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AULA 7.pdf A´lgebra Linear I - Aula 7 1. Posic¸o˜es relativas e sistemas de equac¸o˜es. Roteiro 1 Sistemas de equac¸o˜es lineares (posic¸a˜o re- lativa de treˆs planos) Considere os planos de equac¸o˜es cartesianas pi1 : a1 x + b1 y + c1 z = d1, pi2 : a2 x + b2 y + c2 z = d2, pi3 : a3 x + b3 y + c3 z = d3, e o sistema linear de equac¸o˜es a1 x + b1 y + c2 z = d1, a2 x + b2 y + c2 z = d2, a3 x + b3 y + c3 z = d3. Os planos se intersectam se (e somente se) o sistema tem soluc¸a˜o. Se a soluc¸a˜o e´ u´nica enta˜o a intersec¸a˜o e´ um ponto, caso contra´rio sera´ uma reta ou um plano. As oito posic¸o˜es poss´ıveis dos planos pi1, pi2 e pi3 sa˜o as seguintes: a) os treˆs planos coincidem, b) dois planos coincidem e sa˜o paralelos a um terceiro, c) dois planos coincidem e intersectam ao terceiro ao longo de uma reta, d) os treˆs planos sa˜o paralelos entre si, e) dois planos sa˜o paralelos e o terceiro os intersecta ao longo de retas paralelas, 1 f) os treˆs planos teˆm uma reta em comum (intersec¸a˜o ao longo de uma reta), g) os planos se intersectam dois a dois ao longo de retas paralelas, h) os treˆs planos se intersectam em exatamente um ponto. Considere vetores normais aos planos n1, n2 e n3. Se n1 · (n2×n3) 6= 0 (vetores na˜o coplanares) enta˜o o sistema tem soluc¸a˜o u´nica, isto e´, os planos se intersectam em um ponto (esta afirmac¸a˜o se justifica usando escalonamento). Consideraremos agora as diferentes possibilidades que podem aparecer quando n1 · (n2 × n3) = 0. 1.1 Sistemas com soluc¸a˜o (os planos teˆm intersecc¸a˜o comum) Se n1 · (n2 × n3) = 0 os vetores sa˜o coplanares. Enta˜o teremos, por exemplo n1 = σ2 n2 + σ3 n3. Enta˜o necessariamente, para que o sistema tenha soluc¸a˜o deveremos ter d1 = σ2 d2 + σ3 d3. As possibilidades sa˜o: • Os planos teˆm intersec¸a˜o ao longo de uma reta (por exemplo, n2 e n3 na˜o paralelos, n1 = σ2n2 + σ3n3, e d1 = σ2d2 + σ3d3. • dois planos sa˜o iguais e o terceiro na˜o e´ paralelo. • os treˆs planos sa˜o iguais (n2 = σ2n1 e n3 = σ3n1, d2 = σ2d1 e d3 = σ3d1). 1.2 Sistemas sem soluc¸a˜o (os planos na˜o se intersec- tam) As possibilidades sa˜o as seguintes: • Treˆs planos paralelos diferentes, 2 • Dois planos paralelos (por exemplo pi1 e pi2) e o terceiro pi3 intersecta pi1 e pi2 de forma que r1 = pi1 ∩ pi3 e r2 = pi2 ∩ pi3 sa˜o retas paralelas. • Os planos se intersectam dois a dois ao longo de retas paralelas r1 = pi1 ∩ pi3, r2 = pi1 ∩ pi2, e r3 = pi2 ∩ pi3, e sa˜o retas paralelas. 1.3 Exemplos Exemplo I: Considere os planos pi1 : x + y + z = 1, pi2 : 2x + 2y + 2z = 2, pi3 : 5x + 5y + 5z = 5. Os treˆs planos sa˜o iguais (caso (a)) Exemplo II: Considere os planos pi1 : x + y + z = 1, pi2 : 2x + 2y + 2z = 2, pi3 : 3x + 3y + 3z = 1. Os dois primeiros planos sa˜o iguais e pi3 e´ paralelo a pi1 e pi2 (caso (b)). Exemplo III: Considere os planos pi1 : x + y + z = 1, pi2 : 2x + 2y + 2z = 2, pi3 : x + 2y + 3z = 1. Os dois primeiros planos sa˜o iguais e pi3 os intersecta ao longo de uma reta (caso (c)). Exemplo IV: Considere os planos pi1 : x + y + z = 1, pi2 : x + y + z = 2, pi3 : x + y + z = 3. Os treˆs planos sa˜o paralelos e diferentes (caso (d)). 3 Exemplo V: Considere os planos pi1 : x− 2y + 3z = 4, pi2 : 2x− 4y + 6z = 0, pi3 : x + y + z = 3. Os planos pi1 e pi2 sa˜o paralelos e diferentes e pi3 os intersecta ao longo de retas paralelas (caso (e)). Exemplo VI: Considere os planos pi1 : x + 2y − 3z = 4, pi2 : 2x + 3y + 4z = 5, pi3 : 4x + 7y − 2z = 13. Os planos pi1, pi2 e pi3 teˆm uma reta em comum (caso (f)). Exemplo VII: Considere os planos pi1 : x + 2y − 3z = 4, pi2 : 2x + 3y + 4z = 5, pi3 : 4x + 7y − 2z = 3. Os planos pi1, pi2 e pi3 se intersectam dois a dois ao longo de retas paralelas diferentes (caso (g)). 4 AULA 1.pdf A´lgebra Linear I - Aula 1 1. Resoluc¸a˜o de Sistemas Lineares. 2. Me´todos de substituic¸a˜o e escalonamento. 3. Coordenadas em R2 e R3. Roteiro 1 Resoluc¸a˜o de Sistemas Lineares Uma equac¸a˜o linear e´ uma equac¸a˜o onde todas as inco´gnitas (que denotare- mos por x1, x2, . . . , xn, ou simplesmente por x, y, z quando ha´ apenas treˆs ou menos inco´gnitas) que aparecem teˆm todas grau igual a um. Por exemplo: a1 x1 + a2 x2 + · · · + an xn = b e´ uma equac¸a˜o linear com n inco´gnitas. Por exemplo x2 + y = 5 e x y = 3 na˜o sa˜o equac¸o˜es lineares. Uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o anterior e´ qualquer conjunto ordenado (ℓ1, ℓ2, . . . , ℓn) de n nu´meros tal que a1 ℓ1 + a2 ℓ2 + · · · + an ℓn = b. Em geral (eliminando os casos triviais, quais?) uma equac¸a˜o linear tem sempre soluc¸a˜o. Por exemplo, se supomos que a1 6= 0 temos que (b/a1, 0, . . . , 0) e´ uma soluc¸a˜o da equac¸a˜o. Analogamente, se supomos que a2 6= 0 temos que (0, b/a2, 0, . . . , 0) tambe´m e´ uma soluc¸a˜o. Pore´m, em geral ha´ soluc¸o˜es mais complicadas. Por exemplo, se consideramos a equac¸a˜o x + y = 1 e´ simples verificar que as soluc¸o˜es sa˜o da forma (t, 1− t), onde t ∈ R. Usando o me´todo anterior, obteriamos (apenas) as soluc¸o˜es (1, 0) e (0, 1). 1 Um sistema linear de m equac¸o˜es com n inco´gnitas e´ um conjunto de m equac¸o˜es lineares com as mesmas n inco´gnitas x1, x2, . . . xn. Uma diferenc¸a importante entre os sistemas e as equac¸o˜es lineares e´ que (novamente elimi- nando os casos triviais) os primeiros nem sempre teˆm soluc¸a˜o. Por exemplo, as duas equac¸o˜es lineares x = 1 e x = 2 teˆm soluc¸a˜o. Pore´m o sistema linear de duas equac¸o˜es x = 1, x = 2 na˜o tem soluc¸a˜o. Ao longo do curso (e nesta aula) veremos casos mais inter- essantes de sistemas lineares sem soluc¸a˜o. O objetivo desta aula e´ relembrar como resolver sistemas lineares de forma simples. Existem dois tipos de sistemas lineares, os que na˜o admitem soluc¸a˜o (im- poss´ıveis) e os que admitem soluc¸a˜o. Estes u´ltimos se subdividem em deter- minados (a soluc¸a˜o e´ u´nica) e indeterminados (existem infinitas soluc¸o˜es). Vejamos alguns exemplos: • Imposs´ıvel: x + y = 1, x + y = 2. • Com soluc¸a˜o u´nica (determinado): x + y = 1, x− y = 1. • Com infinitas soluc¸o˜es (indeterminado): x + y = 1, 2x + 2y = 2. Mostraremos dois me´todos de resoluc¸a˜o de sistemas: me´todo de substi- tuic¸a˜o e de escalonamento ou de eliminac¸a˜o gaussiana. Observamos que no caso em que o sistema na˜o tem soluc¸a˜o estes me´todos fornecem esta in- formac¸a˜o. 1.1 Me´todo de substituic¸a˜o Neste me´todo isolamos uma das varia´veis e a escrevemos em func¸a˜o das outras. Exemplo 1. Resolva o sistema x + y = 2, x− y = 1. 