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 Roteiro 1: 
 
Introdução ao Direito Penal 
 
 
1. O conceito de Direito Penal 
2. Características gerais 
3. Finalidade 
4. Legitimidade 
5. Tendências contemporâneas 
6. Direito Penal 
e outros ramos do Direito 
 
 
 
 
Introdução ao Direito Penal 
1. O Conceito de Direito Penal 
 
 
1.1. Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas com base nas quais o 
Estado proíbe determinadas ações ou omissões, sob a ameaça da pena. 
 
 
1.2. Contribuiu para a prevalência da expressão “Direito Penal” – em 
substituição a “Direito Criminal” – o fato de representar, de forma imediata, a 
característica principal desse ramo do Direito: a pena. 
 
 
 
 
 
Introdução ao Direito Penal 
2. O Conceito de Direito Penal 
 
 
2.1. Embora em todos os ramos do Direito a proibição de condutas ocorra por 
meio da ameaça de uma sanção, o Direito Penal distingue-se em razão do meio de 
coação e tutela com o qual atua, que é a pena. 
 
 
2.2. A pena é a perda de um direito imposta pelo Estado como consequência 
do cometimento de uma infração penal. Enquanto a sanção civil (penalidade) tem 
caráter de reparação, a sanção penal caracteriza-se pela retribuição. 
 
 
 
 
Introdução ao Direito Penal 
3. Finalidade 
 
 
3.1. Afirma-se que a missão do Direito Penal é a proteção da convivência 
humana em sociedade. 
 
 
3.2. O Direito Penal é compreendido como um dos instrumentos de 
convivência e controle social, sendo um conjunto de normas jurídicas, as quais 
podem ser divididas em incriminadoras e não incriminadoras, editadas pelo 
Estado. 
 
 
 
 
Introdução ao Direito Penal 
4. Legitimidade 
 
 
4.1. De maneira geral, a justificação do Direito Penal tem sido feita a partir da 
justificação da pena. 
 
 
4.2. Existem, fundamentalmente, três orientações quanto à legitimidade da 
pena, as quais se expressam por meio das chamadas teorias da pena: 
 
 4.2.1. A pena é um mal que se converte em um bem, por negar o mal 
 (delito) e restaurar o direito e a justiça; 
 
 4.2.2. A pena é um mal menor ou socialmente útil; 
 
 4.2.3. A pena e o Direito Penal são ilegítimos, devendo haver a abolição 
 de ambos. 
 
 
 
 
Introdução ao Direito Penal 
4. Legitimidade 
 
 
4.3. Em síntese, as teorias da pena gravitam em torno de duas premissas 
fundamentais: a retribuição e a prevenção. 
 
 
4.4. Teorias absolutas: a pena se funda na justa retribuição. É um fim em si 
mesma e não serve a qualquer outro propósito que não seja o de recompensar o 
mal com o mal. 
 
 
 
 
 
 
Introdução ao Direito Penal 
4. Legitimidade 
 
 
4.5. Teorias relativas: a finalidade da pena não seria a punição de todos os 
crimes, mas sim a sua prevenção. Distingue-se aqui a prevenção geral e a 
prevenção especial. 
 
 4.5.1. Prevenção geral é a intimidação que se supõe alcançar por 
 meio da ameaça da pena e de sua efetiva imposição, atemorizando os 
 possíveis infratores. 
 
 4.5.2. A prevenção especial atua sobre o autor do crime, para que 
 não volte a delinquir. 
 
 
4.6. Teorias mistas ou unitárias: combinam as teorias absolutas e as 
relativas, que não seriam excludentes entre si. A pena é retribuição, mas deve, 
por igual, perseguir os fins de prevenção geral e especial. 
 
 
 
 
Introdução ao Direito Penal 
5. Tendências Contemporâneas 
 
 
5.1. Existem três posturas político-criminais básicas que procuram 
compreender e dirigir as funções, os limites e os fins do Direito Penal 
contemporâneo: a) abolicionista; b) ressocializadora; e c) garantista. 
 
 5.1.1. Abolicionismo: postula a eliminação do Direito Penal, por ser 
 sistema gerador da criminalidade. 
 
 5.1.2. Ressocialização: centra-se na obtenção de uma autêntica 
 reinserção dos apenados, a partir de mecanismos que eliminem, ou ao 
 menos reduzam, taxas de reincidência. 
 
 5.1.3. Garantismo: propugna fundamentalmente as garantias formais, 
 buscando conciliar a prevenção geral dos delitos com exigências formais 
 dos princípios de proporcionalidade e humanidade, limitando a 
 intervenção penal ao estritamente necessário e não violando valores 
 fundamentais consagrados em quase todas as sociedades modernas. 
 
 
 
 
Introdução ao Direito Penal 
6. Direito Penal e outros ramos do Direito 
 
 
6.1. Direito Constitucional: todo o ordenamento infraconstitucional, 
inclusive as normas de Direito Penal, deve ser interpretado a partir da Constituição 
Federal. Mais do que isso: os próprios bens jurídicos penalmente tutelados estão 
nela consagrados. 
 
 
6.2. Direito Administrativo: uma vez que a imposição de pena criminal é 
um monopólio estatal, há íntima relação entre Direito Penal e Direito 
Administrativo. Por outra vertente, as normas jurídicas relativas à administração 
pública influenciam a aplicação das normas penais, tanto na prevenção como na 
repressão do delito. 
 
 
 
 
Introdução ao Direito Penal 
6. Direito Penal e outros ramos do Direito 
 
 
6.3. Direito Processual Penal: é por meio do processo que o Estado exerce 
o jus puniendi. O Direito Processual Penal pode ser definido como o complexo de 
normas destinadas a regular a atuação da jurisdição penal, na constatação da 
existência de um fato punível e na aplicação das penas e medidas de segurança 
previstas na lei penal. 
 
 
6.4. Direito Civil: há, de certa forma, uma complementaridade das normas 
penais às normas de Direito Privado (Civil e Empresarial). Isto porque algumas 
normas penais incriminadoras dependem, para sua compreensão, de definições 
que emanam desses ramos jurídicos. 
 Roteiro 2: 
 
A Ciência Conjunta do 
Direito Penal 
 
1. Ciência do Direito Penal 
2. Método de estudo 
3. Política Criminal 
4. Criminologia 
5. A necessária integração entre 
Criminologia e o Direito Penal 
6. Direito de Execução Penal 
7. Ciências Auxiliares 
 
 
 
 
A Ciência Conjunta do Direito Penal 
1. Ciência do Direito Penal 
 
 
1.1. A Ciência do Direito Penal é chamada também de Dogmática do Direito 
Penal. 
 
 
1.2. Trata da interpretação, sistematização e desenvolvimento das normas 
contidas na lei, bem como das opiniões doutrinárias no âmbito do Direito Penal. 
 
 
1.3. Estuda o crime como fato jurídico, para determinar as características do 
fato punível e suas formas especiais de aparecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
A Ciência Conjunta do Direito Penal 
2. Método de Estudo do Direito Penal 
 
 
2.1. Método dedutivo / dogmático / normativo / especulativo. 
 
 
2.2. A partir da interpretação das normas, faz-se a construção científica das 
instituições que servirão de base para a edificação dos sistemas penais. 
 
 
2.3. Metodologia basicamente hermenêutica, sistemática e crítica: 
interpretação e construção do ordenamento penal positivo, sempre por meio do 
pensamento crítico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Ciência Conjunta do Direito Penal 
3. Política Criminal 
 
 
3.1. Disciplina jurídica constituída por dois eixos: a crítica e a reforma do 
Direito Penal. 
 
 
3.2. Estratégia de combate à criminalidade que auxilia
na aferição da eficácia 
das normas penais, no que diz respeito à distribuição da Justiça e aos interesses 
sociais. 
 
 
3.3. Objetivos: a melhora e a racionalização do direito vigente, por meio de 
fórmulas legislativas adaptáveis às necessidades sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Ciência Conjunta do Direito Penal 
4. Criminologia 
 
 
4.1. Concepção clássica (Sutherland): conjunto de conhecimentos que se 
referem ao delito como fenômeno social, incluindo-se o processo de elaboração e 
infração das leis e de reação à referida infração. 
 
 
4.2. Objetos de estudo: 
 
 4.2.1. O crime (contemplado como fenômeno individual e como 
 problema social); 
 
 4.2.2. O criminoso; 
 
 4.2.3. A vítima; 
 
 4.2.4. Os mecanismos de reação social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Ciência Conjunta do Direito Penal 
4. Criminologia 
 
 
4.3. Ciência empírica e interdisciplinar que visa apresentar uma informação 
válida, contrastada e confiável sobre o surgimento, a dinâmica e as variáveis do 
crime. 
 
 
4.4. Método indutivo, empírico, por meio do qual se fundamentam suas 
conclusões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Ciência Conjunta do Direito Penal 
5. A Necessária Integração entre a Criminologia e o Direito 
Penal 
 
 
5.1. Não existe problema jurídico-dogmático que não requeira um 
conhecimento acerca de suas bases criminológicas. 
 
 
5.2. Apesar de conservar suas respectivas autonomias e seus respectivos 
métodos científicos, deve haver entre ambos uma relação de respeito e recíproca 
troca de informações. 
 
 
5.3. Jescheck: “o Direito Penal sem a Criminologia é cego e esta sem aquele 
carece de limites”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Ciência Conjunta do Direito Penal 
6. Direito de Execução Penal 
 
 
6.1. Desdobramento do Direito Penal ao qual compete efetivar o dispositivo 
contido na sentença condenatória (art. 1º da Lei de Execução Penal). 
 
 
6.2. Objetiva concretizar um dos fins da pena criminal: a prevenção especial, 
por meio da reinserção social do condenado. 
 
 
6.3. Engloba o que se convencionou chamar de 
Direito Penitenciário  Ramo mais restrito, uma vez que trata apenas da questão 
do cárcere: funcionamento dos estabelecimentos penitenciários, descrição das 
condições de detenção, direitos e deveres do condenado, regime disciplinar, 
manutenção de seus laços familiares, entre outros aspectos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Ciência Conjunta do Direito Penal 
7. Ciências Auxiliares 
 
 
7.1. Disciplinas que servem à aplicação prática do Direito Penal, bem como à 
investigação criminal. 
 
 7.1.1. Medicina legal: conjunto de conhecimentos médicos utilizados 
 na aplicação do direito, sendo útil tanto ao Direito Penal quanto a outros 
 ramos. 
 
 7.1.2. Psicologia judiciária/forense: psicologia aplicada em relação 
 às pessoas que participam do processo penal, sendo especialmente 
 utilizada para avaliar a credibilidade do testemunho. 
 
 7.1.3. Criminalística: técnica que resulta da aplicação de várias 
 ciências na investigação criminal, na descoberta de crimes e na 
 identificação de criminosos. 
 
 
 
 
 
 
 Roteiro 3: 
 
História Geral do Direito Penal 
 
1. Pena e vingança 
2. Direito Penal da Antiguidade 
3. Direito Penal na Idade Média 
4. Direito Penal na Idade Moderna 
5. O Período Reformador 
6. Escolas e Tendências 
 
 
 
 
História Geral do Direito Penal 
1. Pena e Vingança 
 
 
1.1. O Direito Penal surgiu quando o agrupamento social não reagiu a um fato 
de forma irracional, por mera vingança. Ao contrário, por intermédio de uma 
modalidade institucionalizada de reação, buscou-se o retorno à tranquilidade 
social. 
 
 
1.2. As primeiras modalidades de pena de que se tem registro são a perda da 
paz e a vingança de sangue. 
 
 1.2.1. Perda da paz: aplicada ao membro do grupo que infringisse 
 determinada norma, consistindo na sua exclusão do convívio coletivo. 
 
 1.2.2. Vingança de sangue: destinava-se ao estranho que vinha de 
 fora e infringia a norma do agrupamento social primitivo, caracterizando-
 se como uma luta contra o estrangeiro. 
 
 
 
 
 
 
História Geral do Direito Penal 
2. Direito Penal na Antiguidade 
 
 
2.1. Lei do talião: “olho por olho, dente por dente”, estabeleceu pela primeira 
vez a ideia de proporcionalidade entre crime e pena, limitando a vingança privada. 
 
 
2.2. Enquanto na Grécia Antiga preponderava a pena de morte, Roma Antiga 
contava com uma variedade de sanções, que eram estabelecidas de acordo com a 
natureza do crime e do processo. 
 
 
2.3. Lei das Doze Tábuas (451 a. C.): contemplava formas severas de 
punição, com a tônica voltada para a pena de morte. 
 
 
2.4. Vestígios jurídicos comprovam, portanto, que o Direito Penal da 
Antiguidade marcou-se pela aplicação, em larga escala, da pena capital. A prisão 
(em condições subumanas) era simplesmente o local de custódia do réu. 
 
 
 
 
 
História Geral do Direito Penal 
3. Direito Penal na Idade Média 
 
 
3.1. Com início em meados do século V, a Idade Média foi um período no qual 
houve o retorno à aplicação da pena de perda da paz. Caracterizou-se por um 
ilimitado arbítrio judicial, bem como pela desigualdade de punição entre nobres e 
plebeus. 
 
 
3.2. Principais fontes de influência: 
 
 3.2.1. Direito Germânico; 
 
 3.2.2. Direito Canônico; 
 
 3.2.3. Direito Romano. 
 
 
 
 
História Geral do Direito Penal 
4. Direito Penal na Idade Moderna 
 
 
4.1. Surgimento dos Estados Nacionais Modernos, expansão colonial, guerras 
religiosas, miséria e fome. 
 
 
4.2. Criação das casas de correção (século XVI): estabelecimentos para 
abrigar os condenados por delitos menores. 
 
 
4.3. Surgimento das workhouses (1697): substituindo com sucesso as houses 
of corretion, foram especificamente concebidas para o fim de reformar o 
condenado por meio do trabalho constante e ininterrupto e da instrução religiosa. 
 
 
4.4. Sistema de penas: penas pecuniárias, penas corporais e pena capital. 
 
 
 
 
 
 
 
História Geral do Direito Penal 
4. Direito Penal na Idade Moderna 
 
 
4.5. O surgimento da pena privativa de liberdade moderna foi marcado pela 
função de emenda do delinquente exercida pelas houses of corretion e 
workhouses. 
 
 
4.6. A ascensão da burguesia ao poder deu força a uma nova estratégia de 
controle social: a disciplina. Desta forma, houve a paulatina substituição da pena 
de morte pela pena de prisão como epicentro do sistema penal. 
 
 
 
 
 
História Geral do Direito Penal 
5. O Período Reformador 
 
 
5.1. Três importantes nomes se propugnaram por mudanças no magistério 
punitivo e nas péssimas condições de trabalho: a) Cesare Beccaria; b) John 
Howard; e c) Jeremy Bentham. 
 
 5.1.1. Beccaria: proposta de abrandamento e racionalidade das leis 
 penais e dos seus meios interpretativos, criticando de forma contundente 
 as arbitrárias práticas judiciais da época. 
 
 5.1.2. Howard: tornou popular o debate sobre a reformulação das 
 práticas punitivas e das possíveis alternativas. Com ele, ainda, nasce o 
 Direito Penitenciário, pela primeira vez separado do Direito Penal. 
 
 5.1.3. Bentham: descreveu os fins da pena por meio da 
 teoria da utilidade  Uma ação será aprovável ou reprovável de acordo 
 com a tendência que pareça ter para aumentar ou diminuir a felicidade da 
 parte cujo interesse está em questão. 
 
 
 
 
 
 
 
História Geral do Direito Penal 
6. Escolas e Tendências 
 
 
Escolas Método Imputabilidade Delito Função da pena 
Clássica Especulativo 
Baseada no livre arbítrio 
do indivíduo
Ente jurídico que 
violava um direito 
subjetivo de outrem 
Tutela jurídica 
Positiva Experimental 
Derivada do 
determinismo e 
temibilidade do 
delinquente 
Fenômeno natural e 
social produzido pelo 
homem 
Meio de defesa social 
 
 
 
 
História Geral do Direito Penal 
6. Escolas e Tendências 
 
 
6.1. Século XX: 
 
 6.1.1. Tendência ao unitarismo e ao recrudescimento dos estudos 
 filosófico-penais. 
 
 6.1.2. Propostas não radicais de modificação do Direito Penal. 
 
 
6.2. Século XXI: 
 
 6.2.1. Incremento do fenômeno da internacionalização do Direito Penal, 
 com a decorrente harmonização dos sistemas penais. 
 
 6.2.2. Adoção de novas tecnologias como fontes de incriminação e 
 como medidas de controle e punição dos delinquentes. 
 
 6.2.3. Utilização, em larga escala, das penas privativas de liberdade. 
 
 
 
 Roteiro 4: 
 
História do Direito Penal Brasileiro 
 
1. Direito Penal indígena 
2. Brasil Colonial 
3. Código Criminal de 1830 
4. Direito Penal da Primeira República 
5. Código Penal de 1940 
6. Movimento de reforma penal 
7. Século XXI 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
1. Direito Penal Indígena 
 
 
1.1. Não havia uma estrutura jurídico-social, e sim a aplicação de regras 
meramente consuetudinárias transmitidas verbalmente entre as gerações. 
 
 
1.2. As normas indígenas tinham forte caráter místico. 
 
 
1.3. Entre as normas de caráter penal, predominava a vingança privada, sem 
qualquer proporção entre infração e sanção. 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
2. Brasil Colonial 
 
 
2.1. O Direito Penal vigente constituiu mera importação do conjunto de leis 
então vigente em Portugal. 
 
 
2.2. Ordenações Afonsinas (1446): 
 
 2.2.1. Primeiro código completo da Europa; 
 
 2.2.2. Fixou o magistério punitivo estatal apesar da forte influência do 
 Clero; 
 
 2.2.3. Não havia proporcionalidade entre a finalidade da pena e o delito 
 praticado; 
 
 2.2.4. Manteve a desigualdade entre ricos e pobres. 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
2. Brasil Colonial 
 
 
2.3. Ordenações Manuelinas (1521): seguiram, em larga medida, as 
disposições precedentes, com alguns acréscimos e poucas correções. 
 
 
2.4. Ordenações Filipinas (1603): 
 
 2.4.1. Verdadeiro Código Penal do período colonial, gerando efeitos até 
 mesmo no Brasil independente; 
 
 2.4.2. Previsão de penas bárbaras e cruéis; 
 
 2.4.3. Diferenças no tratamento dispensado a nobres e plebeus; 
 
 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
3. Código Criminal de 1830 
 
 
3.1. Com a Proclamação da Independência (1822) e o advento da Constituição 
Imperial (25 de março de 1824), cristalizou-se a necessidade de ser criada 
legislação penal específica e mais adequada aos novos tempos. 
 
 
3.2. 16/12/1830: sancionado o primeiro Código autônomo da América Latina. 
 
 
3.3. Principais características do Estatuto criminal do Império: 
 
 3.3.1. Exclusão da pena de morte para crimes políticos; 
 
 3.3.2. Imprescritibilidade das penas; 
 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
3. Código Criminal de 1830 
 
 
 3.3.3. Reparação do dano causado pelo delito; 
 
 3.3.4. Agravar pelo ajuste prévio para delinquir; 
 
 3.3.5. Antecipação do sistema dos dias-multa. 
 
 
3.4. Penas cominadas: 
 
 3.4.1. Morte na forca; 
 
 3.4.2. Galés (excluídos: mulheres, menores de 21 anos e maiores de 
 60); 
 
 3.4.3. Prisão com trabalho e prisão simples; 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
3. Código Criminal de 1830 
 
 
 3.4.4. Banimento; 
 
 3.4.5. Degredo; 
 
 3.4.6. Desterro; 
 
 3.4.7. Multa; 
 
 3.4.8. Suspensão e perda do emprego; 
 
 3.4.9. Açoites (para os escravos). 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
4. Direito Penal da Primeira República 
 
 
4.1. A disparidade entre os dispositivos da Constituição, os do Código Criminal 
do Império e a realidade carcerária fez iniciar um movimento no sentido de 
reforma do aparato prisional herdado da era colonial. 
 
 
4.2. Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890: cria o Código Penal Brasileiro. 
 
 
4.3. Penas previstas: 
 
 4.3.1. Prisão celular (que era a base do sistema de penas da época); 
 
 4.3.2. Reclusão (somente para delitos políticos); 
 
 4.3.3. Prisão com trabalhos; 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
4. Direito Penal da Primeira República 
 
 
 4.3.4. Prisão disciplinar (para os menores até 21 anos de idade). 
 
 
4.4. Entendido como mera atualização da legislação penal do Império, o 
Código de 1890 foi alvo de críticas demolidoras, as quais abalaram seu prestígio e 
dificultaram sua aplicação. 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
5. Código Penal de 1940 
 
 
5.1. A partir do golpe de Estado de 1937, que instituiu o Estado Novo, foi 
criada uma nova ordem nacional. A reforma da legislação penal passou a fazer-se 
necessária. 
 
 
5.2. 7 de dezembro de 1940: promulgação do novo Código Penal brasileiro. 
Na mesma data, também entraram em vigor a Lei das Contravenções Penais, a Lei 
de Introdução ao Código Penal e o Código de Processo Penal. 
 
 
5.3. Em vigor até os dias de hoje, o Código Penal de 1940 inovou ao fazer as 
medidas de segurança entrarem na órbita da lei penal. A suspensão condicional da 
pena e o livramento condicional passaram a integrar definitivamente o Código 
Penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
5. Código Penal de 1940 
 
 
5.4. Penas previstas: 
 
 
 5.4.1. Privativa de liberdade – era a prioridade, sendo cumprida em 
 regimes de reclusão e detenção (para crimes e delitos) ou em prisão 
 simples (para contravenções penais); 
 
 5.4.2. Pena de multa; 
 
 5.4.3. Penas acessórias (ex: interdição temporária). 
 
 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
6. Movimento de Reforma Penal 
 
 
6.1. O projeto de Nelson Hungria foi promulgado pelo Decreto-Lei nº 1.004, 
de 21 de outubro de 1969. 
 
 
6.2. Previsto para entrar em vigor em 1º de agosto de 1970, o projeto teve 
seu prazo de vacância sucessivamente prorrogado pelo alegado motivo de haver 
necessidade de aguardar a aprovação do novo Código de Processo Penal. 
 
 
6.3. Em 11 de novembro de 1978 a lei nº 6.578 restou por revogar o Código 
Penal de 1969, uma vez que já não mais correspondia às necessidades do país. 
 
 
6.4. O problema da superpopulação carcerária deu origem à criação dos 
regimes de cumprimento da pena de prisão: fechado, semiaberto e aberto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
6. Movimento de Reforma Penal 
 
 
6.5. A partir de 1980, comissões foram criadas com o intuito de se 
encarregarem da reforma da Parte Geral do Código Penal, a qual foi extensa e 
realizada em clima de ampla discussão teórica e democrática. 
 
 
6.6. Além de mudanças na Teoria do Delito – especialmente referentes à 
culpabilidade – a reforma penal foi bastante expressiva. 
 
 
 
 
 
 
História Direito Penal Brasileiro 
7. Século XXI 
 
 
7.1. A partir de 1984 e, especificamente, após o advento da Constituição de 
1988, viveu-se um novo modelo punitivo no Brasil. A partir do Preâmbulo da Carta 
Política, seu texto fora impregnado por valores como a dignidade da pessoa 
humana e a vedação de qualquer natureza de discriminação. 
 
 
7.2. Diante das determinações do texto constitucional, a partir de 1990 
passou a haver a promulgação de leis penais especiais, tais como: 
 
 7.2.1. Lei nº 8.072/90: Lei dos Crimes Hediondos. 
 
 7.2.2. Lei nº
9.099/95: Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais 
 (sobre as infrações de menor potencial ofensivo). 
 
 7.2.3. Lei nº 9.714/98: Lei das Penas Alternativas. 
 
 7.3.4. Lei nº 10.259/01: Regulamentou os juizados especiais no âmbito 
 federal. 
 
 
 Roteiro 5: 
 
Princípios Fundamentais do Direito Penal 
 
1. Noções introdutórias 
2. Princípio da culpabilidade 
3. Princípio da Lesividade 
ou Ofensividade 
4. Princípio da Humanidade 
5. Outros princípios 
 
 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais do Direito Penal 
1. Noções introdutórias 
 
 
1.1. No Direito Penal, a distinção entre normas e princípios tem raízes 
históricas. 
 
 
1.2. Os princípios condicionam aquilo que se convencionou denominar de 
dogmática jurídico-penal, tanto na sua vertente teórica quanto na prática. 
 
 
1.3. O Direito Penal está lastreado em quatro princípios fundamentais, os 
quais se desdobram em diversos outros. 
 
 
 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais do Direito Penal 
2. Princípio da culpabilidade 
 
 
2.1. Culpabilidade: juízo de reprovação que recai sobre o agente autor da 
conduta reprovável. 
 
 
2.2. A responsabilidade penal é estritamente pessoal e subjetiva, somente 
sendo apenado aquele que, por sua conduta, tenha dado causa a um resultado 
criminoso. 
 
 
2.3. A pena criminal somente se justifica se o agente devia e podia evitar o 
ilícito praticado. 
 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais do Direito Penal 
2. Princípio da culpabilidade 
 
 
2.4. Duas funções são atribuídas a este princípio: 
 
 2.4.1. Pressuposto de toda punição, uma vez que afasta a 
 responsabilidade penal objetiva, exigindo que o resultado seja causado 
 culposa ou dolosamente. 
 
 2.4.2. Limite de toda punição, já que a pena não pode ser superior à 
 culpa do agente. 
 
 
 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais do Direito Penal 
3. Princípio da Lesividade ou Ofensividade 
 
 
3.1. Somente poderá ser considerada merecedora de tutela penal a conduta 
apta a expor a risco ou a causar dano a um bem jurídico penalmente relevante. 
 
 
3.2. É vedado o estabelecimento de delitos que sejam meras infrações de 
obrigações ou de deveres, pois isso representaria uma excessiva intervenção 
estatal. 
 
 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais do Direito Penal 
4. Princípio da Humanidade 
 
 
4.1. Também chamado de princípio da humanização da pena. 
 
 
4.2. As necessidades de prevenção e repressão à delinquência não podem 
autorizar o emprego de medidas que gerem excessivo e desnecessário sofrimento 
ao indivíduo. 
 
 
4.3. É proibida a imposição de sanções penais infamantes ou cruéis. 
 
 
4.4. Entende-se que este princípio também interdita a adoção de pena de 
morte ou de caráter perpétuo, já que ambas são modalidades de penas 
eliminatórias do ser humano. 
 
 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais do Direito Penal 
5. Outros Princípios 
 
 
5.1. Além dos princípios mencionados, os doutrinadores reconhecem a 
existência de outros princípios fundamentais que foram, inclusive, consagrados 
jurisprudencialmente. 
 
 5.1.1. Dignidade humana: 
 
 5.1.1.1. Reconhecimento do ser humano não como coisa, mas 
 como pessoa; não como meio, mas como fim da atividade estatal; 
 
 5.1.1.2. Nas alternativas penais à prisão, as atividades a serem 
 desempenhadas pelo condenado não podem consistir na realização de 
 atividades atentatórias à sua dignidade. 
 
 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais do Direito Penal 
5. Outros Princípios 
 
 
 5.1.2. Intervenção mínima: 
 
5.1.2.1. Nega que o Direito Penal possa proteger bens jurídicos 
 que não são essenciais; 
 
5.1.2.2. Determina que o Direito Penal proteja os bens jurídicos 
 considerados essenciais. 
 
 5.1.3. Fragmentaridade: o Direito Penal irá tutelar apenas algumas 
 das condutas em que existe violação de um bem jurídico. 
 
