em 
cota quando se projetam os talhões. 
O tipo de colheita é um fator de influência direta no formato dos talhões. Para 
colheita mecanizada, são desejáveis talhões de comprimentos maiores, visando aprovei-
tar a capacidade operacional das colhedeiras. 
• A distribuição de variedades em talhão apresentam as seguintes finalidades: 
• a) Controle das variedades; 
• b) Melhor atendimento das necessidades de adubação; 
• c) Melhor controle de pragas e doenças; 
• f) Controle dos tratos culturais e incêndio; 
• g) Controle da colheita 
 
Localização de estradas e carreadores 
 
A localização de estradas e carreadores, quanto a seu aspecto conceitual, é en-
tendida como o provimento de meios de locomoção e transporte para a área física. As 
unidades então resultantes seriam as vias principais (direcionadas para a unidade indus-
trial) e as secundárias (que fluem em direção às vias principais), enquanto que os carre-
adores constituem as vias periféricas, que demandam as vias principais e secundárias, 
envolvendo o módulo operacional (talhão). 
A localização das estradas deve levar em conta os seguintes fatores: 
Dimensões e distribuição da área física; 
Relevo, acidentes geográficos (variações do terreno), povoações etc; 
Rede viária; 
Localização da unidade industrial. 
Os carreadores, sendo a limitação e a via periférica dos talhões, logicamente são 
muito influenciados por estes. Na maioria dos casos, a constituição dos carreadores o-
corre em função da constituição de talhões. Entretanto, também o relevo (áreas declivo-
sas) e as propriedades do solo influem nas características dos carreadores. 
 
 
 64 
Revisão do Sistema Viário e de Transportes 
 
O sistema viário, constituído pelas estradas (principais e vicinais dos engenhos e 
empresas) e carreadores das unidades produtoras de cana-de-açúcar é de muita impor-
tância para a execução da colheita. Tanto é assim, que as estradas e carreadores mal 
conservados dificultam a colheita e tornam o transporte mais caro e demorado. Além de 
se tornarem facilmente intransitáveis com poucas chuvas que venham a acontecer du-
rante a safra. 
Assim sendo, ao mesmo tempo em que os primeiros talhões e lotes venham a in-
dicar o estágio de aproximação da fase de amadurecimento da cana, logo de imediato 
deverá ser executada uma completa revisão do estado de conservação dos acessos, buei-
ros, barrancos, pontilhões e carreadores que, dentro da propriedade, poderão diminuir 
ou mesmo comprometer a eficiência da colheita e o ganho de ágio do produtor. Com 
efeito, quanto menor for o tempo gasto entre a colheita e a entrega da cana na usina ou 
destilaria, maior poderá ser o ganho no preço da cana produzida.
Estrutura da equipe 
 
O planejamento anual das atividades de cultivo e a existência de uma equipe de 
trabalho dirigida exclusivamente para sua operacionalização, atualmente, se constituem 
da maior importância para a racionalização do setor agrícola das agroindústrias canavi-
eiras situadas nas principais regiões produtoras. 
E essa importância é justificada pela necessidade de acompanhamento das áreas 
de colheita com a imediata execução dos tratos culturais, em tal ritmo que não haja 
comprometimento da rebrota e do desenvolvimento das socas e, nem tão pouco, o acú-
mulo de atividades de plantio ou de colheita para a mão-de-obra operacional. 
 
Recursos materiais necessários 
 
A equipe formada torna-se necessário o levantamento das máquinas, implemen-
tos, equipamentos especiais e insumos necessários à execução das atividades de cultivo 
dos canaviais, a seguir discriminados. 
 
 
 65 
Implementos agrícolas 
Entre os implementos agrícolas que devem ser alocados pelo Departamento A-
grícola para a consecução geral dos tratos culturais subseqüentes às frentes de corte, 
tem-se a relação: 
Cultivador de discos – Cultivador de hastes subsoladoras – Grade destorroadora – 
Cultivador com enxadinhas fixas – Escarificador – Ancinho rotativo – Subsolador de 
arrasto – Adubador – Rotavator composto de enxadas rotativas – Rebaixador de soca. 
 