2 Resposta: Da primeira equac¸a˜o temos, x = 2 − y. Substituindo o valor de x na segunda equac¸a˜o, 2 − y − y = 1, logo y = 1/2. Portanto, x = 3/2. Neste exemplo, temos um sistema (com soluc¸a˜o) determinado (u´nica). ¤ Lembre sempre de verificar que o resultado esta´ certo! Exemplo 2. Resolva o sistema linear de duas equac¸e˜s x + y = 2, 2x + 2y = 4. Resposta: Da primeira equac¸a˜o obtemos x = 2 − y. Substituindo o valor de x na segunda equac¸a˜o, 4 − 2y + 2y = 4, 4 = 4. Isto e´, a segunda equac¸a˜o na˜o impo˜e nenhuma condic¸a˜o nova (de fato, e´ obtida multiplicando a primeira por 2 (!)). As soluc¸o˜es do sistema sa˜o da forma x = 2 − y, (2 − y, y), onde y pode ser qualquer valor de R. Isto e´ as soluc¸o˜es do sistema de- terminam uma reta no plano R2. Logo o sistema admite infinitas soluc¸o˜es (indeterminado). Para verificar que a soluc¸a˜o esta´ correta substituimos nas equac¸o˜es: (2 − y) + y = 2, 2 = 2, 2(2 − y) + 2y = 4, 4 − 2y + 2y = 4, 4 = 4. A resoluc¸a˜o do exemplo agora esta´ completa. ¤ Exemplo 3. Resolva o sistema linear x + y = 2, x + y = 3. Resposta: Da primeira equac¸a˜o temos x = 2−y. Substituindo na segunda, 2 − y + y = 3, isto e´, 2 = 3(!), o que e´ absurdo. Portanto, o sistema na˜o admite soluc¸a˜o (imposs´ıvel). ¤ 3 Exemplo 4. Resolva o sistema linear x + y + z = 1, x− y = 2. Resposta: Da segunda equac¸a˜o, temos x = 2 + y, e substituindo na primeira, 2 + 2y + z = 1, z = −1 − 2y. Portanto, as soluc¸o˜es sa˜o da forma (2 + t, t,−1 − 2t), t ∈ R. Observe que estamos escolhendo y = t como paraˆmetro. Logo, para cada valor de t, obtemos uma soluc¸a˜o. As soluc¸o˜es formam uma reta. Verifiquemos que a resposta e´ correta: Substituindo nas equac¸o˜es: x + y + z = (2 + t) + t + (−1 − 2t) = 1, x− y = (2 + t) − t = 2. Observamos que poderiamos ter escolhido outra varia´vel como paraˆmetro. Por exemplo, escolhendo x como paraˆmetro, temos, x = t, y = x−2 = −2+t e z = 1 − x− y = 3 − 2t. Observe que na˜o e´ poss´ıvel escolher a varia´vel z como paraˆmetro (tente!, justifique!). ¤ Exemplo 5. Determine k para que o sistema o linear x + y = 1, 2x + 2y = k tenha soluc¸a˜o. Estude se em tal caso o sistema e´ determinado ou indetermi- nado. Resposta: Da primeira equac¸a˜o obtemos x = 1 − y. Substituindo na segunda, 2 − 2y + 2y = k, logo k = 2. O sistema tem infinitas soluc¸o˜es (indeterminado): todo ponto da forma (1 − t, t), t ∈ R e´ soluc¸a˜o. Verifique sua resposta. ¤ 4 1.2 Me´todo de escalonamento Este me´todo consiste em, dado um sistema linear, encontrar outro sistema linear equivalente (com as mesmas soluc¸o˜es) tal que no novo sistema na se- gunda equac¸a˜o aparec¸a (no mı´nimo) uma inco´gnita a menos que na primeira, e assim sucessivamente. Desta forma, isolaremos uma varia´vel e a partir desta, obteremos sucessivamente as outras. Por exemplo o sistemas x + y = 4, 2x + 3 y = 11 e x + y = 4, y = 3 sa˜o equivalentes (a u´nica soluc¸a˜o dos sistemas e´ x = 1 e y = 3, confira). Mas e´ muito mais simples resolver os segundo: ja´ conhecemos o valor de y. De fato, o segundo sistema ja´ esta´ em forma de escada. Vejamos o me´todo de escalonamento com um exemplo, considere o sis- tema x + y + z = 2, 2x− y + z = 5, x− 2y + 3z = 9. Em primeiro lugar, eliminaremos a varia´vel x das segunda e terceira equac¸o˜es. Para isto, efetuamos as seguintes operac¸o˜es: • substituimos a segunda equac¸a˜o pela segunda equac¸a˜o menos duas vezes a primeira equac¸a˜o, e • substituimos a terceira equac¸a˜o pela terceira equac¸a˜o menos a primeira. Assim obtemos, x + y + z = 2, −3 y − z = 1, −3y + 2z = 7. Este sistema linear e´ equivalente ao primeiro (isto e´, tem as mesmas soluc¸o˜es). Para eliminar a varia´vel y da terceira equac¸a˜o, consideraremos a terceira menos a segunda, obtendo x + y + z = 2, −3 y − z = 1, +3 z = 6. Portanto, z = 2. Da segunda equac¸a˜o, temos, y = −1 e finalmente x = 1. Portanto, o sistema tem soluc¸a˜o u´nica (determinado). Verifique que a soluc¸a˜o achada e´ correta. 5 Exemplo 6. Resolva o sistema linear de treˆs equac¸o˜es x + y + z = 0, 2x + y = 4, x− z = 4. Resposta: Eliminaremos a varia´vel x da segunda e da terceira equac¸o˜es. Para isto, subtrairemos da segunda equac¸a˜o duas vezes a primeira e da ter- ceira a primeira. Obtemos, x + y + z = 0, −y − 2z = 4, −y − 2z = 4. Vemos que as duas u´ltimas equac¸o˜es esta˜o repetidas. Podemos suprimir uma delas e obtemos o sistema de duas equac¸o˜es nas treˆs varia´veis x + y + z = 0, y + 2z = −4. Isto significa que no sistema inicial uma das equac¸o˜es na˜o fornece informac¸a˜o alguma: a terceira equac¸a˜o e´ a segunda equac¸a˜o menos a primeira. Neste ponto ja´ na˜o e´ poss´ıvel fazer mais eliminac¸o˜es. Escolhemos z como paraˆmetro e escrevemos as outras varia´veis em func¸a˜o de z = t ∈ R. Temos, y = −4 − 2 t, x = −y − z = 4 + 2 t− t = 4 + t. Logo, a soluc¸a˜o e´ da forma: (4 + t,−4 − 2 t, t), t ∈ R. Portanto, o sistema e´ indeterminado (existem infinitas soluc¸o˜es). ¤ Exemplo 7. Resolva o sistema linear, x + y + z = 1, x− y − z = 2, 3x + y + z = 10. Resposta: Eliminaremos x da segunda e da terceira equac¸o˜es (segunda menos primeira e terceira menos treˆs vezes a primeira). Obtemos, x + y + z = 1, −2y − 2z = 1, −2y − 2z = 7. Ao eliminar y da terceira equac¸a˜o temos, 0 = 6, o que e´ imposs´ıvel, logo o sistema e´ imposs´ıvel e por isso na˜o admite soluc¸a˜o. ¤ 6 X Y k m (m, k) x = m y = k Figure 1: Retas paralelas aos eixos X X X YY Y Z ZZ m m m y = mz = m Figure 2: Planos paralelos aos eixos 2 Coordenadas em R2 e R3 Em primeiro lugar lembramos o significado geome´trico das equac¸o˜es x = k, y = k (em R2 e R3) e z = k (em R3). Equac¸o˜es das retas e planos paralelos aos planos e os eixos coordenados. Exemplo 8. Seja P um paralelep´ıpedo com faces paralelas aos planos coorde- nados. Sabendo que A = (1, 1, 1) e B = (3, 4, 5) sa˜o dois ve´rtices determine os outros 6. Resposta: (1, 1, 5), (1, 4, 1), (1, 4, 5), (3, 4, 1), (3, 1, 1) e (3, 1, 5). ¤ 7 AULA 2.pdf A´lgebra Linear I - Aula 2 1. Vetores. 2. Distaˆncias. 3. Mo´dulo de um vetor. Roteiro 1 Vetores Nesta sec¸a˜o lembraremos brevemente os vetores e suas operac¸o˜es ba´sicas. Definic¸a˜o de vetor v¯. Vetor v¯ determinado por dois pontos A e B (extre- mos inicial e final) vetor AB. Exemplos: Escreva os vetores determinados pelos pontos A = (1, 1, 1) e B = (2, 3, 4), e C = (2, 3, 5) e D = (3, 5, 8). Interprete. 1.1 Operac¸o˜es com vetores Considere os vetores u = (u1, u2, u3) e v = (v1, v2, v3), e o nu´mero real λ. • soma (lei do paralelogramo): u + v = (u1 + v1, u2 + v2, u3 + v3), • subtrac¸a˜o ou diferenc¸a (lei do paralelogramo): u − v = (u1 − v1, u2 − v2, u3 − v3), • multiplicac¸a˜o pelo escalar λ ∈ R: λu = (λu1, λ u2, λ u3), • vetor nulo: 0¯ = (0, 0, 0), • produto escalar (ou produto interno): u · v = u1 v1 + u2 v2 + u3 v3 (o resultado e´ um nu´mero real!). Vetores paralelos. 1 u¯ u¯ u¯u¯ v¯ v¯v¯ v¯ u¯ + v¯ v¯ − u¯−u¯ u¯− v¯ −v¯ Figura 1: Lei do paralelogramo Exemplo 1. Considere o paralelogramo que tem como ve´rtices os pontos A = (a1, a2, a3), B = (b1, b2, b3) e C = (c1, c2, c3). Sabendo que AB e AC sa˜o lados do paralelogramo. determinemos o quarto ve´rtice D do paralelogramo. Estude as possibilidades que aparecem quando AB e AC na˜o sa˜o simultaneamente lados do paralelogramo. A A A A B B B B C C C C D D D AB AD AC Figura 2: Os paralelogramos de veˆrtices A, B, C e D Resposta: Seja X = (x1, x2, x3) o quarto ve´rtice do paralelogramo. Pela lei do paralelogramo, sabemos que: AB + AC = AX. 2 Logo, (b1 + c1 − 2 a1, b2 + c2 − 2 a2, b3 + c3 − 2 a3) = (x1 − a1, x2 − a2, x3 − a3). Portanto, como os dois vetores sa˜o iguais as coordenadas devem coincidir: x1 = b1 + c1 − a1, x2 = b2 + c2 − a2, x3 = b3 + c3 − a3. Concluimos assim o exemplo. ¤ Exerc´ıcio 1. Encontre as coordenadas do vetor v¯ de extremos inicial A = (4, 6, 1) e final B = (1, 2, 3). Exerc´ıcio 2. Considere o vetor v¯ = (1, 2, 3). Sabendo que seu extremo inicial e´ (1, 2, 3) determine seu extremo final. Exerc´ıcio 3. Considere os vetores u = (−3, 1, 2), v = (4, 0, 8) e w = (6,−1,−4). Seja r um vetor tal que 2u − v + r = 2r + w. Determine r. Estude se existe um vetor k tal que 2u− v + k = k + w. 2 Distaˆncias 2.1 Distaˆncia entre dois pontos A distaˆncia entre dois pontos A e B, denotada por d(A,B), e´ o comprimento do segmento de extremos A e B. Calcularemos a distaˆncia entre dois pontos usando o teorema de Pita´goras. Distaˆncia entre dois pontos em R2: dados dois pontos, A = (a, b) e B = (c, d) a distaˆncia entre eles e´ d(A,B) = √ (c− a)2 + (d− b)2. Para obter esta fo´rmula considere o triaˆngulo retaˆngulo ∆ de ve´rtices A, B e C = (c, b). A hipotenusa do triaˆngulo retaˆngulo ∆ e´ exatamente o segmento AB (cujo comprimento queremos calcular). Os catetos de ∆ sa˜o os segmentos AC e CB paralelos aos eixos coordenados e cujos comprimentos sa˜o conhecidos. Agora e´ so´ aplicar o teorema de Pita´goras. Veja a figura. 