 5.1.4. Subsidiariedade: o Direito Penal somente irá ser utilizado para 
 a proteção de bens jurídicos quando os demais ramos do Direito 
 não tiverem se mostrado suficientes para fazê-lo. 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais do Direito Penal 
5. Outros Princípios 
 
 
 5.1.5. Insignificância ou bagatela: devem ser excluídas da 
 abrangência do Direito Penal as condutas provocadoras de ínfima 
 lesão ao bem jurídico tutelado. 
 
 5.1.6. Proporcionalidade: objetiva uma justa correlação entre a 
 gravidade do fato perpetrado pelo agente e a sanção penal 
 correspondente. 
 
 5.1.7. Individualização da pena: 
 
 5.1.7.1. Possui previsão constitucional, no artigo 5º, XLV e XLVI, 
 da Constituição Federal; 
 
 5.1.7.2. Preconiza que a pena não poderá passar da pessoa do 
 condenado; 
 
 
 
 
 
 
Princípios Fundamentais do Direito Penal 
5. Outros Princípios 
 
 
 5.1.7.3. Determina que a individualização da sanção penal há de 
 pressupor três fases distintas: 
 
a) Legislativa; 
b) Judiciária; e 
c) Administrativa. 
 
 5.1.7.4. Adequação social: se, com uma modificação social, 
 determinado comportamento penalmente reprovado passar a ser 
 socialmente aceito, não se justifica a intervenção penal. 
 
 
 Roteiro 6: 
 
Lei Penal e Norma Penal 
 
1. Estrutura e Finalidades 
2. Classificação e Técnica Legislativa 
3. Fontes 
4. Princípio da Legalidade 
5. Analogia 
6. Costume 
7. Jurisprudência 
8. Princípios Gerais do Direito 
9. Interpretação da Lei Penal 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
1. Estrutura e Finalidades 
 
 
1.1. As normas penais são compostas de duas partes: 
 
 1.1.1. Na primeira, encontra-se o comando ou preceito; 
 
 1.1.2. Na segunda, a consequência do seu descumprimento, a sanção. 
 
 
1.2. Finalidades da norma jurídico-penal: 
 
 1.2.1. A definição das infrações penais; 
 
 1.2.2. O estabelecimento das respectivas consequências jurídicas 
 (imposição de penas ou de medidas de segurança); 
 
 1.2.3. Os pressupostos de cominação, aplicação e execução das suas 
 disposições gerais. 
 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
2. Classificação e Técnica Legislativa 
 
 
2.1. Classificação doutrinária: normas incriminadoras e normas não 
incriminadoras. 
 
 2.1.1. Normas incriminadoras: estabelecem as infrações penais, 
 descrevendo a conduta proibida e cominando a respectiva espécie e 
 quantidade de pena. 
 
 2.1.2. Normas não incriminadoras: não estabelecem delito ou pena, 
 mas regulam seus pressupostos de aplicabilidade. 
 
 
2.2. Técnica adotada: a primeira parte do dispositivo discrimina o 
comportamento desvalioso, e a segunda parte descreve sua respectiva pena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
3. Fontes 
 
 
3.1. Correspondem aos fatos ou atos dos quais se originam as normas 
jurídicas. 
 
 
3.2. Dentre as diversas fontes de produção normativa, no Direito Penal 
prepondera a lei penal, em decorrência do princípio da legalidade. 
Secundariamente encontram-se a analogia, os costumes e os princípios gerais do 
Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
4. Princípio da Legalidade 
 
 
4.1. Encontrado em todos os sistemas jurídicos do mundo, o princípio da 
reserva legal é o mais importante dentre os princípios fundamentais do 
ordenamento jurídico brasileiro. 
 
 
4.2. São quatro as importantes consequências deste princípio para a 
dogmática penal – são proibidas: 
 
 4.2.1. A analogia para definição de crimes ou para o estabelecimento 
 de sanções ou medidas de segurança; 
 
 4.2.2. A utilização do costume para fundamentar ou agravar uma pena; 
 
 4.2.3. A retroatividade da lei penal; 
 
 4.2.4. As incriminações vagas e indeterminadas.
Lei Penal e Norma Penal 
5. Analogia 
 
 
5.1. Parte-se da premissa de que a lei não pode prever todas as hipóteses 
fáticas, havendo, portanto, lacunas no ordenamento jurídico. 
 
 
5.2. A analogia visa suprir esta lacuna, solucionando um caso concreto por 
intermédio da solução adotada em uma hipótese legal assemelhada. 
 
 
5.3. No Direito Penal, não se admite a analogia in malam partem (isto é, em 
desfavor do réu, para a integração de normas penais incriminadoras). Só é 
possível a analogia in bonam partem. 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
6. Costume 
 
 
6.1. Trata-se da regra de conduta criada espontaneamente pela consciência 
comum do povo, que a observa por modo constante e uniforme e sob a convicção 
de corresponder a uma necessidade jurídica. 
 
 
6.2. Aquele que viola uma norma consuetudinária sofre sanção imposta pela 
coletividade. 
 
 
6.3. O costume pode ser tido como fonte secundária de normas penais, 
auxiliando a aplicação da lei ou suprindo determinada lacuna ou alcance da lei 
penal. 
 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
7. Jurisprudência 
 
 
7.1. Embora não conste como fonte produtora de normas penais, a 
jurisprudência tem cada vez mais importância no âmbito jurídico-penal. 
 
 
7.2. Instrumentos formais de interpretação, os precedentes jurisprudenciais 
podem ser materialmente considerados importantes fontes secundárias de 
produção de normas jurídico-penais, uma vez que acarretam inequívocos efeitos 
práticos. 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
8. Princípios Gerais do Direito 
 
 
8.1. São premissas ou valores de natureza ética ou moral que constituem o 
fundamento de determinada organização social. 
 
 
8.2. De forma secundária – excluídos a lei, a analogia e os costumes –, 
podem ser invocados como modelo de solução de um caso concreto. 
 
 
8.3. Operam sobre todo o ordenamento jurídico, conferindo-lhe racionalidade 
e coesão. 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
9. Interpretação da Lei Penal 
 
 
9.1. Toda norma, por mais simples e clara que pareça ser, deve ser objeto de 
interpretação, pois trata-se da busca pela sua intenção ou pelo seu sentido. 
 
 
9.2. Silogismo jurídico: a lei penal é a premissa maior, o caso concreto é a 
premissa menor, e a pena é o resultado ou a síntese deste silogismo. 
 
 
9.3. A atividade desempenhada pelo intérprete compreende dois 
momentos: 
 
 9.3.1. A interpretação da norma; 
 
 9.3.2. A subsunção da norma ao caso concreto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
9. Interpretação da Lei Penal 
 
 
9.4. A interpretação da lei penal é objeto de três espécies de 
classificação: 
 
 9.4.1. Quanto ao sujeito que a realiza: 
 
 9.4.1.1. Interpretação autêntica, quando a exegese provem do 
 mesmo órgão de onde emanou a norma a ser interpretada; 
 
 9.4.1.2. Interpretação doutrinária, correspondente ao trabalho 
 acadêmico dos professores, pareceres dos consultores e demais trabalhos 
 científicos do Direito; 
 
 9.4.1.3. Interpretação judicial, baseada nos precedentes 
 harmonicamente observados pelos juízes e tribunais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
9. Interpretação da Lei Penal 
 
 
 9.4.2. Quanto ao meio utilizado: 
 
 9.4.2.1. Interpretação lógica; 
 
 9.4.2.2. Interpretação teleológica. 
 
 9.4.3. Quanto ao resultado a que se chega: 
 
 9.4.3.1. Interpretação declarativa, quando o produto da 
 atividade hermenêutica faz coincidir a letra da lei com a vontade da lei; 
 
 9.4.3.2. Interpretação restritiva, que ocorre quando, por um 
 defeito gramatical, a letra da lei disse mais do que a vontade da lei; 
 
 9.4.3.3. Interpretação extensiva, que ocorre quando a letra da 
 lei disse menos do que a vontade da lei. 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal e Norma Penal 
9. Interpretação da Lei Penal 
 
 
9.5. Interpretação analógica: consiste em se estender a atividade 
hermenêutica para abranger os casos semelhantes aos que foram exemplificados 
no texto legal. 
 
 
9.6. Regra do in dubio pro reo: significa que os casos que remanescerem 
duvidosos devem ser decididos em favor do acusado. 
 
 
 Roteiro 7: 
 
Lei Penal no Tempo 
 
 
1. Noções Introdutórias 
2. Conflitos da Lei Penal no Tempo 
3; Lei Intermediária 
4. Conjugação de Leis 
5. Lei Excepcional ou 
Lei Temporária 
6. Lei Penal em Branco 
7. Tempo do Crime 
8. Contagem dos Prazos 
no Direito Penal 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar no país quarenta e 
cinco dias após sua publicação oficial, isto é, após o período de sua vacatio legis. 
 
 
1.2. A lei permanece em vigor até que outra posterior a modifique ou 
revogue, salvo as leis excepcionais ou as temporárias. 
 
 
1.3. A revogação será total (abrogação) ou parcial (derrogação), bem como 
expressa ou tácita. 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.4. O princípio basilar que domina a sucessão de leis e sua aplicação é o 
tempus regit actum – consequências: 
 
 1.4.1. Os fatos são regulados pela lei que estava em vigor quando eles 
 se verificaram; 
 
 1.4.2. Em regra, uma lei não retroage para regular um fato havido 
 antes de sua vigência. 
 
 
1.5. Em decorrência do princípio da legalidade, no Direito Penal prepondera o 
princípio da irretroatividade das normas incriminadoras. 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
2. Conflitos da Lei Penal no Tempo 
 
 
2.1. Trata-se da análise da sucessão de leis penais, ou seja, uma lei revoga a 
outra anteriormente existente. 
 
 
2.2. No âmbito intertemporal das leis penais, podem existir quatro 
situações jurídicas: 
 
 2.2.1. Novatio legis incriminadora: lei posterior incrimina fato que era 
 anteriormente lícito. Neste caso, o agente não sofrerá a incidência da lei 
 nova, uma vez que é mais severa. 
 
 2.2.2. Abolitio criminis: lei posterior deixa de considerar ilícito fato que 
 anteriormente o era. Nesta hipótese, a retroatividade é indiscutível, pois 
 beneficia o agente. 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
2. Conflitos da Lei Penal no Tempo 
 
 
 2.2.3. Novatio legis in mellius: sem suprimir a incriminação do fato, lei 
 posterior beneficia o agente de qualquer forma. A nova lei retroage. 
 
 2.2.4. Novatio legis in pejus: lei posterior que, mantendo a 
 incriminação do fato, torna-o mais grave. O sistema constitucional 
 brasileiro impede que sejam aplicadas leis supervenientes mais gravosas. 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
3. Lei Intermediária 
 
 
3.1. É a lei que, na sucessão das leis penais, situa-se entre a lei anterior ao 
fato e a lei posterior a este. Há, portanto, três leis que se sucedem na regulação 
do mesmo fato. 
 
 
3.2. Caso seja mais benéfica à situação do acusado, a lei intermediária irá 
retroagir – alcançando o fato ocorrido ao tempo da lei anterior – e também 
ultragir – continuando a regular tal fato ao tempo da lei posterior. 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
4. Conjugação de Leis 
 
 
4.1. Método que consiste na utilização das partes que forem consideradas 
benéficas, tanto da lei anterior ao fato criminoso como da lei posterior a este, 
visando favorecer o réu. 
 
 
4.2. Argumento contrário: isso transformaria o aplicador da lei em uma 
espécie de “legislador do caso concreto”. 
 
 
4.3. Argumento a favor: quem pode “o mais” – aplicar por inteiro uma ou 
outra lei, pode “o menos” – aplicar a parte mais benéfica de cada qual. 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
5. Lei Excepcional ou Lei Temporária 
 
 
5.1. Leis excepcionais: compreendem aquelas que visam atender a situações
anormais da vida social (epidemia, guerra etc.). 
 
 
5.2. Leis temporárias: vigoram durante certo tempo, fixado por elas próprias. 
 
 
5.3. Artigo 3º CP: tais leis serão aplicadas aos fatos havidos no tempo de sua 
vigência, mesmo depois de decorrido o tempo de sua duração ou cessada a 
situação de excepcionalidade. 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
6. Lei Penal em Branco 
 
 
6.1. Também chamada de lei incompleta, trata-se da norma cujo preceito 
primário é formulado de maneira genérica, precisando ser complementado por 
outra norma. 
 
 
6.2. Enquanto não for expedido seu complemento, tal lei carecerá de 
efetividade. 
 
 
6.3. A discussão sobre os efeitos acarretados pela alteração ou 
revogação do referido complemento normativo deu ensejo a duas teorias: 
 
 6.3.1. Teoria minoritária: sustenta que a simples modificação do 
 complemento não gera mudança da lei penal. Dessa forma, não haverá 
 conflito de leis penais no tempo, não havendo que se discutir sobre 
 retroatividade de lei. 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
6. Lei Penal em Branco 
 
 
 6.3.2. Teoria majoritária: existiriam dois grupos de normas penais 
 em branco: 
 
 6.3.2.1. O complemento serviria para permitir que a norma 
 tivesse eficácia. Logo, sua modificação não acarretaria efeitos benéficos 
 ao acusado. 
 
 6.3.2.2. O complemento integra-se à norma penal, sendo a 
 essência da proibição, de forma que sua modificação importaria em 
 efetiva mudança na lei penal. 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
7. Tempo do Crime 
 
 
7.1. Trata-se do instante em que se considera aperfeiçoada a infração penal. 
 
 
7.2. Existem três diferentes critérios apontados pela doutrina: 
 
 7.2.1. Teoria da atividade, segundo a qual o crime está praticado no 
 momento da ação ou omissão do agente; 
 
 7.2.2. Teoria do resultado, segundo a qual o crime está praticado no 
 momento em que ocorre o evento desvalioso; 
 
 7.2.3. Teoria mista (ou unitária), segundo a qual o crime estará 
 praticado tanto no momento da ação ou omissão quanto no momento do 
 resultado (total ou parcial). 
 
 
7.3. O Artigo 4º CP: o Brasil adota a teoria da atividade. 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
8. Contagem dos Prazos no Direito Penal 
 
 
8.1. Artigo 10 CP: o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se 
os dias, meses e anos pelo calendário comum. 
 
 
8.2. Um dia acaba à meia-noite, começando a partir daí o outro dia. 
 
 
8.3. Um mês começa a ser contado de determinado dia e vai até a meia-noite 
do dia anterior no mês seguinte. Por exemplo, se a contagem iniciou-se no dia 14 
de novembro, considerar-se-á um mês completo no dia 13 de dezembro. 
 
 
8.4. Um ano começa a correr a partir de determinado dia e se completa no dia 
anterior do mesmo mês correspondente ao ano seguinte. 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Tempo 
8. Contagem dos Prazos no Direito Penal 
 
 
8.5. Pouco importa saber se trata-se de mês com 29, 30 ou 31 dias. 
Igualmente, despreza-se a circunstância de ser ano bissexto. 
 
 
8.6. O objetivo da regra do artigo 10 CP foi o de trazer clareza e facilidade à 
contagem dos prazos do Direito Penal. 
 
 Roteiro 8: 
 
Lei Penal no Espaço 
 
 
1. Noções Introdutórias 
2. Princípios Gerais 
3. Território Nacional 
4. Lugar do Delito 
5. Extraterritorialidade 
6. Pena Cumprida no Estrangeiro 
7. Eficácia da Sentença Penal Estrangeira 
8. Transferência de Condenados entre Países 
9. Extradição 
10. Tribunal Penal Internacional 
11. Imunidades 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Para que a lei possa cumprir sua função, é preciso determinar em quais 
locais o judiciário brasileiro poderá exercer sua competência. 
 
 
1.2. Pretende-se evitar que ocorram lacunas de impunidade a respeito de 
ilícitos que atinjam bens jurídicos tutelados, direta ou indiretamente, pelo 
ordenamento jurídico brasileiro. 
 
 
1.3. Trata-se de uma questão concernente especificamente ao ramo do Direito 
chamado Direito Penal Internacional. 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
2. Princípios Gerais 
 
 
2.1. Territorialidade (artigo 5º CP): princípio preponderante na lei brasileira, 
afirma que a lei penal aplica-se no território onde é exercida a soberania do 
Estado. 
 
 
2.2. Personalidade ou nacionalidade: a lei penal nacional pode ser 
aplicada ao cidadão onde quer que se encontre, devendo ser considerada apenas a 
nacionalidade do agente (personalidade ativa) ou da vítima (personalidade 
passiva). 
 
 
2.3. Defesa, real ou de proteção: a lei penal deve incidir tutelando bens 
jurídicos de suma relevância para o Estado, onde quer que se encontrem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
2. Princípios Gerais 
 
 
2.4. Justiça universal: os Estados acordam em reprimir os fatos que mais 
atentam contra uma ideia de consciência universal. 
 
 
2.5. Representação ou bandeira: a lei penal do Estado ao qual pertença a 
aeronave ou embarcação deve ser aplicada a todo e qualquer fato praticado no 
seu interior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
3. Território Nacional 
 
 
3.1. O conceito jurídico de território decorre das normas de Direito Público e 
do Direito Internacional. 
 
 
3.2. O conceito não é geográfico, e sim político: território é todo espaço onde 
se exerce a soberania do Estado. 
 
 
3.2. §§ 1º e 2º do artigo 5º CP: território por equiparação. 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
4. Lugar do Delito 
 
 
4.1. Teoria da ubiquidade (artigo 6º CP): considera-se praticado o crime no 
lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se 
produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
 
4.2. Crime à distância: a ação ou omissão ocorre no território de um Estado 
e o resultado ocorre no território de outro. Trata-se do conflito positivo de leis 
penais no espaço, acarretando na aplicação em duplicidade de leis penais. 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
5. Extraterritorialidade 
 
 
5.1. Hipóteses nas quais se estende a incidência da lei penal brasileira para 
alcançar condutas que ocorrem fora do território nacional. 
 
 
 5.1.1. Extraterritorialidade incondicionada (artigo 7º, I, CP): 
 nestes casos, a aplicabilidade da lei penal brasileira é irrestrita. 
 
 
 5.1.2. Extraterritorialidade condicionada (artigo 7, II, §§ 2º e 3º, 
 CP): nestas hipóteses, a incidência extraterritorial da lei penal brasileira 
 depende do concurso de alguns pressupostos. 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
6. Pena Cumprida no Estrangeiro 
 
 
6.1. Nas hipóteses de extraterritorialidade incondicionada, a lei penal 
brasileira poderá incidir sobre o fato ainda que este tenha sido submetido à lei 
penal de outro Estado. 
 
 
6.2. De forma a abrandar o rigor deste dispositivo, o artigo 8º CP afirma que a 
pena cumprida no estrangeiro irá amenizar os efeitos penais da lei penal 
brasileira: 
 
 6.2.1. Atenuando a pena a ser executada no Brasil, quando de 
 diferentes espécies; 
 
 6.2.2. Subtraindo a quantidade de pena já cumprida na pena imposta 
 no Brasil, quando de idênticas espécies. 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
7. Eficácia da Sentença Penal Estrangeira 
 
 
7.1. Quando o fato também for crime no Brasil, a sentença penal estrangeira 
poderá ser homologada se tiver uma das finalidades elencadas no artigo 9º CP. 
 
 
7.2. A competência para homologação de sentença penal estrangeira no Brasil 
é do STJ, obedecendo aos requisitos do parágrafo único do artigo 9º CP. 
 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
8. Transferência de Condenados entre Países 
 
 
8.1. Ato de colaboração penal internacional por meio do
qual a fase de 
cumprimento de determinada pena é transportada do país onde se encontra o 
condenado pela Justiça estrangeira para o país de sua nacionalidade. 
 
 
8.2. Dependente da concordância do indivíduo que será transferido, este 
instituto almeja conciliar os interesses dos Estados na repressão dos delitos com a 
necessária reintegração social do apenado. 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
9. Extradição 
 
 
9.1. Ato pelo qual um Estado – denominado “Requerido” – procede a captura 
e a entrega de um indivíduo procurado pela justiça de outro Estado – denominado 
“Requerente” –, para que seja julgado ou para que cumpra a pena que lhe foi 
imposta. 
 
 
9.2. Os requisitos que autorizam a extradição encontram-se discriminados na 
Constituição Federal, em tratados bi ou multilaterais, bem como na legislação 
interna. 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
10. Tribunal Penal Internacional 
 
 
10.1. A eclosão de conflitos étnicos, nacionais e religiosos, bem como os 
recentes conflitos armados e o registro de ataques terroristas de grandes 
proporções permitiram e requereram o estabelecimento de um arcabouço jurídico 
na esfera internacional como jamais fora possível. 
 
 
10.2. 25 de setembro de 2002: Brasil promulga a ratificação ao Estatuto de 
Roma, instrumento legal que rege a competência e o funcionamento do TPI. 
 
 
 
 
Lei Penal no Espaço 
11. Imunidades 
 
 
11.1. Exceções quanto à aplicação da lei penal a certas pessoas que praticam 
fatos delituosos no território nacional. 
 
 
11.2. As imunidades são de duas naturezas: 
 
 11.2.1. Imunidades diplomáticas: concessão de privilégios a 
 representantes diplomáticos relativamente aos atos ilícitos por eles 
 praticados. 
 
 11.2.2. Imunidades parlamentares: visam a garantir a liberdade do 
 parlamentar no exercício do mandato, evitando toda coação sobre o 
 Poder Legislativo. Refere-se tanto à imunidade material (ou penal) como 
 à imunidade formal (ou processual). 
 
 Roteiro 9: 
 
Conflito Aparente de 
Normas Penais 
 
 
1. Noções Introdutórias 
2. Critérios de Solução 
3. Conclusão 
 
 
 
 
 
Conflito Aparente de Normas Penais 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Conflito ou concurso aparente de normas: circunstância em que duas ou 
mais normas penais incriminadoras regulam, em tese, o mesmo caso concreto – 
sendo que, efetivamente, somente uma delas deverá ser aplicada. 
 
 
1.2. De forma a não violar o princípio do ne bis in idem, é preciso definir qual 
norma irá se sobrepor às demais. 
 
 
1.3. O Código Penal brasileiro não prevê (ao menos não de forma direta) 
critérios de preponderância entre as normas hipoteticamente incidentes ao caso 
concreto. 
 
 
1.4. O concurso aparente se refere, portanto, à unidade de aplicação das 
normas penais, consoante os critérios doutrinários discriminados a seguir. 
 
 
 
 
 
 
Conflito Aparente de Normas Penais 
2. Critérios de Solução 
 
 
2.1. Princípio da especialidade: 
 
 2.1.1. Parte do pressuposto da existência de normas gerais e especiais 
 tratando do mesmo assunto; 
 
 2.1.2. Isso ocorre quando uma norma possua, em sua definição, todos 
 os elementos típicos de outra, mais alguns elementos especializantes; 
 
 2.1.3. Se o caso concreto se amoldar a todas as características da 
 norma especial, fica afastada a incidência da norma geral. 
 
 
 
 
 
Conflito Aparente de Normas Penais 
2. Critérios de Solução 
 
 
2.2. Princípio da subsidiariedade: 
 
 2.2.1. Neste caso, a relação que se estabelece é de exclusão entre 
 normas de natureza primária e secundária; 
 
 2.2.2. A não subsunção de um fato à norma que o tutela de forma mais 
 direta não importará em atipicidade, pois a norma auxiliar (subsidiária) 
 poderá ser aplicada; 
 
 2.2.3. A aplicabilidade da norma subsidiária e a inaplicabilidade da 
 norma principal não resultam da relação lógica e abstrata de uma com a 
 outra, e sim do juízo de valor do fato em face delas. 
 
 
 
 
Conflito Aparente de Normas Penais 
2. Critérios de Solução 
 
 
2.3. Princípio da consunção ou absorção: 
 
 2.3.1. A relação neste caso será entre contingente e conteúdo; 
 
 2.3.2. Em termos gerais, haverá consunção quando a conduta definida 
 em uma norma penal estiver também abrangida por outra norma mais 
 ampla; 
 
 2.3.3. A norma definidora de um crime, cuja execução atravessa fases 
 em si representativas de crime previsto em outra norma, exclui – por 
 absorção – a aplicabilidade desta. 
 
 
 
 
 
Conflito Aparente de Normas Penais 
3. Conclusão 
 
 
3.1. O critério fundamental para a solução da problemática do conflito 
aparente de normas é, de fato, o princípio da especialidade; 
 
 
3.2. Trata-se do critério mais adotado doutrinária e jurisprudencialmente, uma 
vez que possui maior rigor científico; 
 
 
3.3. Desta forma, os demais princípios são subsidiários ao da especialidade, e 
somente devem ser lembrados quando o primeiro não resolver de forma 
satisfatória o conflito. 
 
 Roteiro 10: 
 
Teoria do Crime 
 
1. Noções introdutórias 
2. Método utilizado 
3. Desenvolvimento 
4. Conceito de Delito 
5. Sujeitos do Crime 
6. Objetos 
7. Classificações 
 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Trata-se da parte do Direito Penal destinada ao estudo do crime como 
fato punível, do ponto de vista jurídico, para estabelecer e analisar suas 
características gerais e suas formas de aparecimento. 
 
 
1.2. No Direito Penal brasileiro, trabalha-se com uma ampla designação 
acerca do fato punível, o qual compreende tanto o crime (ou delito) quanto a 
contravenção. 
 
 
1.3. O conceito de crime não foi estabelecido pela lei penal, mas apenas pela 
doutrina. 
 
 
1.4. Crime, portanto, é a conduta (ação ou omissão) típica, antijurídica e 
culpável. 
 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
2. Método utilizado 
 
 
2.1. O método utilizado para a conceituação de crime é denominado método 
analítico, o qual cuida da decomposição do objeto de estudo em partes, de forma 
a permitir sua compreensão. 
 
 
2.2. Mediante a análise dos pressupostos do conceito de crime, permite-se 
chegar a um resultado final adequado e justo. 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
3. Desenvolvimento 
 
 
3.1. Uma vez concebidas pela doutrina de Direito Penal as três matrizes 
básicas do conceito de delito (tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade), passou-
se a identificar quatro fases deste conceito dogmático de delito: 
 
 3.1.1. Conceito clássico de delito (Liszt-Beling); 
 
 3.1.2. Conceito neoclássico ou neokantista de delito (Frank, 
 Mayer, Radbruch e Mezger); 
 
 3.1.3. Conceito finalista de delito (Welzel); 
 
 3.1.4. Conceito funcionalista ou pós finalista de delito (Roxin e 
 Jakobs). 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
3. Desenvolvimento 
 
 
3.2. Em linhas gerais, o conceito de delito segue o estágio evolutivo das 
ciências em geral e o momento ideológico de cada sociedade – não raro, sempre 
surge uma nova teorização que se propõe suplantar outra anterior. 
 
 
3.3. Jescheck: “Não há nenhuma teoria do delito que possa ser mais do que 
um projeto passageiro”. 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
4. Conceito de Delito 
 
 
4.1. No Brasil, o atual Código Penal não traz uma definição de crime. 
 
 
4.2. Definições legais revelaram-se contraproducentes, e foram abandonadas 
justamente para que fossem evitadas dificuldades 
ao intérprete ou julgador, particularmente em razão da evolução teórica e social. 
 