Recursos Materiais Necessários: Implementos agrícolas 
 
Tratores 
 
Atualmente, há em disponibilidade no mercado de máquinas agrícolas uma ga-
ma bastante variada de modelos de tratores. Embora seu pleno uso esteja seriamente 
vinculado à topografia, o trator é realmente a opção que oferece mais vantagens econô-
micas e técnicas para a execução das operações agrícolas. As principais operações de 
aquisição são as relatadas em seguida: 
• Tratores de rodas – Tratores de esteiras 
• Animais de tração 
Na prática dos tratos culturais à tração animal, os muares são predominantemen-
te utilizados nas tarefas que requerem menos esforço, tais como cultivadores, escarifi-
cadores e adubadores de pequeno porte. 
Enquanto as juntas de bois-de-serviço podem ser usadas para esforços maiores 
na tração de implementos mais pesados como a grade destorroadora. Há que se observar 
que a vantagem de uma preferência maior de bois-de-serviço que de muares, na Seção 
Agrícola, é justificada pela maior diversificação de utilização dos primeiros também nas 
tarefas de preparo do solo, sulcagem, plantio e colheita, além de haver um maior valor 
residual econômico na desmobilização, por tempo de serviço, de parte desse rebanho. 
 
Caminhões 
 
As necessidades de uso de caminhões no cultivo de cana-planta e socas se resu-
mem ao transporte de materiais, de insumos, água e vinhaça entre as bases de apoio e as 
diferentes frentes de trabalho no campo. 
 66 
Geralmente os caminhões pequenos de dois eixos, com potência média ao redor 
de 130 CV e de 10t de capacidade de carga, são mais comuns nessa lide rural. 
Conforme o modelo de carroceria selecionado pela equipe de trabalho, esse meio 
de transporte pode até mesmo servir para deslocar os cultivadores entre suas comunida-
des e as frentes de cultivo. 
 
Inibidores de florescimento 
 
O florescimento de determinadas variedades de cana-de-açúcar significa perda 
de sacarose e também de peso, consequentemente da sua isoporização. 
A característica de florescimento é trabalhada no melhoramento varietal, porém 
não é fator determinante de exclusão, desde que a variedade seja rica e produtiva, pois 
pode ser trabalhada com o uso de inibidores de florescimento. 
Em geral a indução floral ocorre no período compreendido entre o início de fe-
vereiro e meados de março, em função das variedades e condições climáticas (intensi-
dade de luz, temperatura e umidade). 
Os inibidores de florescimento são substâncias químicas que, quando aplicadas 
no período propício à indução floral, promovem sua inibição. 
 
Maturadores 
 
Os maturadores são substâncias químicas que interferem nos processos fisiológi-
cos e bioquímicos da planta, alterando seu ciclo normal e promovendo a maturação, 
quando aplicado na época correta para esta finalidade. 
A ação destas substâncias promove ganhos variáveis de acordo com as varieda-
des e época de aplicação, num período compreendido em média de 30 a 60 dias após a 
aplicação, dependendo também do produto utilizado. 
Os produtos mais comumente usados são o Ethrel (0,67 L/ha), Moddus (0,8 
L/ha) e Curavial (20 g/ha). 
A aplicação é aérea, utilizando-se de 30 a 40 L/ha obedecendo a critérios técni-
cos de uso, recomendados para cada produto, principalmente com relação ao pH da á-
gua. 
 
 67 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Métodos de determinação da maturação da cana-de-açúcar 
 
1. Empíricos: 
 
a) Aparência do canavial (estado, cor, folhas secas, etc) 
 
b) Idade do canavial (precocidade) 
 
2. Técnicos: 
 
 
 
QUADRO – Indicadores da qualidade da cana-de-açúcar e valores recomendados pela 
Fermentec. 
 