3 A=(a,b,c) a a b b c c d A B 0 Figura 3: Distaˆncias Distaˆncia entre dois pontos em R3: Dados dois pontos, A = (a, b, c) e B = (d, e, f), a distaˆncia entre eles e´ d(A,B) = √ (d− a)2 + (e− b)2 + (f − c)2. Esta fo´rmula e´ obtida como no caso anterior mas e´ necessa´rio considerar dois passos. Considere o ponto auxiliar C = (d, e, c). Os pontos A e C esta˜o no mesmo plano z = c. Portanto, podemos calcular a distaˆncia entre A e C, nesse plano, usando o item precedente: d(A,C) = √ (d− a)2 + (e− b)2. Veja agora que os ve´rtices A, B e C determinam um novo trinˆgulo retaˆngulo Υ cuja hipotenusa e´ o segemento AB e cujos catetos sa˜o os segmentos AC (cujo comprimento acabamos de calcular) e BC. Mas o comprimento do cateto BC e´ trivialmente |f − c|. Agora e´ so´ aplicar novamente o teorema de Pita´goras. Veja a figura 5. Exemplo 2. A circunfereˆncia de raio r e centro P = (a, b) (conjunto dos pontos de R2 a distaˆncia r de P ) e´ o conjunto de pontos X = (x, y) tais que d(X,P ) = r, √ (x− a)2 + (y − b)2 = r. A superf´ıcie esfe´rica de raio r e centro P (conjunto dos pontos de R3 a distaˆncia r de P = (a, b, c)) e´ o conjunto de pontos X = (x, y, z) tais que d(X,P ) = r, √ (x− a)2 + (y − b)2 + (z − c)2 = r. 4 Exemplo 3 (Lugares geome´tricos). Lugar geome´trico L dos pontos equidis- tantes de A = (a, 0, 0) e B = (−a, 0, 0), isto e´, o conjunto dos pontos X de R 3 tais que d(XA) = d(X,B)). d d d d X A A B B L L Figura 4: Lugar geome´trico Por definic¸a˜o, um ponto X = (x, y, z) que pertence a L deve verificar, d(X,A) = d(X,B), onde d representa a distaˆncia. Como a distaˆncia e´ um nu´mero na˜o negativo, isto e´ equivalente a d(X,A)2 = d(X,B)2, (x−a)2+y2+z2 = (x+a)2+y2+z2, 4ax = 0, x = 0. Ou seja, o lugar geome´trico procurado esta´ formado pelos pontos em um plano coordenado (qual?). Fac¸a como exerc´ıcio o caso geral A = (a1, a2, a3) e B = (b1, b2, b3). Exemplo 4. Determine o ponto do eixo Y equidistante de A = (3,−2, 4) e B = (−2, 6, 5). Resposta: Os pontos X que procuramos sa˜o da forma X = (0, y, 0) (pois esta˜o no eixo Y) e devem verificar: d(X,A) = d(X,B), 9 + (y + 2)2 + 16 = 4 + (y − 6)2 + 25, y = 9/4. Deˆ agora um exemplo de dois pontos de R2 tais que na˜o existam pontos do eixo Y que lhes sejam equidistantes. (Resposta: A = (5, 0) e B = (7, 0), justifique). ¤ 5 3 Mo´dulo ou norma de um vetor A norma ou mo´dulo do vetor u¯ = (u1, u2, u3) de R 3 e´ ||u¯|| = √ u2 1 + u2 2 + u2 3 . Geometricamente a fo´rmula significa que o mo´dulo do vetor u¯ e´ o compri- mento do segmento OU , onde O e´ a origem e U e´ o ponto de R3 de coorde- nadas (u1, u2, u3). O mo´dulo de um vetor do plano R2 e´ definido de forma ana´loga e tem o mesmo significado geome´trico. Observe que se verifica a seguinte relac¸a˜o entre mo´dulo e produto escalar: ||u¯||2 = u¯ · u¯. Temos as seguintes propriedades do mo´dulo de um vetor: • ||u|| = 0 se, e somente se, u = 0, • Desigualdade triangular : ||u + v|| ≤ ||u||+ ||v||. A interpretac¸a˜o geome´trica da desigualdade e´ a seguinte: dado um triaˆngulo a soma dos comprimentos de dois lados do mesmo e´ maior que o comprimento do terceiro lado), • λ ∈ R, ||λ v|| = |λ| ||v||. As provas da primeira e da terceira propriedades sa˜o simples e ficam como exerc´ıcio. Vejamos a desigualdade triangular no caso (simplificado) u¯ = (u1, 0) e v¯ = (v1, v2). Observe que quadrando ambos os membros, a desigualdade triangular e´ equivalente a (||u + v||)2 = (u + v) · (u + v) ≤ (||u||+ ||v||)2 = ||u||2 + ||v||2 + 2 ||u|| ||v||. Desenvolvendo o primeiro membro da desigualdade temos: (u + v) · (u + v) = u · u + 2 u · v + v · v = ||u||2 + ||v||2 + 2 u · v. 6 Desenvolvendo o segundo membro: (||u||+ ||v||)2 = ||u||2 + ||v||2 + 2 ||u|| ||v||. Portanto, a desigualdade triangular e´ equivalente a: ||u||2 + ||v||2 + 2 u · v ≤ ||u||2 + ||v||2 + 2 ||u|| ||v||, ou seja, u · v ≤ ||u|| ||v||. Usando que u = (u1, 0) e v = (v1, v2), temos que a desigualdade triangular e´ equivalente a u1 v1 ≤ √ u2 1 √ v2 1 + v2 2 . Mas esta desigualdade e´ sempre verdadeira pois √ u2 1 ≥ |u1| e √ v2 1 + v2 2 ≥ |v1|. Na˜o faremos a prova da desigualdade triangular no caso geral, apenas jus- tificaremos a simplificac¸a˜o com uma figura e um breve comenta´rio. Considere os pontos U = (u1, u2), V = (v1, v2) e a origem O = (0, 0) que determinam um triaˆngulo ∆. Queremos provar que o comprimento do lado UV e´ menor que a soma dos comprimentos dos lados OU e OV (este e´ exatamente o signi- ficado da desigualdade triangular). Para ver isto e´ suficiente girar o triaˆngulo ∆ obtendo um novo triaˆngulo ∆′ de ve´rtices O, U ′ e V ′ cujos lados teˆm os mesmos comprimentos e de forma que o lado OU ′ agora e´ paralelo ao eixo X, isto e´, o vetor u e´ da forma (u1, 0) e estamos no caso provado anteriormente. Observe que ||u¯ + v¯|| = ||u¯||+ ||v¯|| se, e somente se, v¯ = k u¯ onde k e´ um nu´mero real positivo. Em vista dos comenta´rios anteriores e como u1 v1 ≤ |u1| |v1| a igualdade se tem quando √ u2 1 = |u1| e √ v2 1 + v2 2 = |v1| (ou seja v2 = 0) e u1 v1 = |u1| |v1|, (ou seja u1 e v1 teˆm o mesmo sinal). 7 U V ∆ U ′ V ′ ∆′ Figura 5: Desigualdade triangular 3.1 Vetores unita´rios Um vetor v¯ e´ unita´rio quando seu mo´dulo e´ igual a 1. A cada vetor u¯ na˜o nulo associamos o vetor 1 ||u|| u¯ que, por definic¸a˜o tem mo´dulo 1, e tem a mesma direc¸a˜o e sentido que o vetor u¯. Exemplo 5. Vetores unita´rios na circunfereˆncia trigonome´trica de R2: sa˜o os vetores da forma (cos t, sin t) onde t ∈ [0, 2pi]. De fato, em R2 todos os vetores unita´rios sa˜o da forma (cos t, sin t). 8 u¯ v¯ u¯ ||u¯|| v¯ ||v¯|| x2 + y2 = 1 Figura 6: Vetores unita´rios associados (no plano) cos θ sin θ r = 1 θ Figura 7: Vetores unita´rios na circunfereˆncia trigonome´trica 9 AULA 3.pdf A´lgebra Linear I - Aula 3 1. Produto escalar. Aˆngulos. 2. Desigualdade triangular. 3. Projec¸a˜o ortogonal de vetores. Roteiro 1 Produto escalar Considere dois vetores u¯ = (u1, u2, u3) e v¯ = (v1, v2, v3) de R 3. O produto escalar de u e v e´ definido da seguinte forma: u¯ · v¯ = u1 v1 + u2 v2 + u3 v3. A definic¸a˜o para o produto escalar de dois vetores do plano R2 e´ similar, se u¯ = (u1, u2) e v¯ = (v1, v2) enta˜o u¯ · v¯ = u1 v1 + u2 v2. As principais propriedades do produto escalar (todas de simples verificac¸a˜o) sa˜o as seguintes: • comutativa: u¯ · v¯ = v¯ · u¯, • distributiva: (u¯ + w¯) · v¯ = u¯ · v¯ + w¯ · v¯, • λ ∈ R, (λ u¯) · v¯ = λ (u¯ · v¯). • u¯ · u¯ = 0 se, e somente se, u¯ = 0¯. Observe que, como ja´ referido, se verifica a seguinte propriedade do mo´dulo de um vetor: ||u¯||2 = u¯ · u¯. 