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30/07/12 Marcelo Camara
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Fundamentos de Direito Empresarial - Unidade 3 – Estabelecimento Empresarial, Nome
Empresarial e Direito Societário:
 
Unidade 3 – Estabelecimento Empresarial, Nome Empresarial e Direito Societário:
 
Ao final desta aula, você será capaz de:
conceituar o instituto do Estabelecimento Empresarial;
identificar os elementos formadores do Estabelecimento Empresarial;
definir a estrutura do Direito Societário no Sistema Jurídico Brasileiro.
 
1- INTRODUÇÃO
 
Nesta aula, você conhecerá o exame do estabelecimento empresarial constituído pelo
empresário ou pela sociedade empresária. Trata-se de um conjunto de elementos
corpóreos ou incorpóreos que atuam alinhados para o exercício da atividade empresarial,
como: o nome do empresário, a escolha do ponto, da mercadoria, dentre outros fatores.
Atua diretamente na forma da clientela do empresário e, por consequência, na sua
lucratividade. 
 
Além disso, você verá o estudo da estrutura societária e seus desdobramentos jurídicos.
Considerando que a personificação da sociedade é uma construção abstrata do direito,
torna-se necessário o estudo do momento da aquisição da personalidade jurídica, uma vez
que, a partir desse instante, ela poderá realizar atos de negociação com terceiros
interessados. 
 
Para isso, há necessidade do registro como elemento que confere a personificação da
sociedade, e também os elementos de validade do contrato que a constitui como entidade
regular no mundo empresarial. 
 
O estudo da teoria da desconsideração da personalidade jurídica excepciona a regra da
personificação. Por isso, você também verá nesta aula a sua aplicação no sistema jurídico
brasileiro. 
 
A proposta desta aula é explicar o momento da aquisição da personalidade jurídica da
sociedade como uma construção
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sociedade como uma construção
 
 
2- DESENVOLVIMENTO:
 
Você sabe o que é um Estabelecimento Empresarial?
 
Estabelecimento Empresarial é a reunião organizada dos bens corpóreos e incorpóreos
para o exercício da empresa, por empresário ou por sociedade empresária.
 
Antes da Teoria da Empresa, este instituto era conhecido como Fundo de Comércio. Após
o Código Civil, com a previsão no seu artigo 1.142CC, passou a ser classificado como
Estabelecimento Empresarial ou Fundo de Empresa.
 
Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para
exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
 
 O dia-a-dia do empresário e da sociedade empresária está direcionado a angariar – dentro das práticas mercadológicas – o maior
número possível de clientes.
 
Na realidade a cliente se diferencia da freguesia, aquela consiste na f idelização ao produto ou ao titular que apresenta o produto
ou, aos dois. Dessa forma a atividade principal do empresário deve estar agregada aos elementos aliados ao negócio pelo
empresário com a f inalidade do melhor exercício possível da sua atividade empresarial.
 
Com isso, não basta - diante da concorrência do mercado - que o empresário venda, por exemplo, sapatos sem se preocupar com
elementos que venham a facilitar a formação da sua carteira de clientes e - consequentemente - a sua lucratividade. No nosso
exemplo, o empresário da atividade da sapataria deve se preocupar em exercê-la num ponto empresarial de fácil acesso ao
consumidor, o ambiente deve oferecer conforto como refrigeração, sofás, oferecer acesso na linha de crédito como cartões e
cheques, trabalhar uma marca respeitada no mercado, revender um produto com selo de procedência, dentre outros elementos.
 
Percebe-se que a composição de todos esses elementos faz com que o empresário se
diferencie do seu concorrente. No entanto, requer a injeção de capital por parte do
empresário, o que comporta num sobre valor ao empreendimento.
 
Agora que você já sabe o que é um Estabelecimento Empresarial, veja no que consiste o
seu trespasse.
 
O trespasse consiste na venda do estabelecimento empresarial. Não podemos confundi-lo
com a venda do ponto empresarial.
 
Veja o motivo, observando a diferença entre trespasse e venda.
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Veja o motivo, observando a diferença entre trespasse e venda.
 
No trespasse há alienação de todo o complexo de bens.
 
