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Mayara Neme Mira (182-23) Contribuição: Diego Degani e Nicolas Basílio Formação, Execução e Rescisão do Contrato Administrativo Observação preliminar: A extinção patológica do contrato é a rescisão contratual ou pelo particular, ou unilateralmente pela Administração ou, ainda, por concordância das duas partes, pondo fim ao mesmo antes do seu cumprimento. Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser: I – determinada por ato unilateral e escrito da Administração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do artigo anterior; II – amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo no processo da licitação, desde que haja conveniência para a Administração; III – judicial, nos termos da legislação; Se a administração rescinde por interesse público, o particular tem direito a indenização? Acredita- se que sim, inclusive por lucro cessante. Há casos em que o particular também pode pleitear a rescisão dos contratos; a diferença é que, neste caso, ele deve recorrer ao judiciário. Art. 59. A declaração de nulidade do contrato administrativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de desconstituir os já produzidos. Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo se a responsabilidade de quem lhe deu causa. Formação, execução e rescisão do contrato administrativo são marcadas pela autonomia relativa da vontade da administração. Os atos pré-contratuais tem uma força vinculante muito maior do que no âmbito civil porque as diferentes ocorrências que tem lugar na etapa pré- contratual produzem efeitos na produção do contrato, por força da lei. Participam nessa fase pré- contratual a autoridade que autoriza a contratação, os técnicos, os outros licitantes, os órgãos de controle, o licitante vencedor e a autoridade que homologa a licitação e aquela que assina o contrato. Vale lembrar que a administração é condicionada pela lei na decisão de o que, como, quem e quando contratar. O procedimento licitatórios tem fases, nas quais ocorrem atos que serão relevantes (e até determinantes) para a execução do contrato administrativo. Formação 1) Fase interna A Administração Pública (AP) produz atos para definir o que, como, com quem e quando contratar. As especificações técnicas do objeto que a administração quer adquirir é um dos primeiros passos. Esse objeto é a referência para saber se a obra foi ou não concluída de forma satisfatória pelo particular. Também nessa fase há uma deliberação a respeito da possibilidade de se contratar aquele objeto no curso daquele exercício orçamentário ou apenas no próximo. Ainda nessa fase se definem as condições de execução do contrato, bem como as condições para averiguação e julgamento; é aqui que se desenvolvem as estipulações do processo licitatório. Essas condições deverão ser mantidas durante toda a execução do contrato. A lei exige que do edital de licitação conste como anexo a minuta do contrato Art. 43. § 2º: Constituem anexos do edital, dele fazendo parte integrante: III – a minuta do contrato a ser firmado entre a Administração e o licitante vencedor Alguns sustentam que essa obrigação tornaria a minuta do contrato um documento inalterável; visão esta que o Professor não concorda, pois entende que pode ocorrer que a própria circunstância da licitação obrigue que se façam ajustes na minuta. Nessas fases são tomadas decisões pré-contratuais, mas que produzem efeitos durante e após o contrato. Via de regra, as estipulações pré-contratuais, como o edital de licitação e a proposta do particular, são vinculantes. A negociação envolve vários agentes, atos e decisões, formando o vínculo pré-contratual. Concorrem, aqui, a autoridade que autoriza a contratação, os técnicos envolvidos no contrato base, os outros licitantes que participam do processo licitatório e o licitante vencedor, cuja declaração de vontade perfaz o vínculo. Portanto, o vínculo contratual se perfaz no momento em que o particular topa e apresenta preço; há núcleo obrigacional constituído, faltando apenas a formalização. Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de direito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito privado. §1º: Os contratos devem estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações e responsabilidades das partes, em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se vinculam. Firmado o núcleo da relação contratual na aceitação da proposta, há algumas condições que serão estipuladas, concluídas na etapa que medeia a conclusão do processo licitatório e o momento em que o contrato é assinado. Aqui vale observar a contratação integrada com variações de metodologia de execução, ou seja, pode ocorrer que o contrato sofra adaptação em algumas cláusulas que o particular ofereceu metodologias alternativas. O edital, nesta hipótese, deve conter critérios objetivos de aferição dessas alternativas. Por isto a minuta do contrato trará possibilidades de ajuste. Art. 26, Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos: I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso; II - razão da escolha do fornecedor ou executante; III - justificativa do preço. IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados. Ou seja, esses elementos são partes integrantes do processo e projetam para o contrato firmado as suas condições. O particular que fez uma proposta, mesmo sem licitação, vincula-se. 2. Fase externa Alguns atos são produzidos e geram efeitos durante a execução do contrato; (i) proposta do licitante, (ii) perguntas e respostas produzidas na licitação, (iii) apresentação pelo particular das garantias de execução. Obs.: mesmo nas hipóteses de contratação direta (dispensa ou inexigibilidade de licitação) pode ocorrer de atos praticados anteriormente que produzem efeitos na execução do contrato. Após a assinatura do contrato, temos uma inversão entre contrato principal e anexos, produzindo um efeito hermenêutico do contrato. Ou seja, a minuta de contrato é um anexo do edital num primeiro momento, mas depois é reformulado e passa a ser um anexo do contrato. Isso significa que um deve ser interpretado à luz do outro, havendo um inversão de prioridades hermenêuticas. Tanto nos contratos com licitação como nos firmados diretamente, pode-se dizer que o contrato administrativo é firmado levando-se em conta a pessoa do contratado. Parte da doutrina entende, portanto, que o contrato é personalíssimo, havendo vedação quanto à modificação do particular contratado. Outra parte, porém, na qual o Professor se vincula, entende que nem todo contrato administrativo é personalíssimo, pois para assim ser é necessário que o contrato tenha características peculiares, sendo o particular o único que poderia realizar o contrato (ex: contratar determinado cantor). O que ocorre, nessa visão, é que nem todo contrato é assim, o que permite haver mudança do contratado nos contratos não personalíssimos. Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: VI – a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato; Interpretação que tem sido dada pelo TCU: embora a lei preveja uma situação em que pode acontecer a rescisão, isso não é um dever (possibilidade de manutenção do contrato). Os autores que defendem ser o contrato personalíssimo entendem que é inconstitucional a exigência do vencedor da licitação constituir uma sociedade de propósitos específicos para aquela obra. 3. Fase de Contratação Engloba desde o momento em que o objeto é adjudicado até a assinatura do contrato: o adjudicatário não tem direito de ser contratado, não e um dever necessário da AP contratar. A consequência é que se a Administração não formalizar o contrato, não deverá indenizar nem pagar lucros cessantes. Uma vez vencedor da licitação, o adjudicatário do objeto não pode se esquivar o dever do honrar sua proposta, devendo assinar o contrato sob pena de sofrer sanções. Além disso, a AP também pode convocar os remanescentes do processo de licitação para assinar o contrato nas condições que se encontram, mas eles não tem obrigação de fazê-lo, não sendo punidos caso não queiram assinar o contrato. Art. 64. A Administração convocará regularmente o interessado para assinar o termo de contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições estabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei. §2º: É facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos, convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para fazê lo em igual prazo e nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório, ou revogar a licitação independentemente da cominação prevista no art. 81 desta Lei. §3º: Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega das propostas, sem convocação para a contratação, ficam os licitantes liberados dos compromissos assumidos. Uma outra questão que se coloca em relação a essa fase: em contratos mais complexos essa fase pode conter a adoção de providências mais complexas. Por exemplo: quando houver a necessidade de constituição de sociedade para propósitos específicos, pode haver uma prorrogação para obtenção de financiamento para custeio. Art. 64, §1º: O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma vez, por igual período, quando solicitado pela parte durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo justificado aceito pela Administração. Execução O contrato administrativo será, em regra, escrito e formal. Há, porém, circunstâncias nas quais se admite contrato não escrito, como a compra com entrega e pagamento no ato, em que se inicia a execução do contrato antes mesmo da formalização do mesmo por motivo de urgência. A lei exige que o contrato seja registrado num arquivo cronológico do órgão e que seja encartado/autuado no processo administrativo que se originou com a licitação. Além disso, a lei exige que ao contrato seja dada ampla publicidade. Exigências formais: Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratantes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais. Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que é condição indispensável para sua eficácia, será providenciada pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei. Problema: a lei considera a publicação como condição indispensável para a sua eficácia; porém, a não publicação não suspende a execução. O máximo que o Professor já viu foi a suspensão do pagamento até a publicação. A fiscalização empreendida pela AP deve ser documentada, nos termos do art. 67, §1º da Lei 8666/93. O contratado, por sua vez, deverá manter representante para acompanhar a execução do contrato (art. 67, §2º). A responsabilidade do contratado, por danos causados à AP ou a terceiros, é subjetiva (art. 70). Não obstante, pode ocorrer de contratos de natureza administrativa nos quais o contratado tenha responsabilidade objetiva, não em decorrência da Lei 8666/93 e sim de leis específicas de responsabilidade. Exemplos: quando a atividade contratada se caracteriza como atividade de risco (art. 927, § único do Código Civil); se o objeto do contrato administrativo caracterizar a delegação da prestação de um serviço público aos administrados (art. 37, § 6º, CF); e quando for incindível a tutela prevista no Código de Defesa do Consumidor (CDC). Portanto, se formos perguntados se no contrato administrativo a responsabilidade é subjetiva ou objetiva, temos como regra geral do artigo 70 é a responsabilidade subjetiva, sendo a objetiva uma exceção formada por 3 hipóteses (atividade de risco, prestação de serviço público e sujeição ao CDC). Neste caso, estamos falando da responsabilidade do contratado pelo dano que exceda a execução contratual. Ainda vale destacar que o art. 71, para o regime das obrigações de natureza trabalhista, fiscais ou comerciais, traz a regra da responsabilidade plena do particular pelas obrigações (exceção das obrigações previdenciárias - §2º). O §1º do artigo supra foi tido por algum tempo como inconstitucional pelo TST, sendo que recentemente a discussão chegou ao STF, que considerou o parágrafo constitucional, sedimentando a incomunicabilidade destas obrigações. Não por acaso, para pagar uma parte do preço do contrato administrativo, AP exige comprovação de cumprimento das obrigações previdenciárias, por parte do contratado. Obs1: Administração contratada Antes existia um tipo de contratação em que se licitava para que o particular contratasse outro para execução. Um exemplo é o caso do Túnel Anhangabaú, em que o empreiteiro que fez o túnel licitou para a compra dos ventiladores, o que fez com que neste item houvesse este regime de administração contratada. Atualmente, não existe mais, mas o art. 7º, §5º da Lei 8.666 faz menção a este tipo de contrato: §5º: É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração contratada, previsto e discriminado no ato convocatório. Obs2: Subcontratação. Devemos observar a regra contida na lei para a Subempreitada é a de permissão (art. 72), de modo a AP calibra o quantum do objeto será subcontratado. Em geral, o contratado permanece responsável por todo o objeto do contato, mesmo na parte subcontratada. Um contratado pela AP pode subcontratar terceiros para prestar parcela do objeto do contrato ou contratar máquinas e insumos. Exemplo: havia contrato administrativo para executar uma obra de um estabelecimento prisional; esta construção, no entanto, demanda a subcontratação de um grande número de materiais, insumos e mão-de-obra. Em resumo, a subcontratação, pela Lei 8.666, é admitida nos limites e nos termos do que for estabelecido no edital e no contrato pela AP. Não fere natureza personalíssima do contrato administrativo, a regra geral é que o particular submete o nome do subcontratado à Administração, por conta do artigo 72 da lei 8666/93. Obs3: Habilitação dos licitantes Aquelas condições pedidas pelo edital como requisito de habilitação dos licitantes (art. 55, §13), quando supostamente atendidas pelo licitante vencedor, devem ser mantidas durante toda a execução do contrato. O que foi pedido pelo contrato, aferido nos licitantes, cria obrigação de que o particular mantenha as condições por toda a execução do contrato. Em alguns casos, quando certas empresas se retiram do consórcio, tem-se firmado entendimento de que esta retirada da empresa do consórcio pode ser aceita se as demais consorciadas remanescentes demonstrarem que conseguem atender as exigências feitas na licitação para qualificação. Se a retirante não esvazia a condição exigida pelo edital até se tolera a retirada. Caso contrário isto implicará violação à regra do dispositivo supra. Termo Final O contrato administrativo tem que ter um termo final. A Lei prevê um marco formal para a conclusão regular para as obrigações contratuais: termo de recebimento. Apresenta, assim, um regime para obras e serviços e outro para fornecimento e entrega de bens. Termo de fornecimento de obras e serviços É separado em duas dimensões distintas e subsequentes: 1) Termo de recebimento provisório (art. 73, I, “a”) Efeitos do recebimento provisório são basicamente dois: importa na transmissão da posse do bem/obra; recebido o objeto provisoriamente, inicia-se o período dentro do qual a administração deverá avaliar a adequação do executado aos termos do edital, determinando ao particular que proceda às adequações que se fizerem necessárias para o pleno atendimento do edital e do contrato; faz cessar obrigações acessórias ao contrato, relativas ao dever de zelo e guarda do objeto do contrato. Passados 90 dias de recebimento provisório, temos três hipóteses: • A administração emite o termo de recebimento definitivo das obras. • Emissão de termo circunstanciado para contratado corrigir falhas. Aqui se reiniciam prazo para novo recebimento provisório e novo recebimento definitivo. • A AP pode se quedar silente, período ao final do qual obra será considerada tacitamente recebida. São efeitos do recebimento provisório: transmissão da pose à Administração; inicia-se o período em que a AP deverá realizar a adequação da execução do contrato, determinando as medidas a serem adotadas em caso de inadequação do objeto entregue ao edital; faz cessar o dever de zelo e guarda do bem por parte do particular. 