Indicador Valor recomendado 
POL > 14 
Pureza Pol/Brix) > 85% 
ART (sacarose, glicose, frutose) > 15% (maior possível) 
AR (glicose e frutose) < 0,85 
Fibra 11 a 13% 
Tempo de queima/corte <35 horas para cana com corte manual 
Terra na cana (minerais) < 5 kg/t cana 
Contaminação da cana < 5,0 x 105 bastonetes/mL no caldo 
Teor de álcool no caldo da cana <0,06% ou 0,4% Brix 
Acidez sulfúrica <0,80 
Dextrana <500 ppm / Brix 
Amido na cana <500 ppm / Brix 
Broca na cana <1,0% 
Índice de Honig-Bogstra >0,25 
Palhiço na cana <5,0% 
Ácido acomítico <1500 ppm / Brix 
 
 68 
a) Índice de Refratômetro – Levantamento preliminar em campo do Brix. 
 
b) Análises tecnológicas – Coleta e Análises laboratoriais: Amostragem e Análi-
se tecnológicas. 
 
Fases de preparação da colheita 
 
Cálculo das cotas de cana - Escolha dos talhões para corte - Amostragem para 
análise - Amostragem pelo refratômetro de campo e determinação do índice de matura-
ção (IM) – Determinação da maturação pela análise química da cana. 
 
Cálculo das cotas de cana 
 
Para se ter uma idéia da necessidade de máquinas, transporte e mão-de-obra para 
corte, enchimento e transporte da cana, o produtor deve estimar as quantidades médias 
de cana que irá fornecer por semana e por dia para a indústria. Essas quantidades são 
calculadas da seguinte forma: 
• a) Colheita semanal (t / semana) = tonelada de cana na safra / número de sema-
nas para colheita; 
• b) Colheita diária (t / dia) = tonelada de cana por semana / número de dias úteis 
na semana 
• Os valores obtidos também ajudam o produtor a estimar que quantidade de hec-
tares ele deverá preparar para a colheita em cada semana, principalmente se ele 
já tiver uma base da produtividade média de cana. 
 
Escolha dos talhões para corte 
 
Um mês antes de começar a colheita, o produtor de cana também deverá come-
çar a escolher quais são as canas maduras no início da moagem, portanto mais ricas em 
sacarose. Para isso, se faz necessário um acompanhamento mais completo de cada área 
plantada. Esse acompanhamento será bem mais fácil se na propriedade já houver uma 
divisão em talhões de toda a área cultivada. 
 69 
Sendo esses dados do conhecimento do produtor, a tarefa seguinte a ser feita é a 
de amostragem da cana nos talhões para se saber como está o amadurecimento. Para 
realizar esta atividade, duas são as opções a seguir: 
 
Amostragem para análise 
 
Em laboratório da indústria ou da associação dos plantadores de cana: o produtor 
deverá retirar
de cada talhão a ser analisado três amostras de 10 canas inteiras. A pessoa 
treinada para retirar as amostras deverá entrar cerca de 25m no talhão e cortar, em mé-
dia, 10 canas seguidas ao acaso no mesmo sulco, desprezando-se os pampos e perfilha-
ções presentes. As três amostras deverão ser despalhadas e enfeixadas separadamente e 
identificadas com etiqueta apropriada e encaminhadas no mesmo dia para o laboratório. 
O resultado de cada amostra deverá trazer, entre outros dados, o brix do caldo, a 
pol% de cana, o teor de fibra, a pureza, o teor de açucares redutores e o rendimento in-
dustrial provável. A média aritmética das três amostras do talhão dará, aproximadamen-
te, a pol% de cana corrigida (PCC) da área a ser colhida. 
É importante lembrar que a PCC válida para o pagamento da cana fornecida é 
aquela verificada na amostragem do caminhão carregado com cana. Assim sendo, quan-
to mais limpa estiver a cana cortada e logo transportada para usina ou destilaria mais 
próxima será a sua PCC daquela verificada na amostragem dos talhões. 
 
