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LAZER E RELIGIÃO: algumas aproximações Gonçalo Cassins Moreira do Carmo (Unicenp) Mestre - goncalo@unicenp.br Alexandre França Salomão (Unicenp) Mestre - afsalomao@uol.com.br Resumo Este estudo tem por objetivo abordar o tema Lazer e Religião e os fenômenos que se estabelecem mais recentemente entre estas duas áreas. A questão norteadora trata da ‘incorporação’, por algumas esferas da ação religiosa, de atividades ligadas ao Lazer que, valendo-se estrategicamente do universo lúdico, parecem interromper a lógica tradicional de submissão do Corpo, aos rigores disciplinares de contenção dos afetos/sentimentos. Palavras-chave: Lazer; Religião. I – Introdução O presente texto tem por objetivo abordar algumas das possíveis relações entre os pressupostos teóricos encontrados nos estudos do Lazer e suas aplicações inseridas dentro do contexto religioso de viés cristão. Dentro deste tema, interessa discutir a crescente referencia das atividades do Lazer sendo aplicadas nas esferas religiosas, no qual são protagonistas tanto os dirigentes de cultos (padres e pastores) como sua audiência (fiéis e freqüentadores dos cultos/missas). A questão central reside no fato de procurar entender algumas das razões de hoje, de maneira enfática, as religiões cristãs, seculares ou pentecostais, estarem se valendo cada vez mais de atividades ligadas ao mundo do Lazer, em contradição explicita a alguns dos princípios históricos norteadores do cristianismo: de negação do corpo, do prazer e do divertimento.1 Os exemplos desta apropriação do uso das atividades de lazer pelas instituições religiosas são inúmeros, pois é possível encontrar nos cultos desde atividades de caráter mais teatral dramático ou cômico no qual os dirigentes ilustram passagens bíblicas ou experiências vividas, mas também cantos animados2 com grande variedade de 1 Sempre foi muito comum associar estes três elementos ao representante opositor das Bem-aventuranças, também conhecido entre outros nomes como Satanás, Capeta, Demônio, etimologicamente demônio deriva do termo latino ‘Daímon’, Aquele de Divide/Reparte. Cf. BRANDÃO, 1991, p.278. 2 Completamente diferente dos cantos gregorianos que primavam pela cadencia rítmica prolongada e a introspecção reflexiva e transcendental. instrumentos para acompanhamento. É possível incluir até atividades ginásticas com movimentos ritmados e coreografados.3 ‘Retiros’ espirituais com atividades de caráter turístico são também um exemplo, pois as viagens religiosas além de encerrarem visitas a lugares específicos de referencia de acordo com a religião ou seita, incluem também ida a restaurantes, demais pontos turísticos um tanto mais mundanos e quem sabe até um período reservado para compras de souvernirs de caráter religioso e outros nem tanto. A tradição esportiva também não pode ser deixada de lado uma vez que é crescente o numero de torneios que visam reunir membros de uma determinada religião para disputas esportivas de caráter competitivo que mesmo primando pelo caráter coubertiano de que o que importaria é competir, não impede que algumas atitudes mais ríspidas e violentas, inerentes à prática desportiva competitiva venham a ocorrer, ainda que em menor freqüência do que nas atividades praticadas de modo geral, para além do universo religioso. No que diz respeito as lutas, atividades que muitos autores também consagram inerentes ao espectro de atividades ligadas ao Lazer concordamos que seria muito afirmar que as sessões de ‘descarrego’ e exorcismo poderiam servir de exemplo para nossa tese central mas o fato é que elas ilustram, do ponto de vista das oposições entre as forças do Bem e do Mal, a utilização das atividades de luta nos contextos religiosos. Diante do acima exposto nos propomos a discutir este fenômeno a partir de algumas categorias notadamente baseadas em autores como Elias, Freud e Aristóteles nos quais as noções de tempo, processo civilizador, emoção, sentimento e afeto; controle das emoções e catarse servirão como referências principais para nossas reflexões. Mas antes da abordagem categórica é preciso que se faça algumas considerações históricas, procurando situar o Corpo que de tão velado e reprimido pelas religiões4 cristã- judaicas passa a ser alvo de estratégias metodológicas lúdico prazerosas na conquista e permanência de novos e antigos seguidores. II - Lazer, Cristianismo e História. Os parágrafos que se seguem tem como principal referencia Christianne Werneck5. Segundo esta autora com o advento do cristianismo as concepções de Trabalho e Lazer passam a ter novos sentidos uma vez que o cristianismo teria como principio basilar a igualdade entre todas as pessoas, para ilustrar este ideal a autora cita o Livro de Gálatas, capitulo 3: “não há mais nem judeu, nem grego, não há mais nem escravo, nem homem livre; nem homem, nem mulher: todos vós, realmente, sois um só em Cristo Jesus.” (WERNECK, 2000, p. 30). Esta nova condição do Homem que segundo o cristianismo, passa a ter na figura de Deus seu denominador comum, cria uma situação inédita, que obriga a revisão das 3 Um conhecido Padre da Igreja Católica chegou a cunhar a expressão ‘Aeróbica do Senhor’ (?) para designar o tipo de acompanhamento corporal que algumas de suas canções inspiravam. 