 
4.3. Conceito formal: crime é toda ação ou omissão proibida pela lei, sob a 
ameaça da pena. 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
4.
Conceito de Delito 
 
 
4.4. Conceito material: crime é um desvalor da vida social, uma ação ou 
omissão que se proíbe e se procura evitar com a ameaça da pena, pois constitui 
ofensa a um bem ou valor da vida social. 
 
 
4.5. Conceito analítico: crime é a ação ou omissão típica, antijurídica e 
culpável. 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
5. Sujeitos do Crime 
 
 
5.1. O crime compreende dois protagonistas: 
 
 5.1.1. O sujeito ativo, isto é, o autor; 
 
 5.1.2. O sujeito passivo, ou seja, a vítima. 
 
 
5.2. Com relação à responsabilidade penal da pessoa jurídica, entende-se que 
é a lei de cada país que decidirá pela sua punição diante de condutas perpetradas 
por seus prepostos e em seu benefício. 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
6. Objetos 
 
 
6.1. Objeto jurídico do crime é o bem ou interesse protegido pela norma penal 
incriminadora. 
 
 
6.2. Objeto material do crime é a pessoa ou a coisa sobre a qual incide a 
conduta delituosa, isto é, para onde converge a ação ou omissão descrita em cada 
tipo penal. 
 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
7. Classificações 
 
 
7.1. Ilícito penal: tem como sanção a imposição de uma pena ou medida de 
segurança. Ilícito civil: sua violação acarreta outra penalidade, qual seja, a 
obrigação de compor o prejuízo. 
 
 
7.2. Não há diferença substancial entre crime (ou delito) e 
contravenção. Esta constitui apenas a infração penal de menor gravidade, o que 
se caracteriza pela pena cominada ao fato. 
 
 
7.3. Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. Crime próprio: 
o tipo exige uma condição ou qualidade especial ao autor. Crime de mão própria: 
só pode ser praticado pelo autor pessoalmente (não há possibilidade de autoria 
mediata). 
 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
7. Classificações 
 
 
7.4. Crime doloso: há consciência e vontade na direção do resultado. Crime 
culposo: o resultado desvalioso decorre da violação de um dever de cautela ante 
sua previsibilidade. Crime preterdoloso: há dolo na conduta inicial e culpa no 
resultado subsequente. 
 
 
7.5. Crime consumado: há conduta e resultado. Crime tentado: há conduta 
e início da execução da ação delituosa, mas não ocorre o resultado, por fatores 
alheios à vontade do agente. 
 
 
7.6. Crime comissivo: crime de ação. 
 
 
7.7. Crime omissivo: crime de inação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
7. Classificações 
 
 
7.8. Crime instantâneo: a consumação se dá em um único momento. 
 
 
7.9. Crime permanente: a consumação se prolonga no tempo. Crime 
instantâneo de efeitos permanentes: ocorre a perpetuação das consequências do 
crime. 
 
 
7.10. Crime de dano: há efetiva lesão ao bem jurídico. Crime de perigo: se 
contentam em meramente expor a perigo o bem jurídico, podendo ser perigo 
concreto ou abstrato. 
 
 
7.11. Crime material: conduta e resultado naturalístico. 
 
 
7.12. Crime formal: a consumação não exige a ocorrência do resultado. 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Crime 
7. Classificações 
 
 
 
7.13. Crime de mera conduta: tipos penais que descrevem somente a 
conduta. 
 
 
7.14. Crime unissubjetivo: concurso eventual. 
 
 
7.15. Crime plurissubjetivo: concurso necessário. 
 
 
7.16. Crime unissubsistente: ocorre em um único ato. 
 
 
7.17. Crime plurissubsistente: admitem o fracionamento da conduta em 
diversos atos. 
 
 
 
 Roteiro 11: 
 
Teoria da Conduta 
 
1. Funções 
2. Teorias da Conduta 
3. Modalidades 
4. Ausência de Conduta 
5. Resultado 
 
 
 
 
 
Teoria da Conduta 
1. Funções 
 
 
1.1. A análise dogmática do crime deve necessariamente começar pelo 
enfrentamento do conceito de conduta. 
 
 
1.2. Constatada a existência de uma conduta penalmente relevante, passar-
se-á a análise das demais categorias do conceito de crime. 
 
 
1.3. A noção de conduta penalmente relevante cumpre três funções básicas: 
classificação dos delitos, definição dos delitos e exclusão de indiferentes penais. 
 
 
 
 
 
Teoria da Conduta 
2. Teorias da Conduta 
 
 
2.1. Não há uma noção unívoca acerca do conceito de conduta. Cada sistema 
penal define e analisa a conduta de um modo particular. 
 
 
2.2. Teoria causalista: 
 
 2.2.1. Ação é comportamento humano que causa um resultado; 
 
 2.2.2. Os elementos psicológicos (dolo e culpa) não integram a conduta 
 e devem ser analisados dentro da culpabilidade; 
 
 2.2.3. Foi objeto de críticas por motivos como não admitir a 
 punibilidade da tentativa e dos comportamentos omissivos. 
 
 
 
 
Teoria da Conduta 
2. Teorias da Conduta 
 
 
2.3. Teoria neokantista: foi responsável por apontar os defeitos da teoria 
anterior. 
 
 
2.4. Teoria finalista: 
 
 2.4.1. Conduta é uma ação ou omissão humana, consciente e 
 voluntariamente dirigida a um fim; 
 
 2.4.2. Até hoje é a teoria mais adotada no Brasil; 
 
 2.4.3. O elemento psicológico deixou de integrar a culpabilidade e 
 passou a fazer parte da tipicidade, a qual passou a constituir-se de tipo 
 objetivo (o que se exterioriza da conduta) e tipo subjetivo (a finalidade). 
 
 
 
 
Teoria da Conduta 
2. Teorias da Conduta 
 
 
2.5. Teoria social da ação: ação é o comportamento socialmente relevante 
(crítica: a falta de clareza do conceito de relevância social). 
 
 
2.6. Funcionalismo: 
 
 2.6.1. Roxin (funcionalismo penal racional-teleológico) ação é toda 
 conduta positiva ou negativa que expresse a personalidade do sujeito. 
 
 2.6.2. Jakobs (funcionalismo penal sistêmico) ação é a produção 
 individual do resultado evitável. A pessoa é aquela que cumpre seu papel 
 social de respeitador das normas. 
 
 
 
 
 
Teoria da Conduta 
2. Teorias da Conduta 
 
 
2.7. Teoria significativa da conduta: 
 
 2.7.1. Sugere-se um novo modelo de análise e solução dos problemas 
 da teoria do delito, partindo da premissa normativa de que ação não é 
 algo que os homens fazem, mas sim o significado do que fazem. 
 
 
 
 
Teoria da Conduta 
3. Modalidades 
 
 
3.1. Existem duas modalidades de conduta penalmente relevantes: a 
conduta comissiva e a conduta omissiva. 
 
 3.1.1. Ação: conduta comissiva, aquela que exige um fazer. 
 
 3.1.2. Omissão: trata-se de não realizar um comportamento 
 esperado, quando no caso concreto havia a possibilidade e o dever de 
 fazê-lo. A omissão será própria ou imprópria. 
 
 
 
 
 
Teoria da Conduta 
3. Modalidades 
 
 
3.2. Omissão própria (ou pura): a conduta se perfaz com a simples não 
realização da atividade determinada pelo tipo penal incriminador. Os crimes 
omissivos puros são classificados como crimes de mera conduta. 
 
 
3.3. Omissão imprópria: corresponde às hipóteses em que o agente 
(omitente) se coloca em uma posição especial de proteção para com o bem 
jurídico (ele será o agente garantidor da não ocorrência do resultado criminoso). 
Trata-se dos crimes chamados de comissivos por omissão. 
 
 
 
 
 
Teoria da Conduta 
4. Ausência de Conduta 
 
 
4.1. Inexiste conduta quando o agente atua sem voluntariedade. 
 
 
4.2. A consequência da ausência de conduta é a desnecessidade dogmática de 
se perquirir acerca dos demais pressupostos do crime (tipicidade, antijuridicidade 
e culpabilidade). 
 
 
4.3. São três as hipóteses de excludentes de ação: 
 
4.3.1. Coação física irresistível: trata-se da força física superior que retira a 
voluntariedade do agir humano. O hipotético “autor do fato” (o coato) torna-se 
mero instrumento do verdadeiro autor (o coator). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria da Conduta 
4. Ausência de Conduta 
 
 
4.3.2. Atos reflexos: aqueles em que a inervação muscular ou sua
ausência é 
acarretada por estímulos dirigidos diretamente ao sistema nervoso autônomo. 
 
4.3.3. Estados de inconsciência: estado do organismo humano que igualmente 
anula a voluntariedade da conduta, como o que ocorre com o sonambulismo ou a 
hipnose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria da Conduta 
5. Resultado 
 
 
5.1. A dogmática penal compreende a ideia de resultado sob dois enfoques: o 
resultado jurídico e o resultado material. 
 
 
5.2. Resultado jurídico: do ponto de vista jurídico ou normativo, resultado 
compreende a lesão ou perigo de lesão do bem jurídico. 
 
 
5.3. Resultado material: é a consequência da conduta realizada, a alteração 
do mundo exterior. 
 
 
5.4. Sob o enfoque material, a doutrina sustenta que há delitos sem 
resultado, como ocorre com os chamados delitos formais ou de mera conduta. 
Nestes casos, o tipo somente descreve a conduta ou, descrevendo conduta e 
resultado, prescinde deste último. 
 
 
 
 
 Roteiro 12: 
 
Causalidade e 
Imputação Objetiva 
 
1. Noções Introdutórias 
2. Teoria da Equivalência 
dos Antecedentes 
3. Teoria da Causalidade Adequada 
4. Superveniência Causal 
5. Teoria da Imputação Objetiva 
 
 
 
 
 
Causalidade e Imputação Objetiva 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Nos crimes materiais, deve ser estabelecida a relação de causalidade 
entre ação e resultado. Para determinar quando o autor deu causa ao resultado, 
existem diversas teorias. 
 
 
1.2. A relevância da matéria reside no fato de a causalidade constituir 
limitação à responsabilidade penal: o crime não pode ser atribuido a quem não 
deu causa a ele. 
 
 
 
 
 
Causalidade e Imputação Objetiva 
2. Teoria da Equivalência dos Antecedentes 
 
 
2.1. Também denominada teoria da conditio sine qua non. 
 
 
2.2. Sustenta que são causas de um resultado todas as condições que 
colaboram para a sua produção, independentemente de sua maior ou menor 
proximidade ou do grau de importância. 
 
 
2.3. O método da eliminação hipotética resolve a questão de saber quando 
uma conduta funciona como causa de um resultado. 
 
 
 
 
 
Causalidade e Imputação Objetiva 
2. Teoria da Equivalência dos Antecedentes 
 
 
2.4. Eliminação hipotética: 
 
 2.4.1. Uma conduta causou o resultado quando, eliminada 
 mentalmente, faz desaparecer também o resultado; 
 
 2.4.2. Criticada essencialmente em razão do regresso ao infinito, por 
 não se ter como limitar a extensão desta eliminação. 
 
 
 
 
Causalidade e Imputação Objetiva 
3. Teoria da Causalidade Adequada 
 
 
3.1. Procurou corrigir as limitações da equivalência das condições, 
sobrepondo-lhe um juízo de valor para além da constatada causalidade natural. 
 
 
3.2. Considera-se causa a condição que for mais adequada à produção do 
resultado. 
 
 
3.3. Para tanto, utiliza-se do chamado juízo de prognose objetivo-posterior, ou 
seja, o juiz deve se colocar, objetivamente, na posição de alguém que estivesse de 
posse das informações disponíveis sobre determinado episódio. 
 
 
 
 
 
Causalidade e Imputação Objetiva 
3. Teoria da Causalidade Adequada 
 
 
3.4. Entende que não é razoável retroceder para além do fator adequado à 
produção do resultado, na busca pela sua causa. 
 
 
3.5. Esta teoria introduz o critério da previsibilidade, antecipando a questão 
da responsabilidade. 
 
 
 
 
Causalidade e Imputação Objetiva 
4. Superveniência Causal 
 
 
4.1. Diante das limitações da teoria da equivalência dos antecedentes – 
prevista no caput do artigo 13 CP – o legislador tratou de prever a teoria da 
causalidade adequada nos termos do § 1º deste mesmo artigo. 
 
 
4.2. Quanto ao processo físico de sucessão de causas naturais, somente as 
concausas absolutamente independentes rompem o nexo de causalidade. 
 
 
 
 
 
Causalidade e Imputação Objetiva 
4. Superveniência Causal 
 
 
4.3. As concausas relativamente independentes não rompem o nexo de 
causalidade. Isto porque, se de um lado, elas são relativamente independentes, do 
outro, elas são relativamente dependentes da causa originária. Estão, assim, 
parcialmente atreladas aos fatores naturais originais. 
 
 
4.4. Pelo fator cronológico, as concausas podem ser preexistentes, 
concomitantes ou supervenientes. Pelo fator origem, podem ser absoluta ou 
relativamente independentes. 
 
 
 
 
Causalidade e Imputação Objetiva 
5. Teoria da Imputação Objetiva 
 
 
5.1. Teorias por meio das quais se pretende reduzir o alcance, por vezes 
considerado excessivo, da equivalência dos antecedentes. 
 
 
5.2. Roxin: 
 
 5.2.1. Teoria do risco ou sistema racional-teleológico; 
 
 5.2.2. Exclusão da imputação do resultado diante da diminuição do 
 risco ao bem jurídico ou diante da falta de criação de perigo para este. 
 
 
 
 
 
Causalidade e Imputação Objetiva 
5. Teoria da Imputação Objetiva 
 
 
5.3. Jakobs: 
 
 5.3.1. Teoria dos papéis; 
 
 5.3.2. O comportamento humano está vinculado a determinados papeis 
 sociais, desconsiderando a causalidade nas hipóteses em que não houver 
 a frustração destes; 
 
 5.3.3. Quatro critérios de imputação: risco permitido, princípio da 
 confiança, proibição de regresso e competência ou capacidade da vítima. 
 Roteiro 13: 
 
Teoria do Tipo Doloso 
 
1. Noções Introdutórias 
2. Bem Jurídico e 
Elemento do Delito 
3. Tipicidade Penal 
4. Classificações 
5. Elementos do Tipo Objetivo 
6. Elementos do Tipo Subjetivo 
7. Elemento Subjetivo do Tipo 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Tipo: conjunto dos elementos objetivos e subjetivos contidos na norma 
penal incriminadora. 
 
 
1.2. Funções do tipo: 
 
 1.2.1. Sistemática: o tipo abarca o conjunto dos elementos que 
 possibilitam informar se e qual delito ocorreu no caso concreto; 
 
 1.2.2. Dogmática: consiste em descrever os elementos cujo 
 desconhecimento exclui-se o dolo; 
 
 1.2.3. Político-criminal: função de garantia com assento 
 constitucional, sendo a tradução dogmática do postulado da reserva legal. 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
2. Bem Jurídico e Elemento do Delito 
 
 
2.1. Todo tipo penal tutela um ou mais bens jurídicos, não devendo haver um 
tipo penal sem que haja um bem jurídico a ele conectado. 
 
 
2.2. Um longo caminho foi percorrido pela teoria do tipo penal até que 
passasse a integrar a estrutura do crime. A evolução do tipo contou com as 
seguintes fases: 
 
 2.2.1. Tipo objetivado e livre de valor; 
 
 2.2.2. O descobrimento do tipo subjetivo; 
 
 2.2.3. O caráter valorativo do tipo; 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
2. Bem Jurídico e Elemento do Delito 
 
 
 2.2.4. O tipo como ratio essendi da antijuridicidade; 
 
 2.2.5. A teoria dos elementos negativos do tipo; 
 
 2.2.6. O finalismo. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
3. Tipicidade Penal 
 
 
3.1. É a conformidade do fato praticado pelo agente com a moldura 
abstratamente descrita na lei penal. 
 
 
3.2. Correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada 
espécie de infração contida na lei penal incriminadora. 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
3. Tipicidade Penal 
 
 
3.3. O processo de adequação típica pode se dar de duas formas: 
 
 3.3.1. Adequação típica imediata ou direta, quando o fato concreto 
 se subsume ao modelo descrito no tipo penal, sem necessidade do 
 concurso de qualquer outra norma; 
 
 3.3.2. Adequação típica mediata ou indireta, quando existe uma 
 conduta que, embora não se amolde imediatamente a um crime descrito 
 na lei penal, é tida como típica em razão da incidência
de uma norma 
 (chamada de norma de extensão). 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
4. Classificações 
 
 
4.1. O tipo penal é objeto de algumas naturezas de classificações. 
 
 4.1.1 Tipo fechado: a conduta pode ser perfeitamente 
 individualizada, sem a necessidade de recorrer-se a outros elementos 
 além dos fornecidos pela própria lei no tipo penal. 
 
 4.1.2. Tipo aberto: não existe por completo a descrição da conduta 
 ilícita, é preciso que o juiz a complemente. 
 
 4.1.3. Tipo básico: é a forma fundamental da figura delituosa, 
 geralmente prevista no caput do dispositivo legal; compreende as 
 elementares do crime. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
4. Classificações 
 
 
 4.1.4. Tipo derivado: é o desdobramento da forma básica, a ela 
 sendo agregados elementos ou circunstâncias que tornam a conduta mais 
 ou menos grave. 
 
 4.1.5. Tipo simples: contém uma só espécie de conduta punível, isto 
 é, somente um verbo núcleo. 
 
 4.1.6. Tipo misto: apresenta mais de uma forma de realização do fato 
 delituoso, prevendo mais de uma conduta e, portanto, contendo mais de 
 um verbo núcleo. 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
5. Elementos do Tipo Objetivo 
 
 
5.1. O tipo objetivo representa a exteriorização da vontade que concretiza o 
tipo subjetivo. Contém sempre elementos descritivos e, em alguns casos, 
elementos normativos. 
 
 
5.2. Elementos descritivos: expressões do tipo que são compreendidas de 
imediato, pela simples constatação sensorial. 
 
 
5.3. Elementos normativos: expressões cuja exata compreensão demanda 
uma atividade valorativa no próprio campo da tipicidade, podendo compreender 
um conceito cultural ou mesmo uma expressão jurídica. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
6. Elementos do Tipo Subjetivo 
 
 
6.1. O conhecimento e a identificação da intenção (vontade e consciência) do 
agente são indispensáveis para que se classifique um comportamento como típico. 
 
 
6.2. O tipo subjetivo é constituído de um elemento geral – o dolo –, o qual, 
por vezes, é acompanhado de elementos especiais – intenções e tendências –, que 
são elementos acidentais. 
 
 
6.3. O dolo como elemento subjetivo geral é a consciência e vontade (saber e 
querer) da realização da conduta descrita no tipo penal. Compreende um aspecto 
cognitivo (a consciência) e um aspecto volitivo (a vontade). 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
6. Elementos do Tipo Subjetivo 
 
 
6.4. São três as espécies de dolo: 
 
 6.4.1. Dolo direto de primeiro grau  o agente quer o resultado 
 criminoso como fim de sua ação; 
 
 6.4.1. Dolo direto de segundo grau  o fim proposto e os meios 
 escolhidos são abrangidos imediatamente, pela vontade consciente do 
 agente, mas os efeitos colaterais necessários em face da natureza do fim 
 proposto ou dos meios empregados são abrangidos mediatamente; 
 
 6.4.2. Dolo eventual  o agente não quer diretamente a realização 
 do tipo, mas aceita como possível ou até provável a sua realização, 
 demonstrando indiferença com relação a isto. 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
7. Elemento Subjetivo do Tipo 
 
 
7.1. Também chamado de dolo específico, consiste no especial fim de agir. 
 
 
7.2. O dolo é o elemento subjetivo geral dos comportamentos dolosos, mas 
não é o único componente subjetivo destes. 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Doloso 
7. Elemento Subjetivo do Tipo 
 
 
7.3. São três as principais espécies classificadas pela doutrina. 
 
 7.3.1. Delitos de intenção: situações caracterizadas por uma 
 intenção que ultrapassa o tipo objetivo para se fixar em resultados que 
 não precisam ser concretamente realizados, mas que devem existir no 
 psiquismo do autor. 
 
 7.3.2. Delitos de tendência: há uma tendência afetiva do autor que 
 impregna a ação típica (por exemplo, nos crimes sexuais, a tendência 
 voluptuosa adere à ação típica, atribuindo o caráter sexual ao 
 comportamento do autor). 
 
 7.3.3. Delitos de atitude: existência de estados anímicos que 
 informam a dimensão subjetiva do tipo e intensificam ou agravam o 
 conteúdo do injusto, mas não representam um desvalor social 
 independente, como a crueldade, a má-fé e a traição. 
 
 Roteiro 14: 
 
Teoria do Tipo Culposo 
 
1. Noções Introdutórias 
2. Elementos do Tipo Culposo 
3. Espécies de Culpa 
4. Culpa Imprópria 
5. Dolo Eventual e 
Culpa Consciente 
6. Concorrência e 
Compensação de Culpa 
7. Crimes Qualificados 
pelo Resultado 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Culposo 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. No Brasil, os crimes, em regra, são punidos a título de dolo. Artigo 18, 
parágrafo único CP: a modalidade culposa tem que estar expressamente 
prevista em lei. 
 
 
1.2. A definição de crime culposo é mais complexa do que a previsão legal: 
trata-se dos casos em que o agente, violando o cuidado a que estava adstrito, 
causa o resultado que podia prever, ou que previu, supondo, levianamente, que 
não ocorreria. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Culposo 
2. Elementos do Tipo Culposo 
 
 
2.1. Diferentemente da estrutura relativa ao crime doloso, a do crime culposo 
engloba conduta humana, resultado e nexo de causalidade, além de compreender 
a imputação objetiva. 
 
 
 2.2. São quatro os elementos que precisam estar presentes na 
 conduta praticada para que se esteja diante de um crime culposo: 
 
 2.2.1. Conduta lícita  por si só, a conduta não é reprovável, 
 somente adquirindo o status de ilícita em razão do resultado a que deu 
 causa; 
 
 2.2.2. Previsibilidade  o resultado deve ser previsível de forma 
 objetiva (isto é, para o “homem médio”) e de forma subjetiva (para o 
 agente nas circunstâncias concretas); 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Culposo 
2. Elementos do Tipo Culposo 
 
 
 2.2.3. Inobservância das normas de atenção, cuidado ou 
 diligência  pode ocorrer por meio de imprudência (comportamento 
 comissivo), negligência (comportamento omissivo) ou imperícia (falta de 
 capacidade, despreparo ou insuficiência de conhecimento técnico para 
 exercício de arte, profissão ou ofício); 
 
 2.2.4. Resultado  lesão do bem jurídico, a qual deve estar em 
 relação de causalidade com a ação ou omissão contrária ao dever de 
 cuidado. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Culposo 
3. Espécies de Culpa 
 
 
3.1. Culpa consciente (culpa com previsão): 
 
 3.1.1. Ocorre a efetiva previsão do resultado, sem que se aceite o risco 
 de produzi-lo; 
 
 3.1.2. O agente crê, por confiança em si próprio ou por leviandade, que 
 poderá evitar o previsível resultado. 
 
 
3.2. Culpa inconsciente (culpa sem previsão): 
 
 3.2.1. O agente não previu o resultado que poderia e deveria ter 
 previsto; 
 
 3.2.2. Apesar da previsibilidade, não há previsão, por descuido, 
 desatenção ou simples desinteresse. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Culposo 
4. Culpa Imprópria 
 
 
4.1. Trata-se, na verdade, de uma conduta dolosa à qual a lei reservou pena 
de um crime culposo, já que este é sancionado de forma mais branda que um 
crime doloso. 
 
 
4.2. É o que ocorre com as descriminantes putativas: o agente erra sobre a 
ilicitude de seu comportamento, sabendo perfeitamente que realiza a conduta 
típica, tanto do ponto de vista objetivo como subjetivo. Ele sabe o que faz, mas 
supõe erroneamente que estaria permitido. Exclui-se não a tipicidade, mas sim a 
reprovabilidade da ação. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Culposo 
5. Dolo Eventual e Culpa Consciente 
 
 
5.1. Dolo eventual e culpa consciente apresentam um traço em comum: em 
ambos os casos o agente previu o resultado. No primeiro caso, não se importou 
com ele, e no segundo, não acreditou na sua ocorrência. 
 
 
5.2. Para diferenciá-los, é
preciso recorrer às chamadas teorias do dolo 
eventual. 
 
 5.2.1. Teorias cognitivas: teorias nas quais prepondera o aspecto da 
 previsão, isto é, a consciência sobre o resultado. As mais importantes são 
 a Teoria da Possibilidade e a Teoria da Probabilidade. 
 
 5.2.2. Teorias volitivas: deve preponderar a vontade sobre a 
 previsão, ou seja, a distinção entre dolo eventual e culpa consciente é 
 feita com base no aspecto volitivo (na postura que o agente adota frente 
 à perspectiva do resultado). 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Culposo 
5. Dolo Eventual e Culpa Consciente 
 
 
5.3. O Código Penal brasileiro optou pelas correntes volitivas, uma vez que é o 
aspecto volitivo que demarca o dolo, seja direto, seja eventual, apartando-o da 
culpa consciente ou inconsciente 
 
 
5.4. Quanto à diferença entre dolo eventual e culpa consciente, deve-se optar 
pelas teorias volitivas (do consentimento ou da indiferença). Elas concluem que se 
o agente tolera a produção do resultado, se o resultado lhe é indiferente, terá 
operado com dolo eventual. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Culposo 
6. Concorrência e Compensação de Culpa 
 
 
6.1. Havendo concorrência de culpas, isto é, cada um violando o seu dever de 
cuidado, haverá a punição isolada de cada autor (autoria colateral). 
 
 
6.2. Não se admite a chamada compensação de culpas, ficando cada um 
responsável pelo dever de cuidado inobservado. Da mesma forma, eventual culpa 
concorrente da vítima não exclui a do agente. Só há a exclusão quando ocorrer a 
culpa exclusiva da vítima. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Culposo 
7. Crimes Qualificados pelo Resultado 
 
 
7.1. Crime preterdoloso (ou preterintencional) é aquele em que a conduta 
produz um resultado mais grave do que o pretendido pelo sujeito. 
 
 
7.2. Trata-se de uma espécie do gênero crimes qualificados pelo resultado. O 
resultado que agrava a pena pode se dar a título de dolo ou culpa. 
 Roteiro 15: 
 
Teoria do Tipo Omissivo 
 
1. Noções Introdutórias 
2. Causalidade na Omissão 
3. Tipos Omissivos Próprios 
4. Tipos Omissivos Impróprios 
5. A posição de Garantidor 
6. Particularidades da 
Omissão Imprópria 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Omissivo 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Omissão é a abstenção de atividade que o agente podia e devia realizar. 
Trata-se de não fazer algo que, nas circunstâncias, era ao agente imposto pelo 
direito e que lhe era possível submeter ao seu poder final de realização. 
 
 
1.2. A omissão penalmente relevante é aquela que desatende ao comando 
normativo que espera a ação para proteger determinado bem jurídico. 
 
 
1.3. O mero não fazer desvinculado da norma jurídica, ainda que afrontoso de 
preceitos morais, éticos ou religiosos, é penalmente irrelevante. 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Omissivo 
2. Causalidade na Omissão 
 
 
2.1. Não se considera apropriado falar na existência de uma relação de 
causalidade física (material) entre a omissão e o resultado, visto que, como é de 
conhecimento geral, do nada, nada surge. 
 
