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Filosofia do Direito (parte 1) - UNIFESO.pdf 1 FILOSOFIA DO DIREITO Prof. Leonardo Barbosa 1 EMENTA � O discurso filosófico: o advento da filosofia na cultura grega; retórica e argumentação. � Filosofia e ética: teorias éticas e ética aplicada. � Filosofia e Política: liberdade e igualdade. � As concepções de justiça no pensamento antigo e moderno. � A superação do jusnaturalismo pelos positivismos jurídicos e pela codificação do Direito. � A superação do positivismo nos domínios teórico e decisivo: a tridimensionalidade do direito e a ponderação entre princípios. 2 OBJETIVOS GERAIS � Promover uma iniciação ao estudo de filosofia, ambientando o aluno no discurso filosófico identificado com a capacidade argumentativa de confrontar problemas; � Fornecer um instrumental teórico para que o aluno possa ter um contato mais crítico e reflexivo com as disciplinas profissionalizantes e com as linhas de pesquisa do curso; � Refletir acerca de alguns dos tópicos mais importantes da filosofia moderna, destacando temas polêmicos no campo da ética e da política. 3 AVALIAÇÃO Média final = AV 1 + AV 2 2 �Avaliação I (AV 1) – conjunto de atividades avaliativas realizadas ao longo do semestre, que somadas devem totalizar o valor de 0 (zero) a 10,0 (dez) pontos. Dentre as atividades realizadas, pelo menos uma deverá ser na forma devolutiva. �Avaliação II (AV 2) – prova individual, com valor de 0 (zero) a 10,0 (dez) pontos composta pelo conteúdo programado e ministrado no semestre letivo (aulas, textos e atividades dentro e fora de sala). �Segunda Chamada - No caso de falta da AV 2, haverá segunda chamada, no final do período, em data prevista em calendário, com o valor de zero a dez. �A media aritmética igual ou maior que 6,00 (seis) resulta em aprovação. Media final inferior a 6,00 (seis) e superior a 4,00 (quatro) resulta em uma nova avaliação por meio do programa de reavaliação de conhecimento (prova final). 4 2 Bibliografia Básica: �BITTAR, Eduardo e ALMEIDA, Guilherme. Curso de Filosofia do Direito. Rio de Janeiro: Atlas, 2010. �MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré- socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2008. �FULLER, Lon F. O Caso dos Denunciantes Invejosos: introdução prática às revelações entre direito, moral e justiça. São Paulo: RT, 2003. �Bibliografia Complementar: �COELHO, Fábio Ulhôa. Para entender Kelsen. São Paulo: Saraiva, 2001. �KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. São Paulo: Martins Fontes, 1998. �REALE, Miguel. Filosofia do Direito. Rio de Janeiro, RJ: Saraiva, 2002. �BOBBIO, Norberto. O Positivismo Jurídico: lições de filosofia do direito. São Paulo: Ícone, 1995. �REALE, Miguel. Teoria Tridimensional do Direito. São Paulo: Saraiva, 2005. 5 Importância Formação Humanística e Ética (Sociologia, Filosofia, Antropologia, Psicologia, Ciência Política, etc.) � Análise crítica do ordenamento jurídico e decisões judiciais; � Solução dos casos que não se adaptam à subsunção; � Identificar e considerar as demandas sociais para concretizar a função de pacificação social do direito; Reconhecimento institucional dessa importância � Resolução 75/2009 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); � Resolução 106/2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); � Resolução 126/2011 (PNCJ) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); � Provimento 144/2011 do Conselho Federal da OAB; � Resolução 01/2011 da Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM), dentre outros diplomas legais. 6 INTRODUÇÃO I. O que significa “Direito”? Qual o conceito de “Direito”? II. Quais os critérios para identificar e aplicar o Direito? III. O que significa Ética? IV. Como definir Justiça? Como sei o que é “A VERDADE”???? Como saber que o conhecimento que tenho é VERDADEIRO? Como explicar o que ocorre (no mundo, na sociedade, no universo)? 