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* * CLM/fAgo. 2012 Aula 4 Sistema Financeiro: Conceitos e Estrutura * * Funções do Sistema Financeiro (SF) ● SF ou mercado de capitais é um pool de recursos, composto pelo estoque de ativos e passivos herdados do passado; poupadores depositam no pool, investidores sacam dele; sistema determina os termos em que se pode transferir recursos no tempo, sendo o principal elo intertemporal da economia. ● Estrutura das taxas de juro determina os termos em que transferências intertemporais podem ser feitas, por tipo de emissor, prazo e característica dos títulos. ● SF permite diversificação de riscos e abrange 3 tipos de mercado: à vista (spot), entrega futura (futuros) e contingentes (dependentes dos estados da natureza); ex: hedge e opções. * * ● SF dá liquidez aos títulos através dos mercados secundários (bolsas ou over-the-counter). ● Estrutura das taxas de juro orienta a alocação de recursos na economia; fixa os níveis mínimos de retorno que os investimentos devem ter e os custos de antecipação de consumo. ● Estrutura de taxas de juro: prazo (maturidade) → curva de rendimento (yield curve) para um mesmo emissor, geralmente o governo central risco do emissor → risco de default risco de mercado → risco de preço (por variação de taxa) ● Existem riscos institucionais ou políticos que destroem os segmentos longos do mercado; liquidez só no curto prazo (yield curve muito curta). * * 2. Principais Distorções do SF ● Não existem mercados completos, por restrições institucionais, imprevisão, distorções regulatórias, etc.; mercados futuros e contingentes são rarefeitos. ● “Repressão financeira” (McKinnon): decisões de investimento não passam pelo crivo do mercado, financiadas por lucros retidos; dispersão de taxas de retorno geram ineficiência na alocação de recursos. Ex: no Brasil, BNDES é grande financiador de investimentos “escolhidos” pela burocracia do estado. ● Risco institucional deriva do desrespeito a contratos, ineficácia da justiça, moral hazard, discricionariedade da política econômica, etc. ● Falta de competitividade da indústria bancária, cunha fiscal (impostos sobre intermediação financeira, depósitos compulsórios). ● Efeitos da inflação: indexação, currency substitution. ● Dominância da dívida pública sobre os ativos financeiros (crowding out e dominância fiscal). * * 3. Conceitos Básicos ● Para um título de renda fixa, quanto maior a maturidade, maior será a variação de preço decorrente de uma mudança da taxa de juro: P = preço k = prazo (maturidade) C = cupom (pagamento de juro por período) F = valor de face (pagamento do principal no final) r = taxa de juro (desconto) de mercado Se k → ∞ (consol), então P = C/r e, se k é finito, * * ● Num mercado eficiente, o preço de uma ação é o valor presente do fluxo esperado dos dividendos d, descontado à taxa de juro de mercado r: Se nenhuma informação nova surgir entre t e t+1, o preço capitaliza à taxa corrente de juro: Pt+1 = (1+r) Pt Se expectativas de dividendos mudam com nova informação, então: Pt+1 = (1+r) Pt + ε sendo ε~(0,σ2). Para períodos curtos (1 dia, por ex.), r ≈ 0, ou seja: Pt+1 = Pt + ε Mostrando que o preço da ação segue um random walk. * * ● Estrutura a termo das taxas de juro (yield curve). Para títulos de um mesmo emissor (o governo central, por exemplo), que diferem apenas na maturidade, defina r = taxa de juro curta (para um período) R = taxa de juro longa (para n períodos) Pela teoria das expectativas, devemos ter: (1+R1)n = (1+r1)(1+r2*)(1+r3*) ... (1+rn*)(1+λ) onde R1 e r1 são taxas spot, ri* são as taxas curtas esperadas para os períodos seguintes e λ é o chamado “prêmio de liquidez”. Ou seja, se o mercado permite arbitragem entre períodos, a taxa longa será uma média geométrica das taxas curtas esperadas, mais um prêmio de liquidez. * * ● Paridade descoberta da taxa de juro (uncovered interest parity - UIP) Suponha que existe livre movimento de capital entre um país e o resto do mundo (nenhum obstáculo à arbitragem internacional). Defina: r = taxa de juro doméstica r*= taxa de juro internacional de referência p = probabilidade de default avaliada pelo mercado internacional θ = grau de aversão ao risco dos investidores s = θp = taxa de risco soberano do país E = taxa nominal de câmbio (R$/US$) A arbitragem no mercado deverá fazer com que: r ≈ r* + s + (ΔE/E)esp = r* + θp + (ΔE/E)esp ou seja, a taxa doméstica será a soma da taxa internacional, da taxa de risco soberano, composta pelo produto do grau de aversão ao risco e da probabilidade de default, e da taxa esperada de desvalorização cambial. * * * * ● Paridade coberta da taxa de juro (covered interest parity) Se existe um mercado futuro (futures market) de moeda estrangeira, a arbitragem internacional deve fazer com que: onde E1 é a taxa de câmbio para entrega da moeda estrangeira no período 1, contratada no mercado futuro, e E0 é a taxa de câmbio spot. Denominando f = E1/E0 – 1 o prêmio do futuro (forward premium), obtemos: r ≈ r* + s + f Observação importante: a semelhança formal entre as duas equações de paridade não implica que f = (ΔE/E)esp. Esta disparidade é conhecida como o enigma do prêmio futuro (forward premium puzzle). * * ● Medida de aversão ao risco de Arrow-Pratt Considere uma função utilidade u(c) duplamente diferenciável. O grau relativo de aversão ao risco no ponto c0 é medido pela curvatura da função nesse ponto: θ = - u’’(c0) c0/u’(c0) Analogamente, o grau absoluto de aversão ao risco é medido por: θ = - u’’(c0)/u’(c0) Ex: Suponha que existem dois ativos: sem risco (risk free) A, que paga rA, e com risco (risky) B, cujo retorno esperado é E(rB) e cujo desvio-padrão é σB. A composição de portfolio de cada investidor dependerá de seu grau de aversão ao risco, que mede quanto o investidor exige de retorno esperado adicional para realocar seu portfolio do ativo certo para o ativo incerto . No gráfico, o investidor 1 terá maior proporção (α) de A em seu portfolio do que o investidor 2.. * * r e σB 1 2 Linha de oportunidade de mercado O investidor 1 tem maior aversão ao risco que o investidor 2. r e = αrA + (1-α) E(rB) * * ● Dominância fiscal. Suponha que o governo viola a seguinte restrição orçamentária intertemporal, onde b0 é o valor presente da dívida pública, τ e g são fluxos de receita e despesa esperadas e r é a taxa de desconto: Considerando que a taxa de risco soberano s é igual a (θp), onde θ é o grau de aversão ao risco e p é a probabilidade de default, que por sua vez é função direta do tamanho da dívida, a equação de paridade de juro pode ser escrita: r = r* + θ p(b) + ξ , p’(b)>0 onde dp/db > 0 e ξ é um choque aleatório. O diagrama faz p uma função da taxa de juro r: quanto maior r, maior será o serviço de uma dada dívida b e maior será a probabilidade de default avaliada pelo mercado. A curva é não linear, definindo uma região normal até rmax e, a partir daí, uma região perversa de dominância fiscal onde: * * P(r) r r max 1 Se r sobe, p(r) sobe mais, gerando fuga de capitais. Taxa de câmbio desvaloriza e, pelo efeito de repasse, o nível de preços sobe. Política monetária (via taxa de juro) tem efeito oposto ao esperado sobre preços e taxa de inflação.