1 1.1 Produto escalar e aˆngulos Dizemos que dois vetores u¯ e v¯ (na˜o nulos) sa˜o ortogonais se verificam u¯ · v¯ = 0. Veremos a seguir que a noc¸a˜o de vetores ortogonais corresponde a noc¸a˜o de perpendicularidade. Por simplicidade, veremos esta propriedade no plano R 2. Suponha que u¯ = (u1, u2) e v¯ = (v1, v2). Considere os pontos A = (u1, u2) e B = (v1, v2). Propriedade 1.1. Os vetores u¯ e v¯ sa˜o ortogonais (u¯ · v¯ = 0) se, e somente se, o triaˆngulo de ve´rtices 0 (a origem), A e B e´ retaˆngulo. (Veja a figura). A B v¯ u¯ Figura 1: Ortogonalidade Prova: Observamos, em primeiro lugar que, pelo teorema de de Pita´goras, o triaˆngulo OAB e´ retaˆngulo se, e somente se, d(A,B)2 = d(0, A)2 + d(0, B)2. (1) Observe que d(A,B) = ||u¯− v¯||, d(0, A) = ||u¯||, d(0, B) = ||v¯|| e que se verificam as igualdades ||u¯− v¯||2 = (u¯− v¯) · (u¯− v¯), ||u¯||2 = u¯ · u¯, ||v¯||2 = v¯ · v¯, 2 A igualdade (1) e´ equivalente a: (u¯− v¯) · (u¯− v¯) = u¯ · u¯ + v¯ · v¯. Usando as propriedades do produto escalar e simplificando, obtemos, 2 (u¯ · v¯) = 0. Ou seja, o triaˆngulo e´ retaˆngulo se, e somente se, u¯ · v¯ = 0, como queremos provar. ¤ A seguir veremos uma fo´rmula que relaciona produto escalar e aˆngulos e que imediatamente implica a Propriedade 1.1. Propriedade 1.2. O produto escalar dos vetores u¯ e v¯ tambe´m e´ dado pela fo´rmula u¯ · v¯ = |u¯| |v¯| cos α, onde α e´ o aˆngulo formado por u¯ e v¯, com 0 ≤ α ≤ pi. Em particular, o aˆngulo α entre dois vetores e´ dado pela fo´rmula cos α = u¯ · v¯ |u¯||v¯| . Prova: Provaremos a afirmac¸a˜o para vetores do plano. Suponhamos pri- meiro que os vetores sa˜o unita´rios. Como os vetores sa˜o unita´rios (veja a Aula 2) temos que u¯ = (cos φ, sin φ), v¯ = (cos θ, sin θ), para certos aˆngulos φ e θ. Logo, pela fo´rmula do coseno da soma de dois aˆngulos, u¯ · v¯ = cos φ cos θ + sin φ sin θ = cos(φ− θ) = cos α. O que termina o caso em que os vetores sa˜o unita´rios. No caso geral, escrevemos u¯ = |u¯| e¯ e v¯ = |v¯| f¯ , onde e¯ e f¯ sa˜o vetores unita´rios paralelos a u¯ e v¯. 3 θ φ v¯ u¯ Figura 2: Produto escalar e¯f¯ v¯ u¯ Figura 3: Produto escalar (continuac¸a˜o) Aplicando as propriedades do produto escalar, u¯ · v¯ = (|u¯| e¯) · (|v¯| f¯) = (|u¯| |v¯|) (e¯ · f¯). Agora e´ suficiente observar que, pela primeira parte, e¯·f¯ e´ o coseno do aˆngulo entre e¯ e f¯ que e´ igual ao aˆngulo entre u¯ e v¯. Os argumentos acima fornecem o seguinte: o aˆngulo α entre dois vetores e´ dado pela fo´rmula cos α = u¯ · v¯ |u¯||v¯| . (2) Isto termina a prova da propriedade. ¤ Observac¸a˜o 1. A fo´rmula em (2) implica que se u¯ · v¯ = 0 enta˜o os vetores sa˜o ortogonais: |u¯| |v¯| cos θ = 0, onde θ e´ o aˆngulo formado por u¯ e v¯, logo, como |u¯| 6= 0 6= |v¯|, cos θ = 0, e, portanto, θ = pi/2. 4 Exemplo 1. Considere os vetores u¯ = (1, k) e v¯ = (2, 1). Determine k para que os vetores sejam ortogonais e para que formem um aˆngulo de pi/4. Resposta: Para que os vetores sejam ortogonais devemos ter a relac¸a˜o u¯ · v¯ = 0 = 2 + k = 0, logo k = −2. Para que os vetores formem um aˆngulo de pi/4 devemos ter a relac¸a˜o u¯ · v¯ = 2 + k = √ 5 √ 1 + k2 ( √ 2/2). Agora e´ suficiente resolver a equac¸a˜o de segundo grau: 4 + k2 + 4 k = 5 (1 + k2) 1 2 = 0, 3 k2 − 2 k − 3 = 0. Ou seja, k = 2±√4 + 36 6 = 2± 2√10 6 = 1±√10 3 . Tente justifivar geometricamente porqueˆ neste caso temos duas soluc¸o˜es para k e no caso precedente (vetores ortogonais) apenas uma soluc¸a˜o. ¤ Exemplo 2. Calcule o aˆngulo entre a diagonal de um cubo e suas arestas. d¯ k k k X Y Z Figura 4: Cubo com vetor diagonal Resposta: Consideraremos o cubo com arestas paralelas aos eixos coorde- nados. Sejam a origem (0, 0, 0) e os pontos (k, 0, 0), (0, k, 0) e (0, 0, k) quatro ve´rtices do cubo (veja a figura). Considere agora o vetor diagonal, isto e´, 5 o vetor d¯ obtido considerando a origem e o ve´rtice oposto (k, k, k). Enta˜o, o aˆngulo θ entre o vetor diagonal e a aresta (por exemplo) ux = (k, 0, 0) e´ obtido como segue: d¯ · u¯x = (k, k, k) · (k, 0, 0) = |d¯| · |u¯x| cos θ, k2 = √ 3 k2 k cos θ, Logo, cos θ = 1/ √ 3, e θ = arccos(1/ √ 3), onde escolhemos a determinac¸a˜o do arccos em (0, pi). Os aˆngulos com as outras arestas sa˜o iguais. Observe que o aˆngulo obtido e´ sempre independente da escolha de k ¤ 2 A desigualdade triangular (novamente) Usando as fo´rmulas do produto escalar podemos obter novamente a a desi- gualdade triangular: Propriedade 2.1 (Desigualdade triangular). Dados dois vetores u¯ e v¯ se verifica ||u¯ + v¯|| ≤ ||u¯|+ ||v¯||. Ale´m disto a igualdade ‖u¯ + v¯‖ = ‖u¯‖ + ‖v¯‖ se verifica, e somente se, u¯ = λ v¯ ou v¯ = λ u¯ para algum nu´mero real λ (isto e´, se os vetores sa˜o paralelos). Prova: Observe que e´ suficiente provar (‖u¯ + v¯‖)2 ≤ (‖u¯‖+ ‖v¯‖)2. Temos as igualdades (‖u¯ + v¯‖)2 = (u¯ + v¯) · (u¯ + v¯) = ‖u¯‖2 + 2 u¯ · v¯ + ‖v¯‖2, (‖u¯‖+ ‖v¯‖)2 = ‖u¯‖2 + 2 ‖u¯‖ ‖v¯‖+ ‖v¯‖2. Portanto, para provar a desigualdade e´ suficiente observar que u¯ · v¯ = ‖u¯‖ ‖v¯‖ cos α ≤ ‖u¯‖ ‖v¯‖, onde α e´ o aˆngulo entre os vetores. Para ver a segunda parte da propriedade, observe que se verifica ‖u¯ + v¯‖ = ‖u¯‖+ ‖v¯‖ 6 se, e somente se, u¯ · v¯ = ‖u¯‖ ‖v¯‖ cos α = ‖u¯‖ ‖v¯‖, ou seja, α = 0. Logo u¯ = λ v¯ para λ ≥ 0. ¤ Exerc´ıcio 1. Mostre a identidade: ‖u¯ + v¯‖2 + ‖u¯− v¯‖2 = 2 (‖u¯‖2 + ‖v¯‖2). Resposta: E´ suficiente observar que: ‖u¯ + v¯‖2 = (u¯ + v¯) · (u¯ + v¯) = ‖u¯‖2 + ‖v¯‖2 + 2 u¯ · v¯, ‖u¯− v¯‖2 = (u¯− v¯) · (u¯− v¯) = ‖u¯‖2 + ‖v¯‖2 − 2 u¯ · v¯. Somando as duas expresso˜es obtemos, ‖u¯ + v¯‖2 + ‖u¯− v¯‖2 = 2 ‖u¯‖2 + 2 ‖v¯‖2, obtendo o resultado pedido. ¤ 3 Projec¸a˜o ortogonal em um vetor Dado um vetor na˜o nulo u¯, a projec¸a˜o ortogonal do vetor v¯ no vetor u¯ e´ um novo vetor (paralelo ao vetor v¯) definido como: piu¯(v¯) = ( u¯ · v¯ u¯ · u¯ ) u¯. Interpretac¸a˜o geome´trica da projec¸a˜o ortogonal: o vetor piu¯(v¯) e´ a compo- nente vetorial do vetor v¯ na direc¸a˜o u¯. Dito de outra forma, o vetor v¯ e´ a soma da sua projec¸a˜o ortogunal no vetor u¯ e um vetor ortogonal a u¯ (veja a figura e o comenta´rio a seguir). Propriedade 3.1. O vetor (v¯ − piu¯(v¯)) e´ ortogonal a u¯. Prova: Para comprovar a propriedade e´ suficiente calcular o produto escalar u¯ · (v¯ − piu¯(v¯)) e ver que e´ nulo: u¯ · (v¯ − piu¯(v¯)) = u¯ · v¯ − u¯ · v¯ u¯ · u¯ u¯ · u¯ = u¯ · v¯ − u¯ · v¯ = 0. Assim a propriedade esta´ provada. ¤ 7 v¯ v¯ u¯ u¯ piu¯(v¯) piu¯(v¯) Figura 5: Projec¸a˜o ortogonal Exemplo 3. Estude se e´ poss´ıvel ter dois vetores diferentes e na˜o nulos u¯ e v¯ tais que piu¯(v¯) = piv¯(u¯). Resposta: Observe em primeiro lugar que se os vetores sa˜o ortogonais, isto e´, u¯ · v¯ = 0, enta˜o piu¯(v¯) = piv¯(u¯) = 0¯, e a resposta e´ afirmativa. Vejamos agora que acontece quando os vetores na˜o sa˜o ortogonais. Neste caso a resposta e´ negativa. Em primeiro lugar, os vetores devem ser paralelos (justifique!). Logo v¯ = λ u¯ para algum λ. Portanto, usando as fo´rmulas das projec¸o˜es, temos, piu¯(v¯) = u¯ · v¯ u¯ · u¯ u¯ = λ ‖u‖2 ‖u‖2 u¯ = λ u¯ = v¯. Analogamente, piv¯(u¯) = u¯ · v¯ v¯ · v¯ v¯ = λ ‖u‖2 λ2‖u‖2 λ u¯ = u¯. Logo a u´nica possibilidade e´ u¯ = v¯, logo a resposta e´ negativa. Resumindo, piu¯(v¯) = piv¯(u¯) se e somente u¯ · v¯ = 0 ou u¯ = v¯. ¤ 8 AULA 4.pdf A´lgebra Linear I - Aula 4 1. Determinantes (revisa˜o). 2. Significado geome´trico. 