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taxa de mais-valia em geral. Pressupondo-se que a força de trabalho seja paga por seu valor, encontramo-nos diante destas alternativas: dada a força produtiva de trabalho e seu grau normal de intensidade, só é possível aumentar a taxa de mais-valia mediante prolongamento absoluto da jornada de trabalho; por outro lado, dada a limitação da jornada de trabalho, só é possível aumentar a taxa de mais-valia me- diante mudança da grandeza de suas partes integrantes, trabalho ne- cessário e mais-trabalho, o que, por sua vez, se o salário não deve cair abaixo do valor da força de trabalho, pressupõe mudança na produti- vidade ou na intensidade do trabalho. Se o trabalhador precisa de todo seu tempo para produzir os meios de subsistência necessários ao sustento de si mesmo e de sua race, não lhe resta tempo algum para trabalhar gratuitamente para uma terceira pessoa. Sem certo grau de produtividade do trabalho não há tal tempo disponível para o trabalhador, e sem tal tempo excedente, nenhum mais-trabalho e, portanto, nenhum capitalista, mas também nenhum senhor de escravos, nenhum barão feudal, em uma palavra, nenhuma classe de grandes proprietários.324 Pode-se, pois, falar de uma base natural da mais-valia, porém apenas no sentido muito geral de que nenhum obstáculo natural ab- soluto impede a alguém eximir-se do trabalho necessário a sua própria existência e lançá-lo sobre outrem, tão pouco como, por exemplo, obs- táculos naturais impedem a alguém utilizar a carne do outro como alimento.325 Não se deve, de forma alguma, associar, como ocorreu aqui e ali, concepções místicas a essa produtividade do trabalho na- turalmente desenvolvida. Só depois que a humanidade superou pelo trabalho suas condições primitivas de animalidade e seu trabalho, por- tanto, já está até certo grau socializado, surgem condições em que o mais-trabalho de um torna-se a condição de existência do outro. Nos primórdios da cultura, as forças produtivas de trabalho adquiridas são mínimas, mas assim o são as necessidades, as quais se desenvolvem com os meios para satisfazê-las e em função deles. Além disso, naqueles primórdios a proporção dos setores da sociedade que vivem do trabalho alheio é minúscula comparada com a massa dos produtores diretos. Com o progresso da força produtiva social do trabalho essa proporção cresce de forma absoluta e relativa.326 A relação capital, de resto, nasce sobre um solo econômico que é produto de um longo processo de de- OS ECONOMISTAS 140 324 "A mera existência dos patrões transformados em capitalistas, como classe especial, depende da produtividade do trabalho." (RAMSAY. An Essay on the Distribution of Wealth. Edin- burgo. 1836. p 206.) “Se o trabalho de cada homem fosse suficiente apenas para produzir seu próprio alimento, não poderia haver propriedade.” (RAVENSTONE, Op. cit., p. 14.) 325 Segundo um cálculo feito recentemente, apenas nas regiões da Terra já exploradas vivem ainda pelo menos 4 milhões de canibais. 326 "Entre os índios selvagens da América, quase tudo pertence ao trabalhador. Noventa e nove partes de 100 são postas na conta do trabalho. Na Inglaterra o trabalhador não tem talvez nem sequer 2/3." (The Advantages of the East India Trade etc., pp. 72, 73.)