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LAZER E RELIGIÃO: algumas aproximações 
 
 
Gonçalo Cassins Moreira do Carmo (Unicenp) Mestre - goncalo@unicenp.br 
Alexandre França Salomão (Unicenp) Mestre - afsalomao@uol.com.br 
 
 
Resumo 
 
 
Este estudo tem por objetivo abordar o tema Lazer e Religião e os fenômenos que se estabelecem 
mais recentemente entre estas duas áreas. A questão norteadora trata da ‘incorporação’, por 
algumas esferas da ação religiosa, de atividades ligadas ao Lazer que, valendo-se 
estrategicamente do universo lúdico, parecem interromper a lógica tradicional de submissão do 
Corpo, aos rigores disciplinares de contenção dos afetos/sentimentos. 
 
Palavras-chave: Lazer; Religião. 
 
 
I – Introdução 
 
 
O presente texto tem por objetivo abordar algumas das possíveis relações entre os 
pressupostos teóricos encontrados nos estudos do Lazer e suas aplicações inseridas dentro 
do contexto religioso de viés cristão. 
Dentro deste tema, interessa discutir a crescente referencia das atividades do Lazer 
sendo aplicadas nas esferas religiosas, no qual são protagonistas tanto os dirigentes de 
cultos (padres e pastores) como sua audiência (fiéis e freqüentadores dos cultos/missas). 
A questão central reside no fato de procurar entender algumas das razões de hoje, 
de maneira enfática, as religiões cristãs, seculares ou pentecostais, estarem se valendo cada 
vez mais de atividades ligadas ao mundo do Lazer, em contradição explicita a alguns dos 
princípios históricos norteadores do cristianismo: de negação do corpo, do prazer e do 
divertimento.1 
Os exemplos desta apropriação do uso das atividades de lazer pelas instituições 
religiosas são inúmeros, pois é possível encontrar nos cultos desde atividades de caráter 
mais teatral dramático ou cômico no qual os dirigentes ilustram passagens bíblicas ou 
experiências vividas, mas também cantos animados2 com grande variedade de 
 
1 Sempre foi muito comum associar estes três elementos ao representante opositor das Bem-aventuranças, também conhecido entre 
outros nomes como Satanás, Capeta, Demônio, etimologicamente demônio deriva do termo latino ‘Daímon’, Aquele de Divide/Reparte. 
Cf. BRANDÃO, 1991, p.278. 
2 Completamente diferente dos cantos gregorianos que primavam pela cadencia rítmica prolongada e a introspecção reflexiva e 
transcendental. 
instrumentos para acompanhamento. É possível incluir até atividades ginásticas com 
movimentos ritmados e coreografados.3 
‘Retiros’ espirituais com atividades de caráter turístico são também um exemplo, 
pois as viagens religiosas além de encerrarem visitas a lugares específicos de referencia de 
acordo com a religião ou seita, incluem também ida a restaurantes, demais pontos turísticos 
um tanto mais mundanos e quem sabe até um período reservado para compras de 
souvernirs de caráter religioso e outros nem tanto. 
A tradição esportiva também não pode ser deixada de lado uma vez que é crescente 
o numero de torneios que visam reunir membros de uma determinada religião para disputas 
esportivas de caráter competitivo que mesmo primando pelo caráter coubertiano de que o 
que importaria é competir, não impede que algumas atitudes mais ríspidas e violentas, 
inerentes à prática desportiva competitiva venham a ocorrer, ainda que em menor 
freqüência do que nas atividades praticadas de modo geral, para além do universo 
religioso. 
No que diz respeito as lutas, atividades que muitos autores também consagram 
inerentes ao espectro de atividades ligadas ao Lazer concordamos que seria muito afirmar 
que as sessões de ‘descarrego’ e exorcismo poderiam servir de exemplo para nossa tese 
central mas o fato é que elas ilustram, do ponto de vista das oposições entre as forças do 
Bem e do Mal, a utilização das atividades de luta nos contextos religiosos. 
Diante do acima exposto nos propomos a discutir este fenômeno a partir de 
algumas categorias notadamente baseadas em autores como Elias, Freud e Aristóteles nos 
quais as noções de tempo, processo civilizador, emoção, sentimento e afeto; controle das 
emoções e catarse servirão como referências principais para nossas reflexões. 
Mas antes da abordagem categórica é preciso que se faça algumas considerações 
históricas, procurando situar o Corpo que de tão velado e reprimido pelas religiões4 cristã-
judaicas passa a ser alvo de estratégias metodológicas lúdico prazerosas na conquista e 
permanência de novos e antigos seguidores. 
 
II - Lazer, Cristianismo e História. 
 
