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DES0118 - Direito Constitucional I - Professor José Levi Mello do Amaral Júnior

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DES0118 - Direito Constitucional I - Camila Oliveira 18521.pdf
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
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Direito Constitucional 
08/03/2012 
 
15/03/2012 
Constitucionalismo 
É um movimento político-ideológico decorrente das revoluções liberais, porque foram 
feitas as Constituições, de modo a acabar com o absolutismo e prevenir a volta. 
Revolução Inglesa (1688-89) 
Rev. Americana (1776) 
Rev. Francesa (1789) 
Constitucionalismo moderno – já que existiu constituição anteriormente, chamamos de 
constitucionalismo antigo (experiência democrática grega) 
- Democracia ateniense 
- “Política” de Aristóteles 
É o modo como as magistraturas se organizam na cidade (conceito de constituiçõ para 
Aristóteles). 
 
Democracia de Atenas: 
- Democracia direta (reunião deliberativa na Ágora) 
- A Lei na Atenas antiga era mera explicitação de um Direito já praticado, herdado de gerações 
passadas 
 
1) Graphe paranomom – mecanismo controlador das leis, da conformidade das leis com o 
Direito herdado 
1.1) Exemplo mais remoto de “controle de constitucionalidade” 
1.1.1) Através do tribunal dos Heliastas 
Os cargos públicos eram preenchidos de forma democrática, explicitada pelo sorteio. 
Cargos de curta duração, profunda compreensão de igualdade. 
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431 a.C. Péricles profere, em discurso fúnebre, o primeiro emprego da palavra democracia. 
 
FORMAS/REGIMES DE GOVERNO (DOIS CORTES) 
Quantitativo Qualitativo 
Quantos governam? Para o bem comum ou bem próprio? 
 
Como evitar a degeneração das formas puras de governo? Juntar todas as formas de bom 
comum em um único governo 
Exemplo: República romana 
Analogia – Um – cônsul 
 Poucos – senado 
 Todos – assembleia da plebe 
SPQR: O senado (autoridade) e o povo romano (poder) 
 
 
Direito Constitucional 22.03.2012 
 
Podemos dividir as Constituições em: 
1. Escritas - brasileira 
2. Não escritas – inglesa – costumeira – conjunto de práticas havidas entre as casas do 
parlamento, entre a coroa e o parlamento; não exclui leis que tenham que vez ou outra 
modificar esses costumes, essas práticas. 
 
a) Rígidas – forma de alteração diferente da forma de alteração de uma lei. A 
modificação é mais difícil, não pode ser alterada por uma lei comum do congresso. 
Primeiro pressuposto: escritas 
Segundo pressuposto: mecanismo próprio de alteração 
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Terceiro pressuposto: mecanismo de controle da constitucionalidade 
b) Flexíveis – pode ser alterada por uma lei qualquer ou aquela cuja alteração não requer 
uma solenidade diferente daquela reservada pela alteração da lei comum. 
c) Alguns autores falam ainda da Constituição semi-rígida, que seria a Constituição do 
Império do Brasil. O professor não concorda com esta classificação, pois acredita que 
ela tinha na verdade uma parte rígida e uma parte não rígida. 
 
Falando agora das normas constitucionais: 
I) Materias – normas que tocam em assuntos próprios da Constituição; 
II) Formais – Normas que gozam da forma constitucional, que estão na Constituição. 
Por estar dentro são mais difíceis de alterar – só pode ser alterado por emenda 
constitucional e NUNCA por lei 
 
Exemplos: Lei citada como materialmente constitucional mas que não está na 
Constituição: lei orgânica da magistratura nacional que coloca a vitalicidade, 
inamovibilidade, irredutibilidade dos vencimentos, etc. A lei eleitoral também é 
materialmente constitucional, mas não está na constituição. 
Dúvida: cláusulas pétrias – matéria mais aprofundada, que será discutida no 
ponto de poder constituinte. 
Terceira classificação da Constituição – Paollo Rufino 
I) Substancial –Conjunto de normas materialmente constitucionais – conjunto de 
normas que trata de assuntos próprios da nossa constituição segundo a cultura. 
II) Formal – Conjunto normativo requer um procedimento diferente de alteração daquele 
da lei comum. 
III) Documental – Há um texto solene que se proclama. Tenta revelar uma boa parte da 
Constituição substancial. Há um documento constitucional, uma lei solene, que não 
significa que há uma forma de alteração mais dificultosa do que a lei comum. 
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Exemplo: a primeira constituição italiana de 1848 podia ser alterada por qualquer lei 
– diferentemente da formal, ou seja, ela é documental, mas não é formal. 
Há outras constituições que tem forma de alteração difícil, porém não estavam consolidadas em 
único texto (não eram documentais). Neste caso não havia uma Constituição documental, mas 
havia formal. 
 
Quarta classificação – Loewenstein 
Não faz exame apenas dogmático da Constituição – utiliza-se também do contexto político. 
Acha, por isso, as classificações insuficientes, por não serem reveladoras das relações de poder 
político existentes em cada estado. 
I) Constituição normativa – se faz efetiva no jogo de poder, disciplina o poder ou 
formas da Constituição – que é fruto das relações de poder. Nela detentores e 
destinatários do poder se confundem. É um traje, uma roupa, vestida pelo Estado. 
II) Constituição nominal – é absolutamente ignorada pelos dententores do poder. É um 
traje bonito que fica no armário, não serve no corpo do Estado, mas tem a pretensão 
de um dia servir. 
III) Constituição semântica – é feita pelos detentores do poder apenas para dar forma 
constitucional para um regime autoritário – poder dissociado dos destinatários do 
poder. O Estado veste o traje, mas ele não passa de um disfarce. 
 
Exemplos: I) Constituição de 88, que mesmo com todos os problemas é normativa; II) 
Constituição de 34 (ou 64?); III) constituição de 37 e 67. 
 
Reposição da aula do dia 29.03 
 
Ciclos do Constitucionalismo - São 10; cinco dos quais se sucedem entre o século XVIII 
e vão até o início do século XX. No século XX há mais cinco ciclos que não se sucedem, se 
sobrepõe no tempo – em parte correm em paralelo. 
Primeiro grupo – ciclos que se sucedem: 
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1. Constituições revolucionárias (século XVIII) 
 A primeira é a americana (1787) 
 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) – não é Constituição 
especificamente, mas é assunto constitucional. Inclusive fez parte da constituição 
francesa. 
 A primeira Constituição francesa de 1791; as duas de 1793 e a de 1795. 
 
2. Ciclo das Constituições Napoleônicas – 1799 até 1815 
 
3. Ciclo de Constituições da Restauração – Napoleão queria espraiar a Revolução Francesa 
para toda Europa, quando ele caiu vários dos lugares que ele havia ocupado voltaram à 
sua vida política. Algumas monarquias se restauraram, mas não foram em termo de poder 
monárquico absoluto – monarquias constitucionalmente limitadas (regidas e limitadas 
pela Constituição) 
 
4. Ciclo das Constituições Liberais (1830 – 1848) – começa a haver reclame de democracia. 
 
5. Ciclo de Constituições democráticas que
culminam com o voto universal. A história 
inglesa politicamente é marcada pelo paulatino decréscimo do censo, ou seja, maior 
inclusão no jogo político eleitoral. Culmina com o voto universal para os homens. 
 
Esses ciclos culminam primeiro em um processo liberalizante e posteriormente 
democratizante. De que forma ocorreu a universalização do voto? 
Século XIX, conhecido como século das revoluções foi marcada pelas demandas proletárias. 
Não havia participação no Estado para minorar tais insatisfações, o que gerou um início de 
reivindicações. Se não é possível se incluir, começa-se a espalhar ideias revolucionários. Então 
os burgueses passam a incluir outras parcelas da população – decréscimo do censo – 
democratização. 
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Kelsen foi um dos primeiros a perceber esse fenômeno – a essência e o valor da democracia. 
Discussão acerca dos partidos políticos. 
 
Segundo grupo - ciclos que se sobrepõe: 
 
6. Ciclo das Constituições de Democracia racionalizada (Kelsen) – jogo democrático como 
um pêndulo que oscila entre a minoria e a maioria. A Democracia decorre de dois 
postulados de nossa razão prática: liberdade e igualdade. Kelsen radicalizou tanto a 
democracia que possibilitava a existência de um partido contrário a democracia. As 
Constituições deste período tentam disciplinar pela norma constitucional uma série de 
evoluções que até então estavam restritas à prática – houve a racionalização na forma de 
norma jurídica. 
A Constituição mais famosa desse ciclo é a de Weimar, de 1918. É essa que o Nazismo 
atropela; é um marco na história do Constitucionalismo por ser uma das primeiras a tentar 
regulamentar o parlamentarismo e trazia direitos sociais (a primeira a unir essas duas 
coisas). 
 
Zagrebelsky – fala de valores da democracia. Cética (positivista – Kelsen, por exemplo); 
dogmática é a liberal clássica, a sua verdade impunha o liberalismo burguês através do 
voto censitário; democracia crítica – tem valores que orientam o debate democrático em 
direção a obtenção de uma resposta boa. Pra ele o verdadeiro democrata é aquele que até 
o último instante tenta o diálogo. 
 
Após a derrocada dos regimes nazista e fascista, percebeu-se que não é possível ter uma 
Constituição sem um mínimo de valores, que sejam valores que defendam a própria 
democracia. 
 
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7. Ciclo das Constituições Sociais de Valores mínimos – protegem a própria democracia. 
Decorrente do que foi exposto acima 
 
8. Ciclo das Constituições autoritária entre guerras – Salazar, por exemplo. Tratam-se de 
Constituições semânticas, utilizando a classificação de Lewoeistein. 
 
9. Ciclo das constituições do terceiro mundo – Constituições que se inspiravam no mundo 
desenvolvido, havia a ilusão de que seria ideal a cópia destas constituições – o que 
obviamente não dava certo, tornavam-se Constituições inefetivas (nominais, segundo 
Loewenstein) 
 
10. Ciclo das Constituições socialistas – constituições do marxismo e leninismo; eram 
sobretudo constituições balanço – um balanço do que havia ficado pra trás e o que 
poderia ser feito pra frente. 
 
Democracia madura – liberdade e igualdade se promovendo mutuamente. 
 
Qual a diferença entre costume e Commom law (direito jurisprudencial). Este segundo 
observam, absorvem e trabalham os costumes e devolvem na forma de precedentes – não é um 
direito costumeiro, já que há todo esse processamento. Em outras palavras, Commom law passa 
por costumes mas não se resume a eles. É jurisprudencial por que se assenta em precedentes, que 
por sua vez devem ser compreendidos numa sequência de precedentes e em um contexto social. 
 
Aula 12/04/2012 
 
Direito fundamental: auto-executável, auto-aplicável. 
Classificações de normas constitucionais: 
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 Self executing: completas, hipótese e consequência claramente definidas; 
Ex.: Direitos Fundamentais verdadeiros (naturais, não dependem do Estado), 
Art. 5º CF. 
 No self executing (programático): estabelecem programas (executados a partir 
de uma lei). 
 
Classificação pelo professor José Afonso: 
1) Normas constitucionais de aplicabilidade imediata e de eficácia plena (self 
executing). 
2) Normas constitucionais de aplicação imediata e de eficácia contida. Normas 
desde logo aplicáveis, porém admite contenção de uma lei reguladora posterior. 
Ex.: Art. 5 º incido XIII CF, liberdade de trabalhar. 
3) Normas constitucionais de eficácia limitada: antes de sua aplicação geram 
efeitos* mínimos. 
Ex.: Art. 170 CF, busca do pleno emprego. 
Efeitos: 
 Impõe dever de legislar; 
 Impede legislação contrária a ela; 
 Se superveniente; em sentido contrário a uma lei anterior, essa lei é 
morta (caso de sucessão de constituições no tempo). 
“MENS LEGIS” - vontade da lei 
“MENS LEGISLATORIS” - vontade do legislador 
 
Técnicas de interpretação: 
 Gramatical: literalidade, é o ponto de partida da interpretação. 
 Histórica: como, quando, qual a pretensão da lei, quem, houve lei anterior, 
emenda, vetos. 
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 Sistemática: técnica elementar, já que em geral uma lei não se interpreta sozinha, 
se interpreta na sua conjugação com as demais leis vigentes no país (se articula 
com as outras leis). 
 Teleológica: vocacionado a revelar o fim da lei, finalidade. 
 
Aula 19/04/2012 
Poder Constituinte 
Sua doutrina pode ser entendida como uma derivação das velhas doutrinas 
contratualistas, é uma sofisticação disso. Poder constituinte é algo que temos a partir do pensador 
francês Joseph Siéyès. Abaixo, o que será abordado diz respeito a um dos seus livros (O que é o 
terceiro estado). 
Primeira constituição moderna: americana de 1787. Trata-se de uma doutrina 
contemporânea às constituições modernas. Coloquialmente dizendo, pode-se dizer que o terceiro 
estado é a burguesia (primeiro é o clero, segundo a nobreza). 
 
1) O que tem sido o terceiro estado? Siéyès diz que ele não tem sido nada, pois é 
explorado. 
2) O que é o terceiro estado? É tudo, pois é a burguesia que sustenta a sociedade. 
3) O que pretende ser o terceiro estado? Pretende ser algo, deve ser algo. Como? Com 
uma nova engenharia, por meio de um novo pacto, uma nova ordem de coisas a ser 
estabelecida em um texto constitucional que decorre de um poder constituinte 
 
Poder constituinte talvez seja o poder mais portentoso que a sociedade conhece, pois é o 
poder que funda o próprio estado, é o ponto de partida do estado, o funda. Qual a natureza deste 
poder? É um poder de fato ou de direito? Para um positivista, como Kelsen, trata-se de um poder 
de fato, pois a ordem jurídica em Kelsen pode ser pensada como uma pirâmide. No topo está a 
constituição, depois vem os atos normativos primários, depois os secundários e depois os 
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concretos. Uma norma jurídica em Kelsen é válida, pertence à ordem jurídica
quando está 
encadeada a normas superiores. Para Kelsen, para isto não ir ao infinito, acima da Constituição 
não há uma norma posta, mas uma norma pressuposta, que é uma hipótese. Esta norma é 
chamada de norma fundamental. Esta norma está para além da pirâmide, fora da pirâmide. Isto 
está relacionado ao poder constituinte - a norma fundamental tem um conteúdo: devemos 
obedecer à constituição. Todos os atos normativos posteriores decorrem disso. Estar fundado, ter 
validade, ser posto pela norma superior, entre outros, significa que não há uma análise de fato ou 
de valor. Kelsen afasta isso na pretensão de fazer uma narrativa científica, quer ter uma narrativa 
para explicar qual a ordem jurídica. Uma norma jurídica pertence a outra norma quando se 
cumprem dois critérios: a norma é válida se e na medida em que é elaborada segundo os 
processos legislativos traçados pela ordem superior; esse processo é levado adiante pela 
autoridade competente, aquela que é autorizada pela norma superior. Kelsen cita uma série de 
exemplos: exemplo do caso da sociedade dos ladrões. 
Teoria Pura do Direito é muito útil como método, para explicar a estrutura do Direito, 
mas tem brechas quanto a ser uma filosofia do Direito. (???) 
 Para um jusnaturalista é um poder de direito. Para um jusnaturalista o Direito tem um 
poder transcendental. Há um direito revelado, direito divino (exemplo: São Tomás de Aquino). 
Quem é o titular do poder constituinte? (É o mesmo que perguntar quem é o titular da 
soberania). Na doutrina clássica há duas respostas: a nação ou o povo. Para Siyès o titular da 
soberania é a nação, que não se confunde com povo – é o povo, mas o povo de ontem, de hoje, 
de amanhã, sua cultura, suas crenças. Este povo é projetado no tempo. Nação é um elemento 
perene, uma abstração, uma criatura hipotética. A outra alternativa é inspirada em Rousseau, que 
acredita que o titular da soberania é a vontade geral, fundada na razão e sem influências. Povo 
sem preconceitos, sem influências externas – um povo que pensa o certo e errado unicamente 
fundado nas razões, sem paixões. Este povo expressa a vontade geral, a lei vem daí para 
Rousseau. Se a soberania atribuída ao povo, o povo somos nós, a ele se presta contas, ele escuta, 
fala cobra. Como a nação é uma abstração, presta-se contas a uma abstração, etc. A concepção de 
Siéyès predominou na Revolução Francesa. 
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Há dois tipos de Poder constituinte 
1) PCO – Poder constituinte originário – é aquele que funda o Estado. Em um estado 
que teve várias Constituições, poder constituinte puro é aquele que primeiramente se 
manifesta. As posteriores serão originárias também, pois o PCO é aquele que inicia 
ou reinicia o estado. No Brasil, vê-se PCO no Grito do Ipiranga, mas ele se exibe 
claramente na Primeira Constituição, mesmo que ela tenha sido outorgada (não se 
entra na discussão da legitimidade ou legalidade dessa constituição). O PCO do golpe 
militar de 64 pode ter sua legalidade e legitimidade claramente questionados. 
Características deste poder que funda ou refunda o estado: 
a) Inicial – dá o pontapé inicial no estado, funda o estado. 
b) Ilimitado – tem liberdade para decidir qualquer matéria de direito que quiser. Em 
geral, significa que as decisões políticas fundamentais de um estado são livres 
para um PCO. Exemplo: qual a forma de governo de um estado. 
c) Incondicionado – o modo como se manifesta o PCO (se manifesta como quiser, 
há muitas formas. Ex: constituição outorgada da França). 
 
2) PCI – Poder Constituinte instituído – ele é derivado do originário. 
a) Derivado 
b) Limitado – a alteração constitucional, por exemplo, tem limites, não há alteração 
das decisões políticas fundamentais (limitadas quanto a matéria, em geral diz 
respeito a forma de estado, regime de governo, etc). 
c) Condicionado – modo de se manifestar, manifesta-se apenas da maneira prescrita 
na PCO. Respeitam a constituição, derivam dela. 
Modificações podem ser: 
I) Por emenda – o modo de emendá-la nos dá a medida da rigidez 
constitucional. Se a constituição para ser emendada exige uma maioria 
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qualificada, se ela exige referendo popular, etc, isso dá a medida da 
rigidez. 
II) Por revisão – forma de modificar a constituição de forma abrandada. É 
limitada no tempo. No Brasil houve revisão em 93. Em Portugal a revisão 
ocorre de maneira periódica. A revisão se incia, acontece e se exaure. 
 
Base teórica do poder constituinte 
Três figuras podem propor emenda constitucional (PEC – proposta de Emenda Constitucional) 
 
1) Presidente da República 
2) Um terço dos deputados (171 assinaturas) ou um terço dos senadores (27 senadores) – 
aqui a iniciativa não é um ato simples, que dependa só de um. 
3) A maioria absoluta das Assembleias legislativas do país manifestando-se cada uma pela 
maioria dos seus membros. Esta hipótese é remota. A Constituição da República 
Federativa do Brasil vale para o ente federado chamado Uniao e os demais entes 
federados (26 estados mais o DF). Esse complexo federado compoe o conjunto 
federativo, que se manifesta pelo senado ou por ele próprio em matéria de alteração 
constitucional. 
Há questionamentos quanto à participação do DF nesta conta (mas não faz diferença). 
Isto é raro pois é mais fácil cada um dos estados pedir para os seus senadores colher 
assinaturas. 
É errado dizer que maioria absoluta é metade mais um. A forma correta de explicar 
é que se trata do primeiro número inteiro depois da metade (exemplo: 27 estados. A 
maioria absoluta seria 14. De 26 também). 
Hoje no Brasil temos 68 emendas constitucionais e mais seis revisões. 
A PEC começa a tramitar, se apresentada pelo presidente, pela Câmara. Se 
apresentada pelos deputados também, Se apresentada pelos senadores começa a tramitar 
pelo Senado. Se é apresentada pelos estados começa pelo Senado, pois ele é a casa de 
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representação dos estados (existe no regimento interno do Senado, mas isto fica em teoria 
por nunca ter acontecido). 
Se a emenda começou pela Câmara tem que ser aprovada pela primeira no plenário da 
Câmara com 3/5 dos votos dos Deputados (308 ou mais votados). Se foi aprovada, depois disso 
há um prazo regimental, um interstício, para ocorrer uma segunda votação, que obedece à mesma 
proporção. Depois disso a PEC vai para o Senado, que tem uma tramitação bem mais simples. 
Há necessidade de 3/5 (49 votos) na primeira votação e também uma segunda votação que 
obedece as mesmas proporções. O MESMO TEXTO TEM QUE SER APROVADO NAS DUAS 
CASAS. Se houver modificações volta para a casa que já havia votado o texto. Tal rigor é 
necessário por se tratar de uma mudança constitucional – MEDIDA DA RIGIDEZ 
CONSTITUCIONAL DO PAÍS. 
O que eventualmente se admite é uma emenda que, se tem 4 artigos e apenas um deles foi 
alterado, se não há relação de dependência entre os artigos, e os 3 não-modificados tiveram 
aprovação nas duas casas em duas votações, eles podem ser destacados e promulgados sem 
aquele que foi modificado. 
PROMULGAÇÃO DA PEC – Mesa do Congresso Nacional (deputados e senadores 
reunidos, como se fosse uma terceira casa – bicameralismo
conjunto. Tanto que existe o 
regimento interno da Câmara, do Senado e o regimento do Congresso. Algo importante que o 
Congresso vota: o orçamento. Trata-se de uma sessão conjunta, mas não há fusão entre 
deputados e senadores). Quando a PEC é aprovada passa pela mesa do Congresso, que declara a 
promulgação. Trata-se de um ato formal e solene que atesta que a PEC agora é emenda. 
 
Há certos limites ao poder de emenda, este limite descrito acima é um limite 
procedimental – há vários passos que necessariamente tem que ser cumpridos. A emenda 
constitucional não pode ser feita por iniciativa popular. Alguns estados admitem que em suas 
constituições estaduais haja tal iniciativa. 
Além dos limites procedimentais há os limites circunstanciais: ocorrência de estado de 
defesa, estado de sítio ou intervenção federal (limites circunstanciais ao poder de emenda). 
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Estado de sítio – guerra, por exemplo. 
Estado de defesa – gravidade menor, muitas vezes antecipa o estado de sítio. 
Intervenção federal – “sacar” o governador do estado 
Todas estas situações descrevem situações de comoção intestina grave. É algo tão 
complicado que não se recomenda tomar uma decisão tão grave quanto a PEC. 
 
Constituição brasileira nos traz a questão dos limites materiais do poder de emenda da 
Constituição de 88. (MATÉRIA DE PROVA, MATÉRIA PRINCIPAL DA AULA) 
Art 60, par 4 – não serão objeto de deliberação as propostas de emenda que tentem abolir 
1) A forma federativa de estado 
2) O voto secreto periódico e universal 
3) A separação dos poderes 
4) Os Direitos e Garantias fundamentais e individuais 
 
Limites materiais ao poder de emenda podem ser chamadas de cláusulas pétreas, pois não 
podem ser tocadas em hipótese alguma. (vingança de Jefferson) 
O STF entende que foi tomada uma decisão dizendo que a federação não pode ser 
abolida, mas pode ser modificada, desde que não seja uma modificação tendente a abolir (por 
exemplo, pode-se passar uma competência da União para os Estados desde que esta modificação 
não desnature a federação brasileira). É claro que tem coisas que não são pontuais mas que são 
muito delicadas (exemplo do ICMS). Existem PECs que alteraram relações federativas, mas que 
nem por isso caíram. Exemplo de uma emenda que caiu: A EC número 3 criou o IPMF, que tinha 
uma formatação que impunha o imposto aos estados, algo que diz que não pode ser feito pela 
União. O STF entendeu esta emenda como inconstitucional. (“No poder de tributar está o poder 
de destruir – Marshall”). A impossibilidade de um estado tributar o outro chama-se imunidade 
 recíproca). 
Questionamento do conceito de cláusula pétrea – por exemplo, pode-se criar um quarto poder? O 
STF, na ação direta 3367, permite a criação do CNJ, que altera o judiciário de forma a configurar 
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uma alteração de poderes. Portanto, entende-se que pode haver modificação, o que não pode 
haver é uma modificação que tende a abolir um poder ou seja tendente a abolir um poder. 
Estudar também a ação direta 2024, vai cair em uma das salas. Mandado de segurança de Itamar 
Franco também cai. 
Mandado de segurança do Itamar quanto ao tempo de mandato do presidente – ato preventivo. 
Direitos e garantias individuais e direitos sociais (art 5 da CF) também estão previstos nas 
cláusulas pétreas. Quando estão em jogo os direitos fundamentais há uma regra: estes direitos 
são interpretados ampliadamente (contraposição ao direito penal, que é interpretado 
restritivamente). 
PCI se manifesta de três maneiras. Foram faladas duas: de emenda e revisão. Tem 
um terceiro: poder constituinte decorrente. Essa expressão fala do PC que deriva da 
Constituição da república em favor dos entes federados. Os estados podem fazer 
constituições e os municípios também (lei orgânica). 
 
Prova será feita de algumas afirmações que em conjunto podem compor uma 
questão. 
 
Direito Constitucional 03/05/2012 
 
No Brasil, o titular da soberania é o povo. O povo é a fonte e o destinatário do poder. O 
país é democrático enquanto se sabe quem manda e quem obedece. 
Partidos políticos – protagonistas do jogo político eleitoral, é um fenômeno 
relativamente recente. Mateucci descreve no século XVI e XVII aparentemente a existência de 
partidos na Inglaterra – esses partidos não tem nada a ver com a ideia que temos de partido hoje. 
Não eram grupos segmentados ideologicamente como hoje. Não é fruto das revoluções liberais. 
Partido político no sentido de grupos ideológicos em disputa eleitoral é um fenômeno da 
segunda metade do século XIX e início do XX. Quando o voto se universaliza é que se dá 
origem aos partidos – não são apenas os burgueses que tem acesso ao voto, mas também pessoas 
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que tem diferentes formas de ver o mundo. Esse fenômeno na Inglaterra é muito claro: Partido 
Trabalhista Inglês. A ideologia como programa de partido tem como função mobilizar as massas, 
portanto, os demais partidos sentem a necessidade de também se ideologizar (no Brasil: PT surge 
ideologicamente, mobiliza massas, e os demais partidos sentem necessidade de também aderir a 
ideologias com vistas a mobilização). 
Um dos primeiros autores que percebeu este fenômeno foi Kelsen. 
Nos EUA as coisas se dão de forma diversa. País peculiar, impróprio para ser copiado – 
seu sistema político-partidário não se reproduz. Os pais fundadores tinham pavor de partidos 
políticos, chamadas por eles de facções. Não se queria que houvesse formação de maiorias 
políticas nacionais. Para combater isso uma das alternativas foi o Federalismo e outra o próprio 
sistema eleitoral do país. Havia um único grupo político em torno de Washington, que se elegeu 
e reelegeu. Havia consenso em torno dele. Depois dele houve muita disputa pelo poder. 
No governo de Adams, havia uma discussão acerca do federalismo no país. Houve então 
uma divisão entre os federalistas e os republicanos, que ganharam com a eleição de Tomas 
Jefferson. O partido federalista foi dizimado, e o republicano mudou seu nome para republicano-
democrático. Em seguida abandonou-se o termo republicano e tem-se aí a origem do Partido 
Democrata. O partido republicano de Lincoln foi criado posteriormente. 
Questão: colégio eleitoral. Primeira eleição do Jefferson, eleição não era em chapa – 
presidente seria o primeiro colocado e vice em segundo. Nesta eleição, Jefferson ficou empatado 
com Aaron Burs (ambos do mesmo partido, um seria o vice e outro presidente). O desempate 
previsto seria feito pela Câmara dos deputados, que era de maioria federalista. Depois de 34 
votações a Câmara indicou Jefferson com Burs como vice. Foi isso que motivou que a eleição 
ocorresse em chapa. Outra questão sobre este método de eleição: winner takes all (o vencedor 
leva tudo). Em cada colégio, independente da proporção dos votos populares, quem vence leva 
todos os delegados. Isso permite que um presidente seja eleito sem que tenha a maioria dos votos 
dos populares. 
Nos EUA há dezenas de partidos, mas vê-se apenas os dois principais, que no fim das 
contas não são divergentes ideologicamente: ambos capitalistas, adeptos do american way of life. 
Constitucional I
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No estado liberal os partidos eram execrados e no estado contemporâneo os partidos são 
centrais. Nos EUA temos um meio termo, partidos que não são esseciais, são fisiológicos, 
comungam de uma mesma percepção, não há grandes mudanças de um governo para o outro. O 
único objetivo é ganhar a eleição. 
 
Há diversos sistemas eleitorais no mundo. Falando de eleição de parlamento, pode-se 
dizer que ganha aquele que tem o maior número de votos. Para deputado, em geral siginifica um 
país dividido em distritos e cada distrito elege um deputado. Neste distrito, quem tiver mais 
votos, ganha – FPTP: First pass the post. 
 Hipótese: imagine um distrito que tem muitos líderes sindicais e se segmentam em 4 
grandes partidos de trabalhadores. Há um outro partido, de direita, dos empregadores, que 
concentra todos que tem essa ideologia. Numa eleição, a divisão dos votos entre os partidos dos 
trabalhadores pode dar a vitória ao candidato indicado pelo partido de minoria, mas que não 
repartiu os votos. O sistema majoritário, então, induz a formação de dois grandes partidos 
(coligações favorecem isso). Esse sistema é simples e ao mesmo tempo tão claro quanto 
pernicioso – ele é pouco amigo da representação das minorias (dificilmente um partido menor 
tem alguma chance). O sistema majoritário enfraquece até mesmo um segundo partido. Não dá 
espaço para minorias, só contempla aqueles que ganham. 
Mas ele também tem virtudes: simplicidade e didatismo, gera vínculo entre eleitor e 
eleito, gera dever de prestação de contas para um distrito específico. 
A alternativa que se coloca é o sistema proporcional: técnica que tem por objetivo 
contemplar minorais, ao menos aqueles minimamente representativas. O voto nesse sistema leva 
em consideração o quociente eleitoral: o número de votos mínimos que se espera para 
determinado partido alcançar pelo menos uma cadeira. Se tiver votos correspondentes a 5 
cadeiras, recerá 5. Nesse sistema se enxerga com clareza que não se vota na pessoa e sim no 
partido. “O verdadeiro candidato é o partido, não a pessoa” 
Constitucional I 
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Há também o quociente partidário, que define quantas cadeiras aquele partido terá. As 
variações sobre quem ocupará essa cadeiras depende de critérios variados: lista por ordem de 
votação, lista proposta pelo partido, etc. (Vide código eleitoral, art. 105 e seguintes) 
 
Como se dá a eleição no Brasil 
Temos aqui eleição para presidente, senadores, deputados federais e estaduais, 
governador, vereadores e prefeitos. Ela ocorre em três níveis: federal (presidente), municipal 
(prefeito e vereadores), estadual (governador, deputados, senadores). 
Interessa-nos aqui a eleição para deputado federal, uma eleição de base estadual. 
Deputado federal é representante do povo (sistema proporcional) e o senador representante do 
estado (FPTP). Senadores tem mandatos de 8 anos que se renovam na proporção 1/3 – 2/3 
alternadamente. No Brasil há um piso e um teto dos deputados, um limite (mínimo 8, máximo 
70). Há um critério federativo próprio do senado que repercute nos estados, gerando um 
desequilíbrio democrático – o eleitor no Brasil não tem o mesmo peso eleitoral de acordo com o 
local onde ele mora (um estado mais populoso vai ser menos representado). 
Questão do piso e do teto de deputados pode ser alterado na constituição? Ler ADI 
815 para a próxima aula e para a prova. 
▪ Sistemas majoritários puros: tendência de formação de dois partidos. 
▪ Sistemas proporcionais: tendência de múltiplos partidos, contemplação da minoria. 
▪ Sistema francês: deputados eleitos em distritos sujeitos a dois turnos; evita-se a 
obrigação das coligações, permite-se que os partidos excluídos do segundo turno podem a partir 
disso decidir se apoiam alguém. É uma alternativa aos dois extremos de sistemas majoritários 
puros e sistemas proporcionais. 
 
Aula 10/05/12 
 
Retomando a aula anterior, existem basicamente dois modelos de sistemas eleitorais: 
proporcional (aquele em que não há derrotados, há aqueles que ganham mais e aqueles que 
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ganham menos. Tem como virtude contemplar uma minoria, ou que podemos chamar de minoria 
minimamente representativa, que é aquela que consegue atingir o chamado cociente eleitoral – 
mínimo que se espera para que determinado grupo tenha ao menos uma cadeira. Pode-se dizer 
que nesse sistema não existem derrotados justamente por isso. Desvantagem: não gera vínculo 
entre o eleitor e o eleito); ou majoritário (ganha quem tiver o maior número de votos. Tem como 
virtude a simplicidade, gera vínculo entre eleito e eleitor: quem vota sabe em quem está votando, 
possibilidade de vinculo óbvia pq no mínimo o sujeito que pretende se reeleger vai voltar ao 
grupo ao menos para prestar contas. Desvantagem: não contempla minorias, contempla aquele 
que mais ganhou, e isso pode deixar descobertos grupos sociais que não estarão contemplados no 
parlamento). 
Há outra desvantagem no sistema majoritário: sujeito só pensa no distrito que o elegeu 
(paroquial). No proporcional o sujeito não é paroquial, mas justamente pela dispersão de votos 
não é favorável a geração de vínculos, e isso é explicado pelo próprio sistema de votação: o 
verdadeiro candidato é o partido ou o programa partidário. No Brasil, quando vamos votar em 
deputado federal, temos 4 números. A urna eletrônica é bem didática nesse sentido. Se apertamos 
apenas os dois primeiros números será indicado o partido, se se confirma ela não vai adiante, ela 
se dá por satisfeita. A urna se daria por satisfeita por que nesse momento o eleitor está ajudando 
a determinar a força, a expressividade de cada partido. Agora, se o eleitor coloca os demais 
números ele vai contribuir com a determinação da ordem de um candidato de um partido na lista 
do partido. 
Como funciona o voto proporcional? A primeira coisa que se faz é determinar o cociente 
eleitoral, que é o mínimo de votos que se espera para que partido tenha direito a uma cadeira. 
Isso é determinado pelo número de eleitores dividido pelo número de cadeiras a preencher. 
Tantas quantas vezes o partido atingir o número necessário, será esse o número de candidatos 
que ele irá eleger. Existe a teoria dos restos, de como se aproveitar os votos que sobraram, já que 
raramente um partido fará o número exato do cociente eleitoral. Os votos não aproveitados, 
digamos assim, o sistema proporcional que tem várias variações, encontra no trato desse resto 
mais variantes. No direito brasileiro no fundo é determinar a densidade eleitoral das cadeiras 
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que o partido já obteve. Pega-se o número de votos que sobrou e dividi-se pelo número de 
cadeiras que ele já obteve. O partido que tiver o resultado maior terá direito a primeira cadeira da 
sobra. A conta é repetida até que todas as cadeiras sejam preenchidas – os partidos que já foram 
contemplados tem o valor modificado por que se adicionou uma cadeira, então provavelmente 
ele não será contemplado duas vezes seguidas, por exemplo. Tem alternativas a isso, como a de 
maior ou menor sobra, ou seja, partido que tem sobra de 100 mil e partido que tem sobra de
50 
mil de sobra. Esse método é uma escolha política, pareceu um critério justo de se fazer. Detalhes: 
a coligação se comporta como se fosse partido único, a lista da coligação será de todos os 
candidatos da coligação. Por isso para um partido pequeno é relevante se associar a um partido 
maior, pois isso faz com que seja possível segurar o cociente eleitoral. Se houver empate, apesar 
de ser quase impossível, será eleito o mais idoso. 
Questão: causa problemas ter partidos que fizeram um cociente eleitoral e tem um 
deputado? Pode ou não causar problemas, o mais evidente é a fragmentação da representação, 
principalmente quando é necessário formar grupos maiores. O presidencialismo é menos 
suscetível aos problemas de minorias heterogêneas, mas ainda sofre com isso (menos do que o 
parlamentarismo). Tam uma forma de minimizar esse problema: um mecanismo utilizado por 
excelência, chamado cláusula de barreira, em que partidos muito pouco votados serão 
eliminados. No Brasil a cláusula de barreira é o próprio cociente eleitoral; isso parece óbvio, mas 
não é. Esquecendo o Brasil por hora, é possível imaginar uma situação em que se dá uma cadeira 
a um partido que não atingiu o cociente eleitoral? Sim, teoricamente é possível imaginar 
contemplar os partidos que não atingiram o cociente por meio das sobras – no Brasil não é 
possível (não serão contemplados com cadeiras de sobra os partidos que não obtiveram cadeiras). 
Para efetuar o cálculo nos casos citados de contemplação com sobra, soma-se mais 1 ao 0 que o 
partido tinha obtido. No Brasil existe a regra do mais 1, mas existe o dispositivo que não permite 
que o partido com 0 entre na conta. Por que então existe o mais 1? Provavelmente decorrente de 
debates históricos de posições diferentes. 
No sistema majoritário ganha quem tem mais votos, no proporcional ganha quem atingir 
o maior cociente eleitoral. Uma das formas de evitar discrepâncias é o chamado voto 
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majoritário de dois turnos, que é o sistema francês. Na França, a eleição de deputados é 
distrital, cada distrito elege um deputado. Mas o detalhe é que para o deputado ser eleito no 
distrito, ele precisa da maioria absoluta de votos – se isso não ocorrer, será feito o segundo turno 
– o deputado tem que ter maioria absoluta de votos. Relembrando as leis de Duverge, podemos 
dizer que nos sistema majoritário de dois turnos tende-se a uma pluralidade de partidos, 
aproveitando a simplicidade, a clareza, do voto majoritário. Como é necessário que o partido 
tenha maioria absoluta de votos, não há problemas em haver muitos partidos; no segundo turno 
os partidos ponderam como serão feitas as coligações, sem ser necessária a fusão. Um exemplo: 
havia 11 candidatos a presidência no primeiro turno, os partidos puderam se posicionar no 
segundo turno. O partido socialista, por exemplo, oferece apoiar candidato de outros partidos se 
for apoiado na eleição presidencial. O modelo francês, portanto, tem suas virtudes, ele cria uma 
lei intermediária nas leis sociológicas de Duverge. 
Um meio termo efetivo seria um sistema que aproveita o que há de bom no majoritário 
simples e o que há de bom no proporcional: há vínculo entre eleito e eleitor, há representação de 
minorias, há clareza entre quem votou e quem foi votado. Na literatura é muito comum ser 
examinada a proposta disso, no sistema eleitoral alemão: distrital misto. O curioso é que ele não 
é distrital, é proporcional. Funciona da seguinte maneira: há aproximadamente 600 deputados na 
câmara baixa. A primeira coisa que se faz é dividir o número de eleitores que compareceram e 
divide-se por 600, o número de cadeiras. Obtém-se o cociente eleitoral. Segundo passo: a 
Alemanha é dividida em 300 distritos, metade do número de cadeiras a preencher. O eleitor de 
cada distrito possui dois votos, um é majoritário, em um candidato que disputa eleição naquele 
distrito. O segundo voto é um voto na lista partidária, dentro os mais ou menos 10 que existem 
lá. Aí ele está votando em uma lista nacional partidária. As cadeiras se distribuem à razão de 
quantas vezes um determinado partido, o partido vai ter mais ou menos nomes na lista 
dependendo de quantas vezes ele alcançou o cociente. Se o partido teve direito a 10 cadeiras, 
definidas pela primeira conta, o deputados eleito na eleição majoritária, está eleito, ou seja, se 5 
ganharam as eleições majoritárias, esses já entram. As outras cinco cadeiras serão pegas na lista. 
O sistema é na verdade proporcional, por exemplo, se o partido fez 15 vezes o cociente, terá 
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direito a 15 deputados. Se 10 ganharam nos distritos, esses 10 já entram. Os outros cinco são 
pegos na lista, na ordem nacional – o partido já tinha uma ordem definida, o partido já tinha 
definido a ordem. Então: 
1) Cálculo do cociente: número de eleitores dividido pelo número TOTAL de cadeiras; 
2) Processo eleitoral no distrito: dois votos – no candidato e na lista partidária. 
3) O segundo voto ajuda a compor mais ou menos vezes o cociente eleitoral. 
4) Definição dos deputados: entram os que ganharam as eleições distritais. Os outros 
entram na ordem da lista (pode acontecer que um sujeito seja candidato no distrito e 
também na lista). 
Questão: o que acontece quando um partido elege mais candidatos nos distritos do que o 
seu cociente dá direito? Sim, o partido terá direito a mais cadeiras do que garantia seu cociente. 
O que pode acontecer é que isso aconteça com vários partidos, e no final faltar uma ou duas 
cadeiras. Pode acontecer de se adicionar uma ou duas cadeiras para contemplar esse excesso. 
Esse modelo é encantador, tem deputados paroquiais, que tem vínculos com o eleitor, 
mas também tem os outros. Ele conjuga o melhor de dois mundos. A dificuldade é explicar isso 
ao eleitor. Muitos intelectuais no Brasil tem uma simpatia enorme por esse modelo: em 2007 
FHC propôs o modelo distrital puro para as eleições de vereador, para que o povo sinta as 
vantagens, sinta as virtudes do vínculo. Se isso pegar bem, depois se pode pensar em distrital 
misto para deputado estadual ou federal. Isso não valeu, para alterar para distrital puro deve 
haver uma emenda constitucional. Para adotar o sistema alemão, que já é proporcional, basta um 
decreto de lei – é pouco crível que os deputados apoiem um modelo novo. 
Levi diz que tem simpatias pelo sistema distrital misto, e uma boa alternativa para ele, 
como estágio para chegar ao misto seria o distrital puro. 
Em relação ao direito brasileiro: majoritário no senado e proporcional na câmara, sendo 
que na câmara de deputados brasileira existe uma limitação de que não mais do que 70 deputados 
por estado e não menos do que 8 por estado. A eleição para deputados no Brasil é estadual, o 
cálculo do cociente é por estado, em especial para ser coerente com o teto e o piso de deputados 
(SP tem 70, AC, DF, RR, RO, tem 8). Isso é problemático, pois é algo muito próprio de qualquer 
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democracia de que cada homem, um voto, cada cabeça um voto: igual utilidade política de cada 
ser humano. Quando se estabelece e teto e o piso, se achata ou amplia o peso do voto do eleitor: 
o peso do voto do eleitor de SP é menor do que o peso do voto do eleitor de RR, AC, etc.
Levi 
entende que isso não é razoável, pois esse é um critério federativo que deveria ficar restrito ao 
senado, que é a casa de representação dos estados, e não contaminar a casa popular, onde o 
critério deveria ser pura e simplesmente a democracia, que parte do pressuposto da igualdade dos 
votos. A coisa é tão complicada que basta um eleitor multiplicar de domicílio eleitoral para 
multiplicar o valor de seu volto. Dahl: democracia é feita para os entes federados ou para as 
pessoas? É claro que a democracia é feita para nós, os entes federados que se entendam no 
senado. 
Curiosidades: a forma de escolha de senador no Brasil é uma eleição majoritária distrital, 
o distrito do senador é equivalente ao estado. A cada 4 anos uma eleição de senador, uma 
plurinominal, outra binominal, e assim alternadamente. Adotam sistemas majoritários para 
escolha de deputados: Inglaterra e EUA. 
 House of commons – verde; house of lords – azul. Levi contou a história inglesa que 
justifica essa divisão, uma curiosidade. Tal divisão de cores se propaga em diversos outros 
países, como no próprio Brasil – uma coisa peculiar, uma reminiscência dessa época. Rei 
Eduardo II regulamentou a convocação da eleição da câmara dos comuns, nos idos de 1295. 
Vereadores, assembleias legislativas e câmara legislativa do DF (que atua para os dois 
lados), todas as casa adotam o regime proporcional. Só o senado é majoritário. 
 
Nacionalidade, cidadania e direitos políticos 
Política é algo inerente ao comportamento humano; a pessoa faz política desde que nasce, 
desde o primeiro choro, até a hora da morte. É algo que não escapa da nossa vida, é natural ao 
convívio humano. A política nos une, aproxima, ainda que seja para divergir. É a política que 
mantem a sociedade unida. Como ela se realiza? Num determinado contexto, que obviamente 
exige inserção no contexto – por isso existem as regras de nacionalidade, cidadania e as regras de 
exercício dos direitos políticos. 
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Primeiro passo para vir a ter direitos políticos é ser nacional de um Estado, ter 
nacionalidade. Estar inserido num Estado é ser reconhecido como nacional num estado: critérios 
de sangue, de solo, etc. Direito contemporâneo tem ojeriza da ideia de apatria (Tom Hanks, O 
Terminal), todos tem direito a uma nacionalidade, ser reconhecido como natural de um estado – 
o que não basta para ter direitos políticos. Cidadão é o nacional que cumpre mais alguns 
requisitos, em geral requisitos etários (no direito brasileiro). O nacional, que atinge uma 
integralidade, se torna cidadão e então talvez possa participar dos direitos políticos, que são os 
direitos de votar e ser votado. Elaborando a conceituação: direitos políticos são direitos de 
participar da formação da vontade do Estado. Aprofundando conceitos: 
Nacionalidade: tem dois critérios básicos – sangue ou solo. É filho de quem e nasceu 
aonde. Na Grécia Antiga, grego é aquele que é filho de ventre grego, um critério de sangue, que 
em geral é aplicado por países de emigração. O critério de solo é adotado por países de imigração 
(está precisando compor seu povo, são pessoas que nascem ali). Há países que adotam ambos os 
critérios, caso brasileiro. No Brasil há dois tipos de brasileiros: nato ou naturalizado – não pode 
haver discriminação entre eles, a não ser aquelas que a própria constituição já tenha feito (só 
poder presidente, ministro do STF, presidente da câmara, presidente do supremo, etc, o brasileiro 
nato, assim como todos os cargos que envolvem questões de segurança). Brasileiro nato, de 
acordo com o art. 12 da Constituição, são nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, 
desde que seus pais não estejam a serviço (critério de solo); nascidos no estrangeiro, de pai ou 
mãe brasileira, desde que algum deles esteja a serviço do Brasil (critério de sangue); nascidos no 
estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, desde que registrados aqui ou venham residir aqui e optem 
pela nacionalidade brasileira. Naturalizados são os que adquirem nacionalidade brasileira, 
exigida residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral, quando falam língua portuguesa; 
estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes por 15 anos ininterrupto sem condenação penal 
e desde que solicitem a naturalização. 
Artigo 12 – será declarada a perda de nacionalidade o brasileiro que tiver cancelado sua 
naturalização por cometer alta traição contra o estado ou coisas que violem os interesses 
nacionais; adquirir outra nacionalidade, salvo se por reconhecimento de nacionalidade originária 
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pela lei estrangeira; ou quando a norma estrangeira impõe a naturalização para permanência no 
território (exemplo: qualquer trabalhador brasileiro que vá para o estrangeiro e algum momento 
precisa da nacionalidade estrangeira). A verdade é que o Brasil é bastante tranquilo com relação 
a essa norma. 
Direitos políticos (art. 14): são basicamente votar e ser votado; a Constituição é bem 
minuciosa sobre o assunto, prevê referendo (anuência ou não acerca de determinado assunto, 
espécie de homologação, já uma lei definida), plebiscito (manifestação breve, quando o 
congresso ainda não legislou sobre o assunto mas deseja fazê-lo, entendendo por bem ouvir o 
povo). 
ADIN 815: governador de um Estado (RS) impugnou o teto e o piso constitucional para 
deputados, dizendo que isso era ofensivo a uma norma constitucional elementar, com valor supra 
constitucional: a igualdade do voto. O supremo não declarou inconstitucionalidade da norma por 
duas razões: norma constitucional originária, STF é criatura da constituição, não pode controlar o 
acerto e desacerto de quem a criou – seria diferente se fosse norma decorrente do PCD. 
Discussão: voto facultativo ou obrigatório. Posição de Levi: assunto polêmico, que tem 
bons argumentos de ambos os lados, mas que o voto deve permanecer obrigatório, pois como 
todo e qualquer direito, o voto tem correlato a si um dever cívico de participação – argumento 
teórico. Outro argumento mais prático: nos EUA a média de participação nas eleições 
americanas é em torno de 50%, como o presidente é eleito com pouco mais de 50% dos votos, 
não é raro um presidente ser eleito com ¼ de votos. Professor cita novamente Dahl, que defende 
que quanto maior a participação popular no voto, melhor. 
 
17/05/12 
 
Federalismo 
Repartição do poder com bases territoriais, há uma descentralização com esse critério de 
base territorial (comparação com o feudalismo, que no Brasil foram as capitanis hereditárias). O 
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federalismo no Brasil tem relação com as características destas capitanias hereditárias e por mais 
paradoxal que pareça, as sementes se encontram no Império, não obstante este fosse unitário. 
1834 – Ato adicional que criou assembleias legislativas nas províncias brasileiras, o que 
já dá indícios dessas competências provinciais. Federaçao – distribui competências, a que entes 
tocam estes poderes depende do pacto federativo, a alma federalismo. 
Vocação do federalismo antecede a vocação republicana. Os republicanos brasileiros se 
inspiravam muito nos americanos, que eram federalistas, aceitavam bem a ideia de 
descentralização do poder (não que os federalistas
fossem necessariamente republicanos, mas 
encontraram apoio e terreno fertil entre os republicanos). Encontraram uns nos outros apoio 
político para combater a monarquia, já que os monarquistas brasileiros era centralistas. Estas 
considerações servem para pensarmos as raízes profundas do federalismo no nosso país. 
 