3. Ca´lculo de determinantes. 4. Produto vetorial. 5. Aplicac¸o˜es do produto vetorial. Roteiro 1 Determinantes (revisa˜o ra´pida) 1.1 Ca´lculo de determinantes Em primeiro lugar, lembramos como calcular determinantes 2 × 2 e 3 × 3 e introduziremos uma notac¸a˜o para o determinante. Determinantes 2 × 2: ∣∣∣∣ a bc d ∣∣∣∣ = ad − bc. Determinantes 3 × 3:∣∣∣∣∣∣ a b c d e f g h i ∣∣∣∣∣∣ = a ∣∣∣∣ e fh i ∣∣∣∣ − b ∣∣∣∣ d fg i ∣∣∣∣ + c ∣∣∣∣ d eg h ∣∣∣∣ . Neste caso, dizemos que desenvolvemos o determinante pela primeira linha. E´ poss´ıvel desenvolver o determinante usando outras linhas (ou colunas), obtendo o mesmo resultado. O desenvolvimento pela segunda linha fornece: ∣∣∣∣∣∣ a b c d e f g h i ∣∣∣∣∣∣ = −d ∣∣∣∣ b ch i ∣∣∣∣ + e ∣∣∣∣ a cg i ∣∣∣∣ − f ∣∣∣∣ a bg h ∣∣∣∣ . 1 Finalmente, o desenvolvimento pela terceira linha e´:∣∣∣∣∣∣ a b c d e f g h i ∣∣∣∣∣∣ = g ∣∣∣∣ b ce f ∣∣∣∣ − h ∣∣∣∣ a cd f ∣∣∣∣ + i ∣∣∣∣ a bd e ∣∣∣∣ . De forma mais geral, consideramos o determinante∣∣∣∣∣∣ a11 a12 a13 a21 a22 a23 a31 a32 a33 ∣∣∣∣∣∣ e denotamos por Aij o determinante 2 × 2 onde eliminamos a i-e´sima linha e a j-e´sima coluna. Por exemplo, A13 = ∣∣∣∣∣∣ a21 a22a31 a32 ∣∣∣∣∣∣ . Temos que o desenvolvimento do determinante pela i-e´sima linha e´∣∣∣∣∣∣ a11 a12 a13 a21 a22 a23 a31 a32 a33 ∣∣∣∣∣∣ = (−1) i+1ai1 Ai1 + (−1)i+2ai2 Ai2 + (−1)i+3ai3 Ai3. De forma similar, o desenvolvimento do determinante pela i-e´sima coluna e´∣∣∣∣∣∣ a11 a12 a13 a21 a22 a23 a31 a32 a33 ∣∣∣∣∣∣ = (−1) 1+ia1i A1i + (−1)2+ia2i A2i + (−1)3+ia3i A3i. Obviamente, a melhor estrate´gia e´ desenvolver o determinante por uma linha ou coluna com “muitos” zeros. Notac¸a˜o: Considere os vetores de R3 u = (u1, u2, u3), v = (v1, v2, v3) e w = (w1, w2, w3). Usaremos a seguinte notac¸a˜o: det(u, v, w) representa o determinante que tem por linhas as coordenadas dos vetores u, v e w:∣∣∣∣∣∣ u1 u2 u3 v1 v2 v3 w1 w2 w3 ∣∣∣∣∣∣ . 2 1.2 Propriedades dos determinantes Os determinantes verificam as seguintes propriedades (que formularemos para determinantes 3 × 3): • Dado qualquer nu´mero real σ, det(u, σu, w) = 0 = det(u, v, σu) (um determinante com uma linha proporcional a outra e´ nulo). • det(u, v, w) = − det(v, u, w) = − det(w, v, u) (ao permutar duas linhas de um determinante este muda o sinal). • det(u + u′, v, w) = det(u, v, w) + det(u′, v, w). • Dado qualquer nu´mero real σ se verifica, det(σu, v, w) = det(u, σv, w) = det(u, v, σw) = σ det(u, v, w). Exerc´ıcio 1. Verifique as propriedades acima para determinantes 2 × 2. As propriedades anteriores tambe´m podem ser formuladas usando colunas em vez de linhas (verifique no caso 2 × 2). 1.3 Exemplos de ca´lculo de determinantes A seguir calcularemos alguns determinantes usando as propriedades dos de- terminantes da sec¸a˜o precedente (operac¸o˜es com linhas e/ou colunas). Exemplo 1. Verifique que ∣∣∣∣∣∣ 1 1 1 a b c a2 b2 c2 ∣∣∣∣∣∣ = (b − a) (c − a)(c − b). Restando da segunda coluna a primera e da terceira a primeira obtemos que ∣∣∣∣∣∣ 1 1 1 a b c a2 b2 c2 ∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣∣ 1 0 0 a b − a c − a a2 b2 − a2 c2 − a2 ∣∣∣∣∣∣ . 3 Agora, desenvolvendo pela primeira linha, temos: ∣∣∣∣∣∣ 1 1 1 a b c a2 b2 c2 ∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣ b − a c − ab2 − a2 c2 − a2 ∣∣∣∣ = ∣∣∣∣ b − a c − a(b − a) (b + a) (c − a) (c + a) ∣∣∣∣ . Como (b − a) e (c − a) multiplicam a primeira e a segunda coluna temos ∣∣∣∣∣∣ 1 1 1 a b c a2 b2 c2 ∣∣∣∣∣∣ = (b − a) (c − a) ∣∣∣∣ 1 1(b + a) (c + a) ∣∣∣∣ = = (b − a) (c − a) ∣∣∣∣ 1 0(b + a) (c − b) ∣∣∣∣ . Na u´ltima operac¸a˜o consideramos a segunda coluna menos a primeira. Agora e´ suficiente desenvolver o determinante pela primeira linha. Exemplo 2. Calcule o determinante ∣∣∣∣∣∣ 3333 3333 3333 6666 6667 6668 9999 1000 1002 ∣∣∣∣∣∣ . Consideramos as seguintes operac¸o˜es com as linhas: segunda menos 2 vezes a primeira, e terceira menos 3 vezes a primeira: ∣∣∣∣∣∣ 3333 3333 3333 6666 6667 6668 9999 1000 1002 ∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣∣∣ 3333 3333 3333 0 1 2 0 1 3 ∣∣∣∣∣∣ . Portanto, ∣∣∣∣∣∣ 3333 3333 3333 6666 6667 6668 9999 1000 1002 ∣∣∣∣∣∣ = 3333 ∣∣∣∣∣∣ 1 1 1 0 1 2 0 1 3 ∣∣∣∣∣∣ . Desenvolvendo o u´ltimo determinante pela primeira coluna obtemos ∣∣∣∣∣∣ 1 1 1 0 1 2 0 1 3 ∣∣∣∣∣∣ = ∣∣∣∣ 1 21 3 ∣∣∣∣ = 3 − 2 = 1 4 Portanto, ∣∣∣∣∣∣ 3333 3333 3333 6666 6667 6668 9999 1000 1002 ∣∣∣∣∣∣ = 3333. Exemplo 3. Sem calcular diretamente verifique que ∣∣∣∣∣∣ sin α cos α sin(α + δ) sin β cos β sin(β + δ) sin γ cos γ sin(γ + δ) ∣∣∣∣∣∣ = 0 Observe que sin(α + δ) = sin α cos δ + sin δ cos α. Portanto, ∣∣∣∣∣∣ sin α cos α sin α cos δ + sin δ cos α sin β cos β sin β cos δ + sin δ cos β sin γ cos γ sin γ cos δ + sin δ cos γ ∣∣∣∣∣∣ . Pelas propriedades dos determinantes, este na˜o muda se restamos da terceira coluna (cos δ) vezes a primeira coluna mais (sin δ) vezes a segunda coluna. Mas este resultado fornece uma coluna (a terceira) formada exclusivamente por zeros. Desenvolvendo por esta coluna obtemos o resultado. 2 Interpretac¸a˜o geome´trica dos determinan- tes 2 × 2: A´rea de um paralelogramo. Significado geome´trico do determinante: O valor absoluto do determi- nante ∣∣∣∣ a bc d ∣∣∣∣ = |ad − bc|. e´ igual a a´rea do paralelogramo P que tem por ve´rtices a origem e os pontos A = (a, b) e B = (c, d). Observe que a a´rea do paralelogramo anterior e´ independente da escolha do quarto ve´rtice. Veja figura. Escolheremos o quarto ve´rtice C do paralelo- gramo P da forma C = (a + c, b + d). 5 A AA BBB C 00 0 Figura 1: Paralelogramos com ve´rtices 0, A e B Estrate´gia: Para obter o resultado transformaremos o paralelogramo P em um paralelogramo da mesma a´rea com lados paralelos aos eixos coordena- dos e tendo a origem como ve´rtice. Portanto, calcular a a´rea deste novo paralelogramo e´ muito simples!. AA B C B′ B′ B′ C ′ C ′ Aˆ Cˆ′ Figura 2: Significado geome´trico do determinante Passo 1: A a´rea de P e´ igual a` a´rea de qualquer paralelogramo P ′ com ve´rtices 0, A e B′ e C ′, onde B′ e C ′ esta˜o na reta r determinada pelos pontos B e C (veja a figura). A afirmac¸a˜o decorre da fo´rmula a´rea de P , a´rea(P ) = (b)ase × (h)altura, todos estes paralelogramos teˆm a mesma base b (o segmento 0A) e a mesma 6 altura h: h = |0B| sin θ, onde θ e´ o aˆngulo formado pelos segmentos 0A e 0B. Veja a figura. Dos paralelogramos acima, escolheremos o que tem o ve´rtice B′ no eixo Y. Para determinar B′ devemos calcular as coordenadas da intersec¸a˜o da reta r contendo a B e C e o eixo Y. A equac¸a˜o parame´trica da reta r acima e´ r : (c + ta, d + tb), t ∈ R. A reta r intersecta o eixo Y quando t = −c/a. Logo o ponto de intersec¸a˜o da reta r e o eixo Y e´ B′ = (0, d − (cb)/a). Passo 2: A a´rea de P ′ e´ igual a` a´rea de qualquer paralelogramo Pˆ com ve´rtices 0, Aˆ e B′ e Cˆ ′, onde Aˆ e Cˆ ′ esta˜o na reta s determianda pelos pontos A e C ′ (veja a figura). Observe que s reta s e´ paralela ao eixo Y e sua equac¸a˜o parame´trica e´ s : (a, d + t), t ∈ R. Escolhemos Aˆ como o ponto de intersecao de s com o eixo X, ou seja Aˆ = (a, 0). Passo 3: O retaˆngulo Pˆ tem como ve´rtices os pontos (0, 0), B′ = (0, d − (cb)/a) e Aˆ = (a, 0). Portanto, sua a´rea e´ a (d − (cb)/a) = ad − cb, que e´ exatamente o determinante procurado. 