 
2.2. Na omissão, não há o nexo de causalidade, há o nexo de não-
impedimento. A omissão se relaciona com o resultado pelo seu não-impedimento e 
não pela sua causação. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Omissivo 
3. Tipos Omissivos Próprios 
 
 
3.1. Também chamados de crimes omissivos puros, trata-se daquele que se 
perfaz com a simples abstenção que viola o dever legal de agir previsto na norma 
penal incriminadora. 
 
 
3.2. Trata-se de delito de mera conduta, geralmente crime de perigo, nos 
quais o legislador se contenta com a desobediência à norma mandamental, sendo 
desnecessária a verificação material de qualquer evento. 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Omissivo 
3. Tipos Omissivos Próprios 
 
 
3.3. Está categoricamente afastada a possibilidade de tentativa nesta espécie 
de delito, uma vez que trata-se de delito unissubsistente. Da mesma maneira, não 
há coautoria ou participação punível nos crimes omissivos próprios. 
 
 
3.4. Se alguém, pela violência ou ameaça, impede a ação devida, praticará 
crime comissivo, tendo em vista o resultado. Por fim, não há autoria mediata em 
crime omissivo. 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Omissivo 
4. Tipos Omissivos Impróprios 
 
 
4.1. Também denominados comissivos por omissão ou de omissão qualificada, 
são aqueles que se perfazem quando o omitente, pela posição especial em que se 
colocou, não evita a produção do resultado que estava obrigado a impedir. 
 
 
4.2. Enquanto na omissão própria a tipicidade se opera por meio de uma 
única norma penal (incriminadora), no delito comissivo por omissão faz-se 
necessária uma segunda norma para a aferição da tipicidade de determinada 
inação. 
 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Omissivo 
5. A posição de Garantidor 
 
 
5.1. Artigo 13, § 2º, CP: o dever de agir incumbe a quem: 
 
 5.1.1. Tenha, por lei, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 
 5.1.2. De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o 
 resultado; 
 
 5.1.3. Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do 
 resultado. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Omissivo 
6. Particularidades da Omissão Imprópria 
 
 
6.1. O dever de impedir o resultado, que incumbe àqueles que se encontram 
nas circunstâncias relacionadas nas alíneas “a”, “b” e “c”, do citado § 2º, exige 
aptidões físicas e proximidade espacial entre o sujeito e a vítima. 
 
 
6.2. O tipo subjetivo requer a consciência da posição de garantidor. O erro 
quanto a esse estado é o erro de tipo, que exclui o dolo. 
 
 
6.3. No crime comissivo por omissão culposo, o agente viola duas ordens 
normativas: a primeira corresponde ao referido dever de agir; a segunda, ao 
dever objetivo de cuidado. 
 
 
 
 
Teoria do Tipo Omissivo 
6. Particularidades da Omissão Imprópria 
 
 
6.4. A tentativa é perfeitamente possível nos crimes de omissão imprópria. 
Como se trata de um delito material, o resultado poderá não se verificar por 
circunstâncias alheias à vontade do garantidor. 
 
 
6.5. O delito de omissão imprópria requer do sujeito uma qualidade especial. 
Em razão disso, não cabe falar em coautoria ou em participação 
 Roteiro 16: 
 
Antijuridicidade 
 
1. Noções introdutórias 
2. Terminologia 
3. Aspectos Formal e Material 
4. Causas de Exclusão 
5. Elemento Subjetivo nas 
Causas de Justificação 
6. Excesso nas Causas Justificantes 
7. Estado de Necessidade 
e Legítima Defesa 
8. Estrito Cumprimento de Dever Legal 
e Exercício Regular de Direito 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Antijuridicidade é o juízo de contrariedade entre a conduta típica e o 
ordenamento jurídico no conjunto de suas proibições e permissões. 
 
 
1.2. O legislador faz uma eleição dos comportamentos que violam os bens 
jurídicos mais relevantes, selecionando, assim, as condutas ilícitas. Se, no 
entanto, a conduta estiver coberta por uma causa justificante, resta afastada a 
antijuridicidade. 
 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
2. Terminologia 
 
 
2.1. A doutrina brasileira utiliza, indistintamente, as expressões 
antijuridicidade e ilicitude. 
 
 
2.2. A antijuridicidade é noção de contrariedade para com o ordenamento 
jurídico, e o injusto é a conduta em si avaliada como antijurídica. A 
antijuridicidade é uma qualidade do injusto. 
 
 
2.3. Antinormatividade é a contradição do fato realizado para com a norma 
proibitiva do tipo pena pertinente. A realização da conduta típica acarreta sua 
antinormatividade. Mas, para que haja antijuridicidade, é preciso comparar o fato 
com o conjunto das normas proibitivas e permissivas 
 
 
2.4.
Teoria da tipicidade conglobante (Zaffaroni): a tipicidade penal pressupõe 
a tipicidade legal, exigindo, porém, que a conduta seja antinormativa. 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
3. Aspectos Formal e Material 
 
 
3.1. A antijuridicidade formal consiste na contradição do fato para com o 
conjunto de normas jurídicas. 
 
 
3.2. A antijuridicidade material, é a consideração desse mesmo fato, sob o 
aspecto do desvalor da lesão ou perigo acarretado ao bem jurídico. 
 
 
3.2.1. Quanto à antijuridicidade material, além da contradição da conduta 
 praticada com a previsão da norma, é necessário que o bem jurídico 
 protegido sofra a ofensa ou a ameaça potencializada pelo comportamento 
 desajustado. 
 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
4. Causas de Exclusão 
 
 
4.1. Pode ocorrer a incidência de uma causa que exclua a antijuridicidade do 
fato, mantendo-se apenas sua tipicidade. Quando isto ocorre, não há o crime. 
 
 
4.2. Assim, pode-se dizer que os comportamentos típicos são, em regra, 
ilícitos, salvo se estiver presente uma causa de justificação. 
 
 
4.3. Podem ser classificadas em três grandes grupos: 
 
 4.3.1. Causas que defluem de situação de necessidade (legítima defesa 
 e estado de necessidade); 
 
 4.3.2. Causas que defluem da atuação do direito (exercício regular de 
 direito, estrito cumprimento de dever legal); 
 
 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
4. Causas de Exclusão 
 
 
 4.3.3. Causa que deflui de situação de ausência de interesse 
 (consentimento do ofendido). 
 
 
4.4. Consentimento do ofendido – requisitos: 
 
 4.4.1. Ofendido com capacidade jurídica para consentir, ou seja, com 
 maturidade e sanidade mental; 
 
 4.4.2. Manifestação de vontade idônea, isto é, não obtida por coação, 
 simulação, fraude, erro e outros defeitos previstos na lei civil; 
 
 4.4.3. Consentimento para lesão de bens disponíveis (ex: liberdade de 
 locomoção, patrimônio, honra, etc.); 
 
 4.4.4. Que o consentimento ocorra antes ou durante a realização da 
 conduta por parte do agente. 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
5. Elemento Subjetivo nas Causas de Justificação 
 
 
5.1. É preciso que o agente conheça a situação justificante e que atue 
amparado pelo Direito. 
 
 
5.2. Como as justificações excluem não somente o desvalor do resultado, mas 
o próprio desvalor da ação típica, a ausência dos elementos subjetivos das 
justificações significa dolo não justificado de realização do injusto. 
 
 
5.3. As condutas justificantes devem ser finais como todas as condutas 
humanas. 
 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
6. Excesso nas Causas Justificantes 
 
 
6.1. Hipóteses em que, embora agindo, inicialmente, acobertado por uma 
justificante, o agente extrapola a autorização legal, lesionando desarrazoadamente 
bem jurídico alheio. 
 
 
6.2. Excesso é a intensificação desnecessária da conduta inicialmente 
justificada. Pode ocorrer de forma culposa ou dolosa. 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
7. Estado de Necessidade e Legítima Defesa 
 
 
7.1. A diferença fundamental entre estado de necessidade e legítima defesa 
(que é uma espécie do estado de necessidade) é que, no primeiro, há uma ação e, 
na segunda, uma reação. 
 
 
7.2. No estado de necessidade há o ataque a um bem jurídico protegido em 
razão de uma situação de perigo, enquanto que, na legítima defesa, ocorre uma 
reação a uma agressão humana injusta. 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
7. Estado de Necessidade e Legítima Defesa 
 
 
7.3. Estado de Necessidade: 
Bem jurídico 
sacrificado de 
Bem jurídico 
protegido de 
Estado de 
Necessidade 
Menor Valor Maior Valor Justificante 
Igual Valor Igual Valor Justificante 
Maior valor Menor valor Exculpante 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
7. Estado de Necessidade e Legítima Defesa 
 
 
7.4. Espécies: 
 
 7.4.1. Real (legítima defesa propriamente dita); 
 
 7.4.2. Putativa (decorrente de erro acerca da existência dos elementos 
 objetivos); 
 
 7.4.3. Sucessiva (quando há excesso no exercício da legítima defesa 
 pelo originalmente agredido); 
 
 7.4.4. Recíproca (hipotética presença de duas legítimas defesas reais, o 
 que é inadmissível; é a chamada legítima defesa da legítima defesa, e é 
 inadmissível). 
 
 
 
 
Antijuridicidade 
8. Estrito Cumprimento de Dever Legal e Exercício Regular de 
Direito 
 
 
8.1. Estrito cumprimento de dever legal: situações em que a lei determina 
que seus executores realizem atos que lesionam bens jurídicos alheios 
 
 
8.2. Exercício regular de direito: será regular o direito subjetivo exercitado 
dentro dos parâmetros legais ou consoante as prescrições do Poder Público, já que 
o exercício jurídico não pode ser ao mesmo tempo, antijurídico. Ofendículas: 
defesas predispostas, que significam dispositivos ou instrumentos objetivando 
impedir ou dificultar a ofensa ao bem jurídico protegido. 
 Roteiro 17: 
 
Culpabilidade 
 
1. Noções introdutórias 
2. Evolução Dogmática 
3. Elementos 
4. Imputabilidade 
5. Potencial Conhecimento 
da Antijuridicidade 
6. Exigibilidade de 
Conduta Diversa 
7. Emoção e Paixão 
8. Embriaguez 
9. Estado de Necessidade 
Exculpante 
 
 
 
 
 
 
Culpabilidade 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Culpabilidade é o último elemento da Teoria do Crime. Refere-se à 
reprovabilidade do indivíduo, isto é, é a capacidade de ser culpável, de condicionar 
o comportamento do indivíduo de acordo com o Direito. 
 
 
1.2. A maioria da doutrina pátria considera que o fato típico e antijurídico 
somente se converte em delito quando se reprova o seu autor. Haveria, dessa 
maneira, uma dupla função da culpabilidade: elemento do delito e critério 
mensurador da aplicação da pena. 
 
 
 
 
Culpabilidade 
2. Evolução Dogmática 
 
 
2.1. Teoria Causalista (Liszt e Beling): culpabilidade era sinônimo de dolo ou 
culpa. 
 
 
2.2. Teoria Neokantista: formulou as críticas à concepção puramente 
psicológica da teoria anterior. Culpabilidade passou a ser entendida como 
reprovabilidade, sendo composta ainda pelo dolo e culpa, junto a outros requisitos 
normativos. 
 
 
 
 
 
Culpabilidade 
2. Evolução Dogmática 
 
 
2.3. Teoria Finalista (Welzel): passou-se a distinguir, de maneira mais 
técnica, a vontade de ação como objeto de valoração (que foi remetida para o tipo 
subjetivo) da valoração do objeto, consistente no juízo de reprovabilidade ante a 
motivação do autor. 
 
 
2.4. Teoria da atitude interna deficiente: o juízo de reprovabilidade possui 
um objeto próprio, que é a atitude interna juridicamente deficiente do autor, a 
partir da qual se originou a resolução do cometimento do fato. 
 
 
 
 
Culpabilidade 
3. Elementos 
 
 
3.1. A culpa passa a consistir na reprovabilidade da conduta ilícita (típica e 
antijurídica) de quem tem capacidade genérica de entender e querer 
(imputabilidade) e podia, nas circunstâncias em que o fato ocorreu conhecer a sua 
ilicitude, sendo-lhe exigível comportamento que se ajuste ao direito. 
 
 
3.2. São três os elementos ou requisitos da culpabilidade: 
 
 a) imputabilidade; 
 
 b) potencial conhecimento da ilicitude; e 
 
 c) Exigibilidade de Conduta Diversa. 
 
 
 
 
Culpabilidade 
4. Imputabilidade 
 
 
4.1. Conjunto de condições pessoais que dão ao agente a capacidade livre de 
autodeterminação. 
 
 
4.2. Pressupõe a existência de dois requisitos: 
 
 4.2.1. Maturidade, que para o Direito Penal brasileiro, se inicia aos 18 
 anos de idade; 
 
 4.2.2. Sanidade, aferida pelo critério biopsicológico, o qual afasta a 
 imputabilidade se o agente sofrer de enfermidade ou retardo mental e se, 
 no momento da prática da conduta
criminosa, era incapaz de 
 entendimento ou de controle de seus impulsos antijurídicos. 
 
 
 
 
Culpabilidade 
4. Imputabilidade 
 
 
4.3. Imputabilidade diminuída ou semi-imputabilidade: instâncias 
intermediárias que figuram entre a plena capacidade penal e a inimputabilidade. 
Em tais situações, prepondera, ainda, o critério biopsicológico. 
 
 
4.4. Assim, em razão da perturbação mental ou de desenvolvimento mental 
incompleto ou retardado, que o agente não pudesse entender completamente o 
caráter antijurídico do fato ou, embora detendo tal percepção, não pudesse se 
determinar de acordo com a norma. 
 
 
 
 
Culpabilidade 
5. Potencial Conhecimento da Antijuridicidade 
 
 
5.1. O juízo de censura pressupõe que o agente saiba ou possa atingir a 
percepção de que o fato que praticou era antijurídico. 
 
 
5.2. A ausência ou errônea compreensão da ilicitude do fato acarreta aquilo 
que se denomina de erro sobre o que é proibido (erro de proibição). 
 
 
5.3. Se o agente não sabia e nem poderia atingir aquele conhecimento, tratar-
se-á de um erro invencível ou escusável. Ao revés, se o agente, com um pouco de 
cuidado ou diligencia, pudesse atinar para a antijuridicidade do fato, o erro de 
proibição passará a ser vencível ou inescusável. 
 
 
 
 
Culpabilidade 
6. Exigibilidade de Conduta Diversa 
 
 
6.1. Constatação de que o agente deveria e poderia ter agido de outro modo, 
isto é, que ele poderia ter adotado uma resolução de vontade de acordo com o 
ordenamento jurídico e não a resolução de vontade antijurídica. 
 
 
6.2. Existem duas figuras que excluem este elemento: 
 
 6.2.1. Coação moral irresistível, mediante a promessa de mal sério 
 (ameaça); 
 
 6.2.2. Obediência hierárquica (artigo 22 CP), uma vez que o servidor 
 público não pode questionar a determinação recebida da instância 
 superior, salvo se manifestamente ilegal. 
 
 
 
 
Culpabilidade 
7. Emoção e Paixão 
 
 
7.1. Emoção: estado afetivo que produz momentânea perturbação da 
personalidade e afeta o equilíbrio psíquico, acarretando alterações somáticas, com 
fenômenos neurovegetativos e motores. 
 
 
7.2. Paixão é a emoção-sentimento, ou seja, um processo afetivo duradouro. 
 
 
7.3. Embora não excluam a culpabilidade, tais estados de afetação humana 
podem incidir como causas de diminuição de pena. 
 
 
 
 
Culpabilidade 
8. Embriaguez 
 
 
8.1. Intoxicação aguda causada pelo álcool ou substância de efeito análogo. 
 
 
8.2. O suporte teórico para a reprovabilidade penal repousa na teoria da actio 
libera in causa, segundo a qual antecipa-se o juízo de reprovação para alcançar o 
momento anterior ao estado de embriaguez, quando o agente era livre para 
determinar-se conforme o Direito. 
 
 
8.3. Fala-se em três estágios da embriaguez: excitação, depressão e sono. O 
primeiro constitui a chamada embriaguez incompleta e os demais a embriaguez 
completa. 
 
 
 
 
Culpabilidade 
8. Embriaguez 
 
 
8.4. São quatro as espécies de embriaguez, a saber: 
 
 8.4.1. Fortuita ou acidental  decorre de caso fortuito (não 
 previsível para a generalidade das pessoas) ou força maior (involuntário e 
 inevitável). Se completa, exclui a imputabilidade (artigo 28, §§ 1º e 2º, 
 CP). 
 
 8.4.2. Voluntária ou culposa  na primeira, há consciência e 
 vontade da ingestão da substância; na segunda, violando o dever de 
 cuidado, o agente imprudentemente ingere a substância vindo, a ficar 
 embriagado. A lei penal equipara as duas hipóteses, não lhes retirando o 
 juízo de reprovabilidade caso venha a ser praticado algum fato delituoso 
 (art. 28, II, CP). 
 
 
 
 
 
 
Culpabilidade 
8. Embriaguez 
 
 
 8.4.3. Preordenada  o agente dolosamente ingere álcool ou 
 substância de efeito análogo, para criar coragem para a prática de delito 
 comissivo. Existe, para esta, a previsão legal de uma maior 
 reprovabilidade (artigo 62, II, “e”, CP). 
 
 8.4.4. Patológica  decorrente do alcoolismo, isto é, cuida-se de 
 doença incurável, embora passível de controle. O alcoólatra poderá vir a 
 ser isento de pena caso a perícia comprove a sua doença mental (artigo 
 26 CP). 
 
 
 
 
Culpabilidade 
9. Estado de Necessidade Exculpante 
 
 
9.1. A lei penal brasileira reconhece, apenas, a figura do estado de 
necessidade justificante (artigo 24 CP). Aquilo que corresponderia ao estado de 
necessidade exculpante – o sacrifício de bem maior valor do que aquele 
salvaguardado – funciona, somente, como atenuação da reprovabilidade (artigo 
24, § 2º, CP). 
 
 
9.2. Parte da doutrina sustenta que a teoria diferenciadora entre os estados 
de necessidade justificante e exculpante pode ser aplicada como causa supralegal 
de exclusão da culpabilidade, quando não puder ser exigido do agente, no caso 
concreto, um comportamento conforme o Direito. 
 Roteiro 18: 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
 
1. Noções introdutórias 
2. Classificações 
3. Evolução Dogmática 
4. Erro de Tipo 
5. Erro de Proibição 
6. Descriminantes Putativas 
7. Erro sobre a Pessoa 
8. Erro sobre o Objeto 
9. Erro provocado por Terceiro 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Para fins penais, considera-se como erro a falsa representação da 
realidade. Ao erro equipara-se a ignorância, ou seja, a ausência daquela 
representação. 
 
 
1.2. Reconhece-se duas situações nas quais a formação equivocada da ideia 
no agente pode repercutir na caracterização do fato criminoso: 
 
 1.2.1. Pode excluir o dolo do agente, configurando erro de tipo 
 (equívoco quanto às elementares do tipo); 
 
 1.2.2. Ou pode afetar somente a sua culpabilidade, configurando erro 
 de proibição (incidente sobre a compreensão da antijuridicidade do fato). 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
2. Classificações 
 
 
2.1. Além da divisão entre erro de tipo e erro de proibição, outras 
classificações devem ser apresentadas. 
 
 2.1.1. Erro invencível (ou inevitável, ou escusável): equívoco que 
 qualquer indivíduo, quando colocado no lugar do agente, também 
 cometeria. 
 
 2.1.2. Erro vencível (ou evitável, ou escusável): poderia ser contornado 
 por uma pessoa diligente que estivesse no lugar do agente. 
 
 2.1.3. Erro essencial: traz consequências para a tipicidade e para a 
 antijuridicidade. 
 
 2.1.4. Erro acidental: não o faz, pois diz respeito a pequenos desvios 
 no processo de representação. 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
3. Evolução Dogmática 
 
 
3.1. Teoria extremada do dolo: 
 
 3.1.1. Concebia o dolo na culpabilidade e a consciência da 
 antijuridicidade no próprio dolo; 
 
 3.1.2. Caso o agente soubesse o que estava realizando, mas ignorasse, 
 no momento da ação, a antijuridicidade do seu atuar, todo o dolo seria 
 excluído. 
 
 
3.2. Teoria limitada do dolo: 
 
 3.2.1. Segue-se a disposição precedente, mas substitui-se o 
 conhecimento atual da antijuridicidade, acima mencionado, pelo 
 conhecimento potencial; 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
3. Evolução Dogmática 
 
 
 3.2.2. Caso o agente não soubesse, mas demonstrasse desprezo ou 
 indiferença para com as leis, continuaria a responder pela culpabilidade 
 dolosa. 
 
 
3.3. Teoria extremada da culpabilidade: 
 
 3.3.1. O dolo e a culpa passaram a ser analisados no tipo penal, 
 permanecendo a consciência da antijuridicidade (atual ou potencial) na 
 culpabilidade; 
 
 3.3.2. Feitas tais modificações dogmáticas na estrutura do crime, 
 surgiram as categorias do erro de tipo e do erro de proibição. 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
3. Evolução Dogmática 
 
 
3.4. Teoria limitada da culpabilidade:
3.4.1 Concorda com as premissas da teoria anterior; 
 
 3.4.2. Há que se distinguir o erro que recai sobre os pressupostos 
 fáticos de uma causa de justificação do erro que incide sobre a existência 
 ou os limites jurídicos de uma causa justificante. 
 
 
3.5. A divergência basilar entre as duas correntes restringe-se unicamente ao 
tratamento da descriminante putativa, pois, para a primeira teoria (extremada), 
constitui-se erro de proibição, ao passo que, para a segunda (limitada), constitui-
se erro de tipo permissivo, com o mesmo efeito do erro de tipo propriamente 
considerado. 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
3. Evolução Dogmática 
 
 
3.6. Teoria dos elementos negativos do tipo: 
 
 3.6.1. Concebe o tipo total de injusto, inserindo, no tipo penal, as 
 causas de justificação; 
 
 3.6.2. O erro, nas descriminantes putativas fáticas, seria erro de tipo e 
 como tal excluiria o dolo. 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
4. Erro de Tipo 
 
 
4.1. Incide sobre as elementares ou circunstâncias da figura típica, incluindo 
as formas qualificadas ou privilegiadas, bem como as circunstâncias legais 
agravantes. 
 
 
4.2. Artigo 20, caput, CP. O erro invencível exclui, além da tipicidade dolosa, a 
possível tipicidade culposa. Por sua vez, o erro vencível não exclui a punição a 
título de culpa, se prevista, para a conduta sob consideração. 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
5. Erro de Proibição 
 
 
5.1. Incide sobre o juízo de antijuridicidade de um comportamento típico. O 
agente tem perfeitamente formada a representação (parte cognitiva) da sua 
conduta, mas acredita, erroneamente, que a mesma não é contrária ao 
ordenamento jurídico. 
 
 
5.2. Artigo 21, 2ª parte, CP. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, 
isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
 
 
5.3. Não há que confundir ignorância ou erro sobre a vigência da lei com 
ignorância ou erro sobre a antijuridicidade do fato. O desconhecimento da lei é 
inescusável (artigo 21, 1ª parte, CP). 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
5. Erro de Proibição 
 
 
5.4. As principais modalidades de erro de proibição são: 
 
 
 5.4.1. Erro de proibição direto: erro de proibição propriamente dito, 
 isto é, o agente se engana a respeito da contradição entre o fato 
 praticado e a norma proibitiva; 
 
 5.4.2. Erro mandamental: erro de proibição que ocorre nos crimes 
 omissivos, próprios ou impróprios; 
 
 5.4.3. Erro de proibição indireto: erro de permissão, que ocorre se o 
 agente desconhecer a ilicitude do seu fato, por causa de suposição 
 errônea de uma causa de justificação. 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
6. Descriminantes Putativas 
 
 
6.1. Ao lado das hipóteses de erro de tipo e de erro de proibição, figuram as 
descriminantes putativas. 
 
 
6.2. O equívoco ocorre não naquilo que o agente ignora que realiza, ou na 
equivocada suposição de agir de forma permitida, mas sim, na irreal avaliação da 
situação concreta justificante. 
 
 
6.3. Artigo 20, § 1º, CP. É isento de pena quem, por erro plenamente 
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a 
ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa – erro 
vencível – e o fato é punível como crime culposo. 
 
 
 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
7. Erro sobre a Pessoa 
 
 
7.1. Em razão do engano, ao invés da conduta dirigir-se contra determinado 
indivíduo, atinge-se outro. 
 
 
7.2. Artigo 20, § 3º, CP. Prevalecendo o desvalor da ação sobre o desvalor do 
resultado, determina a lei que o agente deva responder como se tivesse atingindo 
a vítima que pretendia atingir. 
 
 
7.3. Não deve ser confundido com o erro na execução (aberratio ictus). Neste, 
por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, que pretendia 
atingir determinada pessoa, atinge pessoa diversa. A solução é a mesma dada ao 
erro sobre a pessoa (artigo 73 CP). 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
8. Erro sobre o Objeto 
 
 
8.1. Processa-se sobre o objeto material do crime, ou seja, sobre a coisa 
sobre qual recai a ação criminosa. 
 
 
8.2. Essa modalidade de erro acidental pode ser considerada por ocasião da 
dosimetria da pena, tendo em vista que um dos fatores que guiam o processo de 
individualização é, justamente, a motivação do crime. 
 
 
 
 
Teoria do Erro Jurídico-Penal 
9. Erro provocado por Terceiro 
 
 
9.1. Trata-se de uma das modalidades de autoria mediata. 
 
 
9.2. Aquele que dá causa ao resultado por ter sido induzido a erro por 
terceiro, não age com dolo. Portanto, para ele, cuida-se de um erro de tipo 
essencial. 
 
 
9.3. Artigo 20, § 2º, CP. Responde pelo erro o terceiro que o determinou. 
 
 
9.4. Pode o executor imediato operar em erro vencível, o que permite a sua 
punição a título de culpa. 
 Roteiro 19: 
 
Etapas de Realização do Delito 
 
1. Noções introdutórias 
2. Cogitação e Atos Preparatórios 
3. Atos Executórios, 
Consumação e Exaurimento 
4. Distinção entre Atos 
Preparatórios e Executórios 
5. Tentativa 
6. Desistência Voluntária 
e Arrependimento Eficaz 
7. Arrependimento Posterior 
8. Crime Impossível 
 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Também conhecidas como iter criminis, as etapas de realização do delito 
são o itinerário percorrido até que se chegue à vulneração de determinado bem 
jurídico-penal. 
 
 
1.2. Os presentes apontes teóricos permitem estabelecer, penalmente, a partir 
de que momento o crime foi praticado (consumado ou tentado), bem como 
fundamentam a responsabilização dos participantes. 
 
 
1.3. O iter criminis compreende as seguintes etapas: 1º cogitação; 2º atos 
preparatórios; 3º atos executórios; e 4º consumação. 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
2. Cogitação e Atos Preparatórios 
 
 
2.1. A cogitatio corresponde à fase interna do iter criminis. A mera 
antecipação mental do crime é irrelevante para o Direito. 
 
 
2.2. Os atos preparatórios (conatus remotus) compreendem o externar 
daquele propósito, com a adoção das providências preliminares à prática 
delituosa. Em regra, não são puníveis. Excepcionalmente, há normas que se 
antecipam e tipificam comportamentos que, a rigor, seriam preparatórios. 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
3. Atos Executórios, Consumação e Exaurimento 
 
 
3.1. Os atos executórios (conatus proximus) são as ações ou omissões 
diretamente dirigidas à concretização do propósito criminoso. A partir deste 
momento, o fato é punível, no mínimo, a título de tentativa. 
 
