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1 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? Ricardo Resende – Direito do Trabalho – Aulas 45 a 56 Material escrito referente às vídeo-aulas do tema CAPÍTULO 5 - RELAÇÃO DE TRABALHO e RELAÇÃO DE EMPREGO Marcador: Aula 45 1. Conceito de relação de trabalho É “toda relação jurídica caracterizada por ter sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer consubstanciada em labor humano”1. 2. Distinção entre relação de trabalho e relação de emprego Relação de trabalho = gênero Relação de emprego = espécie Requisitos: arts. 3º e 2º da CLT2 Graficamente, teríamos a seguinte idéia: 1 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. – 4ª ed. – São Paulo : LTr, 2005, p. 285. 2 Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Relação de trabalho Relação de emprego 2 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? 3. Modalidades de relação de trabalho a) relação de emprego b) relação de trabalho autônomo c) relação de trabalho eventual d) relação de trabalho avulso e) relação de trabalho voluntário f) relação de trabalho institucional g) relação de trabalho de estágio h) relação de trabalho cooperativado 4. Relação de emprego É a relação de trabalho subordinado. Marcador: Aula 46 4.1. Requisitos caracterizadores da relação de emprego (arts. 3º e 2º da CLT) a) Trabalho prestado por pessoa física b) Pessoalidade Cuidado: a pessoalidade se dá em relação ao empregado. Ao contrário, não há pessoalidade em relação ao empregador, que pode mudar sem prejudicar os contratos em andamento (arts. 10 e 448 da CLT) 3. Marcador: Aula 47 c) Não-eventualidade Trabalhador não-eventual é aquele que trabalha de forma repetida, nas atividades permanentes da empresa, e fixado juridicamente. Marcador: Aula 48 Exemplos: - garçom de uma pizzaria, que trabalha apenas aos finais de semana - chapa, 3 Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. 3 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? - eletricista contratado para trocar o sistema de iluminação de uma empresa - faxineira, contratada por empresa para trabalhar uma vez por semana Para fins de concurso: - não-eventualidade = habitualidade - pode ser caracterizada a não eventualidade apenas pela inserção do trabalhador nas atividades normais (e permanentes) do empreendimento. Marcador: Aula 49 d) Onerosidade Esquematicamente: presta serviços Empregado Empregador paga salário - animus contrahendi = intenção onerosa e) Subordinação Constitui o grande elemento diferenciador entre a relação de emprego e as demais relações de trabalho, apresentando inquestionável importância na fixação do vínculo jurídico de emprego. Natureza da subordinação: jurídica Subordinação vs. autonomia Alice Monteiro de Barros: “Esse poder de comando do empregador não precisa ser exercido de forma constante, tampouco torna- se necessária a vigilância técnica contínua dos trabalhos efetuados, mesmo porque, em relação aos trabalhadores intelectuais, ela é difícil de ocorrer. O importante é que haja a possibilidade de o empregador dar ordens, comandar, dirigir e fiscalizar a atividade do empregado. Em linhas gerais, o que interessa é a possibilidade que assiste ao empregador de intervir na atividade do empregado. Por isso, nem sempre a subordinação jurídica se manifesta pela submissão a horário ou pelo controle direto do cumprimento de ordens”4. Marcador: Aula 50 f) Alteridade 4 BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo : LTr, 2005, p. 241. 4 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? - o empregado trabalha por conta alheia, e por isso não assume os riscos da atividade econômica. - controvérsia na doutrina acerca da inclusão da alteridade como requisito caracterizador da relação de emprego. Para alguns, é um princípio. Para outros, uma mera característica acidental (não obrigatória) do contrato de trabalho. “Memorex” para guardar os requisitos da relação de emprego: “ASPONE” Alteridade Subordinação Pessoalidade Onerosidade Não-Eventualidade Só não há de se esquecer da prestação por pessoa física, mas este requisito é fácil porque todo trabalho deve ser prestado por pessoa física, inclusive o não-subordinado (mera relação de trabalho). Marcador: Aula 51 