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“para poder pagar-lhes melhores salários”. “Seria o único plano possível, sob a lei das 10 horas, para manter a supremacia in- dustrial britânica.”519 “Poderia ser um pouco difícil descobrir ir- regularidades sob o sistema de turnos, mas e daí? (What of that?) Deve o grande interesse fabril deste país ser tratado como coisa secundária, para poupar aos inspetores e subinspetores fabris um pouco mais de esforço (some little trouble)?”520 Todos esses embustes em nada ajudaram, naturalmente. Os ins- petores de fábrica iniciaram procedimentos judiciários. Logo, porém, tal nuvem de petições dos fabricantes cobriu o ministro do interior, Sir George Grey, que ele, numa circular de 5 de agosto de 1848, instruiu os inspetores no sentido de “em geral, não proceder contra a violação da letra da lei, enquanto não houvesse abuso comprovado do sistema de turnos, fazendo trabalhar adolescentes e mulheres mais de 10 horas”. Em conseqüência, o inspetor J. Stuart permitiu o assim chamado sistema de turnos, durante o período de 15 horas da jornada fabril em toda a Escócia, onde logo floresceu outra vez, à velha maneira. Os inspetores ingleses, em contraposição, declararam que o ministro não possuía poder ditatorial para a suspensão das leis e prosseguiram com procedimentos judiciais contra os rebeldes proslavery. Para que, entretanto, todas aquelas citações perante os tribunais, se os tribunais, os county magistrates,521 os absolviam? Nesses tribunais sentavam-se os próprios senhores fabricantes, para julgar a si mesmos. Um exemplo. Um certo Eskrigge, fabricante de fio de algodão, da firma Kershaw, Leese & Co., apresentou ao inspetor de fábrica de seu distrito o esquema de um sistema de turnos destinado à sua fábrica. Tendo a decisão sido negativa, manteve-se a seguir passivo. Poucos meses de- pois, um indivíduo de nome Robinson, da mesma forma fabricante de fios de algodão, e se não o Sexta-Feira, era em todo caso parente do Eskrigge, compareceu perante os borough justices522 em Stockport por haver introduzido um sistema de turnos idêntico ao urdido por Es- krigge. Eram 4 juízes, 3 entre eles fabricantes de fios de algodão, tendo à frente o mesmo indefectível Eskrigge. Eskrigge absolveu Robinson e declarou então que o que era legal para Robinson era permitido a Eskrigge. Apoiado em sua própria decisão judicial, introduziu imedia- OS ECONOMISTAS 402 519 Reports etc. for 31st Oct. 1848. p. 138. 520 Op. cit., p. 140. 521 Esses county magistrates, os great unpaid,* como os denomina W. Cobbett, são uma espécie de juízes de paz, não remunerados, escolhidos entre os honoráveis dos condados. Constituem de fato as cortes patrimoniais das classes dominantes. * Grandes não-pagos. (N. dos T.) 522 Juízes de paz urbanos. (N. dos T.)