2) Termo de recebimento definitivo Ao fim, cessam as obrigações contratuais do particular, o que não significa dizer que o recebimento definitivo desonera absolutamente o particular de suas obrigações (como solidez estrutural da obra de 5 anos, pagamento das obrigações fiscais, trabalhistas). Termo de fornecimento e entrega de bens 1) Termo de recebimento provisório Na compra ou locação de equipamentos não há necessidade de formalização; a simples tradição já implica na transmissão da posse. 2) Termo de recebimento definitivo Apenas possível após a verificação da qualidade e quantidade do material e consequente aceitação. Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido: I – em se tratando de obras e serviços: a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado; b) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contra tuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei; II – em se tratando de compras ou de locação de equipamentos: a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da conformidade do material com a especificação; b) definitivamente, após a verificação da qualidade e quantidade do material e consequente aceitação. §1º: Nos casos de aquisição de equipamentos de grande vulto, o recebimento far se á mediante termo circunstanciado e, nos demais, mediante recibo. §2º: O recebimento provisório ou definitivo não exclui a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do serviço, nem ético profissional pela perfeita execução do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato. §3º: O prazo a que se refere a alínea b do inciso I deste artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, salvo em casos excepcionais, devidamente justificados e previstos no edital. §4º: Na hipótese de o termo circunstanciado ou a verificação a que se refere este artigo não serem, respectivamente, lavrado ou procedida dentro dos prazos fixados, reputar se ão como realizados, desde que comunicados à Administração nos 15 (quinze) dias anteriores à exaustão dos mesmos. Alteração Contratual Seminário Pode o particular unilateralmente alterar o contrato? Pode alterar o objeto? E se a administração impuser alteração não presente na proposta, que vá desequilibrar o preço? O particular pode recusar o serviço? Limites para a alteração dos contratos administrativos: Quantitativos: 25%, supressão unilateral (art. 65). Não pode haver desnaturação do objeto. Há limite também no processo licitatório, isto é, não pode abrir mão de especificidade requerida no processo licitatório. Qualitativas: se houver um erro no projeto, deve haver adequação do mesmo. Segundo a doutrina, as alterações qualitativas não respeitam este limite de 25%. O que devemos observar é o fundamento dessas alterações, por exemplo, não pode ser mais cara do que fazer nova licitação. Por não envolver recursos do orçamento, a administração poderia alterar a seu bel prazer o objeto do contrato? Não, deve ser alteração vinculada à licitação e sem descaracterização do objeto. Qual é o último limite? Reequilíbrio do desequilíbrio econômico-financeiro e a inutilização da contratação. Aula ASPECTO ECONÔMICO-FINANCEIRO O contrato administrativo tem traço marcante de alterabilidade. A alteração do contrato administrativo pode ser feita unilateralmente pela AP (art. 58, I) e, ainda que não exista uma liberdade absoluta de alterações, mesmo quando elas sejam consensuais (art. 65, II) – há limites objetivos fixados na lei. A alteração pode se dar no objeto, no prazo, nas condições de prestação do serviço, mas não poderá se dar no âmago econômico e financeiro do contrato, nem mesmo por acordo entre as partes, sem que haja um fator precedente que justifique necessidade desta alteração. Algumas alterações implicam em uma contra alteração necessária nas cláusulas econômico-financeiras para contrabalancear desajuste provocado pela primeira alteração. Alterabilidade dos contratos já traz algumas limitações inerentes do próprio regime de contrato e de licitação que antecede o contrato: vedação da desnaturação do objeto e vedação da alteração que desfigure a licitação que antecedeu o contrato (e.g. proibição de retirar do objeto do contrato condições que foram essenciais na escolha do licitante vencedor). No âmbito da alteração unilateral, poderemos ter alterações unilaterais discricionárias (art. 65, I, a) e alteração unilateral impositiva (art. 65, I, b). Já no campo das alterações consensuais, podemos também dividi-las em: alterações consensuais por conveniência das partes (art. 65, II, a) e alterações consensuais por imposição de fato superveniente (art. 65, II, c, d, e). Alterações Unilaterais Podem ser discricionárias (art. 65, I, a) ou impositivas (art. 65, I, b). Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: I – unilateralmente pela Administração: a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; A doutrina e a jurisprudência entenderam que os limites do parágrafo 1º (25 e 50%) serão aplicados nas alterações quantitativas, e que preenchidos alguns requisitos, eles não são aplicados às alterações qualitativas. Nas alterações quantitativas a administração agrega quantidade ao objeto; nas qualitativas há obrigatoriedade de acrescentar valor ao contrato por circunstância da especificação ou do projeto. O professor acha que essa distinção existe, mas prefere a outra designação. Isso porque na alínea a existe um poder discricionário da AP que decide agregar quantidades ao objeto do contrato; na outra, o objeto na sua conformação segue o mesmo, mas para executá-lo serão necessários escopos que encarecem além dos limites. Um exemplo é o contrato que pretende ligar as cidades A e B. Se decide ligar também a cidade C, há mudança quantitativa; se perceber que precisa de mais asfalto para ligar A e B, porque no meio do caminho tem uma área que deve ser preservada, precisando de um desvio, há mudança qualitativa. Alterações Bilaterais II – por acordo das partes: a) quando conveniente a substituição da garantia de execução; b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários; c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço; d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da Administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual. Podem ser: • Por conveniência do particular A AP pode exigir que o contratado apresente garantia de que executará adequadamente o contrato, que pode chegar a 10 vezes o valor do