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aluno espert o .co m http://alunoesperto .com/classe-fato-e-acao-sociais Classe, Fato e Ação Sociais Humanas > Direito Classe, Fato e Ação Sociais 1º O que é classe social para Karl Marx? Karl Marx (1818 - 1883) - Nasceu em Treves, na Alemanha. Em 1836, matriculou-se na Universidade de Berlim, doutorando-se em f ilosof ia em Iena. Foi redator de uma gazeta liberal em Colônia. Mudou-se em 1842 para Paris, onde conheceu Friedrich Engels, seu companheiro de idéias e publicações por toda a vida. Expulso da França em 1845, f oi para Bruxelas, onde participou da recém-f undada Liga dos Comunistas. Em 1848 escreveu com Engels "O Manif esto do Partido Comunista", obra f undadora do "marxismo" enquanto movimento polít ico e social a f avor do proletariado. Com o malogro das revoluções sociais de 1848, Marx mudou-se para Londres, onde se dedicou a um grandioso estudo crít ico da economia polít ica. Marx f oi um dos f undadores da Associação Internacional dos Operários ou Primeira Internacional. Morreu em 1883, após intensa vida polít ica e intelectual. Suas principais obras f oram: A Ideologia Alemã; Miséria da Filosof ia; Para a Crít ica da Economia Polít ica; A Luta de Classes na França; e O Capital. Quando f alamos de Karl Marx, f alamos do materialismo histórico, a corrente mais revolucionária do pensamento social nas conseqüências teóricas e na prática social que propõe. É também um dos pensamentos mais dif íceis de compreender, explicar ou sintetizar, pois Marx produziu muito, suas idéias se desdobraram em várias correntes e f oram incorporadas por inúmeros teóricos. Esse materialismo histórico f oi a corrente mais revolucionária do pensamento social, tanto no campo teórico como no da ação polít ica. Podemos apontar algumas inf luências básicas no desenvolvimento do pensamento de Marx. Em primeiro lugar, coloca-se a leitura crít ica da f ilosof ia de Hengel, de quem Marx absorveu a aplicou, de modo peculiar, o método dialético. Também signif icativo f oi seu contato com o pensamento socialista f rancês e inglês do século XIX, de Claude Henri de Rouvroy, ou conde de Saint-Simon (1771-1858). Marx destacava o pioneirismo desses crít icos da sociedade burguesa, mas reprova o "utopismo" das suas propostas de mudança social. As três teorias desenvolvidas tinham como traço comum o desejo de impor de uma só vez uma transf ormação social total, implantando, assim, o império da razão e da justiça eterna. Nos três sistemas elaborados havia a eliminação do individualismo, da competição e da inf luência da propriedade privada. Tratava-se, por isso, de descobrir um sistema novo e perf eito de ordem social, vindo de f ora, para implantá- lo na sociedade, por meio da propaganda e, sendo possível, com o exemplo, mediante experiências que servissem de modelo. Com esta f ormulação, os três desconsideravam a necessidade da luta polít ica entre as classes sociais e o papel revolucionário do proletariado na realização dessa transação. Finalmente, há toda a crít ica da obra dos economistas clássicos ingleses, em particular Adam Smith e David Ricardo. Esse trabalho tomou a atenção de Marx até o f inal da vida e resultou na maior parte de sua obra teórica. A Idéia de Alienação Marx desenvolveu o conceito de alienação mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção (f erramentas, máquina, terra e matéria- prima), que se tornaram propriedade privada do capitalismo. Uma vez alienado, separado e mutilado, o homem só pode recuperar sua condição humana pela crít ica radical ao sistema econômico, à polít ica e à f ilosof ia que o excluíram da participação ef etiva da vida social. Essa crít ica radical só se ef etiva na "práxis", que é a ação polít ica consciente e transf ormadora. Com base nesse princípio, os marxistas vinculam a crít ica da sociedade à ação social polít ica. Marx propôs não apenas um novo método de abordar e explicar a sociedade mas também um projeto para a ação sobre ela. As Classes Sociais As idéias liberais consideravam os homens, por natureza iguais polít ica e juridicamente. Liberdade e justiça eram direitos inalienáveis de todos cidadão. Marx, por sua vez, proclama a inexistência de tal igualdade natural e observa que o liberalismo vê os homens como átomos, como se estivessem livres das evidentes desigualdades estabelecidas pela sociedade. Segundo Marx, as desigualdades sociais observadas no seu tempo eram provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, que dividem os homens em proprietários e não- -prorietários dos meios de produção. As desigualdades são à base da f ormação das classes sociais. As relações entre os homens se caracterizam por relações de oposição, antagonismo, exploração e complementaridade entre