Amostragem pelo refratômetro de campo: 
 
O produtor poderá utilizar esta opção se houver maiores dificuldades de acesso aos la-
boratórios de análise de cana. Nesse sistema, a pessoa treinada para colher as 
amostras deve também entrar uma base de 25m no talhão e amostrar 15 canas 
seguidas ao acaso na linha do sulco, evitando-se os pampos ou perfilhações no-
vas. Para realização da amostragem será necessário o uso do material abaixo re-
lacionado: 
• perfurador de cana; 
• refratômetro de campo; 
• folhas de papel absorvente; 
• reservatório com água limpa ou destilada; 
• etiqueta de identificação para o talhão no modelo das etiquetas (frente e verso). 
 70 
 
O refratômetro de campo é o principal instrumento dessa operação, pois é atra-
vés dele que será possível determinar o BRIX das canas. Para amostragem de cada cana, 
perfura-se primeiramente o quarto entrenó ou internódio do pé da cana, contando de 
baixo para cima, até extrair uma pequena porção do caldo. Em seguida, derramam-se 
algumas gotas desse caldo sobre a placa do refratômetro e efetua-se a leitura. Na etique-
ta será anotada a leitura de brix verificada para o pé da primeira cana amostrada. 
Para amostrar a ponta dessa mesma cana, deve-se lavar e secar com papel absor-
vente o refratômetro e o perfurador. Assim perfura-se o primeiro entrenó da última folha 
facilmente destacável e leva-se parte do caldo extraído até o refratômetro para leitura do 
brix, anotando-se na etiqueta do talhão, a leitura verificada no refratômetro. Sempre 
com o perfurador e o refratômetro já lavados e secos, realiza-se da mesma forma a a-
mostragem das outras 14 canas do talhão. 
 
Determinação do índice de maturação (IM) 
 
A maturação da cana-de-açúcar para o corte será o valor mais importante a ser 
obtido com as leituras do brix do talhão. Ele é dado pela seguinte fórmula: 
 
 soma do brix da ponta das 15 canas perfuradas 
IM = ___________________________________________ 
 soma do brix do pé das 15 canas perfuradas 
 
É importante saber que o índice de maturação será sempre um valor menor que 
1, conseqüentemente, quanto mais próximo de 1 venha a ser o cálculo obtido para o 
talhão, mais a cana está madura e apropriada para a colheita. 
De modo prático, os graus de amadurecimento da cana, combinando alguns va-
lores do índice de maturação estão expostos a seguir. 
Graus de amadurecimento da cana segundo alguns valores do índice de matura-
ção. 
 
 
 
 71 
 
 
 
 
 
 
 
 
Análise química 
 
É o método mais preciso que os anteriores. 
Tomam-se 10 a 15 canas por hectare, retiradas ao acaso, faz-se a moagem e no caldo, 
determina-se o BRIX, Pol, Pureza, Açúcares Redutores e Sacarose. Os valores indicati-
vos para autorização do corte do canavial podem ser: 
• BRIX .............................................18% no mínimo 
• POLARIZAÇÃO..............................15,3% no mínimo 
• PUREZA.........................................85% no mínimo 
• ACÚCARES REDUTORES............1,0% no máximo 
 
• BRIX = % de sólidos solúveis no caldo 
• POL = % de sacarose aparente no caldo 
• PUREZA = % de sacarose aparente em sólidos solúveis 
• AÇÚCARES REDUTORES = % de glicose e levulose 
 
 
 
 
 
 
 
 
TIPOS DE COLHEITA 
Graus de amadurecimento da cana segundo alguns valores do índice de maturação. 
 