contrato. Essa garantia visa resguardar o pagamento de multas caso o particular não cumpra o contrato. A Lei 8.666 faculta ao particular escolher a forma pela qual prestará a garantia: caução em dinheiro, caução em título, seguro- garantia e fiança. A substituição da garantia não pode ser imposta pela Administração, só podendo acontecer por conveniência do particular. O máximo que a AP pode fazer é impugnar as garantias. • Por Superveniência de Fatos Modificadores (b) deve haver verificação que demonstre ser necessária a alteração do regime de execução por ele se mostrar tecnicamente inaplicável. Se o particular refutar a alteração, poderá impugnar essa decisão, e então a AP analisará seus argumentos; (c) modificação na forma de pagamento. Condições: é vedada a antecipação de pagamento com relação ao cronograma financeiro e deve ser mantido o valor do contrato atualizado (ex: particular que recebe a cada mês passa a receber a cada 3 meses); (d) alteração reparadora para reposição das condições contratuais, de forma a neutralizar algum evento que possa ter mudado o equilíbrio econômico-financeiro inicial; é a manutenção das condições da proposta. Aspectos: é feita para neutralizar uma alteração material anterior; algo deve ter impactado não necessariamente no preço, mas o equilíbrio entre encargos do particular e remuneração justa da Administração (esta tem por base a proposta). Não é apenas um dever da AP de recompor o equilíbrio quando ele está desbalanceado, mas um dever de reestabelecer que se liga a um fato que não decorre de ação, omissão ou falha (teoria da imprevisão: efeitos imprevisíveis ou previsíveis de consequências incalculáveis). Isso tudo acontece porque as partes não podem repactuarem o contrato, como ocorre no direito civil; da mesma forma, a extinção do contrato também não é uma boa solução, tendo em conta o interesse público. Não é qualquer evento que leva a alteração, mas apenas álea econômica extraordinária e extracontratual. Menções ao reequilíbrio: Art. 58, §1º: As cláusulas econômico financeiras e monetárias dos contratos administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância do contratado. §2º: Na hipótese do inciso I deste artigo (O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de: I – modificá los, unilateralmente, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado), as cláusulas econômico financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o equilíbrio contratual. §5º: Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso. §6º: Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente os encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico financeiro inicial. Art. 57, §1º: Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega ad mitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo: I – alteração do projeto ou especificações, pela Administração; II – superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições de execução do contrato; III – interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração; IV – aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos por esta Lei; V – impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência; VI – omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis. Em resumo, sendo um risco ordinário ou contratual, não há dever de alterar; sendo um risco administrativo – alteração unilateral da AP, fato da Administração (ação ou omissão), fato do príncipe (ato de autoridade externo ao contrato que repercute diretamente sobre o ajuste) – haverá incidência do reequilíbrio. Também será causa de reequilíbrio o risco extraordinário e extracontratual que se aplica como consequência da teoria da imprevisão. Etapas para a alteração a) verificação da ocorrência ou não ocorrência do evento que teria o condão de desbalancear o equilíbrio entre encargos e justa remuneração; b) saber se aquele evento não foi causado por ação ou omissão do contratado; c) verificação se o evento, pelo contrato, corresponde a um risco assumido pelo contratado (alea ordinária ou contratual); d) verificar quanto aquele evento impactou (mensuração econômica e financeira do evento); e) eleger qual o modo de recomposição do reequilíbrio – via de regra, no contrato administrativo típico, a recomposição é feita por incremento do preço. ASPECTO PESSOAL O contrato administrativo apresenta um caráter pessoal, ou seja, a administração não pode escolher livremente quem vai contratar, apenas realizando-a mediante licitação ou contratação direta (leva em conta características pessoais do contratado – contrato personalíssimo). A doutrina tradicional diz que os contratos administrativos são sempre de caráter pessoal, já que o contratado, sujeito privado, seria necessariamente imutável. Isto tem sido um tema recorrente no estudo do contrato administrativo – quando se discute operações de fusão societária, cisão, etc, em que haveria uma pessoa jurídica um pouco diferente daquela contratada. Podem-se identificar nos contratos administrativos três ordens diferentes: 1. Contrato personalíssimo: a obrigação contratual é indissociável da presença do executor, como no exemplo do artista para dar show. Contratação direta em que a condição do executor é a razão para a contratação direta, trata-se de hipótese de contrato personalíssimo. Nesses contratos o caráter pessoal é incortonável. 2. O objeto do contrato é fungível, desconsiderando a pessoa do contratado. Um exemplo está nos casos de representação comercial, em que o f abricante não contrata diretamente com a administração pública, utilizando-se de representantes comerciais por localidade. É o caso de uma pessoa jurídica que representa, por exemplo, produtos da Microsoft. Nesse processo a grande indústria revisa seus credenciados; se seu representante não tiver cumprindo suas obrigações, pode substituí-lo. A Administração, no entanto, contrata com representante da empresa IBM, se este for substituído, tendo aquele representante as mesmas condições de habilitação, mantendo-se o preço, é irrelevante quem vai fornecer; o interesse é o equipamento contratado. Logo, há possiblidade da troca do representante comercial, ou antes da contratação ou durante a contratação, posto que ele é irrelevante. 3. Bloco intermediário: obrigação pessoal no sentido de que o processo licitatório criou um vínculo pessoal com o vencedor da licitação, pois cumpriu todos os requisitos do edital com seus atributos pessoais. Mas isto significa dizer que não pode haver a substituição deste contratado ou que não pode haver uma mudança na configuração jurídica deste contratado? Uma vez tendo contrato com a Administração, uma empresa não pode ser cindida, fundida ou haver reorganização societária. Há mitigação pela jurisprudência. Admitem-se alterações da estrutura societária e até mesmo da modificação do contratado, desde que mantidas as condições requeridas ao tempo da licitação. Se há consórcio de três empresas e uma delas resolve sair do consórcio e as duas outras que remanescem atendem sozinhas as exigências que o edital de licitação fazia ao tempo da licitação, tem-se admitido a mudança do ente consorcial, mantendo as outras duas. No caso de reorganizações societárias, há exigências (art. 78, VI). Há contratos instrinsicamente pessoais. Nestes não há possibilidade de mudança do contratado. No grosso dos contratos, há um caráter pessoal, mas que, sob certas circunstâncias, pode ser alterado, desde que atendidas condições e isto não tenha sido vedado pelo Edital. Outros contratos ainda de obrigação absolutamente fungível, em