3 Produto vetorial Definic¸a˜o: Dados vetores u¯ = (u1, u2, u3) e v¯ = (v1, v2, v3) de R 3 definimos o produto vetorial u¯ × v¯ como o vetor u¯ × v¯ = ∣∣∣∣∣∣ i j k u1 u2 u3 v1 v2 v3 ∣∣∣∣∣∣ = (∣∣∣∣ u2 u3v2 v3 ∣∣∣∣ ,− ∣∣∣∣ u1 u3v1 v3 ∣∣∣∣ , ∣∣∣∣ u1 u2v1 v2 ∣∣∣∣ ) , onde i = (1, 0, 0), j = (0, 1, 0) e k = (0, 0, 1). 7 3.1 Propriedades do produto vetorial • O vetor u¯ × v¯ e´ ortogonal aos vetores u¯ e v¯, isto e´, u¯ · (u¯ × v¯) = v¯ · (u¯ × v¯) = 0. Para provar a afirmac¸a˜o e´ suficiente interpretar u¯ · (u¯ × v¯) como um determinante com duas linhas iguais. Veja que u¯ · (u¯ × v¯) = (u1, u2, u3) · (∣∣∣∣ u2 u3v2 v3 ∣∣∣∣ ,− ∣∣∣∣ u1 u3v1 v3 ∣∣∣∣ , ∣∣∣∣ u1 u2v1 v2 ∣∣∣∣ ) = = u1 ∣∣∣∣ u2 u3v2 v3 ∣∣∣∣ − u2 ∣∣∣∣ u1 u3v1 v3 ∣∣∣∣ + u3 ∣∣∣∣ u1 u2v1 v2 ∣∣∣∣ = = ∣∣∣∣∣∣ u1 u2 u3 u1 u2 u3 v1 v2 v3 ∣∣∣∣∣∣ = 0. • u¯× v¯ = −v¯ × u¯ (a troca da ordem de duas linhas de um determinante muda o sinal). • u¯× u¯ = 0 (um determinante de uma matriz com duas linhas iguais vale zero). • (u¯ + u¯′) × v¯ = (u¯ × v¯) + (u¯′ × v¯), • (σu¯) × v¯ = σ(u¯ × v¯), para todo σ ∈ R. • u¯ × v¯ = 0 se, e somente se, os vetores u¯ e v¯ sa˜o paralelos (v¯ = σu¯). Tambe´m temos as seguintes propriedades: • O mo´dulo do produto vetorial u¯× v¯ e´ a a´rea de um paralelogramo de lados u¯ e v¯, (lembre o significado geome´trico de um determinante dois por dois como a´rea de um paralelogramo). • O mo´dulo do produto vetorial verifica a fo´rmula: ||u¯ × v¯|| = ||u¯|| ||v¯|| sen α, onde α e´ o aˆngulo entre os vetores u¯ e v¯. 8 • Orientac¸a˜o do vetor u¯× v¯: o sentido de u¯× v¯ pode ser determinado usando a regra da ma˜o direita, se θ e´ o aˆngulo formado pelos vetores u¯ e v¯, e u¯ e´ girado um aˆngulo ate´ coincidir com v¯, se os dedos da ma˜o direita se fecharem no sentido desta rotac¸a˜o enta˜o o polegar aponta no sentido de u¯ × v¯. Dito de outra forma, primeiro colocamos o canto da ma˜o coincidindo com o primeiro vetor com a parte que corresponde ao dedo polegar sobre a origem do vetor. Depois fazemos girar a ma˜o ate´ coincidir con o vetor v¯ (usando o caminho mais curto), deste jeito, o polegar apontara no sentido do vetor u¯ × v¯. Exemplo 4. Verificam-se as igualdades i× j = k, i× k = −j, j× k = i. Observac¸a˜o 1. Na˜o e´ va´lida, em geral, a fo´rmula u¯ × (v¯ × w¯) = (u¯ × v¯) × w¯. Por exemplo, i× (j× j) = 0 pois j× j = 0). Pore´m (i× j) × j = k× j = −i. Portanto, a expressa˜o u¯× v¯× w¯ na˜o tem sentido: sa˜o necessa´rios pareˆnteses para saber quais sa˜o os produtos vetorias que devemos calcular. 4 Aplicac¸o˜es do produto vetorial 4.1 Ca´lculo da a´rea de um paralelogramo Exemplo 5. Determine a a´rea do paralelogramo de ve´rtices (0, 0, 0), (1, 2, 3) e (2, 1, 1). Resposta: A a´rea e´ igual ao mo´dulo do produto vetorial dos vetores (1, 2, 3) e (2, 1, 1). Temos que (1, 2, 3) × (2, 1, 1) = ∣∣∣∣∣∣ i j k 1 2 3 2 1 1 ∣∣∣∣∣∣ = (−1, 5,−3). 9 Verifiqe que este vetor e´ ortogonal aos vetores (1, 2, 3) e (2, 1, 1). Temos ‖(−1, 5, 3)‖ = √ 1+52 + 32 = √ 35. Portanto, a a´rea e´ √ 35. ¤ Questa˜o 1. O quarto ve´rtice do paralelogramo do exemplo anterior esta´ determinado? Quantas possibilidades existem? (um desenho ajuda, veja os desenhos do significado geome´trico do determinante). Exemplo 6. Considere um paralelogramo P cujos ve´rtices sa˜o a origem, o ponto A = (1, 2, 3) e um terceiro ve´rtice C na reta (t, t, t). Determine C de forma que o paralelogramo P tenha a´rea 1. Resposta: Para cada t, sejam Ct = (t, t, t) e Pt um paralelogramo com ve´rtices (0, 0, 0), (1, 2, 3) e (t, t, t). A a´rea de Pt e´ |t| √ 6 (justifique). Logo o ponto procurado e´ (por exemplo) C = (1/ √ 6, 1/ √ 6, 1/ √ 6). Existem outras possibilidades? Em caso Caso afirmativo determine os diferentes casos. ¤ 4.2 Ca´lculo de vetores ortogonais a dois vetores dados u e v Observe que dados dois vetores u¯ e v¯ para determinar um vetor ortogonal aos dois vetores e´ suficiente calcular u¯ × v¯. Exemplo 7. Determine um vetor ortogonal a u¯ = (1, 2, 3) e v¯ = (2, 1, 1). Resposta: Por exemplo, o vetor u¯ × v¯ = (−1, 5,−3) (verifique, usando o produto escalar, a ortogonalidade). ¤ 10 AULA 5.pdf A´lgebra Linear I - Aula 5 1. Produto misto. 2. Equac¸a˜o parame´trica da reta. 3. Retas paralelas e reversas. 4. Equac¸a˜o parame´trica do plano. 5. Ortogonalizade. Roteiro 1 Produto Misto Dados treˆs vetores de R3 u¯ = (u1, u2, u3), v¯ = (v1, v2, v3) e w¯ = (w1, w2, w3) definimos o produto misto u¯ · (v¯ × w¯) como u¯ · (v¯ × w¯) = ∣∣∣∣∣∣ u1 u2 u3 v1 v2 v3 w1 w2 w3 ∣∣∣∣∣∣ . Observe que a expressa˜o (u¯ · v¯)×w na˜o faz sentido: na˜o e´ poss´ıvel calcular o produto vetorial de um nu´mero (u¯ · v¯) por um vetor. 1.1 Significado geome´trico do produto misto Propriedade 1.1 (Volume e produto misto). O valor absoluto |u¯ · (v¯ × w¯)| e´ o volume do paralelep´ıpedo de arestas u¯, v¯ e w¯. 1 u¯ v¯ w¯ h n¯ Figura 1: Produto misto Prova: Para provar a propriedade considere o vetor n¯ = v¯ × w¯. Suponha que a base do paralelep´ıpedo conte´m os vetores v¯ e w¯. A a´rea A da base e´ A = |n¯| (esta afirmac¸a˜o segue do significado geome´trico do produto vetorial). Enta˜o, a altura h do paralelep´ıpedo e´ |u¯| cos α, onde α e´ o aˆngulo formado por n¯ e u¯. Portanto, o volume do paralelep´ıpedo e´ base por altura, isto e´, Ah = |n¯||u¯| cos α = |u¯ · n¯| = |u¯ · v¯ × w¯|. Obtemos assim a propriedade. ¤ 1.2 Propriedades do produto misto Enumeraremos as principais propriedades do produto misto. Estas proprie- dades decorrem das propriedades dos determinantes. • u¯ ·(u¯× v¯) = 0 = u¯ ·(v¯× u¯), pois u¯× v¯ = n¯ e´ ortogonal a u¯, logo u¯ · n¯ = 0 (v. tambe´m pode interpretar como um determinante com duas linhas iguais). • O produto misto verifica as seguines relac¸o˜es (correspondentes a trocar a ordem de colunas em um determinante): u¯ · (v¯× w¯) = −u¯ · (w¯× v¯) = w¯ · (u¯× v¯) = w¯ · (v¯ × u¯), etc. 2 • u¯ · (w¯ × w¯) = 0 = w¯ · (u¯× w¯). Exemplo 1. Sabendo que u¯ · (v¯ × w¯) = 2 determine v¯ · (u¯× w¯), w¯ · (u¯× v¯), u¯ · (w¯ × v¯). Observe que v¯ · (u¯× w¯) = −u¯ · (v¯ × w¯) = −2. Tambe´m w¯ · (u¯× v¯) = −u¯ · (w¯ × v¯) = u¯ · (v¯ × w¯) = 2. 2 Equac¸a˜o parame´trica da reta A Equac¸a˜o vetorial da reta reta r que conte´m um ponto P = (p1, p2, p3) e e´ paralela ao vetor v¯ = (v1, v2, v3) (o vetor diretor da reta) e´ X = P + tv¯, A equac¸a˜o parame´trica da reta r e´: x = p1 + tv1, y = p2 + tv2, z = p3 + tv3, t ∈ R. P 0 OP X OX v¯ tv¯ Figura 2: Reta Existem diversas formas de determinar uma reta: 3 • reta r que conte´m dois pontos, P = (p1, p2, p3) e Q = (q1, q2, q3): o vetor diretor da reta e´ PQ = (q1 − p1, q2 − p2, q3 − p3) e sua equac¸a˜o vetorial e´ X = P + tPQ, • reta r que conte´m um ponto P e e´ paralela a v¯: X = P + tv¯. Mais tarde veremos retas obtidas como intersec¸o˜es de dois planos (equac¸o˜es cartesianas). Exemplo 2. Determine a intersec¸a˜o da reta r que conte´m os pontos A = (0, 0, 1) e B = (1, 0, 0) com a superf´ıcie z = x2 + y2. Deˆ tambe´m um exemplo de uma reta s que na˜o intersecte a` superf´ıcie anterior. Resposta: O vetor diretor da reta e´ o vetor AB = (1, 0,−1), e um ponto da reta e´ (1, 0, 0). Logo a equac¸a˜o parame´trica de r e´ (1 + t, 0,−t), t ∈ R. Devemos encontrar o paraˆmetro t tal que −t = (1 + t)2 + 02, t2 + 3t + 1 = 0, t = (−3± √ 5)/2. Logo os pontos de intersec¸a˜o sa˜o: ((−1 + √ 5)/2, 0, (3− √ 5)/2) e ((−1− √ 5)/2, 0(3 + √ 5)/2)) Verifique que as respostas esta˜o certas. Um exemplo de uma reta que na˜o intersecta a` superf´ıcie e´ obtido como segue. Escolha