Valores ou índice 
de maturação 
Graus de amadurecimento 
da cana 
 0,85 Cana madura 
0,75 - 0,84 Cana próxima de Madura 
0,60 - 0,74 Cana verde 
< 0,60 Cana muito verde 
 
 
 
 72 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. MANUAL 
Queima da 
cana ou crua 
 
Corte da cana 
Carregamento da 
cana 
Transporte inter-
mediário e final 
 
2. MECÂNICA 
 
Colheita 
 
Transporte 
final 
 73 
COLHEITA MANUAL 
 
Na execução da colheita, o produtor passará a praticar durante toda a safra suas 
atividades programadas anteriormente. Assim sendo, deverá haver um calendário agrí-
cola definido para realização da amostragem dos talhões a cada 15 dias, assim como 
para execução semanal das queimas, dos cortes e transporte da cana para a indústria. 
O agricultor sempre deverá evitar que sua cana seja cortada verde ou transporta-
da do campo para a usina ou destilaria com mais de 24 horas após a queima. 
Na execução da colheita manual planejada há quatro fases distintas: queima, 
corte, carregamento e transporte. 
 
Queima da cana 
 
Após delimitada a área de corte, sempre que possível, a queima deve ser realiza-
da na madrugada anterior ao corte, devido às temperaturas mais baixas noturnas, evitan-
do um excesso de exudação ou rompimento da parede externa do colmo (casca), ocasio-
nado pelo fogo nas horas mais quentes do dia. As áreas a serem queimadas devem ter 
cana suficiente para ser cortada, transportada em 24 horas, no máximo, conforme a cota 
de cada fornecedor e sua disponibilidade de transporte, para evitar perdas de rendimento 
agrícola e industrial. 
O talhão de cana madura deverá ser devidamente aceirado antes da queima. A-
ceiros com 5m de largura dão uma boa segurança contra incêndios acidentais. 
Para que o fogo termine sempre na parte central do talhão, deve-se iniciar a 
queima do lado contrário ao vento. Após iniciado nesse lado, deverá ser ateado fogo nos 
outros lados restantes do talhão a fim de se obter uma queima mais uniforme das canas. 
À formação de uma equipe de foguistas com pessoas treinadas poderá melhorar 
a eficiência da queima, diminuindo os riscos com acidentes ou a queima errada de ta-
lhões não liberados pelas análises do laboratório ou do refratômetro de campo. 
 
Corte manual 
 
É realizado por cortadores munidos de facões ou podões de corte, de diferentes 
tipos, formatos e tamanhos. De acordo com a região canavieira, o corte de 4 ou 5 parale-
las de cana, queimada ou crua, é denominado “eito de corte”. 
 74 
 
O corte manual processa-se primeiramente na base dos colmos e posteriormente 
o desponte superior para eliminar os ponteiros. Poder-se-á, para garantir um aproveita-
mento maior do corte basal, cortar um só movimento, dois ou três colmos de uma vez. 
As canas cortadas dentro das 4 ou 5 linhas são dispostas soltas no solo, transversalmente 
ao sentido dos sulcos. 
O uso do facão facilita o corte mais rente ao solo, evitando que sejam deixados 
os tocos altos, às vezes de até 10cm de altura, responsáveis por perdas médias de 3t de 
cana por hectare. O desponte excessivo da parte superior da cana deve também ser evi-
tado para não
ocasionar perdas no campo. 
 
Existem vários processos de corte manual da cana: 
a) Corte com cana esteirada – solta; 
 b) Corte com cana amontoada – solta: (“em bandeira”); 
c) Corte com cana enfeixada – amarrada: (cana crua). 
 
Outros sistemas de corte utilizados no Brasil para diferentes tipos de carregamento (ma-
nual e mecânico) são adotados nas áreas declivosas da Região Norte e Nordeste, tais 
como: 
 
• 1. Corte para carregamento por cangalha (palha – ponto). 
• 2. Corte para carregamento por zorra (palha – ponto). 
• 3. Corte para carregamento por cabos (palha – ponto). 
• 4. Corte para carregamento por catracas (palha – ponto). 
• 5. Corte para carregamento por carretas – pêndulo. 
• 6. Corte para carregamento por carregadora de centro de gravidade variável por 
movimento pontográfico do chassis. 
• 7. Corte para carregamento por sistema de molhões (morro abaixo). 
Portanto, durante o corte, a cana pode ser depositada no solo na forma esteirada 
ou em montes distanciados de 2 metros um do outro, com ou sem desponte, de modo 
que se obtenham rendimento de carregamento e melhor eliminação da terra. 
 
