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mais fundamental, o único que possibilita alcançar aquele nível da
essência em que se revelam as leis do movimento da realidade objetiva.
Porque, em O Capital, a finalidade do autor consistiu em desvendar
a lei econômica da sociedade burguesa ou, em diferente formulação,
as leis do nascimento, desenvolvimento e morte do modo de produção
capitalista.
Numa época em que prevalecia a concepção mecanicista nas ciên-
cias físicas, Marx foi capaz de desvencilhar-se dessa concepção e for-
mular as leis econômicas precipuamente como leis tendenciais. Ou seja,
como leis determinantes do curso dos fenômenos em meio a fatores
contrapostos, que provocam oscilações, desvios e atenuações provisórias.
As leis tendenciais não são, nem por isso, leis estatísticas, probabili-
dades em grandes massas, porém leis rigorosamente causais. A lei
tendencial sintetiza a manifestação direcionada, constante e regular
— não ocasional — da interação e oposição entre fatores imanentes
na realidade fenomenal.
Como já observamos, o plano da estrutura de O Capital foi lon-
gamente trabalhado e sofreu modificações, à medida que o autor ga-
nhava maior domínio da matéria. O resultado é uma arquitetura im-
ponente, cheia de sutilezas imperceptíveis à primeira vista, cujo estudo
já instigou abordagens especializadas.
Sob a perspectiva de conjunto, há uma linha divisória entre os
Livros Primeiro e Segundo, de um lado, e o Livro Terceiro, de outro.
Linha divisória que não diz respeito à separação entre questões mi-
croeconômicas e macroeconômicas, pois nos três Livros encontramos
umas e outras, conquanto se possa afirmar que o Livro Segundo é o
mais voltado à macroeconomia. A distinção estrutural obedece a critério
diferente. Os dois primeiros Livros são dedicados ao “capital em geral”,
ao capital em sua identidade uniforme. O Livro Terceiro aborda a
concorrência entre os capitais concretos, diferenciados pela função es-
pecífica e pela modalidade de apropriação da mais-valia.
O “capital em geral” é, segundo Marx, a “quintessência do capital”,
aquilo que identifica o capital enquanto capital em qualquer circuns-
tância. No Livro Primeiro, trata-se do capital em sua relação direta
de exploração da força de trabalho assalariada. Por isso mesmo, o locus
preferencial é a fábrica e o tema principal é o processo de criação e
acumulação da mais-valia. A modalidade exponencial do capital é o
capital industrial, pois somente ele atua no processo de criação da
mais-valia. No Livro Segundo, trata-se da circulação e da reprodução
do capital social total. O capital é sempre plural, múltiplo, mas circula
e se reproduz como se fosse um só capital social de acordo com exigências
que se impõem em meio a inumeráveis flutuações e que dão ao movi-
mento geral do capital uma forma cíclica.
No Livro Terceiro, os capitais se diferenciam, se individualizam,
e o movimento global é enfocado sob o aspecto da concorrência entre
OS ECONOMISTAS
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