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Aula 1 Antropologia da Arte

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Enviado por Vania Balvez em

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Antropologia da Arte
Cristina Melo
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Antropologia é uma palavra de origem grega: anthropos=homem; logos=estudo.
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Um método de conceber o homem em sua variedade cultural e reconhecer nessa variedade faces diferentes de um mesmo ser.
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No Iluminismo surge a Antropologia, situada no campo da Filosofia. Era a especulação sobre o homem e suas possibilidades de ser e de agir.
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O pensamento antropológico surgiu no Iluminismo como uma especulação sobre o homem, sua natureza, suas transformações e seus potenciais. Os filósofos iluministas não fizeram propriamente pesquisas sobre outros povos, mas conheciam os relatos e livros escritos por viajantes que haviam estado com povos das Américas, da Ásia e da Oceania. 
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Rousseau sugeriu em dois livros importantes para a história da modernidade – O contrato social e A origem da desigualdade entre os homens -, que os povos chamados primitivos representavam na verdade estágios pelos quais todos os povos teriam passado. Seriam estágios próprios e necessários da humanidade. O estágio em que o homem já teria deixado de ser um animal bruto e solitário, ganhara razão e passara a viver em harmonia coletiva, Rousseau chamava de estágio do bom selvagem, quando o homem teria sido mais íntegro com sua natureza e, portanto, mais feliz. 
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Os filósofos alemães Kant e Hegel, aos seus modos distintos, especularam sobre a natureza do homem e a cultura como explicáveis somente por conceitos próprios, em processo de transformação contínua. 
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Marx interpreta o homem como ser duplo da natureza e da cultura. O homem vira um ser cultural por conta de sua evolução biológica, sem dúvida; mas é pelo trabalho, que o homem se torna verdadeiramente cultural. 
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Desde meados do século XIX, na medida em que iam disseminando os estudos – não mais simples relatos e descrições curiosas – sobre povos não europeus, os filósofos passaram a contar com esses dados nas suas reflexões sobre o homem. 
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Alguns ficaram presos à dicotomia entre o suposto homem primitivo e o homem civilizado, como se fossem duas entidades distintas e separadas por um imenso fosso de inteligência e racionalidade. 
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Outros deixaram de lado a especulação e o ponto de vista europeu e passaram a se dedicar ao estudo empírico sobre esses povos, comparando-os entre si e com a sociedade capitalista, contribuindo, assim, com a formulação de novos conceitos sobre cultura e sociedade e seu funcionamento . 
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Para se obter esse pensar é preciso ter-se ou criar-se a capacidade de sair ou tomar distância de sua própria cultura, dos valores por ela cultivados, para daí penetrar e entender outras culturas pelos valores dessas outras culturas e não de sua própria.
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A Antropologia nasceu dentro do campo da Filosofia, como se fosse uma Filosofia da cultura. Mais tarde, com a chegada da teoria da evolução, que integrava todos os seres vivos numa escalada de transformações ao longo do tempo, motivada por um processo de luta incessante pela sobrevivência, a Antropologia passou a ser pensada como uma ciência que iria contribuir para enquadrar o homem e suas culturas num plano contínuo, ou ao menos paralelo ao plano biológico.
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A Antropologia toma o ser humano, no sentido integral de homem e mulher, de coletividade, mas também de espécie da natureza e de ser da cultura e da razão, como um objeto de estudo. Isso quer dizer que o homem pode ser objetivado, esquadrinhado, medido, calculado, dimensionado no tempo e no espaço, tal qual outros objetos científicos, como o cosmo (cosmologia ou astronomia), a terra (geologia) e seres vivos (biologia).
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Essa ciência visa ao homem como ser de cultura, um modo de ser para além dos condicionamentos da natureza, para o que se subentende uma inteligência capaz de encarar o mundo através de convenções simbólicas, as quais são sistematizadas e transmitidas de geração a geração não pelo instinto ou pela carga genética, mas pela linguagem.
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A cultura é uma espécie de “segunda natureza” do homem, uma mediação, uma qualidade de filtro ou lente que permite ao homem formar noções sobre si mesmo e sobre o mundo e, ao mesmo tempo, agir. Cultura é tudo que o homem faz parcialmente consciente e parcialmente inconsciente, além daquilo que sua natureza biológica o permite fazer.
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O ser humano embora pense e faça as coisas como ser individual, tem seu pensamento e seu comportamento condicionados por sua existência numa coletividade, a sociedade.
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Toda cultura, mesmo aquela que parece absolutamente estacionária, está em processo de mudança.
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CULTURA
Cultura no senso comum
Cultura como representação da realidade
Fulano de tal não tem cultura
Os funkeiros não têm cultura
O homem é um ser de desejo. São seres que se sentem privados, insatisfeitos
A cultura cria os objetos dos desejos humanos. Estas realizações se transformam em símbolos: construção de significados para os elementos da natureza. Exs, a alimentação e o ato sexual para a reprodução.
Cultura e o significado antropológico
Um conjunto de regras que nos diz como o mundo pode e deve ser classificado
O que é natural e o que é cultural
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Cultura X erudição.
Cultura é tudo aquilo que o homem vivencia, realiza, adquire e transmite por meio da linguagem. 
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Definições
Edward Tylor: é todo complexo de conhecimentos, crenças, arte,leis,moral, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelos indivíduos.
Malinowski: são sistemas funcionais para dar conta das necessidades básicas dos seres humanos.
Levi-Strauss : é um sistema sinbólico de uma criação que se acumula na mente humana.
Clifford Geertz : conjunto de mecanismos de controle, planos, receitas,regras, instruções para governar o comportamento humano.
Marshall Sahlins : a organização da experiência e da ação humanas através de instrumentos simbólicos.
Roberto DaMatta : é um mapa, um receituário, um código através do qual as pessoas de um dado grupo pensam, classificam e modificam o mundo e a si mesmas.
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2. Como opera a cultura
 2.1. A cultura condiciona a visão de mundo do homem
Ruth Benedict :” a cultura é como uma lente através da qual o homem vê o mundo.”
O modo de ver o mundo, as apreciações de ordem moral e valorativa, os diferentes comportamentos sociais e mesmo as posturas corporais são produto de uma herança cultural.
Ex.: o rir, o comer, etc. 
Todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico, mas a utilização do mesmo, ao invés de ser determinada geneticamente depende de um aprendizado e este consiste na cópia de padrões que fazem parte da herança cultural do grupo. 
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“A natureza dos homens é a mesma, são 
os seus hábitos que os mantêm separados”
Confúcio
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“Se oferecêssemos aos homens a escolha de todos os costumes do mundo, aqueles que lhes parecessem melhor, eles examinariam a totalidade e acabariam preferindo os seus próprios costumes, tão convencidos estão de que estes são melhores do que todos os outros”
 