que não interessa quem figura como contratado, exemplo do representante comercial. Novo consorte: entrada de novo consorte que não participou do processo licitatório. Como exemplos temos o ingresso nas obras da Avenida Roberto Marinho e nas obras do trecho oeste do Rodoanel. Quem estava executando na época passou a ter problemas de solvência e foi incluída no consórcio empresa estranha, que ingressou e executou o contrato até o final. Neste caso uma das empresas que estava no consórcio saiu e entrou outra. Quem entrou no consórcio eram empresas que tinham participado do certame licitatório. Tratam-se de hipóteses raras. Direito do Adjudicatário Pessoa jurídica isolada ou consórcio que apresenta a proposta mais vantajosa. Qual a abrangência deste direito do adjudicatário? Parte da doutrina afirma que tem direito a não ser preterido na contratação daquele objeto, ou seja, um direito de postular contra a administração caso esta tente contratar este mesmo objeto com outro. A tese minoritária afirma que o adjudicatário tem direito a ser contratado, e não um dever. A Lei 10.520 – pregão (art. 4, XXII) – prevê que o licitante vencedor será contratado. Não obstante isto, persiste o debate doutrinário. Panoramas: 1. A lei prevê que o particular adjudicatário não será obrigado a se manter vinculado a sua proposta para além do prazo de validade desta proposta – prazo que será fixado no próprio edital. 2. Em algumas licitações as obrigações do contratado começam a produzir efeitos antes mesmo da formalização do ajuste, é o caso das licitações para concessões de serviços públicos ou parcerias público-privadas – em que ser prevê que o contratado deva constituir uma pessoa especial. Nestas contratações mais complexas, o edital, por vezes, exige que o particular providencie financiamento para funcionar, ou pode exigir, previamente ao ajuste, um seguro de cumprimento do contrato. Estas obrigações trazem, por vezes, algumas situações complicadas, inusitadas. Quando o adjudicatário não consegue cumprir estas condições prévias – não consegue viabilizar a sociedade de propósito específico, financiamento, etc. Isto aconteceu na licitação para concessão da rodovia dos trabalhadores. Não conseguiu preencher as condições pré-contratuais. E nas hipóteses em que o particular adjudicatário não consegue cumprir as obrigações pré- contratuais a lei prevê (art.64, par. 2), em não comparecendo ou honrando o adjudicatário a sua proposta, faculta-se à administração convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação desses para serem contratados nas mesmas condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive quanto aos preços atualizados. O legislador fez opção para coibir acordo entre os licitantes e, ao fazê-lo, trouxe dificuldades para a administração. Imaginemos: adjudicatário não aceita assinar o contrato porque houve transcurso de tempo (60 dias – art. 64, par. 3), tornando-se impossível seu cumprimento naqueles termos. O segundo colocado aceita contratar pelo preço do primeiro, o que nos indica que ou ele cobrou a mais, ou contrata por preço que nem quem ofereceu tem condições de honrar. Contrato A lei diz que o contrato administrativo é necessariamente formal, exigências dos art. 60 e 62. Há duas hipóteses em que a consubstanciação formal do contrato não se dará de forma escrita: 1. Hipótese de pequenas compras de pronto pagamento: não se dispensa o documento escrito, mas se permite que a contratação se formalize com a nota de empenho, ou seja, documento que aloca verba orçamentária para fazer frente à despesa orçamentária. Nas contratações em que o objeto se resolve mediante entrega da coisa e recebimento do valor, a lei permite que o contrato se formalize na entrega da nota de empenho. 2. Hipóteses em que a lei permite a dispensa do contrato escrito (art. 60, par. Único): é nulo contrato verbal com a administração, salvo no caso de pequenas compras do pronto pagamento, cujo valor seja inferior a 5% do valor para a modalidade. 3. Hipótese de dispensa temporária do termo formal (art. 24, IV): hipótese de contratação emergencial, em que há tamanha premência para o cumprimento do contrato, que não há tempo hábil para formalização do contrato. Essas situações – nota de empenho assinada pelas partes, ou as em que se prescinde da assinatura de contrato formal – são excepcionais. Este termo formal é formal – formalidade do contrato escrito – e do ponto de vista de sua autuação e arquivo. A formalização do contrato administrativo não se reduz à formalização do instrumento contratual. Mas também há a formalização do processo administrativo em que se reúnem todos documentos da contratação (art. 61). Uma exigência é a publicação do extrato do contrato como condição de eficácia do contrato; é necessário o envio pela administração pública, até o 5º dia útil do mês subsequente, o seu extrato para publicação na imprensa oficial. Se constituí condição de eficácia? Não é possível dizer que o contrato não produziu efeitos até então. Não se pode dizer que o particular não faz jus a receber a parcela a que tinha direito. Assim, esta exigência parece letra morta, embora tenha sido objeto de multa dos órgãos de fiscalização o não envio do contrato para publicação. Formalização do contrato administrativo A consequência esperada é a sua plena execução, mas nem sempre isto vai ocorrer. Há diversos tipos de execução: • Executado de maneira regular, sem alteração Tal qual o contrato foi licitado e formalizado, será executado. Todo contrato é firmado para ter fielmente executadas suas obrigações. Da parte do particular, contratado, isto se perfará com a execução do objeto consoante o projeto apresentado pela administração, ou seja, quando executa este contrato nos termos estritos da proposta vencedora da licitação. Afora isto, não implica necessariamente descumprimento de obrigações exigência que a administração faça de reparos e readequações (art. 69 e 76). Essas circunstâncias não são suficientes a dizer que houve inexecução. Da parte da Administração, será plenamente cumprido o contrato se a AP realizar duas ordens de obrigações: I. Acessórias, preliminares, aquelas que tornam possível a execução do projeto. Por exemplo, providenciar uma desapropriação, liberar determinada área para obra viária, em alguns casos obter licença ambiental para o empreendimento. A não realização dessas atividades pode tornar impossível a realização tempestiva das obrigações do particular; II. Obrigação principal: como a de pagar tempestivamente o preço – significa um impedimento à plena e perfeita execução do contrato administrativo. As partes são responsáveis pelos danos, prejuízos que causarem à outra parte em função do descumprimento de suas obrigações contratuais (art. 66). marina Para que tenhamos contrato executado fielmente, regular na execução, sem alteração, é preciso haver pleno e tempestivo cumprimento das obrigações de todas as partes e que não tenha sido necessário qualquer alteração do contrato administrativo. • Execução regular, porém com necessidade de alteração deste contrato. A alteração não é descumprimento da obrigação de executar fielmente o contrato? A alteração faz mudar a condição pactuada. As partes continuarão a cumprir fielmente ao contrato cujas condições foram alteradas. A cambialidade, alterabilidade, é presente no regime do contrato administrativo. A alteração do contrato administrativo, ainda que possível, também se subsumi à regra da formalidade. Retirando as hipóteses de dispensa de contrato formal, a alteração