4 Expressamos a idéia referente às religiões de origem cristão judaica uma vez que para outras religiões notadamente as afro ou espiritualistas como o Candomblé, as Kardecistas,encerram um lugar todo especial , diferente, ao corpo em suas reuniões ritualísticas. 5 WERNECK, C. As influencias do cristianismo no contexto medieval...Op.Cit., 2000. categorias de Trabalho e Lazer não somente em relação as sua funções mas especialmente ao modo especifico de sua realização. Deste modo, o trabalho como atividade menor, destinado aos escravos, agricultores, comerciantes e militares e o lazer como privilégio de classe, dos filósofos e detentores do poder e de mando, não mais poderia se aceito como uma fatalidade incrementada pelas condições herdadas ou construídas culturalmente, mas sim deveria passar a ser visto como elementos que, por pertencerem aos desígnios de Deus sobre todos os Homens, deveriam canalizar todas as suas energias e potencialidades para aproximar o Homem ainda mais de Deus, que sendo sua imagem e semelhança, haveria de cumprir seu destino. Mas para isto de fato se concretizar algumas novas iniciativas se faziam necessárias. Antes de abordar-se especificamente a questão do Lazer torna-se importante reportar-se ao trato dado ao conhecimento no período medieval, no qual a educação se constituía como pedra angular para difusão e sustentação da doutrina cristã.6 De acordo com GADOTTI apud WERNECK (2000) havia formas distintas no trato do conhecimento, uma para o povo com ênfase catequética, dogmática e outra educação voltada para o clérigo, com base humanista e filosófico-teológica (GADOTTI, 1996). Esta distinção é fundamental para compreender-se o continuum de cidadãos de primeira e segunda classe para quem o tipo de conhecimento e sua forma eram bastante distintas, pois como bem afirma GADOTTI (1996), ao povo era relegada a educação oral, transmitida de pai para filho, herdando-se sobretudo a cultura da luta pela sobrevivência. As mulheres, por sua vez, só podiam receber alguma instrução se fossem consideradas ‘vocacionadas’ para o ingresso nos conventos femininos, já que eram vistas, pela Igreja, como pecadoras por natureza7. Mas só eram ‘chamadas’ aquelas que apresentavam a principal vocação, ou seja, ser herdeira ou proprietária de terras (...) dessa forma, era dada a ciência do governo para alguns e a catequese e a servidão para outros, restando ao povo apenas o ensino dos preceitos da religião cristã e a aceitação dessa injusta situação de exploração e manipulação. (GADOTTI apud WERNECK, 1996, p. 31-32). É certo que nesta construção pragmática e ideológica do catolicismo o lugar reservado ao Corpo sempre foi considerado como um locus do pecado, que deveria ser adequadamente orientado para a submissão e mais adequadamente ainda, punido quando voltado para possíveis pensamentos e ações pecaminosas. A idéia do domínio sobre o Corpo para o domínio do Espírito que tanto acalora discussões mais atuais sobre a dualidade Corpo e Mente encerra a idéia da disciplina sobre as ações a qualquer custo8, na qual a severidade das determinações sobre os sujeitos seriam tão ou mais importantes para a construção de alicerces fortes da Igreja quanto a reunião de riquezas através dos dotes, heranças e as mal-fadadas indulgências. Sobre esta temática das ambições do domínio sobre os corpos para o domínios dos sujeitos em sua ação e subjetividade, GHIRALDELLI nos aponta uma importante passagem pois como ele afirma, “ de fato, as ‘práticas corporais’, como nos ensinaram os 6 Três personagens são fundamentais neste início de universalização da doutrina cristã: o apóstolo Paulo, unificador do cristianismo entre gregos e romanos; São Gregório e Santo Agostinho ( ‘Os pais da Igreja’) a quem coube a tarefa de elaborar inicialmente um corpo de doutrinas, dogmas, culto e disciplina do catolicismo. Fonte: WERNECK, C. Op. Cit 2000. 7 Aqui é possível vislumbrar talvez uma terceira classe de indivíduos. 