Modelo federalista mais imediato – EUA. Os americanos, pela sua natural formação 
histórica se viram compelidos ao federalismo, e aprenderam o federalismo com alguém. Um dos 
oráculos da construção dos EUA foi um francês, Barão de Montesquieu (O espírito das leis). 
Esta obra foi muito importante para diferenciação entre repúblicas e monarquias. Segundo o 
autor, para defender-se de uma conquista por parte de uma grande monarquia, pequenas 
repúblicas vizinhas precisam fazer entre si alianças (fuedos), devem combinar esforços. Quando 
elas formam essas alianças elas passam de repúblicas isoladas para repúblicas federativas – o 
nome do Brasil presta homenagem a esta antiga tradição. 
1776 – Independência das 13 colônias – não surge um país soberano, surgem 13 países 
soberanos. Neste momento não começa uma federação, não a rigor. Somente em 1787 as 13 
colônias abrem mão das suas soberanias particulares em favor de uma única soberania do todo, e 
aí surge um único país. Este enredo histórico tem uma consequência muito profunda: primeiro 
existiam os estados, depois estes formam o TODO. 
Federalismo por agregação: entes federados que se aglutinam – poder central como 
criatura dos estados, tendem a ser mais fortes do que o poder central – exemplo clássico 
americano. Inicialmente os estados que formam os EUA ainda se pretendiam soberanos, eles 
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queriam deixar claro que ainda mandavam, apesar da soberania ser do todo. O que remanesce é a 
AUTONOMIA dos estados (a soberania é do todo federativo, a autonomia está nos estados). Os 
estados perceberam que eles não eram soberanos e que não podiam se separar na Guerra de 
Secessão, que tem como principal consequência a abolição. Do ponto de vista da doutrina 
federalista, a principal consequência foi sacramentar a impossibilidade de secessão. Houve uma 
federação contemporânea que previa o direito de secessão dos seus entes federados: URSS. Na 
prática esta possibilidade de separação não era real. 
Algo fundamental: não há espaço para separação, dissolução do vínculo, secessão em 
NENHUMA federação (exceto a URSS). 
Como se sacramenta na Constituição americana que os estados serão mais fortes 
que a União? 
Um aparte: pq os EUA sendo common law tem Constituição escrita, ao contrário da 
Inglaterra, por exemplo? Quando as 13 colônias resolveram dar um passo adiantes eles eram 
confederados. Quando se fusionam em um único estado soberano, eles tem que definir o que toca 
ao poder central e o que toca a cada um deles – PACTO FEDERATIVO: REPARTIÇÃO DE 
COMPETÊNCIAS. A Constituição escrita serve para sacramentar este pacto federativo, como 
eles viveriam. 
Retomando: A Constituição americana diz quais as consequências do poder central, o 
resto fica com os estados membros. Detalhe: por trás dessa técnica está o fato de que o poder 
central só pode fazer o que está determinado, está amarrado. O residual é todo o resto, e é tudo 
isso que se atribui aos estados. Por isso nos EUA Direito Penal, Eleitoral, etc toca aos estados e 
varia de ente para ente. Na repartição de autonomia a dos estados é muito mais generosa do que a 
do governo central. 
(Qualquer emenda nos EUA depende de um referendo dos estados, tudo que vai contra 
estes tem uma perspectiva mínima de prosseguir, por isso há pouquissimas emendas desde o 
início da sua Constituição). 
Fortalecimento da união em face dos estados foi buscada por algumas vias. Basicamente 
pela construção jurisprudencial de uma teoria ou doutrina dos poderes implícitos. Quando os 
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americanos estavam se organizando, Hamilton fundou BC americano. Com o passar dos anos o 
BC resolveu abrir escritórios nos diversos estados. Um dos estados (Maryland) resolveu tributar 
o BC, o que foi negado. Isto virou uma ação judicial (1819). Marshall deu uma decisão que toda 
ela é o enfrentamento de duas questões: 
1) Não consta da Constituição americana que o governo central pode criar um banco dos 
EUA – pergunta: pode haver essa criação? 
2) Supondo que seja possível criar um banco, pode o governo do estado tributar uma 
projeção do governo central, que é o banco? 
Marshall fala da doutrina dos poderes implícitos: pode o poder central criar o Banco – 
para cada doutrina autorizada ao governo central é possível deduzir ferramentas implícitas que 
facilitam o cumprimento das exigências fins das cláusulas da Constituição 
Se a primeira pergunta é verdadeira, parte-se para a segunda. Ele diz que no poder de 
tributar está o poder de destruir: tributar é algo muito severo, toca no órgão mais sensível do 
corpo humano (isso vale para os entes federados também). No limite uma tributação pode ser 
destrutiva. Para que uma federação transcorra em harmonia um ente federado não pode querer 
tributar o outro (imunidade recíproca – um ente federado não pode tributar o outro). 
 
Caso brasileiro – federalismo por segragação. Primeiro houve um estado unitário. 
Depois por obra deste estado unitário ele se segmentou, se dividiu – situação em que o governo 
central antecede os governos estaduais. Isto tem uma consequência cultural quase oposta ou 
oposta a do federalismo por agregação, que tende a favorecer a autonomia dos estados em 
detrimento do governo central. A técnica jurídica para isso é delimitar os poderes centrais e 
deixar o resto para os estados. Já no Canadá ocorre o contrário: a Constituição enumera as 
competências dos estados e deixa o residual para o poder central. Enquanto o governo americano 
tem por objetivo favorecer os estados, no modelo canadense é o oposto. O Brasil está mais 
próximo da segunda situação, o que está relacionado ao fato de ser este um federalismo por 
segregação. 
 
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Técnica brasileira de repartição de competências 
Tem uma inspiração inicialmente americana, para depois ter influência alemã e em 
tempos mais recentes passou a ter também uma inspiração indiana. A novidade alemã veio com a 
Constituição da República de Weimar de 1919 – federalismo de cooperação. 
Federalismo de cooperação – um país tem competências enumeradas para a União ou os 
estados, e o residual é competência da união ou dos estados. Há ainda um rol de competências 
que não são da união ou dos estados, são comungadas, partilhadas, divididas pelos entes 
federados. O Brasil passou a flertar com este modelo a partir da Constituição de 34, que foi 
atropelada pelo Estado Novo que era basicamente centralista. As ideias federalistas retornam 
posteriormente depois de 1946 (Constituição muito amiga do federalismo). 
A Constituição de 1967 eram documentos constitucionais muito ruins para a federação; 
havia a ideia de copiar a Constituição nos estados – ela seria mimeografada. Não havia espaço 
para a criatividade estadual. A coisa era tão centralizadora que uma lei estadual servia como lei 
orgânica dos municípios de cada estado. Em um estado foi feita uma lei que
dava aos municípios 
a prerrogativa de fazer suas próprias leis orgânicas (Rio Grande do Sul). Dois outros estados 
fizeram o mesmo em favor de suas capitais: Paraná e Bahia. Isto representa de certa forma o bom 
senso de um governo central. Há nestes casos um LAMPEJO do federalismo. 
As constituições “amigas do federalismo: 1934, 1946, 1988 (???). 
 
Repartição de competências federativas no Brasil 
Const. De 88 enumera competências para União, para os Estados e municípios. O residual 
fica com os estados e além disso ela prevê um rol de competências compartilhadas, comungadas, 
divididas entre os entes. A enumeraç ão que tem para a União é muito grande, para os 
municípios é generoso e para os estados uma única: o gás canalisado. O residual que vai tb para 
os estados é muito discreto, apesar de ter coisas importantes, por exemplo: segurança pública é 
competência residual e portanto é estadual (polícia militar e polícia civil). 
No Brasil há dois federalismos: Isso descrito é o federalismo geral. Há o federalismo 
particular: tributário – tributos da União, dos Estados e dos municípios. Além disso tem os 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
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tributos compartilhados e o residual vai para a união. A diferença fundamental é a quem toca 
as competências residuais. 
 Competências da União: legislar sobre direito penal, civil, etc 
 Competências dos Estados: gás canalisado, segurança, etc 
 Competências dos municípios: transporte público municipal, legislar sobre 
assuntos de interesse local (competência aberta) – trata-se de uma regra muito 
antiga, que antes era dita como assuntos de peculiar interesse (ex: legislar sobre o 
horário de funcionamento do comércio). 
 O que é comungado: educação, saúde, previdência, meio ambiente. Há critérios 
constitucionais para regular as relações, que serão explorados posteriormente. 
 
Distrito federal é híbrido, tem competências próprias dos estados e dos municípios. Por 
exemplo, cobra IPVA e IPTU, o primeiro de competência estadual e o segundo municipal. O DF 
tem um governador com administradores regionais, foi aprovada uma lei que permitia a eleição 
destes administradores, o que o STF julgou como inconstitucional. 
 
AUTONOMIA É DIFERENTE DE SOBERANIA 
UNIÃO NÃO É O BRASIL, É UM ENTE FEDERADO JUNTO COM OS DEMAIS. 
BRASIL É O AMÁLGAMA DA REPÚBLICA FEDERATIVA. O principal fator de confusão 
talvez esteja na presidência da república, chefe do poder executivo assim como os governadores 
e governos. A diferença que é que a Presidenta da República é também chefe de estado e por isso 
fala pelo todo federativo. Neste momento ela não fala pela união, fala pela União, pelos Estados 
e pelos Municípios. O congresso nacional tem esse nome pq ele faz dois tipos de leis: federais, 
só para a União, mas outras nacionais, que submetem a União, os Estados, os Municípios e o DF 
– por exemplo, Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei de Acesso à informação. 
O passo mais sofisticado é o fato de que a repartição de competências tem um viés mais 
minucioso que passa por identificar se trata-se de uma competência material (fazer alguma coisa) 
Constitucional I 
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ou legislativa (legislar sobre determinado assunto). A Constituição é mto clara quanto a isso (Art. 
21 – competências materiais da união; Art. 22 – Competências legislativas da união, etc). 
 
Aula 24/05/05 
Retomando as questões das competências... 
Federalismo geral – existe uma seara em que há federalismo particular entre nós (tributário), no 
qual o residual cabe à união. Competência tributária para a união significa quais os tributos são 
confiados à união. 
Como funcionam as competências comungadas (art. 23 e 24) 
Art 23 – competências de fazer alguma coisa (ex.: licenciamento ambiental – todos os entes 
podem atuar igualmente, no mesmo patamar de igualdade nessas matérias. Pode eventualmente 
haver confusão). O par único do art 23 serve para disciplinar o modo de cooperação a ser levado 
a efeito nas matérias do art 23, através de leis complementares. No caso do licenciamento 
ambiental, foi feita a Lei Complementar 140. 
 
Art 24 – competências concorrentes – competências verticais ou não cumulativas. Relativo a 
natureza de competência legislativa partilhada pelos entes. Regras das competências 
concorrentes: 
1) Normas gerais – lei nacional repercute sobre todos os entes, obriga união, estados e 
municípios. Não há hierarquia entre os entes federados (a lei federal, estadual e municipal 
estão no mesmo plano hierárquico, a lei nacional submete todos os entes). O que 
caracteriza uma lei nacional é o fato dela legislar sobre normas gerais. A união faz as 
normas gerais, mas isso não significa que ela não faça normas específicas. A norma geral 
é a moldura: conceitos, limites. O município faz normas que complementam a moldura 
para ele município, observados os conceitos e limites da moldura; os estados fazem o 
mesmo; a união também pode fazer normas específicas que só se aplicam a ela – difícil 
distinguir estas das normas gerais (par 1 – a união faz as normas gerais) 
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2) Parágrafo 2: Os estados complementarão a moldura, os conceitos, os limites 
estabelecidos pelas normas gerais. 
3) Parte de uma hipótese: se a união não legislou, se houve omissão da norma geral, como 
se procede? Se a união não fez abre-se a possibilidade para os estados funcionarem 
supletivamente – faltou a norma geral e cada estado faz para si uma lei em plenitude. 
4) Supondo que passado algum tempo a união supera sua inércia e faz a norma geral 
daquela matéria. O que acontece com a norma feita pelo estado na matéria em que faltou 
a norma geral? Par. 4 – a norma estadual fica suspensa naquilo que ela contraria a norma 
geral da união – não é revoda a lei, ela é apenas suspensa. A razão dessa cautela 
terminológica é para evitar o vazio, o vácuo 
 
Voltando ao art 22 – maioria são leis que repercutem para a união, repercussão de ordem sob os 
cidadãos. Se um assunto como direito civil ou penal, que estão no artigo 22, quem legisla sobre 
essa matéria é a união. Tem um parágrafo único que permite à união por meio de lei 
complementar delegar aos estados aspectos de alguma das competências legislativas do art 22. 
Lei complementar 103 de 2000 delegou aos estados a competência para legislar a fixação do 
chamado piso salarial (o que não pode ser delegado é o salário mínimo, que diz respeito ao custo 
de vida nacional, o mínimo que se espera alcançar para todo brasileiro. Piso salarial tem a ver 
com a atividade desempenhada – e isso pode variar nacionalmente. A capacidade de retribuir o 
metalúrgico do AC é uma e a de retribuir o metalúrgico de SP é outra). Quando essa lei foi 
aprovada em 2000, o RJ se apressou em fazer uma lei fixando seu mínimo – isso não podia ser 
feito, pois a característica do piso salarial deve ser feito por profissão, por faixas, ou transmuda-
se para o conceito de salário mínimo. O STF julgou inconstitucional a lei carioca, pois ela não 
tinha o critério de complexidade de extensão do trabalho. SP adotam há mto tempo desde então 
essa mecânica, alguns estados com mais faixas de divisão, outras com menos. Juridicamente essa 
é a explicaçao da delegação do piso salarial aos
estados – aspectos da lei trabalhista e como tal 
sujeito a delegação. Trata-se de uma coisa que cria espaço decisório para a autonomia dos 
estados – num estado concentrado como o nosso trata-se de uma oxigenação. 
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Relações entre os artigos 22 e 24: 
 
Art. 22 – competências só da união, de natureza legislativa e enumeradas pela Constituição 
(a possibilidade de delegação é outra história) 
Art 24 – Competências comungadas pelos entes federados, caracterizam-se pela 
manifestação das chamadas normas gerais (diretrizes) 
Há quatro normas que são diretrizes e estão no artigo 22 e não no 24. Por que? O constituinte 
reputou as 4 competências delicadas, sensíveis, particularmente importantes, de modo que não 
haja para elas a possibilidade de normas supletivas dos estados – ou a união faz as normas, ou 
ninguém faz (transportes, polícias militares (tem que haver uma uniformidade mínima), LDB, 
licitação (processo administrativo por meio do qual é escolhida a pessoa que o poder público 
contrata) 
 
Casos – Duas situações complexas relativas a lei de licitações (lei 8666/93), que tem uma série 
de normas gerais que orientam, subordinam e submetem todos os entes federados. Há momentos 
em que essa lei é escancaradamente específica, minuciosa, desce a detalhes – quando isso ocorre 
os detalhes aplicam-se somente a união. Se um artigo é minucioso só se aplica a união – não há 
uma regra para definir como diferenciaremos isso, há um subjetivismo enorme. É papel que pode 
ser do supremo definir isso. Em se tratando da lei de licitações há uma situação mais complexa: 
lei de licitações tem modalidades de licitação (concorrência, tomada de preço, leilão), 
modalidades que são normas gerais, todos os entes podem praticar. A lei de licitações se tornou 
com o tempo pesada, cria dificuldade em certos setores que precisam de mais agilidade – 
complicações dramáticas para comprar coisas mais banais. No final dos anos 90 e início de 2000 
buscaram-se alternativas licitatórias. O Ministério do Planejamento propôs a criação do pregão, 
uma espécie de leilão invertido, só que transitoriamente o pregão só poderá ser exercido pela 
união (modo de testar o método). Depois do período de teste o pregão foi extendido a todos os 
entes. O primeiro exemplo, sobre normas gerais e especiais é muito importante. 
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Horizonta e vertical – Art 23 é horizontal pq todos estão em pé de igualdade, art 24 é 
vertical pq a lei nacional se coloca acima 
Cumulativo (art. 23 – todos correm paralelo, igual) e não-cumulativo (art 24 – há um 
critério de verticalidade) 
 
 
 
 
Aula Levi 31/05/2012 
 
Montesquieu – Na França não havia um parlamento unificado, havia vários parlamentos locais, 
o que seria o parlamento nacional francês era o que os franceses chamavam de estados gerais 
(que o rei não deixava acontecer) – eram muito mais órgãos judiciais do que legislativos. 
Montesquieu era juiz, mas muito jovem percebeu que sua vocação era acadêmica; pesquisa 
elementes para o “Espírito das leis”. Considera-se este autor um dos pais do federalismo; ele, em 
passagem pela Inglaterra se encanta pelo modelo inglês, por ser esse amigo da liberdade, evitar o 
despotismo. 
Objetivo de Montesquieu – neutralizar os poderes para previnir o absolutismo. Judiciário deste 
autor é neutralizado nele próprio, o legislativo é neutralizado por forças internas e por relação 
com o executivo, assim como o executivo é neutralizado tb por essa relação. 
1) Diz que não há nada mais terrível entre os homens do que o poder de julgar, pois esse 
poder de julgar é capaz de decidir coisas muito importantes, como a liberdade, a vida. 
Juiz da lei deve ser uma pessoa na mesma condição do rei. O ideal é que o juiz seja 
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escolhido pelo réu, ou como que da escolha do réu. O judiciário em Montesquieu que nos 
é familiar são os juris, em que os jurados são sorteados, pode haver rejeição dos jurados – 
são como que da escolha do réu, todos eles são pares do réu. 
“Os juízes de uma nação não são mais do que uma boca que pronuncia a sentença da lei, 
seres inanimados que não podem medir sua força nem seu rigor” 
Verdadeiro núcleo do espírito das leis: Legislativo 
Montesquieu: o povo decide quem falará por ele. 
Democracia representativa – termo surgiu em meados do século XIX, a partir do livro “do 
governo representivo, de Mils 
Representantes – M. diz que não dá simplesemente para o povo escolher os seus 
representantes; pq nas massas dos possíveis há burgueses e nobres, os primeiro em grande 
maioria e portanto, teriam grande vantagem. Solução: burgueses terem assento em uma casa do 
parlamento, nobres em outros – em vez de unir, reforçaria a separação. Com isso, M. está 
justificando o bicameralismo inglês, que é diferente do bicameralismo americano (federalismo). 
Se na França não hé nem nobreza, nem federalismo, qual a razão do bicameralismo? A 
experiência histórica considera que uma segunda casa pode ser um fator de equilíbrio para 
impedir excessos. 
As duas casas funcionam partilhando duas faculdades, que cada uma delas possui: faculdade de 
impedir e a faculdade de estatuir – faculdade de fazer alguma coisa ou rejeitar alguma coisa. Em 
outras palavras, em M. o bicameralismo é do tipo igual, perfeito ou paritário. Para fazer algo, as 
duas casas precisam manifestar o mesmo sentido de estatuir – se qq uma delas rejeita o que a 
outra estuiu, o processo decisório fracassa. É imprescindível que as duas estejam de acordo – 
nobres e burgueses precisam estar de acordo. Se por um milagre burgueses e nobres concordam e 
estatuem no mesmo sentido, o processo decisório ainda passa pelo rei, que também tem a 
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faculdade de estatuir ou impedir o que as duas casas do parlamento decidiram – para o rei o 
nome é diferente: estatuir é uma sanção, impedir é um veto. 
O coração do argumento de M. não tem a ver com a separação de poderes, mas sim a 
coincidência de faculdades de estatuir e impedir – os poderes se comungam, não se 
dividem. É igualdade de estatuir e impedir que limita a atuação dos poderes – força da 
partilha da comunhão de iguais. Há um jogo de reciprocidade na limitação. Duas casas do 
parlamento se limitam, são limitadas pelo poder do rei e também limitam o poder do rei. 
Os três poderes mencionados são: câmara alta, câmara baixa e rei. O judiciário não aparece 
pq já está neutralizado ele próprio, pq ele não participa da decisão do legislativo. 
M. conclui que esses tres poderes deveriam provocar uma pausa ou inação, mas isso não ocorre 
se houver acordo entre as partes. Se não há acordo entre os poderes, em M., não há decisão. M. é 
um liberal clássico, que quer previnir o absolutismo. M. vivenciou o absolutismo e queria uma 
mecânica que prevenisse o absolutismo – mesmo a não-decisão é a negação do absolutismo. Isso 
ocorre nos EUA: presidência é muito fraca, o governo não é necessário. Os americanos são 
muito próximos de M. 
M. cogita a possibilidade do rei ter iniciativa legislativa, mas conclui que isso não seria possível,
pois já é suficiente ele sancionar. O todo-poderoso presidente americano não tem iniciativa 
legislativa. 
Controle de constitucionalidade – poder de veto que o judiciário em M não conhecia e que os 
americanos conhecem. Curiosamente é algo que não está em M. mas vai ao encontro dele, pois é 
mais um impedimento ao processo decisório. 
Se fossemos desenhar M. teríamos três poderes: executivo, legislativo e judiciário, sendo que 
sabemos que esses três poderes não estão separados. Depois percebeu-se que o estado não 
poderia ser uma múmia paralítica, ele tinha que funcionar. É quando surge a necessidade de criar 
o governo: tetrapartição dos poderes – Chefe de estado, chefe de governo, parlamento e 
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judiciário. O doutrinador disso foi outro francês Benjamin Constant (não confundir com o 
Benjamin Constant brasileiro, que ajudou a destruir o poder moderador). 
Considera-se o quinto poder como o controle de constitucionalidade. O sexto poder seria a 
administração pública – há um corpo de funcionários que não troca com a troca de governo – há 
carreiras que se mantém no tempo e asseguram que não há solavancos nas trocas de governo – os 
serviços públicos continuam prestados. Nos EUA o número de cargos de confiança é ainda 
menor do que no Brasil. 
 
Aula 14/06/2012 
A aula de hoje abordará o presidencialismo e o parlamentarismo, sem a intenção de 
meramente examinar dois modelos, mas sim explorar as variações dentro desses modelos, que 
permitem afirmar a existência de uma terceira forma de governo: semi-presidencialismo e semi-
parlamentarismo, que conjuga elementos de ambos os sistemas. A intenção é que os alunos 
ganhem intimidade com as variações, destacando-se que a divisão estanque é para fins didáticos. 
Não existe um presidencialismo, assim como não existe um parlamentarismo. 
Montesquieu, explorado na última aula, narra o presidencialismo clássico, cujas características 
são: chefe de estado coincide com chefe de governo em pessoa, órgão e poder; há dissociação 
entre governo e maioria parlamentar, não há necessária coincidência entre quem governa e a 
maioria parlamentar – ser governo no presidencialismo é uma definição que se dá à margem da 
definição de quem será maioria parlamentar. Num sistema presidencial típico a escolha do chefe 
de governo é dissociada da escolha parlamentar, não há um vínculo necessário. Na prática, o 
chefe de governo pode ser de um partido e a maioria parlamentar de outro. A terceira 
característica do presidencialismo clássico é coerente com a própria mecânica do modelo: o 
governo é fraco, anêmico. Montesquieu pretendia evitar o retorno do absolutismo, e por isso ele 
bolou um modelo em que fosse possível travar o fluxo das decisões políticas; se o poder fosse 
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contido, tanto melhor. Esse modelo não se presta para modelos de Estado onde é necessário 
governo, entendendo governo como estrutura que requer poder. O governo tem por objetivo 
levar a efeito políticas públicas, para tanto toma decisões que invariavelmente resvalam nos 
direitos das pessoas. Um exemplo banal: a política pública de educação e saúde, que para serem 
levadas a efeito é necessária a tributação, o que é a limitação do direito de alguém (tira de um 
para dar a outros). Tanto isso é verdade que esse tipo de atitude do governo requer lei: a coisa 
mais elementar de um Estado de Direito é o princípio da legalidade, a lei é o instrumento por 
excelência do governo, pois ao arbitrar o que será ou não feito o governo resvala no direito dos 
cidadãos. A lei é uma autorização de interferência nos direitos. Tanto isso é verdade que é muito 
comum a expressão „governar é legislar’, as decisões de governos requerem formas de leis por 
resvalarem nos direitos. 
Quando os governos começaram a ganhar corpo, para que as políticas públicas fossem 
concretizadas, quando a necessidade de um governo se tornou clara, quando o estado 
compreendeu que ele deveria elaborar, implantar e concretizar políticas públicas, o modelo de 
Montesquieu deixou de ser satisfatório e alternativas começaram a ser buscadas – chefe de 
estado se separa de chefe de governo; chefia de governo foi atrelada ao parlamento. Trata-se de 
um rearranjo para que não houvesse mais o travamento de Montesquieu. Era necessária uma 
fluidez dentro das decisões do governo. Chefe de estado se separa de chefe de governo, governo 
ganha autonomia e para que ele fosse bem nutrido de legitimidade foi atrelado à maioria 
parlamentar. O governo comunga da mesma legitimidade popular do parlamento. Essa é uma 
evolução que boa parte dos países conheceram – parlamentarização dos respectivos modelos. O 
caso do Brasil é bastante particular, houve mudanças do primeiro para o segundo império. Na 
República passou-se de uma monarquia parlamentarista para uma república presidencialista, o 
que o professor considera um refluxo. Como no Brasil o governo é necessário, não simplesmente 
se adotou o presidencialismo clássico, começou-se a desenvolver uma “jaboticaba política”, uma 
coisa própria, original – há exceções nítidas, reflexos parlamentaristas. Esse modelo, próprio do 
Brasil é denominado PRESIDENCIALISMO DE COALISÃO. É a variação do modelo de 
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Montesquieu aplicado a um modelo institucional que requer governo – parte das bases desse 
autor, como a questão da divisão de poderes, mas aquilo que foi idealizado tem diferenças 
imensas. 
Uma das características importantes desse modelo permite pensar o que é o 
presidencialismo de colisão. A medida provisória é também conhecida por decreto-lei, por vezes 
o governo precisa ele próprio fazer uma lei – não é uma lei mas vale como se fosse, mas 
necessita de uma confirmação parlamentar. Todo governo, minimente inteligente, pós-88 sabe 
que a maioria parlamentar é importante para que suas medidas provisórias sejam aprovadas 
quando caírem no congresso. Características evidentes conservadas de Montesquieu é a 
dissociação da escolha do poder legislativo e executivo – a maioria parlamentar tem que ser 
conquistada, negociada. Na verdade desde 88 nunca um partido conseguiu eleger consigo a 
absoluta maioria parlamentar – nenhum partido nunca obteve 20% da Câmara dos Deputados, ou 
seja, a maioria nunca foi atingida. Mesmo com as coligações entre presidente e vice, atinge-se no 
máximo 30%. Apenas um presidente se furtou de tentar conquistar a maioria, e foi derrubado. Ou 
seja, todos os governos sempre constroem a maioria parlamentar, e essa busca gera uma coalisão 
de apoio ao presidente, também conhecida como base de apoio do governo – entende-se o termo 
citado anteriormente, de que temos um PRESIDENCIALISMO DE COALISÃO. É evidente 
que tal organização significa a partilha de cargos, principalmente dos ministros. 
O presidencialismo de colisão é o mecanismo gestado na organização brasileira para 
parlamentarizar e permitir o governo. Não é um processo fora de riscos, a começar pelo caráter 
heterogêneo da maioria que vai se formar daí. O sistema eleitoral gera muitos partidos (30 
partidos, 20 no congresso), é muito partido para compor uma base estável (por isso não seria 
possível o parlamentarismo no Brasil se não fosse resolvida essa questão do excesso de partidos). 
O
posicionamento do professor é de que esse modelo é sujeito a maiorias heterogêneas e, pior do 
que isso, fica à mercê da falta de jeito de alguns personagens do modelo, fica sujeito à habilidade 
política e moral de determinados sujeitos; e por isso ele não tem muita fé na sua viabilidade. De 
qualquer forma, o principal problema é o caráter heterogêneo da base que se forma. Exemplo: o 
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atual governo tem grande maioria parlamentar, com mais de 400 deputados (são necessários 
308). Trata-se de uma maioria com folga, mas a heterogeneidade se torna um fator de contenção 
(dificuldade de sintonia) – é um momento do presidencialismo de coalisão a observar e 
compreender. O atual governo é o que menos editou MPs, nos últimos 20 anos, apesar de ser o 
que tem maior base – são editadas 3 MPs por mês, discute-se as causas desse “baixo número”, 
pode ser uma decisão da presidente, pode ser que a maioria absoluta parlamentar esteja 
aprovando mais projetos de lei, o que torna menos necessária a MP, etc. Podemos também 
pensar na questão italiana, que tem uma Constituição de 1947. Seu parlamento é fragmentado, o 
que resulta em fugacidade governamental – houve mais de 60 governantes nesse período. 
Tendo dito isso, foi falado sobre o presidencialismo clássico, o presidencialismo de 
coalisão e poderia-se falar ainda do presidencialismo americano, que como já dito na aula 
anterior é o que segue mais à risca o modelo de Montesquieu. O veto nesse autor é absoluto, 
qualquer manifestação da faculdade de impedir é absoluta. Nos EUA não é assim, o congresso 
pode derrubar o veto presidencial (2/3 dos parlamentares). No Brasil é um pouco mais fácil, 
precisa-se de maioria absoluta. Outra diferença entre o modelo americano e a proposta de 
Montesquieu: o judiciário é neutro, não participa das decisões políticas. Nos EUA de alguma 
forma o judiciário toma essas decisões, através da decisão de inconstitucionalidade – essa lógica 
de coisas não estava na compreensão de Montesquieu. Essas diferenças ainda vem ao encontro 
da lógica de Montesquieu, pois a declaração de inconstitucionalidade é mais um veto, mais uma 
forma de travar o poder. 
Voltando ao parlamentarismo, pode-se fazer uma caracterização em oposição ao 
presidencialismo. Primeiro, há separação entre chefia de estado e chefia de governo, são pessoas, 
autoridades, órgãos, poderes separados. Mais do que isso, há uma conexão necessária entre o 
chefe de governo e o parlamento. Essa conexão se dá de várias maneiras, o governo decorre da 
maioria parlamentar, não há separação como aqui. A maioria parlamentar é escolhida pelo 
eleitorado e ela terá o direito de fazer o governo: o eleitor vota no deputado sabendo que estará 
ajudando a escolher como chefe de governo o líder daquele deputado. Nota-se: ao invés do 
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governo formar a maioria, a maioria forma o governo. A sorte do governe depende da maioria 
parlamentar. Perdendo-se essa maioria, teoricamente o governo cai. 
Na verdade, no parlamentarismo também uma série de nuances, há um grande número de 
variações. Primeiro ponto: o chefe de estado está de fato separado do chefe de governo? Até que 
ponto ele arbitra o jogo entre governo e parlamento? Quais os limites de sua atuação quando há 
conflito? Essas coisas variam e variam muito mundo afora. Por isso, serão utilizados exemplos 
reais. É possível esboçar um critério de análise que em geral se explica: o parlamentarismo tem 
ao menos parte de suas características definidas ou induzidas pelo contexto em que ele se 
manifesta, tomando em consideração a forma de governo. O parlamentarismo examinado se dá 
num contexto republicano ou monárquico? O critério esboçado é que em uma monarquia 
parlamentar o chefe de estado muito pouco interefere no governo; numa república parlamentar o 
chefe de estado tem alguma chance de ter influência no governo. 
Exemplo 1: Inglaterra – a rainha reina, mas não governa. O reinado não é legitimado pelo 
voto, trata-se de uma legitimação histórico-tradicional (Weber), ela é de outra natureza. A 
consequência disso é um governo bastante separado da coroa. Na Inglaterra há o poder de veto, 
que há 200 anos não é usado, a última que tentou-se usar quase caiu a monarquia. O mesmo 
ocorre na Espanha, cuja tradição é mais recente, não houve ainda sucessão na coroa. É modelo 
que tem apenas 34 anos, mas o rei é um mero carimbador. 
Em países em que o chefe de estado é eleito, ainda que indiretamente (Itália), a história 
muda. Na Itália o presidente tem poder de veto, há vários exemplos em que o presidente recusou-
se a emaná-lo, e ele tem uma legitimação democrática para isso. Há chefes de estado 
republicanos em modelos parlamentaristas em que o presidente é tão anódino quanto a rainha da 
Inglaterra (caso do presidente alemão, por exemplo). Resumindo: em casos de repúblicas 
parlamentaristas o papel do presidente varia, podendo haver maior ou menor interferência. O 
papel de mais destaque é o do primeiro ministro, alguém sabe, por exemplo quem é o presidente 
da Alemanha? 
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O chefe de estado, no entanto, tem alguma reserva de poder, mesmo na mornarquia. 
Exemplo da última eleição inglesa, em que nenhum dos partidos teve maioria clara, fechada. 
Quem arbitrou qual dos partidos coligaria com um terceiro partido foi a rainha, uma das raras 
vezes em que a rainha funciona como poder moderador. Na Espanha isso é mais discreto ainda, 
houve um momento nos anos 80 em que o rei teve um papel central para debelar uma tentativa 
de golpe de estado, através de uma ordem baseada na tradição de seu poder (dado a verificar é se 
essa monarquia sobreviverá depois de Juan Carlos, já que sua figura tem tamanha força). 
Último caso: semi-presidencialismo/semi-parlamentarismo (copo meio cheio, meio 
vazio). A França é o que a literatura fala nesse grupo, o que para o professor é difícil sacramentar 
se está de um lado ou de outro. O modelo francês é modelo em que o presidente da república é 
eleito diretamente e há um primeiro ministro que decorre da maioria parlamentar. A 
consequência disso é que o presidente é muito forte, pois tem legitimação popular direta. Esse 
modelo foi pensado, e foi se ajustando ao longo do tempo, seja por reformas constitucionais, seja 
por meio de práticas. Como o presidente é eleito e tem na constituição prerrogativas de governo, 
ele ofusca o primeiro ministro, principalmente na primeira fase do poder. Em geral acontece que 
a maioria parlamentar é do partido do presidente, ou seja, o primeiro ministro é correligionário 
do presidente, que acaba por ter mais força por ter essa legitimação direta. Muitos nem sabem 
quem é o primeiro ministro. O problema é que o mandato presidencial na França era muito 
longo, sete anos com direito a uma reeleição por mais sete (possibilidade de ficar 14 anos no 
poder). Não é raro em um período presidencial tão longo que o presidente sofra alguma crise 
política, o que coloca em risco que nas eleições parlamentares a maioria eleita seja de um partido 
diferente do partido do presidente (exemplo mais antigo foi de François Miterran, que teve como 
primeiro ministro Jaques Chirrac). Na França quando ocorre essa diferença denomina-se 
coabitação, quando o presidente é de
um partido e o primeiro ministro de outro. Nessa situação o 
que manda é o primeiro ministro, por ter sido ele saído mais recentemente das urnas. Com um 
presidente em crise, se tudo der certo para o primeiro ministro ele se torna um forte candidato à 
presidência (o que ocorreu com Chirrac, que teve em seu mandato o encurtamento para 5 anos de 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
43 
 
mandato para presidência). Chirrac sofreu com o mesmo veneno que aplicou a Miterran, teve que 
coabitar com um primeiro ministro diferente (por falta de união da esquerda Chirrac foi reeleito, 
em uma eleição em que ele foi para o segundo turno com um candidato de extrema direita). O 
primeiro ministro eleito por ele em seu segundo mandato foi Sarkozy, que não coabitou com 
ninguém, mas também não se reelegeu, será agora substituído por François Holande. 
 
DES0118 - Direito Constitucional I - D�bora Nach (185-21).pdf
CONSTITUCIONAL - Prof. Levi 
monitor: Berardino e Guilherme 
 
8/3 
 
Estuda-se constituição - disciplina relações de poder, relações políticas, limita o poder - e 
contexto que foi desenvolvido, que será aplicado. 
 
4 contextos importantes: 
Forma de Estado: modo como o poder se distribui num território.unitário ou federalismo. Estado 
tem 1 soberania e pode ter várias autonomias. Confederação: vários estados, não é uma forma de 
estado. Mas confederação pode se tornar uma federação posteriormente (EUA). Federalismo tem 
poder legislativo, judiciario em cada estado (provincia, cantão). Unitarismo não tem, como a frança, 
por exemplo. 
Forma de Governo: modo como se dá a investidura da chefia do Estado (personificação do 
Estado): monarquia (hereditario/vitalicio) ou republica (eletivo), mas com exceções 
Sistema de Governo: modo como se relaciona o chefe de Estado com chefe de Governo (cuida 
do que é cotidiano, cuida do que não é consenco, eleição): quando são a mesma pessoa é 
presidencialismo e quando são diferentes, parlamentarismo. 
 
 Rep. Monarquia 
Pres. Rep. Presidenc Monarquia Presidenc. 
 (EUA/Am. Latina) 
 
Parlam. Rep. Parlam. Monarquia Parlam. 
 (muitos na Europa) (Inglaterra, Canada) 
 
Regime de Governo: modo como se relaciona Estado e pessoa: autoritarismo qdo ha poder pelo 
poder, não ha ideologia, totalitarismo, quando há ideologia de 3 tipos: classe (comunismo), nação 
(fascismo), raça (nazismo), e a pessoa que não faça parte, é excluida; e democracia, quando 
Estado respeita pessoa enquanto ser individual e social. Estado protege e promove esses dois. 
 
15/3 
 
BOVERO - 15 a 34 e 71 a 92 (2a parte nao) 
DAHL - 17 a 35 
FERREIRA FILHO - 3 a 20 
 
O Constitucionalismo 
 É um movimento politico e ideologico decorrente das revoluçoes liberais (Inglesa-1688, 
americana, 1776, francesa, 1789) para fazer constituiçoes de modo a acabar com o 
absolutismo e prevenir a sua volta. 
 
Não havia constituiçao antes?? sim, houve. essa eh a ideia moderna, mas houve constituições 
anteriores. se houve um estado na antiguidade, houve uma constituição. 
 
- Grécia antiga: experiencia democratica grega eh a base constituicional antiga. dezenas de 
cidades estado com vida democratica independente. Atenas 
*referencias - Politica de Aristoteles e A constituição dos Atenienses de Aristoteles 
- o modo como as magistraturas se organizam numa cidade - Aristoteles. 
- constituição é a finalidade de uma coisa significa a própria coisa, ou seja, o fim da cidade é a boa 
política 
Constituição de atenas: Atenas era uma democracia direta, cidadaos proprios tomavam decisoes 
na Ágora. excluidos: estrangeiros, mulheres e menores (+-18 ia para os templos, depois exercito). 
mais ou menos 20 a 40 mil cidadãos. uns 4 mil eram frequentes. a lei votada na ágora era uma 
mera explicitação de um direito ja praticado. se havia uma lei q era votada e ia contra o direito 
acestral, memorial, tinha um mecanismo chamado de Graphe Paranomon para revisao da lei. 
Controle Constitucional. eleição nao era metodo democratico de escolha e sim aristocratico pq vc 
escolhe o melhor. o metodo era sorteio, era o resultado de uma profunda compreensao de 
igualdade entre os cidadaos e os cargos eram por tempos breves, o mais importante, de 
presidente da assembleia, era de 1 dia. 
 
- corte qtitativo: qts governam 
- corte qualitativo: qm detem o poder, detem para o seu bem proprio ou para o bem comum 
Monarquia: governo de 1 para o bem comum (ideal platonico) 
Tirania: governo de 1 para o bem proprio 
Aristocracia: governo de poucos para o bem comum 
Oligarquia: governo de poucos para o bem proprio 
Politéia: governo de todos para o bem comum 
Democracia (Demagogia): governo de todos para o bem proprio, com discurso vazio e 
competição entre os grupos 
 
pode ver essas formas como um ciclo de q surge a monarquia e depois se degenera e eh salvo 
pela proxima forma e assim vai. para prevenir, aristoteles diz, sobre um governo misto e regime 
moderado. polibio explica que para nao corromper pode ter uma mistura entre os 3 tipos puros. e 
isso se realizou na republica romana, havia os 3 principios convivendo (consul, senado e plebe) 
 
Bem comum: todos se concentram naquilo que é bom para todos 
Bem proprio: discurso vazio 
 
-- declaração dos direito do homem e cidadao: uma sociedade nao em constituiçao se nao 
assegurar a separacao dos poderes e os direitos individuais (liberdades publicas ou direitos 
fundamentais de 1a geração) 
 
-adoção de dois limites ao poder para evitar absolutismo: freio interno ao estado que é a separação 
dos poderes e freio externo são os direitos individuais que sao inerentes a condição humana e sao 
anteriores e superiores ao Estado. Não foram dados pelo Estado, mas sao reconhecidos pelo 
Estado (declaração) e sao protegidos 
 
22/3 
 
Classificações das Constituições 
 
- Escritas 
- Não-escritas: constumeira 
Inglaterra: cjto de costumes mas que tocam em coisas proprias da Constituição - assuntos tipicos 
da const. - normas sobre a organizaçao do estado e sobre os direitos individuais 
 
-Rigidas: nao pode ser modificada facilmente, nao pode ser alterada como uma lei, 1-são escritas. 
2-Mecanismo proprio de alteraçao mais dificil, demorado. 3-tem controle de constitucionalidade. 
nao necessariamente eh estavel. 
-Flexiveis: alteracao nao requer uma solenidade difererente da alteraçao da lei comum. pode ser 
escrita mas nao poe ter mecanismo proprio de alteraçao. const. costumeira nunca sera rigida. pode 
ser estavel 
 
const. brasileira q tem 25 anos tem 70 emendas (nao tocaram a materia constitucional msmo), a 
inglesa tem 1000 e provavelmente menos modificada que a nossa. 
para se alterar uma lei comum: maioria simpes de deputados e de senadores em 2 votações 
para se alterar a constituição: 3/5 de votos de 4 votações: 2 no senado e 2 na camara 
rigidez razoavel no bra. eua eh mto mais. 
 
-Semi-rigida - const. do imperio do brasil. artigo q dizia que materias constitucionais (organizaçao 
do estado e direitos individuais) é modificado por mecanismo especifico, mas as outras coisas era 
mais flexivel. 
 
- normas materialmente const.: normas q tocam assuntos proprios da constituição. eh possivel 
NNCC materiais fora da constituição (lei organica da magistratura) – as que falam da estrutura 
fundalmente do estado 
- normas formalmente const.: TODAS as que estao na constituição. 
 
a const. brasileira eh rigida pq nada pode ser mudado por lei, somente emenda. 
petreas sao materiais e sao passiveis de mudança mediante emenda constitucional, mas somente 
pra modificar (pra mais) e nao abolir 
 
- Const em sentido Substancial: conjunto relativo às normas materialmente constitucionais
- Const. em sentido Formal: cjto normativo cuja alteraçao requer maior dificuldade (procedimento 
dificultoso) em comparaçao com a lei comum 
- Const. em sentido Documental: ha um texto solene que se declara "eu sou a const. do pais" mas 
nao preve para sua modificaçao um procedimento. essas normas estao dentro de um documento 
que se proclama Constituição (por meio de um preambulo) 
 
- Const. Normativa: se faz efetiva no jogo do poder, disciplina o poder. limita o poder - const. 88 
- Const. Nominal: largamente ignorada pelos detentores do poder - const. 34 
- Const. Semantica: feito pelos detentores do poder para dar aspecto const. para um regime 
autoritario . poder dissociado dos destinatarios do poder - const. 37 e 67 
 
------- 
EVOLUÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES 
 
ciclos do constitucionalismo: 
 
1 - Const. Revolucionarias do sec. 18 
- Americana 1787, primeira delas, e Francesa 
 
2 - Const. Napoleonicas: 
- 1799: estabele o poder de Napoleão 
 
3 - 1815-1830: Ciclo das const. da restauraçao 
- reveladoras de monarquias const. limitadas (como a const. brasileira do Imperio) 
 
4 - 1830-1848: Ciclo das const. liberais: 
- burguesia começa a reclamar da restauraçao da monarquia e faz pressoes liberais. começa a 
haver reclame de democracia, processo de redução do senso, do tanto de propriedade para votar 
e ser votado. surge voto censitário 
 
5 - Constituições Democráticas: 
- surge voto universal e partidos polítcos. 
 
6 - Constituições de democracia racionalizada: 
- O povo pode votar em qualquer partido até mesmo em algum que queira suprimir a democracia 
(Kelsen) 
- Constituições que tentam disciplinar experiencias que eram fruto da prática de forma racional 
- Ex. 1918 = Weimar - const. atropelada pelo nazismo 
- decorre da Liberdade e Igualdade (direitos sociais) 
 
7 - Democracia Social: 
- constitucionalismo social de valores minimos 
- protegem a democracia 
- racionalizaçao das perspectivas de governo 
 
8 - Estados Autoritarios: 
- desvalorizaçao das garantias 
 
9 - Socialistas: 
- Realizaçao do socialismo (inexistencia da separaçao de poderes) 
 
10 - Adotadas: 
- 3o mundo copia o 1o. 
- anacronicas. 
 
direito fundamental: inerente a condiçao humana - religiao, pensamento, escolha profissional ir e 
vir. 
 
12/4 
 
Aplicação das normas constitucionais: 
 
*Pontes de Miranda 
 
1 - normas constitucionais self-exectuting (auto aplicaveis) - completas: tem em si todos os 
elementos necessarios a sua aplicaçao. tem sua hipotese claramente definida, ou seja, alguma 
coisa q ela supoe que venha acontecer e eh necessaria a consequencia. a norma basta em si 
msma (bastante em si). direitos fundamentais individuais - art. 5 da const. - sao auto-executaveis. 
normas programaticas: estabelecem programas q sao cumpridos, executados, a partir de leis. 
 
2 - nonself-executing (nao auto aplicaveis) incompletas: não bastante em si. Existem direitos 
fundamenteis formais que não sao autoaplicaveis. XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a 
defesa do consumidor; - depende de lei dizendo quais sao os direitos do consumidor. É uma norma 
não o bastante em si. Várias normas que dependem da lei para que todos os seus detalhes 
existam e sejam aplicados - são normas não autoaplicaveis. A cf diz que havera o sus, da o perfil, 
mas o sus é criado para valer por meio de uma lei, e não é so a lei, tem a lei orçamentária que da 
os recursos para o sus. Tem uma norma que fala que haverá um salario minimo - valor definido de 
em uma lei, cujo o fundamento de existencia é a cf. a cf preve mas não diz o qnt é. As normas 
consituticionais não autoaplicaveis ganharam uma outra definição: normas programaticas - que 
precisam ser buscados a partir de leis 
 
 
*José Alfonso 
 
-tres especies de normas constituicionais de aplicabilidade: 
1a - imediata e eficacia plena: possiveis de aplicar e nessa apliucaçao conhecem eficacia maxima, 
sao plenas (q nem as completas) 
3a - de eficacia limitada: dependem de regulamentaçao para que conheçam aplicaçao plena. tem 
efeitos minimos: gera dever de legislar pra regulamentar, impede legislaçao contraria a ela - essas 
duas na msma constituição, e por ultimo, se ha uma constituição nova, a lei nao se aplicará. p.e. se 
hj existe pena de morte e na proxima const nao houver, acabou, nao ha pena de morte. 
2a - de aplicabilidde imediata ms de eficacia contida: aplicaveis em plenituda mas admitem que lei 
posterior, se vier, rebaixe o nivel de eficacia. nao nasce contida, mas eh passivel de contençao. art 
5 inciso 13 - liberdade de trabalhar. é plena, livre, a nao ser que venha a lei ´para restringir. 
 
*critica do prof. Manoel 
qquer norma constitucional tolera de certa maneira a conduta..retornando a conceituaçao inicial, 
dividindo em dois. 
 
Interpretação das normas constitucionais 
 
interpretação politica, e q nao eh ideologica. ela busca os valores da constituição. 
-mens legis - vontade da lei 
-mens legislatoris - vontade do legislador 
nao eh raro que esses mens nao coincidam, apesar de ser o ideal, q elas coincidam. oq prevalece 
é a lei e nao a vontade do legislador. entao, em boa parte, as tecnicas sao as de identificar essas 
mens. 
 
1 - gramatical: interpretar pela literalidade. qto mais clara a redaçao da lei, mais simples sera fazer 
a interpretaçao que basta pela gramatica 
2 - historica: qdo a lei nao eh clara, uma forma de buscar compreender a lei, eh olhar como ela foi 
feita, pq ela foi feita e oq se pretendeu. exposição de motivos do projeto. se havia lei anterior, pq 
mudou? o projeto teve artigos vetados? houve emendas e qual foi seu sentido? 
3 - sistematica: em geral, lei se interpreta na sua conjunçao com as demais leis vigentes do país e 
nao somente em ela propria. ela existe inserida num sistema que articula-se e com influencia 
reciproca. ou seja, interpretar sistematicamente eh interpretar com as outras leis. 
4 - teleologica: vocacionada a revelar o fim da lei. as vezes a lei expressao qual o seu fim, 
exemplo lei n95 - como uma lei deve ser redigida. As vezes a lei não releva, mas os trabalhos 
parlamentarem revelam. 
 
13/4 
 
Monitoria 
 
Texto do jose alfonso: 
Direito positivado: oq resulta do processo legislativo 
eficacia juridica: tribunais nao aplicam 
eficacia social: as pessoas nao cumprem, como lei seca 
- Tercio: vigencia: lapso do tempo em q a norma pode ser aplicada 
 Vigor: aplicaçao se estende para casos anteriores 
 
Critica dele eh de que tds normas seriam exigiveis, nao ha como ser somente sugestoes. 
- Eficacia plena: ela é completa. Qdo discriminaçao tem razao, qdo em concursos por exemplo, eh 
justificavel e nao diminui a eficacia plena. Mas o art. 1 por exemplo é usado também para justificar 
para em casos onde a discriminação eh arbitraria, tenha onde se basear, pq é eficacia plena. 
- Eficacia contida: passível de contenção. Com ressalvas que a lei reconhecer. permite 
regulamentação complementar. Enqto nao houver regulamentaçao que contenha, pode-se 
exercer livremente, como por exemplo, a prostituição que nao eh regulamentada 
- Eficacia limitada ou reduzida: nao da pra aplicar sem que haja outra lei. Direito de greve 
SOMENTE nos termos da lei. (e nao existe a lei ainda) 
 
Normas programáticas: sao aquelas, de eficacia limitada, em geral, que preveem um programa de 
ação do governo (saude, moradia), como dependem de legislaçap e verbas, havendo omissao de 
uma delas, nao tem como o judiciario obrigar a ação pq pela separaçao dos poderes nao tem 
como o judiciario intervir no balanço dos pagamentos do governo, mas oq acontece no DJ, na 
Defensoria, é que se exije. 
 