as classes sociais. Marx identif icou relações de exploração de classe dos proprietários - a burguesia - sobre a dos trabalhadores - o proletariado. Isso porque a posse de produção, sob a f orma legal de propriedade privada, f az com que os trabalhadores, a f im de assegurar a sobrevivência, tenham de vender sua f orça de trabalho ao empresário capitalista, o qual se apropria do produto do trabalho de seus operários. Max af irma que a classe proletária tem no capitalismo o papel de agente da transf ormação: "O progresso da indústria, cujo agente involuntário e sem resistência é a própria burguesia, provoca a substituição do isolamento dos operários, resultante de sua competição, por sua união revolucionária mediante a associação. Assim, o desenvolvimento da grande indústria abala a própria base sobre a qual a burguesia assentou o seu regime de produção e de apropriação. A burguesia produz, sobretudo, seus próprios coveiros. Sua queda e a vitória do proletariado são igualmente inevitáveis." (Karl Marx e Friedrich Engels, Manif esto do Partido Comunista, in "Cartas Filosóf icas e Outros Escritos, p. 96.) Essas mesmas relações são também de oposição e antagonismo, na medida em que os interesses de classe são inconciliáveis. O capitalismo deseja preservar seus direito à propriedade dos meios de produção e dos produtos e à máxima exploração do trabalho do operário, seja reduzindo os salários, seja ampliado à jornada de trabalho. O trabalhador, por sua vez, procura diminuir a exploração ao lutar por menor jornada de trabalho, melhores salários e participação nos lucros. Por outro lado, as relações entre as classes são complementares, pois uma só existe em relação à outra. Só existem proprietários porque há uma massa de despossuídos cuja única propriedade é sua f orça de trabalho, que precisam vender para assegurar a sobrevivência. As classes sociais, são, pois, apesar de sua oposição intrínseca, complementares e interdependentes. A história do homem é, segundo Marx, a história da luta de classes, da luta constante entre interesses opostos, embora esse conf lito nem sempre se manif este socialmente sob a f orma de guerra declarada. As divergências, oposições e antagonismos de classes estão subjacentes a toda relação social, nos mais diversos níveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da propriedade privada. A Origem Histórica do Capitalismo O capitalismo surge na história quando, por circunstâncias diversas, uma enorme quantidade de riquezas se concentra nas mãos de uns poucos indivíduos, que têm por objetivo a acumulação de lucros cada vez maiores. A Revolução industrial introduziu inovações técnicas na produção que aceleraram o processo de separação entre o trabalhador e os instrumentos de produção. As máquinas e tudo o mais necessário ao processo produtivo f icaram acessíveis somente aos mais ricos. Com isso, multiplicou-se o número de operários, isto é, trabalhadores "livres" expropriados, artesões que desistiram da produção individual e empregava-se nas indústrias. O Salário Ele surge como um contrato entre capitalista e operário, mediante o qual o primeiro compra ou "aluga por um certo tempo" a f orça do trabalho e, em troca, paga ao operário uma quantia em dinheiro, o salário. O calculo do salário depende do preço dos bens necessários à subsistência do trabalhador. O tipo de bens necessários depende, por sua vez, dos hábitos e dos costumes dos trabalhadores. Isso f az com que o salário varie de lugar pra lugar. Além disso, o salário depende ainda da natureza do trabalho e da destreza e da habilidade do próprio trabalhador. No cálculo do salário de um operário qualif icado deve-se computar o tempo que ele gastou com educação e treinamento para desenvolver suas capacidades. Trabalhador, Valor Lucro O trabalho para Marx é a reanimação de um outro trabalho passado. Os economistas ingleses já haviam postulado que o valor das mercadorias dependia do tempo de trabalho gasto na sua produção. Marx acrescentou que este tempo de trabalho se estabeleça se estabelecia em relação a habilidades individuais médias e às condições técnicas vigentes na sociedade. Por isso, dizia que no valor de uma mercadoria era incorporado o tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção. O lucro, para ele, não é o âmbito da compra e venda de mercadorias que se encontram bases estáveis nem para o lucro dos capitalistas individuais nem pra a manutenção do sistema capitalista. Ao contrário, a valorização da mercadoria se dá no âmbito de sua produção. A Mais-valia Suponhamos, por exemplo, que o operário tenha uma jornada diária de nove horas e conf eccione um par de sapatos a cada três horas. Nestas três horas, ele cria uma quantidade de valor correspondente ao seu salário, que é suf