 Heródoto
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Escamoles: São ovas de formiga, muito apreciadas no México. 
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Farofa de Tanajura
Ingredientes:
· Sal a gosto 
· Óleo ou Azeite 
· Farinha 
· Formigas Tanajura ou Içá.
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 “ Cada qual considera bárbaro o 
 que não se pratica na sua terra”
 Montaigne
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Etnocentrismo- 
 Emprega-se o conceito de etnia para designar as características culturais próprias de um grupo. Com sua língua, religião, costume, etc. Determinado grupo acredita diferenciar-se dos demais.
A atitude etnocêntrica (do grego etnos=povo) implica que tendemos a conceber a nossa visão de mundo
como o centro de tudo. Todos os outros são classificados e comparados em relação aos valores de nosso grupo. 
O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural e é responsável por muitos conflitos sociais. 
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Etnocentrismo- 
 Essa crença pode tomar formas perigosas e socialmente destrutivas como o racismo, a intolerância religiosa, o patriotismo fervoroso e beligerante.
A dicotomia “nós e os outros” expressa essa tendência. Ela se expressa fora do grupo (o estrangeiro) mas também dentro do próprio grupo (laços familiares, torcidas de futebol, etc.). 
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 O relativismo cultural é o oposto do etnocentrismo. Refere-se à crença de que todas as culturas e todas as práticas culturais têm o mesmo valor. Será que deveríamos respeitar culturas racistas e antidemocráticas? Os que defendem respondem que o relativismo cultural não precisa ser tomado de maneira tão extrema. Um relativismo cultural moderado encoraja a tolerância.
 Exemplo : durante muito tempo, o ideal brasileiro era o de se criar uma nova cultura a partir de muitas – o chamado “cadinho cultural”. O multiculturalismo enfatiza o oposto: a criação de muitas culturas a partir de uma. É uma tendência mundial que ocorre à medida que as culturas têm se tornado mais heterogêneas. 
Relativismo Cultural
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2.3. Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura
 A participação do individuo em sua cultura é limitada. A maior parte das sociedades humanas permite uma mais ampla participação da vida cultural aos elementos do sexo masculino. A participação depende também da idade: uma criança não está apta a certas atividades, jovens são impedidos de votar até certa idade, etc.
 Qualquer que seja a sociedade, não existe a possibilidade de um individuo dominar todos os aspectos de sua cultura, mas deve haver um mínimo de participação. 
 Isso acontece porque os padrões culturais não cobrem todas as situações possíveis, principalmente em períodos de mudança cultural ou quando a socialização não é inadequada.
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Metodologias:
Observação Participante.
Método Genealógico.
História de Vida.
Estudo de Caso.
Monografia e Etnografia.
Método comparativo e Relativismo cultural.
Método dialógico: além dos informantes.
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O Reconhecimento do outro – alguns exemplos:
Cultura Africana
Islamismo 
Cultura Indígena
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Cultura Afro
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O que é cultura afro?
 