Norma de direito social: educação dos 4 a 17 anos. Aplicabilidade imediata. Mas creche por 
exemplo, nao entra no direito social, e qdo o STF pede que se crie creche, eh a transformaçao de 
uma norma programatica em de aplicabilididade
imediata. Para garantir direitos sociais, ele acaba 
dando a normas programaticas, aplicabiblidade imediata. 
 
Constitucional - texto sobre Interpretação - Anotações minhas do texto 
 
1 
-Interpretar é determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito 
-Sera desenvolvida a interpretação de uma Const. formal, escrita e rígida. 
-"conjto de normas juridicas concernentes à forma do Estado, à forma de Governo, ao modo de 
aqusição e exercício do poder, ao estabelecimento de seus órgãos, aos limites de sua ação. 
-constituição em seu aspecto normativo - cjto de normas + realidade social que lhe dá o conteudo e 
sentido axiologico. 
- const. ideal (anula a mutação constitucional) X const. compromissoria (se ela for mto elastica, 
pode prejudicar a segurança juridica) 
- const. real (vigente, solenemente promulgada) X efetiva (aplicada, cumprida na vida politica) 
- interpretar é conhecer a const. , nao apenas em sua letra, mas tbm, em seu espirito, em seus 
significados mais profundos e em seu verdadeiro alcance. 
 
2. necessidade da interp. const. 
- conteudo é vago, q deixam larga margem de interferencia e complementaçao. 
- conteudo eh fundamental, mas eh generico e sintetico 
 
3 
- aplicar a const. é interpretar 
 
4 - tipos de interpretaçao 
4.1 - juridica: 
elemento politico e tipologia das nncc 
a) nao se deve levar em conta somente o raciocinio logico no processo de interpretação, mas 
principalmente o sentido politico da interpretaçao - natureza politica eh intrinseca 
b) saber que tipo de nncc eh pq algumas permitem maior elasticidade de interpretação 
- preceptivas (obrigatorias de onde saem direitos e deveres, e, institucinais ou organizatorias 
(criam instituiçoes constiitucionais, mas sem regras de conduta) . sao importantes aquelas que 
atribuem poderes a orgais mas que deixam liberdade de açao ao modo do exercicio do poder 
- diretivas ou programaticas (pq estabelecem diretrizes para ação futura) 
podem ser de aplicação imediata ou nao imediata (nao completas e podem ser para o legislador 
futuro). sao as bases do ordenamento do Estado. estao ligado a logica da materia e da propria 
estrutura juridica. 
 
preceitos fundamentais capitais e basicos 
 
- interpretação const. eh mais dificil que juridica por exigir conhecimentos tecnicos bastante 
elevados e um alto grau de sensibilidade juridica, politica e social 
- uma das maiores dificuldade eh classificar importancia e a funçao dos valores: entao, deve-se 
considerar existir igualdade entre os valores e admitir a existencia da hierarquia de valores 
protegidos pela constituição. 
 
4.2 metodos 
1 - buscar o sentido dado ao texto expresso, à letra constitucionao - interp. gramatcal 
2 - procurar o espirito da const. 
3 - identificar a vontade do legislados const. 
4 - identificar valores embutidos no texto e ordena-los hierarquicamente 
5 - buscar o sentido da norma que mais se adapte a ordem social 
6 - identificar o significado atual da norma consti., exigencias concretas 
7 - buscar um dentre os significados ou conteudos estranhados na norma const. 
 
1 - sig. literal das palavras - sentido comum das palavras deve ser entendido, mas nao fora do 
contexto. tbm nao podem ter significados que venham a conflitar. 
problematica de que palavras mudam de sentido em diferentes momentos hitoricos, como cidadão 
na cons. de 1891 q excluia as mulheres do voto e em 32, sem alterar a const. permitiu-se o 
voto...ou seja, a interpretaçao gramatical pode causar mutaçoes 
 
2 - lógico - identificar intençao do legislados: historico, teleologico e sistematico 
analisa-se a formaçao e elaboraçao, o fim que persegue e as relaçoes com outras normas. 
- trabalhos preparatorios, motivos, debates nas assembleias 
Base subjetiva torna interpretacao vulneravel 
Sistematica: 
 
3 – analogia: lacuna constitucional 
 
4 – evolutiva: mudanças historicas em conceitos como “bons costumes” por exemplo 
5 – constitucional: interpretação const. procura sentido do texto, explicação daquilo que esta 
obscuro, some do metodo gramatical e logico. Construção const. Inclui criterio politico 
 
Toda interpretação eh entao, uma mutação. Pq dependera do contexto politico em q esta sendo 
lido 
 
6- metodos modernos: integrativo ou cientifico espiritual –critico qto ao conteudo, atenta-se a 
realidade, a concretitude da existencia 
- o metodo interpretativo de concretização – onde houver obscuridade, que o interprete trate de 
determinar o conteudo material 
 
 
19/4 
 
Poder constituinte: estabele constituição 
 
essa doutrina do poder constituinte foi elaborada por Sieyes, escreve: oq eh o 3o estado, 
manifesto politico dentro da rev. francesa. e foi mto influente na const. napoleonica 1799 
3o estado: burguesia 
 
- Oq tem sido o 3o estado: nada, ele eh explorado e massacrado 
- oq eh o 3o: é tudo, pq sem a burguesia, a sociedade nao eh sustentada 
- oq pretende ser: novo pacto a er estabelecido num texto consttitucional que decorre de um poder 
constituinte. 
 
e ae ele fala sobre o poder constituinte - "A constituição burguesa" 
 
Essse poder funda o Estado. 
E sobre a natureza desse poder:é poder de fato ou de direito? 
-para um positivista, é poder de fato. pq no topo da piramide normativa, esta a constituição, sendo 
assim, o poder constituinte esta fora da piramide e assim, é poder de fato. uma norma eh valida se 
ela eh elaborada segundo o processo legislativo traçado pela norma superior e se eesse processo 
eh realizado pela autoridade competente - aquela como apontada pela norma superior - é só 
forma, não tem conteudo. (Kelsen). na hr q uma nova sociedade se estabele com um poder 
constituinte é um fato, é outra norma fundamental. 
 
-para um jusnaturalista, é de direito. direito tem poder transcendetal, para alem das leis dos 
homens, ha um direito divino, revelado. a lei nao vem do nada, vem de um direito transcendental. 
se a constituição observa isso, o poder constituinte tem natureza de direito 
 
qm eh titular do poder constituinte? a nação (uma abstração - Sieyes) ou o povo (povo somos nós, 
ao povo se presta contas, Rousseau). na rev. francesa, Sieyes prevalece. 
 
tem 2 tipos de poder constituinte: 
- originario: aquele que efetivamente coloca a constituiçao, que funda o estado. Inicial (funda o 
estado), Ilimitado (materialmente ilimitado, decisoes politicas de um estado sao livres - qual sera a 
forma de gov. e de estado.) e Incondicionado ( Tem a ver com a forma, maneira como é feita, como 
se manifesta: assemblecia nacional constituitente, corpo eleito so pra si, pode ser uma delegação 
ao poder parlamentar. (ex assembleia 86/87 foi a assembleia e o parlamento, e o senadores de 
antes (lembrar 8 anos de poder) nem foram eleitos para isso), Outorga, Outorga referendada 1958 
– França) 
- instituido: Derivado (do originiario), Limitado (pq eh derivaçao do originario a estruturas ordinarias 
- materia nao pode romper com decisoes politicas fundamentais) e condicionado (pode ser por 
emeda ou por revisão - é um ato normativo que altera, revoga, modifica constituição.) 
 
---------------------------------------------------------- 
(copiado da Dani) 
Como se da o processo de emenda CF no Brasil 
 
Art 60 da CF 
Quem pode propor a emenda constitucional no BR: Três figuras podem propor emenda a CF Quem 
tem iniciatia para PEC – proposta de emenda constitucional: 
1. Presidente da republica – ato simples 
2. 1/3 da câmara dos deputados 171 assinaturas ou 1/3 de senadores – 27 senadores 
3. Mairoria absoluta das assembleias legislativas do brasil – cada uma com a maioria simples 
da sua casa. – [hipótese inspirada na CF americana – emendada por deliberação do congresso 
amaerica com referendo ou por meio de uma convenção colocada pelos estados. Essa parte não 
cai!] 
Maioria absoluta é o primeiro número inteiro acima da metade. Brasil é 14. Essa hipótese nunca 
aconteceu,
já tiveram alguns estados que quiseram organizar uma pec, mas nunca ocorreu – não 
cai 
Iniciativa: ato que deflagra o processo legislativo, ato que deflagra a manifestação de poder 
constituinte de emenda. 
EMENDA: INCLUIR, MODIFICAR, ETC. 
A CF no brasil vale para todos os entes federados: entes federados são unicao,26 estados, df e 
5580municipios. DF – hibrido, compentrencia de estadpos e competência de municípios. Esse 
conjunto além de se manifestar no estado, os entes podem apresentar uma PEC. 
Em geral há várias PEC, tem anos que os deputados falam 500 PEC, senadores 100 PEC. 
Hoje no brasil nos temos 68 emendar consituicionais e mais 6 de revisão = 74 ao todo. 
Apresentada a PEC, ela começa a tramitar 
Se for pelo presidente e deputados: câmara 
Se for pelo senado: senado 
Se for pelos municípios: senado – exceção pq sempre é da câmara, mas o regimento do senado, 
fala q deve ser senado 
Como tramita uma PEC? 
Proposta pelos deputados 
1/3 deputados 
Começa pela votação na câmara, por 3/5 em uma priemira votação (308 votos em 513). Se votou 
e aprovou tem um prazo regimental, q as vezes pode ser suprimido, intersticicio – acontece uma 
segunda votação na câmara, de novo 3/5 – 308 votos para passar, depois vai para o senado – um 
primeira votação com 3/5 (49 votos em 81) depois interstício – e outra votação com 3/5 – 49 votos. 
O MESMO TEXTO TEM QUE SER APROVADO – SE HOUVER MODIFICAÇÃO VOLTA PARA 
SER VOTADO DE NOVO NO INICIO. – Rigor – pq é alteração da CF. Medida da rigidez 
constitucional brasileira, e exige acordo das duas camaras no congresso. – Terminou de tramitar 
nas duas casas. A mesa do congresso deve promulgar a emenda – ato formal, solene que atesta 
que a PEC agora é emenda. 
*congresso: câmara mais senado juntos, as vezes votam juntos, mas não mescla-los- exemplo 
orçamento – elas deliberam juntas. Veto tb. 
Emenda com 3 ou 4 artigos, se um for alterado, adicionado ou suprimido, e os outros não tiverem 
dependência com os outros , os outros três podem passar, e só um artigo pode voltar. – é 
separado e promulgado. 
 
Existem limites para a emenda – exemplo o limite procedimental acima. 
No projeto de lei existe iniciativa popular, mas na emenda constitucional, art 60, não inclui a 
iniciativa popular. Outra visão: Se a lei tem, a obra mais direita do povo q é a cf, tem que ter tb a 
iniciativa. 
 
- Limites circunstancias: não se recomenta da que a cf seja emendada nesse período: estado de 
sitio (mais grave), estado de defesa (gravidade menos – preparatório para o de sitio) ou vigência 
de intervenção federal – coisas tao graves como guerra, subversão do estado, desastre natural – 
comoção intestina grave. 
 
Em geral os governos federais hesitam em colocar interveção federal. 
 
A cf BRASILEIRA DIZ ASSIM 
Art 60 inciso §4º 
Não serão proposta de emendar o que quiser tirar a forma federativa do estado, o voto secreto e 
universal, a separação dos poderes e os direitos individuais. – Decisões fundamentais – coração 
da constituição. – Cláusulas pétreas. Não podem ser restringidas. 
Quem defende a cláusula pétrea: fala a federação brasileira não pode ser modificada, uma boa 
parte da doutrina defende isso. O STF entende: a constituição brasileira tomou uma decisão de 
que seremos uma federação.A federação não pode ser abolidade, mas pode ser modifica. Mas a 
modificação não pode ser tendente a abolir. 
Pode-se tirar uma competência da união e passar pra outro ente? Se sim, pode-se modificar a 
federação brasielira, mas ela é tendente a aboliar a federação brasileira? Nesse caso não. STF 
deixaria, doutrina que sol e a CF não. 
Pode-se tirar o ICMS dos estados? Não pq acabaria com os estados, não teria mais renda. 
Nenhum aprovaria. 
Emenda CF n. 3 – ela criou o IPMF – impunha impostos ao estado. – o Supremo disse q é 
inconstitucional, por causa da imunidade reciproca, para não pdoer tributar o outro. A mesma 
emenda revogou um tributo estadual que era difícil de cobrar – adicional ao IRRF q iria pro estado. 
– modificou pq tirou uma competência dos estados de tributação – mas pode ser feita pq não 
tendia a aboliar os estados. 
No poder de tributar esta o poder de destruir – Marshal’ 
Ser federação: ter autonomia entre os entes federados. 
STF ação direta – jurisprudência – 2024 adi 2024 
No direito republicano brasileiro: federação e republica. 
Limite matéria da CF americana: numero igual de senadores em cada estado. 2. 
Separação dos poderes: executivo, legislativo, judiciário, o que cada a cada um e como ele se 
relaciona. 
adi 3367 – pode se colocar um novo poder? Movida contra um órgão novo ao judiciário, pois 
submetia várias juízes. Pode se ter a separação, se modificar o poder, criar um poder novo, o que 
não pode abolir um poder ou submeter um ao outro. 
Anos 80 – decisão do supremo: mandado de segurança 20257 / 2257– houve um momento no 
final que começou a tramitar uma proposta constitucional - mandado que fala que uma pec não 
pode se tramitar pq aumentar o mandato do presidente atentava a contra a republica. Mas 
aumentar em um ano não é aboliar a republica. Esta permitindo e dizendo o limite do permitido. – 
única caso de controle preventivo de constitucionalidade. Única fez q ocorreu em proposta. 
Direitos e garantias individuais – direitos sociais, liberades (pensamentos, ir e vir) qnd estão em 
jogo direitos fundamentais há uma regra de introdução: direitos fundamentais são amplos (ao 
contrario do penal) – Manul diz classicamente o direito e garantias individuais é direitos 
fundamentaios: individuais – art 5 e sociais art 6. Pode se alterar, mas não pdoe aboliar ou 
desnaturar os direitos fundamentais. 
pCI – se manifesta de três maneiras: emenda, revisão e decorrente 
Poder constituinte decorrente – deriva da cf em favor dos federados. Os entes tb podem ter cf. 
estados cf e municípios lei orgânica. 
O poder decorrente decorrentes os estados- 1 grau e os munícios – 2 grau terem cf é tb o pdoer 
consitutinte insituito, pq tao estão sujeitos ao princípios da cf da republica. 
 
20/4 
 
Monitoria: 
 
Lei material: geral e abstrato, como a lei de compra e venda. Podem ter leis materias que nao sao 
necessariamente formais, como decretos por exemplo, pq decretos nao passaram pelo processo. 
Lei formal (lei positiva): passou pelo processo de produção de leis 
 
Hierarquia: Constituição, Lei complementar (dizem que o processo da complementar eh maior, mas 
STF diz que nao, pq nem toda lei pode tratar de lei complementar)e lei ordinaria 
 
*Recepçao ou nao de leis qdo muda constituição. 
Leis antes de 88 nao podem ser inconstitucionais, somente podem ser nao recepcionadas pela 
nova constituição. Entao eh criado DPF que ve se os principios estao sendo recebidas ou nao. 
 
QUESTOES para entregar depois da prova: 
1 – oq é constitucionalismo? Qual a relaçao de rigidez e estabilidade da Constituição 
(pensar const. Com racionalizaçao do poder. Texto do mateucci) 
2 – o constituinte derivado pode alterar – diminuir - o quórum de aprovação de emendas 
constitucionais e pode alterar as cláusulas pétreas? Justifique. 
 
Texto: 
 
Qm aplica a constituição? o legislador, judiciario 
Levar em conta a política ao interpretar a const. De qdo foi escrita e da atualidade? 
e tbm levar em conta o tipo de norma. Tem normas de baixa densidade normativo, direito à 
liberdade, e quase tudo pode se aplicar nela, normas que permitem pluralidade de interpretaçoes 
que vc nao consegue dizer qual eh certa e qual eh errada. 
 
Eh saudavel a alteração, mutação na constituição, por mais que haja problemas 
Mutações constitucionais e mutações inconstitucionais 
 
29/4 - Prova 
 
30/4 
 
Monitoria: 
 
Vicio = Inconstitucionalidade 
pode ser de 2 tipos: 
- Material: relativo ao conteúdo 
- Formal: relativo ao procedimento 
Se ocorre uma promulgação que conflita com o procedimento é vício
formal, não material. 
Conteúdo que tá vetado por uma norma procidimental. O mesmo ocorre se for feita uma MP sobre 
Penal 
 
Isso porque viola pre-compromisso tomado pelo originário 
Maneco fala sobre casos limites, porque se nao puder alterar, cada vez deveria se iniciar uma nova 
Constituição toda vez. 
 
3/5 
 
Modelos eleitorais 
 
Personagens do Jogo Politico: programas partidarios 
 
Partidos politicos é fenomeno muito novo. não vem das revoluções liberais, pq lá foi a burguesia 
que ganhou, e com o voto censitario, nao havia partidos. Jacobinos, Girondinos, nao eram 
partidos, era uma luta de processo revolucionario 
Partidos é fenomeno da 2a metade do sec XIX do sec XX, com a universalizaçao do voto, pq nao 
sao somente os burgueses que tem acesso ao mundo politico. e sao os grupos com diferentes 
visoes do mundo é que se juntam e formam partidos politicos - esse processo é claro na Inglaterra. 
*EUA: caso particular sobre os partidos 
 
Como se dá a eleição no Brasil? 
Eleição para Deputado Federal e Senador: 
 
-em sistemas majoritarios puros a tendencia eh de formaçao de apenas 2 partidos 
-ja no sist. proporcional, a tendendia eh multiplicaçao de partidos. 
há sistemas intermediarios: como o frances, que é majoritario de 2 turnos, partidos nao se sentem 
pressionados a se coligarem 
 
(anotaçoes da Dani) 
O povo é o soberano. É o titular do poder e quem obedece ao poder. Coincidência entre aqueles 
que decidem e que sofrem o fluxo da decisão. 
Há um processo político democrático, quem são os personagens? Os personagens são os partidos 
políticos ou os programas partidários. É razoavelmente recente os partidos serem personagens. 
 
- Nicolau Matteucci – menciona a existência de alguns partidos na Inglaterra os tory e os whig – 
mas de forma arcaica. 
 
Partidos políticos é muito recente. Não veio das revoluções liberais pq qm ganhou as revoluções 
foi a burguesia e ela se impôs no sistema politico e gerou mecanismo para isso – voto censitário, 
logo não tinha partidos políticos no sentido que conhecemos 
Partido politico no sentido de grupos ideológicos em disputa eleitoral é recente, segunda metade 
do sec xix, sec xx, a partir da universalização do voto que isso acontece, pq a partir dessa 
universalização pessoas com diferenças formas de ver o mundo participam do jogo policito, e elas 
se juntam em grupos por ideiologia. Na Inglaterra em paralelo a universalização do voto nasceu o 
primeiro partido inglês o Labor Party. Muito clara ate hoje a disputa entre partidos. 
Vários outros países tem o fenômeno de disputa. No Brasil o primeiro partido com ideologia foi o 
PT, os demais foram obrigados a ter ideologia para poder se manter no jogo democrático. França 
hoje: de um lado um esquerdista e do outro o direitista. Mas existem partidos extremos, como um 
da extrema direita. 
 
- Um pais a parte disso é o EUA: No estado liberal, qndo valia o voto censitário os partidos não 
eram admitidos. De lá pra cá é o inverso os partidos se tornam o jogo democrático, mas isso nos 
eua é peculiar, com um sistema politico partidário diferente. Nos eua os pais fundadores 
americanos tinham medo de partidos políticos, chamavam os partidos de facções, pq os pais 
fundadores tinham muito receio da fundação de maiorias nacionais pq os pais fundadores queriam 
ter domínio do processo e para isso quebraram as chances das maiorias nacionais. O próprio 
Federalismo e a própria mecânica da eleição do presidente – eleição indireta – há um colégio 
eleitoral que vota em grandes eleitores e esses grandes eleitores escolhem o presidente – maneira 
de não populizar o poder. James Madson: qnd jovem era absolutamento contra partidos políticos 
porque os pais fundadores retratavam a ideia de um estado liberal com consenso e voto censitário. 
Assim construíram os eua, evitando as facções, so havia um em torno do wash – em torno dele 
havia consenso, após ele houve muita disputa do poder. John Adams – terceiro mandato segundo 
presidente – não teve um grande consenso entre si, o grupo em volta do wash era a favor do poder 
centralizado e um grupo do Thomas Jefferson abre um outro partido a favor de um poder 
descentralizado – partido republicano democratico. O Jefferson ganha as próprias eleições. Isso 
deu tao certo que os próximos três mandatos é desse pdoer descentralizado 
(Jeff/Jeff;madson/madson) deu tao certo que o partido federalista foi dizimado . Com o tempo o 
antigo partido republico democrático é o atual democrata. O partido republicano atual é fruto de 
uma organização partidária de Lincon, qnd ele estabeleceu a estabilização do poder após a guerra 
da secessão. – 3 emendas constituições (acabar com a escravidão) após a guerra foi organizado o 
partido republicano fundando. Não é mais antigo que o democrata. Tem autores americanos que 
falam de uma silenciosa revolução democrata nos eua, um dos fatores foi o movimento da 
unificação as massas para diblar o colégio eleitoral. Hoje o eleitor vota em um grande eleitor 
sabendo que a simpatia do eleitor grande e que vai votar em determinado presidente. De vez em 
quando o grande eleitor da um problema – como na primeira da Bush Filho. A primeira vez que o 
colégio do grande eleitor foi na primeira eleição do Jeff (na época era primeiro lugar presidente, 
segundo o vice). Aaron Burr empatou com o Jeff, e a câmara foi decidir e teve 34 eleições 
inconclusivas, na 35 foi decidida Jeff em primeira e Aaron em segundo. Após isso emenda para ter 
eleição em chapa. Foi um mito. 
Outro mito – bush ganhar com menos votos popular. – O vencedor leva tudo. Vamos dizer que o 
colégio eleitoral seja 70 delegados, ai vamos supor que os votos populares ficam 60 para republico 
e 40 para democrata. Como serão divididos? Todos ficam como republicanos – Expectativa de que 
o estado vote em peso. Só dois estados não adotam isso – tem divisão proporcional em Nebraska 
e Meiner. Para ganhar presidente tem que ter 280 votos. Nos eua tem dezenas de partidos, mas só 
vemos as duas grandes maquinas nacionais, frutos de dezenas de partidos unidos. Os dois 
grandes não divergem ideologicamente – ambos capitalistas ambos american way of life. É normal 
ter umas diferenças relativas tipo os republicanos são mais perigosos entretanto o Thruman que 
jogou a bomba no japao era democrata. 
Se no estado liberal os partidos eram execrados e nos estados contemporâneos os partidos são 
personagens no meio termo eles são detalhes – fisiológicos, um objetivo – ganhar eleição. Não 
divergem acerca do modelo americano. Muda muito de um governo pro outro? 
Essas conformações divergem em cada pais. Ditadicamente se identifica ramos de uma mesma 
espécie. Há duas grandes espécies desse tema, eleição do parlamento: 
 
1) FPTP – first past the post – corrida de cavalo – o primeiro que bota o focinho – mais simples. 
Ganha aquele que tiver o maior número de votos. É o modelo inglês e americano. Esse sistema 
tem uma consequência. Consequencia que foi identificada no livro do Morris Virg – os partidos 
políticos. Há a tendência de só existir dois partidos. Porque? A eleição majoritária para deputado é 
de base distrital, em geral o voto major majoritário. Distrial – em cada distrito . Se em um distrito 
tiver um numero maior de trabalhadores de esquerda e alguns empregadores de direita. Os 
trabalhadores tem vários lideres sindicais – se segmentam em quatro grandes partidos. O de 
direito tem mais de 20% e os quatro partidos dos trabalhadores tem o 80%. Vamos supor que 
vamos em uma eleição que cada partido tem um candidato. Os trabalhadores se dividem nos 
votos, e o partido de direita, minoriario, consegue todos os votos dos empregadores, ficando com 
mais ou menos 21%. Deputado que representa a minoria. Normalmente os partidos de esquerda 
ao invés de se dividir elegem apenas um partido, e acaba-se tendo uma fusão natural entre esse 
partido. Esse sistema quase
gera a formação de dois partidos. Ele é tao claro quanto pernicioso 
porque justamente o porque ele gera os dois partidos ele é pouco amigo das minorias, pq sempre 
as maiorias ganham , dificilmente partidos menores ganham. O sistema majoritário é tao malvado 
com a minoria que tende a sacrificar ate o segundo partido. Tende favorecer a maioria e 
desfavorecer a minoiriaç Nem sempre o segundo partido tem o memso numero de cadeiras que 
teria pela representação populat. As vezes uma parte que teve 15 %dos votos so teve 10% das 
cadeiras pq esse sistema so contempla aquele que ganha.Mas não é um horror, tem uma grande 
virtude: a simplicidade e o ditadismo. Gera vinculo entre o eleitor e eleito – o dever de geração de 
contas. O eleitor sabe em que votou e o eleito sabe quem votou nele. 
 
2) Sistema proporcional: Tecnica que tem por objetivo contemplar minorias, ao menos as 
minimamente representativas. O voto funciona da seguinte maneira: imagina um pais com cem 
milhões de eleitores e tem 500 cadeiras, esse calculo tem como resultado o cociente eleitoral, que 
nesse exemplo é 200 mil votos. Isso significa que a densidade de votos mínima que se espera 
para que um partido tenha pelo menos uma cadeira é de 200 mil votos. Alcançou 200 mil votos tem 
uma cadeira. A segunda conta é pegar qnts votos um partido teve. Uma partido teve um milhão de 
votos, divide pelo cociente eleitoral = o resultado é o cociente do partido – nesse caso 5 – cinco 
cadeiras. O verdadeiro canditado é o partido e não o candidato. 
 
Ex. o voto na legenda na urna eletrônica. Primeiro a justiça pega em qual partido foi votada – na 
legenda. Depois se ve o canditadto. Se o eleitor vota no canditato ele ajuda a votar no partido e 
ajuda a fazer uma ordenação de lista do partido (bra) outra alternativa é o partido fazer a lista (o 
eleitor so vota na kegenda) se o leitor der 7 caderias, os 7 primeiros da lista entra. 
Esse modelo não gera vinculo entre o eleitor e o eleito, pq ele acaba ajudando a eleger outro, as 
vezes de outro partido, pq pode existir a coligação. 
 
[se o partido tiver 100 mil a mais – como se trata o resto?- no BRA pega-se o resto de cada partido 
e divide-se pelo numero de cadeiras que o partido teve. Aquele que teve o maior resultado pega a 
primeira cadeira e vai se fazendo isso ate se cumprir todas as cadeiras – na segunda rodada 
soma-se uma a mais ao primeiro lugar e faz a conta de novo] 
Caso Eneias – Prona – primeira eleição teve um milhão e meio de votos. – fez sete vezes o 
coincidente eleitoral – elegeu a si e mais seis. No partido so tinha mais 5 – sobrou uma vaga (e 
desses alguns com 20 mil votos se elegeram ao passo que canditados com 100 mil votos não 
entraram) 
 
Código eleitoral – 105 e seguintes. 109 – como é a proporcionalidade do brasil. 
No bra temos eleições de presidente, vereador, dep federal, dep estadual, senador, governador e 
prefeito. 
Tudo é por lei federal. 
Tem uma eleição de nível federal – presidente 
Nivel municipal – vereador 
Todas as demais de base estadual – dep fed. Dep. Est, senador e governador. 
 
do dep federal ele é representante do povo, na verdade do povo do seu estado, e o senador é 
representante do estado. Federal – proporcional a cada quatro anos – Senador – majoritário. – a 
cada quatro anos – mas tem mandado de 8 anos – 2/3 e 1/3. O voto pra deputado é estadual pq o 
braisl tem a peculiaridade de ter um piso e um teto de deputados por estado (na opinião não 
deveria ter – pra proteger os estados menores dos maiores) No brasil existe um critério federativo 
próprio do senado. Cada eleitor tem que ter um voto, no momento que se coloca um piso, alguns 
estados que devriam ter um depiutado term 8 e os estados que deveriam ter mais de 100 tem 70 
 
O eleitor no brasil não tem o mesmo peso eleitorial conforme onde ele mora. Basta ele mudar para 
mudar o local de voto para mudar o valor do seu voto pq a densidade eleitoral é altamente 
diferente e alterada por cada do piso e do teto. 
Clausula pétrea americana = igual numero de senadores para cada estado 
 
1 regra = sist. Marjoritarios puros tendência de formação de 2 partidos 
Sistema proporcional = formação de vários partidos 
França= sistema marjoritario em 2 turnos. Consequência = partidos não se sentem obrigados a 
fusionarem p/ o 1 turno. O modelo francês da uma quebrada nesses dois extremos. 
No brasil tem 29 ou 30 partidos, deste 20 tem representação no congresso 
Espanha é proporcional mas tem dois partidos básicos. Na existem muitas rivalidades locais que 
tornam a equação diferente. 
O piso e o teto podem ser alterados? Ler adi 815. 
 
10/5 
 
sist. majoritario: nao contempla minorias, somente aquele que ganhou, e isso deixa descobertos 
minorias sociais que naoe starao representadas. gera vinculo entre eleitor e eleito 
sist. proporcional: permite representaçao de minorias minimamente representativa (que alcança 
cociente eleitoral). naao gera vinculo entre eleito e eleitor. é amigo das minoria 
 
cociente eleitoral: minimo de votos que precisa pra um partido conseguir uma cadeira. um partido 
consegue quantas vezes o cociente, eh o numero de cadeiras que ele terá. as cadeiras que nao 
foram preenchidas sera feito por uma conta: o numero de votos que ele teve por cadeiras que ele 
tinha - densidade eleitoral - quem tinha maior densidade, ganhará mais cadeiras da sobra. uma 
conta por cadeira. 
 
Franca - eleiçao de deputado é distrital e precisa de maioria absoluta de votos, se nao acontece a 
maioria, ocorre 2o turno para 2 mais votados. a idéia disso é permitir que haja escolha de 
coligação para o 2o turno e deixar o 1o turno livre. 
 
P. Como imaginar um sistema do que ha de bom no majoritario simples e no proporcional, ou seja, 
ha contemplaçao de minorias, vinculo entre eleitor e eleito, clareza de qm votou e qm foi votado? 
 
R. sist. eleitoral alemão é distrital misto e é proporcional. alemanha tem 600 (??????) deputados 
na camara baixa. cociente: divide-se eleitorado pelo numero total de cadeiras - 300. Eleição se dá 
assim: o eleitor de cada distrito possui 2 votos - um majoritario e um voto na lista partidaria. 
cadeiras se distribuem a razao de qts vezes um determinado partido cumpriu o cociente eleitoral. 
deputado eleito na majoritaria tá eleito, as outras cadeiras a que ele tem direito pelo cociente sao 
divididas pela lista partidaria (q o partido define a ordem dos deputados). Se um partido tem em 
cociente 20 cadeiras, mas ganhou em 25 distritos, ele terá direito a essas 25 cadeiras? sim. mas 
isso ja aconteceu com varios partidos e qdo isso aconteceu, permitiu-se acrescentar as cadeiras 
necessarias a mais. 
 
tentativa aqui de colocar vereador paroquial para permitir o eleitorado de saber em quem está 
votando e que os benefícios voltem para a comunidade que votou nele. isso não pegou. para 
aplicar para distrital puro é necessário emenda constitucional. 
 
majoritario para senadores (uma eleição binominal e uma nominal) e proporcional para camara dos 
deputados (maximo de 70 e minimo de 8 deputados por estado - eleição é estadual. calculo do 
cociente eleitoral é por estado) e isso é problemático por causa da questao do "um homem, um 
voto" e com esse máximo e mínimo, isso não acontece. O peso do voto de Sao Paulo é menor do 
que o peso do voto do Acre, Amapár, por exemplo. Esse critério da não-igualdade de votos deveria 
ficar restrito ao Senado e nao contaminar o casa popular que deveria ficar na democracia. Bastaria 
mudar de Estado para aumentar seu peso do voto. *Dawl - democracia é feita para entes 
federados ou para o povo? 
-vereadores, camara legislativa, e outras casa é proporcional. só senado é manjoritario 
 
Inglaterra (1265) - foram chamados a reuniao parlamentar, representantes dos burgos e dos 
pequenos cavaleiros e eles ficaram nos jardins (verde) do palácio pq os nobres (lordes) ja tinha 
ocupado o palacio
(azul) e isso se ficou mantido ate hj nao so na Inglaterra, onde a camara dos 
lordes é azul e dos comuns verde. no brasil é camara deputados é verde e senado é azul. 
 
 
Nacionalidade, Cidadania e Direitos Políticos 
 
para se inserir no sistema político vc tem a nacionalidade, a cidadania e culmina nos direitos 
políticos. primeiro passo para se ter direitos politicos é ter uma nacionalidade, estar inserido num 
Estado é ser reconhecido como nacional de um Estado - criterios de sangue, de solo - e a apatria 
acontece, como no filme O Terminal. Ser nacional nao signifca ser cidadão, que para o ser cumpre 
alguns requisitos, em gera, etários. Tornando-se cidadão, ele pode participar dos direitos políticos 
que são votar e ser votado, direitos de participar da formação da vontade do Estado. 
 
-- Nacionalidade: 
 
Ius Sanguini, Ius Soli: filho de quem ou nasceu onde. em geral criterio de sangue é aplicado por 
países de emigração e de solo adotado por países de imigração. e há países que adotam ambos 
os critérios, como no caso do Brasil. Aqui tem brasileiro nato e naturalizado. e não pode ter 
discriminação, a não ser quando expresso. 
- O brasileiro nato - art.12, I - nascidos no Brasil (solo), nascidos no estrangeiro de pai brasileiro 
(sangue) 
- O brasileiro naturalizado - art. 12, II - estrageiros que morem ha 15 anos aqui e àqueles que 
queiram e peçam nacionalidade vindo de países de lingua portuguesa. 
Pode se perder a nacionalidade, art. 12 § 4o em casos que naturalizado cometa crime e com isso, 
perde e tbm em casos onde conseguir nacionalidade estrangeira acaba perdendo a sua inicial, em 
casos tbm de imposição de naturalização, ex. de jogador de futebol. 
 
-- Direitos Políticos 
 
art. 14 - votar e ser votado. existencia de plebiscito, referendo, iniciativa popular. Igualdade do voto 
(teto de deputado e senado nao poderia, mas ler adi 815, pq fala-se que é norma constitucional 
originária tbm o teto e o piso) 
 
11/5 - Monitoria 
 
Positivismo - método de aplicação do direito válido ainda hoje, mesmo que nao completamente. 
Mas a questão positivista de que vale pq vale; sem pensar ética ou moralmente não vale. 
 
- Compromisso da liberdade política onde se submete msmo que a minoria perca - para que idéia 
possa se submeter 
- minoria nao contemplada ainda é livre pq votou 
- povo é uno é juridica: submissao a ordem normativa 
- ideologia é oq agrega o povo em partidos, é contra luta de classes pq aé o que juntaria seria 
somente o econômico. 
- voto proporcional teria mais partidos, grupos de individuos 
- maioria qualificada: qquer que seja maior que a absolua definida por lei 
- maioria simples: maioria dos presentes 
- maioria absoluta: maioria dos participantes 
A qualificada é importante para defender os direitos fundamentais, pq assim a minoria fica mais 
defendida, nao é somente quantitativo 
- cláusula de barreira: barra partidos com menor quociente do que o necessario 
- clausula de desempenho: tentou-se no Brasil 
 
17/5 
 
Federalismo 
 
-- Introdução histórica: 
origens: federalismo eh tecnica de repartiçao do poder em bases territoriais, descentralizaçao do 
poder em bases territoriais. origem mais remota é o feudalismo. vocaçao federativa do brasil tem 
mto a ver com as capitanias hereditarias (prenuncia da vocaçao federativa). por mais paradoxal 
que seja, o império ja tinha esse prenuncio. houve até criação de assembleias legislativas nas 
provincias brasileiras, com o ato adicional de 1824. nossos federalistas pra se contrapor aos 
monarquistas se aliaram com os republicanos, essa vocação federativa foi mto anterior a republica, 
mas havia um terrno mais fertil com os republicanos. 
De onde saiu o federalismo?? modelo federalista sao os EUA. eles se viram compelidos ao 
federalismo, e aprenderam esse federalismo com alguem - Montesquieu - com o Espírito das Leis. 
Lá é mencionado que ha monarquias e republicas, poder centrado no rei é ambicioso de gloria, 
crescimento e em geral, resulta num grande estado, diferente é o caráter de uma republica, que eh 
fundada na igualdade entre os cidadaos, por isso é dificil articular republica num grande estado. 
como uma pequena republica pode se defender de uma gde monarquia engolí-la? para prevenir 
essa conquista, devem existir alianças. e como essas alianças contaminam o conjunto, a igualdade 
vai se espalhar por todos e em geral, se tornará um grande estado federativo. EUA começam em 
1787 qdo os 13 estados sobernos abrem mao de sua soberania particular para uma única do todo 
e ae surge um unico país. como consequencia disso, os estados tratam como criatura sua o 
governo central. federalismo por agregação. na federaçao nao ha espaço para secessão. "união 
indissolúvel" na nossa Const. Havia uma const q previa direito de secessao na URSS. se 
sacramenta na const que estados serao mais fortes que o poder central. (*pq EUA tem const 
escrita se sao Common Law? a parte da resposta esta na tecnica federativa. pacto federativo é oq 
será da competendia de cada ente). Cont Americano diz quaia sao as competencias do poder 
central e o residual fica com os Estados. a uniao so pode fazer oq esta numerado., eh uma 
maneira de amarrar o governo central a so isso está por tras dessa maneira de agir, com isso os 
estados tem mais força que o central. e é assim até hj pq emendas sao mto dificeis de se mudar, 
pq principalmente elas tem que passar por um referendo do Estado, e se for contra os estados, 
eles nao aprovarão. na vida prática, encontrou-se um meio de flexibilizar essa regra para fortalecer 
poder central: construçao do uma compreensao de uma doutrina dos poderes implicitos. 
Sobre Hamilton ter criado um banco central: 
- nao consta da const americana que o gov central possa criar um banco, entao pode-se criar esse 
banco? 
- mas pode o gov de um estado (Mariland) tributar uma projeçao do banco do gov cental em seu 
Estado? 
Marshall responde com base na teoria dos poderes implicitos. Como ha diversas competencias, ha 
uma competencia implicita de criar o banco ja que uma delas é cuidar da economia. Sobre a 2a 
pergunta: os entes federados devem viver em harmonia e "no poder de tributar, está o poder de 
destruir". ter mais ou menos dinheiro é oq dá o qto de autonomo é, assim, um ente federado nao 
pode tributar outro - imunidade reciproca. 
 
-- Federalismo brasileiro: 
Aqui 1o houve um estado unitario, depois por decisao desse estado, ele se segmentou.o estado 
geral antecede os estaduais, e isso tem uma consequencia, quase oposta ao federalismo por 
agregação(que tende a favorecer o gov. estaduais). Canada teve tecnica inversa (enumera 
poderes do estado e deixa residual para gov. central) favorecendo gov. central. Aqui é federalismo 
por segregação. a tecnica de divisao de competencia tem inspiraçao 1o americana, depois alemã e 
por fim, indiana. qual a gde novidade alemã: veio com a const. da rep. de weimar que trouxe 
Federalismo de Cooperação: um país tem competencias estaduais e centrais, mas a novidade é 
o rol de competencias que sao comungadas, partilhadas pelos entes federados. O brasil passou a 
pensar nesse modelo na const. de 34, mas essa const. nao teve mto folego que foi atropelada pelo 
estado novo q era centralista, e voltou com uma certa força em 46 e apice foi em 88. 
Quando a inspiraçao indiana: aqui enumeramos competencias numeradas para uniao, municipios e 
estados, e o residual fica para estados (sobram poucas) e ainda ha competencias comungadas. há 
federalismo especial - de materia tributaria - onde o residual toca a Uniao e nao ao estados. 
oq toca em cjto aos entes federados: educaçao, previdencia, meio ambiente, saude. 
autonomia X soberania. Brasil, estado soberano eh amalgama dos estados, municipios e uniao. 
Uniao nao eh Brasil, uniao é um dos entes federados. congresso nacional tem esse nome pq faz 
leis federais (so pra uniao) e nacionais
(q submete todos os entes).repartiçaõ de competencias tem 
vies que passa por identificar se eh competencia material (de fazer alguma coisa: como prestar 
saude, cuidar do patrimonio) e legislativa (legislar sobre proteçao de patrimonio, sobre saude) art, 
23, 24 
 
18/5 - Monitoria 
 
só existe democracia onde ha limitaçao do poder 
Levi: votaçao direta nao eh condiçao para democracia, mas deve haver participaçao popular em 
alguma fase, mesmo que seja indiretamente por exemplo. 
MP: ato normativa primario que vem do legislativo, só ato primario pode impor direitos e 
obrigações. decretos e outras instituiçoes governamentais podem criar direitos e obrigaçoes mas 
que são instrumentais em relaçao a uma norma primaria, uma aplicaçao especifica em relaçao a 
um ato normativo primario. ha limitações sobre oq nao pode fazer, como pena, mas por exemplo, 
tributario ta liberado, essa MP vai passar pro congresso que pode vetar ou nao. mts decisoes sao 
tomadas por MP, o executivo consegue implementar de imediato (nao tem processo todo para ser 
aplicada) e prmite que parlamentares façam emendas ao MP. isso é interessante pq o parlamentar 
fica engessado pq ele pode ter projetos de leis que serao dificeis de ser aprovados mas com uma 
MP e as possiveis emendas que o parlamentar faz, facilita. como as MPs tem 120 dias de prazo e 
45 dias de maximo para começar a ser vista, antes se trancavam todas as outras leis que tem pra 
ser votadas pra poder votar a MP. hj em dia, não se tranca tudo, nao tranca os projetos que nao 
sao de assunto que nao eh permitido para MPs (como penal). 
Voto distrital:ao inves de ser por municipio é por bairro, por subdistrito majoritario 
Elival: Partidos politicos: nao podem existir aqueles com ideias que firam a democracia, nao pode 
receber dinheiro de outros países, respeitar democracia interna (oq nao acontece na realidade). 
art.17. decisoes do STF - cortes constitucionais qdo se deparam com situaçao politica que 
tenhamq ue tomar decisao, eles tomam a mais conservadora possivel, pq qm decide é o 
Congresso e nao o STF. houve uma mudança de 2003 pra ca no padrao de açao do STF, o self 
restraint passa a tomar posiçoes diferentes - aqui foi com a Clausula de Desempenho (nao diz 
respeito a elegibilidade, mas sim qdo nao atinge quorum minimo vc perde desempenho 
parlamentar - a atuaçao limitada na congresso e verbas e propaganada politica diminuidas) com 
isso acontece que esse que teve o desempenho diminuido pode nunca chegar ao topo, vc tira as 
condiçoes de lutar para conseguir conseguir mais votos. com isso o stf achou melhor se embrenhar 
em situaçoes politicas tbm. 
fidelidade partidaria. stf falou q nao tem ate 2007. depois disso, mas interpretando nossa atuaçao 
partidaria, mudou-se essa decisao. perda de mandato com troca de partido. o problema de tudo 
isso é o stf LEGISLAR. e isso esta ocorrendo no mundo todo. 
quociente: relaçao entre numero de cadeiras e numero de eleitores 
 
24/5 
 
competencias comungadas podem ser de natureza material (art.23) e legislativa (art.24) 
Federalismo Geral (residual sobra aos Estados) e Tributario (residual sobra a Uniao) 
 
-- Como funcionam as competencias comungadas (art.23 e 24) 
 
art.23 competencias de natureza material - comuns, horizontais (todos estao em igualdade) ou 
cumuladas (todos correm paralelo igual) 
art. 24 compentencias de natureza legislativa - concorrrentes, verticais (tem hierarquia da lei 
nacional) ou não-cumuladas (nao se da cumulatividade, ha um criterio de distribuiçao, norma geral 
a uniao e norma especifica aos entes) 
 
sem lei complementar : compete a todos ao mesmo tempo, com lei complementar: compete só a 
quem a lei diz 
 
Art.24 Competencias concorrentes: a competencia se restringe as normas gerais 
 
- Aleomar Baleeiro: normas gerais sao molduras que a uniao traça e dentro delas os demais entes 
legislam complementarmente, respeitados os limites, conceitos trazidos pela moldura. normas 
gerais caracterizam uma lei nacional (aquela que repercute sobre todos os entes: uniao, estado e 
municipios) 
§1 - uniao faz as normas gerais. hierarquia entre leis federais, estaduais e municipais depende de 
qual é o ente federado competente pq nao há hierarquia entre entes federados. mas a lei nacional 
está acima hierarquicamente das outras pq é baseada em normas gerais. A uniao tbm faz normas 
especificas, baseadas nas normas gerais, assim como os estados e municipios que farao as leis 
complementares baseadas nas gerais. 
§2 - estados nessa materia complementarão (suprir) tendo em vista a moldura 
§3 - qdo a uniao nao legisla - nao ha norma geral - ocorre a omissao e ae abre-se a possibilidade 
para os estados atuarem supletivamente 
§4 - norma estadual fica suspensa naquilo que ela contraria a norma geral da Uniao. opção do 
constituinte é interessante ja que nao revoga a norma que o estado fez, apenas suspende. 
 
Art.22 Competencias da Uniao - resultam em leis federais (repercutem para a uniao). é possivel à 
uniao delegar aos estados aspectos de alguma das competencias legislativas da Uniao. isso 
aconteceu uma vez no direito brasileiro - lei comp. 103 de 2000 - ela delegou para os estados a 
competencia para legislar a fixaçao do piso salarial. nao é o direito do tabalho que foi delegado e 
sim um aspecto dele - o piso salarial (q tem especificações sobre qual trabalho se destina o piso) 
 
pq tem normas gerais no artigo 22 e nao no 24? para que nao surja para elas a legislaçao supletiva 
dos estados, pq sao coisas mto sensiveis e devem ser nacionais 
 
Lei de Licitações: tem uma serie de normas gerais, mas tbm tem momentos em que a lei é 
extremamente detalhada e minucioso, e qdo acontece isso, os detalhes só se aplicam à União. 
como distingue isso? a geral é ampla, conceitual e a especifica é detalhista. 
Essa lei tem modalidades de licitação: essas modalidades sao normas gerais e tem o cuidado de 
falar pros entes que eles nao podem criar modalidades novas ao mesclar modalidades, tem que 
seguir aqueles moldes. Uma norma que EXCLUI os outros entes tbm é geral. 
 
25/5 - Monitoria 
 
- Norma geral prevalece sobre específica # lei especial prevaleve sobre geral 
- derrogar é revogar em parte. 
- Dualista: prevalece separação horizeontal, Estado cuida disso, União daquilo. 
- Cooperativo: atua-se conjuntamente, pode-se legislar ainda sobre algumas coisas de forma 
concorrente 
- Vertical: todo mundo pode legislar OU um põe norma geral e outros específicas - Não cumulativa 
- Horizontal: todo mundo pode legislar e igual, não ha norma superior - Cumulativa - todos legislam 
sobre mesma matéria. 
- Federação Dualista e Federação Cooperatista? soberania é caracteristica dos Estados. 
- Federação: algum grau de autonomia , autonomia de auto-organização mas principal financeira. 
- intenção de maior eficiencia governamental 
- alguns incisos dos art. 23 nao podem ser delegados. 
- pq nao ha hierarquia na repartiçao horizontal? cada ente é responsável por uma matéria 
específica, nao há concorrencia. 
- na vertical, como elas sao concorrentes, legislam sobre mesmoa materia e pode haver conflito e 
nesse caso a Uniao que prevalecera 
- simetria: sao semelhantes pq a Constituição diz oq eles farão (juridicamente - parametros 
minimos que os Estados devem respeitar). conceitualmente isso garantiria a descentralizção mas 
na prática isso nao acontece, o problema nao eh do federalismo em si mas do nosso desenho. 
-- comum e exclusiva - material 
-- privativa e concorrente - legislativa 
 
31/5 
 
Separação dos Poderes 
 
expressao utilizada é equivocada. objetivo dele é limitar poder para prevenir absolutismo, o que 
não acontece pela separação dos poderes. essa expressao vem da interpretacao americana. 
cultura medieval
tinha a submissao do rei pela Igreja, entao nao temos essa ideia absolutista vindo 
da id. media. Absolutismo é corrupção dessa mediação do poder pela Igreja. 
 
Federativa e executiva, Poder de Legislar e Poder de Julgar (Locke) 
Federativa e executiva sao para o rei. Locke ve a bipartição dos poderes. 
 
modelo ingles nao se coloca inicialmente em 3 poderes. poder de julgar se configurava para a 
House of Lords. A Suprema Corte (ate 2008) era uma corte de lordes dentro da House of Lords. A 
funçao de julgar convergia para a House of Lords. Só em 2008 foi instalada uma Suprema Corte. 
 