iciente para obter o necessário à sua subsistência. Como o capitalista lhe paga o valor de um dia de f orça de trabalho, o restante do tempo, seis horas, o operário produz mais mercadorias, que geram um valor maior do que lhe f oi pago na f orma de salário. A duração da jornada de trabalho resulta, portanto, de um cálculo que leva em consideração o quanto interessa ao capitalista produzir para obter lucro sem desvalorizar seu produto. Ora, por exemplo, se temos uma jornada de nove horas, ao f inal da qual o sapateiro produza três pares de sapatos. Cada para continua valendo 150 unidades de moeda, mas agora eles custam menos ao capitalista. É que, no cálculo do valor de três pares, a quantia relativa ao salário de um dia trabalhado, permaneceu constante. Desse modo, o custo de cada par de sapatos se reduziu a 130 unidades. Assim, ao f inal da jornada de trabalho, o operário recebe 30 unidades de moeda, ainda que seu trabalho tenha rendido o dobro ao capitalista: 20 unidades de moeda, em cada um dos três pares de sapatos produzidos. Esse valor a mais não retorna ao operário: incorpora-se no produto e é apropriado pelo capitalista. Visualize-se, portanto, que uma coisa ;e o valor da f orça de trabalho, isto é, o salário, e outra é o quanto esse trabalho rende ao capitalista. Esse valor excedente produzido pelo operário é o que Marx chama de mais-valia. As Relações Polít icas Marx constata dif erença entre as classes sociais não se reduzem a uma dif erença quantitativa de riquezas, mas expressam uma dif erença de existência material. Os indivíduos de uma mesma classe social partilham de uma situação de classe comum, que inclui valores, comportamentos, regras de convivência e interesses. Estas dif erenças estão presentes na distribuição do poder. Para Marx as condições específ icas de trabalho geradas pela industrialização tendem a promover a consciência de que há interesses comuns para o conjunto da classe trabalhadora e, conseqüentemente, tendem a impulsionar a sua organização polít ica para a ação. A classe trabalhadora, portanto, vivendo uma mesma situação de classe e sof rendo progressivo empobrecimento em razão das f ormas cada vez mais ef icientes de exploração do trabalhador, acaba por se organizar polit icamente. Essa organização é que permite a tomada de consciência da classe operária e sua mobilização para a ação polít ica. Materialismo Histórico Marx parte do princípio de que a estrutura de uma sociedade qualquer ref lete a f orma como os homens organizam a produção social de bens. A produção social, segundo Marx, engloba dois f atores básicos: as f orças produtivas e as relações de produção. Forças Produtivas são as condições materiais de toda a produção. Qualquer processo de trabalho implica: determinados objetos, isto é, matérias-primas identif icadas e extraídas da natureza; e determinados instrumentos, ou seja, o conjunto de f orças naturais já transf ormadas e adaptadas pelo homem, como f erramentas ou máquinas, utilizadas segundo uma orientação técnica específ ica. O homem é o elemento responsável pela ligação entre a natureza e a técnica do instrumento. Relação de Produção são as f ormas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Essas relações se ref erem às diversas maneiras pelas quais são apropriados e distribuídos os elementos envolvidos no processo de trabalho (matérias-primas, instrumentos, e a técnica, os próprios trabalhadores e o produto f inal). Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda atividade produtiva que ocorre em sociedade. A f orma pela qual ambas existem e são reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx def ine como modo de produção. Modos de produção: Asiático Germânico Antigo É a primeira f orma que se seguiu à dissolução da comunidade primitiva. Sua característica f undamental era a organização da agricultura e da manuf atura em unidades comunais auto- -suf icientes. Sobre elas, havia um governo, que poderia organizar os custos com guerras e obras econômica- -mente necessárias, como irrigação e vias de comunicação. As aldeias eram centros de comércio exterior, e a produção agrícola excedente era apropriada em f orma de tributo pelo governo. A propriedade era comunal ou tribal. É o tipo característico da China e do Egito antigos, também conhecido por despotismo oriental. A coesão entre os indivíduos é assegu- -rada pelas comunidades aldeãs. Neste modo de produção, cada lar ou unidade doméstica isolada constitui um centro independente de produção. A sociedade se organiza em linhagens, segundo parentesco consan- -güíneo, que transmite o of ício e a herança da posses- -são ou do domínio. Eventual- -mente, esses lares isolados unem-se para atividades guerreiras, Neste as pessoas mantêm relações de localidade