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CAPÍTULO 01 - FINALIDADE E MÉTODO DA TEORIA GERAL DO ESTADO

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Enviado por Waldeck Lemos de Arruda Junior em

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Fonte: CRETELLA JUNIOR, J. e CRETELLA NETO, J. - 1.000 Perguntas e Respostas 
Sobre Teoria Geral do Estado – Editora Forense Jurídica (Grupo GEN). 
 
 
CAPÍTULO I - FINALIDADE E MÉTODO DA TEORIA GERAL DO ESTADO 
 
1) Qual a finalidade do estudo da TGE - Teoria Geral do Estado? 
R.: O estudo da TGE - Teoria Geral do Estado tem por finalidade uma preparação de caráter 
abrangente do operador do Direito, isto é, do profissional que atua nessa área, como o 
advogado, o juiz, o promotor e outros, para que não se limite meramente aos aspectos formais 
e imediatistas da técnica jurídica, mediante a aquisição de conhecimentos profundos acerca 
das instituições e da sociedade. 
 
2) Porque é importante para o jurista o conhecimento das instituições e da sociedade 
contemporânea? 
R.: Diversas razões costumam ser apontadas, tais como: a) a necessidade do despertar da 
consciência política, como cidadão e como profissional; b) a compreensão dos problemas 
sociais contemporâneos, de forma a aplicar-lhes soluções apropriadas, que não sejam mero 
transplante de soluções adotadas em outros países, cuja realidade social é diversa; c) o 
desenvolvimento da capacidade de elaborar o Direito, formulando regras novas; d) a percepção 
de que o Estado é figura quase onipresente nas relações jurídico-sociais, devendo ser melhor 
conhecido, inclusive para permitir perfeita delimitação do poder do Estado; e) o 
desenvolvimento de um raciocínio jurídico mais amplo, que permita ao profissional poder 
enxergar todo o sistema do Direito, não de forma isolada, e sim, a partir de uma perspectiva 
social. 
 
3) Que outros nomes designam, também, a Teoria Geral do Estado? 
R.: A Teoria Geral do Estado é, também, designada por Teoria do Estado, Doutrina do Estado, 
ou Direito Constitucional I. Esta última denominação é dada quando se pretende oferecê-la aos 
alunos como espécie de "Parte Geral" do Direito Constitucional. No Brasil, na década de 1940, 
ocorreu o desdobramento, em alguns cursos jurídicos, da disciplina Direito Público e 
Constitucional em duas, a Teoria Geral do Estado e o Direito Constitucional. 
 
4) Quais as principais características da Teoria Geral do Estado? 
R.: As principais características da Teoria Geral do Estado são: a) é uma disciplina 
especulativa, e não prática; e b) é uma disciplina de síntese. 
 
5) Por que é a Teoria Geral do Estado uma disciplina especulativa, e não prática? 
R.: A Teoria Geral do Estado é uma disciplina especulativa, porque estuda o Estado como 
conceito abstrato, e não como algo específico, concreto. 
 
6) Por que é a Teoria Geral do Estado uma disciplina de síntese? 
R.: A Teoria Geral do Estado é uma disciplina de síntese porque sistematiza não apenas 
conhecimentos jurídicos, mas também os de outras disciplinas afins, tais como a Filosofia, a 
Sociologia, a Ciência Política, a psicologia, a Antropologia e a História. 
 
7) Qual a origem da Teoria Geral do Estado? 
R.: A Teoria Geral do Estado, em sua feição atual, é disciplina surgida no século XIX. No 
entanto, é possível vislumbrar, nos escritos dos autores clássicos como Platão (429 - 347 a.C.) 
e Aristóteles (384 - 322 a.C.), na Grécia antiga, e Cícero (106-43 a.C.), em Roma, reflexões 
acerca de governos e sistemas políticos, que podem ser considerados como a origem remota 
da disciplina. Deve ser notado, no entanto, que a noção de Estado é concepção que somente 
surge no século XVI com Maquiavel, posteriormente desenvolvida e refinada por Hobbes, 
Locke, Montesquieu e Rousseau. 
 