Na França nao havia Parlamento unificado. Estados Gerais era o parlamento, mas o rei nao 
deixcva acontecer, se reunirem. Nao eram orgaos legislativos, era mais poder de julgar. 
Montesquieu morou na Inglaterra exatamente quando estavam se estabelecendo os 3 poderes e 
resolve receitar esse modelo para a França. 
 
Montesquieu neutraliza o judiciaria pelo modo de estrutura-lo e pelo modo do judiciario decidir. 
estrutura episodica e modo de decidir estritamente vinculado. 
 
Bicameralismo americano tem a ver com federalismo e nao com divisao de classes como em 
Montesquieu. 
 
Na França, o bicameralismo vem de uma ideia de conservaçao das decisoes. Metodo de escolha 
diferente da camara popular. 
 
Em Montesquieu as duas casas se relacionam partilhando, comungando duas faculdades que 
cada uma delas possui: estatuir e impedir. Montesquieu é muito mais interpenetração, conjunção, 
comunhão do que separação dos poderes. Os 3 poderes sao o Rei, a Camara Alta e a Camara 
Baixa. O judiciario nao aparece por estar neutralizado ele proprio e pq ele nao participa da 
atividade de legislar. 
 
-- Tetra, Penta e Hexapartição de poderes 
 
(faltei na monitoria) 
 
 
14/6 
 
Sistemas de Governo: 
 
Presidencialismo e Parlamentarismo 
 
- variações dos sistemas que inclusive permitem a existencia de um semi-parlamentarismo e 
semi-presidencialismo, essas variaçoes se dao em torno de tipos ideiais com fins didaticos. 
- existem varios presidencialismo e varios parlamentarismos. 
- narrar montesquieu é narrar presidencialismo classico, cujas caract sao: 
 1. chefe de estado e de governo coincidem na msma pessoa, mesmo orgao, mesmo poder. 
 2. dissociaçao entre governo e maioria parlamentar, nao ha coincidencia necessaria entre qm 
governa e maioria parlamentar, pode ate haver, mas nao passara de coincidencia. as duas coisas 
se dao em processos diferentes. 
 3. coerente com a logica de concepçao do presid. classico, mas tbm com a propria mecanica. não 
ha governo (sendo radical), mas isso é um exagero, no presid. classico o governo eh fraco. mas, 
governo como estrutura do estado requer poder, pq tem como objetivo realizar politicas publicas e 
ele toma decisoes que resvalam nos direitos das pessoas, com a lei. "governar é legislar" qdo se 
percebeu que se precisava de um governo para concretizar politicas publicas, o modelo de 
montesq. deixou de ser satisfatorio e alternativas começaram a surgir. na europa, isso implicou na 
parlamentarização dos governos, chefia de governo foi atrelada ao parlamento, para que o chefe 
de governo gozasse da legitimidade parlamentar e pudesse governar, para que houvesse fluidez 
nas decisoes. 
 
como no brasil o governo era necessario, nos começamos a desenvolver um modelo institucional 
proprio, com base presidencialista mas com serie de excessoes parlamentaristas e que nas ultimas 
decadas ganhou mais cara e foi batizada de presidencialismo de coalizao e que eh a adaptaçao do 
modelo de montesq. aplicado ao modelo institucional que requer governo. coalizaçao de partios 
que se juntam para permitir o governo, permitir que o presidente aprove medidas, isso no final das 
contas, vai gerar uma partilha de cargos no governo. 
 
base parlamentar heterogenea é problematica pq eh dificil fluir decisoes. 
atual governo é oq tem a maior base parlamentar, e tbm aquela que fez menos MP. pode ser pq 
sejam feitos mais PL exatamente pq tem a maior base parlamentar. 
 
presidencialismo americano eh oq mais se aproxima do de montesq. hj em dia, entao, por exemplo, 
uma diferença eh a iniciativa legislativa, outra: o veto em montesq. é absoluto, qquer manifestaçao 
de faculdade de impedir, é absoluta. nos EUA nao eh assim, os parlamentares podem vetar o 
presidente com 2/3 (aqui é maioria absoluta). outra diferença é meio relativa, mas em montesq. o 
judiciario eh absolutamete neutro, nao participa da tomada de decisao politica, nos EUA, o 
judiciario pode vetar decisao, com as declaraçoes de inconstitucionalidade. 
 
Parlamentarismo: 
 
-- dissociaçao (separaçao) entre chefia de estado e governo. há uma conexao necessaria entre 
chefe de governo e parlamento, essa conexao se dá de varias maneiras: o governo decorre da 
maioria parlamentar. (perdendo a maioria,o governo cai). governo pode dissolver parlamento, 
parlamento pode tirar apoio do governo?? chefe de estado pode dissolver e convocar eleiçoes?? 
parlamentarismo se da no contexto monarquico ou republicano? na monarquia, chefe de estado 
esta mto distante do governo. numa republica, o chefe de estado tem alguma chance de influenciar 
o governo. ex. inglaterra, rainha reina mas nao governa. teoricamente tem poder de veto, mas ha 
200 anos nao eh usado e a ultima vez que tentou-se usar quase caiu a monarquia, o mesmo 
ocorre na Espanha. mas na Italia, Portugal, ha uma votaçao para o chefe de estado (presidentes) e 
isso permite a eles uma legitimação diferente e assim, eles podem vetar. presidente alemao é q 
nem a rainha da inglaterra. 
 
A França é oq é chamado de semi-parlamentarismo ou semi-presidencialismo, mas na verdade, 
nao da pra sacramentar de um lado ou de outro. o modelo é assim: pres. é eleito diretamente e 
tem 1o ministro que decorre da maioria parlamentar. presidente tem legitimaçao popular direta e é 
mto forte por causa disso. e isso gera a impressao de que na França vive um presidencialismo. a 
eleiçao parlamentar é distrital por 2 turnos e só depois saberá-se o 1o ministro. antes o presidente 
era mandato de 7 anos mais reeleiçao de 7. 
 
15/6 
 
- principios e regras 
- principio tem baixa densidade legislativa, pq as definições sao abstratas, as interpretações sao 
diferentes 
- pricncipios balizam todo o ordenamento, mas tbm sao positivados. 
- metodologia do positivismo ainda existe por mais que o positivismo de "a lei vale pq é lei" tenha 
sido superada. 
- regra é mandamento que se aplica ou nao se aplica. ou é aplicavel ou não, por conflito com a 
situaçao, nao tem como aplicar só um pouco da lei, já os principios nao funcionam assim, pode-se 
valorar os principios e aplicar talvez parte do principio, mas tbm há situações onde eles serão 
aplicados ao máximo. entao, caso a caso, será analisado como o principio sera aplicado 
- cultura da constituição: a constituição faz parte de uma cultura, e sempre será uma escolha, mas 
não será uma novidade, é uma continuidade historica que trará as mudanças. esse elemento 
cultural permitira que o texto constitucional sera revisto pelos proprios legisladores para tornar text 
sempre atual. essa cultura sempre envolve uma escolha, entao num sistema capitalista, assume-se 
que nossa constituição sera inserida num sistema capitalista e nao comunista, por exemplo. 
- principios apesar de amplos, tendo em vista a cultura, consegue-se ter uma ideia minima do que 
eh o principio. 
-principios sao sempre baliza dos controles de inconstitucionalidade. o problema dessa abertura 
para o STF, é que transfere-se para o tribunal a competencia que a lei é inconstitucional pq diante 
da leitura DELE, nao eh constitucional. o stf deve, ao inves de reescrever e fazer novas 
ponderações, fazer um juizo de adequaçao aos principios da ponderação feita pelo legislador. o stf 
faz uma ponderaçao do proprio tribunal e se chega a um resultado que
é conflitante com a lei, eles 
falam que a lei é inconstitucional, então pro stf, a ponderaçao deles acaba se mostrando mais 
importante do que a ponderaçao do legislador. essa é a critica. o tribunal deve limar excessos mas 
dentro da zona cinzenta dos principios, nao se deve fazer prevalecer. o controle deveria ser para 
casos extremos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DES0118 - Direito Constitucional I - Levi - Camila Oliveira 18521.pdf
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
1 
 
Direito Constitucional 
08/03/2012 
 
15/03/2012 
Constitucionalismo 
É um movimento político-ideológico decorrente das revoluções liberais, porque foram 
feitas as Constituições, de modo a acabar com o absolutismo e prevenir a volta. 
Revolução Inglesa (1688-89) 
Rev. Americana (1776) 
Rev. Francesa (1789) 
Constitucionalismo moderno – já que existiu constituição anteriormente, chamamos de 
constitucionalismo antigo (experiência democrática grega) 
- Democracia ateniense 
- “Política” de Aristóteles 
É o modo como as magistraturas se organizam na cidade (conceito de constituiçõ para 
Aristóteles). 
 
Democracia de Atenas: 
- Democracia direta (reunião deliberativa na Ágora) 
- A Lei na Atenas antiga era mera explicitação de um Direito já praticado, herdado de gerações 
passadas 
 
1) Graphe paranomom – mecanismo controlador das leis, da conformidade das leis com o 
Direito herdado 
1.1) Exemplo mais remoto de “controle de constitucionalidade” 
1.1.1) Através do tribunal dos Heliastas 
Os cargos públicos eram preenchidos de forma democrática, explicitada pelo sorteio. 
Cargos de curta duração, profunda compreensão de igualdade. 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
2 
 
 
431 a.C. Péricles profere, em discurso fúnebre, o primeiro emprego da palavra democracia. 
 
FORMAS/REGIMES DE GOVERNO (DOIS CORTES) 
Quantitativo Qualitativo 
Quantos governam? Para o bem comum ou bem próprio? 
 
Como evitar a degeneração das formas puras de governo? Juntar todas as formas de bom 
comum em um único governo 
Exemplo: República romana 
Analogia – Um – cônsul 
 Poucos – senado 
 Todos – assembleia da plebe 
SPQR: O senado (autoridade) e o povo romano (poder) 
 
 
Direito Constitucional 22.03.2012 
 
Podemos dividir as Constituições em: 
1. Escritas - brasileira 
2. Não escritas – inglesa – costumeira – conjunto de práticas havidas entre as casas do 
parlamento, entre a coroa e o parlamento; não exclui leis que tenham que vez ou outra 
modificar esses costumes, essas práticas. 
 
a) Rígidas – forma de alteração diferente da forma de alteração de uma lei. A 
modificação é mais difícil, não pode ser alterada por uma lei comum do congresso. 
Primeiro pressuposto: escritas 
Segundo pressuposto: mecanismo próprio de alteração 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
3 
 
Terceiro pressuposto: mecanismo de controle da constitucionalidade 
b) Flexíveis – pode ser alterada por uma lei qualquer ou aquela cuja alteração não requer 
uma solenidade diferente daquela reservada pela alteração da lei comum. 
c) Alguns autores falam ainda da Constituição semi-rígida, que seria a Constituição do 
Império do Brasil. O professor não concorda com esta classificação, pois acredita que 
ela tinha na verdade uma parte rígida e uma parte não rígida. 
 
Falando agora das normas constitucionais: 
I) Materias – normas que tocam em assuntos próprios da Constituição; 
II) Formais – Normas que gozam da forma constitucional, que estão na Constituição. 
Por estar dentro são mais difíceis de alterar – só pode ser alterado por emenda 
constitucional e NUNCA por lei 
 
Exemplos: Lei citada como materialmente constitucional mas que não está na 
Constituição: lei orgânica da magistratura nacional que coloca a vitalicidade, 
inamovibilidade, irredutibilidade dos vencimentos, etc. A lei eleitoral também é 
materialmente constitucional, mas não está na constituição. 
Dúvida: cláusulas pétrias – matéria mais aprofundada, que será discutida no 
ponto de poder constituinte. 
Terceira classificação da Constituição – Paollo Rufino 
I) Substancial –Conjunto de normas materialmente constitucionais – conjunto de 
normas que trata de assuntos próprios da nossa constituição segundo a cultura. 
II) Formal – Conjunto normativo requer um procedimento diferente de alteração daquele 
da lei comum. 
III) Documental – Há um texto solene que se proclama. Tenta revelar uma boa parte da 
Constituição substancial. Há um documento constitucional, uma lei solene, que não 
significa que há uma forma de alteração mais dificultosa do que a lei comum. 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
4 
 
Exemplo: a primeira constituição italiana de 1848 podia ser alterada por qualquer lei 
– diferentemente da formal, ou seja, ela é documental, mas não é formal. 
Há outras constituições que tem forma de alteração difícil, porém não estavam consolidadas em 
único texto (não eram documentais). Neste caso não havia uma Constituição documental, mas 
havia formal. 
 
Quarta classificação – Loewenstein 
Não faz exame apenas dogmático da Constituição – utiliza-se também do contexto político. 
Acha, por isso, as classificações insuficientes, por não serem reveladoras das relações de poder 
político existentes em cada estado. 
I) Constituição normativa – se faz efetiva no jogo de poder, disciplina o poder ou 
formas da Constituição – que é fruto das relações de poder. Nela detentores e 
destinatários do poder se confundem. É um traje, uma roupa, vestida pelo Estado. 
II) Constituição nominal – é absolutamente ignorada pelos dententores do poder. É um 
traje bonito que fica no armário, não serve no corpo do Estado, mas tem a pretensão 
de um dia servir. 
III) Constituição semântica – é feita pelos detentores do poder apenas para dar forma 
constitucional para um regime autoritário – poder dissociado dos destinatários do 
poder. O Estado veste o traje, mas ele não passa de um disfarce. 
 
Exemplos: I) Constituição de 88, que mesmo com todos os problemas é normativa; II) 
Constituição de 34 (ou 64?); III) constituição de 37 e 67. 
 
Reposição da aula do dia 29.03 
 
Ciclos do Constitucionalismo - São 10; cinco dos quais se sucedem entre o século XVIII 
e vão até o início do século XX. No século XX há mais cinco ciclos que não se sucedem, se 
sobrepõe no tempo – em parte correm em paralelo. 
Primeiro grupo – ciclos que se sucedem: 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
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5 
 
1. Constituições revolucionárias (século XVIII) 
 A primeira é a americana (1787) 
 Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) – não é Constituição 
especificamente, mas é assunto constitucional. Inclusive fez parte da constituição 
francesa. 
 A primeira Constituição francesa de 1791; as duas de 1793 e a de 1795. 
 
2. Ciclo das Constituições Napoleônicas – 1799 até 1815
3. Ciclo de Constituições da Restauração – Napoleão queria espraiar a Revolução Francesa 
para toda Europa, quando ele caiu vários dos lugares que ele havia ocupado voltaram à 
sua vida política. Algumas monarquias se restauraram, mas não foram em termo de poder 
monárquico absoluto – monarquias constitucionalmente limitadas (regidas e limitadas 
pela Constituição) 
 
4. Ciclo das Constituições Liberais (1830 – 1848) – começa a haver reclame de democracia. 
 
5. Ciclo de Constituições democráticas que culminam com o voto universal. A história 
inglesa politicamente é marcada pelo paulatino decréscimo do censo, ou seja, maior 
inclusão no jogo político eleitoral. Culmina com o voto universal para os homens. 
 
Esses ciclos culminam primeiro em um processo liberalizante e posteriormente 
democratizante. De que forma ocorreu a universalização do voto? 
Século XIX, conhecido como século das revoluções foi marcada pelas demandas proletárias. 
Não havia participação no Estado para minorar tais insatisfações, o que gerou um início de 
reivindicações. Se não é possível se incluir, começa-se a espalhar ideias revolucionários. Então 
os burgueses passam a incluir outras parcelas da população – decréscimo do censo – 
democratização. 
Constitucional I 
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6 
 
Kelsen foi um dos primeiros a perceber esse fenômeno – a essência e o valor da democracia. 
Discussão acerca dos partidos políticos. 
 
Segundo grupo - ciclos que se sobrepõe: 
 
6. Ciclo das Constituições de Democracia racionalizada (Kelsen) – jogo democrático como 
um pêndulo que oscila entre a minoria e a maioria. A Democracia decorre de dois 
postulados de nossa razão prática: liberdade e igualdade. Kelsen radicalizou tanto a 
democracia que possibilitava a existência de um partido contrário a democracia. As 
Constituições deste período tentam disciplinar pela norma constitucional uma série de 
evoluções que até então estavam restritas à prática – houve a racionalização na forma de 
norma jurídica. 
A Constituição mais famosa desse ciclo é a de Weimar, de 1918. É essa que o Nazismo 
atropela; é um marco na história do Constitucionalismo por ser uma das primeiras a tentar 
regulamentar o parlamentarismo e trazia direitos sociais (a primeira a unir essas duas 
coisas). 
 
Zagrebelsky – fala de valores da democracia. Cética (positivista – Kelsen, por exemplo); 
dogmática é a liberal clássica, a sua verdade impunha o liberalismo burguês através do 
voto censitário; democracia crítica – tem valores que orientam o debate democrático em 
direção a obtenção de uma resposta boa. Pra ele o verdadeiro democrata é aquele que até 
o último instante tenta o diálogo. 
 
Após a derrocada dos regimes nazista e fascista, percebeu-se que não é possível ter uma 
Constituição sem um mínimo de valores, que sejam valores que defendam a própria 
democracia. 
 
Constitucional I 
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7 
 
7. Ciclo das Constituições Sociais de Valores mínimos – protegem a própria democracia. 
Decorrente do que foi exposto acima 
 
8. Ciclo das Constituições autoritária entre guerras – Salazar, por exemplo. Tratam-se de 
Constituições semânticas, utilizando a classificação de Lewoeistein. 
 
9. Ciclo das constituições do terceiro mundo – Constituições que se inspiravam no mundo 
desenvolvido, havia a ilusão de que seria ideal a cópia destas constituições – o que 
obviamente não dava certo, tornavam-se Constituições inefetivas (nominais, segundo 
Loewenstein) 
 
10. Ciclo das Constituições socialistas – constituições do marxismo e leninismo; eram 
sobretudo constituições balanço – um balanço do que havia ficado pra trás e o que 
poderia ser feito pra frente. 
 
Democracia madura – liberdade e igualdade se promovendo mutuamente. 
 
Qual a diferença entre costume e Commom law (direito jurisprudencial). Este segundo 
observam, absorvem e trabalham os costumes e devolvem na forma de precedentes – não é um 
direito costumeiro, já que há todo esse processamento. Em outras palavras, Commom law passa 
por costumes mas não se resume a eles. É jurisprudencial por que se assenta em precedentes, que 
por sua vez devem ser compreendidos numa sequência de precedentes e em um contexto social. 
 
Aula 12/04/2012 
 
Direito fundamental: auto-executável, auto-aplicável. 
Classificações de normas constitucionais: 
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8 
 
 Self executing: completas, hipótese e consequência claramente definidas; 
Ex.: Direitos Fundamentais verdadeiros (naturais, não dependem do Estado), 
Art. 5º CF. 
 No self executing (programático): estabelecem programas (executados a partir 
de uma lei). 
 
Classificação pelo professor José Afonso: 
1) Normas constitucionais de aplicabilidade imediata e de eficácia plena (self 
executing). 
2) Normas constitucionais de aplicação imediata e de eficácia contida. Normas 
desde logo aplicáveis, porém admite contenção de uma lei reguladora posterior. 
Ex.: Art. 5 º incido XIII CF, liberdade de trabalhar. 
3) Normas constitucionais de eficácia limitada: antes de sua aplicação geram 
efeitos* mínimos. 
Ex.: Art. 170 CF, busca do pleno emprego. 
Efeitos: 
 Impõe dever de legislar; 
 Impede legislação contrária a ela; 
 Se superveniente; em sentido contrário a uma lei anterior, essa lei é 
morta (caso de sucessão de constituições no tempo). 
“MENS LEGIS” - vontade da lei 
“MENS LEGISLATORIS” - vontade do legislador 
 
Técnicas de interpretação: 
 Gramatical: literalidade, é o ponto de partida da interpretação. 
 Histórica: como, quando, qual a pretensão da lei, quem, houve lei anterior, 
emenda, vetos. 
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9 
 
 Sistemática: técnica elementar, já que em geral uma lei não se interpreta sozinha, 
se interpreta na sua conjugação com as demais leis vigentes no país (se articula 
com as outras leis). 
 Teleológica: vocacionado a revelar o fim da lei, finalidade. 
 
Aula 19/04/2012 
Poder Constituinte 
Sua doutrina pode ser entendida como uma derivação das velhas doutrinas 
contratualistas, é uma sofisticação disso. Poder constituinte é algo que temos a partir do pensador 
francês Joseph Siéyès. Abaixo, o que será abordado diz respeito a um dos seus livros (O que é o 
terceiro estado). 
Primeira constituição moderna: americana de 1787. Trata-se de uma doutrina 
contemporânea às constituições modernas. Coloquialmente dizendo, pode-se dizer que o terceiro 
estado é a burguesia (primeiro é o clero, segundo a nobreza). 
 
1) O que tem sido o terceiro estado? Siéyès diz que ele não tem sido nada, pois é 
explorado. 
2) O que é o terceiro estado? É tudo, pois é a burguesia que sustenta a sociedade. 
3) O que pretende ser o terceiro estado? Pretende ser algo, deve ser algo. Como? Com 
uma nova engenharia, por meio de um novo pacto, uma nova ordem de coisas a ser 
estabelecida em um texto constitucional que decorre de um poder constituinte 
 
Poder constituinte talvez seja o poder mais portentoso que a sociedade conhece, pois é o 
poder que funda o próprio estado, é o ponto de partida do estado, o funda.
Qual a natureza deste 
poder? É um poder de fato ou de direito? Para um positivista, como Kelsen, trata-se de um poder 
de fato, pois a ordem jurídica em Kelsen pode ser pensada como uma pirâmide. No topo está a 
constituição, depois vem os atos normativos primários, depois os secundários e depois os 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
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concretos. Uma norma jurídica em Kelsen é válida, pertence à ordem jurídica quando está 
encadeada a normas superiores. Para Kelsen, para isto não ir ao infinito, acima da Constituição 
não há uma norma posta, mas uma norma pressuposta, que é uma hipótese. Esta norma é 
chamada de norma fundamental. Esta norma está para além da pirâmide, fora da pirâmide. Isto 
está relacionado ao poder constituinte - a norma fundamental tem um conteúdo: devemos 
obedecer à constituição. Todos os atos normativos posteriores decorrem disso. Estar fundado, ter 
validade, ser posto pela norma superior, entre outros, significa que não há uma análise de fato ou 
de valor. Kelsen afasta isso na pretensão de fazer uma narrativa científica, quer ter uma narrativa 
para explicar qual a ordem jurídica. Uma norma jurídica pertence a outra norma quando se 
cumprem dois critérios: a norma é válida se e na medida em que é elaborada segundo os 
processos legislativos traçados pela ordem superior; esse processo é levado adiante pela 
autoridade competente, aquela que é autorizada pela norma superior. Kelsen cita uma série de 
exemplos: exemplo do caso da sociedade dos ladrões. 
Teoria Pura do Direito é muito útil como método, para explicar a estrutura do Direito, 
mas tem brechas quanto a ser uma filosofia do Direito. (???) 
 Para um jusnaturalista é um poder de direito. Para um jusnaturalista o Direito tem um 
poder transcendental. Há um direito revelado, direito divino (exemplo: São Tomás de Aquino). 
Quem é o titular do poder constituinte? (É o mesmo que perguntar quem é o titular da 
soberania). Na doutrina clássica há duas respostas: a nação ou o povo. Para Siyès o titular da 
soberania é a nação, que não se confunde com povo – é o povo, mas o povo de ontem, de hoje, 
de amanhã, sua cultura, suas crenças. Este povo é projetado no tempo. Nação é um elemento 
perene, uma abstração, uma criatura hipotética. A outra alternativa é inspirada em Rousseau, que 
acredita que o titular da soberania é a vontade geral, fundada na razão e sem influências. Povo 
sem preconceitos, sem influências externas – um povo que pensa o certo e errado unicamente 
fundado nas razões, sem paixões. Este povo expressa a vontade geral, a lei vem daí para 
Rousseau. Se a soberania atribuída ao povo, o povo somos nós, a ele se presta contas, ele escuta, 
fala cobra. Como a nação é uma abstração, presta-se contas a uma abstração, etc. A concepção de 
Siéyès predominou na Revolução Francesa. 
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Há dois tipos de Poder constituinte 
1) PCO – Poder constituinte originário – é aquele que funda o Estado. Em um estado 
que teve várias Constituições, poder constituinte puro é aquele que primeiramente se 
manifesta. As posteriores serão originárias também, pois o PCO é aquele que inicia 
ou reinicia o estado. No Brasil, vê-se PCO no Grito do Ipiranga, mas ele se exibe 
claramente na Primeira Constituição, mesmo que ela tenha sido outorgada (não se 
entra na discussão da legitimidade ou legalidade dessa constituição). O PCO do golpe 
militar de 64 pode ter sua legalidade e legitimidade claramente questionados. 
Características deste poder que funda ou refunda o estado: 
a) Inicial – dá o pontapé inicial no estado, funda o estado. 
b) Ilimitado – tem liberdade para decidir qualquer matéria de direito que quiser. Em 
geral, significa que as decisões políticas fundamentais de um estado são livres 
para um PCO. Exemplo: qual a forma de governo de um estado. 
c) Incondicionado – o modo como se manifesta o PCO (se manifesta como quiser, 
há muitas formas. Ex: constituição outorgada da França). 
 
2) PCI – Poder Constituinte instituído – ele é derivado do originário. 
a) Derivado 
b) Limitado – a alteração constitucional, por exemplo, tem limites, não há alteração 
das decisões políticas fundamentais (limitadas quanto a matéria, em geral diz 
respeito a forma de estado, regime de governo, etc). 
c) Condicionado – modo de se manifestar, manifesta-se apenas da maneira prescrita 
na PCO. Respeitam a constituição, derivam dela. 
Modificações podem ser: 
I) Por emenda – o modo de emendá-la nos dá a medida da rigidez 
constitucional. Se a constituição para ser emendada exige uma maioria 
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qualificada, se ela exige referendo popular, etc, isso dá a medida da 
rigidez. 
II) Por revisão – forma de modificar a constituição de forma abrandada. É 
limitada no tempo. No Brasil houve revisão em 93. Em Portugal a revisão 
ocorre de maneira periódica. A revisão se incia, acontece e se exaure. 
 
Base teórica do poder constituinte 
Três figuras podem propor emenda constitucional (PEC – proposta de Emenda Constitucional) 
 
1) Presidente da República 
2) Um terço dos deputados (171 assinaturas) ou um terço dos senadores (27 senadores) – 
aqui a iniciativa não é um ato simples, que dependa só de um. 
3) A maioria absoluta das Assembleias legislativas do país manifestando-se cada uma pela 
maioria dos seus membros. Esta hipótese é remota. A Constituição da República 
Federativa do Brasil vale para o ente federado chamado Uniao e os demais entes 
federados (26 estados mais o DF). Esse complexo federado compoe o conjunto 
federativo, que se manifesta pelo senado ou por ele próprio em matéria de alteração 
constitucional. 
Há questionamentos quanto à participação do DF nesta conta (mas não faz diferença). 
Isto é raro pois é mais fácil cada um dos estados pedir para os seus senadores colher 
assinaturas. 
É errado dizer que maioria absoluta é metade mais um. A forma correta de explicar 
é que se trata do primeiro número inteiro depois da metade (exemplo: 27 estados. A 
maioria absoluta seria 14. De 26 também). 
Hoje no Brasil temos 68 emendas constitucionais e mais seis revisões. 
A PEC começa a tramitar, se apresentada pelo presidente, pela Câmara. Se 
apresentada pelos deputados também, Se apresentada pelos senadores começa a tramitar 
pelo Senado. Se é apresentada pelos estados começa pelo Senado, pois ele é a casa de 
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representação dos estados (existe no regimento interno do Senado, mas isto fica em teoria 
por nunca ter acontecido). 
Se a emenda começou pela Câmara tem que ser aprovada pela primeira no plenário da 
Câmara com 3/5 dos votos dos Deputados (308 ou mais votados). Se foi aprovada, depois disso 
há um prazo regimental, um interstício, para ocorrer uma segunda votação, que obedece à mesma 
proporção. Depois disso a PEC vai para o Senado, que tem uma tramitação bem mais simples. 
Há necessidade de 3/5 (49 votos) na primeira votação e também uma segunda votação que 
obedece as mesmas proporções. O MESMO TEXTO TEM QUE SER APROVADO NAS DUAS 
CASAS. Se houver modificações volta para a casa que já havia votado o texto. Tal rigor é 
necessário por
se tratar de uma mudança constitucional – MEDIDA DA RIGIDEZ 
CONSTITUCIONAL DO PAÍS. 
O que eventualmente se admite é uma emenda que, se tem 4 artigos e apenas um deles foi 
alterado, se não há relação de dependência entre os artigos, e os 3 não-modificados tiveram 
aprovação nas duas casas em duas votações, eles podem ser destacados e promulgados sem 
aquele que foi modificado. 
PROMULGAÇÃO DA PEC – Mesa do Congresso Nacional (deputados e senadores 
reunidos, como se fosse uma terceira casa – bicameralismo conjunto. Tanto que existe o 
regimento interno da Câmara, do Senado e o regimento do Congresso. Algo importante que o 
Congresso vota: o orçamento. Trata-se de uma sessão conjunta, mas não há fusão entre 
deputados e senadores). Quando a PEC é aprovada passa pela mesa do Congresso, que declara a 
promulgação. Trata-se de um ato formal e solene que atesta que a PEC agora é emenda. 
 
Há certos limites ao poder de emenda, este limite descrito acima é um limite 
procedimental – há vários passos que necessariamente tem que ser cumpridos. A emenda 
constitucional não pode ser feita por iniciativa popular. Alguns estados admitem que em suas 
constituições estaduais haja tal iniciativa. 
Além dos limites procedimentais há os limites circunstanciais: ocorrência de estado de 
defesa, estado de sítio ou intervenção federal (limites circunstanciais ao poder de emenda). 
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Estado de sítio – guerra, por exemplo. 
Estado de defesa – gravidade menor, muitas vezes antecipa o estado de sítio. 
Intervenção federal – “sacar” o governador do estado 
Todas estas situações descrevem situações de comoção intestina grave. É algo tão 
complicado que não se recomenda tomar uma decisão tão grave quanto a PEC. 
 
Constituição brasileira nos traz a questão dos limites materiais do poder de emenda da 
Constituição de 88. (MATÉRIA DE PROVA, MATÉRIA PRINCIPAL DA AULA) 
Art 60, par 4 – não serão objeto de deliberação as propostas de emenda que tentem abolir 
1) A forma federativa de estado 
2) O voto secreto periódico e universal 
3) A separação dos poderes 
4) Os Direitos e Garantias fundamentais e individuais 
 
Limites materiais ao poder de emenda podem ser chamadas de cláusulas pétreas, pois não 
podem ser tocadas em hipótese alguma. (vingança de Jefferson) 
O STF entende que foi tomada uma decisão dizendo que a federação não pode ser 
abolida, mas pode ser modificada, desde que não seja uma modificação tendente a abolir (por 
exemplo, pode-se passar uma competência da União para os Estados desde que esta modificação 
não desnature a federação brasileira). É claro que tem coisas que não são pontuais mas que são 
muito delicadas (exemplo do ICMS). Existem PECs que alteraram relações federativas, mas que 
nem por isso caíram. Exemplo de uma emenda que caiu: A EC número 3 criou o IPMF, que tinha 
uma formatação que impunha o imposto aos estados, algo que diz que não pode ser feito pela 
União. O STF entendeu esta emenda como inconstitucional. (“No poder de tributar está o poder 
de destruir – Marshall”). A impossibilidade de um estado tributar o outro chama-se imunidade 
 recíproca). 
Questionamento do conceito de cláusula pétrea – por exemplo, pode-se criar um quarto poder? O 
STF, na ação direta 3367, permite a criação do CNJ, que altera o judiciário de forma a configurar 
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uma alteração de poderes. Portanto, entende-se que pode haver modificação, o que não pode 
haver é uma modificação que tende a abolir um poder ou seja tendente a abolir um poder. 
Estudar também a ação direta 2024, vai cair em uma das salas. Mandado de segurança de Itamar 
Franco também cai. 
Mandado de segurança do Itamar quanto ao tempo de mandato do presidente – ato preventivo. 
Direitos e garantias individuais e direitos sociais (art 5 da CF) também estão previstos nas 
cláusulas pétreas. Quando estão em jogo os direitos fundamentais há uma regra: estes direitos 
são interpretados ampliadamente (contraposição ao direito penal, que é interpretado 
restritivamente). 
PCI se manifesta de três maneiras. Foram faladas duas: de emenda e revisão. Tem 
um terceiro: poder constituinte decorrente. Essa expressão fala do PC que deriva da 
Constituição da república em favor dos entes federados. Os estados podem fazer 
constituições e os municípios também (lei orgânica). 
 
Prova será feita de algumas afirmações que em conjunto podem compor uma 
questão. 
 
Direito Constitucional 03/05/2012 
 
No Brasil, o titular da soberania é o povo. O povo é a fonte e o destinatário do poder. O 
país é democrático enquanto se sabe quem manda e quem obedece. 
Partidos políticos – protagonistas do jogo político eleitoral, é um fenômeno 
relativamente recente. Mateucci descreve no século XVI e XVII aparentemente a existência de 
partidos na Inglaterra – esses partidos não tem nada a ver com a ideia que temos de partido hoje. 
Não eram grupos segmentados ideologicamente como hoje. Não é fruto das revoluções liberais. 
Partido político no sentido de grupos ideológicos em disputa eleitoral é um fenômeno da 
segunda metade do século XIX e início do XX. Quando o voto se universaliza é que se dá 
origem aos partidos – não são apenas os burgueses que tem acesso ao voto, mas também pessoas 
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que tem diferentes formas de ver o mundo. Esse fenômeno na Inglaterra é muito claro: Partido 
Trabalhista Inglês. A ideologia como programa de partido tem como função mobilizar as massas, 
portanto, os demais partidos sentem a necessidade de também se ideologizar (no Brasil: PT surge 
ideologicamente, mobiliza massas, e os demais partidos sentem necessidade de também aderir a 
ideologias com vistas a mobilização). 
Um dos primeiros autores que percebeu este fenômeno foi Kelsen. 
Nos EUA as coisas se dão de forma diversa. País peculiar, impróprio para ser copiado – 
seu sistema político-partidário não se reproduz. Os pais fundadores tinham pavor de partidos 
políticos, chamadas por eles de facções. Não se queria que houvesse formação de maiorias 
políticas nacionais. Para combater isso uma das alternativas foi o Federalismo e outra o próprio 
sistema eleitoral do país. Havia um único grupo político em torno de Washington, que se elegeu 
e reelegeu. Havia consenso em torno dele. Depois dele houve muita disputa pelo poder. 
No governo de Adams, havia uma discussão acerca do federalismo no país. Houve então 
uma divisão entre os federalistas e os republicanos, que ganharam com a eleição de Tomas 
Jefferson. O partido federalista foi dizimado, e o republicano mudou seu nome para republicano-
democrático. Em seguida abandonou-se o termo republicano e tem-se aí a origem do Partido 
Democrata. O partido republicano de Lincoln foi criado posteriormente. 
Questão: colégio eleitoral. Primeira eleição do Jefferson, eleição não era em chapa – 
presidente seria o primeiro colocado e vice em segundo. Nesta eleição, Jefferson ficou empatado 
com Aaron Burs (ambos do mesmo partido, um seria o vice e outro presidente). O desempate 
previsto seria feito pela Câmara dos deputados, que era de maioria federalista. Depois de 34 
votações a Câmara indicou Jefferson com Burs como vice. Foi isso que motivou que a eleição
ocorresse em chapa. Outra questão sobre este método de eleição: winner takes all (o vencedor 
leva tudo). Em cada colégio, independente da proporção dos votos populares, quem vence leva 
todos os delegados. Isso permite que um presidente seja eleito sem que tenha a maioria dos votos 
dos populares. 
Nos EUA há dezenas de partidos, mas vê-se apenas os dois principais, que no fim das 
contas não são divergentes ideologicamente: ambos capitalistas, adeptos do american way of life. 
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No estado liberal os partidos eram execrados e no estado contemporâneo os partidos são 
centrais. Nos EUA temos um meio termo, partidos que não são esseciais, são fisiológicos, 
comungam de uma mesma percepção, não há grandes mudanças de um governo para o outro. O 
único objetivo é ganhar a eleição. 
 
Há diversos sistemas eleitorais no mundo. Falando de eleição de parlamento, pode-se 
dizer que ganha aquele que tem o maior número de votos. Para deputado, em geral siginifica um 
país dividido em distritos e cada distrito elege um deputado. Neste distrito, quem tiver mais 
votos, ganha – FPTP: First pass the post. 
 Hipótese: imagine um distrito que tem muitos líderes sindicais e se segmentam em 4 
grandes partidos de trabalhadores. Há um outro partido, de direita, dos empregadores, que 
concentra todos que tem essa ideologia. Numa eleição, a divisão dos votos entre os partidos dos 
trabalhadores pode dar a vitória ao candidato indicado pelo partido de minoria, mas que não 
repartiu os votos. O sistema majoritário, então, induz a formação de dois grandes partidos 
(coligações favorecem isso). Esse sistema é simples e ao mesmo tempo tão claro quanto 
pernicioso – ele é pouco amigo da representação das minorias (dificilmente um partido menor 
tem alguma chance). O sistema majoritário enfraquece até mesmo um segundo partido. Não dá 
espaço para minorias, só contempla aqueles que ganham. 
Mas ele também tem virtudes: simplicidade e didatismo, gera vínculo entre eleitor e 
eleito, gera dever de prestação de contas para um distrito específico. 
A alternativa que se coloca é o sistema proporcional: técnica que tem por objetivo 
contemplar minorais, ao menos aqueles minimamente representativas. O voto nesse sistema leva 
em consideração o quociente eleitoral: o número de votos mínimos que se espera para 
determinado partido alcançar pelo menos uma cadeira. Se tiver votos correspondentes a 5 
cadeiras, recerá 5. Nesse sistema se enxerga com clareza que não se vota na pessoa e sim no 
partido. “O verdadeiro candidato é o partido, não a pessoa” 
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Há também o quociente partidário, que define quantas cadeiras aquele partido terá. As 
variações sobre quem ocupará essa cadeiras depende de critérios variados: lista por ordem de 
votação, lista proposta pelo partido, etc. (Vide código eleitoral, art. 105 e seguintes) 
 
Como se dá a eleição no Brasil 
Temos aqui eleição para presidente, senadores, deputados federais e estaduais, 
governador, vereadores e prefeitos. Ela ocorre em três níveis: federal (presidente), municipal 
(prefeito e vereadores), estadual (governador, deputados, senadores). 
Interessa-nos aqui a eleição para deputado federal, uma eleição de base estadual. 
Deputado federal é representante do povo (sistema proporcional) e o senador representante do 
estado (FPTP). Senadores tem mandatos de 8 anos que se renovam na proporção 1/3 – 2/3 
alternadamente. No Brasil há um piso e um teto dos deputados, um limite (mínimo 8, máximo 
70). Há um critério federativo próprio do senado que repercute nos estados, gerando um 
desequilíbrio democrático – o eleitor no Brasil não tem o mesmo peso eleitoral de acordo com o 
local onde ele mora (um estado mais populoso vai ser menos representado). 
Questão do piso e do teto de deputados pode ser alterado na constituição? Ler ADI 
815 para a próxima aula e para a prova. 
▪ Sistemas majoritários puros: tendência de formação de dois partidos. 
▪ Sistemas proporcionais: tendência de múltiplos partidos, contemplação da minoria. 
▪ Sistema francês: deputados eleitos em distritos sujeitos a dois turnos; evita-se a 
obrigação das coligações, permite-se que os partidos excluídos do segundo turno podem a partir 
disso decidir se apoiam alguém. É uma alternativa aos dois extremos de sistemas majoritários 
puros e sistemas proporcionais. 
 
Aula 10/05/12 
 
Retomando a aula anterior, existem basicamente dois modelos de sistemas eleitorais: 
proporcional (aquele em que não há derrotados, há aqueles que ganham mais e aqueles que 
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ganham menos. Tem como virtude contemplar uma minoria, ou que podemos chamar de minoria 
minimamente representativa, que é aquela que consegue atingir o chamado cociente eleitoral – 
mínimo que se espera para que determinado grupo tenha ao menos uma cadeira. Pode-se dizer 
que nesse sistema não existem derrotados justamente por isso. Desvantagem: não gera vínculo 
entre o eleitor e o eleito); ou majoritário (ganha quem tiver o maior número de votos. Tem como 
virtude a simplicidade, gera vínculo entre eleito e eleitor: quem vota sabe em quem está votando, 
possibilidade de vinculo óbvia pq no mínimo o sujeito que pretende se reeleger vai voltar ao 
grupo ao menos para prestar contas. Desvantagem: não contempla minorias, contempla aquele 
que mais ganhou, e isso pode deixar descobertos grupos sociais que não estarão contemplados no 
parlamento). 
Há outra desvantagem no sistema majoritário: sujeito só pensa no distrito que o elegeu 
(paroquial). No proporcional o sujeito não é paroquial, mas justamente pela dispersão de votos 
não é favorável a geração de vínculos, e isso é explicado pelo próprio sistema de votação: o 
verdadeiro candidato é o partido ou o programa partidário. No Brasil, quando vamos votar em 
deputado federal, temos 4 números. A urna eletrônica é bem didática nesse sentido. Se apertamos 
apenas os dois primeiros números será indicado o partido, se se confirma ela não vai adiante, ela 
se dá por satisfeita. A urna se daria por satisfeita por que nesse momento o eleitor está ajudando 
a determinar a força, a expressividade de cada partido. Agora, se o eleitor coloca os demais 
números ele vai contribuir com a determinação da ordem de um candidato de um partido na lista 
do partido. 
Como funciona o voto proporcional? A primeira coisa que se faz é determinar o cociente 
eleitoral, que é o mínimo de votos que se espera para que partido tenha direito a uma cadeira. 
Isso é determinado pelo número de eleitores dividido pelo número de cadeiras a preencher. 
Tantas quantas vezes o partido atingir o número necessário, será esse o número de candidatos 
que ele irá eleger. Existe a teoria dos restos, de como se aproveitar os votos que sobraram, já que 
raramente um partido fará o número exato do cociente eleitoral. Os votos não aproveitados, 
digamos assim, o sistema proporcional que tem várias variações, encontra no trato desse resto 
mais variantes. No direito brasileiro no fundo é determinar a densidade eleitoral das cadeiras 
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que o partido já obteve. Pega-se o número de
votos que sobrou e dividi-se pelo número de 
cadeiras que ele já obteve. O partido que tiver o resultado maior terá direito a primeira cadeira da 
sobra. A conta é repetida até que todas as cadeiras sejam preenchidas – os partidos que já foram 
contemplados tem o valor modificado por que se adicionou uma cadeira, então provavelmente 
ele não será contemplado duas vezes seguidas, por exemplo. Tem alternativas a isso, como a de 
maior ou menor sobra, ou seja, partido que tem sobra de 100 mil e partido que tem sobra de 50 
mil de sobra. Esse método é uma escolha política, pareceu um critério justo de se fazer. Detalhes: 
a coligação se comporta como se fosse partido único, a lista da coligação será de todos os 
candidatos da coligação. Por isso para um partido pequeno é relevante se associar a um partido 
maior, pois isso faz com que seja possível segurar o cociente eleitoral. Se houver empate, apesar 
de ser quase impossível, será eleito o mais idoso. 
Questão: causa problemas ter partidos que fizeram um cociente eleitoral e tem um 
deputado? Pode ou não causar problemas, o mais evidente é a fragmentação da representação, 
principalmente quando é necessário formar grupos maiores. O presidencialismo é menos 
suscetível aos problemas de minorias heterogêneas, mas ainda sofre com isso (menos do que o 
parlamentarismo). Tam uma forma de minimizar esse problema: um mecanismo utilizado por 
excelência, chamado cláusula de barreira, em que partidos muito pouco votados serão 
eliminados. No Brasil a cláusula de barreira é o próprio cociente eleitoral; isso parece óbvio, mas 
não é. Esquecendo o Brasil por hora, é possível imaginar uma situação em que se dá uma cadeira 
a um partido que não atingiu o cociente eleitoral? Sim, teoricamente é possível imaginar 
contemplar os partidos que não atingiram o cociente por meio das sobras – no Brasil não é 
possível (não serão contemplados com cadeiras de sobra os partidos que não obtiveram cadeiras). 
Para efetuar o cálculo nos casos citados de contemplação com sobra, soma-se mais 1 ao 0 que o 
partido tinha obtido. No Brasil existe a regra do mais 1, mas existe o dispositivo que não permite 
que o partido com 0 entre na conta. Por que então existe o mais 1? Provavelmente decorrente de 
debates históricos de posições diferentes. 
No sistema majoritário ganha quem tem mais votos, no proporcional ganha quem atingir 
o maior cociente eleitoral. Uma das formas de evitar discrepâncias é o chamado voto 
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majoritário de dois turnos, que é o sistema francês. Na França, a eleição de deputados é 
distrital, cada distrito elege um deputado. Mas o detalhe é que para o deputado ser eleito no 
distrito, ele precisa da maioria absoluta de votos – se isso não ocorrer, será feito o segundo turno 
– o deputado tem que ter maioria absoluta de votos. Relembrando as leis de Duverge, podemos 
dizer que nos sistema majoritário de dois turnos tende-se a uma pluralidade de partidos, 
aproveitando a simplicidade, a clareza, do voto majoritário. Como é necessário que o partido 
tenha maioria absoluta de votos, não há problemas em haver muitos partidos; no segundo turno 
os partidos ponderam como serão feitas as coligações, sem ser necessária a fusão. Um exemplo: 
havia 11 candidatos a presidência no primeiro turno, os partidos puderam se posicionar no 
segundo turno. O partido socialista, por exemplo, oferece apoiar candidato de outros partidos se 
for apoiado na eleição presidencial. O modelo francês, portanto, tem suas virtudes, ele cria uma 
lei intermediária nas leis sociológicas de Duverge. 
Um meio termo efetivo seria um sistema que aproveita o que há de bom no majoritário 
simples e o que há de bom no proporcional: há vínculo entre eleito e eleitor, há representação de 
minorias, há clareza entre quem votou e quem foi votado. Na literatura é muito comum ser 
examinada a proposta disso, no sistema eleitoral alemão: distrital misto. O curioso é que ele não 
é distrital, é proporcional. Funciona da seguinte maneira: há aproximadamente 600 deputados na 
câmara baixa. A primeira coisa que se faz é dividir o número de eleitores que compareceram e 
divide-se por 600, o número de cadeiras. Obtém-se o cociente eleitoral. Segundo passo: a 
Alemanha é dividida em 300 distritos, metade do número de cadeiras a preencher. O eleitor de 
cada distrito possui dois votos, um é majoritário, em um candidato que disputa eleição naquele 
distrito. O segundo voto é um voto na lista partidária, dentro os mais ou menos 10 que existem 
lá. Aí ele está votando em uma lista nacional partidária. As cadeiras se distribuem à razão de 
quantas vezes um determinado partido, o partido vai ter mais ou menos nomes na lista 
dependendo de quantas vezes ele alcançou o cociente. Se o partido teve direito a 10 cadeiras, 
definidas pela primeira conta, o deputados eleito na eleição majoritária, está eleito, ou seja, se 5 
ganharam as eleições majoritárias, esses já entram. As outras cinco cadeiras serão pegas na lista. 
O sistema é na verdade proporcional, por exemplo, se o partido fez 15 vezes o cociente, terá 
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direito a 15 deputados. Se 10 ganharam nos distritos, esses 10 já entram. Os outros cinco são 
pegos na lista, na ordem nacional – o partido já tinha uma ordem definida, o partido já tinha 
definido a ordem. Então: 
1) Cálculo do cociente: número de eleitores dividido pelo número TOTAL de cadeiras; 
2) Processo eleitoral no distrito: dois votos – no candidato e na lista partidária. 
3) O segundo voto ajuda a compor mais ou menos vezes o cociente eleitoral. 
4) Definição dos deputados: entram os que ganharam as eleições distritais. Os outros 
entram na ordem da lista (pode acontecer que um sujeito seja candidato no distrito e 
também na lista). 
Questão: o que acontece quando um partido elege mais candidatos nos distritos do que o 
seu cociente dá direito? Sim, o partido terá direito a mais cadeiras do que garantia seu cociente. 
O que pode acontecer é que isso aconteça com vários partidos, e no final faltar uma ou duas 
cadeiras. Pode acontecer de se adicionar uma ou duas cadeiras para contemplar esse excesso. 
Esse modelo é encantador, tem deputados paroquiais, que tem vínculos com o eleitor, 
mas também tem os outros. Ele conjuga o melhor de dois mundos. A dificuldade é explicar isso 
ao eleitor. Muitos intelectuais no Brasil tem uma simpatia enorme por esse modelo: em 2007 
FHC propôs o modelo distrital puro para as eleições de vereador, para que o povo sinta as 
vantagens, sinta as virtudes do vínculo. Se isso pegar bem, depois se pode pensar em distrital 
misto para deputado estadual ou federal. Isso não valeu, para alterar para distrital puro deve 
haver uma emenda constitucional. Para adotar o sistema alemão, que já é proporcional, basta um 
decreto de lei – é pouco crível que os deputados apoiem um modelo novo. 
Levi diz que tem simpatias pelo sistema distrital misto, e uma boa alternativa para ele, 
como estágio para chegar ao misto seria o distrital puro. 
Em relação ao direito brasileiro: majoritário no senado e proporcional na câmara, sendo 
que na câmara de deputados brasileira existe uma limitação de que não mais do que 70 deputados 
por estado e não menos do que 8 por estado. A eleição para deputados no Brasil é estadual, o 
cálculo do cociente é por estado, em especial para ser coerente com o teto e o piso de deputados
(SP tem 70, AC, DF, RR, RO, tem 8). Isso é problemático, pois é algo muito próprio de qualquer 
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democracia de que cada homem, um voto, cada cabeça um voto: igual utilidade política de cada 
ser humano. Quando se estabelece e teto e o piso, se achata ou amplia o peso do voto do eleitor: 
o peso do voto do eleitor de SP é menor do que o peso do voto do eleitor de RR, AC, etc. Levi 
entende que isso não é razoável, pois esse é um critério federativo que deveria ficar restrito ao 
senado, que é a casa de representação dos estados, e não contaminar a casa popular, onde o 
critério deveria ser pura e simplesmente a democracia, que parte do pressuposto da igualdade dos 
votos. A coisa é tão complicada que basta um eleitor multiplicar de domicílio eleitoral para 
multiplicar o valor de seu volto. Dahl: democracia é feita para os entes federados ou para as 
pessoas? É claro que a democracia é feita para nós, os entes federados que se entendam no 
senado. 
Curiosidades: a forma de escolha de senador no Brasil é uma eleição majoritária distrital, 
o distrito do senador é equivalente ao estado. A cada 4 anos uma eleição de senador, uma 
plurinominal, outra binominal, e assim alternadamente. Adotam sistemas majoritários para 
escolha de deputados: Inglaterra e EUA. 
 House of commons – verde; house of lords – azul. Levi contou a história inglesa que 
justifica essa divisão, uma curiosidade. Tal divisão de cores se propaga em diversos outros 
países, como no próprio Brasil – uma coisa peculiar, uma reminiscência dessa época. Rei 
Eduardo II regulamentou a convocação da eleição da câmara dos comuns, nos idos de 1295. 
Vereadores, assembleias legislativas e câmara legislativa do DF (que atua para os dois 
lados), todas as casa adotam o regime proporcional. Só o senado é majoritário. 
 