e não consangüinidade. O trabalho agrícola era considerado atividade própria de cidadãos livres. Dessa relação entre cidadania e trabalho agrícola tem origem a nação, polít ica- -mente centralizada no Esta- -do. A vida é urbana, mas baseada na propriedade da terra, f ato que Marx chama de ruralização da cidade. A cidade é o centro da comuni- religiosas ou para a solução de disputas legais. A sociedade é essencialmente rural. O isolamento entre os domínios torna-os potencial- -mente mais "individualistas" que a comunidade aldeã asiática. O Estado como entidade não existe. Este modo de produção caracte- -riza as populações "bárba- -ras" da Europa antiga. -dade, havendo dif erença entre as terras do Estado e a propriedade particular explo- -rada pelos "patrícios" (cida- -dãos livres proprietários) por meio de seus clientes. As sociedades típicas desse modo de produção são a grega e a romana. A Historicidade e a Totalidade A teoria marxista não só repercutiu na Europa, mas também, levou intelectuais à crít ica da realidade e inf luenciou as atividades científ icas de um modo geral e as ciências humanas particular. Além de elaborar uma teoria que condenava as bases sociais da espoliação capitalista, conclamando os trabalhadores a construir, por meio de sua práxis revolucionária, uma sociedade assentada na justiça social e igualdade real entre os homens, Marx conseguiu, como nenhum outro, com sua obra, estabelecer relações prof undas entre a realidade, a f ilosof ia e a ciência. Para Marx, a realidade social era uma concretude histórica, isto é, um conjunto de relações de produção que caracteriza um momento histórico. A Amplitude da Contribuição de Marx Marx contribui para uma nova abordagem do conf lito, da relação entre consciência e realidade, e da dinâmica histórica. A Sociologia, o Socialismo e o Marxismo A teoria marxista teve ampla aceitação teórica e metodológica, assim como polít ica e revolucionária. Já em 1864, em Londres, Karl Marx e Friedrich Engels estruturaram a Primeira Associação Internacional ed Operários, ou Primeira Internacional, promovendo a organização e a def esa dos operários em nível internacional. Extinguida em 1873, a dif usão das idéias e das propostas marxistas f icou por conta dos sindicatos existentes em diversos países e nos partidos, especialmente os social-democratas. A Segunda Internacional surgiu na época do centenário da Revolução Francesa (1889), quando diversos congressos socialistas tiveram lugar nas principais capitais européias, com várias tendências, nem sempre conciliáveis. A Primeira Guerra Mundial pôs f im a Segunda Internacional, em 1914. Em 1917, uma revolução inspirada nas idéias de marxistas, a Revolução Bolchevique, na Rússia, criava no mundo o primeiro Estado operário. Em 1919, inaugurava-se a Terceira Internacional ou Comintern, que, como a primeira, procurava dif undir os ideais comunistas e organizar os partidos e a luta dos operários pela tomada do poder. Ela continua atuante até hoje, enf rentando intensa crise provocada pelo f im da União Soviética e pela expansão mundial do neoliberalimo. Os ideais marxistas se adequavam também perf eitamente à luta pela independência que surgia nas colônias européias da Áf rica e da Ásia, após Primeira e a Segunda Guerra Mundial, assim como à luta por soberania e autonomia, existente nos países latinos- -americanos. Toda essa explicação a respeito do marxismo se f az necessária por diversas razões. Em primeiro lugar porque a sociologia conf undiu-se com socialismo em muitos países, em especial nos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Entre eles, a derrocada do império soviético f oi sentida como uma condenação e quase como a inviabilidade da própria ciência. A teoria marxista transcende o momento histórico no qual f oi concebida e, os regimes polít icos inspirados por ela. 2º O que fato social para Émille Durkheim? Émille Durkheim (1858 - 1917) - Nasceu em Epinal, na Alsácia, descendente de uma f amília de rabinos. Iniciou seus estudos f ilosóf icos na Escola Normal Superior de Paris, indo depois para a Alemanha. Lecionou sociologia em Bordéus, primeira cátedra dessa ciência criada na França. Transf eriu-se em 1902 para Sorbonne, pra onde levou inúmeros cientistas, entre eles seu sobrinho Marcel Mauss, reunindo-se num grupo que f icou conhecido como escola sociológica f rancesa. Suas principais obras f oram: Da Divisão do Trabalho Social; As Regras do Método Sociológico; O Suicídio; Formas Elementares da Vida Religiosa; Educação e Sociologia; e Lições de Sociologia (Obra Póstuma). Para Durkheim f ato social é o objeto da sociologia que se divide em três características: A Coerção Social é a primeira característica, ou seja, a f orça que os f