4.3. Natureza jurídica da relação de emprego 1º) Teorias contratualistas tradicionais 2º) Teorias acontratualistas (ou anticontratualistas, para alguns) 3º) Teoria contratualista moderna 4.3.1. Teorias contratualistas tradicionais - reconheciam a relação de emprego como uma relação contratual - tentavam enquadrar a relação de emprego a um dos modelos contratuais já existentes no direito comum. As principais teorias contratualistas tradicionais: a) Teoria do arrendamento ou da locação A partir do modelo romano, o contrato de emprego teria a natureza do arrendamento do direito civil (locação de serviços) ou da empreitada (locação de obra) 5 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? b) Teoria da compra e venda O trabalhador venderia sua força de trabalho ao empregador, em troca do salário. Com base nesta premissa o contrato de trabalho seria, a rigor, um contrato de compra e venda. c) Teoria do mandato O empregado atuaria como mandatário do empregador. - Mandato é o contrato pelo qual uma pessoa confere à outra poderes para representá-la. d) Teoria da sociedade Haveria um interesse comum entre os sujeitos da relação de emprego, aproximando-a da figura da sociedade. Marcador: Aula 52 4.3.2. Teorias acontratualistas - negavam a possibilidade de se atribuir natureza contratual à relação de emprego - tentavam explicar a relação de emprego atribuindo-lhe natureza especial, principalmente sob dois argumentos: a) Teoria da Relação de Trabalho Partia do pressuposto de que a vontade não tem importância na constituição do vínculo empregatício, o qual seria sempre constituído por uma situação jurídica objetiva. Em outras palavras, a simples prestação de serviços (fato objetivo) geraria a relação de trabalho. Esta teoria influenciou a comissão que elaborou a CLT, tendo em vista que dois dos cinco membros da comissão eram acontratualistas. Por isso encontramos, até hoje, no texto celetista, traços acontratualistas, como, por exemplo, no artigo 2º da CLT (dispõe que o empregador é a empresa, e não a pessoa física ou jurídica, e no art. 442 (dispõe que contrato de trabalho é o acordo que corresponde à relação de emprego). b) Teoria institucionalista Assim como na Teoria da Relação de Trabalho, parte-se do principio que a vontade não tem influência decisiva na relação de emprego. A empresa é vista como uma instituição acima dos interesses do trabalhador e do empregador. Esta instituição teria como função a organização da ordem pública, em colaboração com o Estado. 6 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? 4.3.3. Teoria contratualista moderna Superadas as teorias contratualistas clássicas e as teorias acontratualistas, modernamente é absolutamente pacífico que a relação de emprego tem natureza contratual e, mais que isso, não se amolda aos contratos clássicos civilistas. A natureza contratual da relação de emprego advém do fato de que a vontade é essencial à configuração da relação de emprego. Neste sentido, o art. 442 da CLT (“contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso...”), o art. 444 da CLT (“as relações contratuais podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes”) e o art. 468 da CLT (“nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições, por mútuo consentimento...”). 5. Trabalho autônomo - não há subordinação jurídica entre o trabalhador e o tomador dos seus serviços; - não há alteridade = o trabalhador presta serviços por sua conta e risco, não tendo sua energia de trabalho manipulada pelo tomador; - o trabalhador assume os riscos de sua atividade Definição legal: Lei 8212/1991: “pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não” (art. 12, V, “h”, da Lei nº 8.212/1991). Marcador: Aula 53 Exemplos de trabalho autônomo: - prestação de serviços lato sensu – art. 593 e ss. do CCB (contrato de resultado) - empreitada – art. 610 e ss. do CCB. - representante comercial – regulado por lei própria (Lei nº 4.886/1965). - profissionais liberais. - parceiros ou meeiros. 7 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? 