Nacionalidade, cidadania e direitos políticos 
Política é algo inerente ao comportamento humano; a pessoa faz política desde que nasce, 
desde o primeiro choro, até a hora da morte. É algo que não escapa da nossa vida, é natural ao 
convívio humano. A política nos une, aproxima, ainda que seja para divergir. É a política que 
mantem a sociedade unida. Como ela se realiza? Num determinado contexto, que obviamente 
exige inserção no contexto – por isso existem as regras de nacionalidade, cidadania e as regras de 
exercício dos direitos políticos. 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
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Primeiro passo para vir a ter direitos políticos é ser nacional de um Estado, ter 
nacionalidade. Estar inserido num Estado é ser reconhecido como nacional num estado: critérios 
de sangue, de solo, etc. Direito contemporâneo tem ojeriza da ideia de apatria (Tom Hanks, O 
Terminal), todos tem direito a uma nacionalidade, ser reconhecido como natural de um estado – 
o que não basta para ter direitos políticos. Cidadão é o nacional que cumpre mais alguns 
requisitos, em geral requisitos etários (no direito brasileiro). O nacional, que atinge uma 
integralidade, se torna cidadão e então talvez possa participar dos direitos políticos, que são os 
direitos de votar e ser votado. Elaborando a conceituação: direitos políticos são direitos de 
participar da formação da vontade do Estado. Aprofundando conceitos: 
Nacionalidade: tem dois critérios básicos – sangue ou solo. É filho de quem e nasceu 
aonde. Na Grécia Antiga, grego é aquele que é filho de ventre grego, um critério de sangue, que 
em geral é aplicado por países de emigração. O critério de solo é adotado por países de imigração 
(está precisando compor seu povo, são pessoas que nascem ali). Há países que adotam ambos os 
critérios, caso brasileiro. No Brasil há dois tipos de brasileiros: nato ou naturalizado – não pode 
haver discriminação entre eles, a não ser aquelas que a própria constituição já tenha feito (só 
poder presidente, ministro do STF, presidente da câmara, presidente do supremo, etc, o brasileiro 
nato, assim como todos os cargos que envolvem questões de segurança). Brasileiro nato, de 
acordo com o art. 12 da Constituição, são nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, 
desde que seus pais não estejam a serviço (critério de solo); nascidos no estrangeiro, de pai ou 
mãe brasileira, desde que algum deles esteja a serviço do Brasil (critério de sangue); nascidos no 
estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, desde que registrados aqui ou venham residir aqui e optem 
pela nacionalidade brasileira. Naturalizados são os que adquirem nacionalidade brasileira, 
exigida residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral, quando falam língua portuguesa; 
estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes por 15 anos ininterrupto sem condenação penal 
e desde que solicitem a naturalização. 
Artigo 12 – será declarada a perda de nacionalidade o brasileiro que tiver cancelado sua 
naturalização por cometer alta traição contra o estado ou coisas que violem os interesses 
nacionais; adquirir outra nacionalidade, salvo se por reconhecimento de nacionalidade originária 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
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pela lei estrangeira; ou quando a norma estrangeira impõe a naturalização para permanência no 
território (exemplo: qualquer trabalhador brasileiro que vá para o estrangeiro e algum momento 
precisa da nacionalidade estrangeira). A verdade é que o Brasil é bastante tranquilo com relação 
a essa norma. 
Direitos políticos (art. 14): são basicamente votar e ser votado; a Constituição é bem 
minuciosa sobre o assunto, prevê referendo (anuência ou não acerca de determinado assunto, 
espécie de homologação, já uma lei definida), plebiscito (manifestação breve, quando o 
congresso ainda não legislou sobre o assunto mas deseja fazê-lo, entendendo por bem ouvir o 
povo). 
ADIN 815: governador de um Estado (RS) impugnou o teto e o piso constitucional para 
deputados, dizendo que isso era ofensivo a uma norma constitucional elementar, com valor supra 
constitucional: a igualdade do voto. O supremo não declarou inconstitucionalidade da norma por 
duas razões: norma constitucional originária, STF é criatura da constituição, não pode controlar o 
acerto e desacerto de quem a criou – seria diferente se fosse norma decorrente do PCD. 
Discussão: voto facultativo ou obrigatório. Posição de Levi: assunto polêmico, que tem 
bons argumentos de ambos os lados, mas que o voto deve permanecer obrigatório, pois como 
todo e qualquer direito, o voto tem correlato a si um dever cívico de participação – argumento 
teórico. Outro argumento mais prático: nos EUA a média de participação nas eleições 
americanas é em torno de 50%, como o presidente é eleito com pouco mais de 50% dos votos, 
não é raro um presidente ser eleito com ¼ de votos. Professor cita novamente Dahl, que defende 
que quanto maior a participação popular no voto, melhor. 
 
17/05/12 
 
Federalismo 
Repartição do poder com bases territoriais, há uma descentralização com esse critério de 
base territorial (comparação com o feudalismo, que no Brasil foram as capitanis hereditárias). O 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
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federalismo no Brasil tem relação com as características destas capitanias hereditárias e por mais 
paradoxal que pareça, as sementes se encontram no Império,
não obstante este fosse unitário. 
1834 – Ato adicional que criou assembleias legislativas nas províncias brasileiras, o que 
já dá indícios dessas competências provinciais. Federaçao – distribui competências, a que entes 
tocam estes poderes depende do pacto federativo, a alma federalismo. 
Vocação do federalismo antecede a vocação republicana. Os republicanos brasileiros se 
inspiravam muito nos americanos, que eram federalistas, aceitavam bem a ideia de 
descentralização do poder (não que os federalistas fossem necessariamente republicanos, mas 
encontraram apoio e terreno fertil entre os republicanos). Encontraram uns nos outros apoio 
político para combater a monarquia, já que os monarquistas brasileiros era centralistas. Estas 
considerações servem para pensarmos as raízes profundas do federalismo no nosso país. 
 
Modelo federalista mais imediato – EUA. Os americanos, pela sua natural formação 
histórica se viram compelidos ao federalismo, e aprenderam o federalismo com alguém. Um dos 
oráculos da construção dos EUA foi um francês, Barão de Montesquieu (O espírito das leis). 
Esta obra foi muito importante para diferenciação entre repúblicas e monarquias. Segundo o 
autor, para defender-se de uma conquista por parte de uma grande monarquia, pequenas 
repúblicas vizinhas precisam fazer entre si alianças (fuedos), devem combinar esforços. Quando 
elas formam essas alianças elas passam de repúblicas isoladas para repúblicas federativas – o 
nome do Brasil presta homenagem a esta antiga tradição. 
1776 – Independência das 13 colônias – não surge um país soberano, surgem 13 países 
soberanos. Neste momento não começa uma federação, não a rigor. Somente em 1787 as 13 
colônias abrem mão das suas soberanias particulares em favor de uma única soberania do todo, e 
aí surge um único país. Este enredo histórico tem uma consequência muito profunda: primeiro 
existiam os estados, depois estes formam o TODO. 
Federalismo por agregação: entes federados que se aglutinam – poder central como 
criatura dos estados, tendem a ser mais fortes do que o poder central – exemplo clássico 
americano. Inicialmente os estados que formam os EUA ainda se pretendiam soberanos, eles 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
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queriam deixar claro que ainda mandavam, apesar da soberania ser do todo. O que remanesce é a 
AUTONOMIA dos estados (a soberania é do todo federativo, a autonomia está nos estados). Os 
estados perceberam que eles não eram soberanos e que não podiam se separar na Guerra de 
Secessão, que tem como principal consequência a abolição. Do ponto de vista da doutrina 
federalista, a principal consequência foi sacramentar a impossibilidade de secessão. Houve uma 
federação contemporânea que previa o direito de secessão dos seus entes federados: URSS. Na 
prática esta possibilidade de separação não era real. 
Algo fundamental: não há espaço para separação, dissolução do vínculo, secessão em 
NENHUMA federação (exceto a URSS). 
Como se sacramenta na Constituição americana que os estados serão mais fortes 
que a União? 
Um aparte: pq os EUA sendo common law tem Constituição escrita, ao contrário da 
Inglaterra, por exemplo? Quando as 13 colônias resolveram dar um passo adiantes eles eram 
confederados. Quando se fusionam em um único estado soberano, eles tem que definir o que toca 
ao poder central e o que toca a cada um deles – PACTO FEDERATIVO: REPARTIÇÃO DE 
COMPETÊNCIAS. A Constituição escrita serve para sacramentar este pacto federativo, como 
eles viveriam. 
Retomando: A Constituição americana diz quais as consequências do poder central, o 
resto fica com os estados membros. Detalhe: por trás dessa técnica está o fato de que o poder 
central só pode fazer o que está determinado, está amarrado. O residual é todo o resto, e é tudo 
isso que se atribui aos estados. Por isso nos EUA Direito Penal, Eleitoral, etc toca aos estados e 
varia de ente para ente. Na repartição de autonomia a dos estados é muito mais generosa do que a 
do governo central. 
(Qualquer emenda nos EUA depende de um referendo dos estados, tudo que vai contra 
estes tem uma perspectiva mínima de prosseguir, por isso há pouquissimas emendas desde o 
início da sua Constituição). 
Fortalecimento da união em face dos estados foi buscada por algumas vias. Basicamente 
pela construção jurisprudencial de uma teoria ou doutrina dos poderes implícitos. Quando os 
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Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
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americanos estavam se organizando, Hamilton fundou BC americano. Com o passar dos anos o 
BC resolveu abrir escritórios nos diversos estados. Um dos estados (Maryland) resolveu tributar 
o BC, o que foi negado. Isto virou uma ação judicial (1819). Marshall deu uma decisão que toda 
ela é o enfrentamento de duas questões: 
1) Não consta da Constituição americana que o governo central pode criar um banco dos 
EUA – pergunta: pode haver essa criação? 
2) Supondo que seja possível criar um banco, pode o governo do estado tributar uma 
projeção do governo central, que é o banco? 
Marshall fala da doutrina dos poderes implícitos: pode o poder central criar o Banco – 
para cada doutrina autorizada ao governo central é possível deduzir ferramentas implícitas que 
facilitam o cumprimento das exigências fins das cláusulas da Constituição 
Se a primeira pergunta é verdadeira, parte-se para a segunda. Ele diz que no poder de 
tributar está o poder de destruir: tributar é algo muito severo, toca no órgão mais sensível do 
corpo humano (isso vale para os entes federados também). No limite uma tributação pode ser 
destrutiva. Para que uma federação transcorra em harmonia um ente federado não pode querer 
tributar o outro (imunidade recíproca – um ente federado não pode tributar o outro). 
 
Caso brasileiro – federalismo por segragação. Primeiro houve um estado unitário. 
Depois por obra deste estado unitário ele se segmentou, se dividiu – situação em que o governo 
central antecede os governos estaduais. Isto tem uma consequência cultural quase oposta ou 
oposta a do federalismo por agregação, que tende a favorecer a autonomia dos estados em 
detrimento do governo central. A técnica jurídica para isso é delimitar os poderes centrais e 
deixar o resto para os estados. Já no Canadá ocorre o contrário: a Constituição enumera as 
competências dos estados e deixa o residual para o poder central. Enquanto o governo americano 
tem por objetivo favorecer os estados, no modelo canadense é o oposto. O Brasil está mais 
próximo da segunda situação, o que está relacionado ao fato de ser este um federalismo por 
segregação. 
 
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Técnica brasileira de repartição de competências 
Tem uma inspiração inicialmente americana, para depois ter influência alemã e em 
tempos mais recentes passou a ter também uma inspiração indiana. A novidade alemã veio com a 
Constituição da República de Weimar de 1919 – federalismo de cooperação. 
Federalismo de cooperação – um país tem competências enumeradas para a União ou os 
estados, e o residual é competência da união ou dos estados. Há ainda um rol de competências 
que não são da união ou dos estados, são comungadas, partilhadas, divididas pelos entes 
federados. O Brasil passou a flertar com este modelo a partir da Constituição de 34, que foi 
atropelada
pelo Estado Novo que era basicamente centralista. As ideias federalistas retornam 
posteriormente depois de 1946 (Constituição muito amiga do federalismo). 
A Constituição de 1967 eram documentos constitucionais muito ruins para a federação; 
havia a ideia de copiar a Constituição nos estados – ela seria mimeografada. Não havia espaço 
para a criatividade estadual. A coisa era tão centralizadora que uma lei estadual servia como lei 
orgânica dos municípios de cada estado. Em um estado foi feita uma lei que dava aos municípios 
a prerrogativa de fazer suas próprias leis orgânicas (Rio Grande do Sul). Dois outros estados 
fizeram o mesmo em favor de suas capitais: Paraná e Bahia. Isto representa de certa forma o bom 
senso de um governo central. Há nestes casos um LAMPEJO do federalismo. 
As constituições “amigas do federalismo: 1934, 1946, 1988 (???). 
 
Repartição de competências federativas no Brasil 
Const. De 88 enumera competências para União, para os Estados e municípios. O residual 
fica com os estados e além disso ela prevê um rol de competências compartilhadas, comungadas, 
divididas entre os entes. A enumeraç ão que tem para a União é muito grande, para os 
municípios é generoso e para os estados uma única: o gás canalisado. O residual que vai tb para 
os estados é muito discreto, apesar de ter coisas importantes, por exemplo: segurança pública é 
competência residual e portanto é estadual (polícia militar e polícia civil). 
No Brasil há dois federalismos: Isso descrito é o federalismo geral. Há o federalismo 
particular: tributário – tributos da União, dos Estados e dos municípios. Além disso tem os 
Constitucional I 
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tributos compartilhados e o residual vai para a união. A diferença fundamental é a quem toca 
as competências residuais. 
 Competências da União: legislar sobre direito penal, civil, etc 
 Competências dos Estados: gás canalisado, segurança, etc 
 Competências dos municípios: transporte público municipal, legislar sobre 
assuntos de interesse local (competência aberta) – trata-se de uma regra muito 
antiga, que antes era dita como assuntos de peculiar interesse (ex: legislar sobre o 
horário de funcionamento do comércio). 
 O que é comungado: educação, saúde, previdência, meio ambiente. Há critérios 
constitucionais para regular as relações, que serão explorados posteriormente. 
 
Distrito federal é híbrido, tem competências próprias dos estados e dos municípios. Por 
exemplo, cobra IPVA e IPTU, o primeiro de competência estadual e o segundo municipal. O DF 
tem um governador com administradores regionais, foi aprovada uma lei que permitia a eleição 
destes administradores, o que o STF julgou como inconstitucional. 
 
AUTONOMIA É DIFERENTE DE SOBERANIA 
UNIÃO NÃO É O BRASIL, É UM ENTE FEDERADO JUNTO COM OS DEMAIS. 
BRASIL É O AMÁLGAMA DA REPÚBLICA FEDERATIVA. O principal fator de confusão 
talvez esteja na presidência da república, chefe do poder executivo assim como os governadores 
e governos. A diferença que é que a Presidenta da República é também chefe de estado e por isso 
fala pelo todo federativo. Neste momento ela não fala pela união, fala pela União, pelos Estados 
e pelos Municípios. O congresso nacional tem esse nome pq ele faz dois tipos de leis: federais, 
só para a União, mas outras nacionais, que submetem a União, os Estados, os Municípios e o DF 
– por exemplo, Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei de Acesso à informação. 
O passo mais sofisticado é o fato de que a repartição de competências tem um viés mais 
minucioso que passa por identificar se trata-se de uma competência material (fazer alguma coisa) 
Constitucional I 
Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
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ou legislativa (legislar sobre determinado assunto). A Constituição é mto clara quanto a isso (Art. 
21 – competências materiais da união; Art. 22 – Competências legislativas da união, etc). 
 
Aula 24/05/05 
Retomando as questões das competências... 
Federalismo geral – existe uma seara em que há federalismo particular entre nós (tributário), no 
qual o residual cabe à união. Competência tributária para a união significa quais os tributos são 
confiados à união. 
Como funcionam as competências comungadas (art. 23 e 24) 
Art 23 – competências de fazer alguma coisa (ex.: licenciamento ambiental – todos os entes 
podem atuar igualmente, no mesmo patamar de igualdade nessas matérias. Pode eventualmente 
haver confusão). O par único do art 23 serve para disciplinar o modo de cooperação a ser levado 
a efeito nas matérias do art 23, através de leis complementares. No caso do licenciamento 
ambiental, foi feita a Lei Complementar 140. 
 
Art 24 – competências concorrentes – competências verticais ou não cumulativas. Relativo a 
natureza de competência legislativa partilhada pelos entes. Regras das competências 
concorrentes: 
1) Normas gerais – lei nacional repercute sobre todos os entes, obriga união, estados e 
municípios. Não há hierarquia entre os entes federados (a lei federal, estadual e municipal 
estão no mesmo plano hierárquico, a lei nacional submete todos os entes). O que 
caracteriza uma lei nacional é o fato dela legislar sobre normas gerais. A união faz as 
normas gerais, mas isso não significa que ela não faça normas específicas. A norma geral 
é a moldura: conceitos, limites. O município faz normas que complementam a moldura 
para ele município, observados os conceitos e limites da moldura; os estados fazem o 
mesmo; a união também pode fazer normas específicas que só se aplicam a ela – difícil 
distinguir estas das normas gerais (par 1 – a união faz as normas gerais) 
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Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
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2) Parágrafo 2: Os estados complementarão a moldura, os conceitos, os limites 
estabelecidos pelas normas gerais. 
3) Parte de uma hipótese: se a união não legislou, se houve omissão da norma geral, como 
se procede? Se a união não fez abre-se a possibilidade para os estados funcionarem 
supletivamente – faltou a norma geral e cada estado faz para si uma lei em plenitude. 
4) Supondo que passado algum tempo a união supera sua inércia e faz a norma geral 
daquela matéria. O que acontece com a norma feita pelo estado na matéria em que faltou 
a norma geral? Par. 4 – a norma estadual fica suspensa naquilo que ela contraria a norma 
geral da união – não é revoda a lei, ela é apenas suspensa. A razão dessa cautela 
terminológica é para evitar o vazio, o vácuo 
 
Voltando ao art 22 – maioria são leis que repercutem para a união, repercussão de ordem sob os 
cidadãos. Se um assunto como direito civil ou penal, que estão no artigo 22, quem legisla sobre 
essa matéria é a união. Tem um parágrafo único que permite à união por meio de lei 
complementar delegar aos estados aspectos de alguma das competências legislativas do art 22. 
Lei complementar 103 de 2000 delegou aos estados a competência para legislar a fixação do 
chamado piso salarial (o que não pode ser delegado é o salário mínimo, que diz respeito ao custo 
de vida nacional, o mínimo que se espera alcançar para todo brasileiro. Piso salarial tem a ver 
com a atividade desempenhada – e isso pode variar nacionalmente. A capacidade de retribuir o 
metalúrgico do AC é uma e a de retribuir o metalúrgico de SP é outra). Quando essa lei foi 
aprovada em 2000, o
RJ se apressou em fazer uma lei fixando seu mínimo – isso não podia ser 
feito, pois a característica do piso salarial deve ser feito por profissão, por faixas, ou transmuda-
se para o conceito de salário mínimo. O STF julgou inconstitucional a lei carioca, pois ela não 
tinha o critério de complexidade de extensão do trabalho. SP adotam há mto tempo desde então 
essa mecânica, alguns estados com mais faixas de divisão, outras com menos. Juridicamente essa 
é a explicaçao da delegação do piso salarial aos estados – aspectos da lei trabalhista e como tal 
sujeito a delegação. Trata-se de uma coisa que cria espaço decisório para a autonomia dos 
estados – num estado concentrado como o nosso trata-se de uma oxigenação. 
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Relações entre os artigos 22 e 24: 
 
Art. 22 – competências só da união, de natureza legislativa e enumeradas pela Constituição 
(a possibilidade de delegação é outra história) 
Art 24 – Competências comungadas pelos entes federados, caracterizam-se pela 
manifestação das chamadas normas gerais (diretrizes) 
Há quatro normas que são diretrizes e estão no artigo 22 e não no 24. Por que? O constituinte 
reputou as 4 competências delicadas, sensíveis, particularmente importantes, de modo que não 
haja para elas a possibilidade de normas supletivas dos estados – ou a união faz as normas, ou 
ninguém faz (transportes, polícias militares (tem que haver uma uniformidade mínima), LDB, 
licitação (processo administrativo por meio do qual é escolhida a pessoa que o poder público 
contrata) 
 
Casos – Duas situações complexas relativas a lei de licitações (lei 8666/93), que tem uma série 
de normas gerais que orientam, subordinam e submetem todos os entes federados. Há momentos 
em que essa lei é escancaradamente específica, minuciosa, desce a detalhes – quando isso ocorre 
os detalhes aplicam-se somente a união. Se um artigo é minucioso só se aplica a união – não há 
uma regra para definir como diferenciaremos isso, há um subjetivismo enorme. É papel que pode 
ser do supremo definir isso. Em se tratando da lei de licitações há uma situação mais complexa: 
lei de licitações tem modalidades de licitação (concorrência, tomada de preço, leilão), 
modalidades que são normas gerais, todos os entes podem praticar. A lei de licitações se tornou 
com o tempo pesada, cria dificuldade em certos setores que precisam de mais agilidade – 
complicações dramáticas para comprar coisas mais banais. No final dos anos 90 e início de 2000 
buscaram-se alternativas licitatórias. O Ministério do Planejamento propôs a criação do pregão, 
uma espécie de leilão invertido, só que transitoriamente o pregão só poderá ser exercido pela 
união (modo de testar o método). Depois do período de teste o pregão foi extendido a todos os 
entes. O primeiro exemplo, sobre normas gerais e especiais é muito importante. 
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Horizonta e vertical – Art 23 é horizontal pq todos estão em pé de igualdade, art 24 é 
vertical pq a lei nacional se coloca acima 
Cumulativo (art. 23 – todos correm paralelo, igual) e não-cumulativo (art 24 – há um 
critério de verticalidade) 
 
 
 
 
Aula Levi 31/05/2012 
 
Montesquieu – Na França não havia um parlamento unificado, havia vários parlamentos locais, 
o que seria o parlamento nacional francês era o que os franceses chamavam de estados gerais 
(que o rei não deixava acontecer) – eram muito mais órgãos judiciais do que legislativos. 
Montesquieu era juiz, mas muito jovem percebeu que sua vocação era acadêmica; pesquisa 
elementes para o “Espírito das leis”. Considera-se este autor um dos pais do federalismo; ele, em 
passagem pela Inglaterra se encanta pelo modelo inglês, por ser esse amigo da liberdade, evitar o 
despotismo. 
Objetivo de Montesquieu – neutralizar os poderes para previnir o absolutismo. Judiciário deste 
autor é neutralizado nele próprio, o legislativo é neutralizado por forças internas e por relação 
com o executivo, assim como o executivo é neutralizado tb por essa relação. 
1) Diz que não há nada mais terrível entre os homens do que o poder de julgar, pois esse 
poder de julgar é capaz de decidir coisas muito importantes, como a liberdade, a vida. 
Juiz da lei deve ser uma pessoa na mesma condição do rei. O ideal é que o juiz seja 
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escolhido pelo réu, ou como que da escolha do réu. O judiciário em Montesquieu que nos 
é familiar são os juris, em que os jurados são sorteados, pode haver rejeição dos jurados – 
são como que da escolha do réu, todos eles são pares do réu. 
“Os juízes de uma nação não são mais do que uma boca que pronuncia a sentença da lei, 
seres inanimados que não podem medir sua força nem seu rigor” 
Verdadeiro núcleo do espírito das leis: Legislativo 
Montesquieu: o povo decide quem falará por ele. 
Democracia representativa – termo surgiu em meados do século XIX, a partir do livro “do 
governo representivo, de Mils 
Representantes – M. diz que não dá simplesemente para o povo escolher os seus 
representantes; pq nas massas dos possíveis há burgueses e nobres, os primeiro em grande 
maioria e portanto, teriam grande vantagem. Solução: burgueses terem assento em uma casa do 
parlamento, nobres em outros – em vez de unir, reforçaria a separação. Com isso, M. está 
justificando o bicameralismo inglês, que é diferente do bicameralismo americano (federalismo). 
Se na França não hé nem nobreza, nem federalismo, qual a razão do bicameralismo? A 
experiência histórica considera que uma segunda casa pode ser um fator de equilíbrio para 
impedir excessos. 
As duas casas funcionam partilhando duas faculdades, que cada uma delas possui: faculdade de 
impedir e a faculdade de estatuir – faculdade de fazer alguma coisa ou rejeitar alguma coisa. Em 
outras palavras, em M. o bicameralismo é do tipo igual, perfeito ou paritário. Para fazer algo, as 
duas casas precisam manifestar o mesmo sentido de estatuir – se qq uma delas rejeita o que a 
outra estuiu, o processo decisório fracassa. É imprescindível que as duas estejam de acordo – 
nobres e burgueses precisam estar de acordo. Se por um milagre burgueses e nobres concordam e 
estatuem no mesmo sentido, o processo decisório ainda passa pelo rei, que também tem a 
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faculdade de estatuir ou impedir o que as duas casas do parlamento decidiram – para o rei o 
nome é diferente: estatuir é uma sanção, impedir é um veto. 
O coração do argumento de M. não tem a ver com a separação de poderes, mas sim a 
coincidência de faculdades de estatuir e impedir – os poderes se comungam, não se 
dividem. É igualdade de estatuir e impedir que limita a atuação dos poderes – força da 
partilha da comunhão de iguais. Há um jogo de reciprocidade na limitação. Duas casas do 
parlamento se limitam, são limitadas pelo poder do rei e também limitam o poder do rei. 
Os três poderes mencionados são: câmara alta, câmara baixa e rei. O judiciário não aparece 
pq já está neutralizado ele próprio, pq ele não participa da decisão do legislativo. 
M. conclui que esses tres poderes deveriam provocar uma pausa ou inação, mas isso não ocorre
se houver acordo entre as partes. Se não há acordo entre os poderes, em M., não há decisão. M. é 
um liberal clássico, que quer previnir o absolutismo. M. vivenciou o absolutismo e queria uma 
mecânica que prevenisse o absolutismo – mesmo a não-decisão é a negação do absolutismo. Isso 
ocorre nos EUA: presidência é muito fraca, o governo não é necessário. Os americanos são 
muito próximos de M. 
M. cogita a possibilidade do rei ter iniciativa legislativa, mas conclui que isso não seria possível, 
pois já é suficiente ele sancionar. O todo-poderoso presidente americano não tem iniciativa 
legislativa. 
Controle de constitucionalidade – poder de veto que o judiciário em M não conhecia e que os 
americanos conhecem. Curiosamente é algo que não está em M. mas vai ao encontro dele, pois é 
mais um impedimento ao processo decisório. 
Se fossemos desenhar M. teríamos três poderes: executivo, legislativo e judiciário, sendo que 
sabemos que esses três poderes não estão separados. Depois percebeu-se que o estado não 
poderia ser uma múmia paralítica, ele tinha que funcionar. É quando surge a necessidade de criar 
o governo: tetrapartição dos poderes – Chefe de estado, chefe de governo, parlamento e 
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Professor José Levi Mello do Amaral Júnior 
Camila da Silva Oliveira – 185/21 
 
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judiciário. O doutrinador disso foi outro francês Benjamin Constant (não confundir com o 
Benjamin Constant brasileiro, que ajudou a destruir o poder moderador). 
Considera-se o quinto poder como o controle de constitucionalidade. O sexto poder seria a 
administração pública – há um corpo de funcionários que não troca com a troca de governo – há 
carreiras que se mantém no tempo e asseguram que não há solavancos nas trocas de governo – os 
serviços públicos continuam prestados. Nos EUA o número de cargos de confiança é ainda 
menor do que no Brasil. 
 
Aula 14/06/2012 
A aula de hoje abordará o presidencialismo e o parlamentarismo, sem a intenção de 
meramente examinar dois modelos, mas sim explorar as variações dentro desses modelos, que 
permitem afirmar a existência de uma terceira forma de governo: semi-presidencialismo e semi-
parlamentarismo, que conjuga elementos de ambos os sistemas. A intenção é que os alunos 
ganhem intimidade com as variações, destacando-se que a divisão estanque é para fins didáticos. 
Não existe um presidencialismo, assim como não existe um parlamentarismo. 
Montesquieu, explorado na última aula, narra o presidencialismo clássico, cujas características 
são: chefe de estado coincide com chefe de governo em pessoa, órgão e poder; há dissociação 
entre governo e maioria parlamentar, não há necessária coincidência entre quem governa e a 
maioria parlamentar – ser governo no presidencialismo é uma definição que se dá à margem da 
definição de quem será maioria parlamentar. Num sistema presidencial típico a escolha do chefe 
de governo é dissociada da escolha parlamentar, não há um vínculo necessário. Na prática, o 
chefe de governo pode ser de um partido e a maioria parlamentar de outro. A terceira 
característica do presidencialismo clássico é coerente com a própria mecânica do modelo: o 
governo é fraco, anêmico. Montesquieu pretendia evitar o retorno do absolutismo, e por isso ele 
bolou um modelo em que fosse possível travar o fluxo das decisões políticas; se o poder fosse 
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contido, tanto melhor. Esse modelo não se presta para modelos de Estado onde é necessário 
governo, entendendo governo como estrutura que requer poder. O governo tem por objetivo 
levar a efeito políticas públicas, para tanto toma decisões que invariavelmente resvalam nos 
direitos das pessoas. Um exemplo banal: a política pública de educação e saúde, que para serem 
levadas a efeito é necessária a tributação, o que é a limitação do direito de alguém (tira de um 
para dar a outros). Tanto isso é verdade que esse tipo de atitude do governo requer lei: a coisa 
mais elementar de um Estado de Direito é o princípio da legalidade, a lei é o instrumento por 
excelência do governo, pois ao arbitrar o que será ou não feito o governo resvala no direito dos 
cidadãos. A lei é uma autorização de interferência nos direitos. Tanto isso é verdade que é muito 
comum a expressão „governar é legislar’, as decisões de governos requerem formas de leis por 
resvalarem nos direitos. 
Quando os governos começaram a ganhar corpo, para que as políticas públicas fossem 
concretizadas, quando a necessidade de um governo se tornou clara, quando o estado 
compreendeu que ele deveria elaborar, implantar e concretizar políticas públicas, o modelo de 
Montesquieu deixou de ser satisfatório e alternativas começaram a ser buscadas – chefe de 
estado se separa de chefe de governo; chefia de governo foi atrelada ao parlamento. Trata-se de 
um rearranjo para que não houvesse mais o travamento de Montesquieu. Era necessária uma 
fluidez dentro das decisões do governo. Chefe de estado se separa de chefe de governo, governo 
ganha autonomia e para que ele fosse bem nutrido de legitimidade foi atrelado à maioria 
parlamentar. O governo comunga da mesma legitimidade popular do parlamento. Essa é uma 
evolução que boa parte dos países conheceram – parlamentarização dos respectivos modelos. O 
caso do Brasil é bastante particular, houve mudanças do primeiro para o segundo império. Na 
República passou-se de uma monarquia parlamentarista para uma república presidencialista, o 
que o professor considera um refluxo. Como no Brasil o governo é necessário, não simplesmente 
se adotou o presidencialismo clássico, começou-se a desenvolver uma “jaboticaba política”, uma 
coisa própria, original – há exceções nítidas, reflexos parlamentaristas. Esse modelo, próprio do 
Brasil é denominado PRESIDENCIALISMO DE COALISÃO. É a variação do modelo de 
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Montesquieu aplicado a um modelo institucional que requer governo – parte das bases desse 
autor, como a questão da divisão de poderes, mas aquilo que foi idealizado tem diferenças 
imensas. 
Uma das características importantes desse modelo permite pensar o que é o 
presidencialismo de colisão. A medida provisória é também conhecida por decreto-lei, por vezes 
o governo precisa ele próprio fazer uma lei – não é uma lei mas vale como se fosse, mas 
necessita de uma confirmação parlamentar. Todo governo, minimente inteligente, pós-88 sabe 
que a maioria parlamentar é importante para que suas medidas provisórias sejam aprovadas 
quando caírem no congresso. Características evidentes conservadas de Montesquieu é a 
dissociação da escolha do poder legislativo e executivo – a maioria parlamentar tem que ser 
conquistada, negociada. Na verdade desde 88 nunca um partido conseguiu eleger consigo a 
absoluta maioria parlamentar – nenhum partido nunca obteve 20% da Câmara dos Deputados, ou 
seja, a maioria nunca foi atingida. Mesmo com as coligações entre presidente e vice, atinge-se no 
máximo 30%. Apenas um presidente se furtou de tentar conquistar a maioria, e foi derrubado. Ou 
seja, todos os governos sempre constroem a maioria parlamentar, e essa busca gera uma coalisão 
de apoio ao presidente, também conhecida como base de apoio do governo – entende-se o termo 
citado anteriormente, de que temos um PRESIDENCIALISMO DE COALISÃO. É evidente 
que tal organização significa a partilha de cargos,
principalmente dos ministros. 
O presidencialismo de colisão é o mecanismo gestado na organização brasileira para 
parlamentarizar e permitir o governo. Não é um processo fora de riscos, a começar pelo caráter 
heterogêneo da maioria que vai se formar daí. O sistema eleitoral gera muitos partidos (30 
partidos, 20 no congresso), é muito partido para compor uma base estável (por isso não seria 
possível o parlamentarismo no Brasil se não fosse resolvida essa questão do excesso de partidos). 
O posicionamento do professor é de que esse modelo é sujeito a maiorias heterogêneas e, pior do 
que isso, fica à mercê da falta de jeito de alguns personagens do modelo, fica sujeito à habilidade 
política e moral de determinados sujeitos; e por isso ele não tem muita fé na sua viabilidade. De 
qualquer forma, o principal problema é o caráter heterogêneo da base que se forma. Exemplo: o 
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atual governo tem grande maioria parlamentar, com mais de 400 deputados (são necessários 
308). Trata-se de uma maioria com folga, mas a heterogeneidade se torna um fator de contenção 
(dificuldade de sintonia) – é um momento do presidencialismo de coalisão a observar e 
compreender. O atual governo é o que menos editou MPs, nos últimos 20 anos, apesar de ser o 
que tem maior base – são editadas 3 MPs por mês, discute-se as causas desse “baixo número”, 
pode ser uma decisão da presidente, pode ser que a maioria absoluta parlamentar esteja 
aprovando mais projetos de lei, o que torna menos necessária a MP, etc. Podemos também 
pensar na questão italiana, que tem uma Constituição de 1947. Seu parlamento é fragmentado, o 
que resulta em fugacidade governamental – houve mais de 60 governantes nesse período. 
Tendo dito isso, foi falado sobre o presidencialismo clássico, o presidencialismo de 
coalisão e poderia-se falar ainda do presidencialismo americano, que como já dito na aula 
anterior é o que segue mais à risca o modelo de Montesquieu. O veto nesse autor é absoluto, 
qualquer manifestação da faculdade de impedir é absoluta. Nos EUA não é assim, o congresso 
pode derrubar o veto presidencial (2/3 dos parlamentares). No Brasil é um pouco mais fácil, 
precisa-se de maioria absoluta. Outra diferença entre o modelo americano e a proposta de 
Montesquieu: o judiciário é neutro, não participa das decisões políticas. Nos EUA de alguma 
forma o judiciário toma essas decisões, através da decisão de inconstitucionalidade – essa lógica 
de coisas não estava na compreensão de Montesquieu. Essas diferenças ainda vem ao encontro 
da lógica de Montesquieu, pois a declaração de inconstitucionalidade é mais um veto, mais uma 
forma de travar o poder. 
Voltando ao parlamentarismo, pode-se fazer uma caracterização em oposição ao 
presidencialismo. Primeiro, há separação entre chefia de estado e chefia de governo, são pessoas, 
autoridades, órgãos, poderes separados. Mais do que isso, há uma conexão necessária entre o 
chefe de governo e o parlamento. Essa conexão se dá de várias maneiras, o governo decorre da 
maioria parlamentar, não há separação como aqui. A maioria parlamentar é escolhida pelo 
eleitorado e ela terá o direito de fazer o governo: o eleitor vota no deputado sabendo que estará 
ajudando a escolher como chefe de governo o líder daquele deputado. Nota-se: ao invés do 
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governo formar a maioria, a maioria forma o governo. A sorte do governe depende da maioria 
parlamentar. Perdendo-se essa maioria, teoricamente o governo cai. 
Na verdade, no parlamentarismo também uma série de nuances, há um grande número de 
variações. Primeiro ponto: o chefe de estado está de fato separado do chefe de governo? Até que 
ponto ele arbitra o jogo entre governo e parlamento? Quais os limites de sua atuação quando há 
conflito? Essas coisas variam e variam muito mundo afora. Por isso, serão utilizados exemplos 
reais. É possível esboçar um critério de análise que em geral se explica: o parlamentarismo tem 
ao menos parte de suas características definidas ou induzidas pelo contexto em que ele se 
manifesta, tomando em consideração a forma de governo. O parlamentarismo examinado se dá 
num contexto republicano ou monárquico? O critério esboçado é que em uma monarquia 
parlamentar o chefe de estado muito pouco interefere no governo; numa república parlamentar o 
chefe de estado tem alguma chance de ter influência no governo. 
Exemplo 1: Inglaterra – a rainha reina, mas não governa. O reinado não é legitimado pelo 
voto, trata-se de uma legitimação histórico-tradicional (Weber), ela é de outra natureza. A 
consequência disso é um governo bastante separado da coroa. Na Inglaterra há o poder de veto, 
que há 200 anos não é usado, a última que tentou-se usar quase caiu a monarquia. O mesmo 
ocorre na Espanha, cuja tradição é mais recente, não houve ainda sucessão na coroa. É modelo 
que tem apenas 34 anos, mas o rei é um mero carimbador. 
Em países em que o chefe de estado é eleito, ainda que indiretamente (Itália), a história 
muda. Na Itália o presidente tem poder de veto, há vários exemplos em que o presidente recusou-
se a emaná-lo, e ele tem uma legitimação democrática para isso. Há chefes de estado 
republicanos em modelos parlamentaristas em que o presidente é tão anódino quanto a rainha da 
Inglaterra (caso do presidente alemão, por exemplo). Resumindo: em casos de repúblicas 
parlamentaristas o papel do presidente varia, podendo haver maior ou menor interferência. O 
papel de mais destaque é o do primeiro ministro, alguém sabe, por exemplo quem é o presidente 
da Alemanha? 
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O chefe de estado, no entanto, tem alguma reserva de poder, mesmo na mornarquia. 
Exemplo da última eleição inglesa, em que nenhum dos partidos teve maioria clara, fechada. 
Quem arbitrou qual dos partidos coligaria com um terceiro partido foi a rainha, uma das raras 
vezes em que a rainha funciona como poder moderador. Na Espanha isso é mais discreto ainda, 
houve um momento nos anos 80 em que o rei teve um papel central para debelar uma tentativa 
de golpe de estado, através de uma ordem baseada na tradição de seu poder (dado a verificar é se 
essa monarquia sobreviverá depois de Juan Carlos, já que sua figura tem tamanha força). 
Último caso: semi-presidencialismo/semi-parlamentarismo (copo meio cheio, meio 
vazio). A França é o que a literatura fala nesse grupo, o que para o professor é difícil sacramentar 
se está de um lado ou de outro. O modelo francês é modelo em que o presidente da república é 
eleito diretamente e há um primeiro ministro que decorre da maioria parlamentar. A 
consequência disso é que o presidente é muito forte, pois tem legitimação popular direta. Esse 
modelo foi pensado, e foi se ajustando ao longo do tempo, seja por reformas constitucionais, seja 
por meio de práticas. Como o presidente é eleito e tem na constituição prerrogativas de governo, 
ele ofusca o primeiro ministro, principalmente na primeira fase do poder. Em geral acontece que 
a maioria parlamentar é do partido do presidente, ou seja, o primeiro ministro é correligionário 
do presidente, que acaba por ter mais força por ter essa legitimação direta. Muitos nem sabem 
quem é o primeiro ministro. O problema é que o mandato presidencial na França era muito 
longo,
sete anos com direito a uma reeleição por mais sete (possibilidade de ficar 14 anos no 
poder). Não é raro em um período presidencial tão longo que o presidente sofra alguma crise 
política, o que coloca em risco que nas eleições parlamentares a maioria eleita seja de um partido 
diferente do partido do presidente (exemplo mais antigo foi de François Miterran, que teve como 
primeiro ministro Jaques Chirrac). Na França quando ocorre essa diferença denomina-se 
coabitação, quando o presidente é de um partido e o primeiro ministro de outro. Nessa situação o 
que manda é o primeiro ministro, por ter sido ele saído mais recentemente das urnas. Com um 
presidente em crise, se tudo der certo para o primeiro ministro ele se torna um forte candidato à 
presidência (o que ocorreu com Chirrac, que teve em seu mandato o encurtamento para 5 anos de 
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mandato para presidência). Chirrac sofreu com o mesmo veneno que aplicou a Miterran, teve que 
coabitar com um primeiro ministro diferente (por falta de união da esquerda Chirrac foi reeleito, 
em uma eleição em que ele foi para o segundo turno com um candidato de extrema direita). O 
primeiro ministro eleito por ele em seu segundo mandato foi Sarkozy, que não coabitou com 
ninguém, mas também não se reelegeu, será agora substituído por François Holande. 
 