atos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conf ormar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha. Essa f orça se manif esta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um determinado código de leis. O grau de coerção dos f atos sociais se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo estará sujeito quando tenta se rebelar contra elas. As sanções podem ser legais ou espontâneas; legais são, quando são prescritas para a sociedade, sob f orma de leis (nossos códigos). Espontâneas seriam aquelas sanções impostas por um certo grupo social a uma pessoa, e nas aquelas imposta a sociedade, para ilustrar o f ato social espontâneo: "Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas, se o f izer, terei a ruína como resultado inevitável." - Émille Durkheim. A educação desempenha, segundo Émille Durkheim, uma importante taref a nessa conf ormação dos indivíduos à sociedade em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as regras estarem internalizadas e transf ormadas em habito. O uso de uma determinada língua ou o predomínio no uso da mão direita são internalizados no indivíduo que passa a agir assim sem sequer pensar a respeito. A segunda característica dos f atos sociais é que eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade dou de sua adesão consciente, ou seja, são exteriores aos indivíduos. Essa segunda característica se ref ere às leis, regras sociais, costumes que já existem na sociedade, antes do nascimento do indivíduo, assim sendo, essas pessoas não tem escolha pra escolher se aceitam ou não o que está sendo imposto. A terceira característica é a generalidade . É social todo o f ato que é geral, ou seja, que se repete por todos indivíduos em uma dada sociedade ou, pelo menos, na maioria deles. São manif estadas de diversas f ormas, na habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral. A Objetividade do Fato Social Para Émille Durkheim, como para os posit ivistas de maneira geral, a explicação científ ica exige que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em relação aos f atos, resguardando a objetividade da análise. Além disso o sociólogo deve deixar de lado suas premonições, isto é, suas concepções pessoais em relação ao acontecimento a ser estudado devem ser esquecidas, isto é, por exemplo, em uma briga entre gangues, o cientista não deveria envolver-se nem permitir que seus valores interf erissem na objetividade de sua análise. Para Durkheim a subjetividade deveria ser deixa de lado. Durkheim aconselhava o cientista a estudar os f atos sociais como coisas. Fenômenos que lhe são exteriores e pode ser observados e medidos de f orma objetiva. Para apoderar-se dos f atos sociais, o cientista deve identif icar, dentre os acontecimentos gerais e repetit ivos, aqueles que apresentam características exteriores e comuns. Assim, por exemplo, o conjunto de atos que suscitam na sociedade reações concretas classif icadas como "penalidades" constituem os f atos sociais identif icáveis como "crime". Vemos que os f enômenos devem se sempre considerados em suas manif estações coletivas, distinguindo-se dos acontecimentos individuais ou acidentais. A generalidade distingue o essencial do f ortuito e especif ica a natureza sociológica dos f enômenos. Organismo em Adaptação Durkheim achava que a sociologia não existiria só para explicar a sociedade, mas também, encontrar soluções para os diversos conf litos. A sociedade sendo um organismo apresentam estados normais (saudáveis) e patológicos (doentios). Para ele f atos normais dentro de uma dada sociedade seriam aquele f ato que se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma f unção importante para sua adaptação ou sua evolução. Por exemplo, podemos citar o "crime" como f ato normal que é encontrado não apenas em todas as sociedades, mas também em todo os tempos, mas também por representar um f ato social que integra as pessoas em torno de uma conduta valorativa, que pune o comportamento considerado nocivo. A generalidade de um f ato social representava, para Durkheim, o consenso social e a vontade coletiva. Ele diz: "... para saber se o estado econômico atual dos povos europeus, com sua característica ausência de organização, é normal ou não, procurar-se-á no passado o que lhe deu origem. Se estas condições são ainda aquelas em que atualmente se encontra nossa sociedade, é porque a situação é normal, a despeito dos protestos que desencadeia." Portanto, normal é aquele f ato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que ref lete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população. Patológico é aquele que se encontra f ora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os f atos patológicos, como doenças, são considerados transitórios e excepcionais. Consciência