 
 
 75 
Carregamento da cana 
A etapa seguinte ao corte, o carregamento,tem que ser realizado com precisão 
para minimizar a contaminação mineral, vegetal e perdas durante a operação e o trans-
porte até a indústria. 
• a) carregamento manual - atualmente é uma prática bastante limitada no Brasil 
e ocorre em regiões de relevo acentuado na Mata Sul de Pernambuco, Norte de 
alagoas e Zona da Mata de Minas gerais. 
• b) carregamento mecânico - é realizado com carregadoras mecânicas conven-
cionais montadas em tratores, para terrenos com declives de até 12%, também 
denominadas guinchos e autopropelidas, utilizadas em terrenos com declividade 
superior a 12%, comumente usadas em Pernambuco e Alagoas. 
 
As carregadoras mecânicas são acopladas a tratores e consistem em um rastelo 
para amontoar, um garfo que apanha a cana, e braços articulados que movimentam o 
garfo no sentido do meio de transporte. 
O rendimento médio de uma carregadora gira em torno de 30 a 40 t/h. 
 
Transporte 
 
Apesar de ser a última operação técnica da colheita, o transporte final ou in-
termediário representa o ponto decisivo do sucesso da colheita. 
O transporte de cana-de-açúcar do campo para a usina depende da topografia, 
que é o maior entrave para sua realização. Por isso existem transportes “palha-ponto”, 
“palha-usina” e “ponto-usina”. 
O transporte, aqui considerado a partir do término do corte até a cana chegar à 
esteira, passa por várias fases intermediárias. Primeiramente o transporte intermediário 
ou palha-ponto, em seguida o carregamento e o transporte final até a esteira da usina. 
No Brasil há diferentes tipos de transporte da cana-de-açúcar do corte à recep-
ção. Variam desde cangalha, utilizando-se muares até o uso de caminhões semi-reboque 
(containers) de 30-40t, tais como: 
 
• a) Transporte intermediário 
• b) Transporte final 
 
 76 
Transporte intermediário 
 
Animal 
 
É usado em regiões em que a topografia é extremamente acidentada, em locais 
tradicionalmente com farta população animal ou em canaviais de pequena área. O trans-
porte deste tipo é chamado “palha-ponto”. 
O transporte intermediário palha-ponto é aquele efetuado entre o local do corte 
até o ponto onde a cana é depositada até ser transferida para caminhões, carretas com 
tratores ou trem que vão à usina. 
Pode ser executado por cangalha (cambito), zorras (arrasto e rodas) tracionadas 
por bois ou por burros com cambitos ou simplesmente zorras e cambito, carroças ou 
carroção e guincho de tração animal. 
A cangalha é o equipamento para transporte de carga no dorso dos burros (mua-
res), constituídos por quatro forquilhas de madeira em forma de “V”, acoplados em ar-
reio, dois de cada lado do animal, com capacidade de aproximadamente 300 kg. 
O burro é o principal meio de transporte palha-ponto (dentro do lote ou talhão) e 
é o único, no momento, usado nas áreas muito inclinadas. Cada homem trabalha com 
um burro colocando os feixes nos cambitos, transportando-os para as margens da estra-
da (ponto). O transbordo para os caminhões, carretas ou vagões de estrada de ferro é 
feito manualmente ou com carregadoras mecânicas. 
O burro com carga em torno de 35 feixes, transporta de 3 a 6 toneladas diaria-
mente dependendo da distância entre o local do corte (palha) e o ponto de enchimento 
dos veículos que vão à usina. Raramente os feixes são transferidos diretamente para o 
veículo que faz o transporte final. 
 
