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ECONOMIA BRASILEIRA 1. O Período Pós-Guerra (1945 – 1955) Com o fim da 2ª Guerra Mundial, o cenário internacional passava por uma fase de transição para um modelo mais liberal, em que os acordos de Bretton Woods tiveram grande importância. O Brasil, que nesse momento passava por um problema no BP, optou por uma política econômica mais flexível (menos ortodoxa), com um modelo de desenvolvimento industrial com forte participação estatal. Com o governo Dutra, de 1946-51, podemos perceber dois marcos: (1) Mudança na política exterior, com o controle do câmbio e das importações e; (2) Flexibilidade nas metas fiscais e monetárias. Ainda assim, o grande problema do governo Dutra foi a inflação, que havia atingido taxas altíssimas devido aos déficits orçamentários da União. Assim, no âmbito da política econômica interna, acreditava-se que políticas monetária contracionista e uma política fiscal austera, que levariam ao fim do grande problema do governo Dutra: a inflação. Ou seja, até 1949, tal política foi marcadamente ortodoxa. Porém, em 1949, após alcançar um enorme déficit orçamentário no setor público, o governo abandona tal política contracionista, afrouxando tais políticas, o que leva a um aumento da inflação, acompanhado do crescimento do PIB. Já no âmbito externo, há maior controle cambial e de importação (substituição de importações), a fim de estimular a indústria nacional; e uma maior liberalização, que tem por objetivo atrair o capital estrangeiro ao país. Deve-se lembrar também que o Brasil não contava com o financiamento norte-americano, uma vez que este se encontrava preocupado com a reconstrução européia (Plano Marshall), logo, o financiamento do desenvolvimento brasileiro era proveniente do capital privado. Um marco do governo Dutra foi o Plano SALTE, que almejava a coordenação dos gastos públicos nos setores de saúde, alimentação, transporte e energia do país, assim ajudando e melhorando as condições de vida da população brasileira. Porém, encontrou dificuldades na execução, uma vez que inexistiam formas de financiamento para o plano. A campanha do governo Getúlio Vargas baseava-se na defesa da industrialização e ampliação da legislação trabalhista, tendo também um espírito conciliatório entre UDN, PSD e PTB. O presidente herdou a situação interna preocupante do governo Dutra, tendo então, como um dos principais problemas, a crescente inflação. No âmbito doméstico, o presidente teve que lidar com o processo inflacionário e a recorrência do desequilíbrio financeiro do setor público. Nesse contexto, a Comissão Mista Brasil-EUA (CMBEU), criada em 1950, foi de extrema importância para o sucesso das aspirações de desenvolvimento do governo, uma vez que asseguraria o financiamento dos projetos de infra-estrutura e propiciaria o fluxo de capital estrangeiro dirigido ao Brasil. Assim, elaborou-se um projeto de governo em dois passos: estabilização econômica, seguida da realização dos empreendimentos propostos. Criou-se também a Petrobras e o BNDE. A política exterior baseava-se na taxa de câmbio fixa e sobrevalorizada, e em um regime de concessão de licenças para importação. Porém, tais medidas foram liberalizadas posteriormente, por causa da crescente inflação do período, o que, conseqüentemente, aumentou as importações no país e diminuiu as exportações, criando desequilíbrio na balança comercial. A partir de 1953, as crises cambial e fiscal eram notáveis, e com a mudança de ministro, foi restabelecida uma visão ortodoxa para solucionar tais problemas. Nesse contexto, a instrução 70 da Sumoc foi de grande importância, uma vez que restabeleceu o monopólio cambial pelo Banco do Brasil e favoreceu a desvalorização cambial. Já a partir de 1954, os problemas eram outros: a decisão acerca do aumento do salário mínimo e os altos preços do café no mercado internacional. Assim, com a insatisfação popular e empresarial, Vargas foi isolado politicamente e sofria constantes campanhas oposicionistas, o que terminou com o trágico suicídio do presidente em 1954. Então, a prioridade imediata de política econômica do governo Café Filho era o enfrentamento da situação cambial, fruto, principalmente, da queda de preços do café. O período foi marcado por uma forte ortodoxia econômica, que gerou ampla crise de liquidez. Criou também um “confisco cambial” para favorecer o mercado de café. De maneira geral, o governo foi marcado pelo crescimento do PIB, pelas pressões inflacionárias e pelo aumento da industrialização no país. Em suma, podemos ver que os 10 anos que se seguiram após a guerra foram de grande crescimento do PIB e pressões inflacionárias. A taxa de investimento na economia brasileira também se elevou, o que favoreceu o processo de industrialização e os investimentos públicos em infra-estrutura. A balança comercial foi afetada negativamente, voltando a economia para dentro, o que sinalizava um estágio avançado do processo de substituição de importações no país. Nesse período, nota-se também a continuidade de um nacionalismo de cunho pragmático. 