 
3.2. A consumação (meta optata) é a fase conclusiva do iter criminis. 
Segundo o artigo 14, I, CP, o delito está consumado quando estão reunidas todas 
as suas elementares. 
 
 
3.3. O exaurimento (post factum) não integra o iter criminis. Trata-se do 
momento posterior à consumação do delito, a realização completa do ilícito em 
vista do qual foi realizada a incriminação. Pode influenciar na quantificação da 
pena. 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
4. Distinção entre Atos Preparatórios e Executórios 
 
 
4.1. Teorias subjetivas: 
 
 4.1.1. O fundamental é levar-se em conta o propósito do agente ou 
 caracteres relacionados com o seu estilo de vida; 
 
 4.1.2. Teoria do dolo e teoria sintomática. 
 
 
4.2. Teorias objetivas: 
 
 4.2.1. Preconizam a construção segura de uma linha divisória entre 
 preparação impunível e crime tentado; 
 
 4.2.2. Teoria objetivo-material, teoria objetivo-formal, teoria objetivo-
 individual (teoria do plano do
autor). 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
4. Distinção entre Atos Preparatórios e Executórios 
 
 
4.3. Direito brasileiro: 
 
 4.3.1. A teoria objetivo individual (ou do plano do autor), que procede 
 à síntese entre as teorias formal e material, é a que conta, na atualidade, 
 com o maior número de adeptos, tanto na doutrina estrangeira como na 
 brasileira; 
 
 4.3.2. No entanto, especula-se que deveria ser adotada exclusivamente 
 a teoria objetivo-formal, já que é a que mais se vincula ao princípio da 
 reserva legal. 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
5. Tentativa 
 
 
5.1. Prevista no artigo 14, II, CP (causa geral de diminuição de pena), trata-
se de um tipo ampliador de normas penais incriminadoras – as quais, em regra, 
não preveem a forma tentada. 
 
 
5.2. Requisitos: 
 
 5.2.1. Início de execução da ação que constitui o crime; 
 
 5.2.2. Não superveniência do resultado por circunstâncias alheias à 
 vontade do agente; 
 
 5.2.3. Dolo e outros eventuais elementos subjetivos correspondentes 
 ao tipo subjetivo. 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
5. Tentativa 
 
 
5.3. Espécies: 
 
 5.3.1. Tentativa perfeita (ou acabada): também denominada crime 
 falho, ocorre quando o agente esgota todo o processo executório a que se 
 propôs, não sobrevindo a consumação por fatores involuntários. 
 
 5.3.2. Tentativa imperfeita: ocorre quando o agente não consegue levar 
 adiante todo o plano criminoso, tendo seu processo executório 
 interrompido antes de sua completa realização. 
 
 
5.4. A lei brasileira não prevê tratamento diferenciado para uma ou outra 
espécie, podendo haver, no máximo, distinção quanto à dosimetria da pena. 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
5. Tentativa 
 
 
5.5. Crimes que não admitem tentativa: 
 
 5.5.1. Crimes culposos  a tentativa pressupõe que o agente queira o 
 resultado ou assuma o risco de produzi-lo. Se, do contrário, por uma 
 violação do dever de cuidado, o agente não prevê o resultado decorrente 
 de uma conduta ou, prevendo-o, não o tolera, não há que falar de 
 incidência da regra do conatus. 
 
 5.5.2. Crimes preterdolosos  já que pressupõem dolo no antecedente 
 e culpa no consequente. Como este decorre da violação do dever de 
 cuidado, não há que se falar de tentativa. 
 
 5.5.3. Crimes omissivos próprios (ou puros)  nestes, ou bem o 
 agente deixa de realizar a conduta esperada e o crime se consuma, ou a 
 realiza até o último instante possível e não haverá crime algum. 
 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
5. Tentativa 
 
 
 5.5.4. Crimes unissubsistentes  já que são crimes de ato único. A 
 etapa do início da execução se funde, por completo, com a etapa da 
 consumação. 
 
 5.5.5. Crimes habituais  já que pressupõem a reiteração de atos que, 
 isoladamente, não têm relevância penal. 
 
 5.5.6. Contravenções penais  não há que falar de tentativa de 
 contravenção penal, tendo em vista expressa proibição legal (artigo 4º do 
 Decreto-lei nº 3.688/41). 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
6. Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz 
 
 
6.1. Também denominados de “tentativa abandonada”, consistem em um 
estímulo do legislador em benefício do agente que voluntariamente não leva o 
delito até a fase de consumação. 
 
 
6.2. Quando o crime não atinge a fase de consumação pela força de vontade 
do agente, não incide a norma de extensão da tentativa. 
 
 
6.3. Cuida-se da distinção entre querer e poder: podendo prosseguir, o agente 
muda seu querer. 
 
 
 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
6. Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz 
 
 
6.4. Desistência voluntária significa a livre e consciente abstenção do 
prosseguimento da atividade criminosa. O desistente não esgota todo o processo 
executivo, pois o interrompe em um determinado ponto anterior a fase 
consumativa. 
 
 
6.5. O arrependimento eficaz – ou anterior à consumação – pressupõe que a 
mudança de atitude ocorra após ultimado o processo de execução do crime, mas 
antes da completa consumação. 
 
 
6.6. Os efeitos da desistência e do arrependimento são os mesmos: o agente 
responde apenas pelos atos já praticados, desde que puníveis (artigo 15 CP). 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
7. Arrependimento Posterior 
 
 
7.1. O arrependimento posterior (post factum), verifica-se na fase de 
exaurimento, logo, em nada influencia na caracterização dos pressupostos 
delitivos. No máximo, o agente poderá ser beneficiado com um abrandamento 
punitivo (artigo 16 CP). 
 
 
7.2. Para que possa diminuir a pena a ser aplicada, o referido dispositivo legal 
exige que o arrependimento se dê em crimes sem violência ou grave ameaça à 
pessoa, bem como que a reparação do dano ou a restituição da coisa ocorra até o 
recebimento da denúncia ou queixa (peça inicial da ação penal). 
 
 
 
 
Etapas de Realização do Delito 
8. Crime Impossível 
 
 
8.1. Considera-se impossível o crime quando não se pode passar, em 
absoluto, da fase do início da execução para a fase de consumação. 
 
 
8.2. Para que haja a impunidade do agente (artigo 17 CP), faz-se necessário 
verificar se o meio ou o objeto do delito era absolutamente inidôneo. E essa 
verificação sempre se processa com o exame do caso concreto. 
 
 
8.3. Diante da absoluta impropriedade do objeto da suposta ação criminosa, 
aplica-se a regra do artigo 17 CP, descabendo a punição para as situações de 
flagrante provocado ou preparado. Nesse sentido, o teor da Súmula 145, do STF: 
“Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a 
sua consumação.” 
 Roteiro 20: 
 
Concurso de Pessoas 
 
1. Noções introdutórias 
2. Teorias 
3. Requisitos 
4. Teorias sobre Autoria 
e Participação 
5. Institutos Incidentes 
6. Participação 
7. Crime Culposo 
e Crime Omissivo 
8. Artigo 29, § § 1º e 2º, CP 
9. Artigos 30 e 31 CP 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Trata-se da volitiva interveniência de várias pessoas no cometimento de 
um delito. 
 
 
1.2. Crime unissubjetivo: crime de concurso eventual, cujo tipo penal 
pressupõe seu cometimento por apenas um agente. 
 
 
1.4. Crime plurissubjetivo: crime de concurso necessário, no qual o tipo 
incriminador exige a pluralidade de agentes. 
 
 
1.3. O concurso de pessoas pode ocorrer desde a fase da cogitação até a 
consumação, não sendo possível no exaurimento. 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
2. Teorias 
 
 
2.1. Acerca da dúvida sobre se cada concorrente deve responder por um único 
delito ou se tratar-se-ia de injustos distintos, (com carga de punição diferenciada), 
existem três teorias. 
 
 
2.2. Teoria pluralista: cada concorrente realiza um injusto próprio, punindo-
se, portanto, de forma diferenciada. 
 
 
2.3. Teoria dualística (ou da acessoriedade): existe uma atividade 
principal – respondendo, quem a pratica, como autor ou coautor –, e uma 
atividade acessória, para qual se responde a título de partícipe. 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
2. Teorias 
 
 
2.4. Teoria monística (ou unitária): rejeita a distinção entre autor e 
partícipe, afirmando que, se o delito é único, todos que para ele convergem devem 
ser considerados seus responsáveis 
 
 
2.5. Com a Reforma Penal de 1984, mitigou-se a teoria monística do Código 
de 1940, permitindo a punição dos codelinquentes na medida das suas 
culpabilidades (artigo 29, caput, parte final, CP). Explicitou-se, portanto, um 
solução intermediária entre as correntes unitária e dualista. 
 
 
2.6. Pode-se, dessa forma, concluir que, na atualidade, o Direito Penal 
brasileiro acolhe a teoria
monística temperada ou teoria eclética. 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
3. Requisitos 
 
 
3.1. O concurso de pessoas pressupõe a voluntária interveniência de duas ou 
mais pessoas para o mesmo fato delituoso. Não basta, no entanto, a presença de 
somente estes dois requisitos. 
 
 
3.2. O concurso de pessoas restará configurado, portanto, quando estiverem 
presentes os seguintes requisitos: 
 
 3.2.1 Pluralidade de indivíduos e de condutas; 
 
 3.2.2. Relevância causal de cada conduta; 
 
 3.2.3. Liame subjetivo entre os participantes; 
 
 3.2.4. Identidade de infração penal. 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
4. Teorias sobre Autoria e Participação 
 
 
4.1. Teoria objetivo-material: inexiste qualquer distinção entre autor e 
partícipe, pois, do ponto de vista material, qualquer um que contribua para o fato 
delituoso deve ser considerado o seu autor. 
 
 
4.2. Teoria subjetivo-material: como regra, deve ser considerado autor 
aquele que toma o resultado como obra, sendo partícipe aquele que concorre para 
o crime como obra alheia. 
 
 
4.3. Teoria objetivo-formal: autor é aquele que realiza o verbo-núcleo do 
tipo penal. O partícipe, por sua vez, concorre de alguma forma para o delito, mas 
sem realizar a conduta típica. 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
4. Teorias sobre Autoria e Participação 
 
 
4.4. Teoria do Domínio do Fato (Roxin): autor é aquele que está no centro 
do acontecimento; é aquele que, senhor do fato, domina a realização do delito, 
controlando o atuar criminoso. 
 
 
4.5. A teoria do domínio do fato propiciou o surgimento de algumas variantes, 
tais como a teoria do domínio funcional do fato e a teoria do domínio da 
organização. 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
5. Institutos Incidentes 
 
 
5.1. Autoria individual: autor individual é o anônimo que realiza a conduta 
descrita no verbo contido na figura típica. 
 
 
5.2. Autoria mediata: autor mediato é aquele que pratica o crime por 
intermédio de alguém que não detém capacidade para responder pelo delito 
(terceiro impunível), utilizando-o como instrumento. 
 
 
5.3. Coautoria: realização conjunta, por mais de uma pessoa, da mesma 
infração penal. 
 
 
5.4. Coautoria sucessiva: hipótese em que, na coautoria, não ocorre um 
acordo preordenado de vontades. A convergência de ações se dá no curso da 
execução do crime, até sua consumação. 
 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
5. Institutos Incidentes 
 
 
5.5. Coautoria mediata: quando dois ou mais agentes se valem, cada qual a 
seu modo, de interpostas pessoas que executam materialmente o delito de 
maneira não punível. 
 
 
5.6. Autoria colateral (ou paralela): é a isolada execução de um fato 
delituoso por duas ou mais pessoas que desconhecem as condutas umas das 
outras. 
 
 
5.7. Autoria incerta: quando há impossibilidade de se identificar qual das 
condutas, isoladamente consideradas, causou a consumação do crime. 
 
 
5.8. Multidão criminosa: o agente que pratica crime sob a influência de 
multidão em tumulto, se não a provocou, acarreta a diminuição da reprovabilidade 
(artigo 65, III, “e”, CP). 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
6. Participação 
 
 
6.1. Espécies: 
 
 6.1.1. Moral, por instigação ou induzimento; 
 
 6.1.2. Material, pela contribuição física ao plano delituoso do autor. 
 
 
6.2. Requisitos: 
 
 6.2.1. Relevância causal; 
 
 6.2.2. Vontade de participar na conduta do concorrente. 
 
 
6.3. No âmbito da análise do delito (conduta típica, antijurídica e culpável), 
qual ou quais destes pressupostos faz-se necessário para a punição do partícipe – 
questão respondida pelas teorias da acessoriedade: mínima; limitada; extrema; e 
hiperacessoriedade. 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
7. Crime Culposo e Crime Omissivo 
 
 
7.1. A participação em sentido estrito está categoricamente afastada nos 
crimes culposos; alguns autores admitem a hipótese da coautoria, tão somente 
para a criação da situação de violação conjunta do dever de cuidado. 
 
 
7.2. É possível a participação em crime omissivo, mas sempre por intermédio 
de um fazer positivo. A instigação ou a cumplicidade pressupõe comportamento 
comissivo, sendo inconcebível a participação omissiva em crime omissivo. 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
8. Artigo 29, § § 1º e 2º, CP 
 
 
8.1. Artigo 29, § 1º, CP: participação de menor importância. A diminuta 
relevância da contribuição do partícipe importa em um menor desvalor da sua 
reprovabilidade. 
 
 
8.2. Artigo 29, § 2º, CP: cooperação dolosamente distinta. Pressupõe 
hipóteses nas quais o partícipe pretendeu contribuir para um injusto menos grave 
do que o efetivamente cometido pelo autor. 
 
 
 
 
Concurso de Pessoas 
9. Artigos 30 e 31 CP 
 
 
9.1. Artigo 30 CP: comunicabilidade das elementares do tipo. Para os 
concorrentes da ação criminosa, não são comunicáveis as circunstâncias e as 
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do tipo. 
 
 
9.2. Artigo 31 CP: participação impunível. a relevância penal da ação do 
partícipe depende do ingresso do autor na fase do início de execução, ou seja, da 
tentativa punível. Por isso, a participação (moral ou material), salvo disposição 
expressa em contrário, não é punível, se o crime não chega, ao menos, a ser 
tentado. 
 Roteiro 21: 
 
Crimes Internacionais 
 
1. Noções introdutórias 
2. Conceito 
3. Classificações 
4. Estrutura e Imputação 
 
 
 
 
 
Crimes Internacionais 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. O Direito Penal Internacional e, por extensão, os crimes internacionais 
tem sido desenvolvidos conforme orientação preponderante do sistema da 
common law. 
 
 
1.2. A consequência disso é que os conceitos relativos ao crime internacional, 
bem como sua estrutura estabelecida pela jurisprudência dos tribunais 
internacionais, apresentam particularidades. 
 
 
 
 
 
Crimes Internacionais 
2. Conceito 
 
 
2.1. Considera-se crimes internacionais somente as seguintes figuras 
delitivas: 
 
 2.1.1. Crimes de guerra; 
 
 2.1.2. Crimes contra a humanidade; 
 
 2.1.3. Genocídio; 
 
 2.1.4. Tortura; 
 
 2.1.5. Agressão; 
 
 2.1.6. Algumas formas extremas de terrorismo (quando patrocinado 
 pelo Estado ou, ao menos, tolerado por este). 
 
 
 
 
 
Crimes Internacionais 
3. Classificações 
 
 
3.1. A expressão “crimes internacionais” pode ser tomada em, pelo menos, 
dois sentidos, embora haja quem sustente a possibilidade de existência de uma 
terceira classificação. 
 
 3.1.1. Primeira: refere-se aos crimes cometidos pelos representantes 
 do Estado, que ofenderiam a ordem, a legalidade e a segurança 
 internacional; seriam infrações internacionais os crimes contra a paz, os 
 crimes de guerra e os crimes contra a humanidade. 
 
 3.1.2. Segunda: infrações internacionais cometidas por particulares, 
 que seriam, por exemplo, a pirataria, o tráfico internacional de 
 entorpecentes e falsificação de moeda. 
 
 3.1.3. Assim, enquanto a primeira categoria teria, fundamentalmente, 
 objetivos políticos, na segunda tal fato não ocorreria. 
 
 
 
 
Crimes Internacionais 
3. Classificações 
 
 
3.2. Em um terceiro sentido, ainda mais amplo, seria aplicável à delinquência 
internacional por contaminação ou difusão: conjunto daqueles crimes, 
convencionais ou não, que passam de um Estado a outro de forma epidêmica 
graças à rapidez dos meios de transporte, à instantaneidade das comunicações e à 
atividade dos mass media. 
 
 
3.3. Este último aspecto transformou o crime na notícia por excelência e, com 
isso, o potencializou. 
 
 
 
 
Crimes Internacionais 
4. Estrutura e Imputação 
 
 
4.1. A construção
de uma teoria do crime no Direito Penal Internacional 
enfrenta algumas dificuldades, em razão de suas particularidades. 
 
 
4.2. Há diferenças importantes entre o Direito Penal interno e o Direito Penal 
Internacional, que se manifestam em questões básicas, como, por exemplo, no 
caso do princípio da reserva legal. 
 
 
4.3. Se, na esfera interna, o princípio da legalidade é admitido e incorporado à 
imensa maioria das legislações contemporâneas, no Direito Penal Internacional, 
ainda existem dúvidas quanto à sua real significação e o seu alcance. 
 
 
 
 
Crimes Internacionais 
4. Estrutura e Imputação 
 
 
4.4. Espera-se que a implantação do Tribunal Penal Internacional permanente 
seja responsável pela adoção de regras mais claras e concretas. 
 
 
4.5. A partir das fontes do Direito Penal Internacional, foi construída uma 
estrutura de crime basicamente bipartida, fazendo referência a responsabilidade 
individual e suas causa de exclusão, também conhecidas como defences. 
 
 
4.6. Distingue-se o modelo encontrado na esfera do Direito Penal 
Internacional do modelo comumente aceito, que faz referência a injusto e a 
culpabilidade. 
 Roteiro 22: 
 
Teoria da Pena 
 
1. Noções introdutórias 
2. Conceitos 
3. Princípios Constitucionais 
4. Penas Admitidas 
5. Penas Proibidas 
 
 
 
 
 
Teoria da Pena 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Sanção penal o gênero do qual pena e medida de segurança são as 
espécies existentes no ordenamento jurídico brasileiro. 
 
 
1.2. A imposição de pena, enquanto consequência jurídica do fato, legitima-se 
diante da culpabilidade. 
 
 
1.3. Sem culpabilidade ou com a responsabilidade penal diminuída, a pena 
cede ou pode vir a ceder para a medida de segurança. 
 
 
 
 
 
Teoria da Pena 
2. Conceitos 
 
 
2.1. Pena: perda de um direito imposta pelo Estado em razão da prática de 
uma infração penal. 
 
 
2.2. Medidas de segurança: medidas terapêuticas aplicáveis aos inimputáveis 
e semi-imputáveis, caso pratiquem conduta definida como crime, por lhes faltar 
sanidade. 
 
 
 
 
Teoria da Pena 
3. Princípios Constitucionais 
 
 
3.1. Personalidade da pena (artigo 5º, XLV, CF88): a pena não passará da 
pessoa do condenado. 
 
 
3.2. Individualização da pena (artigo 5º, XLVI, CF88): todo indivíduo tem o 
direito de ter a pena a ele aplicada individualmente, consideradas todas as suas 
características e condições pessoais, além de se valorar o que efetivamente fez 
(mesmo em caso de concurso de pessoas). 
 
 
 
 
Teoria da Pena 
4. Penas Admitidas 
 
 
4.1. No Brasil, as penas que são admitidas são tradicionalmente previstas nos 
respectivos diplomas constitucionais. 
 
 
4.2. Na legislação atual, encontram-se dispostas no artigo 5º, XLVI, CF88, 
bem como no artigo 32 CP. 
 
 
4.3. O rol constitucional das penas admitidas é apenas exemplificativo, e as 
hipóteses indicadas se mostram bastante amplas. 
 
 
 
 
Teoria da Pena 
4. Penas Admitidas 
 
 
4.4. Apesar de certa discrepância entre o texto constitucional e o texto do 
Código Penal, tem-se que as penas admitidas no Brasil são as seguintes: 
 
 4.4.1. Privativas de liberdade; 
 
 4.4.2. Restritivas de direitos; 
 
 4.4.3. Multa. 
 
 
4.5. O Código Penal prevê que as primeiras serão cumpridas nas modalidades 
de reclusão e detenção (artigo 33 CP). 
 
 
 
 
Teoria da Pena 
4. Penas Admitidas 
 
 
4.6. Por fim, as penas restritivas de direitos serão cumpridas por meio de 
uma das seguintes modalidades: 
 
 4.6.1. Prestação pecuniária; 
 
 4.6.2. Perda de bens e valores; 
 
 4.6.3. Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; 
 
 4.6.4. Interdição temporária de direitos; 
 
 4.6.5 Limitação de fim de semana. 
 
 
4.7. A pena de multa, por sua vez, adota o sistema dos dias-multa, nos 
termos do artigo 49 CP. 
 
 
 
 
Teoria da Pena 
5. Penas Proibidas 
 
 
5.1. O artigo 5º, XLVII, CF88, proíbe as seguintes penas: 
 
 5.1.1. De morte, salvo em caso de guerra externa declarada; 
 
 5.1.2. De caráter perpétuo; 
 
 5.1.3. De trabalhos forçados; 
 
 5.1.4. De banimento; 
 
 5.1.5. Penas cruéis. 
 
 
5.2. As penas proibidas se relacionam com a adoção de conceitos oriundos do 
Período Humanizador. 
 Roteiro 23: 
 
Penas Privativas de Liberdade 
 
1. Noções introdutórias 
2. Espécies de Penas de Prisão 
3. Regime prisional 
4. Exame Criminológico 
5. Detração Penal 
6. Regulamentação Geral do 
Sistema Penitenciário 
e Direitos dos Presos 
7. Trabalho Prisional 
8. Remição Penal 
9. Superveniência de Doença Mental 
10. Monitoramento Eletrônico 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. É elementar que exista, no sistema penal, uma modalidade mais gravosa 
de sanção do que as dos demais ramos do Direito. 
 
 
1.2. Efetivamente, no ordenamento jurídico brasileiro, como em muitos 
outros, a pena de prisão figura como esse último instrumento punitivo (extrema 
ratio). 
 
 
1.3. A prisão-pena significa a legítima privação do direito de liberdade do 
condenado. 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.4. A prisão se tornou a principal referência do sistema penal brasileiro. Mais 
que isso, pode-se dizer que a pena privativa da liberdade e a prisão em geral 
passaram a simbolizar a ideia de punição no Brasil. 
 
 
1.5. Um dado que chama a atenção contemporaneamente é, nos últimos 
anos, houve uma mudança estatística importante no sistema penal brasileiro: o 
número de pessoas submetidas a penas e medidas alternativas ultrapassou o 
número de pessoas presas. 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
2. Espécies de Penas de Prisão 
 
 
2.1. O ordenamento jurídico brasileiro prevê três espécies de pena de 
prisão: 
 
 2.1.1. Reclusão  para delitos, de forma isolada, alternativa ou 
 cumulativa com a pena de multa. 
 
 2.1.2. Detenção  para delitos, de forma isolada, alternativa ou 
 cumulativa com a pena de multa. 
 
 2.1.3. Prisão simples (para as contravenções penais, também 
 isolada, alternativa ou cumulativamente com a sanção pecuniária). 
 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
2. Espécies de Penas de Prisão 
 
 
2.2. O artigo 33 CP assinala que a reclusão é a pena cujo cumprimento pode 
ser iniciado em qualquer um dos três regimes prisionais: fechado, semiaberto ou 
aberto. A pena de detenção, por sua vez, pressupõe que o início do seu 
cumprimento se dê no regime semiaberto ou aberto. 
 
 
2.3. Com relação às medidas de segurança, de acordo com os artigos 96 e 
97 CP: 
 
 2.3.1. Pena de reclusão, imposição da internação em hospital de 
 tratamento e custódia; 
 
 2.3.2. Pena de detenção, em regra, a medida de segurança será 
 cumprida em liberdade, ou seja, tratamento ambulatorial. 
 
 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
2. Espécies de Penas de Prisão 
 
 
2.4. A LEP dispõe sobre os estabelecimentos prisionais, quais sejam: 
 
 2.4.1. Penitenciária; 
 
 2.4.2. Colônia agrícola, industrial ou similar; 
 
 2.4.3. Casa de albergado; 
 
 2.4.4. Cadeia pública; 
 
 2.4.5. Centro de observação; 
 
 2.4.6. Hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. 
 
 
2.5. Existem diferenças quanto aos estabelecimentos no que concerne ao tipo 
de pena imposta. 
 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
3. Regime prisional 
 
 
3.1. Trata-se da forma por intermédio da qual se dará o cumprimento da pena 
imposta na sentença condenatória. 
 
 
3.2. O Código Penal adotou um sistema progressivo, que se destina a 
estimular o bom comportamento do preso, mantendo a
disciplina e a ordem nas 
prisões (artigo 33, § 2º, CP). 
 
 
3.3. São três as espécies de regime: fechado; semiaberto; e aberto (artigos 
34, 35 e 36, CP). 
 
 
3.4. O Regime Disciplinar Diferenciado constitui uma alteração recente na Lei 
de Execuções Penais. Será aplicado nas hipóteses previstas no artigo 52, § § 1º 
e 2º, da LEP. 
 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
3. Regime prisional 
 
 
3.5. A fixação do regime prisional inicial deve ser feita na sentença 
condenatória (artigo 59, III, CP), devendo ser analisados, além da espécie de 
pena (reclusão ou detenção), três fatores: 1º quantidade de pena, 2º 
primariedade ou reincidência, e 3º circunstâncias judiciais. 
 
 
3.6. A progressão deve ser feita para o regime imediatamente seguinte. Tal 
fato não ocorre com a regressão de regime prisional, ou seja, com a transferência 
do regime menos para o mais rigoroso. 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
4. Exame Criminológico 
 
 
4.1. Trata-se de espécie do gênero exame de personalidade. Tem por 
finalidade a investigação médica, psicológica e social da pessoa do infrator, de 
forma a detectar sua propensão para a prática de novos crimes. 
 
 
4.2. A Lei nº 10.792/03 deu nova redação ao artigo 112 da LEP. A partir de 
então, consolidou-se o entendimento jurisprudencial no sentido da perda da 
obrigatoriedade de realização do referido exame. 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
5. Detração Penal 
 
 
5.1. Artigo 42 CP. Consiste no desconto ou abatimento, no tempo definitivo da 
pena ou da medida de segurança imposta na sentença, do período em que o 
agente esteve privado da liberdade em virtude de prisão processual, prisão 
administrativa ou internação cautelar em hospital de tratamento e custódia. 
 
 
5.2. Há de pressupor a existência de vínculo fático entre a pena privativa de 
liberdade ou a medida de segurança e a privação da liberdade que lhes antecedeu. 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
6. Regulamentação Geral do Sistema Penitenciário e Direitos 
dos Presos 
 
 
6.1. A regulamentação geral do sistema penitenciário e os direitos dos presos, 
no ordenamento jurídico brasileiro, estão estabelecidos na Lei n° 7.210/84 (Lei de 
Execução Penal) e na Resolução nº 14/1994, do Conselho Nacional de Política 
Criminal e Penitenciária (CNPCP), que fixou as regras mínimas para o tratamento 
do preso no Brasil. 
 