Coletiva Durkheim, em todo sua teoria, pretende demonstrar que os f atos sociais têm existência própria e independem daquilo que pensa e f az cada indivíduo em particular. Embora todos possuam sua consciência individual, seu modo próprio de se comportar a interpretar a vida, pode-se notar, no interior de qualquer grupo ou sociedade, f ormas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação está na base do que Durkheim chamou de consciência coletiva. Trata-se do "conjunto das crenças e dos sentimentos comuns a media dos membros de uma mesma sociedade" que "forma um sistema determinado próprio". Para ele, a consciência coletiva é, em certo sentindo, a f orma moral vigente na sociedade. Ela aparece como um conjunto de regras f ortes e estabelecidas que atribuem valor e delimitam os atos individuais. É a consciência coletiva que def ine o que, numa sociedade, é considerado imoral, reprovável ou criminoso. Morfologia Social, as Espécies Sociais O campo da morf ologia social, ou seja a classif icação das espécies sociais numa nítida ref erência às espécies estudadas em biologia. Essa ref erência, utilizada também em outros estudos teóricos, tem sido considerada errônea uma vez que todo comportamento humano, por mais dif erente que se apresente, resulta da expressão de características universais de uma mesma espécie. Durkheim acreditava numa evolução geral das espécies sociais a partir da horda, isto é, a horda sendo a f orma social mais simples, igualitária, reduzida a um único segmento onde os indivíduos se assemelhavam aos átomos, isto é, se apresentavam iguais e justapostos. Desse ponto de partida, f oi possível uma série de combinações das quais originaram-se outras espécies sociais identif icáveis no passado e no presente, tais como os clãs e tribos. Para Durkheim a normalidade só se pode ser entendida em f unção do estágio social da sociedade em questão: "... do ponto de vista puramente biológico, o que é normal para o selvagem não o é sempre para o civilizado, e vice-versa." A classif icação das sociedades f eita por Durkheim: Ele estabeleceu uma passagem da: Solidariedade Mecânica predominava nas sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identif icavam por meio de f amília, da religião, da tradição e dos costumes, permanecendo em geral independentes e autônomos em relação à divisão do trabalho social. A consciência coletiva exerce aqui todo seu poder de coerção sobre os indivíduos. Para a: Solidariedade Orgânica é típica das sociedades capitalistas, onde, pela acelerada divisão do trabalho social, os indivíduos se tornavam interdependentes. Essa interdependência garante a união social, em lugar dos costumes, das tradições ou das relações sociais estreitas. Nas sociedades capitalistas, a consciência coletiva se af rouxa. Assim, ao mesmo tempo em que os indivíduos são mutuamente dependente, cada qual se especializa numa atividade e tende a desenvolver maior autonomia pessoal. Durkheim e a Sociologia Científ ica Durkheim se distingue dos demais posit ivistas porque suas idéias ultrapassam a ref lexão f ilosóf ica e chegaram a constituir um todo organizado e sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre a sociedade. Ele, em seus estudos inovador, se apoiava na matemática estatística e uma integrada utilização das análises qualitativas e quantitativas. Observação, mensuração e interpretação eram aspectos complementares do método durkheimiano. Assim, elaborou um conjunto coordenado de conceitos e técnicas de pesquisa que, embora norteado por princípios das ciências naturais, guiava o cientista para o discernimento de um objeto de estudo próprio e dos meios adequados para interpreta- lo, com isso Durkheim estabeleceu limites e dif erenças entre a particularidade e a natureza dos acontecimentos f ilosóf icos, históricos, psicológicos e sociológicos. Pode-se dizer que já se delineava uma apreensão da sociologia em que se relacionavam harmonicamente o geral e o particular. 3º O que é ação social para Max Weber? Max Weber (1864 - 1920) - Nasceu em Erf urt, na Alemanha, numa f amília de burgueses liberais. Desenvolveu estudos de direito e f ilosof ia, história e sociologia, constantemente interrompidos por uma doença que o acompanhou por toda vida. Iniciou a carreira de prof essor em Berlim e, em 1895 f oi catedrático na Universidade de Heidelberg, Manteve contato permanente com intelectuais de sua época, como Simmel Sombart, Tönnies e Georg Lukács. Na polít ica, def endeu ardorosamente seus pontos de vista liberais e parlamentaristas e participou da comissão redatora da Constituição da República de Weimar. Sua maior inf luência nos ramos especializados da sociologia f oi no estudo das religiões, estabelecendo relações entre f ormações polít