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Apenas apontamos as condições materiais em que se realiza o
trabalho fabril. Todos os órgãos dos sentidos são igualmente lesados
pela temperatura artificialmente elevada, pela atmosfera impregnada
de resíduos de matéria-prima, pelo ruído ensurdecedor etc., para não
falar do perigo de vida sob a maquinaria densamente amontoada que,
com a regularidade das estações do ano, produz seus boletins da ba-
talha industrial.138 A economia nos meios sociais de produção, artifi-
OS ECONOMISTAS
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novo, o tribunal o condena novamente, embora um dos juízes, Mr. Shee, denuncie isso
publicamente como uma monstruosidade jurídica, pela qual um homem poderia ser punido
periodicamente sempre de novo durante toda sua vida pela mesma falta, isto é, delito.
Esse julgamento não foi proferido pelos Great Unpaid dogberries provincianos, mas em
Londres, por uma das mais altas cortes de justiça.
{Adendo à 4ª edição: Agora isso está abolido. Com raras exceções — por exemplo, em
empresas públicas de gás — agora, na Inglaterra, o trabalhador, em caso de rompimento
de contrato, está equiparado ao empregador e só pode ser processado civilmente. — F. E.}
O segundo caso transcorre em Wiltshire, ao final de novembro de 1863. Cerca de 30 ope-
radoras de tear a vapor, empregadas por um certo Harrup, fabricante de pano em Leower’s
Mill, Westbury Leigh, fizeram uma strike porque esse mesmo Harrup tinha o agradável
hábito de lhes descontar do salário, por atrasos na hora de entrada: 6 pence para 2 minutos,
1 xelim para 3 minutos e 1 xelim e 6 pence para 10 minutos. Isso soma, a 9 xelins por
hora, 4 libras esterlinas e 10 xelins por dia, enquanto o salário médio anual delas nunca
era maior do que 10 a 12 xelins por semana. Harrup encarregou igualmente um garoto
para fazer soar o apito da fábrica, o que ele às vezes faz mesmo antes das 6 horas da
manhã e, se os braços já não estão por acaso aí, assim que acaba, os portões são fechados
e os de fora são punidos pecuniariamente; e como não há relógio no local, os infelizes
braços estão sob o poder do jovem guardião do tempo inspirado por Harrup. Os braços
envolvidos na strike, mães de família e moças, declararam que voltariam ao trabalho se o
guardião do tempo fosse substituído por um relógio e uma escala mais racional de multas
fosse estabelecida. Harrup denunciou aos magistrados 19 mulheres e moças por rompimento
de contrato. Elas foram condenadas a pagar, cada uma, 6 pence de multa e 2 xelins e 6
pence de custas sob ruidosa indignação do auditório. Harrup saiu do tribunal seguido por
uma massa popular que o vaiava. — Um golpe predileto dos fabricantes é punir os traba-
lhadores com descontos salariais por falhas do material que lhes é fornecido. Esse método
provocou, em 1866, uma strike geral nos distritos cerâmicos ingleses. Os relatórios da “Ch.
Employm. Commiss.” (1863/66) apresentam casos em que o trabalhador, ao invés de receber
salário por seu trabalho, torna-se, ainda por cima, por meio do regulamento de penalidades,
devedor do seu augusto Master. Traços edificantes da sagacidade dos autocratas fabris
quanto aos descontos salariais também foram expostos na mais recente crise algodoeira.
Mr. R. Baker, inspetor de fábrica, afirma: “Eu mesmo, há pouco, tive de iniciar ação judicial
contra um fabricante de algodão por ter ele, nesses tempos duros e difíceis, descontado 10
pence de alguns dos trabalhadores jovens (de mais de 13 anos) que emprega, pelo certificado
médico, que só lhe custa 6 pence, e pelo qual a lei só lhe faculta descontar 3 pence, e a
tradição não faculta nenhum desconto. (...) Outro fabricante, para alcançar sem conflito
com a lei o mesmo objetivo, onera com 1 xelim cada uma das pobres crianças que trabalham
para ele como taxa pelo aprendizado da arte e do mistério do fiar, assim que o certificado
médico as declare maduras para essa atividade. Há portanto correntes subterrâneas que
é preciso conhecer para compreender fenômenos tão extraordinários como strikes em tempos
tais como o presente”. (Trata-se de uma strike na fábrica de Darven, em junho de 1863,
entre os tecelões de máquina.) (Reports of Insp. of Fact. for 30th April 1863. pp. 50-51.)
(Os relatórios de fábrica vão sempre além de sua data oficial.)
138 As leis de proteção contra maquinaria perigosa tiveram efeito benéfico. “Mas (...) há outras
fontes de acidentes que não existiam há 20 anos; uma especialmente: a maior velocidade
das máquinas. Rodas, cilindros, fusos e teares são, agora, impulsionados com força maior
e em constante aumento; os dedos precisam pegar o fio quebrado com mais rapidez e
segurança porque se colocados com hesitação ou descuido são sacrificados. (...) Grande
número de acidentes é causado pela ansiedade dos trabalhadores em executar rapidamente
seu serviço. É preciso recordar que é da maior importância para os fabricantes que sua
maquinaria esteja ininterruptamente em movimento, isto é, produzindo fios e tecidos. Cada

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