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14 Como se pode ver no esquema da figura 1, toda essa movimentação só é possível pela mediação fundamental das instituições do Estado e/ou financeiras. São elas que detêm o monopólio de gerar e oferecer crédito, na forma de capital fictício (ativos em títulos ou notas promissórias desprovidos de suporte ou lastro em riqueza material, mas que podem ser usados como dinheiro). O resgate do valor desses capitais fictícios pode ser feito por pagamento direto da dívida ou, indiretamente, por meio de maior receita fiscal gerada para a compensação da dívida pública. Porém, a teoria dos gastos (ou investimentos produtivos) feitos pelo Estado, tendo em vista ampliar a arrecadação, vem demonstrando freqüentemente que o sobreinvestimento seguido do endividamento estrutural do erário público levam conseqüentemente à ruína fiscal. A crise da economia brasileira vivida em 1980 – “a década perdida” - é um exemplo trágico disso. Quanto ao deslocamento espacial, se existem excedentes de capital e força de trabalho que não podem ser absorvidos internamente num dado sistema territorial (num Estado-nação ou numa região), “é imperativo enviá-los a outras plagas onde possam encontrar novos terrenos para sua realização lucrativa, evitando assim que se desvalorizem”. (HARVEY, 2005, p. 99). Isso pode ser feito sob o expediente do mercador externo, por exemplo, que procura noutros territórios solvência para o excesso de capital na forma-mercadoria. O contato com economias não-capitalistas (ou não monetarizadas) cria sérias dificuldades à troca, principalmente aos países importadores. Muitas vezes, a economia de origem financia o provimento dos meios de compra através de “doações” e empréstimos que levam as economias não-capitalistas ao endividamento. As transações financeiras ocorrem melhor entre economias capitalistas, porém, de desenvolvimento geográfico desigual, já que, às vantagens de exportação/importação dos produtos e matérias primas que faltam numa ou noutra região, seguem também os excedentes de lucro, dada a diferença de produtividade entre essas economias – esse é o efeito da superexploração do trabalho e da mais-valia extra, como bem disse Ruy Mauro Marini em sua Dialética da dependência (1973). Numa economia cada vez mais financeirizada, é possível supor as conseqüências da dependência vivida pelas economias nacionais (e locais) em relação sistema de crédito mundial e seus fluxos especulativos. É interessante observar, contudo, que o escoamento do capital excedente para regiões inexploradas cria as bases para a formação de economias capitalistas que vão ao longo do tempo gerar suas próprias crises de sobreacumulação, e isso é tanto mais