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REFORMA CONSTITUCIONAL Introdução A Constituição é a lei fundamental e suprema do Brasil, situando-se no topo do ordenamento jurídico. A constituição brasileira é extensa e detalhada. Ela é caracterizada como formal, promulgada, rígida , dogmática, analítica e rígida, por nao ser facilemente alterada. Ela é promulgada por ter sido elaborada por um poder constituído democraticamente. É formal por possuir dispositivos que não são normas essencialmente constitucionais. É dogmatica por ter sido constituido por uma assembléia nacional constituinte. E analitica dado que descreve pormenores todas as normas estatais e todos os direitos e garantias por ela defendidos. As leis e a constituição , em especial, são para terem vida longa, ao contrário das constituições brasileiras. Após vários anos e varias reformas constitucionais vamos questionar aqui as modalidades de reforma prevista, a necessidade de reformar a constituição, limites que devem ter as reformas da constituição e se é necessaria uma nova constituição. 1: Modalidades de reforma previstas na constituição de 1988: A nação não exerce diretamente o poder constituinte, este é exercido pelos representantes da nação que são eleitos por essa e reunidos numa assembléia constituinte. Existem dois tipos de poder constituinte: o originário e o derivado. O poder constituinte originário cria o Estado. Esse poder é incondicionado e ilimitado, porque não se vincula a qualque regra formal previamente establecida, e é ilimitado porque não se subordina ao direito positivo existente. Ele é portanto um poder soberano, não se submete a nenhum outro poder, exercido pelos representantes do povo, eleitos para elaborar uma nova constituição. O poder constituinte derivado está sujeito ao controle da constituição.É um poder subordinado pois se encontra limitado pelas normas expressas e implícitas do texto constitucional, ao qual não pode contrariar. É um poder derivado pois retira a sua força do poder constituinte originário. Devemos tambem estabelecer o conceito de reforma usado nesse texto, ele é usado para alterações parciais na constituição vigente. O poder constituinte derivado apenas pode alterar a constituição se estiver de acordo com os limites materiais e formais prescritos. A constituição atual possui duas modalidades de reforma, por Emenda Constitucional e por Revisão Constitucional. 1.1: Emenda Constitucional A Emenda Constitucional esta prevista no art. 60. A iniciativa de projeto de emenda é , geralmente, do Presidente da Republica ou dos parlamentares. Apesar de estar previsto, também, uma participação das Assembléias Legislativas dos Estados federados quanto as alterações à Constituição. No entanto, isso nunca aconteceu. Essa hipótese, geraria por um lado mais legitimidade, já que seria proposta pela maioria das Casas parlamentares dos Estados brasileiros, por outro lado, é algo mais difícil de acontecer. No primeiro parágrafo do art. 60 , da Constituição de 88, se estabelece uma limitação de ordem formal a mudanças na constituição. Não podendo então ser emendada quando estiver em estado de sitio, intervenção federal ou em estado de defesa, pois nessas situações instáveis o poder do executivo pode se aproveitar para concentrar mais poderes. As mudanças devem ser realizadas em momentos serenos para serem tomadas decisões amadurecidas e duradouras. O segundo parágrafo do art. 60, se refere a votação e aprovação da emenda, a proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos. Será considerada aprovada se obtiver em ambos turnos três quintos dos votos dos respectivos. Aqui se encontra precisamente a rigidez constitucional, ao prever uma maior dificuldade para alteração da Constituição do que para as demais normas. O terceiro parágrafo do art. 60 prevê que o projeto de emenda será promulgado pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Sendo assim, a participação no processo de votação da emenda é reservada apenas ao Congresso Nacional, ou seja, o Presidente da República não participa desse processo. Outra limitação encontrada pelas emendas são as clausulas pétreas, que são disposições de proíbida alteração. Essas cláusulas se encontram no paragrafo 4 do art. 60 , com isso visa impedir que questões essenciais para a Democracia, referentes a estrutura, a organização do Estado e ao direitos fundamentais, sejam alteradas ou diminuidas em sua essência. Entretanto pode haver o aperfeiçoamento desses temas importantes. O proprio art 60 é considerado uma clausula petrea. Tirando as restrições do art. 60 a Constituição poderia ser emendada quantas vezes fosse necessário(nossa constituição já foi emendada vinte e nove vezes). No entanto, sabe-se que a constituição não deveria sofrer alterações freqüentes. 