8 Das fogueiras da inquisição, por exemplo. estruturalistas de diversas matizes, ‘materializam’ a ideologia. Para fins de reprodução e inculcação ideológico-religiosa, por exemplo, mais vale a genuflexão do que a leitura do texto teológico.” (GHIRALDELLI, 1990, p. 197).9 Se a educação, portanto ocupava ( ocupa?) este lugar tão importante, qual seria o lugar reservado para o Lazer? Tendo em conta a relação de submissão e disciplinarização preconizada para o domínio dos Corpos, toma-se como óbvio que o Lazer neste contexto seria muito mal visto, na medida que este pudesse afastar o individuo do projeto de abnegação das coisas matérias ( em nome de Deus e da Igreja) e viesse suscitar prazeres de viés pecaminoso tão defenestrados que deveriam ser por todos aqueles que quisessem galgar o reino dos céus, “uma vez que as festas, os jogos, os espetáculos, as danças, os serões e as comemorações de diferentes naturezas representavam um perigo a purificação da alma – e na ênfase a noção aristotélica de ócio como contemplação, vida dedicada aos deleites do espírito de forma restrita, vigiada e extremamente controlada”. (WERNECK, 2000, p. 33). O que teria acontecido ou tornado necessário para que houvesse uma quase que total inversão desta perspectiva sobre o Corpo e o Lazer em nossos tempos? Eis a questão principal de nosso trabalho que procuraremos a seguir esmiuçar. III - A Busca do Prazer. Ao enfatizar as mudanças ocorridas em longo prazo, tanto nas emoções, quanto nas estruturas de controle das pessoas, ELIAS e DUNNING evidenciam o papel central que as reações emocionais tem no lazer, isto porque elas desempenhariam funções desrotinizadoras10 e, gerariam uma tensão/ excitação agradável. A excitação11 que as pessoas procuram no seu lazer é singular, tratando-se em geral de uma excitação agradável. Em se tratando de sociedades industriais mais avançadas, verifica-se uma menor freqüência de situações críticas sérias que originam comportamentos de excitação nos indivíduos. Outro aspecto observável, nesta mesma direção, é a capacidade progressiva de aumento do autocontrole social e o autodomínio da excitação exagerada. Gradativamente, a organização social do autocontrole da excitação individual tornou-se mais efetiva. Neste sentido, erupções de sentimentos fortes acabam por apresentar-se de outra forma, tornando-se motivo de embaraço, vergonha ou arrependimento, assim somente as crianças não são censuradas. Neste sentido, “o autocontrolo – em parte – já não se encontra sob seu domínio. Tornou-se um aspecto de estrutura profunda da sua personalidade” 12. Outro ponto significativo na sua análise centra-se no binômio lazer/trabalho. Para os autores, “a noção de que as atividades de lazer podem ser explicadas como 9 Cf. GUIRALDELLI Jr. Paulo. Indicações para o estudo do movimento..., 1990. 10 A esse respeito ver ELIAS, N. DUNNING, E. A Busca da Excitação. Lisboa: Difel, 1992. p. 149. 11 Ver ainda Elias. Ibid.p.113. 12 Idem.p.103. complementares ao trabalho, é raramente considerada problemática” 13. Contudo, nas Sociedades-Estados, do nosso tempo, onde a pressão de formas de controle externo e interno é extensível a tudo, a satisfação lazer – ou a falta desta – pode ser de maior importância para o bem-estar das pessoas enquanto indivíduos ou sociedades. Neste sentido: Existem cento e uma maneiras de dominarmos as nossas emoções – por uma boa razão. Se toda a gente atenuasse ou eliminasse as restrições, toda a estrutura da sociedade se desfazia, e a satisfação da qual dependemos a longo termo, a nível de conforto, de saúde, de consumos vários, de lazer e muitos outros que são importantes quando comparados com os de outros países menos desenvolvidos – privilégios que, com freqüência, não experimentaríamos como tais – peder-se-ia 14. Um dos primeiros passos para o estudo mais adequado do lazer, nos fatos observáveis, traduz-se numa distinção mais permanente e nítida entre o tempo livre e o lazer. Ao propor sua teoria do lazer ELIAS e DUNNING delimitam as atividades que compõe seu universo de estudo, sendo assim a conceituação proposta opõe o lazer às rotinas da vida social, identificando as atividades que são executadas de forma rotineiras. Uma vez que as atividades desenvolvidas durante o tempo livre são muito variadas, a percepção de que apenas uma parcela do tempo livre pode ser dedicada ao lazer parece evidente. Dito isto, apresentam uma tipologia do tempo livre que permite identificar as propriedades singulares do lazer, classificando-as de acordo com o grau de rotina, agrupando-as em três subconjuntos: 1) Rotinas do tempo livre – provisão rotineira das próprias necessidades biológicas e cuidados com o próprio corpo (comer, beber, descansar etc.); Governo da casa e rotinas familiares – conservar a casa em ordem, lavar a roupa, cuidar dos animais etc. Estas atividades além de rotineiras são pouco prazerosas. 