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AULA_Liberalismo protecionismo e acordos internacionais_6slides por pg.

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Fundamentos de Comércio Exterior - Prof. Ms. 
Marco A. Arbex
1
Liberalismo, protecionismo e 
acordos internacionais sobre o 
comércio exterior
Prof. Ms. Marco A. Arbex
Introdução
• A discussão entre os defensores de atuações
mais liberalizadas e aqueles que defendem a
imposição de regras que protejam as
importações tem sido uma constante no
comércio internacional há muito tempo.
• De qualquer forma, políticas comerciais de
protecionismo ou liberalização devem e ser
criteriosamente adotadas para não gerar
distorções.
Possíveis distorções causadas por 
políticas comerciais
• A entrada de determinados produtos ou componentes 
em um país pode prejudicar a indústria interna, 
gerando desemprego e contribuindo para o 
desenvolvimento de crises econômicas;
• Já a proibição da entrada de determinados produtos ou 
componentes em um país pode prejudicar a 
concorrência, contribuindo para elevar o preço dos 
produtos (inflação) e dificultando a elevação da 
qualidade na indústria
Possíveis distorções causadas por 
políticas comerciais
• A proibição da entrada de determinados produtos ou 
componentes em um país pode prejudicar o 
relacionamento entre países, dificultando o comércio 
entre estes (exportações e importações futuras) e o 
estabelecimento de acordos bilaterais ou multilaterais
• A ausência de políticas públicas que restrinjam as 
importações ou que regulem o comércio internacional 
em geral podem dificultar a atuação eficiente de países 
com baixo poder econômico relativo (em relação aos 
seus parceiros comerciais)
Acordos Internacionais
• Para auxiliar os países a decidir como gerenciar 
o comércio com outros países, surgiram 
organizações de atuação global (de âmbito 
privado ou supranacional)
• Suas principais funções são a promoção do 
equilíbrio do comércio global e a resolução 
de disputas resultantes das práticas comerciais 
entre os países membros.
O acordo GATT e a origem da OMC
• O principal organismo de características
supranacionais interveniente no comércio
internacional e do qual o Brasil é parte interessada e
integrante desde a sua fundação é a OMC
(Organização Mundial do Comércio), criada em
1995, derivada do acordo GATT47 (Acordo Geral de
Tarifas e Comério) , criado em 1948.
• O GATT47 visava impulsionar a liberalização
comercial e combater práticas protecionistas
adotadas desde a década de 1930.
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O acordo GATT e a origem da OMC
• Em 1º de janeiro de 1995 entrou em função a
Organização Mundial do Comércio (OMC), mantendo as
bases do GATT47 e atualizando-o para o GATT94.
• Embora o GATT não fosse uma organização internacional,
seu poder pode ser verificado pela realização de oito
rodadas de negociação, desde a sua criação, sobre a
liberalização comercial no mundo.
• A Rodada Uruguai (1986-1994) foi a mais ambiciosa das
negociações, de forma que desta resultou a criação da
OMC.
O acordo GATT e a origem da OMC
• A OMC refinou o mecanismo de resolução de disputas 
comerciais, de monitoramento das respectivas políticas 
e incentivou a assistência técnica aos países menos 
desenvolvidos. Em geral, os princípios básicos da OMC 
são os mesmos do GATT.
• A OMC é a única organização internacional 
encarregada de supervisionar o comércio internacional 
e implementar os acordos negociados nas rodadas 
multilaterais, além de coordenar a negociação de 
novas regras de comércios. 
O acordo GATT e a origem da OMC
• O seu funcionamento se dá através de acordos 
estabelecidos e assinados por representantes dos 
países-membros, posteriormente, ratificados por seus 
respectivos governos.
• O objetivo da organização é auxiliar aos produtores, 
exportadores e importadores de bens e serviços na 
condução de suas negociações. 
O acordo GATT e a origem da OMC
• A organização é regida por princípios básicos, a saber:
– harmonização através de normas internacionais;
– não criação de obstáculos desnecessários ao comércio;
– não discriminação e tratamento nacional; 
– Transparência
– equivalência de regulamentos técnicos. 
A OMC é composta, atualmente, por 153 países, os quais 
estão, desde a Rodada Uruguai, obrigados a aceitar e 
respeitar os acordos celebrados no âmbito da Organização 
como um todo, não tendo mais a possibilidade de escolher os 
acordos aos quais desejam aderir.
