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Aula 20 - Introdução ao Estudo da Emancipação Política do Brasil - Costa E.V.

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Enviado por Cristiano Martins em

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Introdução ao Estudo da Emancipação Política do Brasil
Emília Viotti da Costa
1. A historiografia tradicional: uma versão que se repete.
	A autora critica a abordagem historiográfica convencional que se faz do processo de emancipação política do Brasil. Apesar de a Independência ser um dos temas mais abordados, há uma tendência a repetirem-se vieses que não consideram a profundidade da questão, colocando-a como simples sucessão de fatos e de vontades individuais, o que cria não a objetividade da história como ciência, mas “lendas” históricas, de caráter subjetivo e personalista. 
	Diferentemente deste padrão, encontra-se a perspectiva inaugurada por Caio Prado Jr. e Werneck Sodré. O primeiro discorre sobre a necessidade de encarar a emancipação política brasileira a partir das contradições internas do sistema colonial, que esgotava suas possibilidades de reprodução à medida que o capitalismo industrial se consolidava. O segundo trata da maneira pela qual o sucesso da revolução industrial e o soerguimento de um ideário burguês daí decorrente foram cruciais à Independência brasileira. 
	Sob este novo foco, tem-se claro que a Independência pode ser apreendida como objeto histórico concreto apenas se considerada em um contexto mais amplo: o da crise do sistema colonial tradicional, do fim das formas absolutistas de governo e das emancipações político-nacionais levadas a cabo na Europa e América.
2. A Crise do Sistema Colonial.
	O desenvolvimento do capitalismo comercial este, ao longo de todo o processo, intimamente ligado ao soerguimento do Estado absolutismo: este requereu os recursos daquele para soerguer-se e aquele requereu a regulamentação deste para que o processo como um todo fosse impulsionado. Sob este contexto geral, explica-se com alguma facilidade o caráter protecionista que assumiu o mercantilismo. 
	O ulterior progresso do capitalismo industrial, porém, fez com que as práticas de caráter restritivo impostas pelo mercantilismo fossem encaradas como verdadeiras barreiras ao progresso econômico. Protecionismo, colonialismo, exclusivismo, escravismo e monopólios agora davam tinham de dar lugar ao livre-cambismo. À Adam Smith, seguia-se Say afirmando que “as verdadeiras colônias de um povo comerciante são os povos independentes de toda a parte do mundo”: o liberalismo surge como a forma mais eficiente de alocação dos recursos entre as nações, sem que, contudo, se pense em alterar a estrutura econômica destas nações (embora haja uma defesa do livre-câmbio, a idéia de uma reestruturação na divisão internacional do trabalho não é sequer cogitada). 
	As críticas ao sistema colonial não tardariam a surgir neste novo contexto econômico. 
	No entanto, dado o atraso do desenvolvimento do capitalismo industrial na Península Ibérica, Portugal e Espanha ver-se-iam na contingência de defender arduamente o sistema colonial tradicional, embora mesmo em suas colônias este se visse minado externa e internamente. 
	
3. Monopólios, interesses coloniais e a política econômica joanina. 
	Mesmo durante o auge do mercantilismo, as políticas de exclusivismo e concessão de monopólios foram alvos dos grupos que não eram por elas beneficiados: produtores brasileiros e portugueses e comerciantes portugueses ou de outras nações freqüentemente imbricavam-se em ferrenhas disputas pelos direitos de exclusividade; as atividades de contrabando, corso e as guerras do equilíbrio europeu são todos reflexos do objetivo que se tinha em contornar estas práticas exclusivistas. De modo geral, no entanto, o que se buscava não era a remoção dos monopólios, mas objetivava-se alcançar neles um quinhão próprio; sob este contexto, aqueles que vinham ao Brasil consideravam-se membros do Império português, estando em comunhão com os interesses metropolitanos. 
	Apenas muito lentamente é que se tomou consciência da existência de interesses dispares entre colonos e metropolitanos. Esta percepção adviria principalmente dos conflitos de interesse que os decretos econômicos de D. João suscitariam. Assim a propagação do ideário ilustrado, que na Europa ia contra a monarquia absolutista, adquiria no Brasil a matiz de anti-colonialismo, já que “aos olhos dos colonos, os interesses da Coroa identificam-se aos da metrópole, e por isso anti-colonialismo é também para eles crítica ao poder indiscriminado dos reis, afirmação do princípio da soberania dos povos, do direito de os povos se desenvolverem livremente, segundo seu arbítrio”.
	Cabe agora ver algumas das medidas de D. João que suscitaram a percepção das diferenças de interesses existente entre colonos e metropolitanos. 