Na venda do ponto, subentende-se que a empresa somente mudará o local de exercício da
sua atividade empresarial.
 
No discurso popular usa-se aleatoriamente a expressão “passo o ponto” que, por vezes, resume-se tão somente repasse do ponto
empresarial e, em outras vezes, na venda do próprio estabelecimento empresarial.
 
 
3- AUTORIZAÇÃO DOS CREDORES DO EMPRESÁRIO PARA A REALIZAÇÃO DO TRESPASSE:
 
Uma questão importante quanto ao trespasse f ica por conta da necessidade da anuência ou não dos credores do empresário para
a alienação do estabelecimento. Dispõe a lei que a concordância dos credores do empresário só se faz necessária quando na
venda o empresário não tiver saldo suficiente para honrar as obrigações com seus credores.
 
Desta forma, se a empresa saudável for negociada com terceiros, o empresário-vendedor não precisará da concordância de seus
credores, pois os mesmos não serão prejudicados com a alienação. Ao contrário, se o empresário-alienante do empreendimento –
não tiver saldo para honrar as dívidas contraídas, caberá - antes de efetivar a transação de venda – a notif icação de seus
credores para que os mesmos possam se manifestar nesse sentido.
 
O silêncio em relação à notif icação de venda signif ica aprovação dos credores no trespasse do estabelecimento empresarial. Isso
signif ica que a manifestação de reprovação por eles deve ser de forma expressa (escrita). No entanto, nada impede que o
empresário continue o processo venda, desde que - por meio de pagamento ou depósito em juízo - desconstitua a relação da dívida,
cujo titular se mostrou contrário à venda.
A violação desta notif icação fará com que os credores - diante da ausência de saldo para a satisfação da dívida - possam
ingressar com o pedido de falência do empresário (art. 94, III “C” da Lei 11.101/2005).
 
 
4- TRESPASSE E A RESPONSABILDADE DOS DÉBITOS ANTERIORES: ALIENANTE X ADQUIRENTE:
 
Havia um dito popular de que as dívidas do estabelecimento eram assumidas pelo novo dono. Na realidade, a lei civil f irmava que os
débitos não eram bens e, sim gravames sobre os bens, portanto, não ingressavam no conjunto de bens do estabelecimento
empresarial.
 
Com isso, os débitos anteriores à venda f icavam sob a titularidade do antigo dono, salvo se houvesse um acordo entre as partes
por meio de previsão contratual.
 
Como a prática do acordo entre as partes era muito utilizada, era comum se afirmar que a dívida era de quem comprava o
empreendimento. Algumas leis especiais como as trabalhistas e as tributárias apresentavam disposições próprias no sentido do
trabalhador e o f isco poderem acionar os dois: tanto o alienante como aquele que adquiria o estabelecimento empresarial.
 
Hoje a questão encontra-se disposta no artigo 1.146 do Código Civil, que estabelece a responsabilidade solidária (dos dois:
alienante e adquirente) dos débitos anteriores na ocasião do trespasse por um ano a contar da publicação do negócio ratif icado na
Junta Comercial para as dívidas que foram contraídas antes da venda e que já estejam vencidas, ou a contar da data do seu
vencimento se a dívida foi assumida antes da venda, porém com a data de vencimento posterior à da venda.
 
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Lei n° 10.406,
de 10 de janeiro de 2002
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos
anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o
devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto
aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
 
As leis trabalhistas e tributárias apresentam, como já mencionado, tratamento especial e,
portanto o prazo para que o empregado acione solidariamente as partes envolvidas na
venda é de dois anos ao passo que para o fisco de cincos anos.
 
Conheça agora os elementos do estabelecimento empresarial.
 
Veja as informações detalhadas sobre os elementos: Ponto e Locação Empresarial, Nome Empresarial e Marcas dos Produtos.
 
5- PONTO E LOCAÇÃO EMPRESARIAL:
 
O contrato de aluguel para o exercício da atividade empresarial é assim considerado pela lei se cumulativamente apresentar:
 
O empresário como parte contratante no contrato de aluguel,
 
O prazo mínimo 5 anos do contrato de aluguel e
 
O empresário permanecer na mesma atividade empresarial por três anos consecutivos.
A lei de locações denomina este contrato de contrato de locação não residencial e o diferencia da locação residencial pelo fato
daquele apresentar a possibilidade da renovação compulsória.
 