O acordo GATT e a origem da OMC
• Após a Rodada Uruguai, iniciou-se uma nova rodada 
de negociações: a Rodada Doha, que se estende há 
quase 10 anos
• Esta rodada iniciou-se no Qatar, em novembro de 
2001, durante a IV Conferência Ministerial da OMC, 
com a expectativa de ser finalizada em três anos.
• A Rodada Doha, também conhecida como Rodada do 
Desenvolvimento, tem como motivação inicial a 
abertura de mercados agrícolas e industriais com 
regras que favoreçam a ampliação dos fluxos de 
comércio dos países em desenvolvimento. 
O acordo GATT e a origem da OMC
• A Rodada de Doha tem como alguns objetivos:
- redução de tarifas, e barreiras não-tarifárias em bens 
não-agrícolas;
- discutir temas relacionados à agricultura – subsídios, 
apoio interno, redução de tarifas e crédito à 
exportação;
- conduzir negociações que aprimorem as disciplinas 
dos acordos antidumping, subsídios e medidas 
compensatórias, preservando seus conceitos básicos.
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O acordo GATT e a origem da OMC
• Todas as relações comerciais estabelecidas entre dois ou 
mais membros da OMC são regidos pelas normas do GATT
• Já os países que não fazem parte da OMC, como é o caso 
do Afeganistão, da Líbia e do Iraque, ao negociarem com 
um País-Membro, não podem invocar a incidência de tais 
regras em suas relações comerciais a fim de gozarem 
benefícios fiscais, como redução de impostos e imunidades, 
uma vez que tais vantagens se restringem aos países 
integrantes da OMC.
Barreiras comerciais
• O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio 
define barreiras comerciais como qualquer lei, 
regulamento, política, medida ou prática governamental 
que imponha restrições ao comércio exterior.
• Dois tipos de barreiras:
– Barreiras tarifárias: tarifas de importações ou taxas diversas 
aplicadas a produtos importados;
– Barreiras não-tarifárias: restrições quantitativas às 
importações (quotas), procedimentos alfandegários 
burocráticos, medidas antidumping, medidas compensatórias, 
salvaguarda e medidas sanitárias e fitossanitárias
Barreiras comerciais
• De acordo com o INMETRO, a maneira mais usual é a 
utilização de tarifas. 
• Contudo, com as negociações internacionais sobre 
comércio, que geralmente resultam em reduções nas 
tarifas que os países podem utilizar, foram sendo 
desenvolvidos novos artifícios para dificultar as 
importações: as chamadas barreiras não-tarifárias, em 
especial as barreiras técnicas.
Barreiras comerciais
• Barreiras Técnicas são barreiras comerciais derivadas da 
utilização de normas ou regulamentos técnicos não 
transparentes ou que não se baseiem em normas 
internacionalmente aceitas ou, ainda, decorrentes da adoção 
de procedimentos de avaliação da conformidade não 
transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem como 
de inspeções excessivamente rigorosas.
• No Brasil, as normas são elaboradas no âmbito da Associação 
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os regulamentos são 
estabelecidos pelo governo nas áreas de saúde, segurança, 
meio ambiente, proteção ao consumidor e outras. 
Barreiras comerciais
• Uma barreira técnica pode vir a se estabelecer a partir de 
diferentes situações, como por exemplo: 
– ausência de transparência das normas ou regulamentos 
aplicados; 
– imposição de procedimentos morosos ou dispendiosos para 
avaliação da conformidade; 
– regulamentos excessivamente rigorosos impostos
pelas 
legislações estrangeiras.
Nota-se que no Brasil as normas e regulamentos são aplicados 
igualmente aos produtos nacionais e importados, conforme 
princípio do TRATAMENTO NACIONAL, da OMC.
Como identificar uma barreira técnica?
• É preciso analisar o regulamento técnico relativo ao produto 
de interesse para identificar se está de acordo com as 
regras do comércio internacional. 
• O Inmetro fornece os textos dos regulamentos estrangeiros 
para que o exportador conheça as exigências que deve 
atender.
• Caso ele considere alguma exigência descabida, deve 
informar para que o Inmetro tome as medidas cabíveis. 
• Não existe uma lista de barreiras técnicas pronta. Para 
consultas amplas, desvinculadas de um processo de 
exportação específico, não existe uma pronta resposta.
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Acordos de reconhecimento mútuo
• Uma das razões pela qual produtos exportados estão 
sujeitos a avaliações da conformidade repetidas é 
justamente a falta de confiança dos usuários do sistema de 
avaliação da conformidade do país importador em relação a 
competência de organismos que avaliam a conformidade no 
país exportador
• Acordos de Reconhecimento Mútuo são os instrumentos 
que trazem elementos e procedimentos práticos para o 
estabelecimento e manutenção de tais cooperações para 
aceitação de resultados de calibração, ensaios e 
certificações produzidos pelos organismos acreditados 
pelos signatários.