	Por força das circunstâncias, surgiu como absolutamente necessária a abertura dos portos em 1808. A esta medida, seguiram-se outras, de caráter diverso, mas com cunho fundamentalmente liberal, que buscavam retirar os entraves à produção econômica na colônia brasileira, já que tais restrições eram incompatíveis com a nova situação do Brasil, agora sede da monarquia. Esta série de medidas, como a maior liberdade de comércio no interior da colônia e a permissão de desenvolvimento de indústria própria, culminariam, em 1815, com a elevação do status brasileiro a Reino Unido. 
	Tais políticas não tardaram a descontentar profundamente os portugueses, sobretudo os que se beneficiavam com os exclusivismos anteriormente fornecidos pela Coroa. Além disso, o tratado de 1810 com os ingleses surgia a muitos portugueses como extremamente desfavorável. 
	Tendo o desagrado dos portugueses em mente, D. João buscava justificar suas políticas nos moldes liberais; é assim que o Visconde de Cairu as defenderá: a abertura dos portos e os tratados com os ingleses fariam vir ao Império português recursos que promoveriam mais rapidamente seu desenvolvimento econômico, evidenciando as virtudes alocativas de uma economia de mercado. No entanto, “a preocupação em garantir os interesses portugueses e os da Coroa, freqüentemente confundidos, entravava, necessariamente, o liberalismo das medidas”. Além disso, “as regalias que D. João concedia com uma das mãos ao comércio estrangeiro, procurava restringir com a outra, que estendia aos portugueses”. 	
	Assim, as medidas econômicas que se sucedem durante o período em que a Corte portuguesa esteve no Rio de Janeiro possuem um caráter dicotômico: buscando manter a estrutura do sistema colonial (imbricado no mercantilismo), mas frente às pressões inglesas e à nova conjuntura da economia (envolve de um caráter liberal), D. João pretendia conciliar “[...] interesses tão contraditórios quanto os dos comerciantes e produtores estrangeiros, comerciantes e produtores portugueses e brasileiros” não conseguindo nada além de “descontentar a todos”. 
	De um lado, D. João parecia opor-se aos interesses portugueses na medida em que era forçado a liberalizar a economia colonial. Isto suscitava em Portugal a busca por idéias ilustradas que se colocavam contra a arbitrariedade do poder absoluto da monarquia; é muito interessante observar aqui que foram as medidas liberais de D. João que fizeram com que os portugueses se colocasse contra o absolutismo, ou seja, a revolução liberal possuía, em seu âmago, algo de anti-liberal. 
	De outro lado, D. João, buscando defender os interesses portugueses e manter as bases mercantilistas sobre as quais se assentava seu próprio poder monárquico, fazia com que os colonos aderissem cada vez mais às perspectivas de livre-cambismo, associadas ao anti-colonialismo. 
4. Fundamentos ideológicos do movimento de independência e as contradições com a realidade brasileira. 
	Os movimentos de caráter revolucionário pré-Independência (Inconfidência Mineira, Conjura do Roio de Janeiro, Conjuração Baiana, Conjura Suassuna e Revolução Pernambucana de 1817) tiveram por base os então chamados “abomináveis ideais franceses”, isto é, idéias ilustradas propagadas na Europa e que se consolidariam na prática via Revolução Francesa. Além disso, o exemplo norte-americano foi grandemente inspirador para os movimentos latino-americanosde independência, embora o apoio efetivo dos ianques aos brasileiros (seja por requerimento dos inconfidentes mineiros, seja por parte dos revolucionários de Pernambuco) tivesse sido absolutamente nulo.
	O que mais parecia preocupar os líderes políticos ligados à Portugal, no entanto, não eram os ideais franceses, mas os ingleses: a propagação de temas como o livre-cambismo e a economia política apresentavam naquele contexto um caráter muito mais subversivo, sobretudo por ser a Inglaterra a nação então mais interessada na independência daquela colônia.
	Apesar da rígida censura imposta aos meios de comunicação e à divulgação de idéias, o contrabando de obras consideradas revolucionárias, lidas mais com paixão que com senso crítico pelos brasileiros, estas abundaram ao longo de todo o período colonial e faziam-se ainda mais presentes neste início do século XIX, sobretudo pelo estabelecimento da Corte no Rio de Janeiro e pelo imenso afluxo de estrangeiros então havido. 
	Não se deve, porém, superestimar a importância deste ideário iluminado nos movimentos de independência. Conforme será salientado na seqüência, a grande maioria dos movimentos pré-Independência foram movimentos de elite, e a própria Independência conservou os interesses das classes dominantes. Assim, o ideário ilustrado encontrava seus limites na estrutura organizacional que se buscava manter, ou seja, apesar de se objetivar a independência política e administrativa, em nenhum momento se advogou uma reestruturação das bases sociais e econômicas em que se assentava a colônia. 
