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Maquiavel
O Príncipe inaugura o pensamento moderno sobre a política. 
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Onde repousa seu ineditismo?
1. 	Política é vista como a ação de homens racionais que podem, sob certas circunstâncias, definir seu destino e construir sua história. Daí, a importância das noções de
	 Virtude – ação humana (fatores que estão nãos mãos do homem, que dependem de sua capacidade, força etc.)
	 Fortuna – circunstâncias ou determinismos que os homens não controlam
	Elas podem ser confrontada com essa formulação clássica: 
	“Os homens fazem a história, mas não fazem como querem, fazem nas circunstâncias dadas da história”
	(Marx, 18 Brumário de Luiz Bonaparte, 1852)
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Onde repousa seu ineditismo?
2.	Política é vista como o resultado da ação estratégica dos governantes e governados (e não determinada pela mão divina ou por forças naturais incontroláveis).
	Antes, via-se a estabilidade como desígnio da Providência.
	Com Maquiavel, a estabilidade é vista em função da instabilidade e de uma violência primeira, isto é, como ação estratégica a ser construída, como superação da instabilidade pela ação virtuosa. 
	Política como um campo de forças em que o poder deve encontrar condições de equilíbrio.
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Príncipe não é tirano
	E o príncipe seria alguém capaz de fazer-se instrumento da estabilidade, ao contrário do tirano, sempre ocupado com a violência.
	O príncipe não triunfa pelo simples fato de ser o mais forte. A estabilidade não depende da violência pura. 
	O príncipe precisa manter-se, coexistir com aquele que domina, impor sua autoridade aos governados
	( ser amado ou menos odiado). 
	Sua força deve ser reconhecida, garantindo sua segurança ao garantir a dos outros.
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Outra dimensão de ineditismo de Maquiavel?
	3.Política é estudada pelo prisma do realismo, ou seja, da “verdade efetiva das coisas”: o que a política é?
	Inaugura o método científico que exige, apenas para fins analíticos, a diferenciação (ou suspensão provisória) do raciocínio normativo e dogmático: “o que deve ser?”, “o que é desejável”. 
	Ou seja, realismo não se opõe ao normativo.
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O que significa o realismo em Maquiavel?
 O que Maquiavel pretende com o realismo? 
A quem interessa a análise realista?
Se é verdade que governar impõe a necessidade constante de avaliar a situação em termos de relação de força, então, o realismo interessa aos dominantes.
Mas, essa disposição ao realismo por parte dos dominantes e de seus auxiliares, é, porém, sempre contrariada de outro ponto de vista.
Claude Lefort lembra que o realismo significa transparência. E isso não interessa a quem domina. O poder só é considerado legítimo pelos súditos enquanto mantém a ficção da lei, estando sempre constrangido a dar razão a suas ações: deve exercer a violência em uma bruma de justiça e piedade tecida pela imaginação coletiva.
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Portanto, a quem Maquiavel se dirige = quem tem interesse no realismo?
Conforme ainda Lefort, “ Maquiavel chama atenção sobre a natureza do poder, o revela como criação humana resultante das condições permanentes da luta social.
Portanto, ele se dirige àqueles a quem o poder cega... (Ele) se dirige às massas de seu tempo, à burguesia ascendente de Florença que só conseguiu dar a si mesma chefes como Savonarola, profeta desarmado, ou como Soderini, homem de Estado sem presença, paralisado por escrúpulos morais, incapaz de opor violência à violência dos adversários...
O Príncipe de Maquiavel tem uma função revolucionária pela simples intenção que o anima: interpela homens que, mistificados, não têm interesse na mistificação.. É um ator coletivo que se alia a uma classe que embora viva sob o império da ilusão, não deixa de responder à convocação para se converter ao realismo.
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Não há separação entre realismo e visão normativa= último capítulo de O Príncipe 
Lefort mostra ainda a ruptura de linguagem do último capítulo de O Príncipe que rompe, pela paixão do tom, com a exposição anterior, aparentemente inspirada só pela preocupação de conhecer e dar a conhecer sobre as condições de fundação do Estado.
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Não há separação entre realismo e visão normativa= último capítulo de O Príncipe
“O que é dito no final tem o sentido de um começo: a exigência prática funda a exigência teórica. Na exortação para livrar a Itália dos bárbaros (que se lê como fundar um Estado unitário) Maquivel certamente se dirige a um Príncipe, mas a um Príncipe novo, não a um desses miseráveis tiranetes que, por usar astúcias e violências, só sabem rastejar ao rês de uma História privada de sentido, mas a um homem de virtú, sem raiz no mundo feudal, ocupado apenas com a conquista do poder e a quem é importante dar a convicção de que terá o povo a seu lado”(Lefort,2003:14)
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Príncipe é um condottiero(visão normativa)
“Tudo se passa como se Maquiavel quisesse dissesse a esse condottiero: ‘se quereis o poder e submeter a Itália, tereis o povo convosco, quaisquer que sejam os meios empregados, pois o povo quer esse poder e, se não temeis vos apoiar sobre ele, reduzireis a pó vossos adversários, pois só o apoio do povo é a garantia única de vossa segurança(Lefort, 2003: 15)
Se o Príncipe que Maquiavel descreve não existe em seu tempo isso não reduz o alcance de seu discurso. 
Noção de Príncipe é (mito, utopia) idéia referência

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