7 1 – MITO E FILOSOFIA - Conceito de mito: (do grego antigo μυθος, translit. "mithós") é uma narrativa de caráter simbólico, relacionada a uma dada cultura, que procura explicar, por meio da ação de deuses, semi-deuses e heróis, o que não tem explicação ou não é compreendido, tais como fatos da realidade, fenômenos naturais, origem do mundo e do homem. - Exemplos de mitos: � Helios e o carro de fogo (SOL) � Atenas - Deusa da Sabedoria � Afrodite - deusa do amor e da beleza. � Poseidon - deus dos mares � Ares - divindade da guerra. � Cerimônias fúnebres sem as quais os espíritos dos mortos não descansariam. � Protágoras e a Criação do Homem 8 3 ULISSES Fernando Pessoa O mito é o nada que é tudo. O mesmo sol que abre os céus É um mito brilhante e mudo - O corpo morto de Deus, Vivo e desnudo. Este, que aqui aportou, Foi por não ser existindo. Sem existir nos bastou. Por não ter vindo foi vindo E nos criou. Assim a lenda se escorre A entrar na realidade. E a fecundá-la decorre. Embaixo, a vida, metade De nada, morre. 9 - Funções dos mitos: • Conhecimento - fornece uma interpretação da realidade. Não tendo ainda acesso à ciência e à filosofia, o homem mítico encontra nas narrativas míticas a fonte de explicação para os fenômenos da natureza e para os fatos que dizem respeito à vida do grupo. • Acomodação - diante do mundo ameaçador – as forças da natureza, as doenças, as injustiças, a morte – o mito se apresenta como um ponto de referência, um oásis no qual o homem procura algum tipo de consolo e segurança. • Organização Social - a sociedade organiza-se de acordo com as indicações contidas no mito. O mito indica que tipo de relações devem ser estabelecidas entre os homens e as mulheres e os guerreiros. Em algumas sociedades, por exemplo, os homens devem dedicar-se exclusivamente à guerra e em épocas de paz nada fazem, cabendo às mulheres a realização de todas as tarefas, inclusive as da caça e da agricultura. 10 O Conhecimento - Alegoria da Caverna busca pelo conhecimento e pela verdade 11 O Conhecimento - Alegoria da Caverna Questões principais: natureza da realidade e possibilidade do conhecimento. - percepção vs realidade - livrar-se das correntes (por vontade própria ou de forma forçada) - 1º momento – “E se o tirassem de lá à força [...] até arrastá-lo para a luz do sol, ele não sofreria e se irritaria ao ser assim empurrado para fora?”; - 2º momento – “chegando a luz, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, não seria capaz de ver nenhum desses objetos, que nós afirmamos agora serem verdadeiros”; - 3º momento – “as sombras que ele via antes lhe pareceriam mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?” - 4º momento – “É preciso que ele se habitue, para que possa ver as coisas do alto. Primeiro, ele distinguirá mais facilmente as sombras, depois, as imagens dos homens e dos outros objetos refletidas na água, depois os próprios objetos”. - Luz e imagens fora da caverna = dor e sofrimento na busca do verdadeiro conhecimento 12 Texto - O Mito de Protágoras.docx O Mito de Protágoras “Houve uma vez um tempo em que os deuses existiam, mas não havia raças mortais. Quando a estes chegou o tempo destinado ao seu nascimento, os deuses forjaram-nos dentro da terra com uma mistura de terra e fogo e das coisas que se mesclam com a terra e o fogo. E quando estavam para trazê-los à luz, ordenaram a Prometeu e Epimeteu que os preparassem e distribuíssem a cada um as capacidades de forma conveniente. Epimeteu pediu licença a Prometeu para ser ele a fazer a distribuição. ‘Depois de eu fazer a partilha, disse, tu inspecionas.’ Assim o convenceu e faz a distribuição. Nesta, concedia a uns a força sem rapidez, e, àqueles a que dava uma natureza inerme, fornecia-lhes alguma outra capacidade para sua salvação. Aos que envolvia na sua pequenez proporcionava-lhes uma fuga alada ou um habitáculo subterrâneo. E aos que aumentou em tamanho punha-os com isso a salvo. E assim, equilibrando as demais coisas, fazia a sua partilha. Planeava com a precaução de que nenhuma espécie fosse aniquilada. Depois de lhes ter proporcionado recursos de fuga contra as suas mútuas destruições, preparou uma proteção contra as estações do ano que Zeus