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Aula 17 - 13/10/2010 - A crise do Antigo Sistema Colonial e sua Internalização: renascimento agrícola e liberalismo econômico (período joanino) Texto NOVAIS (1986) FURTADO (2009, cap. 7, 16 e 17) contexto: crise do antigo sistema colonia (ASC) e como essa crise se internaliza paradoxo: crise “la fora” e aqui dentro (sist. colonial) x clima de euforia graças a esses 2 vetores. 1) Do capitalismo comercial ao capitalismo industrial: a crise do Antigo Sistema Colonial Retomando o Sentido Profundo: O Sistema Colonial como elemento a compor as engrenagens do Antigo Regime; Estados Nacionais praticando o mercantilismo com vistas à superação da crise feudal; antigo sistema colonial como fator de fomento da acumulação originária do capital (grande novidade de Novais em relação à CPJr.); colonização moderna: comercial e capitalista; mecanismos que concretizam esse sentido profundo da colonização: exclusivo metropolitano & escravidão & tráfico negreiro. Contradição em potência: colonização promove a acumulação primitiva do capital; exploração colonial viabilizada porque ‘ia se engendrando no mundo ultra-marino o universo da sociedade senhorial-escravista. “Não é possível explorar a colônia sem desenvolvê-la; isto significa ampliar a área ocupada, aumentar o povoamento, fazer crescer a produção. É certo que a produção se organiza de forma específica, dando lugar a uma economia tipicamente dependente, o que repercute também na formação social da colônia. Mas, de qualquer modo, o simples crescimento extensivo já complica o esquema; a ampliação das tarefas administrativas vai promovendo o aparecimento de novas camadas sociais, dando lugar aos núcleos urbanos, etc. Assim, a pouco e pouco vão se revelando oposições de interesse entre colônia e metrópole, e quanto mais o sistema funciona, mais o fosso se aprofunda. Por outro lado, a exploração colonial, quanto mais opera, mais estimula a economia central, que é o seu centro dinâmico. A industrialização é a espinha dorsal desse desenvolvimento, e quando atinge o nível de uma mecanização da indústria (Revolução Industrial), todo o conjunto começa a se comprometer porque o capitalismo industrial não se acomoda nem com as barreiras do regime exclusivo colonial nem com o regime escravista de trabalho.”-NOVAIS Ora, os traços dessa sociedade senhorial-escravista não se coadunam com as inter-relações e valores da “sociedade burguesa em ascensão na Europa”. Produção mercantil e escravista são os dois lados da limitação ao crescimento da economia de mercado. De fato, é essa concentração de renda que permite que os senhores mantenham, na colônia, a continuidade do processo produtivo e importem produtos. (MAS-mercado limitado para a economia não oficinal). O mercado interno, pelo fato de usar escravos, possui uma amplitude muito pequena, e responde ao funcionamento do sistema enquanto as economias centrais se desenvolvem. Quando há mecanização da produção e é ultrapassado o nível da acumulação primitiva, um mercado de características monopolistas torna-se um obstáculo à vazão da produção. Questão econômica: escravos não consomem e regime do exclusivo colonial como barreira. No artigo de 1972 (Novais), o argumento dos mercados encontra uma formulação mais complexa, mas as especificidades dos nexos coloniais específicos permanecem diluídas no conjunto do Antigo Sistema Colonial. Nesse mesmo artigo, é posta também ênfase no aspecto político da crise, crise esta que não é apenas do Antigo Sistema Colonial, mas do todo, do Antigo Regime (burguesia começa a tomar consciência de si mesma e se incompatibiliza com o Antigo Regime). “Mas nas próprias metrópoles, isto é, no centro dinâmico do sistema, as contradições emergem de seu próprio funcionamento. Aplicada a política mercantilista pelos vários estados, as relações internacionais tendem para um belicismo crônico, que só pode resolver-se pela hegemonia final de um deles. Internamente, nos vários estados, e em função dessa mesma desenfreada competição, a política de fomento econômico vai se tornando condição de sobrevivência; ora essa política não se pode implementar sem promover o progresso burguês, rompendo assim o equilíbrio de forças sobre que se fundava o Estado absolutista: o estatismo econômico vai, assim, deixando de ser visto como uma alavanca para o desenvolvimento, pela camada burguesa em vias de dominar todo o processo de produção- o intervencionismo do Estado absolutista começa a ser visto como entrave. A burguesia começa a tomar consciência de si mesma, e se incompatibilizar como Antigo Regime. No centro dinâmico e na periferia complementar, a velha estrutura, aparentemente tão sólida, se compromete e começa a vacilar nos seus alicerces. Abre-se a fase de reformas, alternativa para a revolução.” Gênese do capitalismo na E. Ocidental Expansão do modo de produção capitalista -processo de acumulação originária -extração da mais-valia de forma endógena ao processo produtivo -ASC pré-requisitos (lógicos e históricos) -crise (ASC inadequado - exclusivo, mercados) D-M-D’: ganho na circulação D-M-P(FT,MP)...