icas e crenças religiosas. Suas principais obras f oram: Artigos Reunidos da Teoria da Ciência; Economia e Sociedade; O Suicídio; Formas Elementares da Vida Religiosa; Educação e Sociologia; e A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo (Obra Póstuma). Ação Social: Uma Ação com Sentido Cada f ormação social adquiriu, para Weber, especif icidade e importância próprias. Mas o ponto de partida da sociologia de Weber não estava nas entidades coletivas, grupos ou instituições. Seu objeto de investigação é a ação social, a conduta humana dotada de sentido, isto é, de uma justif icativa subjetivamente elaborada. Assim, o homem passou a ter, enquanto indivíduo, na teoria weberiana, signif icado e especif icidade. É ele que dá sentindo a ação social: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus ef eitos. Para a sociologia posit ivista, a ordem social submete os indivíduos como f orça exterior a eles. Para Weber, ao contrário, não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas sociais só se tornam concretas quando se manif estam em cada indivíduo sob a f orma de motivação. Cada sujeito age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses racionais ou pela emotividade. O motivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que é social na medida em que cada indivíduo age levando em conta a resposta ou a reação de outros indivíduos. A taref a do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações humanas presentes na realidade social que lhe interesse estudar. O sentido, por um lado, é expressão da motivação individual, f ormulado expressamente pelo agente ou implícito em sua conduta. O caráter social da ação individual decorre, segundo Weber, da interdependência dos indivíduos. Um ator age sempre em f unção de sua motivação e da consciência de agir em relação a outros atores. Por outro lado, a ação social gera ef eitos sobre a realidade em que ocorre. Tais ef eitos escapam ao controle e à previsão do agente. Ao cientista compete captar, pois, o sentindo produzido pelos diversos agentes em todas as suas conseqüências. As conexões que o cientista estabelece entre motivos e ações sociais revelam as diversas instâncias da ação social - polít icas, econômicas ou religiosas. O cientista pode, portanto, descobrir o nexo entre as várias etapas em que se decompõe a ação social. Por exemplo, o simples ato de enviar uma carta se decompõe em uma série de ações sociais com sentido - escreve, selar, enviar e receber - que terminam por realizar um objetivo. Por outro lado, muitos agentes ou atores estão relacionados a essa ação social - o atendente, o carteiro, etc. Essa interdependência entre os sentidos das diversas ações - mesmo que orientadas por motivos diversos - é que dá a esse conjunto de ações seu caráter social. É o indivíduo que, por meio de valores sociais e de sua motivação, produz o sentido da ação social. Isso não signif ica que cada sujeito possa prever com certeza todas as conseqüências de determinada ação. Como dissemos, cabe ao cientista perceber isso. Não signif ica também a análise sociológica se conf unda com a análise psicológica. Por mais individual que seja o sentido de minha ação, o f ato de agir levando em consideração o outro dá um caráter social a toda ação humana. Assim, o social só se manif esta em indivíduos, expressando-se sob a f orma de motivação interna e pessoal. Por outro lado, Weber distingue a ação da relação social. Para que se estabeleça uma relação social, é preciso que o sentido seja compartilhado. Por exemplo, um sujeito que pede uma inf ormação a outro estabelece uma ação social: ele te um motivo e age em relação a outro indivíduo, mas tal motivo não é compartilhado. Numa sala de aula, onde o objetivo da ação dos vários sujeitos é compartilhado, existe uma relação social. Pela f reqüência com que certas ações sociais se manif estam, o cientista pode conceber as tendências gerais que levam os indivíduos, em dada sociedade, a agir de determinado modo. A Tarefa do Cientista Weber rejeita a maioria das proposições posit ivistas: o evolucionismo, a exterioridade do cientista social em relação ao objeto de estudo, ou seja, as sociedades, e a recusa em aceitar a importância dos indivíduos e dos dif erentes momentos históricos na análise da sociedade. Ele dizia que o cientista, como todo indivíduo em ação, age guiado por seus motivos, sua cultura, sua tradição. Dif erente de Durkheim que dizia que o cientista teria que deixar suas premonições de lado. Entretanto, uma vez iniciado o estudo, este deve se conduzir pela busca da maior objetividade na análise dos acontecimentos. A realização da taref a científ ica não deveria ser dif icultada pela def esa das crenças e das idéias pessoais do cientista. Para Weber, qualquer