2. Dos “Anos Dourados” à Crise Não Resolvida (1956 – 1963) Com a vitória nas eleições de 1955, Juscelino Kubitschek ressaltou o momento de transição brasileiro, de um passado agrário para um futuro industrial. Assim, estabeleceu seu plano de governo: aceleração do desenvolvimento econômico como forma de transformar o país estruturalmente, sendo que para tal, seria necessária uma política de industrialização. JK empenhou-se em reverter o atraso econômico com pesados investimentos públicos e privados no setor industrial e de infra-estrutura. As principais mudanças econômicas se deram pela mudança da estrutura produtiva da agropecuária para a industrial, e na crescente urbanização da população do país. Tais investimentos acabaram por levar a um elevado crescimento econômico no período. Esse crescimento gerou fortes impactos nos indicadores macroeconômicos, positiva e negativamente, com o enorme crescimento do PIB e com a aceleração da inflação, respectivamente. Assim, JK estabelece o Plano de Metas, reafirmando a perda de espaço do setor agropecuário na economia brasileira. O plano tinha por base os crescentes a investimentos nas áreas de energia, transporte, indústria de base, alimentação e educação. Isso faz com que o ritmo de expansão do PIB aumente ainda mais, uma vez que o setor industrial era favorecido. Esse plano aprofundou ainda mais o modelo de substituição de importações. Além disso, houve um avanço na participação de bens duráveis e de capital, muito em função da vinda de montadoras estrangeiras de automóveis para o país. Além disso, a construção de Brasília era um projeto prioritário de JK, que não estava previsto nos orçamentos do governo. Ao final das contas, o principal mecanismo que movia o plano era a inflação crescente, resultante da expansão monetária que financiava o gasto público. A política cambial foi foco da política econômica do governo JK, uma vez que a escassez de dólares proveniente do pós-guerra tornou necessária a criação de mecanismos engenhosos de alocação de divisas escassas. Nesse contexto, a instrução 113 da Sumoc foi criada na intenção de conceder um subsídio implícito ao capital estrangeiro no país, através da autorização da importação de bens de capital sem o emprego de divisas, uma vez que as exportações de café continuavam a decair. Isso contribuiu para o aumento da dívida externa brasileira. Uma vez que as políticas monetária e fiscal eram passivas no governo JK, subordinadas ao objetivo maior de transformação estrutural da economia, restava ao governo a contenção de despesas, a fim de reduzir tal crescimento. Foi criado, então, o Plano de Estabilização Monetária (PEM), que optou por uma estabilização monetária gradual, porém, tal método não foi aceito pelo FMI, o que levou à ruptura de JK com a instituição. Assim, entre o crescimento e a estabilização, JK optou pela 1ª opção, o que levou a taxas ainda maiores de inflação. Jânio Quadros foi eleito na promessa de “varrer para longe” a inflação e a corrupção, e para isso, lançou um pacote de medidas de cunho ortodoxo, que contava com uma forte desvalorização cambial, contenção do gasto público e uma política monetária contracionista. Ao contrário do plano de JK, a medida foi bem recebida pelo FMI e pelos credores brasileiros. Havia um real esforço pela estabilização doméstica e recuperação do crédito externo, que, posteriormente, se seguiria com o crescimento. Jânio renuncia em 1961, na tentativa de conseguir maior apoio popular, porém, não foi bem sucedido, e seu vice, João Goulart assumiu tempos depois. Como visão geral do governo Jânio, vemos que o PIB cresceu, mesmo que acompanhado de elevação inflacionária. O governo de João Goulart foi marcado pela criação do Plano Trienal, que tinha por objetivo conciliar crescimento econômico com reformas sociais e combate à inflação, indo contra a ortodoxia imposta pelo FMI. A negociação da dívida externa também era um ponto