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PAULÍNIA TEM GENTE COM CHUMBO,ARSÊNICO, BHC E DDT NO CORPO Prefeitura divulga relatório sobre a contaminação dos moradores do bairro Recanto dos Pássaros pela Shell. Eles terão de ser removidos e tratados. O relatório da Secretaria de Saúde de Paulínia sobre os exames médicos de 181 moradores do bairro Recanto dos Pássaros, contaminado pela Shell Química do Brasil, indica que 86% deles apresentam no corpo pelo menos um produto tóxico acima dos índices recomendados. O laudo foi oficialmente divulgado ontem pelo prefeito Edson Moura (PMDB). Ele recebeu os resultados terça-feira. Das 181 pessoas examinadas, 156 apresentaram pelo menos um produto tóxico no organismo em níveis acima do aceitável. O documento também aponta que 25 pessoas têm quatro ou mais elementos tóxicos armazenados no organismo. Mais da metade dos moradores (27 deles crianças) tem quadro de intoxicação crônica, com distúrbios neurológicos, tumores e problemas no fígado. O relatório apontou a empresa Shell como responsável pela contaminação, pois os produtos encontrados eram produzidos pela empresa. A médica sanitarista Cláudia Regina Guerreiro, que assina o laudo, junto com o toxicologista Igor Vassilieff, qualificou como "muito grave" o quadro encontrado. A prefeitura de Paulínia informou que vai fazer a remoção dos moradores em um prazo máximo de 30 dias, mesmo que a Shell não assuma a responsabilidade. O documento revela que dos 166 moradores submetidos a exames clínicos complementares, 88 (53%) apresentam quadro de contaminação crônica. Entre as crianças, a porcentagem é de 56% (27 das 49 examinadas). Versão 15 de julho de 2004, Aquecimento Global e Água, por Henrique Cortez 49 O documento frisa que a fonte contaminadora ainda é presente no local, expondo os moradores a perigo. Das 181 pessoas que se submeteram às análises médicas, 75% residem no bairro e o restante freqüenta o local aos finais de semana. Eles ficaram expostos à contaminação por tempo médio de oito anos. BHC e DDT no corpo Quatro pessoas têm BHC acima dos níveis recomendados; 28 (6 deles crianças) têm heptaclor; 20 (5 deles crianças) têm aldrin; e 44 (17 crianças) têm DDT. Na avaliação sobre metais pesados, 60 moradores apresentaram chumbo 65% em níveis preocupantes. O arsênico está presente em 94 pessoas e em 64 constatou-se organoclorados. O relatório aponta incidência de tumores hepáticos e de tireóide, benignos e malignos, alterações neurológicas, alto índice de dermatoses (50%), de rinites alérgicas (58%) e de disfunções gastrointestinais, pulmonares e hepáticas (26%). Segundo o documento, 35% das crianças apresentam distúrbios neurocomportamentais que podem, inclusive, afetar o aprendizado. O laudo indica a remoção dos moradores para tratamento. A partir da próxima semana, eles começarão a ser chamados para receber o resultado das análises. O relatório foi encaminhado anteontem à Shell e ao Ministério Público. A empresa tem prazo de 15 dias, definido pela prefeitura, para analisar o documento e responder à solicitação do prefeito de retirada dos moradores. Caso isso não ocorra, a Prefeitura informou que irá providenciar a remoção e entrar com uma ação civil pública contra a indústria. A Shell produziu organoclorados em Paulínia nas décadas de 70 e 80. Silvana Guaiume/AE, in Jornal da Tarde, 24 de agosto de 2001 Vila Socó – Cubatão Por volta das 22h30 do dia 24/02/1984 moradores da Vila Socó (atual Vila São José), Cubatão/SP, perceberam o vazamento de gasolina em um dos oleodutos da Petrobrás que ligava a Refinaria Presidente Bernardes ao Terminal de Alemoa. A tubulação passava em região alagadiça, em frente à vila constituída por palafitas. Na noite do dia 24, um operador alinhou inadequadamente e iniciou a transferência de gasolina para uma tubulação (falha operacional) que se encontrava fechada, gerando sobrepressão e ruptura da mesma, espalhando cerca de 700 mil litros de gasolina pelo mangue. Muitos moradores visando conseguir algum dinheiro com a venda de combustível, coletaram e armazenaram parte do