Os parágrafos que se seguem tem como principal referencia Christianne Werneck5. 
Segundo esta autora com o advento do cristianismo as concepções de Trabalho e Lazer 
passam a ter novos sentidos uma vez que o cristianismo teria como principio basilar a 
igualdade entre todas as pessoas, para ilustrar este ideal a autora cita o Livro de Gálatas, 
capitulo 3: “não há mais nem judeu, nem grego, não há mais nem escravo, nem homem 
livre; nem homem, nem mulher: todos vós, realmente, sois um só em Cristo Jesus.” 
(WERNECK, 2000, p. 30). 
Esta nova condição do Homem que segundo o cristianismo, passa a ter na figura de 
Deus seu denominador comum, cria uma situação inédita, que obriga a revisão das 
 
3 Um conhecido Padre da Igreja Católica chegou a cunhar a expressão ‘Aeróbica do Senhor’ (?) para designar o tipo de 
acompanhamento corporal que algumas de suas canções inspiravam. 
4 Expressamos a idéia referente às religiões de origem cristão judaica uma vez que para outras religiões notadamente as afro ou 
espiritualistas como o Candomblé, as Kardecistas,encerram um lugar todo especial , diferente, ao corpo em suas reuniões ritualísticas. 
5 WERNECK, C. As influencias do cristianismo no contexto medieval...Op.Cit., 2000. 
categorias de Trabalho e Lazer não somente em relação as sua funções mas especialmente 
ao modo especifico de sua realização. 
Deste modo, o trabalho como atividade menor, destinado aos escravos, agricultores, 
comerciantes e militares e o lazer como privilégio de classe, dos filósofos e detentores do 
poder e de mando, não mais poderia se aceito como uma fatalidade incrementada pelas 
condições herdadas ou construídas culturalmente, mas sim deveria passar a ser visto como 
elementos que, por pertencerem aos desígnios de Deus sobre todos os Homens, deveriam 
canalizar todas as suas energias e potencialidades para aproximar o Homem ainda mais de 
Deus, que sendo sua imagem e semelhança, haveria de cumprir seu destino. Mas para isto 
de fato se concretizar algumas novas iniciativas se faziam necessárias. 
Antes de abordar-se especificamente a questão do Lazer torna-se importante 
reportar-se ao trato dado ao conhecimento no período medieval, no qual a educação se 
constituía como pedra angular para difusão e sustentação da doutrina cristã.6 
De acordo com GADOTTI apud WERNECK (2000) havia formas distintas no trato 
do conhecimento, uma para o povo com ênfase catequética, dogmática e outra educação 
voltada para o clérigo, com base humanista e filosófico-teológica (GADOTTI, 1996). 
Esta distinção é fundamental para compreender-se o continuum de cidadãos de 
primeira e segunda classe para quem o tipo de conhecimento e sua forma eram bastante 
distintas, pois como bem afirma GADOTTI (1996), 
 
ao povo era relegada a educação oral, transmitida de pai para filho, herdando-se 
sobretudo a cultura da luta pela sobrevivência. As mulheres, por sua vez, só 
podiam receber alguma instrução se fossem consideradas ‘vocacionadas’ para o 
ingresso nos conventos femininos, já que eram vistas, pela Igreja, como 
pecadoras por natureza7. Mas só eram ‘chamadas’ aquelas que apresentavam a 
principal vocação, ou seja, ser herdeira ou proprietária de terras (...) dessa 
forma, era dada a ciência do governo para alguns e a catequese e a servidão para
outros, restando ao povo apenas o ensino dos preceitos da religião cristã e a 
aceitação dessa injusta situação de exploração e manipulação. (GADOTTI apud 
WERNECK, 1996, p. 31-32). 
 
É certo que nesta construção pragmática e ideológica do catolicismo o lugar 
reservado ao Corpo sempre foi considerado como um locus do pecado, que deveria ser 
adequadamente orientado para a submissão e mais adequadamente ainda, punido quando 
voltado para possíveis pensamentos e ações pecaminosas. 
A idéia do domínio sobre o Corpo para o domínio do Espírito que tanto acalora 
discussões mais atuais sobre a dualidade Corpo e Mente encerra a idéia da disciplina sobre 
as ações a qualquer custo8, na qual a severidade das determinações sobre os sujeitos seriam 
tão ou mais importantes para a construção de alicerces fortes da Igreja quanto a reunião de 
riquezas através dos dotes, heranças e as mal-fadadas indulgências. 
Sobre esta temática das ambições do domínio sobre os corpos para o domínios dos 
sujeitos em sua ação e subjetividade, GHIRALDELLI nos aponta uma importante 
passagem pois como ele afirma, “ de fato, as ‘práticas corporais’, como nos ensinaram os 
 