Notícia de: 20/06/12: Brasil aceita cláusula 
que rejeita barreiras comerciais
“A contragosto, o Brasil acatou ontem decisão da maioria dos 
parceiros do G-20 de manter, até 2014, o compromisso mútuo 
de não criar novas barreiras comerciais e de reduzir as 
existentes. A presidente Dilma Rousseff havia insistido até o 
último minuto do encontro dos líderes das maiores economias 
do mundo, no México, em acabar com essa cláusula neste 
ano. Essa cláusula foi adotada como meio de impedir uma 
escalada protecionista no auge da crise financeira. Sua 
prorrogação foi qualificada pelo presidente do México e 
anfitrião do encontro, Felipe Calderón, como uma espécie de 
vitória contra forças favoráveis ao protecionismo...”
“...Se prorrogar, não tem Rodada Doha ''never more'' (nunca 
mais, em inglês)", disse Dilma ontem, pouco antes de 
embarcar para o Brasil. Desde a suspensão da Rodada de 
Doha, em 2007, o Brasil repete que só aceitará sua retomada 
se os seus objetivos de promover o desenvolvimento, 
definidos seis anos antes, forem mantidos. Isso significa não 
excluir das conversas a eliminação dos subsídios às 
exportações agrícolas e a redução das subvenções à 
produção do setor pelos países desenvolvidos. Os EUA, 
porém, insistem na redefinição das metas da negociação 
multilateral de comércio.”
Notícia de 05/06/12: Barreiras comerciais da 
Argentina reduzem interesse de empresários
“A Argentina, terceiro país que mais compra do Brasil, atrás de 
EUA e China, intensificou as barreiras comerciais. A partir 
deste ano, as empresas devem avisar ao governo o que 
querem importar e aguardar uma autorização. Sem 
esperanças numa mudança, empresários brasileiros buscam 
outros mercados. No início de 2011 o governo argentino 
passou a atrasar as licenças para livre circulação de doces 
importados do Brasil. Os produtos entravam no país, mas 
apodreciam nos armazéns. Em 2012, com as novas barreiras, 
as exportações do setor para lá já caíram 24%. Na indústria de 
móveis, a situação é parecida (o volume de vendas do Brasil 
para Argentina caiu 60% em menos de três anos)... 
“...Marcelo Elizondo, da consultoria argentina de comércio 
exterior DNI, diz que o governo aumenta as barreiras na 
tentativa de contornar a perda de competitividade nacional 
devido à inflação alta. A taxa acumulada em 12 meses está 
em 25%, segundo estimativas extraoficiais. Sem acesso ao 
mercado externo de crédito, desde que suspendeu os 
pagamentos de sua dívida em 2002, a Argentina depende do 
comércio exterior para se financiar e tentar controlar a saída 
de dólar”.
Notícia de 29/06/12: Brasil e Argentina 
discutem fim das barreiras comerciais
“Mais uma rodada de reuniões está sendo realizada entre 
os governos brasileiro e argentino para discutir o fim das 
barreiras às entradas de produtos brasileiros no País. Se, 
de fato, eles destravarem as barreiras contra a carne 
suína, como estão anunciando, nós poderemos fazer um 
gesto e, por exemplo, destravar algumas importações de 
carros argentinos, que estão paradas há mais de 60 
dias", comentou uma autoridade do governo brasileiro. 
"Mas, se isso não se efetivar, não poderemos liberar 
nada... 
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...Algumas empresas tiveram que suspender suas linhas 
de produção porque 75% do que produz são exportados 
ao Brasil. A província exporta vinhos, azeitonas, azeite de 
oliva, maças, peras e queijo, que estão impedidos de 
entrar no mercado brasileiro, como resposta às barreiras 
argentinas a quase todos os produtos brasileiros, 
especialmente, a carne suína, minérios, máquinas 
agrícolas, têxteis, calçados”.
Cláusula da Nação Mais Favorecida 
(CN+F)
• A base do acordo GATT é a sua cláusula primeira,
designada cláusula da nação mais favorecida
(CN+F), que determina:
“Qualquer vantagem, favor, privilégio ou imunidade
concedida por uma parte contraente a um produto
originário de outro país ou a ele destinado será
imediata e incondicionalmente extensiva a outros
produtos similares originários dos territórios de
qualquer outra parte contraente ou a elas
destinadas”.