DES0118 - Direito Constitucional I - Levi - Fabiana.pdf
DES 0118 - Direito Constitucional I
Professor José Levi
08/03/2012
Quinta feira → aula expositiva com o professor•
Sexta feira → Seminário com os monitores•
Direito Constitucional estuda não apenas a constituição mas também o ambiente em que as 7 constituições brasileiras surgiram•
Tem supremacia material (regula, tipicamente, matérias do próprio funcionamento do Estado) e formal (tem superioridade hierár quica em relação às 
demais leis)
○
Constituição: regula as relações (políticas) do poder•
Apesar da quantidade de focos, ambos tem apenas um estado soberano
Estado regional: dá autonomia para regiões mas esta é negociada e desta forma não é nem unitário nem federal
Tipologia: estado unitário (tem um único foco de poder) e estado federal (vários focos de poder no território → uma soberania e várias autonomias)○
Forma de Estado: modo como o poder se distribui em determinado território•
O chefe de estado pode chegar ao poder de modo eletivo e temporário ou hereditário e vitalício → república ou monarquia○
Exceção: estado do Vaticano, pois o Papa tem um poder eletivo e vitalício → se aproxima mais de uma monarquia do que de uma república pois não há 
transitoriedade do poder, este é vitalício
○
Forma de Governo: modo como se dá a investidura na chefia de estado, como o chefe de estado chega ao poder•
Chefe de Governo: define a política diária/imediata○
A relação entre eles se dá de duas maneiras: quando eles são a mesma pessoa (a mesma autoridade ou o mesmo órgão. Presidencialismo) ou 
quando são pessoas diferentes (Parlamentarismo)

Chefe de Estado: representa o que é permanente, unânime○
Sistema de Governo: modo como se relacionam o chefe de estado e o chefe de governo•
* Ter ou não eleição tem a ver com a forma de governo e não com o sistema de governo
09/03/2012
Autoritarismo: o poder pelo poder, não há uma ideologia completa em torno do mando, do poder. Tem o poder quem tem força. Ex:Getúlio Vargas 
no Estado Novo, Regime Militar

Totalitarismo: há uma ideologia muito forte e que pretende tomar o lugar da sociedade. Ex: Comunismo (de classe), fascismo (de nação) e nazismo 
(de raça). O estado se pretende tudo e a pessoa nada. A pessoa é só um pedaço do todo estatal. A pessoa só interessa se ela pertencer à classe, 
país ou raça determinados

Democracia: regime em que o estado respeita a pessoa humana como indivíduo e como partícipe de um todo social
Há 3 tipos básicos: Autoritarismo, Totalitarismo e Democracia○
Regime de Governo: modo como o estado se relaciona com a pessoa humana•
15/03/2012
Limitar o poder do rei, acabar/prevenir o absolutismo. Um dos instrumentos foi elaborar o texto da constituição○
Revoluções Liberais: Inglesa (século XVII), Americana e Francesa (ambas no século XVIII)•
Pode-se considerar um constitucionalismo antigo, principalmente na experiência Grega○
Constituição no sentido moderno originou-se no constitucionalismo.•
Aristóteles define a constituição como o modo que se organizam as magistraturas (cargos públicos) na cidade e o fim da cidade•
Leis imemoriais: 'Constituição de Atenas'○
Paranomon: instituição que tem o poder de dizer se uma lei é inconstitucional segundo as leis imemoriais○
BEM COMUM BEM PRÓPRIO
UM Monarquia Tirania 
POUCOS Aristocracia Oligarquia 
TODOS Politeia Demagogia 
↘ Forma de Governo no sentido clássico (aristotélico) - critério quantitativo
Atenas: democracia direta (estavam excluídas as mulheres, os estrangeiros e os menores) → estima-se que cerca de 4 mil homens atenienses iam até a Ágora 
deliberar
•
Separação de poderes: dispostos de forma a um limitar o outro → freio interno ao poder do estado○
Direitos e garantias individuais, liberdades públicas (compreensão de que todo ser humano é dotado de direitos inerentes à su a condição humana →
direitos anteriores e superiores ao estado) → amarras externas
○
Reações da burguesia contra reis absolutos. Reações que levaram às constituições que visavam limitar o poder por dentro e por fora○
Constitucionalismo moderno: amarra o estado por dentro e por fora através da constituição•
22/03/2012
Constituição no sentido substancial é pura e simplesmente um conjunto de regras que rege o que é de mais importante do Estado•
Diferente no sentido de ser mais difícil de alterar○
Constituição no sentido formal é um conjunto normativo diferente da lei comum •
Um texto que se proclama, um conjunto normativo que diz respeito às normas mais importantes do estado○
Se a documental não exige um conjunto normativo diferente da lei comum, ela não é formal
Constituição em sentido documental é uma coisa solene•
 Página 1 de Direito Constitucional I 
Se a documental não exige um conjunto normativo diferente da lei comum, ela não é formal○
Onde há constituição flexível não se pode falar em 'teoria do poder constituinte', pois não sendo rígida, não se pode falar e m supremacia○
Acontece quando é uma constituição costumeira○
Ex: Inglaterra○
Constituição em sentido flexível é aquela que pode ser alterada como uma lei ordinária qualquer ou por meio de uma lei ordinária qualquer•
Tem que ser escrita○
Tem que ter um mecanismo que assegure o respeito da lei à constituição○
Constituição em sentido rígido é aquela que prevê para a sua alteração, um mecanismo mais difícil que o da lei ordinária (comum)•
As materiais são aquelas que versam aos assuntos próprios da constituição○
As formais são aquelas que estão protegidas pela forma constitucional○
* Há leis materiais que não estão na constituição
Pode-se falar em normas constitucionais sobre 2 pontos de vista: as formais e as materiais•
Constituição normativa: efetivamente disciplina a vida política, as relações de poder são pautadas por ela, ela tem normatividade•
Constituição nominal: é a constituição apenas no nome pois não é efetiva, é organizada pelas instituições de poder•
Constituição semântica: feita por um regime autoritário apenas para dar a ele um sentido constitucional•
22/03/2012
Ciclos do Constitucionalismo
Do final do século XVIII ao início do século XX sucederam-se 5 ciclos do constitucionalismo•
No século XX houveram outros 5 ciclos
mas não foram seguidos•
Americana (1787)
Declaração dos Direitos dos Homens e dos Cidadãos
Francesas (1791, 1795)
Constituições Revolucionárias do século XVIII○
Constituições Napoleônicas○
Restauração das monarquias
Constituições de Restauração○
A burguesia vai contra a restauração do poder monárquico
Começa a ter reclame da Democracia
Dá início ao processo de paulatina redução do censo (do mínimo de renda/propriedade para que pudesse votar e ser votado)
Constituições Liberais○
Kelsen vai discorrer sobe a ausência do voto universal devido às questões censitárias□
1º: Inglaterra → Labour
Partido político ideológico mobiliza as massas, arrecada votos. Por isso surgiu o Partido Conservador Inglês , para se opor a o Labour
No momento em que o voto começa a ser universal, surgem os partidos políticos ideológicos□
Voto universal masculino → auge
Constituições Democráticas○
Os 5 primeiros ciclos:•
O problema é que isso abre espaço para os partidos totalitários□
O povo pode votar em qualquer partido, mesmo que este seja anti-democrático. A única coisa é que o partido deve subir ao poder através do voto 
da maioria da população → Kelsen

Aquilo que até então era prático, é racionalizado na forma de normas jurídicas (Kelsen)
É uma das primeiras a tentar disciplinar, em normas jurídicas, o parlamentarismo e a trazer os direitos sociais → conjuga os dois e serve de 
influência para outras (como a de 34 no Brasil)
□
Ex: Constituição alemã (prega o pluralismo político), brasileira (pluralismo, os partidos tem que respeitar os direitos human os, o Estado e 
a democracia)

Depois chega-se á conclusão de que não pode haver partido político como Kelsen queria, então começam a vetar partidos totalitaristas, anti-
democráticos e etcs
□
Constituição de Weimar (1918)
Constituições de Democracia Racionalizada○
Protegem a própria democracia
Constitucionalismo social de valor mínimo○
Salazar
Franco
Constituições autoritárias do entre-guerras (não necessariamente tem uma ideologia forte por trás)○
Se inspiravam no mundo desenvolvido, mas não dava certo pois faltava contexto → constituições não-efetivas, apenas nominais
Constituições do 3º mundo○
Marxismo e Leninismo
Constituições balanço → apenas um balanço do que havia ficado para trás e do que deveria ser feito para frente
Partido único
Constituições socialistas (tem ideologia)○
Os 5 demais ciclos:•
12/04/2012
Aplicabilidade das Normas Constitucionais
Normas auto executáveis, aplicáveis, self-executing: tem dentro de si todos os elementos necessários à sua aplicação. Tem hipótese + consequência ○
Normas não-auto executáveis: não tem a sua hipótese completa ou consequência dada. Em si mesma não é passível de aplicação○
* Direitos e garantias individuais são auto aplicáveis pois o estado só assegura uma vez que são inerentes aos homens
* Defesa do consumidor não é auto aplicável, faz menção a uma lei
Americanas•
Aplicabilidade imediata e eficácia plena: correspondente às normas auto aplicáveis
Doutrina do Professor José Afonso•
 Página 2 de Direito Constitucional I 
Aplicabilidade imediata e eficácia plena: correspondente às normas auto aplicáveis○
Normas constitucionais de eficácia limitada: depende de regulamentação e surte algum tipo de efeito○
Norma constitucional de aplicabilidade imediata e eficácia 'contida': nasce com eficácia plena mas foi restringida por uma le i, pode ser restringida por 
uma lei
○
Toda norma admite restrição por lei. As normas de aplicabilidade imediata e eficácia plena são condicionáveis à lei○
'junta' as duas categorias de normas de aplicabilidade imediata, retornando à classificação clássica○
Professor Manuel•
* Desta doutrinas não há uma certa ou errada, dependendo da situação, do contexto, elas podem ser mais ou menos úteis
Ex: SUS, salário mínimo○
São sinônimo de normas de eficácia limitada○
Normas programáticas: estabelecem um programa que deve ser levado a efeito por intermédio de uma lei•
A constituição é um documento político e portanto sua interpretação tem um elemento político•
Mens legus (vontade da lei) e mens legislatoris (vontade do legislador) → podem coincidir ou não•
Técnicas de interpretação: interpretação gramatical (pura e simples da mens legis), histórica (começa a ver a mens legislatoris), sistemática (atenta à 
integração da norma ao sistema e ás suas relações com as demais normas) e teleológica (busca revelar os fins da lei para compreende-la melhor)
•
19/04/2012
Poder Constituinte
Vem junto com as constituições modernas○
Poder forte, talvez o mais vigoroso○
Poder Constituinte: poder que permite fazer uma constituição •
3º Estado: burguesia → o que tem sido? Nada, por ser extremamente oprimido. O que é? Tudo. O que deve ser? Alguma coisa○
Vai doutrinar sobre a revolução e uma forma de expressar a revolução é a constituição○
Sieyés: em um panfleto ('o que é o 3º estado?') lança as bases da doutrina constituinte que vai servir de base para a Revolução Francesa•
O Poder constituinte, que estabelece a Constituição é, para os positivistas, poder de fato. Já para os Jusnaturalistas ele tem natureza de direito•
Kelsen narra a existência de uma norma pressuposta, a Lei Fundamental. Seu conteúdo em princípio é simplesmente que devemos o bedecer à 
constituição. Ao desobedecer a constituição, uma nova sociedade se forma, a 'sociedade dos ladrões'
○
Ser posta pela norma superior significa que a norma existe, tem fundamento e isso significa cumprir o processo legislativo tr açado pela norma superior e 
esse processo tem que ser feito pela autoridade competente
○
O grande erro da TPD de Kelsen é que aquilo que era para ser puramente normas, contamina -se com fatos○
Para Kelsen a ordem jurídica é um encadeamento de normas jurídicas, uma fundada na outra, uma posta pela outra. Isso significa que as normas existem 
naquela ordem jurídica → fundamento de validade
•
Para os jusnaturalistas o direito vai além das leis humanas, tem algum tipo de fundamento jurídico transcendental•
É inicial, ilimitado e incondicional → pode tomar qualquer decisão acerca do Estado, decisão política fundamental. Se manifesta do jeito, da forma 
que quiser, pode ser por meio de um líder ou de uma assembleia constituinte

É ele que inicia o Estado
Originário: aquele que faz a Constituição propriamente dita○
É derivado pois encontra o seu poder de validade na Constituição. É limitado pois tem limites materiais e é condicionado pois tem sua maneira de 
se manifestar 'limitada, condicionada' pela constituição

Instituído: é derivado, limitado e condicionado○
Poder Constituinte:•
Para a Revolução Francesa é a nação (aspecto permanente do estado e da sociedade segundo Siéyos. Abstrato)○
Para Rousseau é o povo (realidade concreta. Vontade geral do povo reunido) → o titular é o povo mas quem exerce é um grupo (Assembleia 
Constituinte)
○
* Na Revolução Francesa: para exercer é o representante e este não presta contas ao povo, apenas à nação (e consequentemente a ninguém)
* No Brasil, a Constituição federal declara o povo como sendo o titular do Poder Constituinte
Quem é o titular do Poder Constituinte Originário, da soberania?•
Emenda: supressão, alteração e soma○
Revisão: maneira facilitada de se alterar a Constituição○
O Poder Constituinte Instituído tem formas de se manifestar que estão contidas na Constituição•
19/04/2012
Como se dá o processo de Emenda Constitucional
Artigo 60 - A constituição poderá ser emendada mediante proposta:•
 I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados (171) ou do Senado Federal (27)
 II - do Presidente
da república
* Maioria Absoluta: primeiro número inteiro depois da metade. É diferente de metade + 1
 III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros
PEC → Proposta de Emenda Constitucional•
Se ela é apresentada pelos Senadores, ela começa a tramitar no Senado. Se ela é apresentada pelos Deputados, ela começa na Câmara.•
Precisa ser aprovada na Câmara, em 1ª votação, por 3/5 (308 votos) dos votos. Se aprovada, vai passar por outra votação depoi s (precisa de 308 votos 
novamente). Depois vai para Senado que também passa por 2 votações com 3/5
○
A mesa do congresso então se reúne (congresso funciona com uma 3ª casa) e promulga a emenda○
Como tramita a Emenda?•
Há certos limites ao poder de emenda: o procedimental (processo de tramitação - artigo 60), circunstancial (art 60 §1º - não haverá emenda na vigência de 
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio), o material (art 60 §4º - não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a 
abolir: a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação dos poderes e os direitos e garantias individuais → cláusulas 
pétreas, basicamente são os direitos fundamentais)
•
 Página 3 de Direito Constitucional I 
pétreas, basicamente são os direitos fundamentais)
Possibilidade de os estados e os municípios realizarem, para si, constituições. Mas sempre tendo que se submeter à constituiç ão superior○
O poder constituinte tem um 3º tipo: Poder Constituinte Decorrente, que é o poder constituinte que deriva da Confederação da República em favor dos enres 
federados.
•
03/05/2012
Democracia
Os partidos políticos são os grandes personagens do cenário eleitoral○
Democracia do início do século XIX até hoje•
Desde a 2ª metade do século XIX e início do século XX○
Estado século XVIII: estado liberal, contrário a partidos. O personagem do poder era a burguesia, só ela votava e só ela era votada○
Universalização do voto: maneira que o Estado liberal encontrou para acalmar as revoltas → paulatinamente pessoas com diversas visões de mundo são 
admitidas no parlamento
○
Partido político: grupo de pessoas que se reúnem em torno de um projeto político•
Partido trabalhista Inglês: foi capaz de mobilizar massas. Com isso o outro lado também tem que se ideologizar ○
É nesse período que surge o 1º partido ideológico•
Século XIX - XX → A democracia se dá através dos partidos•
Os 'criadores' tinham ojeriza aos partidos políticos, tanto que os chamavam de facções○
Criaram formas para afastar a maioria populacional das decisões políticas○
Com o tempo eles percebem que os partidos políticos são necessários e começam a usa-los○
Na verdade são vários pequenos partidos que vão se aglomerando até chegar a esses dois em nível nacional
Os partidos americanos (Republicano e Democrata) são, em sua essência, fisiologicamente, iguais. Não divergem em relação à ec onomia, à política 
nacional e etc
○
Nos EUA o voto já era universal no final do século XIX○
EUA: situação peculiar•
Tende a favorecer os partidos mais encorpados pois estes conseguem mais facilmente a maioria no distrito○
Simplicidade e segurança → o eleitor sabe em quem está votando
Sistema majoritário de eleição de deputado tem uma tendência a fazer com que o país tenha apenas 2 partidos → tendência natural à bipartidarização 
para que uma minoria não cresça mais que a maioria
○
Sistema distrital: só presta contas ao lugar que foi eleito (paróquias)•
Coeficiente eleitoral: nº de eleitores → cada vez que o partido fizer 1 coeficiente, terá 1 deputado ○
 nº de cadeiras a preencher 
A medida em que mais eleitores manifestam adesão a 1 partido, mais deputados esse partido poderá eleger○
Coeficiente partidário: quantas vezes o partido fez o coeficiente eleitoral, quantos deputados ele terá. Ex: eleição Enéas, T iririca○
*Nesse esquema, o grande candidato é o partido, o programa partidário 
Vantagem desse sistema: abertura para as minorias○
Desvantagem: desvinculação entre eleito e eleitor○
Sobras (de cadeiras e votos): dividido entre aqueles que tem pelo menos uma cadeira → forma do Brasil○
Muitos partidos○
Sistema proporcional:•
Assim os partidos não tem a pressão de se aglutinar no 1º turno e assim não há fusões, as coligações são apenas para o 2º tur no○
Não há bipartidarização no sistema francês, apesar de ser majoritário○
Variação majoritária francesa: sistema de 2 turnos•
Lei de Duvergê•
10/05/2012
As eleições no Brasil podem ser municipais (prefeito e vereador), estaduais (governador, senador, deputados estaduais e federais) e federais (presidente)•
Sistema proporcional. O coeficiente eleitoral é por estado
Tem mínimo e máximo para os estados e desta forma os votos tem pesos diferentes em estados diferentes
Os deputados federais são os representantes do povo○
Sistema majoritário
Se elege aquele com maior número de votos
Mesmo número para todos os estados
Os senadores são os representantes do Estado○
* Brasil:
* EUA: majoritário, bipartidarização
Só se dá uma cadeira quando ele se apresenta minimamente representativo○
Não há vencedores ou perdedores, todos ganham um pouco○
* Proporcional:
* Cláusula de barreira: porcentagem mínima da população que o partido precisa para ter 1 voto
Nº eleitores total = quociente eleitoral○
* Alemanha: sistema distrital misto
Metade das cadeiras a preencher é dos distritos (são 300 distritos) e a outra metade é para uma lista nacional partidária○
2 votos: 1 majoritário e outro distrital○
O deputado mais votado no distrito é eleito○
Se o partido tem direito a 10 cadeira e já elegeu 5, só virão 5 da lista○
O deputado pode ser candidatar pela lista e pelo distrito○
 nº cadeiras total
* No Brasil, nenhum estado pode ter menos que 8 e mais que 70 deputados. Teoricamente todos os votos são iguais, mas na prática, o voto de um eleitor de 
São Paulo tem menos valor do que de um eleitos do Amapá
* Sistemas para eleger deputados (parlamentares):
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10/05/2012
Nacionalidade, Cidadania e Direitos Políticos
2 critérios básicos para a nacionalidade: sangue e onde nasceu○
Nacionalidade : ser nacional de um estado, ser reconhecido como membro de um estado•
Para exercer direitos políticos, precisa ser nacional e cumprir alguns requisitos (ex: idade)•
Cidadania: sujeito nacional, que cumpre requisitos e pode gozar de direitos jurídicos (votar e ser votado) → ter participação política•
17/05/2012
Federalismo
Descentralização do poder em base territorial•
No Brasil, são as capitanias hereditárias○
O feudalismo é o precedente mais anterior do Federalismo•
Os federalistas viram nos Republicanos uma oportunidade que não viram nos Monarquistas•
Nossa tendência ao federalismo é anterior à Independência e à nova República•
Tiraram do 'Espírito das Leis' de Montesquieu → diz que para se protegerem das monarquias (têm tendência à dominar novos territórios), as pequenas 
repúblicas começam a se unir como Repúblicas Federativas podendo até se fundir em um Estado
○
A consequência disso é um poder maior na mão dos Estados e menor na mão do poder central
Federalismo por agregação
Os estados conservam uma parcela de sua soberania interior, uma autonomia
13 colônias que se confundiram (ato de direito internacional que acordam essa 'união') e depois viram uma federação (abrem mã o de suas soberanias 
individuais em favor da soberania nacional)
○
EUA → 1º modelo federativo•
* Federalismo por segregação → 1º há o estado unitário e depois esse resolveu se segregar em vários entes federados, surge autonomia para os estados. O 
poder maior é do governo central e o menor é dos estados pois estes são filhos, criação do poder central 
Atualmente os entes federados não podem se dissolver○
Nos EUA, com a Guerra de Secessão, Sul e Norte lutam. Com a vitória do Norte, não se divide e se atinge a clareza de que não será possível dividir a 
federação
○
Secessão: dissolução do federalismo•
A constituição dos EUA é a afirmação de seu sistema federalista•
É por isso que nos EUA há m direito penal e eleitoral para cada estado
Privilegia os estados
A constituição americana diz o que cabe ao poder central, o residual cabe aos estados → assim o poder central fica limitado○
Técnica de repartição do poder, das competências: sacramentou o maior poder aos estados•
Interpretaram de maneira mais flexível ○
Com o tempo, os americanos criaram maneiras para modificar, flexibilizar o sistema•
Oposto ao sistema americano○
Constituição Canadense: diz quais são as competências dos Estados e todo o resto pertence ao poder central•
A técnica é prever competências para a união, competências para os estados. Porém, há além competências que são compartilhada s, divididas pela 
união e pelos estados de modo que eles atuem em conjunto ou em paralelo nessas questões
○
Teve início no Brasil em 46 e foi fortificado em 88○
Federalismo Cooperativo: começa em Weimar•
Nas outras os municípios são parte integrante dos estados
Na Rússia e Alemanha alguns municípios tem o 'status' de entes federados
Art 1º da Constituição: não aparece a União, aparece apenas os estados e municípios como entes federados
Brasil tem uma propensão municipalista devido à uma herança de fortalecimento dos municípios no pós guerra para criar um mercado interno que 
absorvia a produção e auxiliava o país a superar a crise. Com a Constituição de 88, os municípios passaram a ter uma lei orgânica própria. A 
presidenta é chefe de governo assim como os governadores e prefeitos, sob essa perspectiva, eles tem o mesmo 'status' (entretanto, além de chefe 
de governo, ela é chefe de estado e assim ela fala pelo todo federativo, pela união e não é passível de crítica, pois ela representa a todos nós)

Particularidade: além da união e dos estados, os municípios também são entes federados (no Brasil são 3 entes federados: a un ião, os estados e os 
municípios)
○
Técnica de Repartição do Brasil•
Competência residual em matéria tributária não é estadual, é da união
No direito brasileiro há vários tipos de competências: as privativas da união, as dos estados, as dos municípios, as residuai s (são dos estados) e as 
compartilhadas pela união, estados, municípios e distrito federal → federalismo geral
○
competências da união: direito penal, processo penal e etc○
Competências dos estados: legislar sobre gás encanado (todo o restante que compete aos estados é residual, como a segurança e etc)○
Competências dos municípios: transporte coletivo, legislar sobre assuntos de interesse local○
Competências do DF: híbrido. Conjuga competências estaduais e municipais○
Competências que todos levam efeito em conjunto
Estão nos artigos 23 e 24 respectivamente
Competências comungadas: podem ser materiais e legislativas ○
Federalismo Brasileiro•
24/05/2012
Ex: Lei complementar 103/2000 → os estados poderão fixar por lei estadual o piso salarial. Entretanto há na constituição que o salário mínimo deve ser 
geral e nacionalmente unificado (Art 7º inciso IV) → mas como piso salarial (depende do tipo de trabalho) é diferente do salário mínimo, essa lei não é 
inconstitucional (contanto que o piso salarial não seja geral, pois assim ele se tornaria um salário mínimo regional. O piso salarial tem que ser por 
categoria → aquilo que não estiver contemplado, vale o salário mínimo
○
Art 22 - parágrafo único → lei complementar poderá autorizar os estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo•
Art 23 → competências comuns da união, dos estados, do DF e dos municípios •
 Página 5 de Direito Constitucional I 
Art 23 → competências comuns da união, dos estados, do DF e dos municípios •
 Parágrafo único: leis complementares fixarão normas para a cooperação entre união e os estados, o DF e os municípios, tendo em vista o equilíbrio do 
desenvolvimento e do bem estar em âmbito nacional
Norma geral: moldura que traça o espaço dentro do qual os estados poderão legislar complementarmente
Porém a lei nacional é superior, é veiculadora de normas gerais que submetem a todos os entes□
Não há hierarquia, o que há é divisão de matéria entre os entes federados
Se depois a união sair da inércia e legislar, a lei federal (ou estadual...) tem sua eficácia suspensa naquilo que se opõe à lei nacional 
superveniente
□
Dado a omissão da união, surge para os demais entes uma capacidade de fazer normas gerais, de maneira supletiva (lei supletiva)
Em matéria de legislação concorrente, a união tem competência de fazer norma geral. E os demais entes tem a competência de fa zer as normas 
específicas para si, que complementam a geral (obedecidos os limites)
○
Art 24 → competências da união, dos estados e do DF de legislar concorrentemente sobre tais assuntos •
Estão no artigo 22 e não no 24 pois são casos 'sensíveis' e não deve haver a possibilidade de competências supletivas em caso de omissão da união○
Art 22 → há 4 competências (incisos XXI, XXVIII, IX e XXIV) que são explicitamente normas gerais•
31/05/2012
Separação de Poderes
O Absolutismo foi uma negação disso. O rei absoluto é uma deturpação de ideias medievais e este se colocava acima do direito○
Revoluções: tirar do rei o poder de legislar e dar ao parlamento○
Na história, a limitação do poder sempre foi muito buscada•
Direito das gentes (monarca, poder executivo): relação internacional, é o poder federativo de Locke. O rei declara a guerra, celebra a paz e etc○
Poder de legislar: o príncipe ou o magistrado faz, modifica ou anula uma lei○
Direito civil (judiciário, vai se anular): o príncipe ou magistrado resolve as querelas entre os indivíduos, pune○
'Em todo Estado há 3 poderes: executivo das gentes, executivo do direito civil e o de legislar'•
Neutraliza o judiciário pela forma de estrutura-lo (temporários, que se desfazem quando acaba o seu propósito, o julgamento. Um igual julgando 
outro igual. O julgador deve ser escolhido pelo réu ou então eles são excluídos pelo réu) e decidi-lo

Para não haver uma maioria burguesa, frente aos nobres, ele diz que deve haver uma câmara baia para representar os burgueses e uma 
câmara alta para os nobres. O equilíbrio entre as duas casas se dá através da comunhão, da partilha de duas faculdades igualmente detidas 
pelas duas, as faculdades de estatuir (fazer) e impedir. Ambas devem manifestar sua capacidade de estatuir para que algo seja aprovado)
□
O rei possui as mesmas capacidades (estatuir e impedir) que as duas casas possuem. As duas câmaras se limitam e limitam o rei e este 
também limita as duas câmaras. No coração do espírito das leis, o judiciário já está neutralizado e quem participa da política é apenas a 
câmara alta, baixa e o rei (3 poderes) que devem concordar para poder caminhar. Montesquieu tem que ser visto em seu contexto em que 
tinha a função de prevenir o absolutismo
□
Neutraliza o legislativo nele próprio e na relação com o executivo (gerando assim a neutralização do executivo): diz que para um homem ser livre, 
precisa se submeter as leis feitas por ele mesmo. Entretanto em uma nação grande, isso é difícil (mesmo nos pequenos estados isso não é 
conveniente pois há algumas pessoas tão
destituídas de recursos que não são capazes de adquirir informação e portanto são países fáceis de serem 
influenciados. Propõe portanto o voto censitário) então o povo deve escolher representantes capacitados para decidir por ele (defende o voto 
distrital 'voisin': as pessoas são capazes de observar seus vizinhos e decidir entre eles os mais habilitados a governar)

Montesquieu não limita através da separação de poderes, ele a faz neutralizando o judiciário nele próprio e neutraliza o exec utivo e o legislativo pela 
relação entre os dois
○
A eventual acumulação desses 3 poderes leva a um despotismo. Para evitar isso é preciso que o poder limite o poder•
Depois de Montesquieu vem a separação de 4 poderes: parlamentarismo•
O presidencialismo clássico é a representação da tripartição de Montesquieu•
Essa separação dos poderes é apenas uma interpretação americana○
A limitação dos poderes em Montesquieu não se dá pela separação de poderes e sim pela interpretação dos 3 poderes (câmara alta, baixa e rei)•
Para Montesquieu, o bicameralismo é devido à divisão à divisão de classes, já nos EUA este representa o federalismo americano•
4º poder seria o moderador, o 5º seria o tribunal constitucional e o 6º seria a administração pública•
14/06/2012
Sistema de Governo
Presidencialismo e Parlamentarismo•
Na vida prática, há muitas variações○
Presidencialismo clássico: presidencialismo de Montesquieu•
Não há um único modelo presidencialista ou parlamentar; existem vários•
Separação em 3 poderes○
Chefe de estado também é o chefe de governo mas não há vínculo entre governo e parlamento (podem não coincidir)○
Não é um modelo de governo forte para Montesquieu queria prevenir o absolutismo
Via de regra o governo costuma ser uma coisa fraca no presidencialismo pois Montesquieu buscava controlar o poder○
Pelo fortalecimento do governo, foram necessárias mudanças pra romper com as amarras do poder e possibilitar a atuação do gov erno○
Presidencialismo clássico:•
'Governar é legislar'○
Assim, quando o governo vai tomando força. Precisa se aliar ao parlamento○
Princípio básico, elementar do estado de direito. Princípio da Legalidade•
Existem países, no entanto, que modificaram o seu presidencialismo para obter um governo forte, como é o caso do Brasil○
O parlamentarismo surge com a necessidade de legitimar um governo•
Como os presidentes não conseguem a maioria parlamentar de seus partidos, eles precisam busca-la para que seja possível governar. Desta 
forma, fazem-se coalisões na base governista (vários partidos apoiam o governo, buscando ministérios e etc e fortalecendo a base governista)
□
Mecânica que busca dar razão à tomara de decisão política□
Presidencialismo de Coalisão: jeito brasileiro para parlamentar o governo. Continua conjugando chefia de estado de chefia de governo e o governo 
continua dissociado do parlamento (é raro um presidente ver o seu partido colocar sua maioria parlamentar na câmara)

Presidencialismo Monárquico → Monarquia Parlamentar → Presidencialismo Republicano →Presidencialismo de Coalisão ○
Brasil: •
 Página 6 de Direito Constitucional I 
Mecânica que busca dar razão à tomara de decisão política□
Distancia-se do modelo de Montesquieu□
Para Montesquieu, todos os poderes tinham poder de vetar. Já nos EUA o veto de presidente pode ser derrubado (é difícil mas p ode ser)○
Essa novidade tira o judiciário da neutralidade total colocada por Montesquieu. Ele adquire uma participação política, vetando leis
Entretanto, isso colabora com a ideia de Montesquieu pois o controle de constitucionalidade também ajuda a limitar o poder
Controle de constitucionalidade: mecanismo para verificar se é constitucional ou não → Montesquieu nem pensou nisso○
O modelo que, atualmente, mais se assemelha ao de Montesquieu, é o Americano•
Sistema de governo em que chefe de estado e chefe de governo estão separados → dependendo do parlamentarismo, o chefe de estado pode participar 
mais ou menos do governo. Mas em geral os parlamentarismos que são monarquias, o chefe de estado (rei), costuma se aproximar menos do governo. Já 
no parlamentarismo republicano, os chefes de estado tem uma participação maior no governo
○
O chefe de governo coincide com o líder da maioria parlamentar. Há um vínculo entre maioria parlamentar e governo. Este decor re da maioria 
parlamentar
○
O chefe de governo tem a sua manutenção no poder dependente da manutenção da maioria parlamentar (da concordância com esta. S e ele não tiver 
mais a maioria parlamentar, ele sai)
○
Parlamentarismo:•
Quando uma maioria parlamentar nova surge, ele não precisa apenas derrubar o governo mas sim apresentar uma nova alternativa viável○
Se a nova maioria não consegue formar um novo governo (há divergência entre o governo e o parlamento), é declarado estado de emergência legislativo 
(período excepcional de 6 meses em que os projetos do governo tramitam apenas no Senado)
○
* Alemanha: Voto de Desconfiança constitutivo
Portugal também é assim
Consequência é que na França, o presidente te uma força razoável, apesar de ser um parlamentarismo
Chefe de estado participa com força das prerrogativas de governo que estão confiadas a um 1º ministro →isso ocorre pois diferentemente da maioria 
dos parlamentarismo, o presidente francês é eleito diretamente pelo povo e, desta forma, há uma legitimidade e uma força muit o grande
○
Em geral, a popularidade do presidente francês eleito pelo povo acaba levando a maioria ao sei partido. Assim, presidente e 1 º ministro são do mesmo partido e assim 
o presidente tem muito mais força. Nessa situação, vê-se o presidencialismo
○
Já se esse presidente vai para o seu 2º mandato, normalmente é eleito o partido opositor para o parlamento. Desta forma, pres idente e 1º ministro são de partidos 
diferentes e há coabitação. O 1º ministro tem mais força e é identificado como parlamentarismo
○
França: desenvolveu um sistema parlamentarista diferente e portanto discute-se se é um semi-parlamentarismo ou um semi-presidencialismo•
O presidente é eleito pelo povo e tende a ser forte como na França. Ele é ainda mais forte, chegando a ofuscar o 1º ministro○
É um modelo ainda em construção○
Rússia:•
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DES0118 Direito Constitucional I - Levi - Isac (186-22).pdf
DIREITO	CONSTITUCIONAL	I	
DES0118	Direito	Constitucional	I	
Profa.	Doutor	José	Levi	Mello	do	Amaral	Jr.	
1º	Semestre	de	2013	–	Sala	22	–	Turma	186	
Anotações:	Isac	Silveira	da	Costa	(isac.costa@gmail.com)	
Versão	1.0	(15/06/2013)	
Conteúdo	
1.  Estado	e	Constituição.	...............................................................................................................................................................................	3 
1.1.  Forma	de	Estado	................................................................................................................................................................................	3 
1.2.  Forma	de	Governo	............................................................................................................................................................................	3 
1.3.  Sistema	de	Governo..........................................................................................................................................................................	3 
1.4.  Regime	de	Governo	..........................................................................................................................................................................	3 
2.  Constitucionalismo.	....................................................................................................................................................................................
3 
2.1.  Constitucionalismo	antigo	............................................................................................................................................................	3 
2.2.  As	formas	de	governo	conforme	a	tradição	filosófica	grega	.........................................................................................	4 
2.3.  Tradição	Medieval	............................................................................................................................................................................	5 
2.4.  A	Época	Moderna	..............................................................................................................................................................................	6 
3.  Sentidos	substancial,	formal	e	documental	da	Constituição.	Ciclos	Constitucionais.	.................................................	6 
3.1.  Constituição	em	Sentido	Substancial	.......................................................................................................................................	6 
3.2.  Constituição	em	Sentido	Formal	................................................................................................................................................	7 
3.3.  Constituição	em	Sentido	Documental	......................................................................................................................................	7 
3.4.  Constituição	Rígida	e	Constituição	Flexível	..........................................................................................................................	7 
3.5.  Ciclos	do	Constitucionalismo	.......................................................................................................................................................	7 
3.5.1.  Primeiro	grupo	de	ciclos	......................................................................................................................................................	7 
3.5.2.  Segundo	grupo	de	ciclos	......................................................................................................................................................	9 
3.6.  Classificação	Ontológica	das	Constituições	(Loewenstein)	.........................................................................................	10 
4.  Princípios	do	Direito	Constitucional	e	Princípios	do	Estado	de	Direito.	.........................................................................	10 
4.1.  Sentidos	da	Legalidade	.................................................................................................................................................................	11 
4.2.  Adjetivos	da	Legalidade	...............................................................................................................................................................	11 
5.  Interpretação	Constitucional.	..............................................................................................................................................................	12 
5.1.  Interpretação	Gramatical	............................................................................................................................................................	12 
5.2.  Interpretação	Histórica	................................................................................................................................................................	12 
5.3.  Interpretação	Sistemática	...........................................................................................................................................................	12 
5.4.  Interpretação	Teleológica	...........................................................................................................................................................	13 
5.5.  Mens	Legis	e	Mens	Legislatoris	..................................................................................................................................................	13 
5.6.  Presunção	de	Constitucionalidade	..........................................................................................................................................	13 
5.7.  Interpretação	Conforme	a	Constituição	...............................................................................................................................	14 
6.  Aplicabilidade	e	Eficácia	das	Normas	Constitucionais.	...........................................................................................................	14 
7.  Poder	Constituinte	....................................................................................................................................................................................	16 
7.1.  Origem	da	doutrina	do	Poder	Constituinte	.........................................................................................................................	16 
7.2.  Dogmática	do	Poder	Constituinte	............................................................................................................................................	16 
2	
	
7.2.1.  Poder	Constituinte	Originário	.........................................................................................................................................	16 
7.2.2.  Poder	Constituinte	Instituído	(ou	Derivado)	...........................................................................................................	18 
7.3.	O	Processo	de	Emenda	Constitucional	........................................................................................................................................	19 
8.  Separação	dos	Poderes	...........................................................................................................................................................................	19 
9.  Sistemas	de	Governo	...............................................................................................................................................................................	22 
9.1.  Crítica	à	doutrina	de	Montesquieu	..........................................................................................................................................	22 
9.2.  As	Origens	do	Parlamentarismo	..............................................................................................................................................	22 
9.3.  Variações	do	Parlamentarismo	.................................................................................................................................................	23 
9.4.  Discussões	Adicionais	...................................................................................................................................................................	23 
10.  Federalismo	............................................................................................................................................................................................	23 
10.1.  Noções	Iniciais	.............................................................................................................................................................................	24 
10.2.  Antecedentes	Históricos	.........................................................................................................................................................	24 
10.3.  Características	do	Federalismo	...........................................................................................................................................	24 
10.4.  O	Federalismo	no	Brasil	..........................................................................................................................................................	26 
	
	
	 	
3	
	
1. Estado	e	Constituição.	
Forma	de	Estado.	Forma	de	Governo.	Sistema	de	Governo.	Regime	de	Governo.	
O	Direito	Constitucional	relaciona‐se
com	a	Teoria	Geral	do	Estado.	Alguns	conceitos	importantes	são	descritos	
a	seguir.		
1.1. Forma	de	Estado	
É	 a	 distribuição	 do	 poder	 em	 um	 dado	 território.	 Tipologia:	 federação,	 Estado	 unitário	 e	 Estado	 regional	
(Espanha).	 Em	 uma	 confederação,	 os	 Estados	 mantêm	 sua	 soberania,	 havendo	 o	 direito	 de	 secessão.	 Na	
federação,	apenas	a	União	é	soberana.	Soberania	e	autonomia	não	se	confundem.		
1.2. Forma	de	Governo	
É	 o	 modo	 de	 investidura	 do	 Chefe	 de	 Estado,	 o	 qual	 é	 a	 personificação	 do	 poder.	 Tipologia:	 república,	
monarquia.	 A	 república	 caracteriza‐se	 pela	 eletividade	 e	 temporalidade.	 A	 monarquia	 caracteriza‐se	 pela	
hereditariedade	 e	 vitaliciedade.	 Em	 teoria,	 a	 responsabilização	 (dever	 de	 prestar	 contas)	 do	 governante	 é	
característica	da	república,	embora,	no	passado,	monarcas	já	foram	responsabilizados	pelos	seus	súditos.		
1.3. Sistema	de	Governo	
É	o	modo	de	relação	entre	o	Chefe	de	Estado	e	o	Chefe	de	Governo.	Para	Marx,	a	separação	dos	poderes	é	um	
engodo	 burguês.	Tipologia:	 presidencialismo,	 parlamentarismo,	 assemblerismo	 (apenas	 valor	 histórico).	 No	
arranjo	 de	 poderes,	 é	 possível	 combinar	 formas	 e	 sistemas	 de	 governo	 diversos,	 havendo,	 inclusive	 a	
possibilidade	 de	 existir	 uma	monarquia	 presidencialista	 (ex.	 Poder	 Moderador	 da	 Constituição	 Imperial	 de	
1824).		
1.4. Regime	de	Governo	
Regime	de	Governo.	 É	 o	modo	 como	 o	 Estado	 se	 relaciona	 com	 a	 pessoa	 humana.	Tipologia:	 democracia,	
autoritarismo,	totalitarismo.	Na	democracia,	predomina	o	respeito	ao	indivíduo,	que	participa	da	manifestação	
da	vontade.	No	autoritarismo,	o	poder	impera	sobre	o	povo	com	base	na	força	ou	no	carisma.	No	totalitarismo,	
o	Estado	é	 tudo	e	a	pessoa	humana	é	nada.	Existem	três	 tipos:	o	de	 raça	 (nazismo),	nação	 (fascismo)	e	o	de	
classe	 (comunismo).	 Um	 sintoma	 do	 totalitarismo	 é	 a	 presença	 de	 um	 partido	 único.	 O	 corporativismo	 nos	
regimes	totalitários	foi	uma	coincidência	histórica.		
2. Constitucionalismo.	
Constitucionalismo:	 antigo	 e	moderno.	 Constituição.	 Estado.	Organização	 do	 Estado	 e	 limitação	 do	 seu	 poder.	
Concepções	política,	social	e	jurídica.		
Constitucionalismo,	 em	 sentido	 estrito,	 refere‐se	 a	 um	 movimento	 de	 limitação	 do	 poder	 por	 meio	 de	
constituições	deflagrado	sobretudo	nos	séculos	XVII	e	XVIII,	vinculado	às	três	grandes	revoluções	liberais,	a	
inglesa,	a	americana	e	a	francesa.	É	uma	época	na	qual	se	reconheceu	que	o	homem	pode	alterar	a	organização	
política	 que	 os	 eventos	 históricos	 deram	 a	 um	 determinado	 Estado,	 ou	 seja,	 que	 o	 homem	pode	modelar	 o	
Estado	 segundo	princípios	 racionais.	 Porém,	 a	melhor	 doutrina	 indica	 que	 esta	 acepção	 refere‐se	 apenas	 ao	
chamado	constitucionalismo	moderno.	Assim,	o	que	nós	entendemos	hoje	por	constitucionalismo	e	constituição	
decorre	de	um	processo	histórico	relativamente	recente.		
2.1. Constitucionalismo	antigo	
A	democracia	ateniense.	Cidadania.	Democracia	direta.	O	 sorteio	para	o	preenchimento	de	 cargos	públicos	e	a	
compreensão	da	igualdade	entre	os	homens.	O	direito	imemorial.	O	Tribunal	dos	Heliastas	e	a	graphe	paranomon.	
A	definição	aristotélica	de	Constituição.		
4	
	
A	 denominação	 “moderno”	 pressupõe	 a	 existência	 de	 um	 constitucionalismo	antigo,	 estudado	 especialmente	
por	 Charles	 Howard	 Mcllwain.	 Neste	 sentido,	 referimo‐nos	 ao	 modelo	 grego	 (a	 democracia	 ateniense)	 e	 a	
república	em	Roma.	O	constitucionalismo	está	relacionado	à	democracia	desde	épocas	remotas,	com	o	modelo	
da	cidade‐estado	de	Atenas.	A	obra	“A	Política”	de	Aristóteles	é	uma	narrativa	das	diversas	constituições	das	
cidades‐estado	 gregas,	 que	 possuíam	 um	 corpo	 normativo	 regente,	 não	 propriamente	 uma	 constituição	 no	
sentido	como	entendemos	hoje.		
No	final	do	século	V	a.C.,	ocorreu	a	Guerra	do	Peloponeso,	entre	Esparta	e	Atenas.	Logo	no	início	do	conflito,	o	
general	Péricles	utilizou	em	um	discurso	fúnebre	a	palavra	democracia	pela	primeira	vez	que	se	tem	registro	na	
história,	comparando	o	sistema	político	de	Atenas	com	o	de	outras	cidades‐estado.		
A	principal	característica	da	democracia	ateniense	é	o	 fato	de	os	cidadãos,	 reunidos	na	praça	pública	central	
(Ágora),	deliberarem	sobre	as	coisas	públicas	–	a	chamada	democracia	direta.	Porém,	o	status	de	cidadão	–	
que	possibilitava	o	exercício	dos	direitos	políticos	–	era	restrito	aos	homens	gregos	(restrição	de	nacionalidade).	
Ficavam	excluídos,	assim,	os	estrangeiros,	os	servos	(escravos),	as	mulheres	e	os	homens	fora	de	determinada	
faixa	 etária	 (a	 iniciação	 cívica,	 militar	 e	 religiosa	 dava‐se	 entre	 18	 e	 21	 anos).	 Calcula‐se	 que,	 no	 auge	 da	
democracia	ateniense,	eram	cidadãos	cerca	de	20	a	40	mil	homens,	cerca	de	10%	da	população.	Deste	grupo,	
por	volta	de	20%	tinha	interesse	efetivo	de	participar	da	deliberação	das	coisas	públicas.			
Os	 sofistas	 originais	 eram	 cidadãos	 que	 se	 empenhavam	 no	 estudo	 das	 matérias	 de	 interesse	 público.	 A	
estrutura	 institucional	 de	 Atenas,	 contudo,	 não	 se	 resumia	 à	 Ágora,	 que,	 embora	 fosse	 a	 estrutura	 mais	
importante	de	decisão,	não	era	a	única.	Para	os	gregos,	o	verdadeiro	método	democrático	para	preenchimento	
das	 magistraturas	 é	 o	 que	 proporcionava	 o	 máximo	 de	 chance	 para	 cada	 cidadão:	 o	 sorteio.	 Este	 método	
baseava‐se	 na	profunda	compreensão	da	igualdade	entre	os	cidadãos.	 A	 eleição	 seria	 considerada	 um	método	
aristocrático.			
O	 tempo	 de	 exercício	 da	 função	 pública	 era	 fugaz,	 para	 possibilitar	 que	 todos	 os	 cidadãos	 tivessem	 efetiva	
participação	no	processo	democrático.	 	A	presidência	da	Ágora,	por	exemplo,	 tinha	duração	de	um	único	dia.	
Havia	magistraturas	 que	 não	 estavam	 sujeitas	 a	 preenchimento	 por	 sorteio,	 como	 era	 o	 caso	 dos	 cargos	 de	
estratego,	 que	 demandava	 aptidão	 militar,	 o	 de	 tesoureiro	do	Teatro	 e	 o	 tesoureiro	militar.	 O	 Tribunal	 dos	
Heliastas	era	preenchido	por	sorteio.		
Na	 democracia	 ateniense	 também	 havia	 a	 compreensão	 de	 que	 existia	 um	 direito	 superior	 herdado	 dos	
ancestrais	–	um	direito	imemorial	 –	que	servia	de	parâmetro	para	as	 leis	 que	eventualmente	viessem	a	ser	
elaboradas	na	Ágora,	 leis	estas	que	eram	apenas	uma	explicitação,	uma	declaração	do	direito	 já	praticado	no	
seio	daquela	comunidade.	Caso	esta	premissa	fosse	violada,	lançava‐se	mão	do	mecanismo	denominado	graphe	
paranomon,	pelo	qual	o	Tribunal	dos	Heliastas	verificava	a	compatibilidade	entre	a	lei	votada	na	assembléia	
popular	 e	 o	 direito	 ancestral,	 imemorial.	 A	 lei	 considerada	 como	 não	 conforme	 com	 respeito	 ao	 direito	
ancestral,	independente	do	momento	da	apresentação	do	graphe	paranomon	era	considerada	inexistente.	Caso	
a	 apresentação	 do	 graphe	paranomon	 fosse	 feita	 em	 até	 um	 ano	 da	 aprovação	 da	 lei,	 era	 possível	 punir	 os	
responsáveis	 pela	 proposição	 da	 lei.	 Assim,	 este	 mecanismo	 servia	 para	 amenizar	 eventuais	 excessos	 da	
democracia	popular.	Trata‐se	do	embrião	da	ideia	de	controle	de	constitucionalidade:	uma	lei	era	submetida	a	
uma	lei	superior	que	lhe	servia	de	parâmetro	de	validade.		
Todos	 os	 elementos	 discutidos	 até	 aqui	 foram	 considerados	 por	 Aristóteles	 como	 pertinentes	 ao	 estudo	 da	
Constituição,	 a	 qual	 define	 como	 “o	 modo	 de	 organização	 das	 magistraturas	 (detentores	de	poder)	 de	 uma	
cidade”.	A	vocação,	o	objetivo,	o	fim	desta	cidade	seria	a	política,	uma	boa	vida	em	comunidade.	Para	Aristóteles	
o	fim	de	uma	coisa	revela	sua	natureza,	e	sua	natureza	o	seu	fim.	Assim,	seu	conceito,	embora	diverso	do	que	
entendemos	hoje	como	Constituição,	transita	pela	essência	do	termo.		
2.2. As	formas	de	governo	conforme	a	tradição	filosófica	grega	
Corte	 qualitativo	 e	 corte	 quantitativo	 das	 formas	 de	 governo.	O	 bem	 de	 um	 e
o	 bem	 de	 todos.	 Cooperação	 e	
competição.	Stase.	Regime	misto.	A	experiência	republicana	em	Roma.		
Um	tema	discutido	pela	filosofia	grego	eram	as	formas	de	governo	(relacionadas	hodiernamente	de	forma	mais	
próxima	 ao	 que	 chamamos	 de	 regimes	de	governo).	 A	 tipologia	 das	 formas	 de	 governo	 pode	 ser	 discutida	
5	
	
conforme	dois	cortes:	um	qualitativo	(quem	detém	o	poder	o	exerce	com	que	finalidade?)	e	outro	quantitativo	
(quantos	detêm	o	poder?).	
No	corte	quantitativo	temos	três	níveis:	(a)	o	poder	de	um;	(b)	o	poder	de	poucos;	(c)	o	poder	de	todos.	 	No	
corte	qualitativo,	o	exercício	do	poder	poderia	se	dar	com	as	seguintes	finalidades:	(a)	forma	pura:	para	o	bem	
comum;	(b)	forma	impura:	para	o	próprio	bem.	A	tabela	a	seguir	registra	as	possíveis	combinações.	
	 Poder	de	um Poder	de	poucos Poder	de	todos
Forma	pura	(bem	de	todos)	 MONARQUIA	 ARISTOCRACIA	 POLITIA	/	POLITEIA(modernamente	DEMOCRACIA)	
Forma	impura	(bem	de	um)	 TIRANIA	 OLIGARQUIA	 DEMOCRACIA	(modernamente	DEMAGOGIA)	
	
A	palavra	politeia	pode	ser	traduzida	como	política,	uma	forma	pura	de	governo	popular	ou	constituição.	Na	
demagogia,	ocorre	a	manipulação	do	poder	pelos	sofistas	(aqui	já	corrompidos),	pela	verbarrogia,	pela	força	de	
sua	argumentação	havendo	um	esvaziamento	de	um	dever	reto.			
Distinguir	o	bem	de	um	do	bem	de	todos	ajuda	a	entender	o	conceito	de	vontade	geral	do	Russeau.	Bem	comum	é	
a	 identificação	das	pessoas	 reunidas	 sobre	o	que	elas	possuem	em	comum,	sucedida	pela	cooperação	mútua	
para	a	realização	do	bem	naquilo	que	lhes	é	comum.	É	virtude	da	abstração	daquilo	que	nos	separa	e	centrar	
esforços	na	 realização	do	bem	no	que	diz	 respeito	ao	que	nos	une.	Na	busca	pelo	bem	de	um,	promove‐se	a	
competição	 pelo	poder.	A	 stase	 é	 a	 situação	 extrema	de	degeneração,	 com	 impossibilidade	de	entendimento,	
resultando	num	caos	que	beira	à	guerra	civil	–	só	pode	ser	evitada	por	uma	estrutura	institucional	que	propicie	
a	possibilidade	de	entendimento.		
Aristóteles	propõe	o	governo	moderado	ou	 regime	misto,	 combinando	uma	prática	controlada	de	oligarquia	e	
demagogia,	aproveitando	o	que	há	de	melhor	em	cada	uma	dessas	formas	degeneradas.	Polípio	desenvolve	este	
tema,	 identificando	 a	 sucessão	 de	 formas	 puras	 e	 impuras	 na	 história,	 chegando	 até	 mesmo	 a	 propor	 a	
periodização	destes	ciclos	em	50	anos.	Assim,	propõe	que	o	regime	misto	deve	ser	uma	combinação	das	três	
formas	puras:	monarquia,	aristocracia	e	politeia.	Tal	realidade	só	teria	sido	vivenciada	na	república	romana:	o	
governo	 de	 um	 (acordo	 comum	 dos	 cônsules),	 de	 poucos	 (Senado)	 e	 o	 de	 todos	 (Comícios	 da	 Plebe),	
convivendo	e	limitando‐se	reciprocamente.	Esta	idéia,	inclusive,	precede	a	noção	de	equilíbrio	de	forças	sociais	
proposta	por	Montesquieu,	essência	da	tripartição	funcional	do	poder.	Para	que	o	cidadão	romano	exercesse	o	
seu	papel,	tinha	que	se	deslocar	até	Roma.		
O	Senado	romano	não	era	um	corpo	representativo	como	o	órgão	legislativo	que	conhecemos	hoje	pelo	mesmo	
nome.	O	povo	tinha	potestas	(poder)	e	o	Senado	tinha	autorictas	(autoridade).	As	deliberações	aprovadas	nos	
Comícios	da	Plebe	eram	homologadas	pelo	Senado.	Os	cônsules	podiam	designar	um	ditador,	o	qual	detinha	o	
poder	em	tempos	de	crise	(uma	espécie	de	estado	de	exceção).	 	 Isto	ocorreu	em	torno	de	noventa	vezes	com	
sucesso	na	República	romana	até	a	degeneração	com	Julio	César.		
2.3. Tradição	Medieval	
Na	época	medieval,	o	Rei	não	estava	acima	da	lei.	A	lei	provinha	do	Rei,	mas	este	a	ela	se	submetia.	O	poder	vem	
de	Deus	ao	Rei	através	do	povo,	por	isso	as	disputas	entre	a	Igreja	e	o	Rei,	pois	aquela	exercia	forte	influência	
sobre	o	povo.		
No	 período	 feudal,	 o	 senhor	 feudal	 criava	 o	 direito	 e,	 para	 que	 este	 não	 fosse	 parcial,	 o	 Rei	 enviava	 seus	
ministros	 aos	 feudos	 para	 julgar	 uma	 segunda	 vez	 (duplo	 grau	 de	 jurisdição).	 Estas	 cortes	 reais	 ganhavam	
legitimidade,	pois	ajudavam	os	servos	da	gleba.		
[NOTA:	MAIS	DETALHES	NO	TEXTO	DO	SEMINÁRIO	2	–	MATTEUCCI]	
	
