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Como podemos explicar o imperialismo com partilha da África?

A palavra “imperialismo”, no sentido moderno, desenvolveu-se primordialmente na língua inglesa, sobretudo depois de 1870. Seu significado sempre foi objeto de discussão, à medida que se propunham diferentes justificativas para formas de comércio e de governo organizados. Havia, por exemplo, uma campanha política sistemática para equiparar imperialismo e “missão civilizatória”.  Adaptado de WILLIAMS, Raymond. Um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo: Boitempo, 2007. No final do século XIX, os europeus defendiam seus interesses imperialistas nas regiões africanas e asiáticas, justificando-os como missão civilizatória. Como podemos explicar essa afirmação?
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Enviado por José Roberto Lopes Leão há 12 anos

Respostas

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Kauê Otávio

há 12 anos

O Imperialismo, primeiramente, não se dá só no âmbito militar/expansionista, político-econômico. O imperialismo é também cultural. Se pegarmos pós-colonialistas como Edward Said, que escreveu sobre o Imperialismo principalmente nas terras do Levante (Oriente Médio), o imperialismo é um discurso do Ocidente para inferir verdades sobre o Oriente (já supondo aí que haja uma separação, e que para haver essa separação, um tem de reconhecer o outro como "outro (que não eu/que não igual a mim)." O aparato ideológico do imperialismo europeu serviu para construir conhecimento para subjugar os povos que estavam sob o jugo imperial (diversas terras na África e Ásia, mas de extrema importância, Egito e Índia). Era através do discurso da Missão Civilizatória que os ingleses justificavam sua intervenção nos governos locais. Pois estes povos, segundo a lógica imperialista, eram incivilizados, e portanto, incapazes do auto-governo, e a presença do europeu lhes faria bem, pois não só traria civilização (e suas conseqüências, como o bom governo, a justiça, etc.) como, com o tempo, permitiria que eles talvez viessem a adotar os mesmos valores, e portanto tornarem-se capazes do auto-governo eles mesmos.

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Kauê Otávio

há 12 anos

Já no que diz respeito à partilha da África, podemos responder de modo simplificado que as potências européias, para manter o equilíbrio no continente europeu e não entrar em guerra entre si, decidiram "dividir os espólios dos conquistados (entre os conquistadores)." A questão é: traçaram limites arbitrários no mapa africano que nada tinham a ver com os grupos étnicos locais. Assim, separaram grupos pertencentes a uma mesma etnia em diversos locais, como também juntaram numa mesma unidade sócio-política etnias que eram inimigas ancestrais, por exemplo. Desta forma, fomentaram conflitos que assolam as nações africanas até hoje, pois é impossível, para muitos destes países "descolonizados" formarem uma identidade nacional própria e coesa, uma vez que os elementos internos destes países possuem identidades antagônicas. Sobre esta questão, postei nos meus arquivos a série "General History of Africa", da UNESCO, em 8 volumes, e estou postando outra sobre África, em mais 8 volumes, "The Cambridge History of Africa." Recomendo as leituras. Abraço

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