2) Atividades de formação e autodesenvolvimento – trabalho social voluntário, estudo, hobbies, atividades religiosas, atualização de conhecimento etc. As atividades dedicadas ao autodesenvolvimento pessoal, mesmo podendo até ser gratificantes, exigem, contudo, disciplina e em grande medida, a manutenção da conduta civilizada, que reprime manifestações espontâneas. 3) Atividades de lazer – encontros sociais formais ou informais, jogos e atividades miméticas, como participante o expectador, e miscelânea de atividades esporádicas prazerosas e multifuncionais, como viagens, jantares em restaurantes, caminhadas etc. Como percebemos, as típicas atividades de lazer são aquelas mais associadas à destruição da rotina, e, caracterizam-se pelo “descontrole controlado” das restrições sobre os impulsos e as manifestações emocionais. Há ainda, além do grau de rotina, dois parâmetros complementares para definir as atividades como lazer. O primeiro é o grau de compulsão social, nas atividades de lazer a 13 Idem.p.106. 14 Id. p. 73. participação é voluntária e menos sujeita a constrangimentos. O segundo, é a escolha individual, ou seja, uma medida de prioridade que é dada para a própria pessoa quando se determina a quem a atividade deve agradar, as decisões são tomadas em função de si mesmo ou do grupo, em detrimento dos interesses dos outros – desde que sejam respeitados certos limites socialmente estabelecidos. Aqui surgem três elementos básicos de lazer propostos por DUNNING15: sociabilidade, motilidade e o despertar para a imaginação emocional. Para estes elementos parecem corresponder duas classes principais de eventos de lazer: atividades sociais e atividades miméticas. A sociabilidade é um elemento básico na maioria das atividades de lazer, ou seja, um elemento chave no aproveitamento e o despertar de prazer emocional. Ao enfatizar a função sociável de algumas atividades de lazer, o lazer gemeinschaften, DUNNING evidencia as oportunidades para maior integração entre pessoas em um nível de abertura, e, com objetivo, emocionalmente amigável, o qual difere das formas de integração das da vida ocupacional e de atividades de não lazer. Já ao utilizar motilidade, refere-se a movimento, a atividades de lazer como dança e, a uma dimensão crucial do esporte, reporta-se, portanto, a atividades nas quais uma das principais fontes de satisfação imediata é o prazer, obtido através da absorção do movimento em si. O termo mimético compreende um certo número de atividades de lazer que aparentemente tem pouco em comum, mas que compartilham características específicas, atividades comumente classificadas sob diferentes títulos, como esporte, entretenimento, cultura e artes. Para ELIAS e DUNNING “sob a forma de factos de lazer, em particular os da classe miméticas, a nossa sociedade satisfaz a necessidade de experimentar em público a explosão de fortes emoções – um tipo de excitação que não perturba nem coloca em risco a relativa ordem social, como sucede com as excitações de tipo sério”16. Nesta mesma direção, apontam que na medida em que as excitações sérias, e de tipo ameaçador diminuíram, a função compensadora da excitação-jogo aumentou. Tal tipo de excitação difere do outro tipo, pois é uma excitação que procuramos voluntariamente; é sempre agradável. Atentos para o fato de que não se atingiu o momento em que seja um hábito falar de lazer, acreditam que o fulcro do problema do lazer se encontra na relação entre a estrutura das necessidades características do lazer, do nosso tipo de sociedade e estrutura dos fatos designados para a satisfação dessas necessidades. As dificuldades para avanços na resolução do problema residem no fato deste ultrapassar as fronteiras das diversas ciências. Desta forma, o que foi separado, para efeitos de estudo, deve ser reunido de novo para o mesmo fim. Reportam-se ainda, aos fragmentos conservados da teoria de lazer de Aristóteles, baseada no efeito da música e da tragédia nas pessoas, e a termos utilizados por ele para 15 DUNNING, E. Sport Matters... London/New York: Routledge, 1999.p.34. 16 p.112. discutir lazer e trabalho, schole e ascholia respectivamente. Buscando compreender o significado de mimesis e katharsis na Poética, esbarramos em três dificuldades. A primeira é que seu texto possui um caráter esotérico, e foi feito para o uso interno de Aristóteles ao ministrar seus cursos no Liceu. A segunda é que toda parte relativa à comédia se perdeu. Já a terceira é que em momento algum Aristóteles, explica o que entende exatamente por mimesis e katharsis, dois conceitos fundamentais de sua obra. É evidente, porém que os utiliza com sentidos inteiramente diversos de seu antigo Professor Platão, autor que compreende mimesis como imitação e o utiliza em sentido negativo. Aristóteles dá ao termo um caráter positivo e uma importância maior, ao ponto, de