6	
	
2.4. A	Época	Moderna	
A	Tradição	Medieval.	A	Magna	Carta.	O	Parlamento	Inglês.		
DEFINIÇÃO:	Common	Law	é	um	direito	apreendido	pelo	juiz	e	devolvido	em	forma	de	precedentes.		
Em	1215,	 a	Magna	Carta	 representou	um	protótipo	de	constituição	 (não	beneficiava	o	povo	 como	um	 todo),	
pois	limitava	o	poder	do	Rei,	dando	aos	barões	a	prerrogativa	de	autorização	prévia	da	instituição	de	impostos.	
Em	 1265,	 o	 Rei	 convoca	 o	 Parlamento,	 quando	 Simon	 de	 Monfort	 fez	 com	 que	 fossem	 convocados	
representantes	dos	burgos	e	dos	cavaleiros,	que	se	 instalaram	nos	 jardins	do	Castelo,	materializando‐se	pela	
primeira	vez	uma	reunião	de	Lordes	e	Comuns,	aproximando‐se	da	estrutura	do	parlamento	moderno.	Em	1295,	
o	 Rei	 Eduardo	 I	 sistematizou	 o	 mecanismo	 de	 convocação	 dos	 representantes	 dos	 burgos	 e	 dos	 pequenos	
cavaleiros,	escolhidos	por	uma	votação	distrital	que	perdura	até	hoje.	Assim,	o	parlamento	inglês	estava	bem	
configurado	já	no	final	do	século	XIII.	Um	instituto	trazido	pela	Magna	Carta	foi	o	habeas	corpus.		
Com	 o	 surgimento	 de	 reis	 que	 se	 colocaram	 acima	 do	 Direito	 surge	 o	 fenômeno	 do	 constitucionalismo	
moderno.	Henrique	VIII	foi	rei	absoluto	na	Inglaterra,	rompendo	com	o	Papado	e	fundando	a	Igreja	Anglicana.	
Jaime	 II,	 rei	 católico,	 ascende	ao	 trono	 inglês,	 gerando	 receio	de	 retorno	à	 situação	anterior	a	Henrique	VIII,	
com	submissão	do	poder	real	à	Igreja	Católica.	O	conflito	com	o	Parlamento	em	1688	fez	com	que	o	Rei	fugisse	
para	a	França.	No	 início	de	1689,	o	Parlamento	 inglês	se	reúne	e	escolhe	um	rei	novo,	Guilherme	de	Orange,	
casado	com	a	filha	de	Jaime	II,	que	foi	obrigado	a	jurar	o	Bill	of	Rights,	que	impunha	ao	rei	a	perda	do	poder	de	
legislar.	É	neste	momento	que	surge	o	dogma	do	parlamento	inglês.	Desta	forma,	a	Revolução	Gloriosa	(1688‐
1689)	é	a	primeira	revolução	liberal.	Do	ponto	de	vista	do	constitucionalismo,	aqui	começa	a	idéia	da	separação	
de	poderes,	sendo	extinto	o	absolutismo	inglês.	Nesta	época	e	nação,	o	teórico	que	se	destaca	é	John	Locke.		
No	século	XVIII,	ocorrem	as	outras	duas	grandes	revoluções	 liberais.	A	Revolução	Americana	 inicia‐se	com	a	
declaração	 de	 independência	 em	 1776,	 culminando	 na	 Constituição	 dos	 Estados	 Unidos	 em	 1787,	
desenvolvendo‐se	 até	 o	 término	 da	 Guerra	 de	 Secessão.	 A	Revolução	 Francesa	 iniciada	 em	1789	 foi	 a	 outra	
grande	 revolução	 liberal.	 Em	 todos	 os	 casos,	 trataram‐se	 de	 reações	 da	 burguesia	 contra	 reis	 que	 se	
pretenderam	 absolutos.	 A	 expressão	 da	 reação	 da	 burguesia	 é	 o	 constitucionalismo,	 um	 movimento	 de	
limitação	do	poder	do	rei	com	a	finalidade	de	prevenir	o	absolutismo.		
Há	 dois	mecanismos	da	 limitação	do	poder	do	 rei:	 um	 freio	 interno	 (separação	 dos	 poderes)	 e	 um	 freio	
externo	(doutrina	dos	direitos	fundamentais)	ao	poder	do	rei1.			
A	 partir	 deste	 momento,	 constituição	 é	 o	 instrumento	 que	 organiza	 o	 estado	 e	 proclama	 os	 direitos	
fundamentais.	Uma	sociedade	não	 tem	constituição	se	não	 assegurar	a	 separação	dos	poderes	 e	 os	direitos	
fundamentais.	
3. Sentidos	 substancial,	 formal	 e	 documental	 da	 Constituição.	
Ciclos	Constitucionais.	
3.1. Constituição	em	Sentido	Substancial	
Coincide	com	o	que	poderíamos	chamar	de	constituição	material.	É	a	Constituição	como	conjunto	de	normas	
fundamentais	 do	 Estado.	 O	 que	 é	matéria	 constitucional?	 A	 resposta	 depende	 de	 história,	 cultura,	 contexto,	
momento.	Grosso	modo,	pela	herança	do	constitucionalismo,	é	possível	dizer	o	que	é	matéria	constitucional.	
Pela	Declaração	dos	Direitos	do	Homem	e	do	Cidadão,	recordamos	que	dois	pontos	essenciais	eram	a	Separação	
dos	Poderes	(freio	interno,	controle	do	Estado	pela	sua	organização)	e	Direitos	e	Garantias	Fundamentais	(freio	
externo,	 direitos	 inerentes	 à	 pessoa
humana,	 superiores	 e	 anteriores	 ao	 Estado,	 sendo	 por	 este	 declarados	
previamente).	As	declarações	de	direitos	 formalizam	direitos	 anteriores	e	 superiores	ao	Estado,	que	passa	 a	
conhecer	seu	limite	externo.	
																																																													
1	Declaração	 dos	 Direitos	 do	 Homem	 e	 do	 Cidadão,	 Artigo	 16º:	 Qualquer	 sociedade	 em	 que	 não	 esteja	 assegurada	 a	
garantia	dos	direitos,	nem	estabelecida	a	separação	dos	poderes	não	tem	Constituição.	
7	
	
Matéria	constitucional,	por	excelência,	expressa	a	organização	do	Estado,	a	organização	política	da	sociedade	–	
separação	dos	Poderes	e	direitos	e	garantias	fundamentais.		
3.2. Constituição	em	Sentido	Formal	
Diz	respeito	à	existência	de	uma	forma	constitucional	específica,	isto	é,	a	existência	de	um	texto	normativo	que	
traz	 elementos	 constitucionais,	mas	 adota,	 sobretudo,	 uma	 forma	 específica,	 própria	 da	 constituição,	 a	 qual,	
quando	 comparada	 com	 a	 lei	 comum,	 pretende	 fazer	 daquela	 algo	mais	 estável	 através	 de	 um	 processo	 de	
elaboração	e	alteração	mais	complexo.	Este	sentido	traz	a	ideia	de	hierarquia,	com	a	Constituição	se	colocando	
acima	das	demais	leis.	A	forma	adotada	faz	com	que	seja	mais	difícil	levar	a	cabo	uma	alteração	na	Constituição.	
3.3. Constituição	em	Sentido	Documental	
É	um	sentido	de	Constituição	relativo	a	um	texto	solene	que	se	declara:	“eu	sou	a	Constituição	do	Estado”.	Este	
documento	 pretende	 compendiar,	 explicitar	 normas	 constitucionais.	 A	 diferença	 entre	 o	 sentido	 formal	 e	 o	
sentido	 documental	 é	 que	 este	 trata	 do	 produto	 enquanto	 aquele	 trata	 do	 processo.	 Se	 a	 Constituição	 não	
reserva	para	si	uma	mecânica	diversa	da	legislação	comum.	
É	 possível	 existir	 uma	 constituição	 formal	 que	 não	 seja	 documental?	 Sim,	 é	 possível	 existir	 um	 conjunto	 de	
normas	esparsas	com	processo	de	alteração	mais	difícil.	
A	Constituição	elege	temas	que	expressam	o	Estado.	Nem	tudo	que	está	no	foro	documental	é	materialmente	
constitucional.	Há	normas	que	não	tem	a	essencialidade,	o	fundamento	próprio	do	que	imaginamos	ser	matéria	
constitucional.		
 Exemplo	CF/88:	art.	242,	§	2º	(Colégio	Pedro	II	será	mantido	na	órbita	federal).		
 Exemplos	 de	 normas	 materialmente	 constitucionais	 não	 tratadas	 na	 CF/88:	 (a)	 garantias	 da	
magistratura	são	regulamentadas	na	LOMAN	e	não	na	Constituição.	(b)	a	Lei	Eleitoral	regula	o	processo	
eleitoral.	
 Exemplo	de	 constituição	 formal	que	não	era	documental:	 três	 leis	 constitucionais	 francesas	de	1875.	
Estatuto	Albertino	(constituição	italiana	do	século	XIX)	era	documental,	mas	não	formal.		
 A	Inglaterra	não	conhece	Constituição	em	sentido	formal	tampouco	documental,	porém	há	em	sentido	
material	(leis,	costumes,	práticas	fundamentalmente	constitucionais).	
3.4. Constituição	Rígida	e	Constituição	Flexível	
Constituição	rígida.	É	aquela	que,	para	ser	modificada,	exige	um	procedimento	diferente	da	lei	comum.	Coincide	
com	o	sentido	formal.	Se	não	houver	nenhuma	exigência	diversa	da	lei	comum,	temos	a	constituição	flexível	–	
que	coincide	com	a	documental	que	não	seja	formal.		
A	História	registra	como	uma	das	mais	rígidas	constituições	a	soviética,	que	exigia	quorum	qualificado	de	9/10.		
3.5. Ciclos	do	Constitucionalismo2	
O	 constitucionalismo	 como	 fenômeno	 de	 limitação	 do	 poder	 tem	 como	 pontos	 de	 partida	 as	 três	 grandes	
revoluções	liberais	(inglesa,	americana	e	francesa).	A	sistematização	didática	dos	ciclos	do	constitucionalismo	
por	 Ruffía	 menciona	 dez	 ciclos	 organizados	 em	 dois	 grupos.	 Um	 primeiro	 grupo	 tem	 cinco	 ciclos	 que	 se	
sucedem	no	tempo.	O	segundo	grupo,	também	composto	por	cinco	ciclos,	mas	que	se	sobrepõem	no	tempo.		
3.5.1. Primeiro	grupo	de	ciclos	
O	 primeiro	 ciclo	 é	 o	 das	 constituições	 revolucionárias3,	 deflagrado	 pela	 revolução	 americana,	 com	 a	
constituição	americana	de	1787.	A	revolução	inglesa	(Revolução	Gloriosa,	1788‐1789)	precedeu	a	americana,	
																																																													
2	NOTA	DO	AUTOR	DO	CADERNO:	as	notas	de	rodapé	desta	seção	foram	gentilmente	cedidas	por	João	Vitor	Fogaça,	que	as	
extraiu	de	suas	anotações	de	seminários.	
8	
	
mas	 não	 havia	 um	 documento	 formal	 distinto	 das	 demais	 leis.	 A	 França	 conheceu,	 a	 partir	 de	 1791,	 uma	
sucessão	de	constituições	efêmeras.	Não	devemos	esquecer	a	Declaração	dos	Direitos	do	Homem	e	do	Cidadão	
de	26	de	agosto	de	1789,	tão	marcante	que	ainda	é	vigente	na	França.	A	constituição	americana	também	tem	
raízes	 profundas,	 incluindo	 as	 constituições	 estaduais	 (em	 especial	 a	 da	 Virginia,	 influenciada	 por	 Thomas	
Jefferson)	desenvolvidas	ao	longo	do	século	XVIII.		
Assim,	 o	Estado	passa	 a	 ter	 freios	 externos	 e	 internos,	 com	 limitações	 ao	 seu	poder.	 Freios	 externos:	
direitos	 e	 garantias	 fundamentais,	 inerentes	 à	 condição	 humana,	 anteriores	 e	 superiores	 ao	 Estado	 –	 deve	
reconhecer,	proteger	e	promover	os	direitos	fundamentais.	Freios	internos:	separação	dos	Poderes,	elementos	
orgânicos.		
O	 segundo	 ciclo	 corresponde	 às	 chamadas	 constituições	 napoleônicas4	(a	 Constituição	 francesa	 de	 1799	
modificada	diversas	vezes	por	Napoleão).	Vigorou	até	1815	(Congresso	de	Viena)	e	conheceu	alguns	recursos	
utilizados	 no	 constitucionalismo	 mais	 recente:	 Napoleão	 tratou	 de	 enfraquecer	 por	 diversas	 maneiras	 o	
Parlamento	ou	burlar	sua	competência,	como,	por	exemplo,	utilizando	o	recurso	a	consultas	populares	diretas	
(atos	bonapartistas).		
O	terceiro	ciclo	é	o	das	constituições	de	restauração5,	após	o	Congresso	de	Viena.	Entre	1815	e	1830,	velhas	
monarquias	 retomam	 seu	 espaço,	 após	 a	 queda	 de	 Napoleão	 (que	 havia	 se	 colocado	 em	 uma	 guerra	 de	
conquista	europeia	para	consolidar	a	sua	revolução).	As	monarquias	restauradas	não	podiam	desconhecer	as	
mudanças	ocorridas,	inclusive	a	disseminação	do	constitucionalismo	na	Europa.	Por	isso,	deveriam	se	submeter	
a	 constituições,	 ainda	 que	 outorgadas	 –	 como	 forma	 de	 se	 legitimarem,	 outorgam	 constituições:	 naquele	
contexto	 histórico	 a	 autolimitação	 de	 poder	 considerava	 um	 enorme	 avanço.	 É	 o	 período	 do	 despotismo	
esclarecido.	É	o	caso	da	Constituição	Imperial	de	1824,	outorgada	–	um	avanço	e	não	um	retrocesso	naquele	
contexto	histórico.		
Entre	 1830	 e	 1848	 houve	 uma	 série	 de	 movimentos	 na	 Europa	 em	 que	 a	 burguesia,	 desconfiada	 das	
monarquias,	 começou	 a	 pressionar	 os	 monarcas	 em	 busca	 de	 uma	 liberalização	 do	 poder.	 Os	 textos	
constitucionais	neste	período	começaram	a	contemplar	uma	progressiva	inclusão	do	cidadão	no	jogo	político.	O	
liberalismo	 clássico	 (sécullo	 XVIII	 até	 meados	 do	 século	 XIX)	 não	 era	 verdadeiramente	 democrático,	 pois	 a	
burguesia	 tinha	 receio	 do	 poder	 da	 maioria.	 As	 revoluções	 liberais	 foram	 feitas	 pela	 burguesia	 e	 para	 a	
burguesia.	A	nobreza	não	foi	a	única	vencida	–	restou	subjugado	o	estamento	social	que	mais	tarde	viria	a	ser	
denominado	 de	 proletariado,	 afastado	 do	 jogo	 político	 pelo	 mecanismo	 denominado	 voto	 censitário	 (só	
votaram	aqueles	que	fossem	capazes	de	demonstrar	um	mínimo	de	renda).		
O	 quarto	 ciclo,	 o	 das	 constituições	 liberais6,	 contempla	 uma	 ampliação	 da	 participação	 no	 voto.	 O	 censo	
econômico	começa	a	ser	reduzido	–	mais	e	mais	proletários	passam	a	ter	chance	de	votar	e	de	serem	votados.	
																																																																																																																																																																																																																												
3	Constituições	Revolucionárias	do	século	XVIII	(1787‐1799):	têm	suas	origens	na	América	do	Norte,	com	a	Declaração	de	
Independência	 de	 1776,	 com	as	 primeiras	 afirmações,	 com	pretensão	 universal
,	 acerca	 dos	 direitos	 do	 povo	 e	 dele	 se	
autogovernar,	trazendo	impactos	mundiais.	Há	a	grande	importância	da	Declaração	dos	Direitos	do	homem	e	do	cidadão	
de	26	de	agosto	de	1789.	
	
4	Constituições	 Napoleônicas	 (1799‐1815):	 retratam	 as	 mudanças	 constitucionais	 desde	 o	 período	 que	 Napoleão	 foi	
cônsul	 até	 a	 derrocada	 de	 seu	 Império.	 A	 burguesia,	 primeiramente,	 apoiou	 as	medidas	 autoritárias	 de	Napoleão,	mas	
depois	o	derrubou	quando	ele	tratou	de	institucionalizar	permanentemente	o	poder	absoluto	para	si	e	de	aventurar‐se	em	
incessantes	campanhas	bélicas.	Napoleão	deixou	importante	legado	constitucional:	na	Europa,	o	Conselho	de	Estado	como	
órgão	supremo	de	consulta	e	jurisdição	administrativa,	as	administrações	locais	eletivas,	controladas	pelos	prefeitos,	mas	
com	dependência	do	poder	central,	a	realização	do	Código	Civil,	a	 criação	dos	 juízes	de	carreira,	com	independência	do	
poder	executivo	e	o	princípio	da	igualdade	jurídica	de	todos	os	cidadãos.	
	
5	Constituições	 da	Restauração	 (1815	 –	 1830):	 também	deixaram	 importantes	marcas	 na	 evolução	 dos	 ordenamentos	
estatais	 europeus.	 Através	 do	 princípio	 da	 legitimidade,	 houve	 a	 restauração	 das	 monarquias	 europeias	 anteriores	 a	
Napoleão,	mas	monarquias	com	o	poder	limitado,	passando	de	monarquias	absolutistas	para	“autocracias	constitucionais”,	
que	desembocaram	em	monarquias	constitucionais	puras	e	depois	monarquias	parlamentaristas,	com	o	fortalecimento	do	
executivo	e	manutenção	dos	“direitos	da	liberdade”,	reivindicados	na	Revolução	Francesa	de	1789.	
	
6	Constituições	 Liberais	 (1830‐1848):	 revelações	 do	 desejo	 da	 burguesia	 de	 tomada	 de	 poder	 e	 da	 manutenção	 dele	
exclusivamente	burguês,	assim	surgem	as	constituições	cada	vez	mais	baseadas	nas	doutrinas	liberais,	com	a	ampliação	do	
sufrágio	em	diversos	locais	europeus	e	a	perda	de	poder	por	parte	da	nobreza.	
9	
	
Entre	1848	e	1919,	no	quinto	ciclo	(das	constituições	democráticas7),	é	atingido	o	voto	universal	(em	termos	
de	censo	econômico,	pois	o	voto	feminino	seria	um	fenômeno	do	século	XX	–	no	Brasil	foi	regulado	pelo	Código	
Eleitoral	de	1932).	Outra	característica	é	a	transição	da	soberania	do	Rei	para	o	Povo.		
No	início	do	século	XIX,	Benjamin	Constant	discorreu	sobre	a	liberdade	dos	antigos	e	a	liberdade	dos	modernos.	
Os	antigos	compreendiam	a	liberdade	como	poder	de	votar	e	de	ser	votados.	Os	modernos	(liberais	clássicos)	
entendiam	liberdade	de	forma	diversa,	associada	aos	direitos	fundamentais,	ao	poder	de	agir	perante	o	Estado	
e	a	sociedade	–	os	direitos	que	impõem	um	NÃO	ao	Estado.		
Michelangelo	Bovero,	discípulo	de	Norberto	Bobbio,	analisa	o	pensamento	de	Constant	e	conclui	que	este	teria	
cometido	 um	 pecado	 ao	 comparar	 as	 liberdades	 dos	 antigos	 e	 modernos,	 pois	 acreditava	 que	 eram	 coisas	
diversas	em	sua	natureza.	A	liberdade	dos	antigos	é	o	que	hoje	denominamos	direitos	políticos.	A	liberdade	dos	
modernos	é	algo	que	os	antigos	conheciam	na	prática,	mas	sobre	a	qual	não	haviam	teorizado.	A	verdade	é	que	
os	atenienses	estavam	em	melhor	posição	que	os	modernos,	pois,	ao	permitir	a	todos	os	seus	cidadãos	homens	
o	acesso	a	decisões	políticas	independente	de	riqueza,	isto	não	sucedia	aos	modernos.		
Tocqueville	(A	Democracia	da	América,	1830):	o	processo	de	inclusão	ocorreu	de	forma	antecipada	nos	Estados	
Unidos,	pois	depois	da	Guerra	de	Independência	e	a	consolidação	do	Estado,	as	ex‐colônias	marcham	rumo	ao	
Oeste,	o	que	gerou	um	sem	número	de	novas	propriedades,	permitindo	que	americanos	humildes	se	tornassem	
proprietários	de	grandes	terras,	superavam	o	censo,	gerando	uma	grande	inclusão.	A	democracia	na	América	se	
impôs	pela	democratização	da	propriedade.	Trata‐se	de	uma	contingência	relevante	na	história	americana.		
O	censo	começa	a	decair	a	partir	de	1848.	O	pensamento	revolucionário	de	Marx	alertou	a	burguesia	de	que	o	
processo	de	exclusão	não	se	sustentaria	por	muito	tempo.		
A	Encíclica	Rerum	Novarum	de	1891	do	Papa	Leão	XIII	trata	a	questão	operária,	cujo	tratamento	pressupunha	
mecanismos	 que	 constituíam	 uma	 inovação	 significativa	 no	 constitucionalismo,	 que	 só	 se	manifestariam	 no	
século	seguinte,	concretizando‐se	nos	direitos	sociais,	que	nascem	como	direitos	trabalhistas.		
3.5.2. Segundo	grupo	de	ciclos	
O	 segundo	 grupo	 de	 ciclos	 inicia‐se	 com	 o	 sexto	 ciclo	 (constituições	 de	 democracia	 racionalizada8).	 A	
primeira	característica	destas	constituições	é	a	sua	abertura	a	um	constitucionalismo	social.	Como	influxo	da	
Rerum	Novarum,	 surgem	 os	 chamados	 direitos	 sociais,	 basicamente	 direitos	 trabalhistas	 em	 um	 primeiro	
momento,	uma	 inovação,	 pois	o	 constitucionalismo	só	 conhecia	direitos	 individuais	 até	 ali	 (um	não	 fazer	do	
Estado).	Para	atender	à	classe	trabalhadora,	o	Estado	agora	tem	que	ter	atuação	positiva	–	condições	mínimas	
de	 trabalho,	 saúde.	 Os	 direitos	 individuais	 reclamam	 do	 Estado	 uma	 atitude	 negativa	 e	 os	 direitos	 sociais	
impõem	ao	Estado	uma	prestação	positiva.	Os	direitos	individuais	realizam	a	liberdade.	Os	direitos	sociais	
realizam	a	 igualdade.	 Para	Norberto	Bobbio,	 o	 grande	 desafio	 de	 uma	 esquerda	 democrática,	 superando	 o	
marxismo,	é	a	compreensão	de	que	a	liberdade	e	a	igualdade	devem	caminhar	juntas.	Como	exemplo,	podemos	
considerar	o	desafio	democrático	do	equilíbrio	entre	a	propriedade	(direito	individual,	de	primeira	geração)	e	
sua	 função	 social	 (direito	 social,	 de	 segunda	 geração).	 Um	 desafio	 que	 não	 pode	 ser	 evitado,	 sob	 pena	 do	
prejuízo	da	concretização	da	democracia.		
A	 primeira	 constituição	 a	 prever	 direitos	 sociais	 foi	 a	Constituição	Mexicana	de	1917	 (muito	 parecida	 com	 a	
consolidação	 das	 leis	 trabalhistas,	 concretizando	 as	 recomendações	 da	 Rerum	 Novarum).	 	 Porém,	 a	 mais	
marcante	 das	 constituições	 deste	 sexto	 ciclo	 é	 a	 Constituição	de	Weimar	de	1919,	 que	 contém	 uma	 fórmula	
																																																													
7	Constituições	 Democráticas	 (1848‐1918):	 numerosas	 constituições	 que	 ocorreram	 a	 partir	 da	 segunda	 metade	 do	
século	XIX,	com	a	característica	de	estarem	dirigidas	ao	progressivo	processo	de	admissão	de	poder	por	parte	de	todas	as	
classes	sociais,	com	a	extensão	do	sufrágio	até	o	universal	e	a	atuação	acentuada	das	regras	do	sistema	parlamentarista	de	
governo,	refletindo	fortes	aspirações	sociais	e	nacionais.	
	
8	Constituições	Democrático‐racionalizadas	(1919‐1937):	foram	numerosas,	mas	sem	êxito	prático	brilhante	por	serem	
muito	teóricas,	foram	mais	elaboradas	a	partir	de	doutrinas	feitas	em	gabinetes	políticos	do	que	a	partir	de	reivindicações	
e	 questões	 sociais	 concretas	 do	 povo,	 além	 do	 ambiente	 europeu	 não	 ser	 favorável	 e	 essas	 constituições	 terem	
corroborado	posteriormente	regimes	autoritários.	Havia	a	tentativa	de	racionalizar	ao	máximo	os	mecanismos	de	governo,	
principalmente	os	parlamentaristas.	Além	disso,	há	o	advento	dos	“direitos	sociais”,	ao	lado	dos	tradicionais	“direitos	da	
liberdade”	e	“direitos	políticos”.	
10	
	
genial	acerca	da	propriedade:	“a	propriedade	obriga”.	Afirma‐se	a	propriedade	e,	simultaneamente,	sua	função	
social.	 Por	melhor	 que	 tivesse	 sido	 sua	 elaboração,	 não	 conseguiu	 sobreviver	 ao	 contexto	 histórico	 no	 qual	
estava	 inserida:	 reparações	de	guerra	geraram	crise	econômica	sem	precedentes	na	Alemanha.	Sucumbiu	ao	
nacional‐socialismo	alemão,	que	uniu	o	povo	contra	o	 inimigo	externo.	Este	ciclo	 foi	 fortemente	 influenciado	
pelo	positivismo	jurídico.		
Após	a	Primeira	Guerra	Mundial,	ocorre	o	sétimo	ciclo,	das	constituições	de	democracia	social,	que	trazem	
uma	 novidade:	 a	 afirmação	 a	 democracia	 como	 valor	 constitucional.	 Há	 opção	 explícita	 pela	 democracia	 e	
mecanismos	para	sua	proteção,	o	que	não	ocorria	no	sexto	ciclo,	pois	o	positivismo	jurídico	admitia	qualquer
posição	política	(inclusive	o	nazismo),	era	axiologicamente	neutro.	Agora,	partidos	totalitários	são	excluídos	do	
jogo	político.	Na	Alemanha,	o	partido	nazista	é	criminalizado.		A	mesma	lógica	manifesta‐se	no	art.	17	da	CF/88	
–	há	limites	às	liberdades.	O	partido	político	que	chega	ao	poder	jamais	pode	fechar	atrás	de	si	a	porta	pela	qual	
chegou	ao	poder.		
O	oitavo	ciclo	é	o	das	constituições	socialistas,	paralelo	aos	demais,	começando	pela	Revolução	Bolchevique	
de	 1917.	 São	 constituições‐balanço:	 fazem	 um	 balanço	 do	 período	 anterior	 e	 projetam	 o	 futuro.	 Não	 têm	
separação	de	poderes,	há	apenas	o	assemblerismo.		
O	 nono	 e	 penúltimo	 ciclo	 é	 o	 das	 constituições	 autoritárias	 do	 entre‐guerras	 (período	 franquista,	
salazarista),	constituições	“bastardas”.	Apenas	referendam	o	autoritarismo,	o	totalitarismo.	
Por	 fim,	 o	 décimo	 ciclo	 é	 o	 das	 constituições	 do	 Terceiro	 Mundo9:	 países	 subdesenvolvidos	 sem	 uma	
verdadeira	 cultura	 democrática	 adotam	 constituições	 de	 países	 tradicionalmente	 democráticos,	 com	 efeitos	
diversos.		
3.6. Classificação	Ontológica	das	Constituições	(Loewenstein)	
Karl	Loewenstein	propõe	uma	análise	ontológica	das	constituições,	analisando	seu	contexto,	e	define	três	tipos	
de	constituição:		
 Constituição	normativa:	 disciplina	 do	 espírito	 do	 constitucionalismo,	 limitadora	 do	 poder,	 com	 efetiva	
disciplina	e	 limitação	do	poder,	efetivamente	 regendo	a	vida	político‐democrática	do	país.	A	constituição	
normativa	é	um	traje	bonito	que	cai	muito	bem	no	corpo	do	Estado.		
 Constituição	nominal:	 é	 constituição	 apenas	 no	nome,	 não	 consegue	 influir	 na	 vida	 do	Estado.	Há	uma	
dissociação	entre	constituição	e	realidade	política.	As	constituições	do	Terceiro	Mundo	enquadram‐se	nesta	
categoria.	É	um	traje	muito	bonito	que	fica	guardado	no	armário,	por	ora	não	serve	ao	Estado.	
 Constituição	semântica:	não	 tem	nenhum	compromisso	 com	o	 constitucionalismo.	Apenas	expressa	um	
poder	ilimitado	advindo	do	Estado.	A	constituição	é	serva	do	poder,	não	instrumento	de	sua	limitação.	Esta	
constituição	é	apenas	um	disfarce	e	não	um	traje.	Aqui	se	enquadram	as	constituições	autoritárias	do	entre‐
guerras,	assim	como	a	Constituição	brasileira	de	1967.	
4. Princípios	 do	Direito	 Constitucional	 e	 Princípios	 do	 Estado	 de	
Direito.	
Via	de	 regra,	podemos	 falar	 de	um	gênero	denominado	norma	 jurídica,	 o	qual	 tem	duas	espécies	 relevantes	
para	este	estudo:	as	regras	e	os	princípios10.	Princípios	são	mais	genéricos,	abertos,	são	normas	que	orientam	
a	compreensão	de	outras	normas,	em	geral	expressam	valores.	As	regras,	por	sua	vez,	são	mais	específicas,	no	
sentido	 em	 que	 são	 mais	 objetivamente	 determináveis.	 Os	 princípios	 são	 mandados	 de	 otimização,	 são	
realizados	na	medida	em	que	as	circunstâncias	permitem.		
																																																													
9	Constituições	Terceiro‐mundistas:	as	condições	de	subordinações	econômica	e	social	desses	países	do	chamado	Terceiro	
Mundo	fizeram	com	que	suas	constituições	seguissem	um	modelo	de	países	ocidentais	fortes	mais	próximos	e	familiares.	
Para	entender	a	fundo	essas	constituições,	deveríamos	especificamente	estudar	o	funcionamento	concreto	das	instituições	
constitucionais	nesses	países,	com	um	viés	econômico,	histórico‐cultural	e	sociológico.	
10	Para	Alexy,	regras	são	mandamentos	definitivos	e	princípios	são	mandamentos	de	otimização.		
11	
	
No	 capítulo	 sobre	 Administração	 Pública	 da	 CF/88	 encontramos	 o	 princípio	 da	 moralidade.	 No	 CC	 há	 um	
princípio	elementar	das	relações	civis:	a	boa‐fé.	Os	tipos	penais	são	exemplos	de	regras.	O	direito	fundamental	
de	não	ser	torturado	é	uma	regra	e	não	um	princípio,	pois	não	admite	flexibilização.		
Nossa	 abordagem	 representa	 um	 corte	 temático	 no	 estudo	 dos	 princípios	 do	 Direito	 Constitucional:	
explicaremos	 um	 dos	 produtos	 mais	 relevantes	 do	 constitucionalismo	 –	 a	 ideia	 de	 Estado	 de	 Direito,	
discorrendo	sobre	os	princípios	do	Estado	de	Direito.	
O	princípio	subjetivo	do	Estado	de	Direito	é	a	legalidade.	Porém,	não	é	uma	legalidade	qualquer,	possui	alguns	
adjetivos	 que	 a	 qualificam:	 igualdade,	 irretroatividade	 (legalidade	 prospectiva),	 controle	 (passível	 de	
verificação	em	face	da	Constituição)	e	razoabilidade.		
4.1. Sentidos	da	Legalidade	
Sentidos	da	Legalidade:	compatibilidade,	conformidade,	tributária	e	penal.	
Einsenmann	 identificou	 a	 existência	 de	 vários	 sentidos	 para	 a	 legalidade.	 O	 sentido	 clássico	 de	 legalidade	
encontra‐se	no	art.	5,	II	(ninguém	será	obrigado	a	fazer	ou	deixar	de	fazer	alguma	coisa	senão	em	virtude	de	lei)	
e	retrata	a	essência	mais	íntima	do	Estado	de	Direito.	Quem	nos	governa	é	a	 lei,	expressão	da	nossa	vontade,	
manifestada	diretamente	ou	indiretamente	(por	meio	de	representantes).	Em	Rousseau,	esta	lei	denomina‐se	
vontade	geral.	Essa	 lei	 implica	coincidência	entre	quem	manda	e	quem	obedece.	Podemos	 fazer	tudo	aquilo	
que	a	lei	não	nos	veda.	Este	primeiro	sentido	é	a	legalidade‐compatibilidade.		
O	segundo	sentido	encontra‐se	no	art.	37	(caput),	que	trata	dos	princípios	da	Administração	Pública,	à	qual	se	
aplica	à	projeção	mais	evidente	do	Estado	que	nos	afeta	no	dia‐a‐dia.	Diferentemente	da	pessoa	humana	(pode	
fazer	tudo	o	que	a	lei	não	nos	veda),	a	Administração	só	pode	fazer	aquilo	que	a	lei	lhe	permite.	Este	segundo	
sentido	 é	 a	 legalidade‐conformidade.	 A	 lei,	 contudo,	 pode	 ser	 elaborada	 em	 termos	 mais	 vagos,	 dando	
margem	à	manifestação	do	poder	discricionário	da	Administração	Pública,	 com	maior	 espaço	de	 escolha.	De	
forma	análoga,	os	conceitos	políticos	de	 relevância	e	urgência	necessários	para	a	elaboração	de	uma	medida	
provisória	representam	um	espaço	amplo	de	atuação.		
O	terceiro	sentido	refere‐se	à	legalidade	tributária.	O	quarto	sentido	envolve	a	legalidade	penal,	com	o	grau	
máximo	de	restrição	da	atuação	do	Estado	em	face	do	indivíduo.		
4.2. Adjetivos	da	Legalidade	
Adjetivos	da	legalidade:	igualdade,	irretroatividade,	controle	e	razoabilidade.	
A	lógica	da	legalidade	é	a	proteção	da	liberdade	e	a	contenção	do	poder	do	Estado,	para	evitar	que	seja	abusivo.	
Porém,	 a	 legalidade	 em	 si	 pode	 ser	maléfica,	 e	 não	 serve	 ao	 Estado	 de	Direito.	 A	 legalidade	 se	 qualifica	 por	
quatro	adjetivos:	igualdade,	irretroatividade,	controle	e	razoabilidade.		
Igualdade	 também	possui	 uma	 série	 de	 sentidos.	 Porém,	 a	 noção	 relevante	para	 este	 estudo	 é	 a	 igualdade	
formal:	a	lei	se	aplica	igualmente	a	todos	nós,	inclusive	ao	legislador.	O	Estado	liberal	clássico	se	satisfaz	com	a	
igualdade	formal.	Hodiernamente,	torna‐se	relevante	a	igualdade	material,	uma	igualdade	de	condições.		
A	legalidade	é	prospectiva	pois,	via	de	regra,	a	lei	não	retroage.	A	lei	não	pode	surpreender	o	seu	destinatário.	
A	 lei	 só	 pode	 retroagir	 para	 beneficiar	 o	 seu	 destinatário.	 “A	 lei	 não	 prejudicará	 o	 direito	 adquirido,	 o	 ato	
jurídico	perfeito	e	a	coisa	julgada”.			
A	essência	do	controle	da	legalidade	é	o	controle	de	constitucionalidade.	O	parâmetro	da	lei	é	a	Constituição,	
ato	normativo	que	a	submete,	que	lhe	dá	fundamento	de	validade.	Quem	faz	a	lei	não	é	o	guarda	de	si	mesmo,	e	
o	 controle	normalmente	é	 feito	por	um	órgão	distinto	do	Legislativo.	O	mecanismo	normalmente	é	 levado	a	
efeito	pelo	Judiciário.		
Por	 fim,	 chegamos	 à	 razoabilidade	 (princípio	 gestado	 pela	 suprema	 corte	 norteamericana,	 de	 maior	
amplitude).	 Trata‐se	 de	 um	 princípio	 que	 interage	 com	 o	 da	 proporcionalidade	 (tradição	 alemã).	
12	
	
Razoabilidade	significa	conformidade	entre	meios	e	fins.	Uma	lei	é	razoável	quando	guarda	coerência	entre	os	
meios	que	ela	adota	e	o	fim	a	que	se	propõe.		
A	lei	é	proporcional	quando	cumpre	três	critérios:	adequação,	necessidade	e	proporcionalidade	no	sentido	
estrito.
Dentre	 as	 alternativas	 de	 solução	 para	 um	 determinado	 problema,	 aquele	 que	 for	 escolhido	 pelo	
legislador	deve	 ser	 um	 caminho	 adequado	e	 necessário	 (não	houve	 exagero).	 	 Ainda,	 na	 forma	de	 realizar	 a	
solução,	devemos	nos	questionar	se	algum	outro	direito	está	sendo	sacrificado.	
5. Interpretação	Constitucional.	
A	interpretação	de	uma	norma	constitucional	tem	a	peculiaridade	de	que	deve	ser	 levado	em	consideração	o	
elemento	político	 que	 é	 inerente	 a	 uma	 norma	 desta	 estatura.	 Como	 a	 Constituição	 é	 a	 expressão	 da	 alta	
política	 do	 Estado,	 o	 elemento	 político	 é	 algo	muito	 presente	 em	 seu	 texto.	 A	 compreensão	 desta	 realidade	
política	é	algo	que	não	pode	ser	ignorado	quando	da	interpretação	constitucional.		
A	grande	peculiaridade	da	interpretação	constitucional	é	o	seu	elemento	político.	O	intérprete	sempre	tem	que	
levar	em	consideração	o	contexto	político	que	se	dá	à	Constituição.		
Técnicas	 de	 interpretação	 constitucional:	 gramatical,	 histórica,	 sistemática	 e	 teleológica.	 A	 complexidade	 da	
vida	 requer	 a	 conjugação	 de	 uma	 ou	 mais	 destas	 técnicas.	 Estas	 quatro	 técnicas	 são	 estudadas	 de	 forma	
separada	 como	 recurso	 didático,	 porém,	 na	 vida	 prática,	 nós	 necessariamente	 temos	 que	 fazer	 uso	
concomitante	de	todas	estas	técnicas.		
5.1. Interpretação	Gramatical	
Interpretação	 gramatical	 é	 extrair	 o	 sentido	 e	 alcance	 da	 norma	 a	 partir	 das	 palavras	 que	 a	 expressam;	 é	
pressuposto	para	os	demais	métodos	de	interpretação.	A	norma	não	se	reduz	ao	texto,	mas	este	define	o	espaço	
de	 movimento	 do	 qual	 poderá	 gozar	 o	 intérprete.	 É	 o	 ponto	 de	 partida,	 a	 forma	 de	 interpretação	 mais	
elementar,	a	partir	da	qual	conjugaremos	das	demais	formas	de	interpretação.		
5.2. Interpretação	Histórica	
A	interpretação	histórica	consiste	em	entender	a	Constituição	no	tempo.	É	preciso	entender	o	contexto	no	qual	
a	 Constituição	 foi	 elaborada	 e	 o	 contexto	no	 qual	 ocorreu	 o	 seu	 desdobramento.	 Um	exemplo	 que	podemos	
considerar	é	a	fidelidade	partidária	(ser	fiel	ao	partido	pelo	qual	se	foi	eleito,	cumprimento	do	mandato	naquele	
partido),	 que	 surgiu	 como	 um	 instrumento	 autoritário.	 Nos	 anos	 70,	 a	 Arena	 começou	 a	 perder	
parlamentaremos,	 e	 instituiu	 a	 fidelidade	partidária	 a	 fim	de	 conter	 o	 êxodo	de	 seus	membros	para	o	MDB.	
Pouco	antes	da	Assembleia	Constituinte	que	precedeu	a	CF/88,	foi	retirada	do	sistema	constitucional	brasileiro.	
Durante	 as	 discussões	 daquela	 assembleia,	 os	 constituintes	 compreenderam	 que	 se	 tratava	 de	 um	 entulho	
autoritário.	 Posteriormente,	 o	 Supremo	 Tribunal	 Federal,	 ao	 apreciar	 uma	 situação	 em	 1989	 (suplente	 que	
reclamava	o	mandato	do	deputado	que	trocara	de	partido),	por	uma	interpretação	histórica,	rejeitou	a	hipótese	
de	adotar	a	fidelidade	partidária.	Alguns	anos	depois,	o	STF	mudou	sua	posição	anterior,	e	proferiu	uma	decisão	
ativista,	 dando	 novo	 sentido	 à	 Constituição,	 aceitando	 a	 fidelidade	 partidária	 –	 um	 caso	 de	 mutação	
constitucional	por	força	de	decisão	judicial.		
5.3. Interpretação	Sistemática	
A	 interpretação	 sistemática	 consiste	 no	 exame	 do	 texto	 normativo	 em	 conjugação	 com	 outros	 textos	
normativos,	 promovendo	 uma	 articulação	 entre	 normas.	 É	 a	 compreensão	 dos	 diferentes	 dispositivos	
constitucionais	de	maneira	articulada	entre	si.	“A	Constituição	não	se	interpreta	por	tiras”,	nas	palavras	de	Eros	
Grau.	 É	 um	 todo	 orgânico	 que	 tem	 que	 ser	 entendido	 de	maneira	 articulada.	 Exemplo:	 no	 art.	 66,	 caput	 da	
CF/88	é	mencionado	o	prazo	de	sanção	ou	veto	de	projeto	de	lei	pelo	Presidente	da	República.	Em	um	dos	seus	
parágrafos,	o	prazo	novamente	é	mencionado,	mas	não	é	explicitamente	mencionado	que	tal	prazo	é	em	dias	
úteis.		
Outro	 exemplo:	 a	 Constituição	 estabelece	 as	 matérias	 que	 podem	 ser	 objeto	 de	 lei	 delegada,	 impedindo	
explicitamente	algumas	matérias.	Para	além	da	lei	delegada,	há	outra	espécie	legislativa,	a	medida	provisória,	
13	
	
que	 não	 tinha	 limites	materiais	 originariamente.	 Parte	 da	 doutrina	 entendia	 que	 os	 limites	materiais	 da	 lei	
delegada	deveriam	ser	observados	pela	medida	provisória.	Isto	não	valeu	no	Brasil,	mas,	posteriormente,	uma	
emenda	constitucional	excluiu	matérias	do	campo	da	medida	provisória	e	praticamente	todas	eram	as	mesmas	
que	também	não	poderiam	ser	tratadas	por	lei	delegada.		
Terceiro	 exemplo:	 medida	 provisória	 é	 aprovada	 por	 maioria	 simples	 dos	 congressistas.	 Outra	 espécie	
legislativa	é	a	lei	complementar,	que	deve	ser	aprovada	por	maioria	absoluta.	A	interpretação	sistemática	está	
no	entendimento	do	STF	que,	como	a	medida	provisória	é	aprovada	por	maioria	simples,	não	pode	versar	sobre	
matéria	reservada	a	lei	complementar.		
5.4. Interpretação	Teleológica	
A	interpretação	teleológica	é	finalística:	deve	ser	desvendado	o	fim	daquela	norma,	a	razão	pela	qual	foi	feita.	É	
a	 interpretação	 que	 tem	 por	 objetivo	 promover	 a	 finalidade	 da	 norma.	 Exemplo:	 a	 imunidade	 tributária	
(prevista	pela	Constituição,	enquanto	a	isenção	é	prevista	por	lei)	em	geral	possui	um	valor	constitucional	por	
trás	 delas,	 como	 sua	 razão,	 justificativa.	A	 imunidade	 em	 favor	 dos	 templos	 de	 qualquer	 culto	 é	 fundada	na	
liberdade	 religiosa.	 Se	 o	 culto	 é	 ministrado	 por	 um	 religioso	 não	 em	 um	 templo	 propriamente	 dito	 (igreja,	
sinagoga,	mesquita).	“No	poder	de	tributar,	está	o	poder	de	destruir”.	É	por	isso	que	muitos	destes	limites	estão	
vinculados	a	direitos	fundamentais.		
5.5. Mens	Legis	e	Mens	Legislatoris	
Consideremos	uma	dicotomia	muito	útil	para	destrinchar	as	técnicas	apresentadas	até	aqui:	mens	legis	x	mens	
legislatoris.	 É	 a	 ideia	 de	 vontade	 da	 lei	 versus	 vontade	 do	 legislador.	 Estas	 duas	 categorias	 são	 úteis	 para	
entender	a	interpretação	constitucional.	A	mens	legis	é	revelar	a	vontade	da	lei.	A	mens	legislatoris	é	revelar	a	
vontade	do	 legislador.	Um	exercício	 interessante	é	verificar	 se	cada	método	de	 interpretação	 realiza	uma	ou	
outra.	Se	o	legislador	de	expressou	conforme	sua	vontade,	há	identidade	entre	ambas	na	redação	da	lei.	Porém,	
se	o	legislador	não	o	fez,	se	foi	infeliz	na	forma	de	escrever,	vai	prevalecer	o	que	está	na	lei,	por	uma	questão	de	
segurança	 jurídica.	 Isto	 não	quer	 dizer	 que	 a	mens	legislatoris	 ficará	 sempre	 em	 segundo	plano.	 	Discutimos	
aqui	 situações	 extremas	 (acerto	 claro	 ou	 erro	 claro	 do	 legislador	 ao	 se	 expressar	 na	 redação	 da	 lei).	 A	
interpretação	gramatical	é	importante	como	primeiro	passo.		
Pode	ocorrer	de	o	legislador,	do	constituinte	não	ter	sido	claro,	ter	sido	ambíguo,	vago.	Em	uma	situação	assim,	
as	demais	 técnicas	 interpretativas	ganham	 importância.	Uma	 lei	 que	não	 seja	 clara	precisa	 ter	o	 seu	sentido	
descoberto.	 Há	 cláusulas	 dilatórias,	 que	 podem	 até	mesmo	 ser	 propositais	 –	 assuntos	 podem	 ser	 polêmicos	
demais	 e	 a	 saída	pode	 ser	 não	decidi‐lo	de	 forma	definitiva,	 procurando	 acomodar	diferentes	 interesses.	Na	
falta	de	uma	norma	que	esclareça	aquele	sentido	por	si	só,	é	preciso	analisar	de	forma	sistemática	o	dispositivo	
com	outras	normas	ou	investigar	a	sua	finalidade.	Neste	caso,	dispor	da	mens	legislatoris	pode	ser	a	saída	para	
resolver	a	ambiguidade	de	uma	norma	jurídica.	Isto	pode	ser	descoberto	pelo	histórico	do	processo	legislativo,	
pela	leitura	da	exposição	de	motivos	do	projeto	de	lei,	as	razões	das	emendas	parlamentares,	as	razões	de	vetos	
presidenciais.	Estas	coisas	podem	revelar	para	nós	a	mens	legislatoris.		
Aliomar	Baleeiro:	as	indicações	do	legislador	têm	sua	importância	no	sujeito	que	manifestou	a	opinião,	se	é	um	
mero	parlamentar	ou	líder	partidário.	Uma	advertência	saborosa:	não	dá	para	querer	inventar	coisas	na	cabeça	
do	legislador,	 temos	que	trabalhar	com	aquilo	que
é	claro.	Trabalhar	com	a	mens	legislatoris	é	uma	atividade	
complementar	 relevante.	 A	 interpretação	 histórica	 busca,	 principalmente,	 revelar	 a	 mens	 legislatoris.	 	 A	
interpretação	 sistemática	 procura,	 sobretudo,	 a	mens	 legis	 –	 ao	 articular	 uma	 norma	 com	 outra,	 procura‐se	
revelar	o	sentido	da	norma	em	si.	A	interpretação	teleológica	revela,	escancaradamente,	a	mens	legislatoris.		
5.6. Presunção	de	Constitucionalidade	
É	 a	 ideia	 de	 que	 toda	 norma	 legal	 presume‐se	 constitucional	 quando	 da	 sua	 elaboração.	 Até	 que	 órgão	
competente	 se	 manifeste	 de	 forma	 contrária,	 a	 lei	 é	 válida.	 É	 um	 princípio	 de	 interpretação	 constitucional	
aplicado	 às	 leis.	 As	 leis	 não	 simplesmente	 se	 presumem	 constitucionais,	 as	 leis	 são	 constitucionais	 até	 que	
órgão	competente	diga	em	contrário.	O	respeito	a	lei	é	acentuado	com	esta	colocação,	por	uma	necessidade	de	
segurança	jurídica.		
14	
	