1.2: Revisão Constitucional Outra modalidade de reforma é a Revisão Constitucional, que está prevista no art. 3° do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. A revisão da constituição será feita após cinco anos da promulgação desta, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional em sessão unicameral. No Brasil a revisão se realizou quando prevista e resultou em seis Emendas Constitucionais de Revisão. A revisão constitucional , em comparação com a emenda, oferece maior facilidade para a alteração do texto constitucional, pois exige um quorum menor de maioria absoluta e também apenas um turno de votação, em uma sessão que reúne Câmara dos Deputados e o Senado Federal. 2.1: Necessidade de reforma da constituição: Tendo-se em vista que nenhuma norma é perfeita, e que com o passar do tempo ela deve se adequar as necessidades da sociedade, a própria Constituição, em seus textos, prevê a possibilidade de alterações na mesma. Entretanto, para que haja sucesso nas alterações feitas a adequação à realidade é condição para a eficácia(jurídica) da Constituição. Assim sendo, sua força normativa será garantida. No caso brasileiro, tem-se uma constituição considerada analítica e extensa, dessa forma, ter que realizar algumas reformas em nível de Estado implica necessariamente alteração da Constituição, pois, se o tema é relevante, certamente foi tratado pela Constituição. 2.2: Conseqüência de reformar a Constituição: A lei tem como sua principal função ditar as regras a serem seguidas em uma determinada sociedade, seu conjunto de leis – sua constituição, deve ser então de conhecimento de todos os membros componentes dessa sociedade. Entretanto, tomando como exemplo a sociedade brasileira, que é regida por uma constituição extensa e analítica, muitas vezes as reformas feitas nessa mesma acabam passando despercebidas, fazendo com que a maior parte dessa sociedade não tenha conhecimento dessas alterações. Além disso, fato de serem feitas muitas alterações na Constituição gera outras conseqüências ruins, como a transmissão de, por serem feitas muitas reformas, uma constituição ruim pondo em risco o princípio de segurança jurídica que acarretaria por em xeque todo o sistema jurídico brasileiro. Por fim, faz-se necessário um prazo para o conhecimento dessas novas normas, para que seja melhor aprendido, saibam-se que interpretação os Tribunais estão tirando dessas novas leis e seja finalmente consolidado. 2.3: Limites para a reforma da constituição: A reforma Constitucional necessita ser limitada, pois, senão, preceitos constitucionais de suma importância poderiam ser alterados ou suprimidos, inclusive aqueles preceitos que espelham o próprio espírito da Constituição. O poder reformador é, assim, limitado. Há legitimidade nas reformas constitucionais a partir do momento em que o grupo que exerce poder, age em nome do povo – titular do poder constituinte. Esse grupo, no caso brasileiro, é o Congresso Nacional. Apesar da competência do Congresso Nacional brasileiro, poderíamos obter uma maior legitimidade das alterações da Constituição se as emendas constitucionais fossem submetidas a referendo populardo povo brasileiro. Essa é uma idéia que vigora em países como a Suíça onde o povo e os Cantões(estados) sempre obtém o veredicto acerca de determinada questão. No Brasil, a constituição brasileira prevê a existência do referendo como uma forma de exercício da soberania popular, apesar de não estar prevista para o caso de revisão da constituição. 