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grandeza de valor.37 Quanto menos trabalho ela mesma contém, tanto menos valor agrega ao produto. Quanto menos valor transfere, tanto mais produtiva é e tanto mais seu préstimo se aproxima do das forças naturais. A produção de maquinaria por intermédio de maquinaria reduz, porém, seu valor em relação a sua amplitude e eficácia. Uma análise comparativa entre preços das mercadorias produ- zidas artesanal ou manufatureiramente e os preços das mesmas mer- cadorias como produtos de máquina dá em geral o resultado de que, no produto de máquina, a parte do valor devida ao meio de trabalho cresce relativamente, mas decresce em termos absolutos. Isso quer dizer que sua grandeza absoluta decresce, mas sua grandeza cresce em re- lação ao valor global do produto, por exemplo, 1 libra de fio.38 É claro que ocorre um mero deslocamento do trabalho, portanto a soma global do trabalho exigido para a produção de uma mercadoria não é diminuída ou a força produtiva do trabalho não é aumentada, quando a produção de uma máquina custa tanto trabalho quanto sua aplicação economiza. No entanto, a diferença entre o trabalho que ela custa e o trabalho que ela poupa, ou o grau de sua produtividade, não depende, evidentemente, da diferença entre seu próprio valor e o valor da ferramenta por ela substituída. A diferença perdurará tanto tempo quanto os custos de trabalho da máquina, e por isso a parcela de valor adicionada por ela ao produto permanecerá menor do que o valor que OS ECONOMISTAS 24 37 O leitor preso a concepções capitalistas sente aqui naturalmente falta do “juro” que a máquina agrega ao produto proporcionalmente a seu valor de capital. É fácil de compreender, no entanto, que a máquina, já que ela cria tão pouco valor novo como qualquer outra parte do capital constante, não pode adicionar o mesmo sob o nome de “juros”. Além disso, está claro que aqui, onde se trata da produção de mais-valia, não pode ser pressuposta a priori nenhuma parte da mesma sob o nome de “juros”. O modo de calcular capitalista, que, prime facie, parece absurdo e contraditório às leis da formação do valor, encontra sua explicação no Livro Terceiro dessa obra. 38 Essa parcela do valor adicionada pela máquina cai absoluta e relativamente onde ela desloca cavalos, animais de tração em geral, que só sejam usados como força motriz, não como máquinas metabólicas. Observe-se de passagem que Descartes, com sua definição dos animais como meras máquinas, enxerga com os olhos do período manufatureiro em contraste com a Idade Média, para a qual o animal era ajudante do homem, como o foi depois de novo para o Sr. V. Haller em sua Restauration der Staatswissenschaften. Que Descartes, assim como Bacon, encarava uma configuração modificada da produção e dominação prática da Natureza pelos homens como resultante do método modificado de pensamento, demonstra-o seu Discours de la Méthode, no qual, entre outras coisas, é dito: “É possível” (mediante o método introduzido por ele na Filosofia) “alcançar conhecimentos que são muito úteis para a vida, e no lugar daquela filosofia especulativa que se ensina nas escolas encontrar uma filosofia prática, pela qual podemos aplicar a força e eficácia do fogo, da água, do ar, dos astros e de todos os outros corpos que nos cercam — ao conhecê-los com tanta exatidão quanto os diversos ofícios de nossos artesãos — igualmente a todos os fins úteis a que se adequam e assim tornar-nos senhores e possuidores da Natureza” e, desse modo, “contribuir para o aperfeiçoamento da vida humana”. No prefácio de Discourses upon Trade de Sir Dudley North (1691) é dito que o método de Descartes, aplicado à Economia Política, teria começado a livrá-la de antigos contos de fadas e de concepções supersticiosas sobre dinheiro, comércio etc. Em média, no entanto, os antigos economistas ingleses se filiam a Bacon e Hobbes como seus filósofos, enquanto Locke tornou-se mais tarde “o filósofo” ατ’ εξoχην [por excelência. (N. dos T.)] da Economia Política para Inglaterra, França e Itália.