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Enviado por Mauricio Aquilante Policarpo em

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Suponha-se, por exemplo, que parte dos camponeses da Westfalia,
que no tempo de Frederico II fiavam todos linho, ainda que não seda,
fosse expropriada à força e expulsa da base fundiária, sendo a outra
parte restante, porém, transformada em jornaleiros de grandes arren-
datários. Ao mesmo tempo, erguem-se grandes fiações e tecelagens de
linho, nas quais os “liberados” trabalham agora por salários. O linho
tem exatamente o mesmo aspecto que antes. Nenhuma de suas fibras
foi mudada; mas uma nova alma social penetrou-lhe no corpo. Ele
constitui agora parte do capital constante dos senhores da manufatura.
Antes, repartido entre inumeráveis pequenos produtores, que o culti-
vavam e fiavam em pequenas porções com suas famílias, está agora
concentrado nas mãos de um capitalista, que faz outros fiar e tecer
para ele. O trabalho extra despendido na fiação do linho realizava-se
antes como receita extra de inumeráveis famílias camponesas ou, ao
tempo de Frederico II, também em impostos pour le roi de Prousse.739
Ele realiza-se agora no lucro de alguns poucos capitalistas. Os fusos
e teares, antes disseminados pelo interior, estão agora concentrados
em algumas grandes casernas de trabalho, tal como os trabalhadores
e como a matéria-prima. E os fusos, os teares e a matéria-prima, de
meios de existência independente para fiandeiros e tecelões, transfor-
mam-se, de agora em diante, em meios de comandá-los740 e de extrair
deles trabalho não-pago. Nas grandes manufaturas, bem como nos gran-
des arrendamentos, não se nota que se originam da reunião de muitos
pequenos centros de produção e que são formados pela expropriação
de muitos pequenos produtores independentes. Entretanto, a observa-
ção imparcial não se deixa enganar. Ao tempo de Mirabeau, o leão da
revolução, chamavam as grandes manufaturas ainda de manufactures
réunies, oficinas reunidas, assim como falamos de campos reunidos.
“Vêem-se apenas”, diz Mirabeau, “as grandes manufaturas,
onde centenas de pessoas trabalham sob as ordens de um diretor
e que costumeiramente são chamadas de manufaturas reunidas
(manufactures réunies). Aquelas, ao contrário, em que trabalha
um número muito grande de trabalhadores dispersos e cada um
por conta própria, quase não são consideradas dignas de um olhar.
São colocadas bem no fundo. Esse é um erro muito grande, pois
só elas constituem um componente realmente importante da ri-
queza do povo. (...) A fábrica reunida (fabrique réunie) enriquecerá
maravilhosamente um ou dois empresários, os trabalhadores, po-
rém, são apenas jornaleiros e em nada participam do bem-estar
do empresário. Na fábrica separada (fabrique séparée), ao con-
OS ECONOMISTAS
366
739 Para o rei da Prússia. (N. dos T.)
740 "Eu concederei", diz o capitalista, “que vós tenhais a honra de servir-me, sob a condição
de que vós me deis o pouco que vos resta pelo incômodo que me faço de vos comandar.”
(ROUSSEAU, J. J. Discours sur l’Économie Politique [Genève, 1760. p. 70].)

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