6. Trabalho eventual - é aquele que não se enquadra no conceito de trabalho não-eventual... Maurício Godinho Delgado identifica as seguintes características do trabalho eventual: a) descontinuidade da prestação do trabalho, entendida como a não permanência em uma organização com ânimo definitivo; b) não fixação jurídica a uma única fonte de trabalho, com pluralidade variável de tomadores de serviços; c) curta duração do trabalho prestado; d) natureza do trabalho tende a ser concernente a evento certo, determinado e episódico no tocante à regular dinâmica do empreendimento tomador dos serviços; e) em conseqüência, a natureza do trabalho prestado tenderá a não corresponder, também, ao padrão dos fins normais do empreendimento 5. 7. Trabalho avulso Avulso é aquele trabalhador eventual que oferece sua energia de trabalho, por curtos períodos de tempo, a distintos tomadores, sem se fixar especificamente a nenhum deles. Definição legal: Lei nº 8.212/1991: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviços de natureza urbana ou rural definidos no regulamento. - o avulso é sempre intermediado pelo OGMO ou pelo sindicato (no caso dos não-portuários), que organiza a escala dos trabalhadores (Decreto nº 3.048/1999); - avulso não é empregado! - aplicam-se aos avulsos os direitos conferidos aos empregados (CRFB, art. 7º, XXXIV). - existem os avulsos portuários e os não-portuários; exemplo destes últimos são os “chapas” organizados em sindicato, e cujo trabalho é por este intermediado. 8. Trabalho voluntário Art. 1º da Lei 9.608/1998: “...a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade”. - não existe animus contrahendi (intenção onerosa) no momento da contratação 5 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. – 4ª ed. – São Paulo : LTr, 2005, p. 297. 8 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? 9. Trabalho institucional - vínculo estatutário com a Administração Pública; - relação de Direito Administrativo; - não se aplica a CLT. Marcador: Aula 54 10. Estágio Base legal: Lei nº 11.788/2008 Definição legal: art. 1º da Lei nº 11.788/2008: “estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular (...)” - curricularidade - não gera vínculo de emprego, desde que seja lícito Art. 3º, §2º, da Lei 11788/2008 prevê expressamente que “o descumprimento de qualquer dos incisos deste artigo ou de qualquer obrigação contida no termo de compromisso caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária”. No mesmo sentido, o art. 15: Art. 15. A manutenção de estagiários em desconformidade com esta Lei caracteriza vínculo de emprego do educando com a parte concedente do estágio para todos os fins da legislação trabalhista e previdenciária. 11. Trabalho cooperativado - Idéia básica: a união de trabalhadores pontencializa o resultado de sua energia de trabalho, permitindo que estes trabalhadores possam desempenhar suas atividades sem se subordinar a alguém, surgiu a idéia de cooperativa. - não gera vínculo de emprego, desde que seja lícita. - princípios: a) princípio da dupla qualidade b) princípio da retribuição pessoal diferenciada 9 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES: 01- (AFT 2003 – ESAF) A relação de emprego é compreendida: a) como o negócio jurídico bilateral, firmado entre determinada empresa de prestação de serviços terceirizados e os respectivos tomadores de serviços. b) como o negócio jurídico bilateral, celebrado entre duas pessoas naturais ou jurídicas, pelo qual um deles se obriga a prestar serviços habituais em favor do outro, de acordo com as ordens que lhe forem dirigidas, mediante pagamentos periódicos. c) como o negócio jurídico bilateral, celebrado entre uma pessoa física e uma pessoa natural ou jurídica, pelo qual obriga-se o primeiro a prestar serviços habituais em favor do segundo, segundo as ordens que lhe forem repassadas, mediante pagamentos periódicos. d) como o negócio jurídico bilateral, firmado para a execução de obra certa, por pessoa física, mediante o pagamento de quantia fixa previamente ajustada. e) como o negócio jurídico bilateral, destinado à execução – por pessoa natural ou jurídica, de forma habitual e onerosa – de atividades inerentes aos fins normais do negócio explorado pelo contratante. Marcador: Aula 55 02- (AFT 2003 – ESAF) Não é considerado empregado(a): a) O trabalhador que presta serviços habituais, onerosos e subordinados a determinada instituição de beneficência, mantida com contribuições