6 Três personagens são fundamentais neste início de universalização da doutrina cristã: o apóstolo Paulo, unificador do cristianismo entre 
gregos e romanos; São Gregório e Santo Agostinho ( ‘Os pais da Igreja’) a quem coube a tarefa de elaborar inicialmente um corpo de 
doutrinas, dogmas, culto e disciplina do catolicismo. Fonte: WERNECK, C. Op. Cit 2000. 
7 Aqui é possível vislumbrar talvez uma terceira classe de indivíduos. 
8 Das fogueiras da inquisição, por exemplo. 
estruturalistas de diversas matizes, ‘materializam’ a ideologia. Para fins de reprodução e 
inculcação ideológico-religiosa, por exemplo, mais vale a genuflexão do que a leitura do 
texto teológico.” (GHIRALDELLI, 1990, p. 197).9 
Se a educação, portanto ocupava ( ocupa?) este lugar tão importante, qual seria o 
lugar reservado para o Lazer? 
Tendo em conta a relação de submissão e disciplinarização preconizada para o 
domínio dos Corpos, toma-se como óbvio que o Lazer neste contexto seria muito mal 
visto, na medida que este pudesse afastar o individuo do projeto de abnegação das coisas 
matérias ( em nome de Deus e da Igreja) e viesse suscitar prazeres de viés pecaminoso tão 
defenestrados que deveriam ser por todos aqueles que quisessem galgar o reino dos céus, 
“uma vez que as festas, os jogos, os espetáculos, as danças, os serões e as comemorações 
de diferentes naturezas representavam um perigo a purificação da alma – e na ênfase a 
noção aristotélica de ócio como contemplação, vida dedicada aos deleites do espírito de 
forma restrita, vigiada e extremamente controlada”. (WERNECK, 2000, p. 33). 
O que teria acontecido ou tornado necessário para que houvesse uma quase que 
total inversão desta perspectiva sobre o Corpo e o Lazer em nossos tempos? Eis a questão 
principal de nosso trabalho que procuraremos a seguir esmiuçar. 
 
III - A Busca do Prazer. 
 
Ao enfatizar as mudanças ocorridas em longo prazo, tanto nas emoções, quanto nas 
estruturas de controle das pessoas, ELIAS e DUNNING evidenciam o papel central que as 
reações emocionais tem no lazer, isto porque elas desempenhariam funções 
desrotinizadoras10 e, gerariam uma tensão/ excitação agradável. 
A excitação11 que as pessoas procuram no seu lazer é singular, tratando-se em geral 
de uma excitação agradável. Em se tratando de sociedades industriais mais avançadas, 
verifica-se uma menor freqüência de situações críticas sérias que originam 
comportamentos de excitação nos indivíduos. Outro aspecto observável, nesta mesma 
direção, é a capacidade progressiva de aumento do autocontrole social e o autodomínio da 
excitação exagerada. 
Gradativamente, a organização social do autocontrole da excitação individual 
tornou-se mais efetiva. Neste sentido, erupções de sentimentos fortes acabam por 
apresentar-se de outra forma, tornando-se motivo de embaraço, vergonha ou 
arrependimento, assim somente as crianças não são censuradas. Neste sentido, “o 
autocontrolo – em parte – já não se encontra sob seu domínio. Tornou-se um aspecto de 
estrutura profunda da sua personalidade” 12. 
Outro ponto significativo na sua análise centra-se no binômio lazer/trabalho. Para 
os autores, “a noção de que as atividades de lazer podem ser explicadas como 
 
9 Cf. GUIRALDELLI Jr. Paulo. Indicações para o estudo do movimento..., 1990. 
10 A esse respeito ver ELIAS, N. DUNNING, E. A Busca da Excitação. Lisboa: Difel, 1992. p. 149. 
11 Ver ainda Elias. Ibid.p.113. 
12 Idem.p.103. 
complementares ao trabalho, é raramente considerada problemática” 13. Contudo, nas 
Sociedades-Estados, do nosso tempo, onde a pressão de formas de controle externo e 
interno é extensível a tudo, a satisfação lazer – ou a falta desta – pode ser de maior 
importância para o bem-estar das pessoas enquanto indivíduos ou sociedades. 
Neste sentido: 
Existem cento e uma maneiras de dominarmos as nossas emoções – por uma 
boa razão. Se toda a gente atenuasse ou eliminasse as restrições, toda a estrutura 
da sociedade se desfazia, e a satisfação da qual dependemos a longo termo, a 
nível de conforto, de saúde, de consumos vários, de lazer e muitos outros que 
são importantes quando comparados com os de outros países menos 
desenvolvidos – privilégios que, com freqüência, não experimentaríamos como 
tais – peder-se-ia 14. 
Um dos primeiros passos para o estudo mais adequado do lazer, nos fatos 
observáveis, traduz-se numa distinção mais permanente e nítida entre o tempo livre e o 
lazer. 
Ao propor sua teoria do lazer ELIAS e DUNNING delimitam as atividades que 
compõe seu universo de estudo, sendo assim a conceituação proposta opõe o lazer às 
rotinas da vida social, identificando as atividades que são executadas de forma rotineiras. 
Uma vez que as atividades desenvolvidas durante o tempo livre são muito variadas, 
a percepção de que apenas uma parcela do tempo livre pode ser dedicada ao lazer parece 
evidente. Dito isto, apresentam uma tipologia do tempo livre que permite identificar as 
propriedades singulares do lazer, classificando-as de acordo com o grau de rotina, 
agrupando-as em três subconjuntos: 
1) Rotinas do tempo livre – provisão rotineira das próprias necessidades biológicas 
e cuidados com o próprio corpo (comer, beber, descansar etc.); Governo da casa e rotinas 
familiares – conservar a casa em ordem, lavar a roupa, cuidar dos animais etc. Estas 
atividades além de rotineiras são pouco prazerosas. 
2) Atividades de formação e autodesenvolvimento – trabalho social voluntário, 
estudo, hobbies, atividades religiosas, atualização de conhecimento etc. 
As atividades dedicadas ao autodesenvolvimento pessoal, mesmo podendo até ser 
gratificantes, exigem, contudo, disciplina e em grande medida, a manutenção da conduta 
civilizada, que reprime manifestações espontâneas. 
3) Atividades de lazer – encontros sociais formais ou informais, jogos e atividades 
miméticas, como participante o expectador, e miscelânea de atividades esporádicas 
prazerosas e multifuncionais, como viagens, jantares em restaurantes, caminhadas etc. 
Como percebemos, as típicas atividades de lazer são aquelas mais associadas à 
destruição da rotina, e, caracterizam-se pelo “descontrole controlado” das restrições sobre 
os impulsos e as manifestações emocionais. 
Há ainda, além do grau de rotina, dois parâmetros complementares para definir as 
atividades como lazer. O primeiro é o grau de compulsão social, nas atividades de lazer a 
 