 
6.2. Existem, ainda, dispositivos em outros diplomas – tais como a LEP e o 
Código Penal –, além de, naturalmente, haver previsão constitucional. 
 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
7. Trabalho Prisional 
 
 
7.1. O Código Penal e Lei de Execução Penal referem-se ao trabalho como 
mecanismo crucial ao processo de reintegração social do apenado. 
 
 
7.2. Constitui não somente um dever social, mas, igualmente, uma expressão 
da dignidade humana. 
 
 
7.3. Porém, na prática, apenas uma pequena parcela da população carcerária 
nacional efetivamente trabalha. A grande maioria vive na ociosidade, por não lhe 
ser oferecida tal oportunidade ou por se rejeitar a cumprir as que lhes forem 
apresentadas. 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
8. Remição Penal 
 
 
8.1. Refere-se ao o direito daquele que cumpre pena, no regime fechado ou 
semiaberto, de abater, pelo trabalho, parte do tempo de pena que tem que 
cumprir. 
 
 
8.2. O abatimento se processa a razão de 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) 
dias de trabalho (artigo 126, § 1º, II, LEP). 
 
 
8.3. No caso de estudo, a contagem de tempo deve ser feita à razão de 1 
(um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar. 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
9. Superveniência de Doença Mental 
 
 
9.1. Artigo 41 CP. Se, durante o cumprimento da pena, sobrevier, ao 
condenado, doença mental, deve o mesmo ser recolhido a hospital de custódia e 
tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. 
 
 
9.2. Embora convertida em medida de segurança, o tempo de duração da 
pena inicialmente imposta continuará a ser observado. 
 
 
 
 
Penas Privativas de Liberdade 
10. Monitoramento Eletrônico 
 
 
10.1. No dia 16 de junho de 2010, entrou em vigor a Lei nº 12.258, que alterou 
o Código Penal e a Lei de Execução Penal para possibilitar a utilização de 
equipamento de vigilância indireta pelo condenado. 
 
 
10.2. Esta lei é passível de inúmeras críticas, principalmente se se considerar 
que poderíamos ter aprovado uma legislação que realmente utilizasse o 
monitoramento eletrônico de presos para reduzir o contingente carcerário e os 
custos do aprisionamento. 
 
 
10.3. O monitoramento eletrônico de presos constitui, hoje, instrumento 
indispensável aos sistemas de justiça criminal. 
 Roteiro 24: 
 
Penas Restritivas de Direitos 
 
1. Noções introdutórias 
2. Características 
3. Gerações 
4. Requisitos 
5. Multa Substitutiva 
6. Espécies 
7. Conversão de Penas 
8. Detração do Tempo 
de Cumprimento da 
Pena Alternativa 
9. Crimes Hediondos 
 
 
 
 
 
Penas Restritivas de Direitos 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Trata-se das alternativas penais, que compreendem os institutos de 
Direito Penal, Processual Penal e de Execução Penal, tendentes a impedir ou 
abreviar o encarceramento do infrator. 
 
 
1.2. A Parte Geral do Código Penal e a LEP objetivaram restringir a pena 
privativa de liberdade às hipóteses estritamente necessárias, determinando, 
quando possível, a sua substituição por estas sanções. 
 
 
 
 
Penas Restritivas de Direitos 
2. Características 
 
 
2.1. Na atualidade, as penas restritivas de direito têm natureza jurídica 
autônoma de sanção penal. 
 
 
2.2. As penas restritivas são substitutivas da pena privação da liberdade – 
pois, em regra, elas não estão previstas nos tipos penais incriminadores. 
 
 
2.3. Natureza condicional: o descumprimento injustificado das condições 
estipuladas à pena restritiva de direito condicionalmente imposta pode acarretar a 
sua conversão na pena privativa de liberdade que fora fixada (artigo 44, § 4º, 
CP). 
 
 
 
 
Penas Restritivas de Direitos 
3. Gerações 
 
 
3.1. Primeira geração: veio com a Reforma Penal de 1984, com a adoção da 
sistemática de substituição da privação da liberdade; esta substituição passou a 
ser admitida tanto por ocasião da sentença condenatória como no curso da 
execução penal. 
 
 
3.2. Segunda geração: positivada nos anos 1990, quando os diplomas legais 
passaram a admitir a aplicação direta da pena restritiva, antes mesmo de haver 
processo instaurado contra o autor do fato delituoso. 
 
 
3.3. Terceira geração: consiste na previsão de penas alternativas no próprio 
preceito secundário dos tipos penais. 
 
 
 
 
Penas Restritivas de Direitos 
4. Requisitos 
 
 
4.1. Objetivos (artigo 44, I, CP): 
 
 
 4.1.1. São aqueles em que a lei condiciona o deferimento da medida a 
 fatores relacionados ao delito praticado ou às qualidades da vítima; 
 
 4.1.2. A pena imposta ao crime doloso deve ser inferior a 4 anos; 
 
 4.1.3. Delito sem violência ou grave ameaça à pessoa. 
 
 
4.2. Subjetivos: 
 
 4.2.1. Não se tratar de reincidente em crime doloso; 
 
 4.2.2. Contar com circunstâncias judiciais favoráveis. 
 
 
 
 
Penas Restritivas de Direitos 
5. Multa Substitutiva 
 
 
5.1. Pode o magistrado optar, fundamentadamente, pela substituição da pena 
privativa de liberdade pela multa, de forma isolada ou cumulada, conforme o caso, 
com outra pena restritiva de direitos. 
 
 
5.2. A multa é válida, portanto, para a generalidade das condenações que 
admitem penas alternativas. 
 
 
5.3. O Código Penal contempla a pena de
multa sob duas vertentes: 
 
 5.3.1. Multa propriamente dita (artigo 49 CP); 
 
 5.3.2. Multa substitutiva (artigos 44 § 2º e 60 § 2º, CP). 
 
 
 
 
Penas Restritivas de Direitos 
6. Espécies 
 
 
6.1. O artigo 43 CP elenca as espécies de penas alternativas admitidas no 
ordenamento jurídico-penal brasileiro: 
 
 6.1.1. Prestação pecuniária (artigo 45, § 1º, CP). 
 
 6.1.2. Perda de bens e valores pertencentes ao condenado (artigo 44, 
§ 3º, CP). 
 
 6.1.3. Prestação de serviços à comunidade ou a entidade assistencial 
 (artigo 43, IV, CP). 
 
 6.1.4. Interdições temporárias de direitos (artigo 43, V, CP). 
 
 6.1.5. Limitação de fim de semana (artigo 48 CP). 
 
 
 
 
Penas Restritivas de Direitos 
7. Conversão de Penas 
 
 
7.1. De um lado, converter significa revogar a pena alternativa, com a 
imediata aplicação da pena privativa de liberdade; de outro, o inverso, ou seja, 
transformar o cumprimento da prisão em restritiva de direito ou multa. 
 
 
7.2. O artigo 180 da LEP prevê a possibilidade de que a pena privativa da 
liberdade, que não tenha sido substituída na sentença penal condenatória, seja 
convertida, durante o cumprimento da pena, em restritiva de direitos. 
 
 
7.3. O artigo 181 da LEP admite hipótese inversa, na qual pena restritiva de 
direitos poderá ser convertida em privativa de liberdade. 
 
 
 
 
Penas Restritivas de Direitos 
8. Detração do Tempo de Cumprimento da Pena Alternativa 
 
 
8.1. Decretada, pelo juiz da execução penal, a conversão da pena restritiva de 
direitos em privativa de liberdade, cumpre ser expedida guia de recolhimento do 
condenado para fins de ingresso no sistema penitenciário, interrompendo, assim, 
a prescrição da pretensão executória. 
 
 
8.2. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será detraído o 
tempo cumprido da pena restritiva, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de 
detenção ou reclusão. 
 
 
 
 
Penas Restritivas de Direitos 
9. Crimes Hediondos 
 
 
9.1. A questão que ora se apresenta diz respeito a possibilidade ou não de 
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, nas hipóteses 
de crimes hediondos e os constitucionalmente assemelhados. 
 
 
9.2. Foram consideradas inconstitucionais a parte final do artigo 44 da Lei nº. 
11.343/06, bem como a expressão análoga “vedada a conversão em penas 
restritivas de direitos”, constante do § 4º, do artigo 33, do mesmo diploma legal, 
determinando-se, dessa feita, que, para crimes hediondos, o Juízo da Execução 
Penal avaliasse o preenchimento das condições objetivas e subjetivas do paciente 
para fins de concessão da referida substituição. 
 
 Roteiro 25: 
 
Pena de Multa 
 
1. Noções introdutórias 
2. Sistema dos Dias-Multa 
3. Pagamento e Execução 
4. Competência para a Execução 
5. Peculiaridades 
 
 
 
 
Pena de Multa 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. No texto do artigo 49 CP, existe uma impropriedade, pois a pena de multa 
não consiste no pagamento: esta é a sua execução. 
 
 
1.2. A pena de multa é sempre cominada, na hipótese de crime, de forma 
alternativa ou cumulativa. Aparece, por vezes, isoladamente, nas contravenções. 
 
 
1.3. Nas cominações da pena de multa na Parte Especial do CP não aparecem 
os limites a serem observados. Esses limites estão previstos na Parte Geral (artigo 
49 CP). 
 
 
1.4. A conversibilidade da multa em privação da liberdade deixou de existir no 
Brasil, mas sua natureza personalíssima continua presente. 
 
 
 
 
 
 
Pena de Multa 
2. Sistema dos Dias-Multa 
 
 
2.1. A multa não mais importa em um quantum fixo em dinheiro. Ao 
contrário, fica atrelada ao valor do salário mínimo nacional, oscilando de acordo 
com renda ou patrimônio do condenado. Trata-se do sistema dos dias-multa. 
 
 
2.2. Artigo 49 CP. A pena de multa se consubstancia em dias-multa, a ser 
recolhida ao Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN), sendo calculada, na 
sentença, em quantidade que varia entre o mínimo de 10 (dez) e o máximo de 
360 (trezentos e sessenta) dias-multa. 
 
 
 
 
 
 
Pena de Multa 
2. Sistema dos Dias-Multa 
 
 
2.3. O artigo 49, § 1º, dispõe sobre a seguinte mecânica jurídica: 
 
 2.3.1. Fixação da quantidade de dias-multa (entre 10 e 360), 
 guiando- se, o magistrado, pela gravidade do delito perpetrado e pela 
 culpabilidade do réu; 
 
 2.3.2. Fixação do valor de cada dia-multa (entre 1/30 e 5 vezes o 
 valor do salário mínimo), levando-se em conta a capacidade econômica 
 do réu. 
 
 2.3.3. Elevação até do triplo do montante calculado nas etapas 
 anteriores, quando o máximo fixado revelar-se ineficaz frente à 
 capacidade econômica do condenado. 
 
 
 
 
 
Pena de Multa 
3. Pagamento e Execução 
 
 
3.1. Artigo 50 CP. a multa deve ser paga dentro de 10 dias depois de 
transitada em julgado a sentença condenatória. 
 
 
3.2. Faculta-se, ainda, o seu pagamento em prestações mensais, podendo, 
eventualmente, vir a ser descontada do salário ou dos vencimentos do condenado. 
 
 
 
 
 
 
Pena de Multa 
3. Pagamento e Execução 
 
 
3.3. Com a Lei nº. 9.268/96, o não pagamento da multa, por parte do 
condenado solvente, não mais acarreta sua conversão em pena privativa de 
liberdade – diferentemente do que ocorria no regime anterior, onde a quantidade 
de dias-multa se convertia, respectivamente, em dias de detenção, alcançando, 
portanto, um limite máximo de quase um ano de encarceramento do 
inadimplente. 
 
 
3.4. O fundamento jurídico para a referida mudança foi o de que a conversão 
em prisão consistia em uma inconstitucional prisão civil por dívidas ou, ainda, uma 
prisão por pobreza. 
 
 
 
 
Pena de Multa 
4. Competência para a Execução 
 
 
4.1. Os tribunais superiores já pacificaram o entendimento no sentido de que, 
com o advento da Lei nº. 9.268/96, a legitimidade para executar a pena de multa 
passou a ser dos órgãos fazendários, não subsistindo a atribuição antes conferida 
ao Ministério Público. 
 
 
 
 
 
Pena de Multa 
5. Peculiaridades 
 
 
5.1. O exíguo prazo prescricional de dois anos (artigo 114 CP) também 
contribui para a perda da efetividade prática da pena de multa no Brasil. 
 
 
5.2. Na atualidade, a pena de multa está muito aquém dos propósitos que 
conduziram a sua adoção generalizada pelo legislador. A sua força cogente 
remanesce fundamentalmente para efeitos de revogação da suspensão condicional 
da pena, conforme disposto no artigo 81, II, CP. 
 Roteiro 26: 
 
Aplicação da Pena 
 
1. Noções introdutórias 
2. Elementares e Circunstâncias 
3. Causas de Aumento ou 
Diminuição de Pena 
4. Tipos Qualificados e 
Privilegiados 
5. Método Trifásico 
6. Pena de multa 
 
 
 
 
Aplicação da Pena 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. O processo de determinação da pena é aquele que o juiz realiza para 
fixar a sanção aplicável ao agente pelo ilícito penal praticado declarando 
merecimento de determinada pena em concreto. 
 
 
1.2. Individualização da pena (artigo 5º, XLVI, CF88) – três etapas: 
 
 1.2.1. Cominação (feita pelo legislador); 
 
 1.2.2. Aplicação (feita pelo juiz criminal); 
 
 1.2.3. Execução (feita pelo juiz de execução penal). 
 
 
 
 
Aplicação da Pena 
2. Elementares e Circunstâncias 
 
 
2.1. Para distinguir uma elementar de uma simples circunstância do crime, 
basta que seja feita uma eliminação hipotética. Se o crime desaparecer ou der 
causa a outro tipo penal, significa que se trata de uma elementar; caso contrário, 
será uma circunstância. 
 
 
2.2. Espécies de circunstâncias: 
 
 2.2.1. Qualificadoras; 
 
 2.2.2. Judiciais; 
 
 2.2.3. Legais (genéricas
ou específicas). 
 
 
 
 
Aplicação da Pena 
2. Elementares e Circunstâncias 
 
 
2.3. Judiciais (artigo 59 CP): servem para formar a pena-base a partir do 
preceito cominado em abstrato. 
 
 
2.4. Legais genéricas (artigos 61 a 66 CP): trata-se das agravantes e 
atenuantes. 
 
 
2.5. Uma vez constatada a presença de uma destas, o magistrado deve levá-
la em consideração na segunda etapa do cálculo da pena (fixação da pena 
provisória). 
 
 
 
 
Aplicação da Pena 
2. Elementares e Circunstâncias 
 
 
2.6. A lei não fixa o quantum desse aumento ou diminuição, que é entregue, 
por completo, ao poder discricionário do juiz. 
 
 
2.7. Na hipótese de concurso entre agravantes e atenuantes, rol do artigo 67 
CP, contempla três modalidades, todas cunho subjetivo ou pessoal: os motivos 
determinantes, a personalidade do agente e a reincidência. 
 
 
 
 
 
Aplicação da Pena 
3. Causas de Aumento ou Diminuição de Pena 
 
 
3.1. Também chamadas de majorantes ou minorantes, são fatores de 
elevação ou de redução, a serem também observados no cálculo da pena 
definitiva, em quantidade fixa ou em patamar variável. Encontram-se na Parte 
Geral e na Parte Especial. 
 
 
3.2. Outra distinção entre estas e as agravantes e atenuantes é que para as 
causas de aumento e diminuição a pena aplicada pode ultrapassar, 
respectivamente, o limite máximo e mínimo cominado para o delito, o que não se 
verifica com as circunstâncias legais genéricas. 
 
 
 
 
Aplicação da Pena 
4. Tipos Qualificados e Privilegiados 
 
 
4.1. Meio-termo entre elementares e circunstâncias: de um lado, a ausência 
de um elemento que qualifique ou privilegie o fato concreto não importa na sua 
atipicidade absoluta – mas, sim, relativa, porque ele irá se amoldar ao tipo básico. 
 
 
4.2. De outro, a sua presença acarreta num novo patamar punitivo, isto é, 
numa cominação abstrata mínima e máxima de pena, diversa, daquela cominada 
na forma básica do delito. 
 
 
 
 
Aplicação da Pena 
5. Método Trifásico 
 
 
5.1. A aplicação ou individualização judicial da pena privativa de liberdade 
pressupõe a observância da metodologia legal extraída da conjugação dos artigos 
59 e 68, CP. 
 
 
5.2. Três fases do método de Nelson Hungria: 
 
 5.2.1. Fase primária  fixação da pena-base; 
 
 5.2.2. Fase secundária  fixação da pena provisória; 
 
 5.2.3. Fase terciária  fixação da pena definitiva. 
 
 
 
 
Aplicação da Pena 
6. Pena de multa 
 
 
6.1. A individualização da pena de multa obedece, em regra, ao critério 
bifásico dos dias-multa, qual seja, da fixação dois momentos: quantidade e valor 
de dias-multa. Excepcionalmente, é possível uma “terceira fase”. 
 
 6.1.1. Fixação da quantidade de dias-multa. 
 
 6.1.2. Fixação do valor de cada dia-multa. 
 
 6.1.3. Etapa facultativa: elevação ao triplo. 
 Roteiro 27: 
 
Concurso de Crimes 
 
1. Noções introdutórias 
2. Princípios Reguladores 
3. Concurso Material 
4. Concurso Formal 
5. Crime Continuado 
6. Erro na Execução e Resultado 
Diverso do Pretendido 
7. Limite Máximo de 
Cumprimento de Pena 
 
 
 
 
Concurso de Crimes 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. É possível que, caso concreto, haja a necessidade de serem aplicadas ou 
mesmo executadas mais de uma pena. Quando isso ocorre, surge o chamado 
concurso de delitos (concursus delictorum). 
 
 
1.2. O concurso de crimes não se confunde com concurso aparente de 
normas, crime progressivo, crime complexo ou com crime permanente. 
 
 
1.3. No concurso de crimes, com a mesma conduta ou com condutas paralelas 
ou sucessivas, há a realização de mais de um crime, o que exige a aplicação 
conjunta de sanções ao mesmo infrator. 
 
 
 
 
 
Concurso de Crimes 
2. Princípios Reguladores 
 
 
2.1. Cúmulo material: as penas referentes aos vários delitos devem ser 
calculadas em separado e, em seguida, somadas. 
 
 
2.2. Cúmulo jurídico: deve haver a aplicação de sanção mais severa do que 
a prevista para cada infração isoladamente, mas sem que se chegue ao somatório 
global. 
 
 
2.3. Absorção: deve-se aplicar a sanção de um só dos delitos, em regra a 
mais grave, que irá absorver as penas dos demais. 
 
 
 
 
Concurso de Crimes 
2. Princípios Reguladores 
 
 
2.4. Exasperação: determina a aplicação da pena de um dos delitos, se 
idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada em certa quantidade 
(proporcional ao número dos delitos perpetrados pelo agente). 
 
 
2.5. Cumprimento unificado e progressivo da pena: no momento em que 
iniciar a execução penal todas as penas devem ser unificadas perante o Juízo da 
Execução Penal, obedecendo, ainda, ao método progressivo. 
 
 
2.6. Vedação da pena de caráter perpétuo: o tempo de cumprimento 
efetivo de pena ou das penas unificadas, não poderá ultrapassar o teto máximo 
que, no Brasil, é de trinta anos. 
 
 
 
 
Concurso de Crimes 
3. Concurso Material 
 
 
3.1. Artigo 69 CP. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, 
prática dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as 
penas privativas de liberdade em que haja incorrido. 
 
 
3.2. Trata-se da forma mais rigorosa de tratamento do concurso de crimes. 
 
 
 
 
Concurso de Crimes 
4. Concurso Formal 
 
 
4.1. Artigo 70 CP. Quando o agente, por intermédio da mesma ação ou 
omissão, infringe várias normas penais ou uma mesma norma repetidas vezes. 
 
 
4.2. Parágrafo único: no concurso formal, a pena aplicada não poderá exceder 
a que seria cabível pela regra do cúmulo material. 
 
 
4.3. O sistema da exasperação importa, em regra, em um tratamento penal 
mais brando ao infrator em razão da menor reprovabilidade do fato pois praticou-
se uma, e não várias condutas. 
 
 
 
 
Concurso de Crimes 
5. Crime Continuado 
 
 
5.1. Ocorre quando o agente, mediante condutas múltiplas, pratica dois ou 
mais crimes, da mesma espécie, que devem ser considerados como se único 
fossem, haja vista a semelhança das circunstâncias objetivas de tempo, lugar e 
forma de execução. 
 
 
5.2. Neste caso, a reprimenda penal há de ser aplicada não com penas 
cumuladas, mas, sim, com uma pena única exasperada. 
 
 
 
 
Concurso de Crimes 
6. Erro na Execução e Resultado Diverso do Pretendido 
 
 
6.1. Hipótese em que o agente, por acidente ou erro no uso dos meios de 
execução, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa 
diversa. 
 
 
6.2. Artigo 73 CP. Quando isso se verifica, o agente deverá ser apenado como 
se tivesse praticado o delito contra aquela pessoa que pretendia atingir, conforme 
a regra do artigo 20, § 3º, CP (erro sobre a pessoa). 
 
 
 
 
Concurso de Crimes 
6. Erro na Execução e Resultado Diverso do Pretendido 
 
 
6.3. Ocorre quando, fora dos casos de ofensa à pessoa, o agente, por 
acidente ou erro na execução do crime, vem a atingir bem jurídico de outra 
natureza. 
 
 
6.4. Artigo 74 CP. O agente responde por culpa, se o fato é previsto como 
crime culposo. Se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se à regra do 
artigo 70 CP. 
 
 
 
 
Concurso de Crimes 
7. Limite Máximo de Cumprimento de Pena 
 
 
7.1. Atendendo ao postulado do artigo 5º, XLVII, CF88, o caput do artigo 75 
CP determina que o tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não 
pode ser superior a 30 (trinta) anos. Tal regra é extensível à legislação penal 
especial, bem como às medidas de segurança. 
 
 
7.2. Na hipótese do agente ser condenado a penas privativas de liberdade 
cuja soma ultrapassem 30 (trinta) anos, devem elas ser unificadas para atender 
ao limite máximo em questão (artigo
75, § 1º, CP). 
 
 
 
 
Concurso de Crimes 
7. Limite Máximo de Cumprimento de Pena 
 
 
7.3. Esta unificação determinada pelo artigo 75, § 1º, CP, vale tão-somente 
para efeitos de cumprimento das penas privativa de liberdade, não sendo aplicável 
para obtenção de benefícios prisionais. 
 
 
7.4. Súmula 715 do STF: “A pena unificada para atender ao limite de trinta 
anos de cumprimento, determinada pelo art. 75, do CP, não é considerada para a 
concessão de outros benefícios, como o livramento condicional ou regime mais 
favorável de execução.” 
 Roteiro 28: 
 
Transação Penal 
 
1. Noções introdutórias 
2. Infrações de Menor 
Potencial Ofensivo 
3. Conceito 
4. Requisitos 
5. Período de Prova 
6. Descumprimento Injustificado 
7. Revogação 
8. Cumprimento Integral e 
Extinção da Punibilidade 
 
 
 
 
 
Transação Penal 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Denominam-se alternativas penais todos os institutos voltados para 
impedir ou substituir a pena privativa de liberdade, bem como abreviar o seu 
tempo de duração. 
 
 
1.2. Trata-se de um conceito amplo, que enfeixa, como espécies, as penas 
alternativas, a multa, a transação penal, a suspensão condicional do processo, a 
suspensão condicional da pena e o livramento condicional 
 
 
 
 
 
Transação Penal 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.3. A Constituição Federal de 1988, instaurando uma nova ordem jurídica, 
determinou, no seu art. 98, I, que fossem criados Juizados Especiais destinados 
ao julgamento de causas cíveis de menor complexidade e de infrações penais de 
menor potencial ofensivo. 
 
 
1.4. A previsão contida no art. 98, I, da CF/1988, foi implementada pela Lei 
nº. 9.099/95. Dentre outras disposições, a chamada Lei dos Juizados Especiais 
definiu o que seria infração de menor potencial ofensivo, bem como em que 
consistiria o instituto da transação penal. 
 
 
 
 
Transação Penal 
2. Infrações de Menor Potencial Ofensivo 
 
 
2.1. A Lei nº. 11.313/06 uniformizou a matéria, dando nova redação 
ao artigo 61, da Lei 9.099/95: 
 
 
 2.1.1. “Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, 
 para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei 
 comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com 
 multa”. 
 
 
2.2. Segundo a modelagem atual, o conceito de menor potencial ofensivo 
engloba todo o ordenamento jurídico-penal, inclusive os delitos eleitorais, 
falimentares etc. 
 
 
 
 
Transação Penal 
3. Conceito 
 
 
3.1. Artigo 76 da Lei nº 9.099/95. Havendo representação ou tratando-se de 
crime de ação penal pública incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o 
Ministério Público poderá propor a aplicação imediata de pena restritiva de direitos 
ou multas, a ser especificada na proposta. 
 
 
3.2. É necessário que o autor do fato manifeste sua concordância com a 
transação penal de forma consciente e voluntária. Não basta, portanto, que ele 
subscreva uma procuração a alguém com poderes para transigir, já que o que está 
sendo renunciado é uma parcela da sua liberdade individual. Ele deve, portanto, 
estar presente ao ato. 
 
 
 
 
Transação Penal 
4. Requisitos 
 
 
4.1. A transação penal somente poderá ser proposta pelo Ministério Público 
diante da constatação, no caso concreto, dos seguintes pressupostos. 
 
 
4.2. Que se trata de infração de menor potencial ofensivo. 
 
 
4.3. Que o autor da infração não tenha sido condenado, pela prática de crime, 
à pena de prisão, por sentença definitiva. 
 
 
 
 
Transação Penal 
4. Requisitos 
 
 
4.4. Que o agente não tenha sido beneficiado anteriormente, no prazo de 
cinco anos, pela aplicação de pena restritiva de direitos ou multa, nos termos da 
Lei nº 9.099/95. 
 
 
4.5. Que os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem 
como os motivos e as circunstâncias, indicarem a necessidade e a suficiência da 
adoção da medida. 
 
 
 
 
Transação Penal 
5. Período de Prova 
 
 
5.1. No terreno das alternativas penais, período de prova significa o espaço de 
tempo dentro do qual devem ser atendidas as condições impostas àquele que 
recebeu a medida substitutiva da privação da liberdade. 
 
 
5.2. No caso da transação penal, o seu período de prova importa no 
cumprimento da pena restritiva de direitos ou multa, pactuada pelas partes e 
homologada judicialmente(artigo 76, § 4º, da Lei nº. 9.099/95). 
 
 
 
 
Transação Penal 
6. Descumprimento Injustificado 
 
 
6.1. Iniciado o período de prova, pode ocorrer do beneficiado não cumprir as 
condições impostas pela transação penal. Em tal hipótese, deve-se perquirir o 
motivo do descumprimento, via de regra por intermédio de uma audiência 
especial. 
 
 
6.2. Caso as razões sejam reputadas injustificadas ou, ainda, caso a parte 
sequer compareça àquela audiência, a consequência será a revogação da medida. 
 
 
 
 
Transação Penal 
7. Revogação 
 
 
7.1. Os efeitos da revogação dependerão da natureza da pena aplicada na 
transação penal. 
 
 
7.2. Na hipótese de ter sido aplicada uma pena de multa, caso não seja paga, 
a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação 
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública. 
 