A renovação compulsória garante ao empresário - que aplicou seu capital na organização da empresa – a continuidade do contrato
de aluguel por mais cinco anos. A lei de locação, no entanto, estabelece condições para que tal direito seja assegurado, além de
sempre preservar o direito de propriedade do dono do imóvel – previsto na Constituição Federal.
 
 
6- NOME EMPRESARIAL – art. 1.155 do CC:
 
Veja um exemplo para que você entenda melhor este elemento:
 
“Santos, Lima & Pereira Ltda ” identif ica o nome da sociedade , que revende o produto de parafusos da marca “ Ferro Bom” na “
Casa de Parafusos do Vovô”, local de realização da empresa.
 
O nome empresarial ao identif ica o empresário ou a sociedade empresária concreta neles todos os direitos e obrigações
decorrentes da atividade empresarial.
 
O empresário individual atua sob o nome de f irma individual enquanto que a sociedade sob f irma social ou denominação.
 
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7- ESPÉCIES DE NOME:
 
Firma individual – É a própria assinatura do empresário individual, tendo por base o nome civil (ex.: João Silva Comércio de
Doces).
 
Firma coletiva ou razão social – Firma-se pelo nome dos sócios da sociedade (ex.: Silva, Peixoto & Cia. Comércio de Doces).
 
Denominação – Identif ica as sociedades por quotas de responsabilidade limitada e as sociedades por ações. É constituída por
nome fantasia, devendo designar o objeto da sociedade.
 
 
8- MARCAS DOS PRODUTOS - PROPRIEDADE INDUSTRIAL:
 
O direito industrial, regulado pela Lei 9.279/96, assegura aos empresários os direitos e obrigações relativos à propriedade industrial,
em conformidade com a Constituição Federal (art. 5, XXIX).
O órgão encarregado de proteger os direitos do empresário é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) – autarquia federal,
sediada no Estado do Rio.
 
Bens da propriedade industrial
Compreende a invenção, o modelo de utilidade, o desenho industrial e marca.
 
Patente
É o documento que assegura ao autor o direito de propriedade industrial sobre uma invenção ou um modelo de utilidade.
 
Invenção e modelo de utilidade – A invenção é a criação de coisa nova, não compreendida no “estado da técnica” suscetível
de aplicação industrial. Já o modelo de utilidade consiste em qualquer modif icação de forma ou disposição de objeto de uso
prático já existente, ou parte deste, de que resulte uma melhoria funcional em seu uso ou em sua fabricação.
 
Requisitos para concessão:
novidade: a invenção considerada nova quando for desconhecida por todos, no Brasil ou no mundo;
 
atividade inventiva: a invenção será dotada de atividade inventiva sempre que, para um especialista no assunto, não decorra de
maneira evidente ou óbvia do estado da técnica (art. 13, LPI);
 
industriabilidade: de nada adiantaria a patente de uma invenção que não possa ser fabricada ou produzida (art. 15, LPI). A
invenção não poderá ser objeto de patente quando decorrer contra a moral, os bons costumes, a segurança, etc.
 
Vigência – A patente de invenção terá validade de 20 anos, e a de modelo de utilidade, de 15 anos, contados da data do depósito
(art. 40, LPI). O prazo de vigência da invenção não poderá ser inferior a 10 anos, e o do modelo de utilidade, a 7 anos, contados da
concessão. Decorrido o prazo de validade, o objeto cairá em domínio público, podendo qualquer um dele se utilizar.
 
Registro
É o documento que assegura ao autor o direito de propriedade industrial sobre um desenho industrial ou marca.
 
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Desenho industrial – É a forma plástica ornamental de um objeto, ou o conjunto de linhas e cores que possa ser aplicado a um
produto, proporcionando resultado visual novo e original a sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação
industrial (art. 95, LPI).
 
Requisitos para registro:
novidade: o desenho industrial será considerado novo quando não compreendido no “estado da técnica” (art. 96, LPI);
 
originalidade: será considerado original o desenho industrial quando dele resultar uma configuração visual distintiva em relação a
outros objetos. O desenho industrial não poderá ferir a moral, os bons costumes, a honra, a imagem, etc.
 