	Além disso, aquelas idéias ilustradas haviam sido importadas e não se coadunavam por completo com a realidade brasileira. Em primeiro lugar, ao passo que na Europa serviam aos interesses de uma classe burguesa industrial, que via na organização social vigente um entrave ao seu desenvolvimento e à sua participação política, no Brasil serviriam aos interesses de uma oligarquia rural de caráter claramente conservador. E mais, no Brasil não havia uma classe burguesa industrial; quando muito, havia uma classe burguesa comercial, formada principalmente por portugueses a quem os ideais revolucionários apareciam como extremamente negativos por serem contrários aos privilégios de que desfrutavam. 
	É nesse contexto que o ideal ilustrado será perfeitamente coadunado com os preceitos escravistas: entre defender a igualdade entre livres brancos e escravos negros, ou defender os direitos de propriedade dos senhores brancos, preferiu-se a última opção. 
	Além disso, a ilustração brasileira estava muito longe do anticlericalismo europeu: ao passo que na Europa a Igreja surgia como uma base de apoio à monarquia absoluta, no Brasil muitos clérigos foram peças fundamentais não apenas nos movimentos revolucionários em si, como também nas sociedades secretas às quais muitos desses movimentos estiveram ligados, inclusive a maçonaria. 
	Por fim, enquanto na Europa florescia o ideário nacionalista, com representatividade política, no Brasil nem mesmo se pensava em uma união, já que as províncias possuíam interesses próprios, mais ligados aos mercados demandantes de seus produtos de exportação que entre si. Desse modo, é patente o temor da fragmentação territorial quando a independência é colocada: a unidade seria mantida não pela ligação de interesses provinciais, mas porque esta era a única forma de se evitar que Portugal conseguisse reaver em certas regiões o domínio político, para então estendê-lo às demais localidades. 
5. O “Partido Negro” e o movimento de independência elitista. 
	Uma das características mais fundamentais da maioria dos movimentos revolucionários pré-Independência e da Independência em si foi o de terem sido estes conduzidos pela elite da pirâmide social. Isto fica muito evidente, por exemplo, quando se observa que a maior parte dos inconfidentes e de outros movimentos pertencia à maçonaria, ou quando se observa os bens de tais indivíduos elencados durante os processos de devassa. Já vimos que as idéias ilustradas eram propagadas apenas entre uma elite muito restrita, que tendia a absorvê-las muito mais passionalmente que crítica ou racionalmente. 
	Sob este contexto, os ideais liberais adotados visavam apenas a liquidar os laços coloniais, garantindo os benefícios comerciais que se tinham obtido gradualmente, sem romper qualquer característica estrutural daquela sociedade; já foi salientado, por exemplo, que a “escravidão constituía o limite do liberalismo do Brasil”. Costa resume bem os objetivos daquela elite esclarecida brasileira, ligada sobremaneira aos proprietários de terra e aos seus interesses conservadores: “do que se cuidava era libertar o país do jugo das restrições coloniais. A intenção era libertar o país dos entraves opostos ao livre comércio. É menos antimonárquico do que anti-colonial, menos nacionalista que anti-metropolitano, e é por isso que a idéia de independência definitiva e completa só se configura claramente quando se torna evidente a impossibilidade de manter a situação do Reino Unido a Portugal e conservar a liberdade do comércio e a autonomia conquistadas. Pela mesma razão, aceitou-se de maneira relativamente fácil a solução monárquica”. 
	Os líderes destes movimentos temiam profundamente a possível reação popular que um movimento revolucionário poderia gerar entre as massas. Esclarecê-las significava ameaçar a estrutura que objetivavam manter. É, por exemplo, com aversão e temor que observam a “igualdade insultuosa” que prevalece entre brancos e negros, entre ricos e pobres, na Pernambuco pós-revolucionária de 1817. 
	O “Partido Negro” (nota: Costa não se refere, em nenhum momento, a esta nomenclatura; adotei-a aqui apenas por sua utilização em sala) era justamente formado pelos interesses dos negros escravos e dos mulatos e negros libertos, que, em maioria, encontravam-se em classes sociais marginais, relacionadas comumente ao trabalho manual. Se tal “Partido Negro” tomasse consciência de sua força, já que, em muitas regiões os escravos e mulatos pobres livres representavam mais de 50% da população, e aproveitasse o momento imiscuído de um caráter revolucionário pela independência, poderiam levar adiante seus objetivos próprios, alterando significativamente as estruturas daquela sociedade; o exemplo de São Domingos era suficientemente vívido para suscitar o terror nas classes dominantes e fazê-las efetivamente preferir uma solução conservadora: colocar fim ao sistema colonial por meio de uma nova monarquia era “alterar para permanecer”, o que estava de pleno acordo com os interesses dominantes. 
