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CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO NO BRASIL 1. CONCEITO DE ESTRANGEIRO - Estrangeiro: todo aquele que não é nacional - Reputa-se estrangeiro quem tenha nascido fora do território nacional e que, por qq forma prevista na CF, não adquirira a nacionalidade brasileira (José Afonso da Silva). - Não possui, portanto, vínculo jurídico-político com o Estado no qual se encontra mas a maioria dos países reconhece direitos e deveres aos estrangeiros (o que varia é o quantitativo de direitos e deveres, mas um mínimo é reconhecido). - Não existe convenção internacional que tenha por objetivo discutir direito do estrangeiro O que existe são convenções que, em algum ponto, mencionam direitos e deveres do estrangeiro (por ex, Convenções de Direitos Humanos, Declaração Universal dos Direitos do Homem). - É da competência exclusiva de cada Estado legislar sobre a admissão e expulsão de estrangeiros em seu território - Há 2 posições: 1) O Estado reconhece direitos mínimos estabelecidos pelo DI em suas convenções genéricas, ou 2) O Estado reconhece direitos aos estrangeiros equiparados aos seus nacionais Essa equiparação é um avanço; é o caso da maioria dos países latino-americanos (inclusive o Brasil) que conferem equiparação em termos de direitos e deveres (mas há limitações, por ex, a limitação para aquisição de propriedades em região de fronteira, que é considerada área de segurança nacional). 2. REFERÊNCIA LEGISLATIVA - CF: art. 22, XV, in verbis: “Compete privativamente à União legislar sobre: emigração, imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros” - Lei n° 6.815/80 (Lei do estrangeiro), com as alterações da Lei n° 6.964/81 (define a situação jurídica do estrangeiro no Brasil cria o Conselho Nacional de Imigração, e dá outras providências) - Dec. n° 86.715/81: decreto que regulamenta a lei 6.815 (pormenoriza) 3. CONDIÇÃO DO ESTRANGEIRO NO ORDENAMENTO JURÍDICO PÁTRIO - É princípio basilar que os estrangeiros residentes no país, gozem dos mesmos direitos e tenham os mesmos deveres dos brasileiros. Essa paridade de condição jurídica é quase total no que se refere à aquisição dos direitos civis, Todavia, devido a certas peculiaridades, existem limitações que condicional o estrangeiro a um estatuto especial, que lhes determina a situação jurídica (Lei n° 6.815/80). - Princípio da igualdade, isonomia entre brasileiros e estrangeiros, com limitações 4. LOCOMOÇÃO NO TERRITÓRIO NACIONAL - A liberdade de locomoção no território nacional é assegurado a qq pessoa (nos termos do art. 5°, XV, CF) Gozam dessa liberdade os brasileiros, estrangeiros residentes no país e estrangeiros não residentes, desde que tenha ingressado regularmente no país. 5. ENTRADA DE ESTRANGEIRO - Todo estrangeiro poderá entrar no Brasil desde que satisfaça as condições estabelecidas no Estatuto do Estrangeiro, a 1ª das quais consiste na obtenção do visto de entrada (art. 4°, Lei 6.815/80). Toda entrada em um país requer uma autorização, que é o visto (colocado no documento de viagem, geralmente o passaporte) - Não há direito subjetivo quanto à entrada em um país, a não ser ao seu nacional – nenhum país tem a obrigação de aceitar a entrada de estrangeiro - Não existe convenção internacional que regule a circulação internacional de pessoas: cada país regula a circulação de pessoas dentro de seu território - Princípio da auto-determinação pessoal cerceado pelo Princípio da Soberania Direito de ir e vir Poder que cada país tem para regular quem entra e quem sai de seu território - Várias convenções internacionais dispõem que um Estado pode impedir a entrada de estrangeiro, por ex, por questões de epidemia (interesse coletivo). Para questões de segurança nacional e ordem pública: é + subjetivo - Admitindo em seu território os estrangeiros, o Estado tem o dever de dar-lhes um tratamento condigno, apesar de poder exercer sobre eles o direito de vigilância, conseqüência direta de seu direito de defesa e conservação. Isso mesmo reconheceu a C. Havana: os “Estados devem conceder aos estrangeiros domiciliados ou de passagem em seu território todas as garantias individuais que concedem aos seus próprios nacionais e o gozo dos direitos civis essenciais”. Idêntica é aposição da CF quando assegura, no caput do seu art.5°, a equiparação em relação aos direitos civis. O estrangeiro, no entanto, está “aleijado” de direitos políticos (só o português tem esse direito, nos casos de reciprocidade) 6. TIPOS DE VISTO (Lei 6.815/80) a) Visto de Trânsito (art. 8°) - Para quem passa no país - Prazo < 10 dias, improrrogáveis - Para quem está de escala de vôo, não precisa de visto próprio (nos EUA, hoje precisa) b) Visto de Turismo (arts. 9, 10, 12) - Finalidade recreativa ou de lazer - Prazo de 5 anos, c/ permissão de estadas não excedentes a 90 dias, prorrogáveis por = período - Estrangeiro com visto de turista que exerce atividade remunerada Não pode (ilegal) enseja deportação - Direito de passagem no mar territorial não requer visto (previsto na C. Jamaica sobre mar territorial) c) Visto Temporário (arts. 13/15) - Prazos variados dependentes da análise de cada caso - O visto está atrelado ao contrato de trabalho para cada empresa - Ex> Se um americano tem visto temporário para trabalhar na filial brasileira da empresa Repsol depois de algum tempo, passa a trabalhar na empresa Shell sem pedir novo visto estará em situação ilegal - P/ estudo: geralmente o visto é de um ano (a cada ano, remova-se a documentação, inclusive a declaração do estabelecimento de ensino) d) Visto permanente (arts. 16/18) - Concessão + difícil - 2 modalidades: (1) prazo de 5 anos e (2) por tempo indeterminado (regra) - Prazo de 5 anos: é política brasileira conceder 5 anos de visto quando no exercício de função específica em determinada região. Ex: Atuar como médico no Acre mas se esse estrangeiro exercer o comércio, ficará em situação ilegal da mesma forma, se for trabalhar como médico no RJ - Também pode ser concedido pela situação familiar (por ex, estrangeiro casado com brasileira) - Lembrar que o estrangeiro tem sempre mera expectativa de direito: mesmo que esteja aqui há 25 anos, o Governo brasileiro pode, a qq tempo, requerer sua saída, desde que não se cometa ato arbitrário (deve ter respaldo na lei) e) Visto diplomático (art.19) - Prazo fixado no MRE (Ministério das Rel. Exteriores) f) Visto oficial (art. 19) - Prazo fixado no MRE g)Visto de cortesia (art. 19) - Prazo fixado no MRE 7. IMPEDIMENTO DE ENTRADA DO ESTRANGEIRO - Visto concedido pela autoridade consular configura mera expectativa de direito (art. 26, Lei 6.815) Pode a entrada, a estada ou o registro do estrangeiro ser obstado ocorrendo qq dos casos do art. 7°, E.E. - PFed faz a fiscalização 8. REGISTRO DO ESTRANGEIRO - O registro do estrangeiro na qualidade de permanente, temporário e asilado deve ser efetuada no Ministério da Justiça (arts. 30/33 da Lei 6.815), pela Pfed. - Para vistos de trânsito e turismo não há fiscalização (aumentaria a burocracia) 9. SAÍDA DO ESTRANGEIRO - Não será exigido visto de saída do estrangeiro para deixar o território nacional (arts. 50/52 da Lei 6.815) 10. DOCUMENTO DE VIAGEM - Previsto na lei do estrangeiro (arts. 54/56) mas a lei própria é o Decreto 1.983/96 10.1. PASSAPORTE - Documento de identificação exigido em viagem internacional (art. 2° do Decreto) 10.1.1. CLASSIFICAÇÃO (Decreto) a) Passaporte diplomático (art. 6°) e passaporte oficial (art. 9°) - Expedidos pelo MRE e pelas missões diplomáticas e repartições consulares - Prazo de validade: até 10 anos b) Passaporte comum (art. 11) - Expedido pelo Dpto da Pfed - Prazo de validade: 5 anos improrrogáveis c) Passaporte para Estrangeiro (art. 12) - Expedido pelo Dpto da PFed - Prazo de validade: uma única viagem, de ida e volta, não superior a 2 anos 10.2. Laissez-passer (art. 13) - É o documento concedido ao estrangeiro portadorde documento de viagem não reconhecido pelo governo brasileiro, ou não válido para o Brasil - Quando o país do estrangeiro não é reconhecido pelo Governo brasileiro, concede-se um laissez-passer 10.2.1. Laissez-passer: expedido pelo Dpto da Pfed e pelas missões diplomáticas e repartições consulares, tendo prazo de validade de uma única viagem, de ida e volta, não superior a 2 anos 10.3. Autorização de retorno ao Brasil: é o documento de viagem concedido ao nacional que no exterior necessite retornar ao país e não preencha as exigências para obtenção do passaporte (art. 14) 10.3.1. Autorização de retorno ao Brasil: concedido pelas missões diplomáticas e repartições consulares, tendo validade enquanto durar a viagem de regresso ao país, sendo ao final recolhida 10.4 Salvo-conduto: é o documento de viagem que possibilita a saída do território nacional daquele que obteve asilo diplomático de governo estrangeiro (art. 15). Concedido ao brasileiro ou estrangeiro 10.4.1. Salvo-conduto: expedido pelo Dpto da PFed, tendo validade enquanto durar a viagem 10.5. Cédula de identidade civil: expedido pelos órgãos oficiais de identificação das Polícias Civis, substitui o passaporte comum nos casos previstos em acordos internacionais (art. 16) - Válido p/ países com os quais haja relação fronteiriça. Ex> Brasileiro vai p/ Bolívia só c/ a CI, não precisa do passaporte 10.6. Certificado de Membro de Tripulação de Transporte Aéreo e Carteira de Marítimo - Poderão substituir o passaporte para efeito de embarque e desembarque no território nacional, nos casos específicos de acordos internacionais (art. 17) - Se a trabalho: apresenta a carteira funcional - Se a turismo: passaporte