se tornar um conceito no interior da Poética. Os conceitos de mimesis (traduzido por imitação) e katharsis (traduzido por purgação, purificação) serão as peças fundamentais que estruturam a definição de tragédia (teatro), compreendida como imitação que se efetua mediante atores, e que suscitando o terror e a piedade, tem por efeito a purificação destas emoções. A palavra mimesis em Aristóteles está ligada a techené (arte) e a physis (natureza). Porém, o imitar aristotélico das ações é uma criação, pois resgata o mundo pelo intermédio do próprio mundo. A mimesis é então ativa e criativa e, portanto a catarse um efeito suscitado pela tragédia no público. Assim os atores, que imitam ações, na catástrofe final da tragédia, suscitam no público terror e piedade, visando a catarse destas emoções. Sua teoria possuía como peça central, o conceito de catarse, palavra derivada do conceito médico, utilizado em ligação com o expulsar de substâncias nocivas do corpo, propunha que o prazer é um ingrediente necessário para o efeito curativo. Portanto, a essência do efeito curativo dos atos miméticos, consiste no fato de a excitação que produzem, ser agradável. Sem o elemento hedonista do entusiasmo, nenhuma catarse é possível. A tese de Aristóteles nos fornece aspectos do problema do lazer que são freqüentemente esquecidos. Um deles, é que grande parte dos fatos de lazer, desperta emoções relacionadas com aquelas que as pessoas experimentam em outras esferas (ciúme, ódio), de uma maneira que não é seriamente perturbante e perigosa. Confundindo-se na esfera mimética com uma espécie de prazer. Assim sendo, a excitação mimética é, na perspectiva social e individual, desprovida de perigo e pode ter efeito catártico. Entretanto, esta forma pode transformar-se em excitação séria. A síntese figuracional aponta para o coração do problema de como e por quê os seres humanos têm a necessidade de atividades como o esporte/lazer, uma vez que o processo de evolução biológica dirigiu o homem a ser não somente uma espécie que depende amplamente da aprendizagem sócio-cultural para sua sobrevivência, mas também criou criaturas cujo organismo requer estímulos a fim de funcionar satisfatoriamente, particularmente, estímulos através da companhia de outros seres humanos. IV - O Prazer e a Perspectiva Freudiana FREUD foi o fundador da psicanálise, a qual se constitui em uma maneira de examinar os mecanismos e conteúdos psíquicos, os quais o indivíduo geralmente não pode explorar por meio de um exame racional de sua própria consciência. Formado em psiquiatria, passou a vida tratando pessoas desajustadas. Das suas experiências de consultório, formulou aos poucos uma teoria da personalidade de vasto alcance e grande influência. O ponto central de sua teoria é a divisão da personalidade em três sistemas principais: o id, o ego e o superego. Seu método psicanalítico se detém na interpretação dos sonhos e dos fatos infantis, concluindo que existe uma força impulsionando o homem à ação, à busca do prazer. Essa força é a libido, energia sexual, que se expande em forma de instintos sexuais, instintos de vida (Eros) e, instinto de morte (Tanatos). A discussão que se segue baseia-se no texto: “O MAL – ESTAR NA CIVILIZAÇÃO”, escrito em 1929, dando atenção especial à questão da dinâmica libidinal ou dualismo instintivo de Eros e Tanatos, que tem como conseqüência, o fortalecimento do sentimento de culpa e a relação sexualidade e civilização. Parte de uma coletânea de textos, a referida obra, marca uma nova fase no pensamento de FREUD, que tem início com a publicação de “MAIS ALÉM DO PRINCÍPIO DE PRAZER”, em 1920, na qual apresenta o conceito de instinto de morte, em oposição ao instinto de vida. Nesta nova fase, o autor se distancia de seus estudos clínicos, centrados no indivíduo, e passa a investigar questões relativas à humanidade. Seu caráter especulativo conferiu à teoria freudiana uma nova face chamada de filosófica ou metafísica, severamente criticada até mesmo pelos seus discípulos mais ortodoxos, como FENICHEL e JONES. A seguinte passagem parece-nos esclarecedora: “O que se segue é pura especulação, às vezes muito extremada, que o leitor aceitará ou repelirá, segundo sua posição particular na matéria. Constitui, além disso, uma tentativa de perseguir e esgotar uma idéia, pela curiosidade de ver até onde nos levará” 17. O texto de O Mal –Estar na Civilização tem como tese central a idéia de que a vida social pressupõe repressão. Neste sentido, tanto o desenvolvimento do indivíduo, quanto o desenvolvimento da civilização, só são possíveis através do controle das pulsões 18 (trieb) humanas, pois estas são incompatíveis com a vida comunitária. A evolução da civilização humana pode ser descrita como a luta de Eros e Tanatos, em outras palavras, como a luta da espécie humana pela vida. O indivíduo freudiano é dotado de dois instintos: Eros que tem a função de unir os indivíduos em unidades cada vez maiores, agindo em favor da civilização e da vida comunitária, mas, que se opõe a ela quando se faz necessária uma grande quantidade de energia instintiva, retirada da sexualidade para o trabalho. O outro instinto, Tanatos encontra-se em segundo plano, podendo ser percebido através das manifestações de agressividade, e encontra-se ligado a Eros nas manifestações de sadismo. Age contra a civilização na medida em que é regido pelo princípio de Nirvana. 