	Dadas essas características da questão da Independência, não é surpreendente que até junho de 1822 a maior parte dos brasileiros ligados ao movimento de independência (notar uma vez mais que eram poucos estes indivíduos esclarecidos; Costa ressalta que a maioria da população encontrava-se plenamente indiferente à situação em que ficaria o país) defendesse uma monarquia dual: buscavam apenas a liberdade administrativa para o Brasil, que permaneceria ligado à Portugal, ou seja, não objetivavam uma independência completa, mas apenas organizacional. Como isto representaria, contudo, não subordinação econômica, as Cortes de Portugal não o aceitaram. É apenas neste momento tardio que a independência completa se coloca como a opção de maior aceitação. 
6. A política das Cortes e o rompimento definitivo.
	A formação das Cortes pode ser encarada como uma revolução contrária ao absolutismo, no que se imiscuía de um caráter liberal, mas cujo objetivo precípuo era o de revogar as medidas liberais que o monarca absoluto havia promovido quando da transferência da sede do poder imperial para o Brasil. Assim, conforme já salientado, a revolução liberal possuía, sob muitos aspectos, um caráter anti-liberal.
	A conjuntura econômica portuguesa no início da segunda década do século XIX era crítica. Os portugueses tendiam a culpar medidas liberais de D. João frente ao Brasil e à Inglaterra como a causa principal do declínio comercial eindustrial pelo qual passava o país, sem se aperceberem que o verdadeiro motivo para tanto era o próprio atraso estrutural da economia portuguesa, que se mantivera em moldes antigos ao passo que a Inglaterra se desenvolvera industrialmente, e o contínuo colapso da estrutura colonial. 
	Assim, fica evidente que o objetivo das Cortes era reaver as condições anteriormente prevalentes, o que significava revogar tanto as medidas benéficas aos ingleses, sobretudo as do Tratado de 1810, quanto buscar reaver o controle colonial sobre o Brasil. O primeiro conjunto de medidas não tardaria a desagradar profundamente os comerciantes ingleses, que passariam a apoiar os objetivos de autonomia brasileira de forma ainda mais arraigada. 
	Enquanto as Cortes julgavam necessário anular a liberdade de comércio brasileiro, que acreditavam explicar seu declínio econômico, os brasileiros aceitariam permanecer ligados à Portugal se, e somente se, as medidas liberais conquistadas fossem mantidas. As posições dicotômicas haviam-se agora tornado muito claras. 
	Uma série de medidas das Cortes tornaria a Independência a única alternativa plausível aos brasileiros que até então objetivavam manter um Reino de Irmão com Portugal, apenas administrativamente separados. Frente às medidas das Cortes, ficava claro que a representação da minoria brasileira pouco ou nada poderia fazer naquele Parlamento. 
	Gradualmente, as posições brasileiras tornam-se mais radicais. A insistência pela permanência de D. Pedro no Brasil surge como necessária para que as Cortes não possam levar adiante seus projetos de recolonização. As medidas brasileiras, como forma de oposição às promulgadas nas Cortes, seguem em um crescendo: em maio, D. Pedro sanciona a lei que nenhuma medida poderia ser aceita no Brasil sem o seu “cumpra-se”; na seqüência, busca-se estabelecer uma Assembléia para discussão de uma Constituinte Brasileira, ainda ligada à Portugal. Ao mesmo tempo, crescem os protestos contra as Cortes e “se para alguns a palavra Independência continuava a expressar apenas autonomia político-administrativa relativa, respeitada a união com Portugal, para outros, ela adquiria o sentido de uma separação definitiva e completa”. Em agosto, são lançados dois manifestos, um ao Povo do Brasil e outro às nações amigas, que podem ser encarados como verdadeiros manifestos de independência. 
	As notícias dos acontecimentos no Brasil provocam grande furor em Portugal. A situação agrava-se a tal ponto de chegar ao Rio de Janeiro a notícia do propósito português de enviar tropas ao Brasil. A única medida possível e plausível é agora a declaração formal de independência.
	Conquistada a Independência formal, José Bonifácio tratou rapidamente de colocar sob severa vigilância a ala mais radical, como a que propugnara a votação direta e representativa de todo o povo para as eleições da Constituinte. Chegavam ao poder homens das classes claramente dominantes, a maioria letrada em Portugal, muitos anteriormente ligados a D. João e claramente “interessados em manter a estrutura de produção baseada no trabalho escravo, destinada a exportação de produtos tropicais para o mercado europeu”.
	“Organizar o Estado sem colocar em risco o domínio econômico e social e garantir as relações externas de produção seriam seus principais objetivos”, e isto estaria claramente refletido na Constituição outorgada em 1824, que determinava “[...] um Estado Monárquico Constitucional, de representação limitada pelo critério censitário, eleição indireta e pela intenção escravizada mais de 1/3 da população”. 	Assim, o resultado final não poderia ser outro que não o completo afastamento entre a letra morta da lei e a realidade efetiva pouco alterada da nação. 
	
 
	
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