 “Qualquer manifestação plástica e visual que retome, de um lado, a estética e a religiosidade africanas tradicionais e, de outro, os cenários socioculturais do negro no Brasil.” 
Maria Helena Leuba Salum.
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 É preciso pensar coisas e ações indicadas pelo cruzamento de arte e afro-brasilidade: de obras de arte à cultura material e imaterial. É um campo plural, composto por objetos e práticas bastante diversificados, vinculados de maneiras diversas à cultura afro-brasileira, a partir do qual tensões artísticas, culturais e sociais podem ser problematizadas estética e artisticamente.
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 Nos séculos XVIII e XIX, as embarcações que transportavam escravos da África para o Brasil, os chamados tumbeiros, tinham diferentes tamanhos. Conseguiam embarcar em média 500 africanos por viagem.
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 “A primeira loja de carne em que entramos continha cerca de 300 crianças, de ambos os sexos; o mais velho poderia ter 12 ou 13 anos e o mais novo, não mais de 6 ou 7 anos. Os coitadinhos estavam todos agachados em um imenso armazém, meninas de um lado, meninos do outro, para melhor inspeção dos compradores. (...) 
 
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 (...) O cheiro e o calor da sala eram muito opressivos e repugnantes. Tendo meu termômetro de bolso comigo, observei que atingia 33º C. Era inverno (junho); como eles passam a noite no verão, ficam fechados, não sei, pois nessa sala vivem e dormem, no chão, como gado em todos os aspectos.”
Charles Brand - 1820
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 Era muito comum a associação das “nações” às características físicas e morais dos africanos, o que ajudou a estabelecer estereótipos sobre os diferentes grupos. A construção desses estereótipos, muitas vezes resultado de preconceitos.
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 Para Rugendas, os congos e os angolas eram muito semelhantes, embora os congos fossem mais forte e mais adequados ao trabalho árduo no campo. Eles eram também parecidos com os rebolos, no entanto, estes são mais turrões, e mais predispostos ao desespero e ao desânimo do que os das outras duas raças. Os Angicos são mais altos e mais bem feitos; têm no rosto menor número de traços africanos; são mais corajosos, mais astutos e apreciam mais a liberdade. É preciso tratá-los particularmente bem, se não se deseja vê-los fugir ou se revoltarem.
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 Jean-Baptiste Debret anotou a existência no Brasil dos minas.
Os minas eram considerados muçulmanos e detinham o conhecimento da escrita árabe. Descritos como orgulhosos e corajosos, seriam determinados quando queriam comprar sua alforria e se dedicariam, trabalhando muito para isso. As mulheres eram tidas como de grande beleza, consideradas excelentes concubinas
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 Os próprios africanos reelaboraram e incorporaram essas identificações ao se organizarem socialmente e ao construírem relações de amizade e de parentesco, levando em conta a ideia de pertencer a um determinado grupo. 
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 Religiões Afro-brasileiras
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 Dagmar Rivieri e Baby Garroux – 
Peji de Oxum
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 Desde a República, as religiões afro-brasileiras vêem conquistando de modo paulatino e nada fácil, a liberdade do culto e expressão pública de seus valores éticos, estéticos e artísticos.
 Ialorixá – Nova Iguaçu - RJ
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 A dimensão estética é constitutiva dos cultos das religiões afro-brasileiras.
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 Os terreiros são microcosmos do universo cultural, espaços de resistência e atualização cotidiana da vida pretérita na África.
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 Hipertrofia ritual das religiões afro-brasileiras.
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Os cinco pilares do Islã:
Arkan-ul-Islam
 1- Proferir a Sahada, a profissão islâmica de fé: “Não existe deidade senão Deus, e Muhammad é seu mensageiro”.
 