Cláusula da Nação Mais Favorecida 
(CN+F)
• Exemplo: se os EUA concedem um benefício
aduaneiro (redução de impostos de importação) à
laranja originária do Brasil, este mesmo benefício
deve ser concedido à laranja de outros países que
eventualmente podem exportar laranja aos EUA.
• O propósito da CN+F é o de estabelecer e de manter a não-
discriminação e a igualdade fundamental entre os países
envolvidos.
• Em outras palavras, pela Cláusula da Nação Mais Favorecida
qualquer país membro tem direito de ser tratado com
igualdade em relação ao país que recebeu um tratamento
mais privilegiado, isto é, mais favorecido.
Distorções da CN+F
a) Free riders
• Uma parcela dos países participantes poderão não 
querer obrigações e concessões, ―pegando carona 
nos resultados obtidos na negociação de outros países
• Esses países receberão benefícios aduaneiros sem 
terem assumido nenhuma obrigação – é a chamada 
prática das free riders.
• O benefício ao país que não fez concessões se dá, em 
geral, via aplicação da cláusula da CN+F.
Distorções da CN+F
b) Má definição do conceito de “produto similar” (like
products)
• O acordo não explica especificamente, o que seriam tais 
produtos. Conceitualmente, para que um produto seja 
similar a outro é necessário que sejam concorrentes diretos 
ou que haja a possibilidade de substituição de um pelo 
outro.
• O termo “like” deve ser interpretado como similar ou 
idêntico, considerando-se a destinação final do produto, os 
gostos e hábitos dos consumidores, bem como suas 
propriedades e a qualidade.
Classificação Fiscal de Mercadorias
• Para auxiliar a dirimir as dúvidas sobre o conceito de produto 
similar, foi desenvolvida a Classificação Fiscal de 
Mercadorias
• Essa padronização é conhecida como Sistema Harmonizado 
– HS e é adotada por 177 países, nos quais se incluem os 
países do Mercosul.
• O HS é composto por um sistema de códigos com 6 dígitos, 
divididos em 21 seções e 96 capítulos. O sistema foi 
desenvolvido para permitir atualizações à medida que novos 
produtos necessitem de classificação.
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Classificação Fiscal de Mercadorias
• Os países do Mercosul entenderam ser necessária 
a adoção de um sistema específico de 
classificação para os países membros do bloco.
• A ideia central da iniciativa era a busca por 
vantagens e benefícios mútuos, a saber:
– Eliminação gradual de direitos e restrições alfandegárias 
entre os membros;
– Adoção de uma política comum entre os países 
membros, aplicáveis a parceiros comerciais não 
pertencentes ao bloco.
Exemplo de classificação de 
mercadoria no sistema harmonizado
Código: 0401.30.21
• Capítulo 04: leite e laticínios, ovos e aves, mel natural, 
produtos comestíveis de origem animal não 
especificados nem compreendidos em outros capítulos
• Posição 0401: leite e creme de leite, não 
concentrados, nem adicionados de açúcar ou de outros 
edulcorantes
• Subposição 0401.30: com teor, em peso, de matérias 
gordas superior e 6%
• Item 0401.30.2: creme de leite
• Subitem: 0401.30.21: UHT
Sistema Harmonizado: classificação do 
parafuso
• O site da Receita Federal possui um sistema de busca no 
sistema harmonizado do Mercosul: 
http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/PesquisarNC
M.jsp
• Ao realizar uma busca com a palavra “parafuso”, teremos 
como retorno 8 códigos que mencionam esse termo. 
Desses, cita-se como exemplo, o código “73181400” -
PARAFUSOS PERFURANTES DE FERRO FUNDIDO OU 
DE FERRO/AÇO. 
Sistema Harmonizado: classificação do 
parafuso
• Se meu parafuso é para madeira, o código escolhido 
deveria ser “73181200”, ao invés do anterior.
• Se considerarmos que este parafuso será utilizado em 
aeronaves, não seria o caso de analisar o capítulo 88, 
que trata das aeronaves, aparelhos espaciais e suas 
partes? 
• Neste capítulo não encontraremos especificamente o 
parafuso, mas temos o código 8803.30.00, cuja 
descrição é “Outras partes de aviões ou de 
helicópteros”.
Sistema Harmonizado: classificação do 
parafuso
• No entanto, analisando o sistema, notaremos que este capítulo 
compreende as partes e acessórios reconhecíveis como 
exclusiva ou principalmente destinados aos veículos que 
engloba. Esse não é o caso de parafuso procurado, que 
também serve para outras finalidades.