produto vazado em suas residências. Com a movimentação das marés o produto inflamável espalhou-se pela região alagada e cerca de 2 horas após o vazamento, aconteceu a ignição seguida de incêndio. O fogo se alastrou por toda a área alagadiça superficialmente coberta pela gasolina, incendiando as palafitas. O número oficial de mortos é de 93, porém algumas fontes citam um número extra oficial superior a 500 vítimas fatais (baseado no número de alunos que deixou de comparecer à escola e a morte de famílias inteiras sem que ninguém reclamasse os corpos), dezenas de feridos e a destruição parcial da vila. Bhopal Na noite entre dois e três de dezembro de 1984, cerca de 40 toneladas de metil isocianato e outros gases letais vazaram da fábrica de agrotóxicos da Union Carbide Corporation, em Bhopal, Índia. Foi o pior desastre químico da história. Estima-se que entre 3,5 e 7,5 mil pessoas morreram em decorrência da exposição direta aos gases, mas o número exato continua incerto. Infelizmente, a noite do desastre foi apenas o início de uma tragédia, cujos efeitos se estendem até hoje. A Union Carbide, que possuía a fábrica de agrotóxicos na época do vazamento dos gases, abandonou a área, deixando para trás uma grande quantidade de venenos perigosos. Os moradores de Bhopal ficaram com fornecimento de água contaminada e um legado tóxico que ainda hoje causa prejuízos. A Union Carbide tentou se livrar da responsabilidade pelas mortes provocadas pelo desastre pagando compensações inadequadas ao Governo da Índia. Hoje, mais de 20 mil pessoas moram na região e uma segunda geração de crianças continua a sofrer os efeitos da herança tóxica deixada pela empresa. Desde então, cerca de 16 mil pessoas morreram e mais de meio milhão ficaram feridas. Na noite do desastre, as seis medidas de segurança criadas para impedir vazamentos de gás fracassaram – devido à falhas em seu funcionamento; ou porque não estavam ligadas; ou ainda por serem ineficientes. Além disso, a sirene de segurança, que servia para alertar a comunidade em casos de acidente, estava desligada. Os primeiros efeitos agudos dos gases tóxicos no organismo foram vômitos e sensações de queimadura nos olhos, nariz e garganta. Muitas pessoas morreram dormindo; outras saíram cambaleando de suas casas, cegas e em estado de choque, para morrer no meio da rua. Outras morreram muito depois de chegarem aos hospitais e prontos-socorros. Grande parte das mortes foi atribuída à falência respiratória – para alguns, o gás tóxico causou secreções internas tão severas que seus pulmões ficaram obstruídos; em outros, os tubos bronquiais se fecharam levando à sufocação. Muitos dos que sobreviveram ao primeiro dia foram diagnosticados com falha no funcionamento dos pulmões. Estudos mais aprofundados com os sobreviventes também apontam sintomas neurológicos, que incluem dores de cabeça, distúrbios de equilíbrio, depressão, fatiga e irritabilidade, além de anormalidade e efeitos negativos sobre os sistemas: gastrointestinal, muscular, reprodutivo e imunológico. Como os atentados terroristas do dia 11 de setembro nos Estados Unidos, a morte de inocentes civis em Bhopal também chocou o mundo e provocou mudanças no comportamento da indústria. Depois deste desastre, a legislação ambiental e de segurança química em muitos países ricos ficou mais rigorosa e o setor desenvolveu códigos de conduta, como a Atuação Responsável. De acordo com o vice-presidente para questões ambientais da Dow, em um discurso feito recentemente: “... em 1984, a terríveltragédia que ocorreu em Bhopal, na Índia, serviu para despertar a indústria química como um todo...”