Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Rio, 27 de outubro de 2010 Direito, psicologia e subjetividade Freud postulava a existência de uma pulsão de morte. Assim, a agressão humana passa a não constituir nenhum problema (é comum a natureza humana). Toda pessoa possuiria essa pulsão, independentemente de suas virtudes e defeitos. Winnicott rejeita a hipótese da pulsão de morte e passa a tentar explicar a existência (que é óbvia) da agressão dos homens. Sobre isso, “A agressão e suas raízes” deve ser lido. Sobre a dissociação: ela pode ser entendida como uma perda da integração e também como um mecanismo de defesa. O recalque é o mecanismo de defesa clássico – mas ele só começa a ocorrer a partir dos 3 ou 4 anos. A dissociação é separar as coisas impedindo que elas se juntem na nossa mente, impedindo que a pessoa entre em contato com sentimentos perturbadores – e é um mecanismo de defesa anterior ao recalque. O sujeito pode apresentar três formas de ver o outro. O bebê humano não enxerga o outro (não o diferencia de si próprio). Assim, há o objeto subjetivo: aquele que por ser criado pelo bebê, pode ser manipulado como ele quiser. Ocorre a legítima ilusão de onipotência. Depois, essa ilusão de onipotência é superada. Existem pessoas que nunca superam essa onipotência no plano emocional, passando a acreditar que todos devem querer aquilo que ele quer. Quando essa onipotência acaba, surge o objeto objetivo – e o bebê deixa de acreditar que é o criador e que pode manipular aquele objeto. A mãe tira a onipotência do bebê ao começar a falhar. Com isso, o bebê começa a pensar em termos lógicos – concluindo por fim que não é onipotente. Quando ele conclui que a mãe é outro ser, ele obteve a condição de se integrar. As percepções muito precoces ou muito tardias da diferenciação de si mesmo em relação ao mundo geram problemas. O objeto deixa de ser subjetivo e passa a ser objetivo a partir dos 6 meses. Entre esses objetos existe o objeto transicional. O trânsito está na consciência do bebê. O objeto transicional é um objeto que o bebê escolhe (pode ser um ursinho, uma melodia, um cobertor). O objeto simboliza a mãe e muitas vezes a criança não dorme sem ele. É o primeiro uso de um símbolo – criar símbolos é uma exclusividade dos seres humanos. A linguagem é uma utilização de símbolos. A criação do objeto transicional é o primeiro ato cultural do bebê. O segundo ato cultural do bebê é brincar. A criança que apresenta um comportamento anti-social não brinca. Brincar seria o exercício do poder da fantasia. O terceiro nível de cultura são todas as demais atividades culturais. Sendo assim, o caminho é: objeto transicional, brincar e demais manifestações culturais. O bebê, em sua mente, destrói a mãe devido a sua raiva. Porém, o fato da mãe continuar a existir comprova a não existência da onipotência. Ele passa a amar a mãe. O amor pressupõe a alteridade (quando se conhece a alteridade do outro, você descobre que pode amar). Na página 93 de “A agressão e suas raízes”, Winnicott ressalta o ódio do bebê (ele ainda considera o postulado freudiano da pulsão de morte). Apenas depois ele o desconsidera. Agressividade significa ir de encontro a: se esse movimento for frustrado, essa frustração torna-se raiva e a agressividade torna-se agressão. Assim, a repressão do movimento instintual é o perigo. Freud dizia que o psiquismo genuíno é inconsciente e que o psiquismo consciente é uma minoria (a maior parte dos processos é e permanece inconsciente). Para Winnicott, quando uma criança realiza um ato agressivo, nunca é apenas um instinto que está em jogo. A agressividade faz parte de um processo do mundo da fantasia – é processado no mundo interno. Uma pessoa que só vive no mundo interno é um psicótico. Quem não consegue reconhecer o mundo interno é um normopata. Agressividade e agressão são diferentes – a agressividade não necessariamente tem a intenção de fazer o mal. O caso da criança que mordia os outros é um caso de voracidade, que é parte de um amor primitivo. Sobre a motilidade: é aquilo que faz com que o bebê fique quieto ou se mexa. É a necessidade de se mover em conjunto com o mundo. Motilidade é a maneira de se relacionar com o mundo, com o real. Nesse artigo, para Winnicott, não podemos descobrir o porquê da agressividade – isso porque precisamos considerar o mundo da fantasia. O bebê passa a dramatizar o mundo interno no mundo externo: assim, ele coloca fora de si um conflito interno e vai convocar uma autoridade externa que lhe de a garantia de que esse mal que habita seu mundo interno prevalecerá. Exemplo: brigas dos pais podem ser internalizadas. Quando o bebê tem raiva, ele pode dramatizar, colocar para fora. Deve surgir, nesse caso, um limite para a criança. Se o pai não da o limite para a criança, ela mesma vai se limitar. Isso pode gerar uma criança deprimida. Há ainda a possibilidade de que a criança tende controlar sua raiva pela desativação da força vital em si, depois partindo para uma atividade maníaca (a síndrome da agitação é um exemplo). A mania é o contrário da depressão. Winnicott critica a atitude sentimentalista – a atitude de quem acredita que bebês e crianças são anjinhos, com apenas sentimentos bons e amorosos. Isso impede de enxergar a ambivalência existente em todos nós.