2.32: Manutenção responsável da Constituição: Uma das maneiras de se assegurar a supremacia da Constituição é a chamada rigidez constitucional, que é o fato de haver regras diferenciadas para a alteração da Constituição, estabelecendo uma dificuldade maior para a alteração da mesma quando posta em contraste com as demais leis. Faz-se necessária a efetivação do principio da intangibilidade da Constituição, para que ela deixe de ser flexível na prática, apesar de formalmente rígida. Mesmo quando for imperiosa a alteração da Constituição, as mudanças devem ser as mínimas possíveis, para não dificultar a compreensão pelo povo. Uma maneira de se obter uma manutenção responsável da Constituição é, por exemplo, se fosse estabelecido um período pré-determinado no ano para que suas novas normas fossem implementadas, assim, a população conseguiria ficar mais atentas as mudanças nas leis e assim evitar que fossem pegas de surpresa. Em suma, para que uma constituição tenha mais valor, quatro fatores são fundamentais: controle de constitucionalidade, rigidez constitucional, eficácia jurídica e eficácia social. 3. Uma nova constituição? A constituição de 1988 é constituída dos mais nobres valores no que se refere à construção de um Estado democrático de direito e no que se refere aos direitos fundamentais. Ela busca sempre a harmonização dos interesses existentes na sociedade, buscando também preservar os interesses das minorias. Além disso, ela é um verdadeiro pacto político fundado no âmago da sociedade e pressupõe a existência de um pacto social anterior. A constituição de 1988 é considerada por muitos juristas como uma das mais progressistas e modernas do mundo. Em adição com a possibilidade de efetivação de reformas parece nos bem claro que não há necessidade da formulação de uma nova Constituição. Além do fato de todas as anteriores mudanças de Constituição teriam sido realizadas por mudanças de regime político, como, por exemplo, a de 1988 se sucede a passagem de uma Ditadura Militar para a Democracia. 4. Resumo Conseqüências de se fazer uma nova Constituição segundo Paulo Vargas Groff, no texto “Constituição de 1988 e reformas”: Conseqüências Negativas Desaparecimento da Constituição sem que ela tenha comprido seu objetivo. Isso porque ela é uma Constituição razoavelmente nova, tem apenas 18 anos. A maioria dos dispositivos constitucionais ainda nem foram interpretados pelo Supremo Tribunal Federal, que é o guardião da Constituição. O que resulta em muitos desses dispositivos ainda não terem atingido a eficácia jurídica que era proposta em suas criações. A ausência da garantia de que as conquistas da Constituição regente seriam mantidas na próxima Constituição é outro fator contrário a elaboração de uma nova Constituição. Em especial, é necessário observar que a Constituição de 1988 é constituída dos mais nobres valores no que se refere à construção de um Estado democrático de direito e no que se refere aos direitos fundamentais. Não há motivos para se arriscar perder essa conquista em uma nova Constituição, já que dificilmente haveria uma ampliação dos direitos fundamentais, sendo que essa ampliação é possível dentro da atual Constituição por meio de Emendas Constitucionais, sem o risco de perdermos as conquistas da atual Constituição apenas com a possibilidade de ganharmos com isso. A necessidade de se validar todo o ordenamento jurídico com a vinda de uma nova Constituição. O problema que enfrentamos desde 1988, de se validar todas as normas infraconstitucionais, voltaria com força máxima, e representaria uma perde de tempo e de energias que não se justifica. Até porque podemos considerar que o nosso poder Judiciário já está suficientemente sobrecarregado de processos judiciais, isso se não quisermos dizer que ele está completamente falido. Conseqüências Positivas A Assembléia Nacional Constituinte pode mobilizar a sociedade em torno de discussões das matérias constitucionais, como ocorreu em 1987 e 1988. Muito embora naquela época a discussão tenha sido prejudicada pela proximidade com a ditadura militar, que pode ter levado ao receio de participação política, fruto da brutalidade política na ditadura e também pela ausência de uma cultura de participação.