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em grande estilo, no âmbito do marxismo, o enfoque subconsumista. Tanto Luxemburgo como Hilferding, embora situados em posições po- líticas muito diferentes no âmbito da social-democracia, não perceberam o caráter estático dos modelos marxianos da reprodução social e con- sideraram impossível evitar a interpretação harmonicista com referên- cia a eles. Quando, na década dos vinte do século atual, os economistas soviéticos começaram a enfrentar os problemas da planificação centra- lizada, a teoria marxista da reprodução do capital social total colocou-se no foco das atenções e diretamente nela se inspirou a metodologia dos balanços. Foi sob a motivação do estudo desses problemas macroeco- nômicos que Leontief, então ainda na União Soviética, iniciou as pes- quisas que, nos Estados Unidos, culminaram na elaboração das ma- trizes de insumo-produto. Ainda na década dos vinte, a teoria marxista da reprodução social forneceu ao economista soviético G. Feldman o instrumental conceitual para o primeiro modelo matemático do desenvolvimento dinâmico da reprodução macroeconômica, nas condições do socialismo. Feldman an- tecipou-se, portanto, às fórmulas macrodinâmicas de Harrod e Domar, inspiradas na macroestática de Keynes. Os keynesianos de esquerda, como Robinson, apreciaram o mérito dos esquemas da reprodução do Livro Segundo e encontraram neles uma das razões para sua aproxi- mação ao marxismo. Os ciclos econômicos Schumpeter, um dos principais estudiosos modernos do tema, afirmou que Marx foi pioneiro na apresentação de uma teoria consis- tente dos ciclos econômicos (e não só das crises), embora o fizesse sem concatenação sistemática. Decerto, partindo do mundo acadêmico oci- dental, seria difícil elogio mais eminente à realização de Marx. É fato que não encontramos, em O Capital, uma exposição sis- temática sobre os ciclos econômicos. As referências são fragmentárias e se acham dispersas nos três Livros e ainda em outras obras como Teorias da Mais-Valia. O estudo da teoria marxiana dos ciclos só é possível com a reunião de todas essas referências, levando-se em conta o contexto em que cada uma está inserida. Justamente a falta ou a dificuldade de semelhante enfoque abrangente tem acentuado as dife- renças de exegese e as posições polêmicas. Ao estudar, no Livro Segundo, a reprodução do capital social total, assinalou Marx, em diversas passagens, a natureza cíclica dessa reprodução. Ultrapassada a fase de crise, cada ciclo se renova através de fases sucessivas de depressão, reanimação e auge, que desemboca na crise seguinte, a partir da qual se origina novo ciclo. Esta natureza cíclica do movimento da reprodução tem a causa fundamental no im- pulso inelutável do capital à sua valorização (de outra maneira, não MARX 55