• Se consideramos que o parafuso procurado é de alumínio, 
veremos que o alumínio e suas obras constam do capítulo 76 
e parafuso, mais precisamente, no código 7616.10.00, que 
abrange “tachas, pregos, escápulas, parafusos, pinos ou 
pernos roscados, porcas, ganchos roscados, rebites, chavetas, 
cavilhas, contrapinos, arruelas e artefatos semelhantes”.
Sistema Harmonizado: classificação do 
parafuso
• Na classificação de um simples parafuso é necessário 
verificar inúmeras regras de classificação, e sua 
inobservância pode levar o contribuinte a sérios 
prejuízos. Em relação ao IPI, por exemplo, em nossa 
pesquisa retornaram produtos com alíquota de 0% e 
10%. Quanto ao II (impostos sobre importação), foram 
relacionadas alíquotas de 14%, 16% e 18%. 
• Isso comprova a importância de uma correta 
classificação, pois esses erros poderiam levar ao 
recolhimento incorreto de tributos.
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Exceções à CN+F
• Existem exceções quanto à aplicabilidade da CN+F, dadas 
as profundas diferenças existentes entre os membros da 
OMC e às mudanças de circunstâncias na economia 
mundial.
• As exceções envolvem também aspectos específicos, que 
serão abordados a seguir:
– Cláusulas de salvaguarda
– Medidas Antidumping
– Medidas compensatórias
– Uniões aduaneiras e zonas de livre comércio
– Cláusula de habilitação (enabling clause)
Exceções à CN+F: salvaguarda
• Normalmente, a salvaguarda é utilizada em casos de 
dificuldades enfrentadas pela indústria nacional frente 
a um surto de crescimento das importações do produto 
estrangeiro
• Os acordos internacionais permitem que, nestes casos, 
seja imposta uma salvaguarda contra essas 
importações por um período determinado 
(estabelecimento de quotas ou tarifas de importação). 
Exceções à CN+F: salvaguarda
• Ao longo desse prazo a indústria nacional deve se 
reorganizar e garantir competitividade frente às 
importações quando retirada a salvaguarda. 
• Nesse período, portanto, a indústria local terá de 
investir para garantir a competitividade. Em média, o 
processo da salvaguardas dura entre três e quatro 
anos e o prazo máximo é de dez anos.
Exceções à CN+F: salvaguarda
• As cláusulas de salvaguarda facilitam a execução dos 
acordos celebrados e, portanto, sua sobrevivência, 
colaborando para o bom andamento do processo de 
integração. 
• Com o apoio da salvaguarda, os países se sentem 
mais propensos a aceitar os acordos de comércio, uma 
vez que terão a possibilidade de reverter eventuais 
efeitos não desejados ou não previstos inicialmente.
Exceções à CN+F: salvaguarda
• Exemplos de situações em que a cláusula de 
salvaguarda poderá ser acionada:
– Proteção à saúde da população
– Proteção à fauna e flora
– Proteção dos direitos autorais e patentes
– Segurança pública
– Patrimônio artístico, histórico ou arqueológico
– Proteção às principais matérias-primas nacionais e à 
indústria nacional ou outra situação que possa provocar 
prejuízo grave à economia.
Notícia de 07/10/2008: Brasil abre seu 
3º processo de salvaguarda
“A pedido da indústria de CD-R e DVD-R, o governo brasileiro 
abriu um processo de salvaguarda (proteção temporária contra 
um volume grande de importações) para esse mercado. A 
investigação, que pode durar até um ano, começou no fim de 
setembro. No pedido de salvaguardas feito na Secretaria de 
Comércio Exterior (Secex), do MDIC, a indústria local afirma 
que no período de julho de 2006 a junho de 2007, a 
participação da indústria doméstica foi de 14% em CD-R e de 
30%, em DVD-R. O objetivo do processo de salvaguardanão é 
proibir a importação de produtos, mas o governo pode impor 
imposto adicional de importação ou determinar quotas de 
volume importados”.
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Notícia de 23/03/2012: medida de salvaguarda 
à importação de vinho gera preocupação
“O Governo brasileiro está elaborando uma medida de 
salvaguarda que, em termos práticos, poderá resultar no 
estabelecimento de quotas máximas de importação por 
origem. O Executivo passará a exigir uma licença de 
importação para os vinhos importados de países europeus. 