13 Idem.p.106. 
14 Id. p. 73. 
participação é voluntária e menos sujeita a constrangimentos. O segundo, é a escolha 
individual, ou seja,
uma medida de prioridade que é dada para a própria pessoa quando se 
determina a quem a atividade deve agradar, as decisões são tomadas em função de si 
mesmo ou do grupo, em detrimento dos interesses dos outros – desde que sejam 
respeitados certos limites socialmente estabelecidos. 
Aqui surgem três elementos básicos de lazer propostos por DUNNING15: 
sociabilidade, motilidade e o despertar para a imaginação emocional. Para estes elementos 
parecem corresponder duas classes principais de eventos de lazer: atividades sociais e 
atividades miméticas. 
A sociabilidade é um elemento básico na maioria das atividades de lazer, ou seja, 
um elemento chave no aproveitamento e o despertar de prazer emocional. Ao enfatizar a 
função sociável de algumas atividades de lazer, o lazer gemeinschaften, DUNNING 
evidencia as oportunidades para maior integração entre pessoas em um nível de abertura, e, 
com objetivo, emocionalmente amigável, o qual difere das formas de integração das da 
vida ocupacional e de atividades de não lazer. 
Já ao utilizar motilidade, refere-se a movimento, a atividades de lazer como dança 
e, a uma dimensão crucial do esporte, reporta-se, portanto, a atividades nas quais uma das 
principais fontes de satisfação imediata é o prazer, obtido através da absorção do 
movimento em si. 
O termo mimético compreende um certo número de atividades de lazer que 
aparentemente tem pouco em comum, mas que compartilham características específicas, 
atividades comumente classificadas sob diferentes títulos, como esporte, entretenimento, 
cultura e artes. 
Para ELIAS e DUNNING “sob a forma de factos de lazer, em particular os da 
classe miméticas, a nossa sociedade satisfaz a necessidade de experimentar em público a 
explosão de fortes emoções – um tipo de excitação que não perturba nem coloca em risco a 
relativa ordem social, como sucede com as excitações de tipo sério”16. 
Nesta mesma direção, apontam que na medida em que as excitações sérias, e de 
tipo ameaçador diminuíram, a função compensadora da excitação-jogo aumentou. Tal tipo 
de excitação difere do outro tipo, pois é uma excitação que procuramos voluntariamente; é 
sempre agradável. 
Atentos para o fato de que não se atingiu o momento em que seja um hábito falar de 
lazer, acreditam que o fulcro do problema do lazer se encontra na relação entre a estrutura 
das necessidades características do lazer, do nosso tipo de sociedade e estrutura dos fatos 
designados para a satisfação dessas necessidades. 
As dificuldades para avanços na resolução do problema residem no fato deste 
ultrapassar as fronteiras das diversas ciências. Desta forma, o que foi separado, para efeitos 
de estudo, deve ser reunido de novo para o mesmo fim. 
Reportam-se ainda, aos fragmentos conservados da teoria de lazer de Aristóteles, 
baseada no efeito da música e da tragédia nas pessoas, e a termos utilizados por ele para 
 