do contrato administrativo deve ter todas as modificações registradas da mesma forma que o contrato principal, inclusive com publicidade do termo aditivo. Este contrato deve ser formalmente alterado. Assim como é nulo contrato verbal fora das hipóteses, também é nula alteração não formal, salvo aquelas hipóteses. Mas é muito frequente que na relação da execução contratual, deliberam-se alterações que só serão formalizadas, se forem, posteriormente. Isto gera distorções – medição de serviços que não foram executados, etc. Marco da fiel execução do contrato – observância das cláusulas na vigência do contrato, mesmo que tenham sido posteriormente alteradas. • Executados de maneira irregular, total ou parcialmente. Por inexecução, falta, descumprimento do particular ou falta, descumprimento ou inexecução por parte da Administração. Isto pode acarretar descumprimento parcial de obrigações, ou a uma situação que leve à ruptura do contrato. Do ponto de vista do particular, pode haver irregularidade na execução com uma técnica, utilização de materiais discrepantes, execução em desconformidade do projeto, descumprimento de cláusulas e prazos contratuais. Estas hipóteses geram três ordens de consequências: I. Dever do particular de reparar, ressarcir sua má execução – responsabilidade contratual (art. 66 e 69); II. Sujeição do particular inadimplente às sanções previstas na lei (art. 87); III. Rescisão do contrato – faltas do particular (art. 78). A rescisão por falta do particular pode ser deliberada em sede administrativa e unilateral, desde que respeitado o contraditório. Do ponto de vista da Administração, o inadimplemento (descumprimento da sua obrigação de pagar tempestivamente o preço) traz algumas consequências: I. permite ao particular suspender a execução do contrato – quando houver inadimplência da administração por mais de 90 dias. Não são 90 dias do cumprimento da obrigação pelo particular. Normalmente há data de adimplemento, prazo de pagamento e só após este prazo começa correr o prazo para conferência dos 90 dias. Ex.: contrato que permitirá a aferição do trabalho todo dia 15. Mas, prevê pagamento em 60 dias da apresentação do documento de cobrança. Apresento cobrança 16 de maio, vencendo em 16 de julho, só posso cobrar 16 de agosto. II. Possibilidade do particular rescindir o contrato em função da mora da administração – só que, neste caso, o particular terá de recorrer ao judiciário. Entendimento do professor: tendo havido um atraso de 90 dias, autoriza postulação de rescisão, ainda que a Administração purgue a mora. A suspensão unilateral pelo particular é elidida pela purgação da mora pela Administração. Tendo havido a mora, o direito a rescisão surge. Rescisão Rescisão unilateral é possível, por iniciativa da administração. Mas as hipóteses não são somente de inadimplemento, vide art. 76, XII, por razões de interesse público pode a administração rescindir sem haver falhas na execução. O contrato pode ser patologicamente extinto por uma decisão de invalidação. Esta invalidação pode ser • judicial, imposta por particular que teve direito violado; • reflexa, normalmente por atos na licitação; • pode ter lugar em sede de ação popular, legitimação ampla, não apenas de quem participou do certame; • ação civil pública, ajuizada pelo MP, por associação constituída a mais de um ano ou até mesmo pela administração pública. Em qualquer das hipóteses a nulidade depende de alguma legalidade, ou do contrato em si ou dos atos que precederam este contrato. É possível invalidação por força de ação ordinária intentada por particular que tenha direito subjetivo violado no âmbito da contratação ou dos atos precedentes. marina Decisões judiciais podem levar, por via reflexa, a uma rescisão do contrato. Hipótese: invalidação de um ato expropriatório, num imóvel no qual se edificará uma obra pública, objeto de contrato administrativo. Neste caso, o contrato administrativo será anulado por isto? Provavelmente não. Será rescindido, por razões de interesse público, ou pela superveniência de fatos de força maior que tornem impossível o cumprimento do objeto contratado. Na hipótese de rescisão que se dê pela inexecução, má execução por parte do particular, esta rescisão punitiva terá como consequência o dever do particular de responder pelos danos causados pela sua falta. A garantia que ofereceu, se exigida, será executada. Estará sujeito a ocupação de suas instalações, retenção dos créditos a que tinha direito, no montante necessário a cobrir os prejuízos, ainda a possibilidade de indenização para a administração e pelos prejuízos causados pela sua falta. Não é o que ocorre na hipótese de rescisão por fatores externos ou por interesse público. O particular recebe o que tinha direito de receber pela parcela, se exonera da garantia, será indenizado pelos materiais e custos que já tiver incorrido, que já tiverem sido objeto de pagamento. Além disso terá direito a ser ressarcido nos custos da chamada desmobilização de seu canteiro, como: terreno alugado no terreno de terceiro – vai haver multa; custos que o particular incorre para se instalar e desinstalar, que estão diluídos no montante do serviço; custos de rescisão da mão-de-obra. Quando é contratado o particular faz os custos de contratação e de dispensa dos trabalhadores, ao longo da obra. Terá direito de receber os custos de desmobilização, objeto de apuração no desfazimento do contrato. Passou a ser admitido pela doutrina e jurisprudência do STJ o direito de receber lucros cessantes – perdas de oportunidade pelo engajamento no contrato que, por ato estranho à sua vontade, não aconteceu. Sendo o particular isento de responsabilidade naquele vício, estando o particular de boa-fé, terá direito de ser indenizado tal qual ocorreria numa rescisão por ato estranho à sua responsabilidade. Caso tenha concorrido para o vício, não terá direito a ser ressarcido. Isto é relativizado na jurisprudência à luz da cláusula do enriquecimento sem causa. Claro, não em custos de desmobilização, lucros cessantes, mas na parcela que foi executada. Não se fala em multa na invalidação. Se inválido o contrato, não pode ser exigido; mas cabem outras penalidades (art. 87). A multa contratual está vinculada a uma má execução ou não execução contratual. Pode ter de indenizar pelos prejuízos causados pelo contrato inválido. Há possibilidade ou não de invalidação administrativa do contrato, que não seja decorrência da invalidade reflexa na licitação. Não há dúvida que os atos havidos no procedimento licitatório possam ser invalidados, anulados por ato administrativo, sem necessidade de recurso ao judiciário. O problema está na declaração de invalidade do contrato, por vício intrínseco. A lei não prevê a possibilidade de anulação do contrato administrativo. Há parte da doutrina que entende não ser possível esta invalidação administrativa. Há quem sustente ser possível a declaração de invalidade unilateral, pela administração, dos contratos. Classificação dos contratos administrativos • Contratos de satisfação (os que estudamos até agora) a) Empreitada de obra b) Prestação de serviços c) Contratos de compra de bens pela administração d) Venda de bens da administração O que os caracteriza? O objeto é o suprimento de uma necessidade direta da administração e se estabelece relação jurídica comutativa, sinalagmática entre as partes. • Contrato de delegação a) Contratos de concessão b) PPP c) Contratos de concessão de uso d) Direito real de uso Por intermédio dele a administração trespassa ao particular