 
7.3. Na hipótese da transação redundar na obrigação do cumprimento de 
pena restritiva de direito, a Lei nº. 9.099/95 não disciplinou qual seria a respectiva 
consequência jurídica. 
 
 
 
 
 
Transação Penal 
7. Revogação 
 
 
7.4. Inúmeras foram as teses propugnadas, tanto pela doutrina como pela 
jurisprudência. Dentre elas, as principais são: 
 
 
7.5. O retorno ao status quo ante com a deflagração da ação penal pelo 
Ministério Público. 
 
 
7.6. A conversão da restritiva de direito em privativa de liberdade. 
 
 
7.7. A homologação da transação somente após o cumprimento das 
condições. 
 
 
 
 
 
 
Transação Penal 
7. Revogação 
 
 
7.8. A execução civil do título homologado. 
 
 
7.9. Efeitos da Repercussão Geral e encerramento da controvérsia: o STF, em 
questão de ordem, reconheceu a Repercussão Geral da matéria e, no mérito, 
reafirmou a sua jurisprudência no sentido de que, em caso de descumprimento 
das medidas estabelecidas na transação penal, “deve-se proceder à remessa dos 
autos ao Ministério Público a fim do prosseguimento da ação penal”. 
 
 
 
 
 
 
Transação Penal 
8. Cumprimento Integral e Extinção da Punibilidade 
 
 
8.1 Homologada a transação penal, inicia-se o respectivo período de prova. 
Devidamente cumprida a pena restritiva de direito ou a multa, há de ser declarada 
extinta a punibilidade do autor da infração. 
 
 
8.2. Trata-se de uma das causas de extinção da punibilidade não previstas no 
rol do artigo 107 CP, não gerando efeitos da reincidência, maus antecedentes ou 
obrigação de reparação civil do dano, guardando-se o registro tão-somente para 
fins de obstar nova transação penal no prazo de cinco anos 
 Roteiro 29: 
 
Suspensão Condicional do Processo 
 
1. Noções introdutórias 
2. Pressupostos 
3. Não Formulação da 
Proposta pelo MP 
4. Cumprimento das Condições 
e Período de Prova 
5. Descumprimento das Condições 
6. Cumprimento Integral 
das Condições 
 
 
 
 
Suspensão Condicional do Processo 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. A suspensão condicional do processo integra um conjunto de iniciativas 
político-criminais que, desde o final do século XIX, visam restringir os efeitos 
negativos da pena de prisão de curta duração. 
 
 
1.2. Ao contrário da transação penal (que se limita às infrações de menor 
potencial ofensivo),
a suspensão condicional do processo pode ser aplicada para 
todas as infrações penais, desde que se observe o limite de pena mínima igual ou 
inferior a 1 ano. 
 
 
 
 
Suspensão Condicional do Processo 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.3. O dispositivo que regula a suspensão do processo (artigo 89), está nas 
disposições finais da Lei nº. 9.099/95, não se limitando, assim, à competência dos 
Juizados Especiais Criminais. 
 
 
1.4. Conceito: trata-se do acordo judicial pelo qual a ação penal é paralisada 
pela aceitação, por parte do acusado, do cumprimento das condições estipuladas 
na proposta formulada pelo Ministério Público. 
 
 
 
 
Suspensão Condicional do Processo 
2. Pressupostos 
 
 
2.1. O caput do art. 89, da Lei nº. 9.099/95 elenca os requisitos para a 
aplicação do sursis processual. São eles: 
 
 2.1.1. Que o crime tenha pena mínima igual ou inferior a um ano. 
 
 2.1.2. Que o acusado não esteja sendo processado por outro crime. 
 
 2.1.3. Que o acusado não tenha sido condenado por outro crime. 
 
 2.1.4. Que o acusado atenda aos requisitos do artigo 77 CP. 
 
 
 
 
 
 
Suspensão Condicional do Processo 
3. Não Formulação da Proposta pelo MP 
 
 
3.1. O artigo 89, da Lei nº. 9.099/95, dispõe que somente o órgão ministerial 
poderá propor a suspensão do processo. 
 
 
3.2. Na atualidade, existe entendimento pacífico acerca da solução dada na 
hipótese de o Ministério Público optar por não formular a proposta de suspensão 
condicional no processo. 
 
 
3.3. Entende-se que, de fato, o Ministério Público pode deixar de elaborar a 
referida proposta, desde que o faça de forma fundamentada. 
 
 
3.4. Súmula 696, do STF: “Reunidos os pressupostos legais permissivos da 
suspensão condicional do processo, mas se recusando o Promotor de Justiça a 
propô-la, o Juiz, dissentindo, remeterá a questão ao Procurador-Geral, aplicando-
se por analogia o art. 28 do Código de Processo Penal”. 
 
 
 
 
 
 
Suspensão Condicional do Processo 
4. Cumprimento das Condições e Período de Prova 
 
 
4.1. As condições que devem ser observadas, durante o período de prova da 
suspensão condicional do processo, dividem-se em duas espécies: legais e 
judiciais. 
 
 
4.2. Condições legais (artigo 89, § 1º, Lei 9.099/95): 
 
 
4.3. Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo. 
 
 
4.4. Proibição de frequentar determinados lugares. 
 
 
4.5. Proibição de se ausentar da comarca onde reside, sem autorização do 
Juiz. 
 
 
 
 
 
Suspensão Condicional do Processo 
4. Cumprimento das Condições e Período de Prova 
 
 
4.6. Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para 
informar e justificar suas atividades. 
 
 
4.7. Condições judiciais: além das condições legais anteriormente 
mencionadas, o juiz deve impor outras que lhe pareçam adequadas ao fato e à 
situação pessoal do acusado, desde que respeitados os direitos individuais. 
 
 
4.8. Artigo 89 da Lei nº 9.099/95. O período de prova da suspensão do 
processo varia de dois a quatro anos. 
 
 
 
 
Suspensão Condicional do Processo 
5. Descumprimento das Condições 
 
 
5.1. O injustificado descumprimento do que fora pactuado, evidentemente, 
acarreta consequências negativas ao apenado, ou seja, a revogação do benefício e 
o retorno à regular marcha processual. 
 
 
5.2. As causas de revogação da suspensão do processo dividem-se em 
obrigatórias e facultativas. 
 
 
5.3. Obrigatórias: 
 
 5.3.1. Se, no curso do prazo, o réu vier a ser processado por outro 
 delito, independentemente deste ter sido praticado antes ou durante a 
 vigência daquele (artigo 89, § 3º, Lei 9.099/95); 
 
 5.3.2. Descumprimento, sem justa causa, do dever de reparar o dano. 
 
 
 
 
 
 
 
Suspensão Condicional do Processo 
5. Descumprimento das Condições 
 
 
5.4. Facultativas: 
 
 5.4.1. Se o acusado, durante o período de prova, vier a ser processado 
 por contravenção penal; 
 
 5.4.2. Não observar, injustificadamente, quaisquer das condições 
 judicialmente impostas (artigo 89, § 4º, da Lei 9.099/95). 
 
 
 
 
 
 
Suspensão Condicional do Processo 
6. Cumprimento Integral das Condições 
 
 
6.1. O cumprimento integral, sem revogação, das condições da suspensão 
condicional do processo, acarreta a extinção da punibilidade do acusado (artigo 
89, § 5º, da Lei nº. 9.099/95). 
 
 
6.2. Trata-se de sentença declaratória de extinção da punibilidade, baseada 
em causa não contemplada no rol do artigo 107 CP. 
 Roteiro 30: 
 
Suspensão Condicional da Pena 
 
1. Noções introdutórias 
2. Conceito 
3. Espécies 
4. Pressupostos 
5. Cumprimento das Condições e 
Período de Prova 
6. Descumprimento das Condições 
7. Prorrogação do sursis 
8. Cumprimento Integral das Condições 
 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Corresponde a uma das primeiras iniciativas político-criminais voltadas 
para minimizar os efeitos negativos da pena de prisão de curta duração. 
 
 
1.2. Por suas próprias características, a suspensão condicional atinge somente 
as penas privativas de liberdades (reclusão, detenção e prisão simples), não 
abrangendo, pois, as penas de multa ou restritivas de direitos (artigo 80 CP). 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
2. Conceito 
 
 
2.1. Consiste na decisão do juiz, por ocasião da publicação da sentença 
condenatória, deixar de executar a pena privativa de liberdade, submetendo o 
acusado – agora condenado – ao cumprimento das condições estabelecidas na 
própria decisão. 
 
 
2.2. No Direito brasileiro, a doutrina majoritária confere-lhe a natureza 
jurídica de direito público subjetivo de liberdade. 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
3. Espécies 
 
 
3.1. Formalmente, a doutrina reconhece a existência das seguintes espécies: 
simples, especial, etário e humanitário. 
 
 
3.2. Simples (ou comum): o condenado, no primeiro ano da sua vigência, 
fica sujeito ao dever de prestar serviços comunitários ou de submeter-se à 
limitação de fim de semana (artigos 78, § 1º, e 79, CP). 
 
 
3.3. Especial: destina-se ao condenado não reincidente em crime doloso, que 
tenha reparado o dano e cujas circunstâncias judiciais tenham sido todas 
favoráveis (artigo 78, § 2º, CP). 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
3. Espécies 
 
 
3.4. Etário e humanitário (artigo 77, § 2º, CP): 
 
 3.4.1. Voltadas para o condenado maior de setenta anos de idade ou 
 com razões de saúde que justifiquem a suspensão de um prazo maior de 
 punição, ou seja, pena privativa de liberdade fixada até o patamar de 
 quatro anos de reclusão ou detenção; 
 
 3.4.2. No caso do septuagenário ou do seriamente enfermo, as 
 condições serão as mesmas do sursis simples, mas com o período de 
 prova dilatado para quatro a seis anos. 
 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
3. Espécies 
 
 
3.5. Em síntese, da análise das respectivas modalidades apresentadas, 
conclui-se que, na realidade, existem duas formas de suspensão da pena: 
 
 3.5.1. Aquela em que a lei impõe, ao beneficiário, a obrigação de 
 cumprir, no primeiro ano, uma verdadeira pena restritiva de direitos; 
 
 3.5.2. Aquela em que, em razão da situação privilegiada do condenado, 
 a lei lhe destina, no primeiro ano, o cumprimento de medidas menos 
 rigorosas. 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
4. Pressupostos 
 
 
4.1. Os requisitos objetivos e subjetivos necessários à obtenção da suspensão 
condicional da pena estão descritos no artigo 77 CP. 
 
 
4.2. Em sua maioria, tais requisitos são extensíveis à suspensão condicional 
do processo (artigo 89 da Lei n 9.099/95).
4.3. Que a pena privativa de liberdade seja igual ou inferior a dois anos. 
 
 
 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
4. Pressupostos 
 
 
4.4. Que o condenado não seja reincidente em crime doloso. 
 
 
4.5. Que as circunstâncias judiciais autorizem a concessão do benefício. 
 
 
4.6. Que não seja indicada ou cabível a substituição por pena restritiva de 
direitos. 
 
 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
5. Cumprimento das Condições e Período de Prova 
 
 
5.1. As condições que devem ser observadas no período de prova se dividem 
em legais e judiciais. 
 
 5.1.1. Denominam-se “legais” aquelas que o próprio Código discrimina 
 a natureza e conteúdo; 
 
 5.1.2. “Judiciais” são aquelas a serem especificadas segundo a 
 prudente avaliação do juiz, desde que adequadas ao fato e ao condenado. 
 
 
5.2. As condições legais devem ser obrigatoriamente impostas ao condenado, 
bem como são idênticas às analisadas na suspensão condicional do processo. 
 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
5. Cumprimento das Condições e Período de Prova 
 
 
5.3. As condições judiciais (artigo 79 CP) devem ser escolhidas pelo 
magistrado, de forma proporcional à gravidade do fato, bem como à condição 
pessoal do apenado. 
 
 
5.4. O período de prova compreende o lapso de tempo em que o condenado 
tem a execução da pena privativa de liberdade suspensa, a mercê do cumprimento 
das condições legais e judiciais. 
 
 5.4.1. Para as modalidades simples e especial, o período de prova varia 
 entre dois e quatro anos; 
 
 5.4.2. Para o sursis etário ou humanitário, entre quatro e seis anos. 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
6. Descumprimento das Condições 
 
 
6.1. Durante o período de prova, será aferido se o condenado efetivamente 
faz jus à liberdade que lhe foi mantida, 
 
 
6.2. As causas de revogação podem ser obrigatórias ou facultativas. 
 
 6.2.1. Obrigatórias: artigo 81, I a III, CP. 
 
 6.2.2. Facultativas: artigo 81, § 1º, CP. 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
7. Prorrogação do sursis 
 
 
7.1. Além das hipóteses anteriormente analisadas, o sursis terá ter seu prazo 
automaticamente prorrogado se o beneficiário está sendo processado por outro 
crime ou contravenção, dilação esta que se estende até o julgamento definitivo 
(artigo 81, § 2º, CP). 
 
 
7.2. A prorrogação automática não decorre da prática de outro delito; 
tampouco do fato de estar respondendo a inquérito policial ou procedimento 
investigatório conduzido pelo MP, mas de processo penal formalmente deflagrado, 
isto é, de denúncia judicialmente recebida. 
 
 
 
 
Suspensão Condicional da Pena 
8. Cumprimento Integral das Condições 
 
 
8.1. Decorrido o período de prova sem que se tenha havido revogação, 
considerar-se-á extinta a pena privativa de liberdade (artigo 82 CP). 
 
 
8.2. Trata-se de causa de extinção da punibilidade não contemplada no rol do 
artigo 107 CP. 
 Roteiro 31: 
 
Livramento Condicional 
 
1. Noções introdutórias 
2. Conceito 
3. Pressupostos 
4. Unificação das Penas 
5. Cumprimento das Condições 
e Período de Prova 
6. Descumprimento das Condições 
7. Suspensão 
8. Prorrogação 
9. Cumprimento Integral 
 
 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. O livramento condicional é concebido e aplicado como uma etapa 
intermediária entre o aprisionamento e a plena liberdade. 
 
 
1.2. Trata-se de uma medida utilizada pelos países que adotam o sistema 
progressivo de cumprimento de pena. 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
2. Conceito 
 
 
2.1. Consiste na liberação antecipada, mediante determinadas condições, do 
condenado que cumpriu uma parte da pena que lhe foi imposta. 
 
 
2.2. Verificação empírica da aptidão do condenado para abreviar, ainda que 
precariamente, o tempo de prisão, saindo do estabelecimento para reintegrar-se 
socialmente. 
 
 
2.3. Não há consenso doutrinário sobre sua natureza. No Brasil, a doutrina 
majoritária entende que trata-se de direito subjetivo do apenado, desde que 
atendidos os pressupostos legais. 
 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
3. Pressupostos 
 
 
3.1. Segundo o artigo 131 da LEP, o livramento condicional poderá ser 
concedido ao condenado que vier a atender aos requisitos do artigo 83 CP. 
 
 3.1.1. Pena privativa de liberdade seja igual ou superior a dois anos; 
 
 3.1.2. Cumprimento de mais de um terço da pena, se o condenado não 
 for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; 
 
 3.1.3. Cumprimento de mais da metade da pena, em caso de 
 reincidência em crime doloso; 
 
 3.1.4. Cumprimento de mais de dois terços da pena, em caso de 
 condenação por crime hediondo ou assemelhados, salvo se reincidente 
 específico em crimes desta natureza; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
3. Pressupostos 
 
 
 3.1.5. Comprovação de comportamento satisfatório durante a execução 
 da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão 
 para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; 
 
 3.1.6. Reparação do dano, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo; 
 
 3.1.7. Submissão a exame criminológico, em caso de condenado por 
 crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa. 
 
 
3.2. O artigo 83, III, CP, arrola, ainda, três fatores de natureza subjetiva 
que visam aferir se o apenado responde satisfatoriamente às expectativas 
relacionadas com a sua reinserção social: 
 
 3.2.1. Comportamento satisfatório no curso da execução penal; 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
3. Pressupostos 
 
 
 3.2.2. Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; 
 
 3.2.3. Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho 
 honesto. 
 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
4. Unificação de Penas 
 
 
4.1. Artigo 84 CP. As penas que correspondam a infrações diversas devem ser 
somadas para efeito do livramento. 
 
 
4.2. O artigo 75, § 1º, CP, e o artigo 111 da LEP, cuidam da questão da 
unificação, para atender, respectivamente, ao limite máximo de cumprimento de 
pena (trinta anos), bem assim à fixação do regime inicial de cumprimento de 
pena. 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
5. Cumprimento das Condições e Período de Prova 
 
 
5.1. As condições a serem observadas pelo liberado, durante o período de 
prova, devem estar especificadas na sentença que concede o benefício (artigo 85 
CP). 
 
 
5.2. O artigo 132 da LEP disciplina os termos da sentença concessiva do 
livramento, prevendo um rol de condições obrigatórias e facultativas que deverão 
ser observadas pelo liberado. 
 
 
5.3. As condições obrigatórias são: 
 
 5.3.1. Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para 
 o trabalho; 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
5. Cumprimento das Condições e Período de Prova 
 
 
 5.3.2. Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação; 
 
 5.3.3. Não mudar do território da comarca do Juízo da Execução, sem 
 prévia autorização deste. 
 
5.4. Por seu turno, as condições facultativas são: 
 
 5.4.1. Não mudar de residência, no território da comarca, sem 
 comunicação ao juiz e à autoridade incumbida da assistência ou 
 fiscalização da medida (Patronato); 
 
 5.4.2. Recolher-se à habitação em hora fixada; 
 
 5.4.3. Não frequentar determinados lugares. 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
6. Descumprimento das Condições 
 
 
6.1. As condições impostas ao liberado devem ser estritamente observadas, 
sob pena de cancelamento do benefício e regressão ao regime anteriormente 
fixado. 
 
6.2. As causas de revogação podem ser obrigatórias ou facultativas.
6.2.1. Obrigatórias (artigo 86 CP): condenação irrecorrível por crime 
 cometido durante o benefício. Condenação irrecorrível por crime cometido 
 antes do benefício. 
 
 6.2.2. Facultativas (artigo 87 CP): deixar de cumprir qualquer das 
 obrigações constantes da sentença. Superveniência de sentença 
 condenatória irrecorrível, por crime ou contravenção, a pena que não seja 
 privativa de liberdade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
7. Suspensão 
 
 
7.1. Trata-se de medida cautelar que visa resguardar os interesses da 
sociedade, em razão da natural demora até se chegar a uma sentença 
condenatória irrecorrível que acarrete, só então, a revogação definitiva do 
benefício. 
 
 
7.2. Artigo 145 da LEP. Diferentemente da revogação, que é definitiva, a 
suspensão se dá a título provisório, ou seja, pendente da decisão final que selará 
o destino do apenado que tenha praticado outra infração enquanto liberado. 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
8. Prorrogação 
 
 
8.1. A prorrogação do livramento ou do seu período de prova efetivamente 
não existe. Isso porque, o artigo 89 CP contempla norma impeditiva da extinção 
da pretensão punitiva estatal, visto que, se houver condenação, será revogado o 
livramento que estava suspenso, desprezando-se o tempo correspondente ao 
período de prova para fins de cômputo de pena cumprida. 
 
 
8.2. A jurisprudência do STF e do STJ apontam no sentido de rejeitar a 
hipótese de prorrogação do livramento, reconhecendo-se, tão-somente, as 
medidas de suspensão, de caráter cautelar, e de revogação, como decisão final. 
 
 
 
 
 
 
Livramento Condicional 
9. Cumprimento Integral 
 
 
9.1. Decorrido o prazo referente ao período de prova – sem suspensão ou 
revogação –, considerar-se-á extinta a pena privativa de liberdade (artigo 90 CP e 
artigo 146 da LEP). 
 
 
9.2. Trata-se de causa de extinção da pretensão punitiva do Estado não 
prevista no rol do artigo 107 CP. 
 Roteiro 32: 
 
Efeitos da Condenação 
e Reabilitação 
 
1. Noções introdutórias 
2. Efeitos Secundários de 
Natureza Penal 
3. Efeitos Secundários de 
Natureza Extrapenal 
4. Reabilitação Penal 
 
 
 
 
 
 
Efeitos da Condenação e Reabilitação 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Artigos 91 a 95 CP: regulam questões atinentes aos efeitos da sentença 
penal condenatória, bem como ao instituto da reabilitação penal. 
 
 
1.2. A imposição de uma sanção penal é o efeito primário de toda condenação 
penal. Existem, ainda, os efeitos secundários – de natureza penal ou extrapenal. 
 
 
 
 
Efeitos da Condenação e Reabilitação 
2. Efeitos Secundários de Natureza Penal 
 
 
2.1. Encontram-se regulados em diversos pontos da legislação penal, bem 
como no Código de Processo Penal e na Lei de Execução Penal. 
 
 
2.2. São efeitos secundários de natureza penal: 
 
 2.2.1. Gerar a reincidência; 
 
 2.2.2. Impedir a concessão de substitutivos penais: a) na transação 
 penal; b) na suspensão condicional do processo; e c) na suspensão 
 condicional da pena; 
 
 2.2.3. Acarretar a revogação do sursis; 
 
 2.2.4. Acarretar a revogação do livramento condicional; 
 
 
 
 
 
 
Efeitos da Condenação e Reabilitação 
2. Efeitos Secundários de Natureza Penal 
 
 
 2.2.5 Influir na contagem do prazo prescricional; 
 
 2.2.6. Impedir o reconhecimento do privilégio: a) no furto; b) na 
 apropriação indébita; c)no estelionato; e d) na receptação; 
 
 2.2.7. Impedir a propositura da exceção da verdade no crime de 
 calúnia; 
 
 2.2.8. Impedir a extinção da punibilidade pela reparação do dano no 
 peculato culposo; 
 
 2.2.9 Impedir a extinção da punibilidade pela retratação ou declaração 
 da verdade no falso testemunho; 
 
 2.2.10 Ser expedida guia de recolhimento para execução; 
 
 
 
 
Efeitos da Condenação e Reabilitação 
2. Efeitos Secundários de Natureza Penal 
 
 
 2.2.11. Ser o réu preso ou conservado na prisão, tanto nas infrações 
 inafiançáveis, como nas afiançáveis enquanto não prestar fiança; 
 
 2.2.12. Ser o nome do réu lançado no rol dos culpados. 
 
 
 
 
Efeitos da Condenação e Reabilitação 
3. Efeitos Secundários de Natureza Extrapenal 
 
 
3.1. Há duas sortes de efeitos: 
 
 3.1.1. Genéricos (artigo 91 CP), que valem para todos os delitos e 
 têm incidência automática; 
 
 3.1.2. Específicos (artigo 92 CP), que se encontram relacionados com 
 determinados ilícitos e cuja aplicabilidade exige motivação expressa na 
 sentença. 
 
 
3.2. Dois exemplos de efeitos genéricos de toda condenação penal são a 
obrigação de reparar o dano e a perda dos instrumentos ou proveitos do crime. 
 
 
3.3. Os efeitos específicos da condenação, diferentemente dos anteriores, não 
são automáticos, devendo constar expressamente mencionados na sentença 
condenatória. São eles: 
 
 
 
 
 
Efeitos da Condenação e Reabilitação 
3. Efeitos Secundários de Natureza Extrapenal 
 
 
 3.3.1. Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo; 
 
 3.3.2. Incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou 
 curatela; 
 
 3.3.3. Inabilitação para dirigir veículo utilizado em crime doloso; 
 
 3.3.4. Inabilitação do empresário nos delitos falimentares. 
 
 
 
 
Efeitos da Condenação e Reabilitação 
4. Reabilitação Penal 
 
 
4.1. Significa recobramento de crédito ou do bom conceito perante os 
concidadãos. Trata-se, assim, do retorno, tanto quanto possível, à normalidade do 
convívio social, das atividades laborativas, de estudo, lazer, enfim, da estima 
pública. 
 
 
4.2. Na atualidade, a reabilitação penal aproxima-se mais da noção de 
ressocialização, podendo, de certa maneira, ser entendida como a plena 
reinserção social do apenado. 
 
 
4.3. Artigo 93 CP. A reabilitação somente alcança alguns dos efeitos 
secundários da condenação, sendo inadmissível para reaver o cargo, função 
pública ou mandato eletivo perdido por decisão do juízo criminal, bem assim o 
poder familiar, tutela ou curatela do filho, tutelado ou curatelado. 
 
 
 
 
Efeitos da Condenação e Reabilitação 
4. Reabilitação Penal 
 
 
4.4. Além dos pressupostos presentes no artigo 94 CP, é preciso que outros 
estejam presentes, tais como: 
 
 4.4.1. Domicílio no país no prazo de dois anos; 
 
 4.4.2. Demonstração efetiva e constante de bom comportamento 
 público ou privado; 
 
 4.4.3. Reparação do dano causado pelo crime ou comprovação da 
 absoluta impossibilidade de fazê-lo, até a data do pedido, ou 
 comprovação da renúncia expressa da vítima ou novação da dívida. 
 
 
4.5. Revogação da reabilitação: artigo 95 CP. Requisitos: 
 
 4.5.1. Que o reabilitado venha a ser condenado, como reincidente, a 
 pena diversa da multa; 
 
 
 
 
Efeitos da Condenação e Reabilitação 
4. Reabilitação Penal 
 
 
 4.5.2. Condenação superveniente a uma pena privativa de liberdade ou 
 restritiva de direitos. 
 
 
4.6. O juízo competente para a dedução do pedido é o da condenação – e não 
o da execução penal (artigo 743 CPP). 
 
 
4.7. A reabilitação é pessoal e intransferível. Dessa maneira, falecendo o 
condenado, o seu exercício não pode se transferir aos herdeiros. 
 Roteiro 33: 
 
Medidas de Segurança 
 
1. Noções introdutórias 
2. Conceito 
3. Objetivo e Natureza Jurídica 
4. Sistemas do Duplo Binário e 
Vicariante 
5. Diferenças entre Pena e 
Medida de Segurança 
6. Pressuposto e Espécies 
7. Suspensão, Extinção e 
Limite Máximo 
8. Conversão da Pena em 
Medida de Segurança 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. No Brasil, embora fundadas nas antigas penas correcionais da Primeira
República, as medidas de segurança foram alardeadas como uma nova tecnologia 
de punição, formalmente introduzidas pelo Código Penal de 1940. 
 
 
1.2. Conforme a Exposição de Motivos do Código Penal de1940, o Projeto fez 
ingressar na órbita da lei penal as medidas de segurança, classificando-as como 
“ações de prevenção e de assistência social aos portadores de estado de 
periculosidade. 
 
 
1.3. Supostamente, não tinham caráter repressivo, e se destinavam a 
proteger a sociedade contra as ações da “legião cinzenta dos inadaptáveis”. 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.4. Na ocasião, o Código Penal de 1940 dividiu as medidas de segurança 
entre patrimoniais e pessoais, subdividindo as últimas, em detentivas e não-
detentivas. Ainda, eram destinadas não somente aos inimputáveis, mas, 
igualmente, aos imputáveis considerados como presumidos perigosos, consoante 
o sistema do duplo binário ou dupla via (pena e medida de segurança). 
 
 
1.5. A Reforma Penal de 1984 procurou corrigir tais excessos, extinguindo as 
medidas de segurança patrimoniais e as pessoais não-detentivas. 
 
 
1.6. Mantiveram-se, contudo, as medidas de segurança privativa e restritiva, 
vale dizer, a internação em hospital de tratamento ou custódia e a sujeição a 
tratamento ambulatorial (artigo 96 CP). 
 