15 DUNNING, E. Sport Matters... London/New York: Routledge, 1999.p.34. 
16 p.112. 
discutir lazer e trabalho, schole e ascholia respectivamente. 
Buscando compreender o significado de mimesis e katharsis na Poética, esbarramos 
em três dificuldades. A primeira é que seu texto possui um caráter esotérico, e foi feito 
para o uso interno de Aristóteles ao ministrar seus cursos no Liceu. A segunda é que toda 
parte relativa à comédia se perdeu. Já a terceira é que em momento algum Aristóteles, 
explica o que entende exatamente por mimesis e katharsis, dois conceitos fundamentais de 
sua obra. 
É evidente, porém que os utiliza com sentidos inteiramente diversos de seu antigo 
Professor Platão, autor que compreende mimesis como imitação e o utiliza em sentido 
negativo. 
Aristóteles dá ao termo um caráter positivo e uma importância maior, ao ponto, de 
se tornar um conceito no interior da Poética. Os conceitos de mimesis (traduzido por 
imitação) e katharsis (traduzido por purgação, purificação) serão as peças fundamentais 
que estruturam a definição de tragédia (teatro), compreendida como imitação que se efetua 
mediante atores, e que suscitando o terror e a piedade, tem por efeito a purificação destas 
emoções. 
A palavra mimesis em Aristóteles está ligada a techené (arte) e a physis (natureza). 
Porém, o imitar aristotélico das ações é uma criação, pois resgata o mundo pelo intermédio 
do próprio mundo. A mimesis é então ativa e criativa e, portanto a catarse um efeito 
suscitado pela tragédia no público. Assim os atores, que imitam ações, na catástrofe final 
da tragédia, suscitam no público terror e piedade, visando a catarse destas emoções. 
Sua teoria possuía como peça central, o conceito de catarse, palavra derivada do 
conceito médico, utilizado em ligação com o expulsar de substâncias nocivas do corpo, 
propunha que o prazer é um ingrediente necessário para o efeito curativo. 
Portanto, a essência do efeito curativo dos atos miméticos, consiste no fato de a 
excitação que produzem, ser agradável. Sem o elemento hedonista do entusiasmo, 
nenhuma catarse é possível. 
A tese de Aristóteles nos fornece aspectos do problema do lazer que são 
freqüentemente esquecidos. Um deles, é que grande parte dos fatos de lazer, desperta 
emoções relacionadas com aquelas que as pessoas experimentam em outras esferas (ciúme, 
ódio), de uma maneira que não é seriamente perturbante e perigosa. Confundindo-se na 
esfera mimética com uma espécie de prazer. 
Assim sendo, a excitação mimética é, na perspectiva social e individual, desprovida 
de perigo e pode ter efeito catártico. Entretanto, esta forma pode transformar-se em 
excitação séria. 
A síntese figuracional aponta para o coração do problema de como e por quê os 
seres humanos têm a necessidade de atividades como o esporte/lazer, uma vez que o 
processo de evolução biológica dirigiu o homem a ser não somente uma espécie que 
depende amplamente da aprendizagem sócio-cultural para sua sobrevivência, mas também 
criou criaturas cujo organismo requer estímulos a fim de funcionar satisfatoriamente, 
particularmente, estímulos através da companhia de outros seres humanos. 
 