-M-D’ Antigo Sistema Colonial -forma mercantilista de colonização, aporte de capitais, ampliação de mercados, crise de dentro 2) Internalização da crise do Antigo Sistema Colonial -externamente: desenvolvimento do capitalismo sentado na revolução industrial, causando a crise do antigo sistema colonial. -internamente: clima de euforia vinculados à processos ligados aos acontecimentos de lá de fora (renascimento agrícola e liberalismo econômico-transferência da corte) A) Renascimento agrícola: C.Furtado - coloca como muito de conjuntural: guerra de independência do EUA; colapso de São Domingos; guerras napoleônicas; processos de independência na América Espanhola [açúcar, algodão, arroz, couros e café]. CPJr. - coloca como algo de estrutural: (elementos que vem para ficar) revolução industrial, revolução francesa, aumento da população européia, incremento da atividade comercial [ + mercados para produtos coloniais] B) Política Liberal de D. João - ideal ilustrado absorvido de forma ‘conveniente’ B.1) Abertura dos Portos (1808 - ocorreu Não foi resultado de uma “teorização” mais liberal, mas fruto de uma necessidade, dado que, pelo fato da vinda da família real, não se tem mais ‘metrópole. Ingleses: foi bom que abriram os Portos, mas se isso fosse feito com vantagens/privilégios aos navios, seria melhor (manufaturas britânicas). B.2) Tratados de 1810 Complementou os desejos anteriores Retórica de liberalismo (liberalismo bom é liberalismo dos outros!); Tarifa favorecida para a Inglaterra (os famigerados 15%); “Presença inglesa” no Brasil B.3) Banco do Brasil: A transferência da Corte evidencia a modesta existências e as necessidades de numerário, além da necessidade de controle via aparatgo administrativo e institucional. 1809 a 1813: início da circulação da moeda fiduciária com vistas a estimular os negócios, lidando com as restrições do numerário. 1814 a 1820: faculdade emissora crescentemente vinculada à cobertura dos déficits do governo. Furtado e os Problemas da Falsa Euforia i) a não-modernização da economia brasileira (recorrente questão da auto-propulsão): política tributária X política cambial; Roberto Simonsen: quando o protecionismo deveria ter sido a política, fomos liberais Caio Prado: deveria ter havido proteção tarifária Celso Furtado: coloca que não houve proteção tarifária, mas que acabou ocorrendo uma proteção cambial ii) Dificuldades financeiras: déficit comercial x déficit público Déficits na balança comercial (problemas no setor exportador). Alterantivas: ->dívida externa [não havia credores] / ->desvalorização cambial: efeitos negativos sobre a receita do governo (já em complicada situação por causa de gastos militares-província Cisplatina) ->emissões Resultado: inflação, pressão sobre a taxa cambial, efeitos maiores sobre a população urbana. B.4) Política industrial: Revogação do decreto de 1785; isenção de direitosaduaneiros às matérias primas necessárias às fábricas nacionais; Isenção de imposto de exportação para produtos manufaturados no país; Utilização de artigos nacionais no fardamento das tropas reais; Privilégios exclusivos por 14 anos aos inventores ou introdutores de novas máquinas B.5) Política imigratória: Vínculo com a política industrial Centrado nos núcleos coloniais (viveiros de mão-de-obra) Decreto de 25.11.1808 referido por O. Lima: concede aos estrangeiros o direito a datas de terra por sesmaria: melhor meio de chamar braços Isso não atende, porém, ao interesse dominantes do país, demandantes de mão-de-obra para a grande lavoura. 3) Resumo: Primeira metade de século XIX: PERSPECTIVA EXTERNA: desenvolvimento do capitalismo; Revolução Industrial; crise do Antigo Regime PERSPECTIVA INTERNA: renascimento agrícola (temporariedade); liberalismo econômico (política ‘liberal’ de D. João VI) Não modernização da economia brasileira (política tributária; política cambial) PROBLEMAS Dificuldades financeiras (déficit comercial e público) SOLUÇÃO: cafeicultura Tópicos da Política “liberal” de D. João a) abertura dos portos ; b)tratados de 1810 ; c) política industrial ; d) BB ; e) pol. imigratória