5.7. Interpretação	Conforme	a	Constituição	
Não	é	apenas	uma	técnica	interpretativa,	é	uma	técnica	decisória	próxima	do	controle	de	constitucionalidade.	
Se	uma	lei	comporta	várias	interpretações	diversas	–	o	que	é	perfeitamente	comum	–	por	força	da	presunção	de	
constitucionalidade	das	leis,	o	intérprete	irá	optar	aquela	que	seja	conforme	a	Constituição	–	em	harmonia	com	
esta	–	e	descartar	as	demais,	que	estejam	em	conflito	com	a	Constituição.	As	leis	devem	ser	compreendidas	à	luz	
da	Constituição	–	uma	interpretação	sistemática	da	ordem	jurídica	como	um	todo.		
6. Aplicabilidade	e	Eficácia	das	Normas	Constitucionais.	
Esta	 discussão	 remonta	 à	 doutrina	 americana,	 que,	 historicamente,	 menciona	 duas	 espécies	 de	 normas	
constitucionais	conforme	a	possibilidade	de	executá‐las	ou	não	desde	 logo:	self‐executing	 (autoexecutáveis)	e	
non‐self‐executing	(não‐autoexecutáveis).	Esta	foi	a	forma	como	Rui	Barbosa	trouxe	a	doutrina	para	o	Brasil.		
Há	uma	variação	disto	na	obra	de	Pontes	de	Miranda,	com	outras	expressões,	embora	o	sentido	seja	o	mesmo,	
porém	com	força	didática	peculiar:	normas	constitucionais	bastantes	em	si	e	não	bastantes	em	si.	Ou	as	normas	
constitucionais	 são	 em	 si	 mesmas	 aplicáveis	 (não	 dependem	 de	 mais	 nada,	 sua	 execução	 se	 dá	 por	 elas	
próprias)	 ou	 dependem	 de	 algo	 para	 completá‐las	 (ou	 hipótese	 ou	 consequência),	 usualmente	 uma	 lei	
regulamentadora	–	para	que	logrem	aplicação	carecem	de	complementação.	
Uma	 norma	 programática,	 em	 geral,	 é	 uma	 norma	 constitucional	 não	 autoexecutável	 –	 estabelece	 um	
programa	 que	 carece	 de	 exequibilidade.	 Liberdades,	 pela	 sua	 própria	 natureza,	 via	 de	 regra,	 são	
autoexecutáveis	–	liberdade	de	pensamento,	liberdade	de	profissão.	Por	outro	lado	quando	a	Constituição	diz:	
“o	Estado	promoverá,	na	forma	da	lei,	a	proteção	dos	direitos	do	consumidor”,	não	há	conteúdo	suficiente	para	
a	aplicabilidade	da	norma,	a	norma	carece	de	um	desdobramento	 jurídico	adicional,	de	uma	regulamentação	
para	que	 adquira	 exequibilidade.	 “A	 saúde	 é	direito	de	 todos	e	dever	do	Estado”	é	outro	 exemplo	de	norma	
constitucional	não	autoexecutável.		
Para	além	de	uma	lei	regulamentadora,	é	necessária	toda	uma	estrutura	orçamentária	e	material	que	sustente	a	
viabilização	deste	direito.	Não	é	apenas	uma	complementação	de	natureza	jurídica,	mas	também	de	natureza	
material.	Um	exemplo	de	uma	norma	que	não	tem	hipótese	é	uma	norma	penal	em	branco	–	uma	portaria	do	
Ministério	da	Saúde	esclarece	o	que	é	droga	no	caso	da	tipificação	de	tráfico	de	drogas.		
Esta	 classificação	 clássica	 é	 insuficiente	 para	 abordar	 a	 complexidade	 das	 normas	 constitucionais	 atuais.	 A	
doutrina	 italiana	 desenvolveu	 o	 tema	 e	 foi	 trazida	 para	 o	 Brasil	 na	 obra	 “Aplicabilidade	 das	 Normas	
Constitucionais”	de	José	Afonso	da	Silva.		
A	primeira	diferença	da	classificação	proposta	da	clássica	é	a	conjugação	de	duas	coisas:	a	aplicação	(a	norma	
aplica‐se	 desde	 logo	 ou	 não)	 e	 a	eficácia	 (nesse	 ser	 aplicável,	 qual	 o	 nível	 de	 eficácia	 atingido,	 até	 onde	 se	
aplica)11.		
Norma	 constitucional	 de	 aplicabilidade	 imediata	 e	 eficácia	 plena.	 Corresponde	 à	 norma	 constitucional	
autoexecutável,	é	desde	logo	aplicável	e	nessa	aplicação	imediata	é	alcançada	uma	plenitude	de	eficácia.		
Norma	constitucional	de	aplicabilidade	 imediata	e	eficácia	contida.	O	 exemplo	dado	pelo	professor	 José	
Afonso	da	Silva	é	o	art.	5º,	XIII	–	é	livre	o	exercício	de	qualquer	emprego	ou	profissão,	atendidos	os	requisitos	
																																																													
11	Complementando	as	informações	fornecidas	pelo	Prof.	Levi	em	aula,	sistematizamos	os	conceitos	a	seguir:		
 Eficácia	 plena:	 produzem	 todos	 os	 seus	 efeitos	 essenciais,	 normatividade	 suficiente	 para	 incidência	 direta	 e	
imediata	sobre	a	matéria	que	constitui	seu	objeto.	Aplicabilidade	direta,	imediata	e	integral.		
 Eficácia	contida:	produzem	(ou	podem	produzir	todos	os	seus	efeitos),	mas	com	meios	de	ter	sua	eficácia	contida	
em	certos	limites,	em	dadas	circunstâncias.		Aplicabilidade	direta,	imediata,	mas	não	integral.	Se	a	contenção	por	
lei	restritiva	não	ocorrer,	a	norma	será	de	aplicabilidade	imediata	e	expansiva.		
 Eficácia	 limitada	 ou	 reduzida:	 não	 produzem	 todos	 os	 seus	 efeitos	 essenciais,	 normatividade	 insuficiente.	
Aplicabilidade	indireta,	mediata	e	reduzida.	“A	lei	disporá...”,	“A	lei	regulará...”,	“A	lei	indicará...”.		
 Normas	de	legislação:	não	tem	conteúdo	ético‐social,	parte	organizativa	da	Constituição.	Princípios	regulativos	
ou	institutivos.	
 Normas	programáticas:	programas	de	ação	social.	Há	normas	programáticas	que	também	são	de	legislação.		
15	
	
da	 lei.	 A	 falta	 de	 lei	 com	 requisitos	 não	 impede	 o	 exercício	 da	 profissão.	 A	 norma	 impede	 que	 a	 lei	
superveniente	restrinja	seus	efeitos.	A	maior	crítica	a	esta	classificação	refere‐se	a	esta	espécie,	pois	a	palavra	
“contida”	gera	certa	controvérsia,	pois	a	norma	nasce	com	eficácia	plena,	que	pode	ser	contida	posteriormente.	
Outra	classificação	indica	que	a	norma	é	de	eficácia	restringível	–	enquanto	não	vier	a	lei,	o	gozo	daquela	norma	
é	imediato	e	nesta	aplicação	alcança	eficácia	plena.		
Norma	constitucional	de	eficácia	limitada.	Corresponde	à	norma	constitucional	não	autoexecutável.	Porém,	
há	 incidência	de	uma	nova	doutrina	(talvez	aqui	esteja	a	maior	contribuição	desta	classificação)	na	 forma	de	
explicar	este	tipo.	Adota‐se	a	compreensão	de	que	uma	norma	constitucional,	mesmo	incompleta	e	carente	de	
regulamentação,	surge	desde	logo	com	o	mínimo	de	efeitos:		
 O	Estado	é	orientado	para	que	efetue	a	regulamentação.	
 Impede	a	legislação	contrária	a	ela.	
 Em	se	tratando	de	norma	constitucional	invalida	a	legislação	anterior	com	ela	incompatível	(efeito	de	
não	recepção).	
 A	demora	em	sua	regulamentação	configura	uma	omissão	do	 legislador	–	em	determinadas	situações	
configura	 uma	 inconstitucionalidade	 por	 omissão	 (a	 falta	 da	 lei	 gera	 a	 inconstitucionalidade).	 A	
consequência	é	mais	política	do	que	jurídica.	
Classificações	não	são	certas	ou	erradas,	são	mais	úteis	ou	menos	úteis.	Dependendo	das	situações,	a	resolução	
de	problemas	será	facilitada	pelo	uso	de	um	determinado	tipo	de	classificação.		
QUADRO COMPLEMENTAR 
Eficácia e aplicabilidade na jurisprudência do STF 
CF/88, art. 37, VII: o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica. 
MI 708, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 25‐10‐2007, Plenário, DJE de 31‐10‐2008: Mandado de injunção. Garantia fundamental (CF, 
art. 5º,  LXXI). Direito de greve  dos  servidores  públicos  civis  (CF,  art.  37, VII).  Evolução do  tema  na  jurisprudência do  STF.  (...) Hipótese de 
omissão legislativa inconstitucional. Mora judicial, por diversas vezes, declarada pelo Plenário do STF. Riscos de consolidação
de típica omissão 
judicial quanto à matéria.  (...)   Tendo em vista as  imperiosas balizas  jurídico‐políticas que demandam a concretização do direito de greve a 
todos os trabalhadores, o STF não pode se abster de reconhecer que, assim como o controle judicial deve incidir sobre a atividade do legislador, 
é possível que a Corte Constitucional atue também nos casos de inatividade ou omissão do Legislativo. (...) Considerada a omissão legislativa 
alegada na espécie, seria o caso de se acolher a pretensão, tão somente no sentido de que se aplique a Lei 7.783/1989 enquanto a omissão não 
for devidamente regulamentada por lei específica para os servidores públicos civis. 
Todas as normas constitucionais sobre direitos fundamentais cumprem o § 1o do art. 5o da Constituição (as normas definidoras dos direitos 
e garantias fundamentais têm aplicação imediata)? 
A eficácia e aplicabilidade das normas que contêm os direitos fundamentais dependem muito de seu enunciado, pois se trata de assunto que 
está  em  função  do  Direito  positivo.  A  Constituição  é  expressa  sobre  o  assunto,  quando  estatui  que  as  normas  definidoras  dos  direitos  e 
garantias  fundamentais  têm  aplicação  imediata.  Mas  certo  é  que  isto  não  resolve  todas  as  questões,  porque  a  Constituição  mesma  faz 
depender de legislação ulterior a aplicabilidade de algumas normas definidoras de direitos sociais, enquadrados dentre os fundamentais. Por 
regra, as normas que consubstanciam os direitos  fundamentais democráticos e  individuais são de eficácia contida e aplicabilidade  imediata, 
enquanto as que definem os direitos econômicos e sociais tendem a sê‐lo também na Constituição vigente, mas algumas, especialmente as 
que mencionam uma lei integradora, são de eficácia limitada, de princípios programáticos e de aplicabilidade indireta, mas são tão jurídicas 
como as outras e exercem relevante função, porque, quanto mais se aperfeiçoam e adquirem eficácia mais ampla, mais se tornam garantias da 
democracia e do efetivo exercício dos demais direitos  fundamentais.  (...) Esta declaração  [§1º do art. 5º] pura e  simplesmente por  si não 
bastaria se outros mecanismos não fossem previstos para torná‐la eficiente. Vimos a propósito o mandado de injunção. Acrescentemos que a 
ação de inconstitucionalidade por omissão é da mesma natureza. Sua existência só por si, contudo, estabelece uma ordem aos aplicadores da 
Constituição no sentido de que o princípio e o da eficácia plena e a aplicabilidade imediata das normas definidoras dos direitos fundamentais 
(...) de tal sorte que só em situação de absoluta impossibilidade se há de decidir pela necessidade de normatividade ulterior de aplicação. Por 
isso,  revela‐se, por  seu alto  sentido político, como eminente garantia de defesa da eficácia  jurídica e  social da Constituição. SILVA,  José 
Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. São Paulo: Malheiros, 2013. 36. ed., p. 182, 470.  
O  significado  do  §1º  do  art.  5º:  em  primeiro  lugar,  significa  que  elas  são  aplicáveis  até  onde  possam,  até  onde  as  instituições  ofereçam 
condições para seu atendimento. Em segundo  lugar, significa que o Poder  Judiciário, sendo  invocado a propósito de uma situação concreta 
nelas garantida, não pode deixar de aplicá‐las conferindo ao  interessado o direito reclamado, segundo as  instituições existentes. SILVA, José 
Afonso da. Comentário Contextual à Constituição. São Paulo Malheiros, 2007. 4. ed., p. 409.  
 
16	
	
7. Poder	Constituinte	
7.1. Origem	da	doutrina	do	Poder	Constituinte	
Na	lógica	do	fenômeno	“Estado”,	o	poder	mais	vigoroso	que	existe	é	o	poder	constituinte,	porque	este	descreve,	
explica	 a	 fundação	 do	 próprio	 Estado.	 A	 ideia	 de	 poder	 constituinte	 decorre	 das	 antigas	 doutrinas	 pactistas	
(Hobbes,	Locke,	Bodin,	Montesquieu,	Rousseau),	que	explicam	o	surgimento	das	sociedades	políticas	por	força	
de	pactos	realizados	entre	seus	membros.	Um	dos	pontos	de	melhor	desenvolvimento	da	ideia	relativa	a	estes	
pactos	é	a	doutrina	do	poder	constituinte,	perfeitamente	possível	de	ser	delimitada	no	tempo	e	em	sua	autoria.	
Esta	 doutrina	 tem	 um	 pai:	 o	 abade	 Emanuel	 Sieyès,	 em	 seu	 panfleto	 “O	 que	 é	 o	 terceiro	 estado?”,	 um	
instrumento	de	luta	política	no	contexto	da	revolução	francesa.	Este	panfleto	parte	de	três	perguntas:	(a)	o	que	
é	o	terceiro	estado?	(b)	O	que	ele	tem	sido?	(c)	E	o	que	ele	pode/deve	ser?	
Para	Sieyès,	o	terceiro	estado	é	TUDO,	é	indispensável,	porque	é	responsável	pela	geração	das	coisas	que	todos	
utilizam.	 Não	 vinha	 representando	 NADA,	 pois	 era	 submetido,	 ignorado,	 menosprezado.	 O	 terceiro	 estado	
deveria	ser	 tornar	ALGUMA	COISA	através	de	uma	revolução,	uma	alteração	da	ordem	das	coisas,	uma	nova	
fundação	do	Estado,	um	novo	pacto,	uma	nova	constituição.	Assim,	o	terceiro	estado	se	liberta	e	surge	um	novo	
poder	que	irá	elaborar	o	texto	constitucional.	A	resposta	a	esta	pergunta	tem	relevância	tanto	prática	quanto	
teórica.	 Significa	 apontar	o	 titular	da	 soberania	do	Estado.	 Em	 Sieyès,	 o	 titular	 do	 poder	 constituinte	 é	 a	
NAÇÃO.	Esta	se	distingue	de	POVO,	o	qual	é	uma	realidade	concreta.	NAÇÃO,	por	sua	vez,	é	uma	abstração.	É	o	
povo	 de	 ontem,	 hoje	 e	 amanhã,	 é	 a	 cultura,	 a	 história,	 a	 tradição,	 os	 costumes.	Há	 aqui	 um	debate	 entre	 os	
pensamentos	de	 Sieyès	 e	Rousseau.	 Para	 este,	 o	 soberano	é	o	POVO,	 a	 soberania	é	popular12.	Para	aquele,	 o	
soberano	é	a	NAÇÃO,	é	a	soberania	nacional13.	
A	ideia	de	nação	tem	uma	característica	de	permanência	em	relação	às	coisas	do	Estado.	A	distinção	prática	
entre	 a	 soberania	nacional	 e	 a	 soberania	popular	 é	 a	quem	 se	deve	prestar	 contas.	 Se	 a	 soberania	 é	
popular,	presta‐se	contas	a	uma	realidade	concreta	ao	povo	de	hoje.	Se	a	soberania	é	nacional,	presta‐se	contas	
a	nação,	o	que	implica	em	prestar	contas	a	“ninguém”,	a	uma	abstração,	à	própria	consciência.	Há	repercussão	
desta	 dicotomia	 no	 sistema	 eleitoral:	 quando	 o	 eleitor	 conhece	 em	 quem	 vota,	 o	 vínculo	 é	 estreito,	
aproximando‐se	da	 realidade	 de	uma	 soberania	 popular;	 caso	 contrário,	 o	 “soberano”	 está	mais	 próximo	da	
ideia	de	nação,	havendo	um	distanciamento	entre	eleitor	e	eleito.		
Se	 a	 nação	 é	 uma	 abstração,	 ela	 precisa	 se	 pronunciar	 por	 intermédio	 de	 alguém:	 seus	 representantes,	 um	
corpo	 deliberante	 que	 irá	 exercer	 o	 poder	 constituinte	 pela	 nação	 e	 irá	 dotar	 o	 Estado	 de	 um	 texto	
constitucional.		
7.2. Dogmática	do	Poder	Constituinte	
A	tipologia	do	poder	constituinte	é	tanto	útil	quanto	didática.	Há	um	poder	constituinte	em	si,	o	que	realmente	
faz	a	constituição,	 funda	o	Estado:	o	poder	constituinte	originário.	Ele	não	se	exaure	após	a	elaboração	da	
constituição.	Uma	vez	manifestado,	continua	latente	à	existência	da	constituição.	Ocasionalmente,	pode	vir	a	se	
manifestar	de	alguma	maneira.	Pode	ocorrer	que,	ao	fazer	a	constituição,	o	poder	constituinte	originário	eleja	
um	 delegado	 seu	 para	 realizar	 ajustes	 no	 texto	 constitucional,	 alguém	 que	 exerça	 o	 poder	 constituinte	
instituído	ou	derivado.		
7.2.1. Poder	Constituinte	Originário	
O	poder	constituinte	originário	tem	três	características:	é	inicial,	ilimitado	e	incondicionado.	
																																																													
12	A	rigor,	o	soberano	em	Rousseau	é	a	vontade	geral,	e	não	exatamente	o	povo.	A	lei	é	fruto	da	vontade	geral.	A	soberania	
recai,	 assim,	 sobre	 a	 vontade	 geral,	 os	 cidadãos	 se	 exprimindo	 de	 maneira	 direta	 (aclamação,	 não	 contempla	 a	
representação),	sem	intermediários	e	sem	a	interferência	de	terceiros,	em	uma	deliberação	racional	conjunta.	Será	sempre	
boa,	 aqueles	 que	 deliberam	 colocam	 de	 lado	 as	 coisas	 sectárias,	 concentram	 naquilo	 que	 é	 comum,	 e	 deliberam	 sem	
interferências	(sem	lobbies)	e	racionalmente.	
13	Cf.	 Arts.
3º	 e	 6º	 da	 Declaração	 dos	 Direitos	 do	 Homem	 e	 do	 Cidadão,	 relacionados,	 respectivamente,	 a	 Sieyès	 e	 a	
Rousseau.	
17	
	
Inicial.	É	dito	 inicial	porque	(re)funda	o	Estado,	dá	 inicio	a	ele.	Como	fica	a	situação	de	Estados	que	tiveram	
mais	de	uma	constituição	em	sua	história?	Cada	nova	constituição	é	um	novo	poder	constituinte	originário.	O	
primeiro,	do	ponto	de	vista	histórico,	tem	a	potencialidade	(teórica)	de	ser	mais	vigoroso.	Os	demais	refundam	
o	Estado,	dão	novas	bases	a	ele.		
Ilimitado.	É	uma	característica	de	natureza	material,	substancial.	O	poder	constituinte	originário	decide	o	que	
quiser	da	 forma	como	quiser,	sem	amarras,	sem	limites	materiais.	As	grandes	decisões	políticas,	as	decisões	
políticas	 fundamentais	 estão	 em	 aberto,	 estão	 ao	 alcance	 do	 poder	 constituinte	 originário.	 Exemplos	 de	
decisões	políticas	fundamentais:	forma	de	Estado,	forma	de	governo,	sistema	de	governo,	regime	de	governo.		
Incondicionado.	 É	 uma	 característica	 de	 natureza	 formal.	 O	 poder	 constituinte	 originário	 manifesta‐se	 da	
forma	 que	 bem	 entender.	 É	 capaz	 de	 escolher	 a	 forma	 pela	 qual	 se	 manifesta.	 A	 forma	 mais	 legítima	 de	
manifestação	 é	 uma	 Assembleia	 Nacional	 Constituinte.	 Seu	 primeiro	 passo	 é	 dotar‐se	 de	 um	 regimento,	
autolimitando	sua	atuação.	Pode	haver	também	uma	limitação	prévia	no	seu	ato	de	convocação.	Exemplo:	uma	
emenda	constitucional	a	uma	constituição	autoritária	convocou	a	Assembleia	que	deu	origem	à	CF/88	–	esta	
emenda	previa	a	anistia	(limite	material)	e	que	a	sua	primeira	reunião	seria	presidida	pelo	presidente	do	STF	
para	que	se	iniciassem	os	trabalhos	(condicionante).		
O	poder	constituinte	originário	é	um	poder	de	direito	ou	de	fato?	A	resposta	a	essa	pergunta	depende	de	uma	
concepção	 do	 que	 é	 o	 direito.	 Do	 ponto	 de	 vista	 do	 positivismo	 jurídico,	 é	 um	 poder	 de	 fato,	 pois	 cria	 o	
ordenamento	 jurídico.	 Do	 ponto	 de	 vista	 jusnaturalista,	 é	 um	 poder	 de	 direito,	 pois	 há	 todo	 um	
condicionamento	que	provém	da	moral	e	da	religião	que	gera	o	direito	subsequente.	Aqui	vemos	a	grande	falha	
da	teoria	pura	do	direito,	pois,	no	ápice	do	ordenamento	jurídico,	dá	espaço	a	fatos	e	não	a	normas.		
A	metáfora	da	sociedade	dos	ladrões:	suponhamos	uma	sociedade	em	que	há	uma	constituição,	a	qual	serve	de	
base	 para	 um	 código	 penal	 que	 pune	 furtos.	 A	 norma	 fundamental	 para	 Kelsen	 determina	 a	 obediência	 à	
constituição	e	ao	ordenamento	jurídico	decorrente.	Para	além	da	constituição,	não	há	uma	norma	posta,	há	uma	
norma	pressuposta	 (devemos	obedecer	à	 constituição,	mandamento	hipotético)14.	 Se	 alguém	se	aproxima	de	
outro	 e	 subtrai‐lhe	 a	 algo	 e	 for	 pego,	 julgado	 e	 condenado,	 a	 ordem	 jurídica	 terá	 funcionado	 por	 inteiro.	 Se	
descobrirmos	que	roubou	e	este	não	é	punido,	houve	uma	revolução	no	ordenamento	jurídico,	nenhuma	norma	
foi	 aplicada,	 nem	mesmo	o	mandamento	hipotético	 fundamental,	 surgindo	assim	uma	nova	 ordem:	 a	 ordem	
jurídica	dos	ladrões15.		
Vamos	analisar	como	se	responde	em	Kelsen	a	seguinte	situação:	se	um	sujeito	cometeu	homicídio	e	há	dois	
tribunais	 do	 júri	 na	 comarca	 em	 que	 reside,	 competentes	 para	 julgá‐lo,	 definidos	 conforme	 distribuição	
(sorteio)	e,	por	erro,	este	processo	criminal	é	distribuído	a	ambos	os	tribunais,	sendo	que	um	deles	absolve	o	
réu	 e	 outro	 o	 condena.	 Qual	 é	 em	Kelsen,	 o	 válido?	 Para	Kelsen	 a	 norma	 válida	 é	 a	 que	 ingressa	 na	 ordem	
jurídica:	é	aquela	que	for	aplicada.		
Vemos	 que	 a	 falha	 de	 Kelsen	 é	 relegar	 a	 resposta	 final	 a	 um	 dado	 que	 não	 é	 norma,	 mas	 é	 fato.	 A	 norma	
fundamental	(devemos	obedecer	à	constituição	que	se	aplica)	se	deixa	contaminar	por	fatos.	A	teoria	pura	do	
direito	é,	assim,	uma	tautologia	de	simples	fatos.		
Há	revoluções	de	ruptura	e	de	transição.	Em	ambos	os	casos,	o	poder	constituinte	é	invocado,	seja	ele	bom	ou	
mau.	Quem	elaborou	as	 considerações	dos	atos	 institucionais	 do	golpe	de	1964	 foi	quem	estava	por	 trás	da	
constituição	de	1937:	Chico	Campos.		
	
																																																													
14	Silogismo	da	norma	fundamental	(cf.	Alexy,	Robert.	Conceito	e	Validade	do	Direito).	Premissa	maior:	se	uma	constituição	
é	estabelecida	efetivamente	e	socialmente	eficaz,	então	se	ordena	que	o	comportamento	seja	conforme	esta	constituição.	
Premissa	 menor:	 a	 Constituição	 Federal	 de	 1988	 da	 República	 Federativa	 do	 Brasil	 é	 estabelecida	 efetivamente	 e	
socialmente	 eficaz.	 Conclusão:	 ordena‐se	 que	 o	 comportamento	 seja	 conforme	 a	 Constituição	 Federal	 de	 1988	 da	
República	 Federativa	 do	 Brasil.	 A	 constituição	 na	 premissa	 maior	 é	 aquela	 no	 sentido	 lógico‐jurídico.	 A	 ordem	 de	
comportamento	conforme	é	a	norma	fundamental	analítica	de	Kelsen,	que	é	um	pressuposto	necessário	e	possível,	uma	
norma	pensada.	A	constituição	da	premissa	menor	é	aquela	no	sentido	jurídico‐positivo.	
15	Vemos	aqui	a	inclusão	da	validade	no	conceito	de	direito	de	Kelsen,	acrescendo	à	validade	jurídica	no	sentido	estrito,	
uma	validade	social,	correspondente	a	um	mínimo	de	eficácia	social	ou	mera	possibilidade	de	tal	eficácia,	pela	observância	
da	norma	e	pela	sanção	no	caso	de	não	observância.	
18	
	
7.2.2. Poder	Constituinte	Instituído	(ou	Derivado)	
A	inexistência	de	sucessão	de	constituições	nos	EUA	faz	com	que	com	a	doutrina	americana	não	faça	distinção	
entre	 poder	 constituinte	 originário	 e	 instituído.	 Bruce	 Ackerman	 indica	 que	 houve	 momentos	 na	 história	
americana	 em	 que	 ocorrem	 refundações,	 repactuações	 do	 Estado,	 como	 na	 Restauração,	 com	 o	 fim	 da	
escravidão	e	 também	com	a	nova	 legislação	sobre	direitos	civis	nos	anos	1960,	quando	ocorre	a	abolição	da	
segregação	racional.	São	momentos	em	que	o	povo	exibe	o	seu	vigor.		
O	poder	constituinte	instituído	tem	três	características	que	guardam	uma	espécie	de	paralelo	com	as	do	poder	
constituinte	originário:	derivado,	limitado	e	condicionado.		
Derivado.	 Deriva,	 é	 posto,	 instituído	 pelo	 texto	 constitucional	 originário.	 Encontra	 o	 seu	 fundamento	 de	
validade	na	constituição.		
Limitado.	Natureza	material.	Pode	alterar	a	constituição,	mas	não	as	decisões	políticas	fundamentais	(cláusulas	
pétreas	 CF/88:	 não	 será	 objeto	 de	 deliberação	 proposta	 de	 emenda	 constitucional	 tendente	 a	 abolir:	
federação,	 voto	 secreto/periódico/universal,	 separação	 dos	 poderes	 e	 direitos	 e	 garantias	 individuais)16.	 Cf.	
ADI	2.024	(Sepúlveda	Pertence).	Numa	interpretação	contrario	sensu,	as	cláusulas	pétreas	podem	ser	alteradas,	
mas	não	a	ponto	de	sofrerem	restrição	ou	abolição.		
Condicionado.	 Natureza	 formal.	 Tem	 uma	 forma	 específica	 de	 manifestação.	 A	 emenda	 constitucional	 é	
condicionada	em	sua	tramitação.		
Há	algumas	espécies	de	poder	constituinte	instituído:	de	emenda,	de	revisão	e	decorrente.		
De	emenda	(reformador).	É	capaz	de	alterar	o	texto	constitucional.		
De	revisão	(revisor).	É	semelhante	ao	anterior,	atua	sobre	o	texto	constitucional,	porém	em	um	processo	mais	
simplificado	 que	 o	 de	 emenda.	 Ele	 pode	 surgir	 uma	única	 vez	 e	 se	 esgotar	 ou	 poder	 surgir	 periodicamente,	
conforme	estabelecido	pelo	texto	originário.		
Decorrente.	Surge	nas	federações,	é	o	poder	que	permite	aos	entes	federados	a	elaboração	de	constituições	para	
si.	É	através	dele	que	são	elaboradas,	por	exemplo,	 as	 constituições	de	São	Paulo,	Rio	Grande	do	Sul,	 etc.	As	
constituições	estaduais	encontram	fundamento	de	validade	na	Constituição	da	República.		
	
	
																																																													
16	ADI	2024/DF,	rel.	Min.	Sepúlveda	Pertence,	3.5.2007.	(ADI‐2024):	Ocupantes	de	Cargo	em	Comissão	e	Regime	Geral	de	
Previdência	
	
O	Tribunal	julgou	improcedente	pedido	formulado	em	ação	direta	de	inconstitucionalidade	ajuizada	pelo	Governador	do	
Estado	de
Mato	Grosso	do	Sul	contra	o	§	13	do	art.	40	da	Constituição	Federal,	introduzido	pela	EC	20/98,	que	estabelece	
que,	ao	servidor	ocupante,	exclusivamente,	de	cargo	em	comissão,	bem	como	de	outro	cargo	temporário	ou	de	emprego	
público,	aplica‐se	o	regime	geral	de	previdência	social.	Afastou‐se,	inicialmente,	a	alegação	de	que	o	dispositivo	impugnado	
ofenderia	o	art.	60,	§	4º,	I	da	CF	por	tendente	a	abolir	a	forma	federativa	do	Estado,	asseverando‐se	que	esta	não	pode	ser	
conceituada	 a	 partir	 de	 um	modelo	 ideal	 e	 apriorístico	 de	 Federação,	 mas,	 sim,	 daquele	 que	 o	 constituinte	 originário	
concretamente	 adotou	 e	 erigiu	 em	 limite	 material	 imposto	 às	 futuras	 emendas	 à	 Constituição.	 Esclareceu‐se	 que	 as	
limitações	 materiais	 ao	 poder	 constituinte	 de	 reforma	 que	 o	 art.	 60,	 §	 4º,	 da	 CF	 enumera	 não	 significam	 a	
intangibilidade	 literal	 da	 respectiva	 disciplina	 na	 Constituição	 originária,	 mas	 apenas	 a	 proteção	 do	 núcleo	
essencial	dos	princípios	e	institutos	cuja	preservação	nelas	se	protege.	 Salientou‐se,	 também,	a	orientação	 firmada	
pela	Corte	no	sentido	da	constitucionalidade	do	preceito	questionado	quando	do	julgamento	do	MS	23047	MC/DF	(DJU	de	
14.11.2003).	 (...).	 Assim,	 se	 a	matéria	 podia	 ser	 tratada	 por	 lei	 federal,	 com	 base	 nos	 preceitos	 do	 texto	 constitucional	
originário,	 com	 maior	 razão	 não	 tenderia	 a	 abolir	 a	 autonomia	 dos	 Estados‐membros	 seu	 tratamento	 por	 emenda	
constitucional.	 Por	 fim,	 rejeitou‐se	 o	 argumento	 de	 ofensa	 ao	 princípio	 da	 imunidade	 tributária	 recíproca,	 haja	 vista	 o	
entendimento	do	Supremo	de	que	a	imunidade	tributária	prevista	no	art.	150,	VI,	da	CF	refere‐se	apenas	aos	impostos,	não	
podendo	ser	invocada	na	hipótese	de	contribuições	previdenciárias.	
	
19	
	
7.3.	O	Processo	de	Emenda	Constitucional	
Quando	 dizemos	 que	 o	 poder	 constituinte	 instituído	 é	 derivado,	 pode	 acontecer	 a	 possibilidade	 de	 ele	 ser	
modificado	por	um	processo	por	ele	previsto.	Pode	ocorrer	de	a	Constituição	prever	processos	tão	rígidos	que	
seja	muito	difícil	modificá‐la.		
Hodiernamente,	 as	 constituições	 costumam	 ser	 mais	 tolerantes	 no	 sentido	 de	 permitirem	 sua	 própria	
modificação.	Há	um	processo	diverso	do	processo	 legislativo	comum,	mais	 complicado	 (processo	de	emenda	
constitucional),	que	determina	a	rigidez	da	constituição.	Se	há	este	mecanismo,	a	constituição	é	dita	rígida.	Se	
não	há	tal	processo,	a	constituição	é	dita	flexível.	Este	poder	usualmente	é	confiado	ao	parlamento	do	país.		
A	modificação	da	constituição	assume	a	forma	de	emenda	constitucional.	Descrever	este	processo	é	descrever	a	
limitação	e	o	condicionamento	do	poder	constituinte	instituído.	As	limitações	materiais	são	encontradas	no	CF,	
art.	 60,	 §	 4º.	 Estas	 decisões	 políticas	 fundamentais	 são	 as	 cláusulas	 pétreas.	 Inadmissibilidade	 da	 dupla	
revisão	(alteração	das	cláusulas	pétreas):	a	emenda	que	tem	por	objetivo	eliminar	o	limite	material	é	tendente	
a	abolir	as	matérias	protegidas17.		
O	art.	60	 indica	os	 legitimados	a	 iniciar	o	processo	de	emenda	constitucional	 (1/3	do	Senado	ou	da	Câmara,	
Presidente	da	República	e	Assembleias	Legislativas	Estaduais	–	mais	da	metade	delas,	cada	uma	representada	
pela	 maioria	 relativa	 de	 seus	 membros.	 Há	 situações	 excepcionais	 nas	 quais	 a	 Constituição	 não	 pode	 ser	
emendada	(§	1º).	O	processo	de	discussão	e	aprovação,	incluindo	o	quorum	qualificado	é	apresentado	no	§	2º.	
A	Constituição	Brasileira	sofre	inúmeras	emendas	porque	contém	muitos	assuntos	que	não	são	materialmente	
constitucionais.	A	promulgação	da	emenda	(§	3º)	é	um	ato	solene	por	meio	do	qual	a	Mesa	declara	que	a	PEC	
cumpriu	todos	os	requisitos	formais	necessários	para	que	seja	aprovada.		
O	direito	 anterior	 à	 vigência	de	uma	nova	 constituição	é	 tratado	pela	 teoria	da	recepção.	A	 ordem	 jurídica	
anterior	perde	 seu	 fundamento	de	validade	anterior.	A	nova	 constituição	passa	a	 ser	 o	novo	 fundamento	de	
validade	 naquilo	 em	 que	 não	 houver	 conflito	 material.	 Aspectos	 formais	 sobre	 a	 elaboração	 da	 lei	 não	
importam	 (por	 exemplo,	 uma	 lei	 ordinária	 –	 aprovada	 pelo	 processo	 legislativo	 ordinário	 –	 pode	 ser	
recepcionada	como	lei	complementar,	a	despeito	de	não	ter	sido	aprovada	por	maioria	absoluta).		
Maioria	 absoluta:	 maioria	 tomada	 com	 base	 no	 total	 da	 assembleia	 (o	 primeiro	 número	 inteiro	 acima	 da	
metade).	Exemplo:	257	deputados	(total	da	Câmara	=	513).	
Maioria	simples:	é	a	maioria	dos	presentes.		
As	 abstenções	 são	 tratadas	 nos	 regimentos	 internos	 das	 casas.	 Na	 maioria	 absoluta	 ou	 na	 emenda	
constitucional,	a	abstenção	acaba	por	ter	significado	de	“não”.		
8. Separação	dos	Poderes	
Montesquieu	discorreu	sobre	a	tripartição	funcional	do	poder,	que	é	apenas	um	momento	na	marcha	evolutiva	
da	separação	dos	poderes	ao	longo	do	tempo.	Esta	evolução	pode	ser	concebida	de	uma	concentração	inicial	até	
chegarmos	a	uma	penta	ou	hexapartição	dos	poderes.	Estamos	nos	 referindo	a	esferas	de	poder	de	natureza	
institucional,	que	partilham,	comungam	a	soberania	do	Estado.	Montesquieu	retrata	apenas	uma	etapa	desta	
evolução.	É	próprio	desta	disciplina	introdutória	a	análise	histórica	e	teórica	deste	momento,	embora	seja	uma	
doutrina	parcialmente	superada.		O	capítulo	VI	do	Livro	XI	do	“Espírito	das	Leis”	contém	inúmeras	entrelinhas.		
																																																													
17	Cf.	SILVA,	Virgílio	Afonso	da.	Ulisses,	as	sereias	e	o	poder	constituinte	derivado:	sobre	a	inconstitucionalidade	da	dupla	
revisão	e	da	alteração	no	quorum	de	3/5	para	aprovação	de	emendas	constitucionais	in	RDA,	no	226,	p.	11	a	32:	“A	tese	
sustentada	por	Manoel	Gonçalves	Ferreira	Filho	é	a	de	que	as	 limitações	materiais	 ao	poder	de	emenda	 constitucional,	
previstas	 no	 art.	 60,	 §	 4º,	 não	 podem	 ser	 encaradas	 como	 uma	 cláusula	 eterna,	 que	 petrifica	 o	 direito	 constitucional	
positivo.Segundo	 Ferreira	 Filho,	 as	matérias	 ressalvadas	 contra	 o	poder	 de	 emenda	 só	 continuam	protegidas	 enquanto	
perdurar	a	atual	redação	do	§	4º	do	art.	60,	o	que	significa	que	o	próprio	§	4º	poderia	ser	modificado,	podendo	dele	ser	
excluída	uma	ou	mais	das	 vedações	atualmente	existentes.	 (...)	A	 simplicidade	da	 teoria	da	dupla	 revisão	baseia‐se,	 em	
grande	 parte,	 na	 postura	 positivista	 de	 não‐aceitação	 de	 limites	 ao	 poder	 de	 emenda	 constitucional	 que	 não	 aqueles	
expressos	pela	constituição,	isto	é,	na	não‐aceitação	dos	chamados	limites	implícitos”.	
20	
	
Devemos	 levar	 em	 conta	 uma	 linha	 evolutiva	 da	 organização	 dos	 poderes.	 A	 concentração	 de	 poderes	 é	 o	
Absolutismo,	o	poder	divino	do	Rei,	cujos	doutrinadores	foram	Jean	Bodin	e	Thomas	Hobbes.	Com	a	Revolução	
Gloriosa	na	Inglaterra,	surgem	dois	poderes:	o	Parlamento	e	o	Rei.	Quem	doutrina	sobre	isso	é	John	Locke,	em	
cuja	 obra	 há	 três	 poderes:	 Federativo	 (relações	 exteriores),	 Executivo	 (ordem	 interna)	 e	 Legislativo	
(parlamento).	Os	dois	primeiros	poderes	(funções)	são	confiados	ao	Rei	e	o	terceiro	ao	Parlamento.	O	estado	de	
coisas	descrito	por	Locke	está	estebelcido	na	Inglaterra	em	1689	quando	William	de	Orange	submete‐se	ao	Bill	
of	Rights.		
Na	mesma	época,	nascia	na	França,	em	La	Bret,	uma	região	próxima	a	Bordeaux,	Charles	Louis	de	Secondat,	que	
viria	a	ser	conhecido	mais	tarde	como	Barão	de	La	Bret	e	Montesquieu.	Em	1701,	o	Parlamento	inglês	aprova	
uma	lei	–	Establishment	Act	–	que	tira	do	Rei	a	 função	de	 julgar	–	 fica	estabelecida,	assim,	uma	tripartição	de	
poderes.	 Há	 duas	 sutilezas	 neste	 fato	 histórico.	 Este	 Poder	 Judiciário	 que	 surge	 em	 1701	 leva	 um	 período	
razoavelmente	longo	de	maturação	para	se	instalar.	A	tripartição	se	estabelece	de	maneira	clara	na	Inglaterra	
apenas	em	1730.		
Na	verdade,	o	Parlamento	inglês	chamou	para	si	o	poder
de	julgar.	A	Suprema	Corte	britânica	era	uma	comissão	
na	Câmara	de	Lordes.	O	Parlamento	já	era	claramente	definido	como	bicameral	(Câmara	dos	Lordes	e	Câmara	
dos	Comuns).	Este	Poder	Judiciário	inglês	convergia	para	a	Câmara	de	Lordes,	onde	se	situava	a	Suprema	Corte,	
e	assim	permaneceu	até	2008,	quando	se	instalou	uma	Suprema	Corte	à	parte	do	Parlamento.		
Montesquieu	assumiu	a	presidência	do	Parlamento	de	Bordeaux,	um	órgão	mais	judiciário	que	legislativo.	Na	
França,	 o	 Parlamento	 era	 episódico,	 conforme	 as	 reuniões	 convocadas	 dos	 Estados	 Gerais.	 Com	 vocação	
acadêmica,	 Montesquieu	 abandona	 o	 órgão	 que	 presidia	 e	 coloca‐se	 a	 viajar	 pelo	 mundo	 recolhendo	
informações	para	 redigir	 aquela	 que	 seria	 sua	obra‐prima,	 “O	Espírito	 das	Leis”.	 	 Reside	na	 Inglaterra	 entre	
1729	e	1730,	exatamente	o	período	em	que	a	 implantação	da	 tripartição	de	poderes	estava	sendo	concluída	
naquele	 país.	 Encantado	 com	 este	 modelo,	 Montesquieu	 escreve	 “todo	 homem	 que	 tem	 poder	 é	 tentado	 a	
abusar	 dele,	 indo	 até	 onde	 encontra	 limites;	 para	 impedir	 isso	 é	 preciso	 que	 o	 poder	 detenha	 o	 poder”,	
concluindo,	 assim,	 que	 aquele	 modelo	 institucional	 previne	 o	 abuso	 de	 poder.	 Esta	 é	 a	 razão	 pela	 qual	 o	
Capítulo	VI	do	Livro	XI	intitula‐se	“Da	Constituição	da	Inglaterra”.	Em	nenhum	momento	é	usada	a	expressão	
“Separação	dos	Poderes”,	dando	a	entender	que	a	forma	de	controlar	o	poder	não	é	a	separação,	e	sim	outro	
mecanismo	que	estudaremos	a	seguir.		
“O	Espírito	das	Leis”	é	publicado	em	1748.	Montesquieu	vem	a	 falecer	em	Paris	no	ano	de	1755.	Certamente	
este	é	um	dos	livros	mais	influentes	na	Teoria	Geral	do	Estado,	na	Ciência	Política	e	no	Direito	Constitucional.		
Montesquieu	é	 tributário	de	uma	antiga	tradição,	que	é	a	essência	de	seu	pensamento.	O	referido	capítulo	se	
inicia	 com	 a	 frase	 “Há	 em	 cada	 Estado	mundo	 afora	 três	 espécies	 de	 Poderes:	 o	 poder	 legislativo,	 o	 poder	
executivo	 das	 coisas	 que	 dependem	do	 direito	 das	 gentes	 e	 o	 poder	 executivo	 das	 coisas	 que	 dependem	do	
direito	civil”.		
Poder	legislativo:	por	este	Poder,	o	Príncipe	ou	Magistrado	ou	um	Senado	(um	corpo	colegiado,	um	conjunto	
de	pessoas,	um	Parlamento)	faz	leis	e	altera	as	já	postas.		
O	poder	executivo	das	coisas	que	dependem	do	direito	das	gentes	(ius	gentium):	por	este	Poder,	o	Príncipe	ou	
Magistrado	(detentor	genérico	de	um	poder	qualquer)	envia	ou	recebe	embaixadas,	declara	guerras	e	celebra	a	
paz,	cuida	da	ordem	interna,	instaura	a	segurança.	Trata‐se	de	uma	descrição	do	Poder	Federativo	de	Locke,	de	
uma	Chefia	de	Estado.	Este	Poder	se	chama	simplesmente	de	Poder	Executivo.		
O	poder	executivo	das	coisas	que	dependem	do	direito	civil:	por	este	poder	as	querelas	entre	os	cidadãos	são	
resolvidas,	os	criminosos	são	punidos.	O	seu	nome	é	o	Poder	de	Julgar.		
Não	há	nada	mais	pernicioso	para	a	realidade	de	um	povo	que	um	Príncipe	ou	Magistrado	concentrar	em	suas	
mãos	estes	três	Poderes.	Montesquieu	ressalta	a	necessidade	de	que	um	poder	neutralize	o	outro.		
O	poder	de	julgar	se	autoneutraliza	em	Montesquieu	em	razão	de	características	por	ele	vistas	neste	poder:	o	
juiz	da	lei	deve	ser	episódico	(para	evitar	a	sensação	de	opressão	permanente)	e	o	juiz	deve	ser	um	par	do	réu	
(nobre	julga	nobre	e	burguês	julga	burguês).	Ainda,	o	juiz	deve	ser	da	escolha	do	réu	(como	em	Atenas),	ou	pelo	
menos,	 deve	 ser	 recusável	 pelo	 réu.	 O	 judiciário	 descrito	 por	 Montesquieu	 é	 pura	 e	 simplesmente	 o	 júri	
21	
	
popular.	Resumo	dos	elementos:	o	judiciário	não	é	permanente	(modo	de	estrutura);	o	segundo	elemento	é	o	
modo	de	decisão:	“o	juiz	de	uma	nação	não	são	mais	do	que	a	boca	que	pronuncia	as	sentenças	da	lei,	seres	
inanimados	que	não	podem	medir	nem	a	sua	força	nem	o	seu	vigor”.	Este	é	o	argumento	precursor	da	escola	da	
exegese:	 o	 pressuposto	 era	 o	 de	 que	 os	 códigos	 poderiam	 prever	 todas	 as	 situações	 possíveis	 –	 na	 Prússia	
chegou‐se	 a	produzir	 um	código	de	20	mil	 artigos.	 Como	o	poder	de	 julgar	 é	mera	 execução	do	que	 está	no	
código	 (mero	 escravo	 do	 código),	 esta	 é	 a	 razão	 para	 ser	 denominado	 poder	 executivo	 das	 coisas	 que	
dependem	do	direito	civil.	
O	poder	de	julgar	de	Montesquieu	é	neutralizado	nele	próprio:	na	sua	estrutura	(não	é	permanente)	e	no	seu	
modo	de	decisão	(“o	juiz	é	a	boca	da	lei”).	
Exceções	ao	poder	de	 julgar:	há	 certos	 rigores	da	 lei	que	podem	e	devem	ser	 flexibilizados,	 adocicados	pelo	
Senado.	A	literatura	intepreta	esta	assertiva	como	uma	autorização	para	um	juízo	de	equidade.	Ainda,	há	crimes	
graves	contra	o	povo	para	os	quais	este	não	pode	ser	julgador,	mais	sim	acusador	perante	o	Senado	–	aqui	são	
descritos	o	que	hoje	chamamos	de	crimes	de	responsabilidade	e	o	processo	de	impeachment.		
Como	podem	ser	neutralizados	os	 excessos	do	Parlamento?	Somos	 livres	porque	obedecemos	 a	 leis	que	nós	
fizemos	 (tradição	 antiga)	 –	 isso	 é	 impossível	 nos	 grandes	 Estados	 e	 sujeito	 a	 muitos	 inconvenientes	 nos	
pequenos.	O	cidadão	comum	não	tem	condição	de	deliberar	sobre	os	negócios	públicos.	Há,	implicitamente,	a	
defesa	do	voto	censitário,	ideia	típica	do	liberalismo	clássico.	Por	outro	lado,	as	pessoas	são	capazes	de	escolher	
representantes	 dentre	 os	 que	 se	 distinguem	 entre	 seus	 “vizinhos”.	 Há	 aqui	 a	 ideia	 de	 democracia	
representativa,	 expressão	 que	 só	 seria	 cunhada	 no	 século	 XIX	 por	 John	 Stuart	 Mill,	 com	 base	 em	 um	 voto	
distrital.		
Ainda,	Montesquieu	defende	que	burgueses	devem	eleger	seus	representantes	na	Câmara	dos	Comuns	e	nobres	
escolhem	seus	representantes	na	Câmara	dos	Lordes.	Sabemos	que,	no	Brasil	e	nos	EUA,	o	bicameralismo	não	
era	um	corte	social	(separação	entre	burgueses	e	nobres),	mas	tinha	como	base	uma	estrutura	federativa18.		
Neste	 contexto,	 para	 uma	 lei	 ser	 aprovada,	 deve	 ter	 anuência	 das	 duas	 casas,	 dotadas	 de	 dois	 poderes:	
faculdade	de	estatuir	 (aprovar	uma	 lei)	e	 faculdade	de	 impedir	 (rejeitar,	 vetar,	 reprovar	uma	 lei).	Ou	há	um	
acordo	entre	as	duas	casas,	ou	não	há	decisão.	O	processo	decisório	ainda	tem	uma	última	etapa:	o	Rei	pode	
sancionar	(faculdade	de	estatuir)	e	vetar	(faculdade	de	impedir)	a	produção	legislativa.		
Núcleo	do	argumento	de	Montesquieu:	“eis	então	a	constituição	fundamental	do	governo	de	que	falamos.	Estes	
três	poderes	(Rei,	Câmara	Alta	e	Câmara	Baixa)	deveriam	formar	um	repouso	ou	uma	inanição.	Mas	como,	pelo	
movimento	necessário	das	coisas,	eles	são	obrigados	a	avançar,	serão	obrigados	a	avançar	concertadamente”.	
Trata‐se	 da	 comunhão,	 interpenetração	 entre	 estes	 poderes.	 Se	 não	 houver	 acordo	 como	 fica?	 NÃO	 FICA!	
Montesquieu	deseja	prevenir	aqui	o	absolutismo.	Esta	é	a	interpretação	de	sua	doutrina	no	contexto	histórico	
em	que	vivia.		
A	 tradição	 histórica	 da	 qual	 Montesquieu	 é	 tributário	 é	 a	 combinação	 das	 formas	 puras:	 o	 poder	 de	 um	
(Monarquia),	 o	 poder	 de	 poucos	 (Aristocracia)	 e	 o	 poder	 de	 muitos	 (Democracia),	 algo	 semelhante	 ao	 que	
ocorria	em	Roma.		
No	 final	 do	 século	 XVIII,	 o	 Poder	 Executivo	 é	 cindido:	 Chefe	 de	 Estado	 e	 Chefe	 de	 Governo.	 Kelsen	 define	 a	
necessidade	de	um	Tribunal	Constitucional	que	seria	um	quinto	poder.	Por	fim,	temos	a	ideia	moderna	de	que	a	
Administração	 Pública	 seria	 um	 sexto	 poder,	 permanente	 a	 despeito	 da	 transitoriedade	 dos	 governos,	 num	
sentido	de	continuidade	da	prestação	de	serviços	públicos.		
	
	
																																																													
18	Há	 países	 que	 não	 são	 federações	 e	 não	 têm	 burgueses	 e	 nobres	 e	 possuem	 um	 Parlamento	 bicameral.	 O	
constitucionalismo	sugere	como	fruto	de	experiência	histórica	a	existência	de	uma	segunda	Casa	Legislativa	mesmo	nestas	
situações,	pois	esta	pode	atuar	como	contrapeso	a	excessos	de	uma	Casa	Legislativa	Popular,	propensa	a	demagogias	e	a	
paixões

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