 
IV - O Prazer e a Perspectiva Freudiana 
 
FREUD foi o fundador da psicanálise, a qual se constitui em uma maneira de 
examinar os mecanismos e conteúdos psíquicos, os quais o indivíduo geralmente não pode 
explorar por meio de um exame racional de sua própria consciência. Formado em 
psiquiatria, passou a vida tratando pessoas desajustadas. Das suas experiências de 
consultório, formulou aos poucos uma teoria da personalidade de vasto alcance e grande 
influência. 
 O ponto central de sua teoria é a divisão da personalidade em três sistemas 
principais: o id, o ego e o superego. Seu método psicanalítico se detém na interpretação 
dos sonhos e dos fatos infantis, concluindo que existe uma força impulsionando o homem à 
ação, à busca do prazer. Essa força é a libido, energia sexual, que se expande em forma de 
instintos sexuais, instintos de vida (Eros) e, instinto de morte (Tanatos). 
A discussão que se segue baseia-se no texto: “O MAL – ESTAR NA 
CIVILIZAÇÃO”, escrito em 1929, dando atenção especial à questão da dinâmica libidinal 
ou dualismo instintivo de Eros e Tanatos, que tem como conseqüência, o fortalecimento do 
sentimento de culpa e a relação sexualidade e civilização. 
Parte de uma coletânea de textos, a referida obra, marca uma nova fase no 
pensamento de FREUD, que tem início com a publicação de “MAIS ALÉM DO 
PRINCÍPIO DE PRAZER”, em 1920, na qual apresenta o conceito de instinto de morte, 
em oposição ao instinto de vida. Nesta nova fase, o autor se distancia de seus estudos 
clínicos, centrados no indivíduo, e passa a investigar questões relativas à humanidade. 
Seu caráter especulativo conferiu à teoria freudiana uma nova face chamada de 
filosófica ou metafísica, severamente criticada até mesmo pelos seus
discípulos mais 
ortodoxos, como FENICHEL e JONES. A seguinte passagem parece-nos esclarecedora: 
“O que se segue é pura especulação, às vezes muito extremada, que o leitor aceitará ou 
repelirá, segundo sua posição particular na matéria. Constitui, além disso, uma tentativa de 
perseguir e esgotar uma idéia, pela curiosidade de ver até onde nos levará” 17. 
O texto de O Mal –Estar na Civilização tem como tese central a idéia de que a vida 
social pressupõe repressão. Neste sentido, tanto o desenvolvimento do indivíduo, quanto o 
desenvolvimento da civilização, só são possíveis através do controle das pulsões 18 (trieb) 
humanas, pois estas são incompatíveis com a vida comunitária. 
A evolução da civilização humana pode ser descrita como a luta de Eros e Tanatos, 
em outras palavras, como a luta da espécie humana pela vida. O indivíduo freudiano é 
dotado de dois instintos: Eros que tem a função de unir os indivíduos em unidades cada 
vez maiores, agindo em favor da civilização e da vida comunitária, mas, que se opõe a ela 
quando se faz necessária uma grande quantidade de energia instintiva, retirada da 
sexualidade para o trabalho. O outro instinto, Tanatos encontra-se em segundo plano, 
podendo ser percebido através das manifestações de agressividade, e encontra-se ligado a 
Eros nas manifestações de sadismo. Age contra a civilização na medida em que é regido 
pelo princípio de Nirvana. 
 
17 FREUD, S. Mais Além do Princípio do Prazer. In: Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro, Imago, 1974. Vol. V. 
18 Cabe aqui uma mediação quanto ao significado dos termos instinto e pulsão. Para Freud o instinto significa uma comportamento 
animal pré formado, hereditário, característico de uma espécie, enquanto pulsão, faz referência a um impulso, que tem sua fonte numa 
excitação corporal localizada, visando descarregar a tensão existente ao nível da fonte corporal. 
FREUD volta-se à seguinte questão: o que os homens pedem da vida, o que 
desejam nela realizar? Sua resposta! Esforçam-se para obter felicidade; querem ser felizes 
e assim permanecer. Uma vez dito isso, o que decide o propósito da vida na perspectiva 
freudiana é, simplesmente, o programa do princípio de prazer, dominando o funcionamento 
do aparelho psíquico desde o início. Sobre esta dinâmica, o texto que se segue é 
fundamental: 
Ficamos inclinados a dizer que a intenção de que o homem seja “feliz” não se 
acha incluída no plano da “Criação”. O que chamamos de felicidade no sentido 
mais restrito, provém da satisfação (de preferência, repentina) de necessidades 
represadas em alto grau sendo, por sua natureza, possível apenas como uma 
manifestação episódica. Quando qualquer situação desejada pelo princípio de 
prazer se prolonga, ela produz tão-somente um sentimento de contentamento 
muito tênue. Somos feitos de um modo a só podermos derivar prazer intenso de 
um contraste, e muito pouco de um determinado estado de coisas 19. 
 Se nossas possibilidades de felicidade sempre são restringidas por nossa própria 
constituição, em contrapartida a infelicidade é menos difícil de experimentar. O 
sofrimento, portanto, nos ameaçaria a partir de três direções: de nosso próprio corpo – 
condenado à decadência e à dissolução; do mundo externo – que pode voltar-se contra nós 
com forças de destruição esmagadoras e impiedosas; de nossos relacionamentos com os 
outros homens – talvez o mais penoso do que qualquer outro. 
Sob a pressão das possibilidades de sofrimento, os homens acostumaram-se a 
modelar suas reivindicações de felicidade, assim como o próprio princípio de prazer sob a 
influência do mundo externo se transformou em princípio de realidade – relegando a 
obtenção de prazer a segundo plano. Contra o sofrimento advindo dos relacionamentos 
humanos, a defesa mais imediata é o isolamento voluntário. Entretanto, há um caminho 
melhor, o de “tornar-se membro da comunidade humana e, com o auxílio de uma técnica 
orientada pela ciência, passar para o ataque à natureza e sujeitá-la à vontade humana. 
Trabalha-se então com todos para o bem de todos” 20. 
 Se todo o sofrimento é uma sensação, ele só existe na medida em que o sentimos, 
como conseqüência de certos modos pelos quais nosso organismo está regulado. Neste 
sentido, os métodos mais interessantes para evitá-lo, são os que procuram influenciar nosso 
próprio organismo. O mais eficaz deles é o químico, capaz de produzir prazer imediato e, 
um alto grau de independência do mundo externo. Todavia, o mecanismo desse processo 
ainda não é conhecido cientificamente em profundidade. 
 Outra técnica possível é a que consiste no deslocamento da libido, consistindo em 
reorientar os objetivos instintivos através da sublimação. Contudo, sua intensidade se 
revela extremamente tênue em relação a que se origina da satisfação dos impulsos 
instintivos primários, além é claro de só se aplicar a poucas pessoas. 
 São ainda merecedores de atenção, enquanto técnicas possíveis de afastamento do 
sofrimento, as religiões – delírios de massa, e o relacionamento emocional com objetos, 
resultado do deslocamento da libido, voltada para o mundo externo. Talvez, o amor se 
aproxime mais desta meta para a consecução completa da felicidade, buscando toda 
satisfação em amar e ser amado. Uma de suas manifestações – o amor sensual – nos 
proporcionou nossa mais intensa experiência de sensação de prazer. 
 