o exercício e, por conseguinte, a exploração de utilidades públicas que a administração deve prover, direta ou indiretamente, aos cidadãos. Contratos por meio dos quais a administração transfere aos particulares exercício de uma atividade que é de sua titularidade. • Contratos de colaboração/ cooperação a) Parcerias com ocips b) Contratos de gestão – organizações sociais (art. 37 da CF) Busca somar esforços para induzir, favorecer, fomentar a realização de uma atividade de interesse coletivo. A relação jurídica é de soma de esforços – associa-se à ideia de contrato de comunhão. Por terem objetivos distintos, têm distinções em relação ao regime jurídico. Nem todos os contratos estão ajustados perfeitamente à Lei 8.666. Exemplo da feijoada: todos os alunos convergem na ideia de se reunirem para fazerem uma feijoada. Uma lista por cabeça de todos os marina que vão aderir à feijoada, cada um pagando um valor. Podemos um de nós fazer a feijoada, ou podemos delegar a um restaurante ou buffet. Neste caso estamos transferindo a outro esta atividade. O objetivo comum, neste caso, é delegado a terceiro – contrato de delegação. Imbuídos de comer a feijoada, dizemos que cada um vai fazer alguma parte da feijoada (soma de esforços). Ainda que nós apresentemos as notas de cada qual, fazendo rateio para que o que pagou mais receba mais, o princípio que levou a consecução da feijoada foi comum. Distinções entre estes gêneros SATISFAÇÃO DELEGAÇÃO COOPERAÇÃO OBJETO Entrega de um bem, serviço, obra que satisfaça necessidade da admi- nistração pública. Transferência de uma utilida- de a ser prestada por um certo período pelo particular contra- tado em nome do poder públi- co delegante. Soma de esforços voltados à consecução de um objetivo comum. NATUREZA JURÍDICA Comutativa Translativa Comunhão RELAÇÃO JURÍDICA Bilateral – ainda que o contratado seja um consórcio. Trilateral: interesses do par- ticular contratante, poder pú- blico delegante e do universo de terceiros tomadores, usuários. Pode ser bi ou multilateral. ATIVIDADES Envolvem atividades meio – provimentos de neces- sidades para executar ativi- dades fim. Atividade fim da adminis- tração – prestação de serviço público, utilização de bem público. Atividade fim da administra ção. Em certas situações atividade de intervenção direta na ordem econômica e em alguns casos a própria prestação de serviço público, como acontece nos contratos de gestão com organizações sociais para prestação de serviços de saúde. VIGÊNCIA Vigência condicionada ou com prazo máximo – 60 meses, excepcionada por mais 12. Ou pelo prazo necessário para cumpri- mento do objeto. Tem obrigatoriamente que ter prazo. Contrato de delegação na espécie parceria público privada, a lei chega a por prazo mínimo e máximo – não pode ser menor que cinco nem maior que trinta e cinco. No geral 20, 30 anos. Ainda que não seja ilícito conter prazo, a regra é que não contenha. Isto porque, nestes casos, a possibilidade de extinção do contrato é mais fácil. Não há necessidade de assegurar tanto o particular. Adimplemento Patológica Invalidação A rescisão punitiva. Há possibilidade de indenização, na perspectiva de proteger os investimento que o particular tenha realizado para prestação da atividade delegada. Em geral denunciáveis pelas partes, desde que notificação prévia. Pode haver cláusulas mais restritivas da denúncia unilateral. Em geral o rompimento do vínculo é mais DESFA- ZIMENTO Rescisão unilateral – por razões não imputáveis ao particular. Se admitir esta hi pótese, deve ser condicionada à autorização legislativa e indenização prévia dos prejuízos do particular. fácil, mais brando que nos contratos de delegação. RISCOS Riscos do particular são restritos. Prevalece a regra segundo a qual a administração pública toma para si a maior parcela de riscos. O particular assume muito mais riscos que no contrato de satisfação. Há uma distribuição mais equânime de riscos entre as partes coperantes. Nem sempre há parâmetro de correspondência entre a administração e o particular, nos contratos de delegação e satisfação. O particular está cumprindo uma obrigação de fazer e a administração pode ainda receber ônus. Como nas outorgas de concessão onerosa de serviço público. Não há obrigação de equivalência nos contratos de cooperação – todos têm obrigações para que ocorra aquela prestação. Há diferença, portanto, no regime de equilíbrio econômico-financeiro. No contrato de satisfação há tendência de proteção à estática do equilíbrio. No contrato de delegação, não é que não haja equilíbrio, mas ele é dinâmico. Pode haver uma mudança que não acarrete desequilíbrio, por exemplo uma mudança de demanda, aumentando ou diminuindo. Pode ser que o crescimento de uma cidade aumente a demanda de investimentos, mas que, por consequência, trará a ele aumento de receita. Não há, como se vê, uma equivalência linear. Nos contratos de cooperação não há que se falar propriamente dito em reequilíbrio, o que não significa dizer que particular não possa fazer jus a uma indenização frente a Administração. Um exemplo é o termo de cooperação por meio do qual particular se compromete a restaurar prédio histórico da administração pública. A AP não vai pagar nada para fazer o restauro e o particular contrata empresa e equipamentos, quando está pronto para fazer o restauro a Administração desiste. Neste caso há situação de prejuízo causado por ruptura do contrato – pode ensejar indenização, por ser imotivado, sem razão de interesse público. Isto não se confunde com reequilíbrio. Observações finais: • Ainda que o cooperante seja uma empresa, no contrato de cooperação ele não pode participar pelo benefício econômico direto. Isto faz com que muitas vezes o partícipe do contrato seja uma entidade sem fins lucrativos ou entidade de fins lucrativos que, naquela situação, não tem perspectiva de finalidade lucrativa. • Satisfação: a Administração deve especificar o que quer ver satisfeito. Estará satisfeita se aquele objeto especificado tiver sido entregue. Baixo compromisso de desempenho. • Delegação: a administração objetiva que uma utilidade seja oferecida a uma utilidade coletiva. Não diz necessariamente como o particular deve se organizar. O que a administração parametriza é o desempenho. A AP é mais permissiva em admitir que o objeto não seja vinculado a uma descrição detalhada, deixando maior margem de liberdade para o delegatário. Vincula-se a resultados, obrigação de desempenho. Mesma coisa com relação aos contratos de cooperação. Nestes contratos há maior permissividade de cláusulas de desempenho. • Cláusula de desempenho no contrato de delegação: é avaliado em termos de remuneração, acarreta culpa. No contrato de cooperação isto não faz muito sentido. Nos contratos de cooperação há, muitas vezes, transferência de recursos. Mas, isto não tem caráter remuneratório e, ainda que gerido pelo cooperante, será dinheiro público. Controle no Contrato Administrativo 1. Administrativo São negócios jurídicos protegidos pelo direito, e que portanto recebem um controle diferente daquele aplicado aos atos administrativos. Há duas ordens de controle: i. Legalidade: tem por escopo verificar a aderência do contrato aos pressupostos legais sobre ele aplicáveis. Pode haver vícios de licitação, decorrentes de alteração do contrato; ou se referir a ilegalidades inerentes ao próprio contrato (ex: objeto ilícito). Em qualquer desses âmbitos de controle da legalidade, a lei preserva os direitos do particular contratado, seja para assegurar seu direito de discutir as imputações de legalidade (contraditório e ampla defesa), seja para assegurar um direito de indenização se estiver de boa-fé. O controle de legalidade será exercido pelo superior hierárquico ou no sistema interno da AP. ii. Execução orçamentária/financeiro: conferir a regularidade da dispensa originada no contrato. Este controle é exercido pelo agente encarregado da gestão orçamentaria do órgão contratante da Administração (Lei 4.320). marina 2. Judicial Depende da provocação dos interessados. A legitimação é bastante aberta: qualquer cidadão que tome conhecimento das irregularidades, MP, associações. O judiciário poderá emitir decisão que invalide ou determine a retificação de vícios do contrato. Segue que, embora o vínculo contratual seja protegido pela lei, se nesse vínculo tiverem ilicitudes, o judiciário pode desfazer o contrato. 