17 FREUD, S. Mais Além do Princípio do Prazer. In: Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro, Imago, 1974. Vol. V. 18 Cabe aqui uma mediação quanto ao significado dos termos instinto e pulsão. Para Freud o instinto significa uma comportamento animal pré formado, hereditário, característico de uma espécie, enquanto pulsão, faz referência a um impulso, que tem sua fonte numa excitação corporal localizada, visando descarregar a tensão existente ao nível da fonte corporal. FREUD volta-se à seguinte questão: o que os homens pedem da vida, o que desejam nela realizar? Sua resposta! Esforçam-se para obter felicidade; querem ser felizes e assim permanecer. Uma vez dito isso, o que decide o propósito da vida na perspectiva freudiana é, simplesmente, o programa do princípio de prazer, dominando o funcionamento do aparelho psíquico desde o início. Sobre esta dinâmica, o texto que se segue é fundamental: Ficamos inclinados a dizer que a intenção de que o homem seja “feliz” não se acha incluída no plano da “Criação”. O que chamamos de felicidade no sentido mais restrito, provém da satisfação (de preferência, repentina) de necessidades represadas em alto grau sendo, por sua natureza, possível apenas como uma manifestação episódica. Quando qualquer situação desejada pelo princípio de prazer se prolonga, ela produz tão-somente um sentimento de contentamento muito tênue. Somos feitos de um modo a só podermos derivar prazer intenso de um contraste, e muito pouco de um determinado estado de coisas 19. Se nossas possibilidades de felicidade sempre são restringidas por nossa própria constituição, em contrapartida a infelicidade é menos difícil de experimentar. O sofrimento, portanto, nos ameaçaria a partir de três direções: de nosso próprio corpo – condenado à decadência e à dissolução; do mundo externo – que pode voltar-se contra nós com forças de destruição esmagadoras e impiedosas; de nossos relacionamentos com os outros homens – talvez o mais penoso do que qualquer outro. Sob a pressão das possibilidades de sofrimento, os homens acostumaram-se a modelar suas reivindicações de felicidade, assim como o próprio princípio de prazer sob a influência do mundo externo se transformou em princípio de realidade – relegando a obtenção de prazer a segundo plano. Contra o sofrimento advindo dos relacionamentos humanos, a defesa mais imediata é o isolamento voluntário. Entretanto, há um caminho melhor, o de “tornar-se membro da comunidade humana e, com o auxílio de uma técnica orientada pela ciência, passar para o ataque à natureza e sujeitá-la à vontade humana. Trabalha-se então com todos para o bem de todos” 20. Se todo o sofrimento é uma sensação, ele só existe na medida em que o sentimos, como conseqüência de certos modos pelos quais nosso organismo está regulado. Neste sentido, os métodos mais interessantes para evitá-lo, são os que procuram influenciar nosso próprio organismo. O mais eficaz deles é o químico, capaz de produzir prazer imediato e, um alto grau de independência do mundo externo. Todavia, o mecanismo desse processo ainda não é conhecido cientificamente em profundidade. Outra técnica possível é a que consiste no deslocamento da libido, consistindo em reorientar os objetivos instintivos através da sublimação. Contudo, sua intensidade se revela extremamente tênue em relação a que se origina da satisfação dos impulsos instintivos primários, além é claro de só se aplicar a poucas pessoas. São ainda merecedores de atenção, enquanto técnicas possíveis de afastamento do sofrimento, as religiões – delírios de massa, e o relacionamento emocional com objetos, resultado do deslocamento da libido, voltada para o mundo externo. Talvez, o amor se aproxime mais desta meta para a consecução completa da felicidade, buscando toda satisfação em amar e ser amado. Uma de suas manifestações – o amor sensual – nos proporcionou nossa mais intensa experiência de sensação de prazer. 19 FREUD, S. O Mal Estar na Civilização.Trad. José Octavio de Aguiar Abreu. Rio de Janeiro, Imago, 1997. p.24. 