19 FREUD, S. O Mal Estar na Civilização.Trad. José Octavio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro, Imago, 1997. p.24. 
20 Op.cit. p. 26 
 Neste ponto, nos preocupamos mais especificamente com a fonte social de 
sofrimento, apresentando os argumentos de Freud como se seguem: 
 O primeiro sustenta que “o que chamamos de civilização é em grande parte 
responsável por nossa desgraça e que seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e 
retomássemos às condições primitivas; todas as coisas que buscamos a fim de nos 
protegermos contra as ameaças oriundas das fontes de sofrimento fazem parte desta mesma 
civilização”21. 
 FREUD aponta para o que considera ser a última e a penúltima das ocasiões que 
originaram uma longa e duradoura insatisfação com o estado de civilização. A penúltima 
instaurou-se quando o processo de viagens de descobrimento conduziu ao contato com 
povos primitivos. A última surgiu quando as pessoas tomaram conhecimento do 
mecanismo das neuroses, ou seja, uma pessoa se torna neurótica porque não pode tolerar a 
frustração que a sociedade lhe impõe a serviço de seus ideais culturais, inferindo-se disso 
que a abolição ou redução dessas exigências resultaria num retorno a possibilidade de 
felicidade. 
 Um fator adicional de desapontamento reside no fato de que, mesmo o 
extraordinário progresso conseguido nas ciências naturais, estabelecendo seu controle 
sobre a natureza, não aumentou a quantidade de satisfação prazerosa e não nos tornou mais 
felizes. 
 Nossos avanços tecnológicos constituem apenas o que FREUD chamou de “prazer 
barato”. A palavra civilização “descreve a soma integral das realizações e regulamentos 
que distinguem nossas vidas das de nossos antepassados animais, e que servem a dois 
intuitos, a saber: o de proteger os homens contra a natureza e o de ajustar os seus 
relacionamentos mútuos” 22. 
 Os primeiros atos de civilização: a utilização de instrumentos, a obtenção do 
controle do fogo e a construção de habitações, são aos poucos substituídos por outros 
elementos que hoje são exigências da civilização: a beleza, a limpeza e a ordem. 
Evidentemente, a civilização não se faz acompanhar apenas do que é útil. 
 Neste contexto, a força motivadora de todas as atividades humanas é “um esforço 
desenvolvido no sentido de duas metas confluentes, a utilidade e a obtenção de prazer” 23. 
 Nesta mesma direção, torna-se fundamental compreender como
os relacionamentos 
mútuos dos homens são regulados. A vida humana comum só se torna possível, no 
entendimento freudiano, quando se reúne uma maioria mais forte do que qualquer 
indivíduo isolado e que permanece unida. O poder dessa comunidade, passa a ser 
reconhecido como direito. Portanto, a primeira exigência da civilização, é a garantia de que 
uma lei, não será violada em favor de um indivíduo. 
 No curso da evolução cultural, a sublimação do instinto, torna possível as 
atividades psíquicas superiores, artísticas, científicas ou ideológicas, “é impossível 
desprezar até que ponto a civilização é construída sobre a renúncia ao instinto, o quanto ela 
pressupõe exatamente a satisfação” 24. 
 