Zorra de rodas é o veículo de transporte geralmente tracionado por duas juntas de 
bois, constituído por um chassis de ferro, basculante na parte posterior, montado sobre 
um par de rodas acopladas rigidamente em cada extremidade de um eixo inteiriço com 
capacidade de carga média de 900-1000 kg. 
 
Zorra de arrasto a diferença para zorra de rodas, é que a de arrasto é montada sobre 
patins deslizantes, constituídos de duas lâminas de ferro horizontais com as extremida-
 77 
des recurvadas. O descarregamento é feito manualmente. A capacidade é de cerca de 
700-800 kg. 
 
As zorras com ou sem rodas, denominadas “Zorras de rodas” e “Zorras de arrasto”, 
realizam o transporte palha-ponto em encostas menos inclinadas que o cambito. Um 
homem trabalha com uma ou duas juntas, isto é, com 2 ou 4 bois puxando uma zorra 
com capacidade de 1 a 1,5 tonelada de cada vez. A cana é descarregada às margens das 
estradas por basculamento da zorra ou manualmente para posterior transbordo para os 
veículos de transporte final. 
 
A zorras e o cambito podem ser usados em áreas planas quando esta área não permite 
tráfego de caminhão ou tratores convencionais, porém seus usos são mais comuns nas 
áreas declivosas. 
• Carroças ou carroção utilizados em pequenos engenhos de aguardente, em cana-
viais de pequena área. É uma plataforma sustentada por duas rodas acopladas ri-
gidamente em cada extremidade de um eixo e tracionadas por um ou mais ani-
mais, através de dois varais paralelos. A capacidade de carga varia de 700 a 
2.000 kg. 
 
• Guincho de tração animal (catraca) - o sistema consiste de um chassis de ferro, 
tendo na parte inferior um patim deslizante, constituído de uma chapa recurvada 
e uma catraca que aciona um cabo de aço que prende os molhões, em uma arma-
ção em formato de “V”. 
• O transporte intermediário palha-ponto ocorre onde à topografia é declivosa, 
impedindo que os veículos que fazem o transporte direto entrem no talhão. O 
uso de animais no transporte intermediário de cana-de-açúcar é bastante freqüen-
te nas regiões de Pernambuco, norte de Alagoas e zona da Mata de Minas Ge-
rais, devido o cultivo em áreas de relevo acidentado. 
 
 
 
 
 
 
 78 
Transporte intermediário 
 
Máquina 
 
É feito através do trator, arrastando os molhões com um rendimento muito mais 
elevado (em torno de 45t/dia), mas a um custo também maior e com redução de tempo e 
mão-de-obra. Essa opção também pode ser usada em casos de emergência, quando ocor-
re um atraso no fluxo de entrega da cana para manter o mesmo contingente de cana na 
usina. 
As carregadeiras convencionais também podem eventualmente ser utilizadas no 
transporte intermediário, quando estiverem ociosas no carregamento dos caminhões. 
Desta maneira, podem transportar também, os molhões de cana com produção média de 
55t/dia. Essas carregadeiras podem ainda, como outra opção, empurrar os molhões de 
cana até um ponto de acesso para o caminhão ou trator. Nessa operação haverá ganho de 
produtividade na utilização dessas máquinas, chegando
a 80 t/dia. 
 
• O trator de pneus 4 x 4 com ancinho, também pode ser utilizado como opção no 
tombo da cana, especialmente em casos de emergência como incêndio etc. 
 
Transporte final 
• O transporte final é formado pela frota de carreta simples, caminhões peque-
nos de dois eixos “tocos”, caminhão médio de 3 eixos trucado ou tração com 
dois diferenciais, caminhão reboque, caminhão semi-reboque e veículo 
transbordador. 
 