Uma medida que agravará ainda mais a burocracia e o custo 
final a que os vinhos chegam ao consumidor (no presente, 
mais de 80% desse valor representa carga fiscal). Essa 
licença de importação deverá ser solicitada previamente ao 
embarque da mercadoria, ficando o Governo brasileiro com 
um prazo de 60 dias para responder (por norma, a análise 
dessas licenças demora entre 5 a 8 dias)... 
...Quem desembarcar a mercadoria antes da licença atribuída 
incorrerá numa multa que poderá representar cerca de 40 a 
50% do valor. A medida protecionista resulta da forte pressão 
que os produtores de vinho no Brasil estão a exercer junto ao, 
sendo que também não há certezas, por exemplo, sobre o 
período temporal em que vigorará. A medida foi solicitada por 
três anos, podendo ser renovada. Os produtores europeus 
devem mobilizar-se e agir rapidamente. Sem qualquer 
resistência, o governo brasileiro seguirá a tendência de adotar 
a medida tal como solicitada pela indústria local. Por exemplo, 
existem vinhos em Portugal (caso do Vinho do Porto) que não 
podem ser produzidos no Brasil”.
Exceções à CN+F: Antidumping
• Existe dumping quando uma empresa exporta para
um país um produto a preço (valor de exportação)
inferior àquele que aplica a produto similar nas
vendas para seu mercado interno (valor “normal”).
• A aplicação de uma medida antidumping requer que,
no âmbito de um processo administrativo, seja
realizada uma investigação, com a participação
de
todas as partes interessadas, por meio da qual
dados e informações são conferidos e opiniões são
confrontadas (ver estrutura legal no Brasil).
Exceções à CN+F: Antidumping
• Alguns críticos das medidas antidumping entendem 
que estas são utilizadas como um refúgio protecionista, 
por grupos de pressão, para eliminar a concorrência 
estrangeira. 
• Nesse sentido, as normas antidumping, 
paradoxalmente, poderiam se tornar um poderoso 
instrumento de protecionismo.
Veja a seguir, algumas notícias sobre a prática de dumping.
Notícia de 19/05/2010: exportações 
chinesas são acusadas de dumping.
“A indústria chinesa figura nos jornais como alvo de 
constantes acusações de dumping. O país é o principal alvo 
de denúncias brasileiras sobre essa prática. As acusações de 
dumping partem das empresas concorrentes, prejudicadas 
pelos baixos preços dos produtos chineses. No momento, a 
atenção do governo brasileiro está voltada para a entrada de 
caminhões com guindastes nos nossos mercados. Segundo 
reportagem do Valor Econômico, com base em informações 
do governo, o preço do caminhão chinês chega ao Brasil 
menor do que o custo de produção dos nossos veículos... 
...O resultado, em caso de dumping, dá-se no longo prazo: 
quando eliminar os concorrentes, prejudicados pela 
competição desleal, a empresa estrangeira pode dominar o 
mercado nacional e, assim, definir seus próprios preços. A 
confirmação do dumping não é fácil, já que nem sempre é 
possível conhecer os custos da empresa. Por fim, é sempre 
necessário considerar a possibilidade de que a empresa que 
denuncia tenha lucros exagerados e utilize a acusação de 
dumping para proteger o próprio mercado.”
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Notícia de 13/02/2012: África do Sul adota 
medidas antidumping contra o frango brasileiro
“Segundo o Diário Oficial sul-africano, as medidas atingem 
as exportações de frango inteiro e cortes desossados, com 
sobretaxas de 62,93% e 46,59%, respectivamente. Estas 
sobretaxas se somam às tarifas normais de importação, que 
são de 5% para o frango inteiro e 27% para os cortes 
desossados. O setor avícola, juntamente com os órgãos 
governamentais, irá recorrer da decisão do governo da África 
do Sul, que afeta várias agroindústrias brasileiras 
exportadoras de carne de frango. A estimativa do setor é que 
os prejuízos cheguem a US$ 70 milhões anuais. A África do 
Sul importa 16% de todo o frango consumido no país (70% 
deste volume são provenientes do Brasil)”.
Notícia de 02/11/2011: Papeleiras chinesas 
vão acusar Brasil de dumping
“A indústria papeleira da China prepara uma acusação de dumping 
contra as fábricas de celulose do Brasil. A indústria nacional está 
sendo acusada de adotar preços menores na China do que os 
praticados no Brasil. É a primeira vez que uma indústria chinesa irá 
pedir medidas de antidumping contra um setor industrial brasileiro. 