21 Idem. p.38. 
22 P.41-2. 
23 p.48. 
24 FREUD. p.52. 
A formação de famílias deu-se em um momento em que a satisfação genital se 
alojou como um inquilino permanente. A vida comunitária teve, portanto, um duplo 
fundamento: a compulsão para o trabalho – criada pela necessidade externa, e o poder do 
amor – que fez com que o homem relutasse em privar-se de seu objeto sexual – a mulher, e 
ela em privar-se de seu filho. Eros e Anake, amor e necessidade se tornaram também os 
pais da civilização humana. 
A civilização não se contenta com as ligações que até agora lhe concedemos. 
Visa a unir entre si os membros da comunidade também de maneira libidinal e, 
para tanto emprega todos os meios. Favorece todos os caminhos pelos quais 
identificações fortes possam ser estabelecidas entre os membros da comunidade 
e, na mais ampla escala, convoca a libido inibida em sua finalidade, de modo a 
fortalecer o vínculo comunal através das relações de amizade. Para que esses 
objetivos sejam realizados, faz-se inevitável uma restrição da vida sexual 25. 
 O elemento fundamental, presente na teoria freudiana, é sua concepção de homem. 
Nada melhor do que citá-lo: 
Os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas; pelo contrário, 
são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa 
quota de agressividade. Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não 
apenas um ajudante em potencial ou um objeto sexual, mas também alguém que 
os tenta a satisfazer sobre ele sua agressividade, a explorar sua capacidade de 
trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, 
apoderar-se de suas posses humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e 
matá-lo 26. 
 Como conseqüência desta hostilidade, a sociedade se vê permanentemente 
ameaçada de desintegração. Assim, o interesse pelo trabalho comum, não seria suficiente 
para mantê-la unida, pois as paixões instintivas são mais fortes que os interesses da razão. 
 Disto resulta o emprego de métodos destinados a inclinar as pessoas à identificação, 
a relacionamentos amorosos inibidos, à restrição sexual e aos mandamentos. O homem 
portanto, trocou uma parcela de suas possibilidades de felicidade por uma parcela de 
segurança, restringindo os instintos. Mas quais meios a civilização utiliza para inibir a 
agressividade? 
 A agressividade é introjetada, enviada de volta ao ego e, assumida como parte dele, 
se colocando contra o resto do ego, como superego. Como resultado entre a tensão de 
severo ego e superego, temos o sentimento de culpa, expresso como uma necessidade de 
punição. Desta forma, a civilização consegue dominar o perigoso desejo de agressão do 
indivíduo27. 
 Finalmente, a questão fatídica parece ser saber até que ponto a espécie humana em 
seu desenvolvimento cultural, conseguirá dominar a perturbação de sua vida comunal, 
causada pelo instinto humano de agressão e autodestruição. 
 A interrogação de FREUD sobre se os benefícios da cultura teriam compensado o 
sofrimento infligido aos indivíduos, não mereceu a devida atenção, especialmente após tê-
la considerado inevitável e irreversível. Mas a sua própria teoria nos fornece razões para 
rejeitarmos a sua identificação como repressão, fato que sem dúvida já é suficiente para 
 
25 p.64. 
26 p.67. 
27 A esse respeito ver cap VII, nele FREUD trata da origem do sentimento de culpa. 
exigir a reabertura do problema. 
 
V - Considerações Finais 
 
 Iniciou-se este texto com o intuito de investigar as possíveis relações entre os 
pressupostos teóricos encontrados nos estudos do lazer e suas aplicações dentro do 
contexto religioso de viés cristão. Sustentou-se que é possível identificar na esfera religiosa 
elementos freqüentemente associados as atividades de lazer, fato que caminha em sentido 
oposto aos princípios historicamente balisadores do cristianismo, dentre este a negação do 
corpo, do prazer e do divertimento. 
Crê-se que a inversão destes valores tem enquanto elemento fundamental o 
arrebanhamento de fiéis. Neste sentido, a teoria eliasiana apresenta-se como um 
instrumento capaz de elucidar estes desdobramentos, sobretudo no que diz respeito as 
emoções humanas. 
Como observou-se as típicas atividades de lazer estariam associadas à destruição da 
rotina, caracterizando-se pelo descontrole controlado das emoções. Portanto, experimentar 
tensões agradáveis seria uma questão fundamental para a saúde humana. 
Ao que nos parece, os cultos/missas tem se utilizado do despertar de emoções e 
seus componentes (o sentimento – associado a um padrão de reação, tendo como exemplo 
o choro; o somático – na medida que determinado comportamento, ato ou situação pode 
recuperar experiências/ situações anteriormente vividas e; o comportamento – que faz com 
que tomemos determinadas atitudes) para conquistar seguidores. 
Na medida que a exploração das emoções ocorre e se faz possível à geração de 
tensões, o efeito catártico pode ser conseguido, seja dançando, cantando, sorrindo, 
chorando, tudo em busca da re-ligação, ou talvez mais precisamente em nome da 
comercialização, do que se infere como possível hipótese de continuidade deste trabalho a 
sugestão da observância de categorias estabelecidas por Marx para constituição da 
mercadoria e o processo de reificação proposto por Althusser para compreensão dos 
mecanismos de construção ideológica. 
 
LEISURE AND RELIGION: NEXUS BETWEEN BODY AND SPIRIT? 
 
Abstract 
 
This study has by objective to approach the subjects leisure and religion and the recent 
phenomenon that is establishing between theses two areas. The maisn quaestion deals with the 
“icorporacion” , by some spheres of the religious practice, of leisure activities that, using 
strategically the leisure universe, seems to interrupt the tradicional logic of submission of the body 
to the severities of discipline for containment of affections and feelings. 
Key words: leisure, religion. 
 
 
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