importante desse plano. Nesse período, inicia-se também uma política externa independente de aproximação com Cuba, uma vez que os EUA não se mostravam interessados em investir no Brasil. Já ao final de seu governo, Jango se depara com o descontrole das contas públicas e déficit do balanço de pagamentos, e uma desaceleração da atividade econômica, o que aprofundou ainda mais a radicalização política da época, e, conseqüentemente, levaria ao golpe de 1964. Em suma, é difícil estabelecer um balanço no período de 1956 a 1963, uma vez que este foi repleto de descontinuidades. No caso de JK, é importante ressaltar as altas taxas de crescimento atingidas em seu governo, chamada de “Anos Dourados”, porém, seu desprezo pela inflação era preocupante. Após esse período, os governos subseqüentes tiveram enormes dificuldades em montar políticas antiinflacionárias bem-sucedidas. Já Jânio e Jango sucumbiram à essa dificuldade em contornar a alta inflação, e herdaram condições macroeconômicas péssimas, apesar de terem liderado um país muito mais desenvolvido economicamente. 3. Reformas, Endividamento Externo e o “Milagre Econômico” (1964 – 1973) O período abrigou três mandatos de presidentes militares: Castello Branco (1964-66), Costa e Silva (1967- 69) e Médici (1969-73), sendo anos marcados pela continuidade política e econômica, sendo que tal continuidade econômica reflete exatamente essa homogeneidade política. Manifestações da sociedade civil eram fortemente reprimidas, bem como oposições partidárias, o que acabava com qualquer oposição formal à política econômica do governo. Em 1964, o país encontrava-se num cenário de estagflação: estagnação da atividade econômica, acrescido do aumento da inflação. Isso fez com que duas linhas de ação fossem traçadas pelo governo Castello Branco: (1) O lançamento de um plano de emergência para combater eficazmente a inflação – o PAEG e; (2) O lançamento de reformas de estrutura (fiscal e financeira). O PAEG contava, principalmente, com medidas de ajuste fiscal, controle do crédito ao setor privado e correção salarial, estabelecendo então metas decrescentes de inflação, prevendo um crescimento nulo para 164, e um pequeno avanço para 1965- 66. De modo geral, predominava a visão de que era possível conciliar taxas razoáveis de crescimento econômico com combate à inflação, através do milagre da “correção monetária”. Das reformas estruturais do período, uma das mais importantes foi o FGTS, que garantia a estabilidade do indivíduo no emprego. Houve também a reforma tributária, que teve como objetivo o aumento da arrecadação e diminuição de custos operacionais, que teve por resultado o grande aumento da carga tributária. Já a reforma financeira visava criar condições para a industrialização do país e complementar o Sistema Financeiro Brasileiro (SFB), que era extremamente precário, criando um setor privado de financiamento, sendo que foram criadas duas novas instituições: o Banco Central (executor da política monetária) e Conselho Monetário Nacional (função normativa e reguladora do SFB). Como panorama geral do período de 1964-67, vemos que a atividade econômica cresceu a taxas moderadas, o ajuste fiscal foi relativamente bem-sucedido, as pressões inflacionárias foram levemente combatidas com as políticas monetária, fiscal e salarial restritivas do PAEG. O período de 1968-73, sob a presidência de Costa e Silva, ficou conhecido como “Milagre Econômico”, com vigoroso crescimento econômico puxado pelo setor de bens de consumo durável e pelo setor de bens de capital, havendo também queda da inflação e melhora do balanço de pagamentos, que registrou superávits nesse período. Percebe-se que os ajustes de 64, apesar de não terem surtido efeito na hora, criaram as condições propícias para o milagre em 68. O período é chamado de “milagre” por causa de duas afirmações macroeconômicas: (1) A relação direta entre crescimento e inflação e; (2) A relação inversa entre crescimento econômico e saldo do BP. Nesse período, foi lançado o Plano Estratégico de Desenvolvimento (PED), que visava estabilizar os preços, fortalecer as empresas privadas, consolidar a inflação e ampliar o mercado interno. Em resumo, nesse período, a ênfase mudou para uma política monetária expansionista, além de evitar que a inflação causasse defasagem cambial que prejudicaria a atividade econômica. Médici seguiu a mesma orientação econômica e política de Costa e Silva, mas o seu governo foi marcado pela radicalização do regime autoritário, decretando o