Caso aceite a acusação, Pequim deve impor tarifa sobre a celulose 
brasileira de 20% a 200%. Hoje, o produto brasileiro entra na China 
sem imposto, segundo os chineses. A China importa 5 milhões de 
toneladas dessa fibra, dos quais 1,8 milhão de toneladas do Brasil -
hoje, o maior fornecedor”.
Exceções à CN+F: medidas 
compensatórias
• Caso uma indústria esteja sendo prejudicada 
comercialmente por subsídios concedidos a uma 
indústria específica de outro país, um país poderá 
demandar que a norma que estabelece a concessão do 
subsídio seja revogada ou adotar medidas 
compensatórias, na medida do prejuízo sofrido, com o 
objetivo de neutralizar um subsídio outorgado pelo país 
exportador.
• Em outras palavras, a OMC pode autorizar o país 
prejudicado a retaliar comercialmente o outro país.
Exemplos de subsídios
 Tarifas de transporte interno e fretes para exportação em
condições mais favoráveis do que as aplicadas ao
transporte doméstico;
 Concessão de financiamentos governamentais a empresas
em função de seu desempenho nas exportações;
 Fornecimento pelo governo de produtos ou serviços
importados para uso na produção de mercadorias
exportadas;
 Isenção ou redução de impostos ou encargos sociais em
função das exportações;
 Concessão de prêmios às exportações.
Exceções à CN+F: medidas 
compensatórias
• Se uma empresa chinesa vende internamente uma 
mercadoria por US$ 10,00, mas cobra US$ 8,00 para 
vender ao Brasil, pode-se se configurar caso de 
dumping. 
• Mas se vende a US$ 8,00 porque está recebendo US$ 
2,00 do seu governo, por exemplo, configura-se um 
caso de subsídio.
Notícia de 31/08/2009: OMC autoriza Brasil a 
retaliar EUA por subsídio ao algodão
“A Organização Mundial do Comércio (OMC) autorizou o Brasil, 
na manhã desta segunda-feira, 31, a impor retaliações sobre o 
governo americano em resposta aos subsídios ilegais que a Casa 
Branca distribui aos produtos de algodão. Dados preliminares da 
decisão da entidade apontam que o Brasil teria o direito de 
retaliar os EUA em cerca de US$ 300 milhões, valor muito inferior 
aos US$ 2, 5 bilhões pleiteados pelo Brasil. Mesmo assim, a 
retaliação autorizada pela OMC é a segunda maior já dada pela 
entidade a um país. A disputa entre Brasil e Estados Unidos já 
dura sete anos e apesar de várias condenações, o governo 
americano jamais cumpriu a determinação da OMC de retirar os 
subsídios ilegais ao algodão”.
Fundamentos de Comércio Exterior - Prof. Ms. 
Marco A. Arbex
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Notícia de 02/07/2007: caso Embraer x 
Bombardier
“O caso teve início em meados da década de 90. Após bem-
sucedido processo de privatização, a Embraer tornou-se uma 
empresa bem mais competitiva, mas, ainda assim, precisava de 
algum tipo de apoio governamental para poder concorrer em 
melhores condições com os grandes players do mercado de 
aviões de médio porte. Com os incentivos recebidos por meio de 
um programa de exportação do governo brasileiro denominado 
Proex, a Embraer venceu, em 1996, uma concorrência 
internacional para a venda de um número significativo de 
aeronaves para companhias aéreas dos Estados Unidos. A 
grande derrotada nessa concorrência foi a Bombardier, detentora 
na ocasião de mais de 50% do mercado mundial dessas 
aeronaves de porte médio...
...Inconformada com a derrota, a Bombardier pressionou o 
governo canadense a iniciar consultas junto ao governo 
brasileiro, com o objetivo de apurar se, de fato, como alegava a 
empresa canadense, a Embraer havia recebido subsídios 
governamentais do tipo “apoio à exportação”. O Brasil, em sua 
defesa, não contestou se tratar o Proex de um tipo de subsídio. 
Um subsídio, porém, perfeitamente de acordo para um país em 
desenvolvimento. Em linhas gerais, o Proex consistia em um 
programa de equalização das taxas de juros cobradas por 
instituições financeiras internacionais em contratos de 
financiamento à importação de produtos de países emergentes, 
em virtude de seus riscos e instabilidades políticas e 
econômicas...
...Pelo mecanismo de equalização, o governo brasileiro 
comprometia-se a cobrir essa diferença na taxa de juros. 