8) Os autores medievais não se preocuparam com a formulação de uma Teoria Geral do 
Estado? 
R.: Não nos moldes atuais. Os trabalhos de Santo Agostinho (354 - 430 A.D.) e de Santo 
Tomás de Aquino (1225 - 1274) justificam a ordem político-social existente, mas com 
fundamentos de cunho teológico. Somente no final da Idade Média, já no século XIV, ocorre 
uma reação a essa abordagem, chegando mesmo alguns autores a defender a separação da 
Igreja e do Estado, como Marsílio de Pádua, com a obra Defensor pacis, de 1324. 
 
9) Qual o desenvolvimento da disciplina entre os séculos XV e XVIII? 
R.: Entre os séculos XV e XVIII surgem notáveis pensadores, que refinam o conceito de 
Estado, tais como: Nicolau Maquiavel (1469 - 1527), Thomas Hobbes (1588 - 1679), John 
Locke (1632 - 1704), Montesquieu (1689 -1755) e Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778). 
 
10) Como se deu o desenvolvimento da Teoria Geral do Estado no século XIX? 
R.: O jurista alemão Gerber publicou, em 1865, a obra intitulada Fundamentos de um Sistema 
de Direito Político Alemão. O pensamento jurídico desse jurista influenciou seu compatriota, o 
também jurista Georg Jellinek (1851-1911), considerado como o verdadeiro criador da 
concepção moderna da disciplina. Sua obra, intitulada Teoria Geral do Estado, publicada em 
1900, foi logo traduzida para outros idiomas, e passou a servir de referência para o estudo da 
matéria. 
 
11) Que rumos tomou a Teoria Geral do Estado no século XX? 
R.: No século XX, a disciplina englobava tanto o estudo do Estado, quanto o que hoje é 
considerado o campo do Direito Constitucional, sendo a disciplina em geral denominada Direito 
Político (Derecho Político, na Espanha, Doctrine de l' Etat, na França, Dottrina dello Stato, na 
Itália). Foi somente na década de 1940 que ocorreu a separação das disciplinas. 
 
12) Quais as principais correntes de pensamento existentes, que procuram identificar o objeto 
da Teoria Geral do Estado? 
R.: Podem ser citadas as seguintes correntes de pensamento: a) para a corrente denominada 
filosófica, o objeto da TGE é a busca da razão da existência do Estado, e de suas finalidades, 
como um agente regulador da sociedade, mas sempre num plano ideal; b) para a chamada 
corrente sociológica entende que o objeto da TGE é enfocar o Estado pelo prisma do fato 
social concreto, numa abordagem realista; e c) a corrente formalista é aquela para a qual o 
Estado deve ser estudado somente segundo seu aspecto normativo, ou seja, como criador de 
leis e regras jurídicas. 
 
13) Em que consiste o denominado culturalismo realista? 
R.: Culturalismo realista é a posição defendida pelo filósofo do Direito Miguel Reale, 
considerada mais abrangente do que as demais, segundo a qual se deve proceder a uma 
fusão das correntes filosófica, sociológica e formalista, permitindo que o Estado seja estudado 
na totalidade de seus aspectos, dentro de uma perspectiva dinâmica de sua atuação. 
 
14) Que métodos se pode empregar para estudar a TGE? 
R.: Pode-se empregar diversos métodos para estudar a TGE, destacando-se os seguintes: a) 
método dedutivo, que consiste em enquadrar na teoria geral os fatos particulares ou isolados; 
b) método indutivo, que consiste em analisar fatos concretos e isolados, mas similares, e 
procurar obter uma conceituação teórica que os explique; e c) método analógico, que lança 
mão de estudos comparatísticos, isto é, uma análise do Estado e das instituições segundo 
suas manifestações em realidades políticas e jurídicas diversas.

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