 
1.7. Ainda, o sistema do duplo binário foi substituído pelo sistema vicariante 
ou da única via (artigo 97 CP). 
 
 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
2. Conceito 
 
 
2.1. As medidas de segurança são consequências jurídicas da prática de fato 
definido como crime, por indivíduos que não possuam culpabilidade, por lhes faltar 
sanidade. 
 
 
2.2. São medidas tratamentais (internação e tratamento ambulatorial), 
impostas compulsoriamente por um juiz criminal nas hipóteses em que se revelar 
a periculosidade do indivíduo, em razão da prática de um injusto penal. 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
3. Objetivo e Natureza Jurídica 
 
 
3.1. Objetivo: impedir que a pessoa volte a delinquir, a fim de que possa 
levar uma vida sem conflitos com a sociedade (excepcionalmente, pode ser 
imposta ao semi-responsável que necessitar de especial tratamento curativo). 
 
 
3.2. Natureza jurídica: tem inequívoca natureza de sanção penal. A 
internação em hospital de custódia ou a sujeição a tratamento ambulatorial devem 
ser consideradas, ao lado das penas, como manifestações do magistério punitivo 
estatal. 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
4. Sistemas do Duplo Binário e Vicariante 
 
 
4.1. O Código Penal de 1940 adotava o sistema do duplo binário ou da 
dupla via: 
 
 4.1.1. Estabelecia que o indivíduo era submetido à medida de 
 segurança, depois de cumprida a pena privativa de liberdade; 
 
 4.1.2. A reunião de ambas as sanções penais pareceu contraditória, 
 pois era necessário avaliar se o indivíduo necessitava realmente de 
 tratamento ou se a sanção penal era suficiente. 
 
 
4.2. A Reforma Penal de 1984 então o substituiu pelo sistema vicariante ou da 
única via: o juiz deve escolher entre a imposição de uma pena ou de uma medida 
de segurança. 
 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
4. Sistemas do Duplo Binário e Vicariante 
 
4.3. A sistemática que passou a ser adotada foi a seguinte: 
 
 4.3.1. Para o imputável, somente caberá a imposição de pena; 
 
 4.3.2. Para o inimputável (artigo 26, caput, CP), há a aplicação de 
 medida de segurança; 
 
 4.3.3. Para o semi-responsável (artigo 26, parágrafo único, CP) aplica-
 se pena ou, alternativamente, medida de segurança. 
 
 
4.4. O que irá fundamentar a decisão judicial no caso do semi-imputável será 
a necessidade de especial tratamento curativo (artigo 98 CP). 
 
 
4.5. Em suma, pela sistemática atual, o imputável jamais sofrerá medida de 
segurança, o inimputável jamais receberá pena e o semi-imputável receberá uma 
ou outra sanção, jamais as duas. 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
5. Diferenças entre Pena e Medida de Segurança 
 
 
5.1. Pena e medida de segurança são espécies do gênero sanções 
penais. A doutrina tem apontado, entre elas, as seguintes distinções: 
 
 5.1.1. A pena tem caráter retributivo-preventivo (artigo 59, caput, CP), 
 ao passo que a medida de segurança tem caráter preventivo (artigo 96 
 CP); 
 
 5.1.2. O fundamento para a imposição da pena é a prática de fato 
 típico, antijurídico e culpável. Para a medida de segurança, basta a 
 perpetração de fato típico e antijurídico; 
 
 5.1.3. A pena tem tempo de duração determinada na sentença, e a 
 medida de segurança vigora por tempo indeterminado, enquanto não 
 constatada, por perícia médica, a cessação da periculosidade do agente; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
5. Diferenças entre Pena e Medida de Segurança 
 
 
 5.1.4. A pena destina-se ao imputável e, em regra, ao semi-
 responsável. A medida de segurança é destinada ao inimputável e, 
 excepcionalmente, ao semi-responsável que necessitar de especial 
 tratamento curativo; 
 
 5.1.5. A pena privativa de liberdade é cumprida em estabelecimento de 
 segurança máxima ou média, em colônia agrícola, industrial ou 
 estabelecimento similar ou em casa de albergado, enquanto que a 
 medida de segurança é cumprida em hospital de tratamento psiquiátrico 
 ou com o comparecimento ao posto de saúde adequado; 
 
 
 
 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
6. Pressupostos e Espécies 
 
 
6.1. Artigo 97 CP: periculosidade presumida como pressuposto para 
aplicação da medida de segurança para o inimputável. 
 
 
6.2. Artigo 98 CP: periculosidade real como pressuposto para aplicação da 
medida de segurança para o semi-imputável. 
 
 
6.3. Espécies: 
 
 6.3.1. Internação em hospital psiquiátrico; 
 
 6.3.2. Tratamento ambulatorial. 
 
 
 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
7. Suspensão, Extinção e Limite Máximo 
 
 
7.1. A desinternação ou liberação gradual se dará, conforme o § 3º do artigo 
97 CP, sempre a título provisório, ou seja, durante um período de prova de um 
ano, aplicando-se ao agente, durante este prazo, as condições previstas para o 
livramento condicional (artigo 178 da LEP). 
 
 
7.2. Posiciona-se no sentido de que para os inimputáveis a medida não pode 
perdurar por mais de trinta anos (artigo 75, caput, CP). O Decreto de Indulto 
Natalino, a partir de proposta do CNPCP, tem estabelecido que, no caso de 
inimputável, a duração máxima da medida de segurança não deve ser trinta anos, 
mas, sim, do tempo máximo cominado, em abstrato, no tipo penal em que o 
agente restou incurso. 
 
 
 
 
Medidas de Segurança 
8. Conversão da Pena em Medida de Segurança 
 
 
8.1. Em duas hipóteses a pena aplicada poderá ser substituída por medida de 
segurança: 
 
 8.1.1. A primeira se dá no caso de semi-imputável que necessitar de 
 especial tratamento curativo (artigo 98 CP); 
 
 8.1.2. A segunda hipótese ocorre em razão de superveniência de 
 doença mental de quem já se encontrava cumprindo a pena (artigo 41 CP 
 e artigo 183 da LEP). 
 
 
8.2. O STJ determinou que, se no curso da execução da pena de prisão 
sobrevier doença mental ou perturbação da saúde mental do condenado, o juiz 
poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança. 
 Roteiro 34: 
 
Ação Penal 
 
1. Noções Introdutórias 
2. Espécies 
3. Ação Penal Pública 
4. Ação Penal Privada 
5. Decadência do Direito de 
Queixa ou de Representação 
6. Renúncia ao Direito de Queixa 
7. Perdão do Ofendido 
8. Extinção da Punibilidade 
 
 
 
 
Ação Penal 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. Quando uma pessoa transgride a norma penal, o poder de punir sai do 
plano abstrato, surgindo, concretamente, a denominada
pretensão punitiva 
estatal, que é a pretensão da sociedade (representada pelo Estado) de impor 
sanção penal ao autor da conduta típica, antijurídica e culpável. 
 
 
1.2. Ação penal consiste no direito de obter o pronunciamento do Judiciário 
sobre a procedência da pretensão punitiva estatal. Trata-se do meio pelo qual se 
inicia o processo penal, com o fito de ser aplicada a pena contra determinado 
infrator. 
 
 
 
 
Ação Penal 
2. Espécies 
 
 
2.1. Sendo monopólio estatal, é possível que, por razões de política criminal, a 
lei condicione a atuação do órgão acusador à prévia manifestação de vontade do 
lesado ou de outro órgão público. 
 
 
2.2. Pode-se classificar a ação penal da seguinte forma: 
 
 2.2.1. Ação penal pública incondicionada; 
 
 2.2.2. Ação penal pública condicionada a representação do ofendido ou 
 a requisição do Ministro da Justiça; 
 
 2.2.3. Ação penal privada (exclusivamente privada e personalíssima); 
 
 2.2.4. Ação penal privada subsidiária da pública. 
 
 
 
 
Ação Penal 
2. Espécies 
 
 
2.3. É o legislador que irá definir qual modalidade de ação se submeterá cada 
modalidade de crime previsto no Código Penal ou na legislação penal especial. 
 
 
 
 
 
Ação Penal 
3. Ação Penal Pública 
 
 
3.1. A ação penal pública, incondicionada ou condicionada, é aquela 
promovida pelo Ministério Público (artigos 100, caput ou § 1º, CP; 24 CPP; e 129, 
I, CF/1988). 
 
 
3.2. Em alguns casos, embora pública, a ação penal dependerá de 
representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça (artigo 100, § 
1º, CP). 
 
 3.2.1 Representação significa a manifestação de vontade do ofendido 
 ou seu representante legal, no sentido de ser movida a acusação pública; 
 
 3.2.2. Requisição do Ministro da Justiça é, igualmente, uma 
 manifestação de vontade, pautada, no caso, por razões de conveniência 
 política. 
 
 
 
 
Ação Penal 
3. Ação Penal Pública 
 
 
3.3. A lei prevê a possibilidade do ofendido se retratar, ou seja, mudar de 
ideia depois de ter formulado a representação, desde que o MP ainda não tenha 
oferecido a denúncia (artigo 102 CP). 
 
 
3.4. A doutrina indaga se seria admissível a retratação da retratação. A rigor, 
trata-se de formulação de nova representação, em tese perfeitamente possível, 
desde que não tenha se operado o respectivo lapso decadencial. 
 
 
 
 
Ação Penal 
4. Ação Penal Privada 
 
 
4.1. Segundo a doutrina, a ação penal privada compreende as seguintes 
categorias: 
 
 4.1.1. Ação penal exclusivamente privada; 
 
 4.2.1. Ação penal privada subsidiária da pública; 
 
 4.2.3. Ação penal privada personalíssima. 
 
 
4.2. Exclusivamente privada: situações nas quais o interesse do ofendido 
se sobrepõe ao interesse público, razão pela qual a lei confere ao lesado a 
prerrogativa da deflagração da ação penal, por intermédio da queixa. 
 
 
 
 
Ação Penal 
4. Ação Penal Privada 
 
 
4.3. Privada subsidiária da pública (artigos 100, § 3º, CP, e 5º, LIX, 
CF/88): surge hipótese em que o Ministério Público não oferece a denúncia no 
prazo legal. 
 
 
4.4. Privada personalíssima (artigo 31 CPP): falecendo o querelante, 
extinguir-se-á a punibilidade do querelado, ante a impossibilidade de se prosseguir 
na ação penal, por não ser possível a “sucessão do direito de queixa”. 
 
 
 
 
 
 
Ação Penal 
5. Decadência do Direito de Queixa ou de Representação 
 
 
5.1. Se o legislador, por razões político-criminais, concede, em determinadas 
situações, ao ofendido o direito de representar ou ofertar a queixa-crime, por 
outro lado estipula-se um prazo para que o faça, sob pena de incidirem os efeitos 
da decadência. 
 
 
5.2. O artigo 103 CP não permite que a parte lesada pondere o tempo que 
quiser sobre a representação ou a queixa. 
 
 
5.3. Decadência pode ser definida como o escoamento do prazo previsto na lei 
sem que tenha havido a representação ou o oferecimento da queixa. 
 
 
 
 
 
 
Ação Penal 
5. Decadência do Direito de Queixa ou de Representação 
 
 
5.4. O ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o 
exerce dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que veio a saber que é o 
autor do crime ou, no caso do § 3º do artigo 100 CP, do dia em que se esgota o 
prazo para oferecimento da denúncia. 
 
 
 
 
Ação Penal 
6. Renúncia ao Direito de Queixa 
 
 
6.1. Renunciar é não exercer alguma faculdade legal. No caso, a renúncia ao 
direito de queixa significa que o lesado, apesar de poder iniciar a ação penal 
privada, não a deflagra. 
 
 
6.2. A renúncia só cabe na ação penal privada, bem como só pode ocorrer 
antes do início desta. 
 
 
6.3. Segundo o artigo 104 CP, a renúncia pode ser: 
 
 6.3.1. Expressa, quando for feita por escrito; 
 
 6.3.2. Tácita, quando houver a prática de ato incompatível com a 
 vontade de exercer o direito de queixa. 
 
 
 
 
Ação Penal 
7. Perdão do Ofendido 
 
 
7.1. Segundo o artigo 105 CP, o perdão do ofendido, nos crimes em que 
somente se procede mediante queixa, obsta o prosseguimento da ação penal. 
 
 
7.2. Pode ocorrer após o exercício do direito de queixa, isto é, depois de 
formalmente iniciada a ação penal privada. Só pode ser admissível até o trânsito 
em julgado da sentença condenatória. 
 
 
7.3. Segundo o artigo 106 CP, o perdão também poderá ocorrer nas 
modalidades expressa ou tácita. 
 
 
7.4. Peculiaridades: 
 
 7.4.1. O perdão concedido a qualquer dos querelados, a todos 
 aproveita; 
 
 
 
 
 
 
Ação Penal 
7. Perdão do Ofendido 
 
 
 7.4.2. Se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos 
 demais ofendidos; 
 
 7.4.3. Se o querelado recusa, não produz efeito. 
 
 
 
 
 
Ação Penal 
8. Extinção da Punibilidade 
 
 
8.1. Têm natureza de causas de extinção da punibilidade: 
 
 8.1.1. Decadência; 
 
 8.1.2. Prescrição; 
 
 8.1.3. Renúncia ao direito de queixa ou de representação; 
 
 8.1.4. Perdão do ofendido; 
 
 8.1.5. Perempção. 
 
 Roteiro 35: 
 
Extinção da Punibilidade 
 
1. Noções Introdutórias 
2. Condições Objetivas de 
Punibilidade e Escusas 
Absolutórias 
3. Classificação das Causas 
Extintivas da Punibilidade 
4. Causas de Extinção da 
Punibilidade 
5. Extinção e Suspensão da 
Punibilidade nos Crimes 
Previdenciários e Tributários 
 
 
 
 
Extinção da Punibilidade 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. A punibilidade compreende tanto a pretensão de punir, que surge com a 
prática do fato e vai até o trânsito em julgado da sentença condenatória, como a 
pretensão executória, que se verifica após a sentença definitiva e vai até o 
cumprimento de todas as obrigações penais do apenado. 
 
 
1.2. O caminho normal para a extinção da punibilidade passa pelo 
cumprimento integral da pena imposta ao infrator da lei penal. Cumprida a pena, 
resta exaurida a pretensão punitiva. 
 
 
 
 
Extinção da Punibilidade 
2. Condições Objetivas de Punibilidade e Escusas Absolutórias 
 
 
2.1. Algumas condições objetivas de punibilidade: 
 
 2.2. O ingresso do agente no território nacional; 
 
 2.3. A sentença declaratória de falência, concessória de recuperação 
 judicial ou de recuperação extrajudicial; 
 
 2.4. A decisão judicial de invalidação de licitação ou contrato etc. 
 
 
2.2. Escusas absolutórias também diferenciam-se das causas gerais de 
exclusão da punibilidade, por se tratarem de causas pessoais de isenção de pena, 
estando reguladas nos artigos 181 e 348, § 2º, CP. 
 
 
 
 
Extinção da Punibilidade 
3. Classificação das Causas Extintivas da Punibilidade 
 
 
3.1. A doutrina
costuma classificar as causas extintivas de punibilidade 
consoante os efeitos que distintamente produzem. 
 
 
3.2. Causas extintivas da pretensão punitiva e da pretensão executória: 
ocorrem respectivamente antes do trânsito em julgado da sentença condenatória e 
após este. 
 
 
3.3. Causas gerais e específicas: são as que valem para todos os delitos (ex: 
morte do agente) e aquelas que só cabem em certas hipóteses legais (ex: 
retratação no crime de calúnia). 
 
 
3.4. Causas comunicáveis e incomunicáveis: se comunicam-se ou não entre 
os concorrentes da prática delituosa. 
 
 
 
 
 
Extinção da Punibilidade 
4. Causas de Extinção da Punibilidade 
 
 
4.1. O artigo 107 CP elenca, de forma exemplificativa, quais são as causas 
que extinguem a punibilidade. 
 
 
4.2. Ao rol do referido artigo devem ser acrescentadas, dentre outras 
hipóteses, as alternativas penais (transação, suspensão do processo, suspensão 
da pena e livramento condicional), quando o período de prova é integralmente 
cumprido e não há revogação do benefício. 
 
 4.2.1 Morte do agente: vincula-se ao postulado constitucional da 
 personalidade da pena (artigo 5º, XLV, CF88); 
 
 4.2.2. Anistia: é o esquecimento do crime, isto é, o ato de vontade da 
 lei que retira a punição de certos fatos que, antes, eram considerados 
 delituosos. Existe uma tendência a não mais se admitir a anistia em 
 casos de prática de graves violações aos direitos humanos. 
 
 
 
 
Extinção da Punibilidade 
4. Causas de Extinção da Punibilidade 
 
 
 4.2.3. Indulto e graça: atos de clemência ou indulgência que se 
 perdem na história da disciplina. Assim como a anistia, também não 
 cabem para delitos hediondos ou assemelhados. A graça (ou indulto 
 individual) guarde pertinência com situações de cunho humanitário, e o 
 indulto (coletivo) tem raízes culturais e religiosas, e possui, na 
 atualidade, conotação político-penitenciária; 
 
 4.2.4. Abolição do crime (abolitio criminis): sinônimo de 
 descriminalização, ou seja, revogação integral, por força de lei, de 
 determinada figura delitiva; 
 
 4.2.5. Prescrição, decadência e perempção: Prescrição é a extinção do 
 direito de punir pelo seu não exercício durante determinado lapso de 
 tempo. Decadência é a perda do direito de representação ou de 
 oferecimento de queixa (respectivamente, na ação penal pública 
 condicionada à manifestação de vontade do ofendido e na ação penal 
 privada). Perempção é a perda do direito de prosseguir na ação em 
 virtude da inércia, do desinteresse ou da emulação do seu titular; 
 
 
 
 
 
Extinção da Punibilidade 
4. Causas de Extinção da Punibilidade 
 
 
 4.2.6. Renúncia ou perdão do ofendido: renunciar (artigo 104 CP) 
 significa deixar de exercer algum direito, podendo ocorrer de forma 
 expressa ou tácita. O perdão do ofendido (artigo 106 CP) pode ocorrer de 
 forma expressa ou tácita, extra ou intraprocessual, após o oferecimento 
 da queixa e até o trânsito em julgado da ação; 
 
 4.2.7. Retratação do agente: quando ele retira o que foi dito, 
 manifestando-se de forma contrária àquela anteriormente emitida (artigo 
 143 CP); 
 
 4.2.8. Perdão judicial: possibilidade de o juiz deixar de aplicar a pena, 
 nas hipóteses expressamente previstas na lei. São situações em que, 
 embora reconhecida a prática do delito, circunstâncias de cunho moral ou 
 social justificam a não imposição da sanção penal. Não se trata de 
 excludente de antijuridicidade ou de culpabilidade, pois há o crime. 
 
 
 
 
Extinção da Punibilidade 
5. Extinção e Suspensão da Punibilidade nos Crimes 
Previdenciários e Tributários 
 
 
5.1. Em se tratando de delitos previdenciários ou tributários (artigos 168-A e 
337-A, CP, e artigos 1º e 2º, da Lei nº. 8.137/90), o legislador tem adotado regra 
mais benéfica para o infrator que adota iniciativa reparatória do dano causado ao 
erário público. 
 
 
5.2. Na atualidade, a questão encontra-se regulada no artigo 83, e §§, da 
Lei nº. 9.430/96. 
 
 
5.3. Consoante sucessivos diplomas legais, atrelados a planos governamentais 
arrecadatórios, o pagamento integral ou o parcelado do débito previdenciário ou 
fiscal referente àqueles delitos, causa reflexos na órbita penal, com a extinção ou 
suspensão, respectivamente, da pretensão punitiva estatal. 
 
 
 
 
 
 
 
Extinção da Punibilidade 
5. Extinção e Suspensão da Punibilidade nos Crimes 
Previdenciários e Tributários 
 
 
5.4. Caso aquela pessoa física ou jurídica efetue o pagamento integral dos 
débitos oriundos dos tributos, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de 
concessão de parcelamento, deverá ser extinta a punibilidade do respectivo 
infrator, conforme dispõe o § 4º, do artigo 83, da Lei nº. 9.430/96. 
 
 
 
 
 Roteiro 36: 
 
Prescrição Penal 
 
1. Noções introdutórias 
2. Razões político criminais 
3. Crimes que nunca prescrevem 
4. Espécies de prescrição 
5. Termo inicial 
6. Causas impeditivas 
ou suspensivas 
7. Interrupção do prazo prescricional 
8. Contagem do prazo prescricional 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
1. Noções Introdutórias 
 
 
1.1. O fenômeno da prescrição penal acarreta tanto a aquisição (ou 
manutenção) do direito de liberdade como, inversamente, a extinção do direito de 
punir estatal. 
 
 
1.2. Para as infrações mais graves, os legisladores se mostram mais 
rigorosos, preponderando, assim, dois grandes modelos: a) da prescrição somente 
após um longo período de tempo; e b) da imprescritibilidade. 
 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
2. Razões Político Criminais 
 
 
2.1. Com exceção dos positivistas, os demais doutrinadores reconhecem que 
os efeitos da prescrição são justos e adequados, pelos seguintes motivos: 
 
 2.1.1. Pacificação social; 
 
 2.1.2. Punição ao Estado por sua ineficácia; e 
 
 2.1.3. Regeneração do infrator. 
 
 
2.2. Natureza penal ou processual penal? A prescrição obedece à regra 
do artigo 10 CP, ou seja, o dia do começo inclui-se no cômputo do seu prazo, ao 
invés da regra do artigo 798, § 1º, CPP, que exclui do prazo o dia do começo, 
incluindo, porém, o do vencimento. 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
3. Crimes que Nunca Prescrevem 
 
 
3.1. Alguns delitos jamais prescrevem, porque atentam mais profundamente 
contra os valores da comunidade interna e internacional. 
 
 
3.2. O ordenamento jurídico brasileiro prevê poucas hipóteses de 
imprescritibilidade na CF/88 – são elas: 
 
 3.2.1. A prática do racismo (criminalizada na Lei nº. 7.716/89; 
 
 3.2.2. A ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
 constitucional e o Estado Democrático (artigo 5º, XLII e XLIV, CF88). 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
4. Espécies de Prescrição 
 
 
4.1. Existem duas grandes modalidades de prescrição, reconhecidas pela 
generalidade dos ordenamentos jurídicos: a) prescrição da pretensão punitiva; e 
b) prescrição da pretensão executória. 
 
4.1.1. Prescrição da pretensão punitiva (artigo 109 CP): 
 
a) regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada 
ao crime; 
b) na hipótese de concurso de crimes (material, formal ou crime 
continuado), a prescrição é analisada em relação a cada 
infração de forma isolada (artigo 119 CP); 
c) deve levar em consideração as causas de aumento e de 
diminuição de pena, previstas tanto na Parte Geral como na 
Parte Especial ou na legislação especial; e 
d) as circunstâncias agravantes e atenuantes, bem como as 
circunstâncias judiciais, não interferem na contagem do prazo 
da prescrição da pretensão punitiva. 
 
 
 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
4. Espécies de Prescrição 
 
 
4.1.2. Prescrição da pretensão executória (artigo 110, caput, CP): regula-se
pela pena imposta e tem como referencial os mesmos prazos fixados no artigo 109 
CP, que aumentam de um terço se o condenado é reincidente. 
 
 
4.2. Para ambas as espécies de prescrição, na hipótese de substituição da 
pena privativa por uma ou duas restritivas de direitos, a prescrição continuará a 
ser regulada pela quantidade de pena de prisão inicialmente fixada, conforme 
disposto no parágrafo único, do artigo 109 CP. 
 
 
4.3. Além das sistemáticas prescricionais acima referidas, há a possibilidade 
da prescrição intercorrente ou superveniente à sentença condenatória, quando a 
acusação não recorra ou cujo recurso não for acolhido (artigo 110, § 1º, CP). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
4. Espécies de Prescrição 
 
 
4.4. Intercorrente: 
 
a) não é regulada pela pena em abstrato, mas pela pena aplicada; 
b) será passível de ocorrência nos casos em que exista o trânsito 
em julgado para a acusação ou, caso tenha apelado, 
quando haja improvimento do seu recurso. 
 
 
4.5. Retroativa: 
 
a) teve por finalidade o alcance prescricional da sentença para 
trás; 
b) com a Lei nº. 12.234/10, não existe mais, no ordenamento 
jurídico brasileiro, a figura da prescrição retroativa da 
pretensão punitiva referente ao lapso de tempo anterior ao 
recebimento da denúncia. 
 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
4. Espécies de Prescrição 
 
 
4.6. Prescrição em perspectiva ou prescrição pela pena virtual: 
 
a) regula-se pela pena que seria concretizada na sentença 
vindoura; 
b) premissa da teoria da pena mínima, ou seja, a constatação, na 
fase de inquérito ou no curso da ação penal, de que o acusado, 
se condenado, receberia, em razão das circunstâncias judiciais 
e legais favoráveis, pena no mínimo cominado. 
 
 
4.7. Prescrição da pena de multa: artigo 114 CP. 
 
 
4.8. Artigo 96, parágrafo único, CP: extinta a punibilidade, não se impõe 
medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta. 
 
 
 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
5. Termo Inicial 
 
 
5.1. Prescrição da pretensão punitiva: em regra, a contagem da 
prescrição da pretensão punitiva inicia-se a partir do momento em que o crime se 
consuma (artigo 111, I, CP). Há exceção (artigo 111, II, CP) para o crime tentado, 
cuja contagem começa a correr do dia em que cessou a atividade criminosa. 
 
 
5.2. Prescrição da pretensão executória: 
 
5.2.1. Segundo o artigo 112 CP, começa a correr: 
 
a) na data em que transita em julgado a sentença condenatória 
para a acusação; 
b) na data em que se revoga a suspensão condicional da pena ou 
o livramento condicional; e 
c) na data em que se interrompe a execução, salvo quando o 
tempo da interrupção deva computar-se na pena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
6. Causas Impeditivas ou Suspensivas 
 
 
6.1. Compreendem situações nas quais a pretensão punitiva ou executória 
não pode ser exercitada, não por conta de desídia ou desinteresse estatal, mas 
sim devido a circunstâncias que obstam o regular prosseguimento do ius puniendi 
ou ius punitionis. 
 
 
6.2. O Código Penal arrola três hipóteses, duas relacionadas com a pretensão 
punitiva (artigo 116, I e I, CP) e, a terceira, com a pretensão executória (artigo 
116, parágrafo único, CP). Com relação a todas elas, aplica-se a Súmula 415, do 
STJ: “O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da 
pena cominada”. As causas elencadas no artigo 116 CP não são exaustivas, e sim 
exemplificativas. 
 
 
 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
7. Interrupção do Prazo Prescricional 
 
 
7.1. Nos casos de interrupção, contemplados no artigo 117 CP, torna-se inútil 
o lapso de tempo decorrido, começando um novo curso, como se o crime tivesse 
sido praticado naquele dia. 
 
 
7.2. Este efeito não se aplica à interrupção pelo início ou continuação do 
cumprimento da pena (artigo 117, V, CP). 
 
 
 
 
 
Prescrição Penal 
8. Contagem do Prazo Prescricional 
 
 
8.1. A contagem do prazo prescricional obedece à regra do artigo 10 CP, ou 
seja, o dia do começo inclui-se no cômputo final. Além disso, os dias, meses e 
anos observam o calendário comum. 
 
 
8.2. O artigo 115 CP prevê que os prazos da prescrição da pretensão punitiva 
devem ser reduzidos de metade quando o infrator for menor de 21 (vinte e um) 
anos, ao tempo do crime, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença.

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