20 Op.cit. p. 26 Neste ponto, nos preocupamos mais especificamente com a fonte social de sofrimento, apresentando os argumentos de Freud como se seguem: O primeiro sustenta que “o que chamamos de civilização é em grande parte responsável por nossa desgraça e que seríamos muito mais felizes se a abandonássemos e retomássemos às condições primitivas; todas as coisas que buscamos a fim de nos protegermos contra as ameaças oriundas das fontes de sofrimento fazem parte desta mesma civilização”21. FREUD aponta para o que considera ser a última e a penúltima das ocasiões que originaram uma longa e duradoura insatisfação com o estado de civilização. A penúltima instaurou-se quando o processo de viagens de descobrimento conduziu ao contato com povos primitivos. A última surgiu quando as pessoas tomaram conhecimento do mecanismo das neuroses, ou seja, uma pessoa se torna neurótica porque não pode tolerar a frustração que a sociedade lhe impõe a serviço de seus ideais culturais, inferindo-se disso que a abolição ou redução dessas exigências resultaria num retorno a possibilidade de felicidade. Um fator adicional de desapontamento reside no fato de que, mesmo o extraordinário progresso conseguido nas ciências naturais, estabelecendo seu controle sobre a natureza, não aumentou a quantidade de satisfação prazerosa e não nos tornou mais felizes. Nossos avanços tecnológicos constituem apenas o que FREUD chamou de “prazer barato”. A palavra civilização “descreve a soma integral das realizações e regulamentos que distinguem nossas vidas das de nossos antepassados animais, e que servem a dois intuitos, a saber: o de proteger os homens contra a natureza e o de ajustar os seus relacionamentos mútuos” 22. Os primeiros atos de civilização: a utilização de instrumentos, a obtenção do controle do fogo e a construção de habitações, são aos poucos substituídos por outros elementos que hoje são exigências da civilização: a beleza, a limpeza e a ordem. Evidentemente, a civilização não se faz acompanhar apenas do que é útil. Neste contexto, a força motivadora de todas as atividades humanas é “um esforço desenvolvido no sentido de duas metas confluentes, a utilidade e a obtenção de prazer” 23. Nesta mesma direção, torna-se fundamental compreender como os relacionamentos mútuos dos homens são regulados. A vida humana comum só se torna possível, no entendimento freudiano, quando se reúne uma maioria mais forte do que qualquer indivíduo isolado e que permanece unida. O poder dessa comunidade, passa a ser reconhecido como direito. Portanto, a primeira exigência da civilização, é a garantia de que uma lei, não será violada em favor de um indivíduo. No curso da evolução cultural, a sublimação do instinto, torna possível as atividades psíquicas superiores, artísticas, científicas ou ideológicas, “é impossível desprezar até que ponto a civilização é construída sobre a renúncia ao instinto, o quanto ela pressupõe exatamente a satisfação” 24. 21 Idem. p.38. 22 P.41-2. 23 p.48. 24 FREUD. p.52. A formação de famílias deu-se em um momento em que a satisfação genital se alojou como um inquilino permanente. A vida comunitária teve, portanto, um duplo fundamento: a compulsão para o trabalho – criada pela necessidade externa, e o poder do amor – que fez com que o homem relutasse em privar-se de seu objeto sexual – a mulher, e ela em privar-se de seu filho. Eros e Anake, amor e necessidade se tornaram também os pais da civilização humana. A civilização não se contenta com as ligações que até agora lhe concedemos. Visa a unir entre si os membros da comunidade também de maneira libidinal e, para tanto emprega todos os meios. Favorece todos os caminhos pelos quais identificações fortes possam ser estabelecidas entre os membros da comunidade e, na mais ampla escala, convoca a libido inibida em sua finalidade, de modo a fortalecer o vínculo comunal através das relações de amizade. Para que esses objetivos sejam realizados, faz-se inevitável uma restrição da vida sexual 25. O elemento fundamental, presente na teoria freudiana, é sua concepção de homem. Nada melhor do que citá-lo: Os homens não são criaturas gentis que desejam ser amadas; pelo contrário, são criaturas entre cujos dotes instintivos deve-se levar em conta uma poderosa quota de agressividade. Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não apenas um ajudante em potencial ou um objeto sexual, mas também alguém que os tenta a satisfazer sobre ele sua agressividade, a explorar sua capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente sem o seu consentimento, apoderar-se de suas posses humilhá-lo, causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo 26. Como conseqüência desta hostilidade, a sociedade se vê permanentemente ameaçada de desintegração. Assim, o interesse pelo trabalho comum, não seria suficiente para mantê-la unida, pois as paixões instintivas são mais fortes que os interesses da razão. Disto resulta o emprego de métodos destinados a inclinar as pessoas à identificação, a relacionamentos amorosos inibidos, à restrição sexual e aos mandamentos. O homem portanto, trocou uma parcela de suas possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança, restringindo os instintos. Mas quais meios a civilização utiliza para inibir a agressividade? A agressividade é introjetada, enviada de volta ao ego e, assumida como parte dele, se colocando contra o resto do ego, como superego. Como resultado entre a tensão de severo ego e superego, temos o sentimento de culpa, expresso como uma necessidade de punição. Desta forma, a civilização consegue dominar o perigoso desejo de agressão do indivíduo27. Finalmente, a questão fatídica parece ser saber até que ponto a espécie humana em seu desenvolvimento cultural, conseguirá dominar a perturbação de sua vida comunal, causada pelo instinto humano de agressão e autodestruição. A interrogação de FREUD sobre se os benefícios da cultura teriam compensado o sofrimento infligido aos indivíduos, não mereceu a devida atenção, especialmente após tê- la considerado inevitável e irreversível. Mas a sua própria teoria nos fornece razões para rejeitarmos a sua identificação como repressão, fato que sem dúvida já é suficiente para 25 p.64. 26 p.67. 27 A esse respeito ver cap VII, nele FREUD trata da origem do sentimento de culpa. exigir a reabertura do problema. V - Considerações Finais Iniciou-se este texto com o intuito de investigar as possíveis relações entre os pressupostos teóricos encontrados nos estudos do lazer e suas aplicações dentro do contexto religioso de viés cristão. Sustentou-se que é possível identificar na esfera religiosa elementos freqüentemente associados as atividades de lazer, fato que caminha em sentido oposto aos princípios historicamente balisadores do cristianismo, dentre este a negação do corpo, do prazer e do divertimento. Crê-se que a inversão destes valores tem enquanto elemento fundamental o arrebanhamento de fiéis. Neste sentido, a teoria eliasiana apresenta-se como um instrumento capaz de elucidar estes desdobramentos, sobretudo no que diz respeito as emoções humanas. Como observou-se as típicas atividades de lazer estariam associadas à destruição da rotina, caracterizando-se pelo descontrole controlado das emoções. Portanto, experimentar tensões agradáveis seria uma questão fundamental para a saúde humana. Ao que nos parece, os cultos/missas tem se utilizado do despertar de emoções e seus componentes (o sentimento – associado a um padrão de reação, tendo como exemplo o choro; o somático – na medida que determinado comportamento, ato ou situação pode recuperar experiências/ situações anteriormente vividas e; o comportamento – que faz com que tomemos determinadas atitudes) para conquistar seguidores. Na medida que a exploração das emoções ocorre e se faz possível à geração de tensões, o efeito catártico pode ser conseguido, seja dançando, cantando, sorrindo, chorando, tudo em busca da re-ligação, ou talvez mais precisamente em nome da comercialização, do que se infere como possível hipótese de continuidade deste trabalho a sugestão da observância de categorias estabelecidas por Marx para constituição da mercadoria e o processo de reificação proposto por Althusser para compreensão dos mecanismos de construção ideológica. LEISURE AND RELIGION: NEXUS BETWEEN BODY AND SPIRIT? Abstract This study has by objective to approach the subjects leisure and religion and the recent phenomenon that is establishing between theses two areas. The maisn quaestion deals with the “icorporacion” , by some spheres of the religious practice, of leisure activities that, using strategically the leisure universe, seems to interrupt the tradicional logic of submission of the body to the severities of discipline for containment of affections and feelings. Key words: leisure, religion. Referências: BRANDÃO, Junito de Souza. Dicionário Mítico-etimológico da mitologia grega. 3a. edição. Vol. I. A – I. Editora Vozes, 1991. BRUHNS, Heloisa T. (org.). Lazer e Ciências Sociais: Diálogos pertinentes. São Paulo: Chronos, 2002. CARMO, Gonçalo Cassins Moreira do. O Lazer, o prazer e as emoções humanas: elementos de análise para uma teoria do lazer. In: Simpósio Internacional Processo Civilizador: História, Educação e Cultura. (6.: 2001: Assis). Coletânea. Assis. 2001. DUNNING, E. Sport Matters: sociological studies of sport, violence and civilization. London/New York: Routledge, 1999. ELIAS, N. O Processo Civilizador: Uma História dos Costumes. 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