. No entanto, as mudanças ocorridas no setor químico não foram suficientes e não contemplam totalmente as pessoas mais afetadas pelo acidente – os pedidos de compensação apropriada e descontaminação da área continuam sendo ignorados. Emergências e Desastres Fotos: Associated Press O derramamento do Exxon Valdez Uma ave coberta por óleo está entre as vítimas no Canal Príncipe William, no Alasca, em abril de 1989, depois que o petroleiro Exxon Valdez encalhou a cerca de 25 milhas de Valdez, contaminando a água e as praias e matando muitos peixes e outros animais. O petroleiro Exxon Valdez derramou sua carga em 1989, causando danos imensos a uma grande área no litoral do Alasca. O navio havia partido do terminal petrolífero de Valdez, no Alasca, em 23 de março de 1989, e bateu em um recife nas primeiras horas do dia 24 de março. A sequência de eventos que provocou o acidente não foi esclarecida até hoje. Com o rompimento do casco do navio, cerca de 11 milhões de galões de óleo foram derramados no mar, e a área atingida chegou a 1.200 quilômetros quadrados. Apesar de terem ocorrido muitos outros derramamentos de óleo no mundo, o acidente com o Exxon Valdez aconteceu em águas remotas, onde se abrigava uma abundante e espetacular vida selvagem, causando danos terríveis à região. Milhares de animais foram mortos pelo derramamento: cerca de 250.000 aves marinhas e 2.800 lontras, entre outros. O custo de limpeza ficou em torno de US$ 2,1 bilhões, e as áreas ao longo da costa atingidas pelo derramamento ainda estão contaminadas com óleo debaixo da superfície. Acidente nuclear de Chernobyl Assim como no Brasil, muitos outros paises também possuem Usinas Nucleares em atividade, sendo que em alguns deles, como na França, esta forma de obtenção energética é a mais comum. Mas ao falarmos desta enorme Central de Produção Energética, devemos nos atentar para alguns riscos que elas podem oferecer. O fato é que alguns acidentes já ocorreram nas dependências das Usinas Nucleares, e por conseqüência, afeta toda a região onde está instalada. Um dos maiores acidentes da história envolvendo Usinas Nucleares, foi o ocorrido na Usina Nuclear de Chernobyl. No dia 26 de abril de 1986, um dos reatores da Usina explodiu liberando uma enorme cortina de fumaça com elementos radioativos que rapidamente se espalharam por uma boa parte da Europa e da União Soviética. Para que um reator funcione são necessários alguns procedimentos de segurança, que garantem o bom funcionamento deste compartimento. Entre eles podemos destacar as hastes controladoras, que tem como principal função, controlar as reações em cadeia que acontecem com o Urânio-235 no seu interior, e que devem funcionar regularmente. Dentro destas hastes encontramos elementos como o Boro ou Cádmio, visto que estes absorvem nêutrons com maior facilidade, diminuindo as reações que ocorrem dentro do reator. No acidente da Chernobyl, não foi diferente, as hastes foram utilizadas a fim de controlarem o efeito das reações, porem se comportaram de forma contraria ao esperado e ao invés de inibir as reações, contribuiu para que as mesmas ocorressem de forma incontrolável. Outro grave problema foi a falha humana que ocorreu durante a manutenção do reator em uma de suas inspeções, pois não foram seguidas as normas de segurança adequadas para trabalhar com o reator em baixa produção. Logo o efeito não pôde ser controlado pelo painel de controle tão pouco manualmente como deveria ocorrer em caso de urgência. Ocorrido o acidente, o vento encarregou-se de espalhar as nuvens com os elementos radioativos por boa parte dos paises vizinhos, e por onde passou afetou a vida dos seres que ali viviam. O governo Soviético tentou manter o acidente em sigilo, sem que houvesse evacuação das pessoas nas cidades mais próximas. Porem, habitantes de uma cidade a cerca de três quilômetros, foram totalmente infectados e só foram retirados da cidade depois de terem passado horas expostos a radiação. Dessa forma, semelhante à reação em cadeia de um reator, outros países detectaram um alto nível de radiação no ambiente, e a partir daí resolveram ajudar a inibir os efeitos que o acidente poderia vir a causar. Muitos paises foram infectados com a radiação, entre eles podemos citar a Dinamarca, Suécia, França e Itália. Assim, Chernobyl ficou conhecido como o maior acidente envolvendo Usinas Nucleares e segundo a ONU, cerca de quatro mil pessoas morreram, porem esse número é discutível, visto que outras entidades chegam a avaliar cerca de cem mil mortos no acidente.