o ponto (0, 0,−1). Veja que este ponto esta´ abaixo da su- perf´ıcie (fac¸a um desenho e confira). Considere agora a reta s de vetor diretor (a, b, c) que conte´m ao ponto (0, 0,−1): s : (at, bt,−1 + ct), t ∈ R. Calculemos (ou tentemos calcular) o ponto de intersec¸a˜o de s e a superf´ıcie. Observe que na˜o ter intersec¸a˜o corresponde a uma equac¸a˜o sem soluc¸a˜o (real). Devemos resolver: ct− 1 = a2t2 + b2t2, t = 1± √ c2 − 4(a2 + b2) 2 4 Portanto, e´ suficiente escolher a2 + b2 > c2/4 (radicando negativo). Ou seja √ a2 + b2 > |c|/2 ou √ a2 + b2 < −|c|/2. Finalmente, verifiquemos que qualquer reta que conte´m um ponto da forma (0, 0, k), k ≥ 0, intersecta a superf´ıcie. Repetimos os argumentos anteriores e obtemos o seguinte. Agora a reta s e´ da forma (at, bt, k + ct), para calcular as intersec¸o˜es devemos resolver: c t + k = (a2 + b2) t2, t = c± √ c2 + 4k(a2 + b2) 2(a2 + b2) . Como o radicando e´ sempre na˜o negativo esta equac¸a˜o tem sempre soluc¸a˜o real. ¤ 2.1 Intersec¸a˜o de duas retas. Paralelismo Para calcular a intersec¸a˜o de duas retas r e r′, digamos r : X = P + tv¯, r′ : X = Q + su¯, (equac¸o˜es vetoriais), devemos ver se o sistema P + tv¯ = Q + su¯ tem soluc¸a˜o, onde s e t sa˜o as inco´gnitas. Se P = (p1, p2, p3), Q = (q1, q2, q3), v¯ = (v1, v2, v3), e u¯ = (u1, u2, u3), o sistema e´ p1 − q1 = s u1 − t v1, p2 − q2 = s u2 − t v2, p3 − q3 = s u3 − t v3, onde s e t sa˜o as inco´gnitas. Se o sistema tem soluc¸a˜o os pontos de intersec¸a˜o se obteˆm substituindo t ou s nas equac¸o˜es. Temos a seguinte interpretac¸a˜o geome´trica do resultado: • o sistema na˜o tem soluc¸a˜o: as retas na˜o se intersectam, • o sistema tem soluc¸a˜o: – soluc¸a˜o u´nica: intersec¸a˜o um ponto, 5 – infinitas soluc¸o˜es: retas iguais. Observac¸a˜o 1. Temos a seguinte interpretac¸a˜o f´ısica. Seja M o ponto de intersec¸a˜o das duas retas (supondo que o ponto exista) e suponha que o sis- tema acima tem soluc¸a˜o t = t0 e s = s0. Considere agora um corpo C saindo do ponto P e se movimentando com velocidade v¯. O corpo chegara´ ao ponto M em t0 segundos. Analogamente, se v. considera um corpo K saindo do ponto Q e se movimentando com velocidade u¯, o corpo K chegara´ ao ponto M em s0 segundos. Em geral, t0 e s0 sa˜o diferentes e os corpos na˜o colidem no ponto M . Temos que as trajetorias dos pontos (duas retas) se intersectam mas na˜o ha´ colisa˜o. Observe que se v. resolve o sistema P + tv¯ = Q + tu¯ (isto e´, v. considera o mesmo paraˆmetro para as duas retas!) o que esta´ determinando na˜o e´ se os corpos C e K passam pelo ponto M (isto e´ as retas se intersectam) mas se os corpos passam no mesmo instante pelo ponto M , e portanto ha´ uma colisa˜o. Exemplo 3. • r1 = (1 + t, 2 + t, 3 + t), t ∈ R e r2 = (1 − t, 1 + 2t, 5 − t), t ∈ R (as retas na˜o se intersectam) • r1 = (3 + t, 4 + t, 3 + t), t ∈ R e r2 = (3− t, 4− 2t, 3), t ∈ R (intersec¸a˜o em um ponto, no ponto (3, 4, 3), • r1 = (1 + t, 2 + t, 3 + t), t ∈ R e r2 = (1 − t, 1 + 2t, 1 + 5t), t ∈ R, (intersec¸a˜o em um ponto, no ponto (2/3, 5/3, 8/3), • r1 = (1+ t, 2+ t, 3+ t), t ∈ R e r2 = (6+2t, 7+2t, 8+2t), t ∈ R (retas iguais). 2.2 Retas paralelas e reversas Duas retas r1 e r2 sa˜o paralelas se seus vetores diretores sa˜o paralelos, isto e´, u¯ = σ v¯, onde u¯ e v¯ sa˜o os vetores diretores das retas. Observe que dadas duas retas paralelas r1 e r2 ha´ duas possibilidades: ou sa˜o iguais ou sa˜o disjuntas. Em outras palavras, duas retas paralelas que se intersetam sa˜o iguais. Verifique. Duas retas sa˜o reversas se na˜o sa˜o paralelas e na˜o se intersectam. 6 3 Equac¸a˜o parame´trica do plano A equac¸a˜o vetorial do plano pi que conte´m um ponto P = (p1, p2, p3) e e´ paralelo aos vetores v¯ = (v1, v2, v3) e w¯ = (w1, w2, w3) e´ dada por: X = P + t v¯ + s w¯, t, s ∈ R. Os vetores v¯ e w¯ sa˜o vetores diretores ou paralelos ao plano pi. Observe que um plano pode ter muitos vetores diretores na˜o paralelos entre si. Por exemplo, o plano cartesiano z = 0 tem como vetores diretores (1, 0, 0) e (0, 1, 0), e (1, 2, 0), e tambe´m (178, 159, 0). 0 X v¯ tv¯ su¯ u¯ su¯ + tv¯ Figura 3: Plano A equac¸a˜o parame´trica do plano pi acima e´ x = p1 + t v1 + s w1, y = p2 + t v2 + s w2, z = p3 + t v3 + s w3, t, s ∈ R. Observe que ha´ dois paraˆmetros t e s. Veremos a seguir algumas formas de determinar um plano (alguns exemplos): • plano que conte´m treˆs pontos na˜o colineares, P = (p1, p2, p3), Q = (q1, q2, q3), e R = (r1, r2, r3): dois vetores paralelos ou diretores do plano sa˜o PQ e PR. O fato dos pontos na˜o serem colineares garante que os vetores na˜o sa˜o paralelos. A equac¸a˜o vetorial e´: X = P + t PQ + s PR, t, s ∈ R, 7 • plano que conte´m um ponto P e a reta r : Q + tv¯ (que na˜o conte´m P ): dois vetores diretores ou paralelos do plano sa˜o PQ e v¯, a equac¸a˜o vetorial e´ X = P + tPQ + s v¯, t, s ∈ R, • plano que conte´m dois pontos P e R e e´ paralelo a` reta r : Q + tv¯ (que na˜o conte´m P nem R): os vetores paralelos do plano sa˜o PR e v¯, e temos X = P + t PR + s v¯, t, s ∈ R, Note que pode na˜o existir tal plano (porqueˆ?, deˆ um exemplo dessa situac¸a˜o), assim devemos verificar se Q satisfaz a equac¸a˜o obtida. • plano determinado por duas retas paralelas diferentes r : Q + t v¯ e r′ : P + t v¯: os vetores diretores do plano sa˜o PQ e v¯, e a equac¸a˜o vetorial ou parame´trica e´ X = P + t PQ + s v¯, t, s ∈ R, • plano determinado por duas retas r : Q+t v¯ e r′ : P +t w¯ e na˜o paralelas com intersec¸a˜o na˜o vazia: os vetores paralelos do plano sa˜o v¯ e w¯, e a equac¸a˜o e´ X = P + t w¯ + s v¯ = Q + t w¯ + s v¯, t, s ∈ R. Exerc´ıcio 1. Ilustre com exemplos todas as situac¸o˜es descritas acima. 3.1 Intersec¸a˜o de planos. Paralelismo Para calcular a intersec¸a˜o de dois planos procedemos exatamente como no caso das retas. Neste caso teremos um sistema de treˆs equac¸o˜es (correspon- dentes a`s coordenadas x, y e z) e quatro inco´gnitas (os paraˆmetros s e t do primeiro plano, e α e β do segundo). Sistemas sem soluc¸a˜o correspondem a planos que na˜o se intersectam. Dizemos que dois planos pi e ρ sa˜o paralelos se sa˜o iguais ou na˜o se inter- sectam. Temos os seguintes casos para a intersec¸a˜o de dois planos: • planos paralelos (iguais ou distintos) e • planos cuja intersec¸a˜o e´ uma reta. 8 Exerc´ıcio 2. Usando o me´todo de escalonamento veja que se dois planos se intersectam em um ponto, enta˜o existem infinitas intersec¸o˜es (uma reta ou o pro´prio plano, quando os dois planos sa˜o iguais). pi pi ρ ρ r Figura 4: Intersec¸o˜es de planos Exemplo 4. Determinar a intersec¸a˜o do plano pi que conte´m os pontos (1, 2, 3), (2, 3, 1) e (3, 2, 1), e o eixo X. Resposta: Dois vetores diretores de pi sa˜o, por exemplo, (1, 1,−2) e (1,−1, 0). Logo uma equac¸a˜o parame´trica de pi e´ (1 + t + s, 2 + t− s, 3− 2t), t, s ∈ R. A equac¸a˜o parame´trica do exio X e´ (m, 0, 0), m ∈ R. Logo para calcular a intersec¸a˜o devemos resolver m = 1 + t + s, 0 = 2 + t− s, 0 = 3− 2t. Ou seja, t = 3/2, s = 7/2 e m = 6. Logo o ponto e´ (6, 0, 0). ¤ 4 Ortogonalidade Duas retas sa˜o ortogonais quando se intersectam e seus vetores diretores sa˜o perpendiculares (ou seja, seu produto escalar igual a zero) Exemplo 5. As retas (1 + t, 2 + t, 1− t) e (2 + t, 3 + t, 2t) sa˜o ortogonais. Uma reta e´ ortogonal a um plano quando seu vetor diretor e´ ortogonal a qualquer vetor paralelo ao plano (mais tarde voltaremos a esta questa˜o, depois de introduzir equac¸o˜es cartesianas). 