e doações de terceiros. b) A costureira que presta serviços em seu domicílio a determinada empresa de confecção, comparecendo uma vez por semana à sede da empresa, tendo seu trabalho controlado em razão das cotas de produção estabelecidas e da qualidade das peças produzidas. c) O trabalhador que presta serviços como mordomo em determinada residência familiar, de forma pessoal, contínua e onerosa. d) O trabalhador contratado por empresa especializada em fornecer mão-de-obra temporária a outras empresas, em razão de necessidades transitórias de substituição de pessoal regular ou para atender a acréscimo extraordinário de tarefas. 10 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? e) A pessoa física que exerce por conta própria, de modo pessoal e habitual, atividade urbana em favor de determinada empresa. 03- (AFT 1998 – ESAF) Não se inclui entre os trabalhadores que não são considerados empregados pela CLT o trabalhador: a) subordinado b) avulso c) voluntário d) eventual e) autônomo ADVOGADO DA UNIÃO – CESPE – 2006 151 - A pessoa jurídica Beta, que atua no ramo da construção civil, contratou Maria para exercer a função de nutricionista na central de produção de alimentos da empresa. Maria coordena todas as fases da elaboração dos alimentos, até a remessa das refeições individuais às frentes de trabalho, e não tem superior hierárquico imediato. Seu regime de trabalho é de 6 horas diárias. Nessa situação, inexiste vínculo empregatício entre Maria e Beta, por não haver subordinação. ANALISTA – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRT16 – CESPE – 2005 71 Depois de permanecer desempregada por longo período, Márcia resolveu aderir a uma cooperativa de mão-de-obra que operava no setor de asseio e conservação. Preenchidas as formalidades legais, Márcia recebeu amplas instruções sobre o sistema de cooperativismo praticado. Em seguida, foi designada para atuar em uma determinada instituição pública federal, prestando serviços pessoais, onerosos e subordinados, em um período que perdurou por mais de dois anos. Nessa situação, não houve relação de emprego entre as partes. 11 http://www.euvoupassar.com.br Eu Vou Passar – e você? ANALISTA – ÁREA JUDICIÁRIA – TRT16 – CESPE – 2005 100 Por sugestão de amigos, Márcio aderiu a uma determinada cooperativa de mão-de-obra, destinada à prestação de serviços na área de informática. Prestou serviços diários durante três anos, de forma pessoal e subordinada, recebendo pagamentos mensais em valores fixos. Nessa situação, a despeito da formalização de vínculo de natureza cooperativa, deve ser reconhecida a existência de autêntica relação de emprego. ANALISTA – ÁREA JUDICIÁRIA – TRT09 – CESPE – 2007 63 A CLT autoriza a formação de cooperativas destinadas a prestação de serviços. Não há vínculo de emprego entre elas e seus associados ou entre estes e os tomadores da mão-de- obra, exceto quando a associação for mera simulação ou resultar em fraude aos direitos trabalhistas. Marcador: Aula 56 CONSULTOR LEGISLATIVO DO SENADO – CESPE – 2002 1 Sob pena de ofensa ao ato jurídico perfeito, a relação jurídica de representação comercial autônoma — celebrada entre pessoa física devidamente inscrita no conselho regional competente e empresa atacadista do setor de alimentos — não será descaracterizada em função da presença dos requisitos informadores da relação jurídica de emprego. TÉCNICO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRT01 – CESPE – 2008 Questão 46 Artur desenvolveu atividade de pedreiro em obra residencial ao longo de três meses ininterruptos, segundo avençado pelas partes e mediante paga, sem, contudo, ter sido feito registro em sua CTPS. De acordo com a CLT e os princípios do direito do trabalho, na situação descrita, A houve vínculo laboral e, portanto, Artur faz jus ao registro do pacto em sua CTPS e às verbas não-pagas. B o labor desenvolvido por Artur equipara-se ao do trabalhador doméstico. C houve uma relação de trabalho. D houve contrato de trabalho de experiência, visto que o período de execução do trabalho não ultrapassou o limite de noventa dias. E qualquer questionamento judicial acerca do pacto deverá, segundo emenda constitucional, ser realizado na esfera cível, dado que não houve registro na CTPS.