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Uma vez admitido isso, o tempo de trabalho necessário para produzir
a força de trabalho ou para reproduzir seu valor pode diminuir, não
porque o salário do trabalhador cai abaixo do valor de sua força de
trabalho, mas só porque esse próprio valor cai. Com a duração da
jornada de trabalho dada o prolongamento do mais-trabalho tem de
decorrer da redução do trabalho necessário e não do contrário, ou seja,
a redução do trabalho necessário do prolongamento do mais-trabalho.
Em nosso exemplo, o valor da força de trabalho realmente tem de cair
de 1/10 para que o tempo de trabalho necessário diminua de 1/10, de 10
horas para 9, e assim se prolongue o mais-trabalho de 2 horas para 3.
Porém, tal diminuição do valor da força de trabalho de 1/10 re-
quer, por sua vez, que se produza em 9 horas a mesma quantidade
de meios de subsistência que antes se produzia em 10. Isso porém é
impossível, sem aumentar a força produtiva do trabalho. Com os meios
dados, um sapateiro pode, por exemplo, fazer um par de botas numa
jornada de trabalho de 12 horas. Para fazer, no mesmo tempo, dois
pares de botas, tem de duplicar-se a força produtiva de seu trabalho,
e ela não pode duplicar-se sem alteração em seus meios de trabalho
ou em seu método de trabalho, ou em ambos ao mesmo tempo. Por
isso tem de ocorrer uma revolução nas condições de produção de seu
trabalho, isto é, em seu modo de produção, e portanto no próprio pro-
cesso de trabalho. Entendemos aqui por aumento da força produtiva
do trabalho em geral uma alteração no processo de trabalho, pela qual
se reduz o tempo de trabalho socialmente necessário para produzir
uma mercadoria, que um menor quantum de trabalho adquira portanto
a força para produzir um maior quantum de valor de uso.587 Enquanto
pois na produção da mais-valia, na forma até aqui considerada, o modo
de produção é suposto como dado, não basta de modo algum, para
produzir mais-valia mediante a transformação do trabalho necessário
em mais-trabalho, que o capital se apodere do processo de trabalho
em sua forma historicamente herdada ou já existente, e apenas alongue
sua duração. Tem de revolucionar as condições técnicas e sociais do
processo de trabalho, portanto o próprio modo de produção, a fim de
aumentar a força produtiva do trabalho, mediante o aumento da força
produtiva do trabalho reduzir o valor da força de trabalho, e assim
encurtar parte da jornada de trabalho necessária para a reprodução
deste valor.
A mais-valia produzida pelo prolongamento da jornada de tra-
MARX
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587 "Quando os ofícios se aperfeiçoam, isso não significa outra coisa que a descoberta de novos
caminhos para que se possa fabricar um produto com menos pessoas ou (o que é o mesmo)
em menos tempo que antes." (GALIANI. Op. cit., p. 158-159.) “A redução dos custos da
produção não pode ser outra coisa senão a economia da quantidade de trabalho aplicada
na produção.” (SISMONDI. Études etc. t. I, p. 22.)