• Carreta (simples de 2 rodas e múltipla de 2 rodas) – É tracionada por trator de 
baixa potência. Nas topografias favoráveis, pode-se optar por um comboio de 3-
4 carretas conjugadas (corretas com 4 rodas), possuindo ou não um cabeçalho 
direcionando as rodas dianteiras. Este sistema apresenta vantagens de utilização 
do trator em operação na entressafra, pequeno valor de investimento, baixa pres-
são do solo. é indicado para distâncias pequenas, possuindo cada carreta capaci-
dade variável de 2 a 8t. 
 
 79 
• Caminhão pequeno (2 eixos) “tocos” – São caminhões com potência de 130 
CV, possuindo carroceria especial ou fueiros de ferro ou de madeira, com capa-
cidade média de 10t. as marcas e modelos mais convencionais no transporte da 
cana-de-açúcar são: Chevroler, Ford F-750, Dodge 950, etc. as carrocerias deve-
rão obedecer a uma legislação de transporte da cana no Brasil. 
 
• Caminhão semi-reboque – É recomendado para grandes distâncias de transpor-
te, apresentando um alto custo inicial, mas baixo custo t/km. Seria recomendado 
para deslocamento somente fora de molhões, ou de estações de transbordo para 
o centro de processamento. O conjunto poderá ser usado nas entressafras para 
transporte. Há usinas na região Centro-Sul, que utilizam um cavalo com duas 
carretas, sendo as mesmas tracionadas com trator 4x4, e fica a espera do cavalo 
para aumentar a eficiência do transporte, diminuindo tempo do ciclo. A veloci-
dade varia de 30 a 40t. 
 
• Veículo transbordador – É um veículo para transporte do talhão (principal-
mente em sistema mecanizado de colheita tipo cana picada) e, transpondo para 
outro veículo de maior capacidade de carga, depositando o produto através de 
um sistema de basculante próprio. Possui a capacidade de 5 a 8t, são denomina-
das “VT” – Veículo Transbordador, fabricado pela Santal Equipamentos S/A. 
 
COLHEITA MECÂNICA 
 
A colheita mecânica pode ser realizada com cana crua ou queimada, utilizando-
se transbordos ou diretamente nos caminhões. 
No mercado canavieiro brasileiro atual, existem dois tipos de colhedoras meca-
nizadas de cana-de-açúcar, as colhedoras-amontoadoras de colmos inteiros e as colhe-
doras-combinadas de colmos picados. 
 
• As colhedoras-amontoadoras de colmos inteiros - são máquinas que podem ser 
automotrizes ou tracionadas por tratores de, aproximadamente, 100CV. Elas 
despontam, cortam a base, armazenam em depósito próprio e deixam os colmos 
sobre o terreno, em montes que variam de 400 a 1000 kg, dependendo da marca 
e modelo. 
 80 
 
• As colhedoras-combinadas de colmos picados - são máquinas que promovem a 
colheita dos colmos e descarregam sobre um caminhão fechado e telado que se 
desloca paralelamente à colhedora. 
 
BIBLIOGRAFIA 
Básica: 
CASAGRANDE, A.A. Tópicos de morfologia e fisiologia da cana-de-açúcar. 
Jaboticabal: FUNEP, 1991. 157 p. 
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PARANHOS, S. B. Cana-de-açúcar cultivo e utilização. Campinas: Fundação 
Cargill, 1987. 856p. (volume I e II). 
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p. v. 1. 
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RIPOLI, T.C.C.R.; RIPOLI, M.L.C. Biomassa de cana-de-açúcar. Piracicaba: 
ESALQ, 2004. 302p. 
 
 81 
Complementar: 
Periódicos Nacionais: 
 Pesquisa Agropecuária Brasileira 
Bragantia 
Informe Agropecuário - EPAMIG 
Periódicos Internacionais: 
Crop Science 
 Agronomy Journal 
 Journal of the Science of Food and Agriculture 
 Journal Experimental Botany

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