AI-5, que suspendia as garantias constitucionais. Esse período ficou marcado como “anos de chumbo”, com prisões arbitrárias, torturas e deportações. Esse ambiente político favoreceu a política inflacionária baseada no controle de preços e contenção dos salários. A tendência à redução dos saldos do BP à medida que o PIB crescia foi evitada por uma política de captação de recursos externos. Como herança para o governo Geisel, há uma mistura de vantagens e desvantagens. As principais vantagens são: a inflação relativamente baixa, a estrutura fiscal e financeira organizada e o balanço de pagamentos recuperado, por outro lado, as desvantagens são: o aumento da dependência do capital externo e o endividamento. 4. Auge e Declínio do Modelo de Crescimento com Endividamento: o II PND e a Crise de Dívida Externa (1974 – 1984) No plano econômico, o período de 1974-84 marca o auge e o esgotamento do modelo de crescimento vigente no país desde os anos 50, isto é, do modelo de industrialização por substituição de importações (ISI), comandada pelo Estado e fortemente apoiada no endividamento externo. No governo Geisel, a implementação do II PND completou o processo de ISI no Brasil. O traço distintivo da economia brasileira nessa fase foi o forte crescimento econômico, acompanhado de grandes transformações na estrutura produtiva do país. As principais condicionantes da trajetória desse período são a estrutura produtiva do país e a instabilidade da economia internacional. O país enfrentava um quadro de dependência externa aos bens de capital, dependência estrutural com relação ao petróleo, grande aumento da divida externa (que ampliava a dependência financeira da economia) e o crescimento da economia tornou-se mais dependente da capacidade de importar bens de consumo duráveis. As dificuldades da economia brasileira ao longo do período de 1974-84 ocorreram em meio a um cenário externo marcado por diversos choques do petróleo, em 1973 e 79, e também, o aumento dos juros americanos entre 1979 e 82. O 1º choque do petróleo, em 1973, converte a situação de dependência externa em um quadro de restrição, o que desacelerou o crescimento do país. Com o 2º choque do petróleo, em 1979, deterioram-se ainda mais os termos de troca dos países importadores, sendo que o novo cenário internacional foi marcado pelo racionamento do crédito para os países endividados, como o Brasil, que acabaram por declarar a moratória da dívida. O modelo de ajuste externo adotado no governo Geisel foi o de ajuste estrutural materializado no II PND (plano de investimentos públicos e privados), anunciado em 74, que focava no setores de bens de produção e energético. Essas iniciativas visavam avançar no processo de ISI, bem como ampliar a capacidade exportadora do país. Assim, promovia-se uma distensão “lenta, gradual e segura” do regime. Os objetivos estabelecidos pelo II PND foram, de maneira geral, alcançados. Já no governo Figueiredo, o modelo de ajuste externo era não-recessivo, combinando controles fiscal e monetário com ajustes de preços, que favoreceriam a balança comercial e recuperariam as contas públicas, resolvendo, ao mesmo tempo, os desequilíbrios externo e fiscal. No biênio 1979-80, a recessão, de fato, foi evitada por uma combinação de aumento das exportações e crescimento inercial dos investimentos públicos e privados do II PND, que estavam sendo finalizados. A partir de 1981, o governo passou a assumir um modelo de ajuste recessivo, cujo objetivo era a redução da absorção interna, de modo a gerar excedentes exportáveis. A política monetária ganhava o centro da cena, a fim de atuar diretamente sobre o BP. Em suma, podemos perceber que o ambiente externo foi de grande importância no período de 1973-84, principalmente por causa dos choques do petróleo, de 1973 e 79. O governo Geisel não obteve resultados muito práticos, porém, implementou importantes ajustes estruturais que ajudaram a diminuir a dependência do mercado brasileiro no mercado internacional. Porém, tal política aumentou a dependência financeira do país e desequilibrou as contas externas, sendo que os governos que sucederam tal período tiveram como principal objetivo lidar com essa situação. O diagnóstico feito assumiu que havia um excesso de demanda interna, tratando então de criar ajustes que diminuíssem tal demanda interna, gerando excedentes exportáveis. Assim, a herança para os próximos governos foi de altas taxas de inflação e deterioração fiscal. Resumo feito por Érica Araripe IRiscool 2011.2