envia, revestindo-os de pelo espesso e grossas peles, capazes de suportar o inverno e capazes também de resistir aos ardores do sol e de modo que, quando fossem dormir, as mesmas lhes servissem de cobertura familiar e natural a todos. A uns calçou-os com garras e a outros os revestiu de peles duras e sem sangue. Em seguida, facilitou meios de alimentação diferentes a uns e a outros: a estes, a forragem da terra, àqueles, os frutos das árvores e, aos outros, raízes. A alguns concedeu que o seu alimento fosse devorar os outros animais e ofereceu-lhes uma exígua descendência e, em contrapartida, aos que eram consumidos por estes, uma descendência numerosa, proporcionando-lhes uma salvação na espécie. Mas, porque Epimeteu não era inteiramente sábio, não se deu conta que gastara as capacidades nos animais; faltava-lhe então ainda dotar a espécie humana, e não sabia o que fazer. Estando assim perplexo, aproxima-se Prometeu, que vinha inspecionando a partilha; vê os outros animais que tinham cuidadosamente de tudo, ao passo que o homem estava nu e descalço e sem coberturas nem armas. E era já precisamente o dia destinado em que o homem devia também surgir da terra para a luz. Prometeu, pois, aflito com a carência de recursos e procurando encontrar uma proteção para o homem, rouba a Hefesto e a Atena a sua sabedoria profissional juntamente com o fogo – já que era impossível que, sem o fogo, aquela pudesse adquirir-se ou ser de utilidade para alguém – e, assim, imediatamente a oferece como presente ao homem. Foi, portanto, desse modo que o homem conseguiu tal saber para sua vida; mas carecia do saber político, o qual dependia de Zeus. Ora bem, Prometeu já não tinha tempo de penetrar na Acrópole onde mora Zeus; além disso, as sentinelas de Zeus eram terríveis. Pelo contrário, na morada, em comum, de Atena e de Hefestos, onde eles praticavam as suas artes, podia entrar sem ser notado e, assim, roubou a técnica de utilizar o fogo de Hefestos e a outra de Atena e entregou-a ao homem. E daqui provém, para o homem, a possibilidade da vida; e bem depressa a Prometeu, através de Epimeteu, segundo se conta, chegou o castigo de seu roubo. Visto que o homem teve participação no domínio divino por causa de seu parentesco com a divindade, foi, em primeiro lugar, o único dos animais a crer nos deuses, e procurava construir-lhes altares e esculpir as suas estátuas. Depois articulou rapidamente, com conhecimento, a voz e os nomes e inventou as suas casas, vestidos, calçados, mantos e alimentos do campo. Equipados dessa maneira habitavam os humanos, no princípio, em dispersão, e não havia cidades. Mas viam-se destruídos pelas feras por serem mais débeis que elas; e a sua técnica manual constituía um conhecimento suficiente como recurso para a nutrição, mas insuficiente para a luta contra as feras. Pois ainda não possuíam a arte da política, a que pertence a arte bélica. Já tentavam reunir-se e pôr-se a salvo com a fundação das cidades. Mas, quando se reuniam, atacavam-se uns aos outros, por não possuírem a ciência política; de maneira que novamente se dispersavam e pereciam. Zeus, então, com receio de que toda a estirpe se destruísse, enviou Hermes para que trouxesse aos homens o sentido de moral (aidós) e a justiça (dike) a fim de haver ordem nas cidades e laços harmoniosos de amizade. Hermes perguntou então a Zeus de que modo daria ele o sentido moral e a justiça aos homens: ‘Reparto-os como repartidos estão os conhecimentos? Encontram-se assim distribuídos: um único que domine a medicina vale para muitos particulares, e o mesmo se passa com os outros profissionais. Infundirei assim também a justiça e o sentido moral aos homens, ou reparto-os a todos?‘ ‘A todos – disse Zeus –, e que todos participem, pois não haveria cidades, se só alguns deles participassem, como sucede com os outros conhecimentos. Além disso, impõe uma lei de minha parte: quem for incapaz de participar da honra e da justiça que seja eliminado como uma enfermidade da cidade.’”[1: PLATÃO. Protágoras. 320 c – 322 d.] Texto 1 - Platão - Danilo Marcondes.pdf