9 AULA 6.pdf A´lgebra Linear I - Aula 6 1. Equac¸a˜o cartesiana do plano. 2. Equac¸a˜o cartesiana da reta. 3. Posic¸o˜es relativas: de duas retas, de uma reta e um plano, de dois planos. Roteiro 1 Equac¸a˜o cartesiana do plano A equac¸a˜o cartesiana do plano pi e´ da forma pi : a x + b y + c z = d. O vetor n¯ = (a, b, c) e´ um vetor normal do plano. Propriedade 1.1. O vetor normal n do plano e´ ortogonal a qualquer vetor diretor ou paralelo do plano pi. Prova: De fato, afirmamos que dados dois pontos quaisquer do plano P = (p1, p2, p3) e Q = (q1, q2, q3) se verifica n¯ · P¯Q = 0. Observe que como os pontos pertencem ao plano pi, a p1 + b p2 + c p3 = d, a q1 + b q2 + c q3 = d, e considerando a segunda equac¸a˜o menos a primeira obtemos a (q1 − p1) + b (q2 − p2) + c (q3 − p3) = d− d = 0, mas a u´ltima expressa˜o e´ extamamente o produto escalar n¯ · P¯Q. Agora e´ suficiente observar que qualquer vetor paralelo ao plano pi e´ da forma PQ, onde P e Q sa˜o pontos do plano. ¤ 1 1.1 Equac¸o˜es cartesianas e parame´tricas A seguir veremos as relac¸o˜es entre as equac¸o˜es cartesiana e parame´trica de um plano, e como passar de uma equac¸a˜o a` outra. Veremos primeiro como passar de cartesianas a parame´tricas. Para isso devemos determinar dois vetores diretores do plano pi e um ponto do plano. Para isso e´ suficiente determinar treˆs pontos do plano: por exemplo, assu- mindo que a, b e c sa˜o na˜o nulos, obtemos treˆs pontos do plano: A = (d/a, 0, 0), B = (0, d/b, 0), C = (0, 0, d/c). Agora ja´ conhecemos um ponto e dois vetores paralelos do plano, dados suficientes para determinar uma equac¸a˜o parame´trica do plano. Exemplo 1. Calcule a equac¸a˜o parame´trica do plano x + 2y + z = 1. Resposta: Temos que treˆs pontos do plano sa˜o: (1, 0, 0), (0, 0, 1) e (0, 1,−1). Logo dois vetores paralelos ao plano sa˜o: (1, 0,−1) e (1,−1, 1). Portanto, uma equac¸a˜o parame´trica e´: x = 1 + t + s, y = −s, z = −t + s, t, s ∈ R. Obviamente, ha´ outras (muitas) possibilidades de equac¸o˜es parame´tricas. Por exemplo, (2,−1, 0) e (0, 1,−2) sa˜o vetores paralelos do plano (pois sa˜o ortogonais ao vetor normal) e o ponto (0, 1, 1) pertence ao plano, assim x = 2 t, y = −t + s, z = 1− 2s, t, s ∈ R. V. pode encontrar outras equac¸o˜es. ¤ Para passar da equac¸a˜o parame´trica a` equac¸a˜o cartesiana ha´ duas possi- bilidades: • consideramos dois vetores v e w paralelos ao plano v e w. Obtemos o vetor normal do plano como n = v × w. Como ja´ conhecemos um ponto, a equac¸a˜o cartesiana esta´ determinada. • O me´todo de eliminac¸a˜o dos para´metros s e t que ilustramos a seguir com um exemplo. Exemplo 2 (Eliminac¸a˜o de paraˆmetros). Dado o plano pi de equac¸o˜es pa- rame´tricas x = 1− s, y = 1− t, z = t− 2s, Calcule sua equac¸a˜o cartesiana. 2 Resposta: Observe que da equac¸a˜o parame´trica obtemos dois vetores paralelos ao plano v¯ = (−1, 0,−2) e w¯ = (0,−1, 1) e um ponto dele P = (1, 1, 0). Obtemos s = 1− x, t = 1− y. Substituindo na terceira equac¸a˜o obtemos: 2x− y − z = 1. Verifique que (2,−1, 1) e´ ortogonal aos vetores paralelos do plano v¯ = (−1, 0,−2) e w¯ = ((0,−1, 1). Usando a equac¸a˜o parame´trica do plano escolha treˆs pontos de pi na˜o colineares e verifique que satisfazem a equac¸a˜o cartesiana. ¤ Exemplo 3 (Equac¸a˜o cartesiana e produto vetorial). Determine a equac¸a˜o cartesiana do plano paralelo aos vetores u = (1, 2, 3) e v = (2, 1, 1) que conte´m o ponto A = (1, 2, 3). Resposta: Sabemos que um vetor normal do plano e´ u× v = (−1, 5,−3). Logo a equac¸a˜o cartesiana e´ da forma x− 5y + 3z = d. Determinamos o valor de d pelo ponto A = (1, 2, 3): 1− 10 + 9 = d, d = 0. Assim temos sua equac¸a˜o cartesiana: x− 5y + 3z = 0. Note que isto implica que o plano conte´m a origem. ¤ 3 2 Equac¸a˜o cartesiana da reta Para obter a equac¸a˜o da cartesiana da reta r a escrevemos como intersec¸a˜o de dois planos na˜o paralelos pi e ρ, onde os planos esta˜o escritos em equac¸o˜es cartesianas: r : a x + b y + c z = d, a′ x + b′ y + c′ z = d′. Para passar de equac¸o˜es cartesianas a equac¸o˜es parame´tricas o mais sim- ples e´ resolver o sistema escolhendo uma varia´vel como paraˆmetro. Exemplo 4. Calcule a equac¸a˜o parame´trica da reta r de equac¸o˜es cartesianas x− y + z = 0 e 2 x− y + 2 z = 1. Resposta: Escalonando, obtemos o sistema, x− y + z = 0, y = 1. Logo, z = 1− x. Escolhendo x como paraˆmetro, a equac¸a˜o de r e´ (t, 1, 1− t), t ∈ R. Verifiquemos que o resultado esta´ certo: e´ suficiente ver que este verifica as equac¸o˜es dos planos. Por exemplo, substituindo no primeiro: t− 1 + (1− t) = 0. Verifique que o vetor diretor da reta e´ ortogonal aos vetores normais dos planos. ¤ Observac¸a˜o 1. Por construc¸a˜o, o vetor diretor da reta e´ perpendicular aos dois vetores normais dos planos pi : a x + b y + c z = d, q ρ : a′ x + b′ y + c′ z = d′. Portanto, um vetor diretor da reta e´ n = (a, b, c)× (a′, b′, c′). Observac¸a˜o 2. Nem sempre e´ poss´ıvel escolher qualquer varia´vel como paraˆmetro. Por exemplo, no exemplo anterior na˜o e´ poss´ıvel escolher y como paraˆmetro. Veja tambe´m que na reta de equac¸o˜es cartesianas x − y = 2 e z = 2 na˜o e´ poss´ıvel escolher z como paraˆmetro. Outra forma de calcular a equac¸a˜o parame´trica da reta e´ determinar dois pontos A e B da reta (isto e´, encontrar duas soluc¸o˜es do sistema). Assim temos o vetor diretor AB e um ponto A. 4 3 Posic¸o˜es relativas 3.1 Posic¸a˜o relativa de duas retas Quanto posic¸a˜o relativa, duas retas r : P + t v e e s : Q + t w podem ser: • paralelas (se v = σw, σ ∈ R); – iguais (se Q ∈ r); – disjuntas (se Q 6∈ r); • reversas: as retas na˜o sa˜o paralelas e na˜o se intersectam (isto e´, v e w na˜o sa˜o paralelos e PQ · (v × w) 6= 0); • concorrentes: se intersectam em um ponto (se v e w na˜o sa˜o paralelos e PQ · (v × w) = 0). Exemplo 5. • As retas r : (1 + t, 2 t, t) e s : (5 + 2 t, 4 t, 2 t + 2) sa˜o paralelas e na˜o disjuntas. • As retas r : (1 + t, 2 t, t) e s : (t, 1, 2 t + 2) sa˜o reversas (escolha P = (1, 0, 0), Q = (0, 1, 2) v = (1, 2, 1) e w = (1, 0, 2) e veja que PQ · (v × w) = (−1, 1, 2) · ((1, 2, 1)× (1, 0, 2)) = = (−1, 1, 2) · (4,−1,−2) = −4− 1− 4 = −9 6= 0. 3.2 Posic¸a˜o relativa de reta e plano Quanto posic¸a˜o relativa, uma reta r : P + tv e o plano e pi : ax + by + cz = d podem ser: • paralelos (se v · n = 0, onde n = (a, b, c),) – r contida em pi (se P ∈ pi) – disjuntos (se P 6∈ pi) • intersec¸a˜o em um ponto (n · v 6= 0). Exemplo 6. A reta (1 + t, t, 2 t) e´ paralela ao plano pi : x + y − z = 1 e o ponto (1, 0, 0) pertence ao plano, logo a reta esta´ contida no plano. A reta (t, t, t) intersecta pi em um ponto (no ponto (1, 1, 1)). 5 3.3 Posic¸a˜o relativa de dois planos Quano posic¸a˜o relativa, dois planos pi : ax + by + cz = d e ρ : a′x + b′y + c′z = d′ podem ser: • paralelos (se n = σn′, onde σ 6= 0, n = (a, b, c) e n′ = (a′, b′, c′)) – iguais (se n = σn′ e d = σd′) – disjuntos (se n = σn′ e d 6= σd′) • se intersectam ao longo de uma reta (se n e n′ na˜o sa˜o paralelos). Exemplo 7. Planos • paralelos e diferentes: pi : x + y + z = 1 e ρ : 3x + 3y + 3z = 1, • iguais: pi : x + y + z = 1 e ρ : 3x + 3y + 3z = 3, • se intersectando ao longo de uma reta: pi : x+y+z = 1 e ρ : x+2y+3z = 1. 6