que seja a perspectiva adotada por um cientista, ela será sempre parcial. Para Weber, os acontecimentos sociais, partem do indivíduo. Um mesmo acontecimento pode ter causas econômicas, polít icas e religiosas. Nenhuma dessas causa é superior a outra em signif icância. Todas elas compõem um conjunto de aspectos da realidade que se manif esta, necessariamente, nos atos individuais. O que garante a cientif icidade de uma explicação é o método de ref lexão, não a objetividade pura dos f atos. Weber relembra que, embora os acontecimentos sociais possam ser quantif icáveis, a análise do social envolve sempre uma questão de qualidade, interpretação, subjetividade e compreensão. Assim, para entender como a ética protestante interf eria no desenvolvimento do capitalismo, Weber analisou os livros sagrados e interpretou os dogmas de f é do protestantismo. A compreensão da relação entre valor e ação permitiu- lhe entender a relação entre religião e economia. O Tipo Ideal Para atingir a explicação dos f atos sociais, Weber propôs um instrumento de análise que chamou de tipo ideal. O tipo ideal da Max Weber corresponde ao que Florestan Fernandes def iniu como conceitos sociológicos construídos interpretativamente como instrumentos de ordenação da realidade. O conceito, ou tipo ideal, é previamente construído e testado, depois aplicado e dif erentes situações em que dado f enômeno possa ter ocorrido. À medida que o f enômeno se aproxima ou se af asta da sua manif estação típica, o sociólogo pode identif icar e selecionar aspectos que tenham interesse à explicação como, por exemplo, os f enômenos típicos "capitalismo" e "f eudalismo". O tipo ideal não é modelo perf eito a ser buscado pelas f ormações sociais históricas nem mesmo qualquer realidade observável. É preciso deixar claro que o tipo ideal nada tem a ver com as espécies sociais de Durkheim, que pretendiam ser exemplos de sociedades observadas em dif erentes graus de complexidade num "continuum" evolutivo. A Ética Protestante e o Espírito Capitalista A Ética Protestante e o Espírito Capitalista Weber parte de dados estatísticos que lhe mostraram a proeminência de adeptos da Ref orma Protestante entre os grandes homens de negócios, empresários bem-sucedidos e mão-de-obra qualif icada. A partir daí, procura estabelecer conexões entre a doutrina e a pregação protestante, seus ef eitos no comportamento dos indivíduos e sobre o desenvolvimento capitalista. Weber descobre que os valores do protestantismo, como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho, atuavam de maneira decisiva sobre os indivíduos. Alguns dos principais aspectos da análise: A relação entre a religião e a sociedade não se dá por meios institucionais, mas por intermédio de valores introjetados nos indivíduos e transf ormados em motivos da ação social. A motivação do protestante, segundo Weber, é o trabalho enquanto dever e vocação, como um f im absoluto em si mesmo, e não o ganho material obtido por meio dele; O motivo que mobiliza internamente os indivíduos é consciente. Entretanto, os f eitos dos atos individuais ultrapassam a meta inicialmente visada. Buscando sair-se bem na prof issão, mostrando sua própria virtude e vocação e renunciando aos prazeres materiais, o protestante puritano se adequa f acilmente ao mercado de trabalho, acumula capital e o reinveste produtivamente; Ao cientista cabe, segundo Weber, estabelecer conexões entre a motivação dos indivíduos e os ef eitos de sua ação no meio social. Procedendo assim, Weber analisa os valores do catolicismo e do protestantismo, mostrando que os últ imos revelam a tendência ao racionalismo econômico que predominará no capitalismo; e Para constituir o t ipo ideal de capitalismo ocidental moderno, Weber estuda as diversas características das atividades econômicas em diversas épocas e lugares, antes e após o surgimento das atividades mercantis e da indústria. E, conf orme seus preceitos, constrói um tipo gradualmente estruturado a partir de suas manif estações particulares tomadas à realidade histórica. Assim, diz ser o capitalismo, na f orma típica, uma organização econômica racional assentada no trabalho livre e orientada para um mercado real, não para a mera especulação ou rapinagem. O capitalismo promove a separação entre empresa e residência, a utilização técnica de conhecimentos científ icos e o surgimento do direito e da administração racionalizados. Bibliografia GALLIANO, A. Guilherme, "Introdução à Sociologia", São Paulo, Ed. Harper & Row do Brasil , 1981. WEBER, Max. "Ensaios de Sociologia", 5º. ed., Rio de Janeiro, Guanabara, 1982. COSTA, Maria Cristina C., "Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade", São Paulo, Ed. Moderna, 1997. Classe, Fato e Ação Sociais Humanas > Direito