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2- Oração (salat). Consiste num conjunto de orações feitas pelos muçulmanos cinco vezes por dia, em direção à Meca, após uma purificação ritual. 
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Oração
Os muçulmanos não são obrigados a rezar em mesquitas. A única oração que normalmente deve ocorrer na mesquita é a sessão de sexta-feira.
Os muçulmanos podem rezar em qualquer local limpo e tranquilo.
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 3-Pagar tributo (zakat), que corresponde a 2,5% da renda anual do muçulmano, para caridade. É um meio de os muçulmanos ajudarem-se materialmente uns aos outros.
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Zakat
Os muçulmanos acreditam que fazer caridade é uma forma de rezar.
O Zakat é usado por um comitê nacional para dar comida, roupas e abrigo aos necessitados, para pagar dívidas e ajudar prisioneiros e viajantes.
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Sawm
4- Participar do jejum que acontece durante o Ramadã – o nono mês islâmico – que marca o início da revelação a Muhammad.
 O jejum aplica-se às horas do dia, vai do nascer ao pôr-do-sol, tempo durante o qual os muçulmanos devem abster-se de comer, beber, fumar e da atividade sexual. 
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Jejum (Sawm)
 Jejuar ensina aos muçulmanos a ter autocontrole e a cuidar dos outros.
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5- A hajj, a peregrinação à cidade sagrada de Meca. Todo muçulmano saudável e financeiramente capaz deve fazer a peregrinação ao menos uma vez na vida.
 
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Hajj
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Arte Islâmica
 Para o Islã, embelezar o mundo é divinizá-lo.
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Caligrafia
 A caligrafia, ou escrita ornamental, é importante no Islã porque a escrita traz a mensagem de Deus. 
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Caligrafia
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Conhecimento
 “Buscai o conhecimento desde o berço até o túmulo.”
 “Quem estuda e não pratica o que aprendeu é como o homem que lavra e não semeia.”
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Conhecimento
Matemática: Algarismo arábico; conceito do zero; trigonometria; álgebra; a classificação de equações segundo seus graus.
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Conhecimento
 Astronomia: Astrolábio; descrição do sistema solar com precisão; duração do ano solar (com diferença de 24 segundos); teoria embrionária da gravidade. 
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Conhecimento
 Viagens eram parte integrante da civilização islâmica. Mapas e tratados geográficos foram desenvolvidos.
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Conhecimento
 Medicina: Descrições de doenças e tratamentos; uso da anestesia; estudo da óptica; farmacopéia extensa.
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Cidades islâmicas
 
 O Islã acentua o caráter reservado da vida familiar. As casas são quase sempre de um andar só e a cidade se torna um agregado de casas que não revelam, do exterior, sua forma e sua importância. As ruas são estreitas e tortuosas. 
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Cidades islâmicas
 Nas casas procurou-se aplicar os melhores sistemas de aproveitamento de micro climas, utilizando-se de dutos de ar que conduzem o ar da área externa circulando entre os ambientes e por último saindo um vão central que representa toda a concepção de pátio.
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Granada, Espanha. Alhambra – Pátio 
1300-1400
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Abstração
 Tanto a iconoclastia como o uso das figuras geométricas resultam não de uma simples negação de imagens, mas da afirmação de princípios filosóficos e iniciáticos. Eles consideram a representação figurativa uma espécie de falseamento e empobrecimento do Real, não só pelo fato de ser cópia, mas também pela limitação que impomos ao definir, no plano formal, a ideia essencial. Quanto menos se define, menos se exclui.
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Abstração
 Por outro lado, as figuras geométricas podem ser consideradas, em si mesmas, entidades espirituais, pois não têm tamanho, não têm peso, não têm sequer existência real.
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Isfahan, Irã
Mesquita de Shaykh Luftallah
1500-1600
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 “É no comer que se mostra a afeição (pelo anfitrião).”
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