Marca – É considerada um sinal distintivo, visualmente perceptível, de um produto ou serviço (art. 122, LPI). Sua função consiste
em distinguir e identif icar um produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim. Apresenta uma proteção em lei especial
conhecida como Lei de Propriedade Industrial, que disciplina a invenção, o modelo de utilidade, o desenho industrial e a marca.
 
Marca de certificação – É utilizada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou
especif icações técnicas (ex.: certif icação ISSO 9002).
 
Marca coletiva – É usada para identif icar produtos os serviços advindos de membros de determinada entidade (ex.: “empresa
amiga da criança”).
 
Requisitos para registro:
 
novidade relativa: a lei não exige novidade absoluta, desde que a marca se apresente nova dentro da classe em que o
requerente quer registrá-la;
 
não-colidência com marca notória: marcas conhecidas em seu ramo de atividade gozam de proteção, mesmo se não forem
registradas no Brasil, em virtude da Convenção da União de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial. Em conformidade com
os demais bens da propriedade industrial, a marca não poderá ser registrada quando decorrente de letra, algarismo e data de forma
isolada, indicação geográfica, etc.
 
Vigência – O registro da marca tem prazo de vigência de 10 anos, contados da data da concessão do registro, prorrogáveis por
períodos iguais e sucessivos; é a única modalidade de direito industrial prorrogável por prazo indeterminado
Vamos entender a atividade empresarial no Direito Societário (A grande relevância no
estudo do Direito Societário é a personificação da sociedade que, ao invés dos sócios,
atua nas relações jurídicas negociais. Isso faz com que a própria sociedade assuma e
honre com as obrigações decorrentes da atividade empresarial.)?
 
Veja que a atividade empresarial poderá ser exercida de duas formas:
 
Pelo empresário, individualmente - Apresenta a tranquilidade na
lucratividade individual,
porém, tem-se o fantasma da responsabilidade ilimitada do empresário, que exerce sua
atividade em nome próprio, respondendo com todo o seu patrimônio pelas dívidas
contraídas.
 
Pela constituição de uma sociedade - Pela constituição de uma sociedade.
 
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O conceito de sociedade trata de um perfil doutrinário para designar as sociedades empresárias, haja vista outras pessoas
jurídicas atuarem no contexto jurídico.
O momento da personif icação da sociedade se dá com o registro bem como estabelece o artigo 985 CC
 
Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus
atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).
 
Num cenário de incerteza do mercado optar em constituir uma sociedade representa – dentro das práticas legais – uma proteção ao
patrimônio pessoal dos sócios, que responderam sim, mas de forma subsidiária.
 
Entenda-se como responsabilidade subsidiária aquela que é atingida após o esgotamento dos bens da sociedade. Concluindo-se
que sendo a sociedade saudável f inanceiramente, honrando com os pactos assumidos na atividade empresarial, os sócios terão
seus respectivos patrimônios resguardados.
 
Tratando-se – dessa forma – de outra pessoa diferente da pessoa dos sócios, a sociedade produz alguns efeitos decorrentes
desta personif icação, tais como: legitimidade processual, titularidade negocial, autonomia patrimonial bem como, domicílio e
nacionalidade próprios.
 
 
9- DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:
 
A teoria da desconsideração da personalidade jurídica é aplicada todas as vezes em que os sócios atuarem de forma fraudulenta
em detrimento dos credores.
 
A prática de alguns sócios maquiarem suas condutas ilícitas utilizando-se da pessoa jurídica é possível, uma vez que a sociedade
ao ser enquadrada como uma pessoa, não possui cérebro e nem comando dos seus atos. A sua personif icação consiste numa
abstração do direito; daí a facilidade do manuseio pelos sócios.
 
Uma vez detectado a fraude aos credores, com provas que instruam essa prática, a teoria aplicada consiste em desconsiderar a
pessoa jurídica para atingir o patrimônio dos sócios envolvidos na
fraude, preservando o principio maior na relação jurídica que é o da boa-fé garantindo dos
direitos dos credores.

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