3. Legislativo (Tribunal de conta) Art. 71, CF. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: X – sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; XI – representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. § 1 o No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. § 2 o Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. Duas linhas de interpretação: o TC não pode sustar contratos, e quando o paragrafo 2º fala em “o tribunal decidirá a respeito” se refere às sanções que pode tomar; em não sendo atendido no prazo de 90 dias, o parágrafo 2º permite sustar o contrato. Competência dos TC para adotar medidas cautelares A lei orgânica do TCU prevê, no art. 44, a prerrogativa para adotar medidas cautelares de afastamento temporário de servidor que possa estar obstando as auditorias ou inspeções, ou que possa estar ameaçando causar novos danos ao Erário. Não há poderes para medidas cautelares sobre suspensão da execução do contrato, mas o regimento interno do TCU amplia os poderes, prevendo que o TC pode sustar ato ou contrato que coloque em risco o Erário. Com base nessa norma, o TCU tem sustado execução de contratos. Prazo Há distinção entre duas espécies de contrato no que tange ao prazo: marina • De escopo (art. 57, I): objeto que se executa mediante a entrega, pelo contratado, de um escopo ao término do cumprimento das suas obrigações. O que a AP busca é obter uma utilidade definida. • De prestação continuada (art. 57, II): particular presta de maneira contínua algo que a AP precisa de maneira permanente. Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos relativos: I – aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório; II – à prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a administração, limitada a sessenta meses; Não se pode dizer que um é obra e outro é serviço (ex: serviço de limpeza pode ser objeto de contrato de escopo ou prestação continuada – se o objetivo for a lavagem da fachada, será de escopo; se for a limpeza do dia a dia, será continuado). O que importa na distinção é saber se o objetivo do contrato se resolve ou não com a entrega de algo concreto, específico. Não existe contrato Administração sem prazo. No de escopo o prazo é condição de eficiência do contratado, e no continuado é elemento definidor do próprio objeto. O contrato de execução continuada tem um prazo máximo de 60 meses, para que um particular não se perpetue no serviço. Esse prazo máximo só poderá ser transporto em condições excepcionais, por mais 12 meses, de forma motivada e mediante autorização da autoridade superior. Nos contratos continuados, atingido o prazo sem prorrogação, o contrato automaticamente extinto; no de escopo, o contrato só se extingue depois de alcançado o objetivo, não sendo o prazo um elemento integrante do objeto (o que não significa que o prazo não crie efeitos). Efeitos da prorrogação de prazo são diferentes em cada tipo de contrato. Se no continuado o prazo é elemento de dimensionamento do objeto, e se eu prorrogo o contrato, o valor modifica proporcionalmente; no contrato de escopo, o valor é pago pelo serviço, e não pelo prazo. Segue disso que a possibilidade de prorrogação nos contratos continuados traz embutida uma autorização de aumento do preço acima dos limites de 25%. Independente de prorrogar ou não, a AP pode acrescentar serviços, o que significa que nos contratos de duração a Administração pode aumentar, além do valor proporcional ao prazo, mais os 25%. Nos contratos de escopo, a prorrogação depende da demonstração da incidência de alguma das hipóteses do parágrafo 1º do art. 57: §1º: Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e de entrega ad mitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio econômico financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo: I – alteração do projeto ou especificações, pela Administração; II – superveniência de fato excepcional ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as condições de execução do contrato; III – interrupção da execução do contrato ou diminuição do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Administração; IV – aumento das quantidades inicialmente previstas no contrato, nos limites permitidos por esta Lei; V – impedimento de execução do contrato por fato ou ato de terceiro reconhecido pela Administração em documento contemporâneo à sua ocorrência; VI – omissão ou atraso de providências a cargo da Administração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis. Extinção do contrato: 1. Naturalmente, com o cumprimento do seu objeto Entrega do escopo ou advento do prazo (respectivamente contrato de escopo e de duração). Ocasiona a desobrigação das partes, a cessão da sujeição do particular às cláusulas exorbitantes, quitação plena das obrigações recíprocas e liberação das garantias apresentadas pelo particular. Obs.: não cessa, porém, a responsabilidade pela solidez da obra, que perdura por 5 anos. O termo de consumação se dará com o termo de recebimento definitivo (art. 73). 2. De forma patológica, em 4 casos: (I) rescisão unilateral (sempre por parte da AP) a) inexecução: particular não cumpriu o contrato b) falha do particular: atraso injustificado, gerar operação de transferência do contrato não autorizada pela AP, subcontratação não admitida, desatendimento da fiscalização, etc. (art. 78, I a XI). Consequências (culpa do contratado): assunção imediata do objeto do contrato pela AP, no estado em que estiver; execução das garantias do particular para fazer frente a marina indenizações e multas; retenção de créditos que o particular tivesse; aplicação das sanções do art. 87. c) interesse publico (art. 78, XII): razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato. Consequências (sem culpa do contratado): devolução das garantias; pagamento dos créditos que são devidos ao particular; condenação da AP em lucros cessantes. (II) rescisão bilateral a) caso fortuito/força maior b) supressão maior de 25% c) falta da adm (III) rescisão judicial (por iniciativa do particular) O particular obrigatoriamente deve recorrer ao judiciário para resceindir o contrato (IV) invalidação ou anulação a) judicial: mandado de segurança interposto por particular violado em seus interesses (preterido na licitação, proprietário do bem no qual a AP esteja executando uma obra sem ter feito desapropriação, etc.); ação ordinária de nulidade; ação civil pública (MP identifique no contrato vicio de ilegalidade); ação popular. b) administrativa: - reflexa: invalidação do processo licitatório - direta: vicio próprio do contrato, e não da licitação; há discussão sobre isso ser aceito ou não (alguns dizem que não caberia a Administração)