Enquanto o Canadá acusava o Brasil de conceder subsídios 
ilegais, estava fazendo exatamente o mesmo com relação a 
Bombardier. Por meio de algumas instituições de fomento, 
repassava recursos àquela empresa, o que a levou, inclusive, 
a superar a Embraer em nova concorrência internacional. O 
Brasil conseguiu reunir algumas provas e iniciou processo 
contra o Canadá na OMC. Argumentou que, por meio dessas 
instituições de fomento, a Bombardier havia recebido 
subsídios ilegais. 
...O Painel deu razão parcial ao Brasil e determinou que parte 
dos subsídios fosse retirada pelo governo canadense. O 
Canadá não apelou, mas se recusou a retirar os subsídios, 
razão pela qual o governo brasileiro foi autorizado a adotar 
medidas
compensatórias contra aquele país no valor 
aproximado de U$ 270 milhões. Da mesma forma que o 
Canadá, o governo brasileiro não adotou nenhuma medida 
compensatória. Ao longo dos últimos três ou quatro anos, os 
governos dos dois países e os setores interessados, 
especialmente os da indústria aeronáutica, têm negociado as 
condições que devem ser aplicadas ao financiamento de 
importação”.
Notícia de 16/09/2010: Decisão da OMC 
pode prejudicar Embraer
“A Organização Mundial do Comércio (OMC) condenou os 
subsídios dos Estados Unidos à Boeing, abrindo precedente que 
ameaçaria os interesses da Embraer. A entidade máxima do 
comércio concluiu, a pedido dos europeus, que a empresa 
americana teria recebido recursos ilegais do Departamento de 
Defesa e da Nasa. Já a brasileira é acusada pela canadense 
Bombardier de receber o mesmo tipo de incentivo do setor militar 
brasileiro. A decisão deve abrir caminho para novo acordo sobre 
subsídios que vai definir como empresas de todo o setor, 
inclusive a Embraer, poderão atuar na próxima década. A 
negociação viria em um momento crucial, no qual surgem novos 
concorrentes, como chineses, canadenses e brasileiros.”
Exceções à CN+F: zonas de livre 
comércio e união aduaneira
• Países que fazem parte de alguma forma de integração 
regional como zonas de livre comércio e união aduaneira 
estão livres de seguir a CN+F.
• Esses acordos regionais são tratados como exceção no 
GATT porque as restrições internas da região são abolidas, 
mas permanecem as restrições em relação a terceiros 
países (não-membros), fazendo com que estes fiquem 
numa posição de desvantagem em relação aos países-
membros, o que claramente entra em conflito com a CN+F.
Em breve conheceremos com mais detalhes as formas de 
integração regional
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Marco A. Arbex
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Exceções à CN+F: cláusula de 
habilitação
• Consiste na decisão do GATT, através da qual é permitido 
celebrar acordos regionais ou gerais entre países em 
desenvolvimento com a finalidade de reduzir ou eliminar 
mutuamente as travas a seu comércio recíproco, 
excetuando-se da aplicação da CN+F.
• Na prática, verifica-se a possibilidade de concessão de 
preferências aos países em desenvolvimento sem que os 
mesmos precisem respeitar o princípio da reciprocidade
• Da mesma forma verifica-se a possibilidade dos países em 
desenvolvimento concederem preferências entre si sem a 
necessidade de estendê-las aos países desenvolvidos. 
Exceções à CN+F: cláusula de 
habilitação
• A criação da Cláusula de Habilitação parte da 
verificação de que se todos os Países-Membros têm os 
mesmo direitos, haveria de ser reconhecida a 
diversidade de desenvolvimento econômico e social 
entre eles, o que desaconselhava o tratamento idêntico 
para todos 
• A Cláusula de Habilitação é uma faculdade dada aos 
países desenvolvidos, não constituindo uma obrigação 
de acordar tal tratamento diferenciado e mais favorável 
aos países em desenvolvimento 
Textos base
BONATO, A. B. Cláusula da nação mais favorecida: um estudo sobre as 
principais controvérsias que a envolvem no âmbito da OMC. Disponível em: 
www3.pucrs.br/pucrs/files/.../trabalhos2009_2/adriana_bonato.pdf. Acesso em 
01/07/2012.
INMETRO – Barreiras técnicas. Disponível em: 
http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/barreirastecnicas.asp. Acesso em 
05/07/2012.
MDIC – Comércio Exterior. Disponível em 
http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/index.php?area=5. Acesso em 
15/07/2012. 
SOUSA, José Manuel Meireles de. Fundamentos do Comércio Internacional. 
Editora Saraiva. Ano: 2009.

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