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de não sabermos onde agarrá-la [13]. Em flagrante contraste com a materialidade palpável da
mercadoria, não existe um único átomo de matéria que entre no seu valor. Podemos, pois, dar
voltas e mais voltas a uma certa mercadoria: enquanto objecto de valor, ela permanecerá
inapreensível. No entanto, se nos recordarmos que as mercadorias só possuem valor enquanto são
expressão da mesma unidade social - trabalho humano -, que, portanto, o valor das mercadorias é
uma realidade puramente social, torna-se evidente que essa realidade social também só se pode
manifestar nas transacções sociais, nas relações das mercadorias umas com as outras. De facto,
partimos do valor-de-troca ou da relação de troca das mercadorias para chegar ao seu valor, aí
escondido. Temos agora de voltar a essa forma de manifestação do valor. 
Toda a gente sabe, mesmo quando não se sabe mais nada, que as mercadorias possuem uma
particular forma-valor [comum,] que contrasta da maneira mais flagrante com as suas múltiplas
formas naturais - é a forma-dinheiro. Importa agora fazer o que a economia burguesa nunca tentou:
fornecer a génese da forma-dinheiro, ou seja, seguir o desenvolvimento da expressão do valor
contida na relação de valor das mercadorias, desde o seu esboço mais simples e menos aparente
até essa forma-dinheiro que salta aos olhos de toda a gente. Com isso se resolve e se faz
desaparecer ao mesmo tempo o enigma do dinheiro. 
Em geral, a única relação entre as mercadorias é uma relação de valor, e a mais simples relação
de valor é, evidentemente, a relação de uma mercadoria com outra qualquer mercadoria de
espécie diferente. A relação de valor ou de troca de duas mercadorias fornece, portanto, a uma
mercadoria, a expressão mais simples do seu valor. 
A - Forma simples, [singular] ou acidental do valor
x da mercadoria A = y da mercadoria B, ou x da mercadoria A vale y da mercadoria B. (20 metros
de tecido = l fato, ou 20 metros de tecido valem 1 fato). 
O mistério de qualquer forma-valor esconde-se nesta forma simples. É portanto na sua análise que
se encontra a dificuldade. 
1. Os dois pólos da expressão do valor: a forma relativa e a forma de equivalente 
Duas mercadorias diferentes, A e B (no exemplo que escolhemos: o tecido e o fato) desempenham
aqui, evidentemente, dois papéis distintos. O tecido exprime o seu valor no fato e este fornece a
matéria dessa expressão. A primeira mercadoria desempenha um papel activo, a segunda um
papel passivo. O valor da primeira apresenta-se como valor relativo [,encontra-se sob a forma
relativa do valor]. A segunda mercadoria funciona como equivalente [,encontra-se sob a forma de
equivalente]. 
A forma relativa e a forma de equivalente são dois aspectos correlativos, inseparáveis, [ que se
condicionam mutuamente,] mas ao mesmo tempo são extremos opostos, que se excluem
mutuamente, isto é, pólos da mesma expressão de valor. Essas duas formas distribuem-se sempre
pelas diversas mercadorias que a expressão do valor relaciona mutuamente. [Não posso, por
exemplo, expressar o valor do tecido em tecido.] A equação: 20 metros de tecido = 20 metros de
tecido [não é nenhuma expressão de valor], significa somente que 20 metros de tecido são
precisamente a mesma coisa que 20 metros de tecido, quer dizer, não são mais que uma certa
soma de um valor-de-uso: tecido. O valor do tecido só pode, portanto, exprimir-se relativamente,
isto é, numa outra mercadoria. A forma-valor relativa do tecido pressupõe, portanto, que uma outra
mercadoria qualquer se encontre em face dele sob forma de equivalente. Por outro lado, a
mercadoria que figure como equivalente não pode encontrar-se ao mesmo tempo, sob forma-valor
relativa. Não é ela que exprime o seu valor; apenas fornece a matéria para a expressão do valor da
outra mercadoria. 
É certo que a expressão 20 metros de tecido = 1 fato ou 20 metros de tecido valem 1 fato, contém
a recíproca: 1 fato = 20 metros de tecido ou 1 fato vale 20 metros de tecido. Mas então torna-se
necessário inverter a equação para exprimir relativamente o valor do fato, e nesse caso o tecido
torna-se equivalente em seu lugar. Uma mesma mercadoria não pode, portanto, revestir
simultaneamente estas duas formas na mesma expressão de valor. Estas duas formas excluem-se
como dois pólos. 
[Ora, a questão de saber se uma mercadoria se encontra sob a forma-valor relativa ou sob a forma
oposta, a forma-equivalente, depende exclusivamente da sua posição em cada caso na expressão

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