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Elaborado por Seção 2VERSÃO 2013-1 Administração de Recursos Humanos II Prof. Clovis Bueno de Azevedo Prof. Leopoldo Antonio de Oliveira Neto Seção 2 Conteúdo da Seção � Dilemas Éticos: o confronto entre ética e eficiência (ou eficácia) – Os conceitos de ética – Os conceitos de eficiência organizacional – Razão Substantiva e Razão Instrumental – Imperativos Categóricos e Imperativos Hipotéticos ou Condicionados – O confronto entre o Comportamento Ético e a Ação “Racional” 2 Seção 2 Conteúdo da Seção (Cont.) – As concepções e o tratamento de trabalhadores tidos como recursos organizacionais – As múltiplas formas de alienação das pessoas nas organizações e no processo de trabalho – Os impasses atuais nas concepções e no tratamento dos trabalhadores – As perspectivas pseudo-humanistas e as perspectivas humanistas, efetivamente emancipadoras – As relações entre a gestão ético-humanista, a construção de organizações democráticas e a conquista da eficiência e da eficácia organizacionais 3 Seção 2 Objetivos � Conhecer e refletir acerca do(s) conceito(s) de ética � Conhecer e refletir acerca do(s) conceito(s) de eficiência organizacional � Identificar as contradições entre as demandas éticas e a busca da eficiência � Debater a respeito dos dilemas éticos na gestão das organizações 4 Seção 2 Objetivos (cont.) � Debater a respeito dos dilemas e limites éticos concernentes à gestão de “recursos humanos” � Debater e refletir acerca dos limites, das possibilidades e da obrigatoriedade de conciliar as demandas éticas com a conquista da eficiência organizacional � Debater e refletir acerca dos limites, das possibilidades e da obrigatoriedade de conciliar a gestão ética de “recursos humanos” com a conquista da eficiência organizacional 5 Seção 2 Razão Substantiva � Funda-se na ética � Baseia-se na solidariedade, no diálogo, na eqüidade � Assenta-se na concretização, na busca de resultados que se legitimam e justificam por si mesmos � Os comportamentos substantivos não são meios, passos intermediários, meros caminhos para a conquista de outros resultados � O comportamento “A” se justifica em face de sua validade intrínseca: faço “A” porque desejo “A” 6 Seção 2 Razão Instrumental � Está referida aos propósitos de controle e dominação � Funda-se no cálculo utilitário � Busca a maximização de resultados � Há clara distinção entre os propósitos imediatos da ação - ou seus resultados intermediários - e os objetivos ou resultados últimos (são esses os que efetivamente interessam) � Os comportamentos e seus resultados intermediários (imediatos) não se justificam por si mesmos, mas apenas em função da capacidade de com eles atingir outros propósitos: faço “A” porque desejo “B” 7 Seção 2 Imperativos Categóricos � Há uma analogia entre a Razão Substantiva e o que Kant denominou de “Imperativos Categóricos” – Segundo essa lógica - e tal qual na “Racionalidade Substantiva” - uma determinada ação ou comportamento se impõe, ou se justifica, por ele mesmo (conforme Kant determinadas ações ou comportamentos são necessários - são um “Imperativo Categórico” - por que eles se constituem em uma “lei universal da natureza”) – Eles se obrigam por serem eticamente necessários; por serem intrinsecamente válidos – Por exemplo, “trate bem seu funcionário, pois isso é moralmente justo e necessário” 8 Seção 2 Imperativos Hipotéticos � Há, igualmente, uma analogia entre a “Razão Instrumental” e o que Kant denominou de “Imperativos Hipotéticos ou Condicionados” – Segundo essa lógica - e tal qual na “Racionalidade Instrumental” - uma determinada ação ou comportamento não se justifica por si só – Eles somente se impõem, ou se justificam, quando, ou se, por meio deles se atinge um outro resultado, aquele que realmente interessa – Por exemplo, “trate bem seu funcionário, pois ele retribuirá com dedicação ao trabalho” – Isso equivale a: “trate bem seu funcionário apenas se ele, em face disso, trabalhar com mais eficiência e dedicação” 9 Seção 2 O Comportamento Ético � O comportamento ético é: – Auto-determinado (autônomo) – Consciente – Deliberado – Moldado e concretizado em conformidade com valores – Voltado para a realização de objetivos conformes com juízos de valor (o bem, o certo, o verdadeiro, o justo, o legítimo...) – No comportamento ético os fins não justificam os meios (ao contrário, eventualmente, os meios é que justificam ou invalidam os fins ou resultados) 10 Seção 2 O Comportamento “Econômico-Racional” � O comportamento “econômico-racional”, assim como o comportamento ético, é: – Auto-determinado (autônomo) – Consciente – Deliberado � Mas: – Não é moldado ou concretizado em conformidade com valores (em que os meios justificam os fins) – Volta-se para a realização do auto-interesse – É utilitarista – É maximizador � No comportamento “econômico-racional”, os fins justificam os meios 11 Seção 2 Objetivos organizacionais � Os objetivos das empresas (organizações privadas mercantis) pode ser (alternativamente) definidos como: – produtividade: a maximização da relação entre insumos e resultados físicos ou materiais (a capacidade de gerar a maior quantidade possível de bens ou serviços com a menor quantidade de recursos); e/ou – lucratividade: a maximização da relação entre recursos financeiros investidos (despesas e capital) e os resultados auferidos (receita); e/ou – qualidade: a maximização da satisfação das múltiplas necessidades de seus “stakeholders” (consumidores, comunidade em seu entorno, sociedade, proprietários, dirigentes e trabalhadores) 12 Seção 2 Objetivos organizacionais (Cont.) � Há relações conflituosas e contraditórias entre os objetivos de produtividade, lucratividade e qualidade � A produtividade contribui, mas não garante automaticamente a lucratividade � Esta última também depende de: – subsídios governamentais – no próprio país ou em outros países – taxas de câmbio e taxas de juros – relações entre oferta e demanda – existência de monopólios ou oligopólios – impostos e tributação – eficiência de campanhas publicitárias � É possível, assim, que uma empresa tenha boa produtividade, mas não seja, todavia, lucrativa; ou que uma empresa não produtiva seja, no entanto, lucrativa 13 Seção 2 Objetivos organizacionais (Cont.) � A lucratividade pode ser atingida não “apesar” mas justamente em detrimento da qualidade � Ela pode se obter por meio da venda de produtos: – de baixa qualidade, com rebaixamento de custos e com preços igualmente baixos – de baixa qualidade, com preços altos, mas com financiamentos de longo prazo para a população de baixa renda – rigorosamente inúteis, ou mesmo socialmente nocivos (o cigarro, por exemplo...) – cuja utilidade é artificialmente construída por meio de campanhas publicitárias (por meio da sedução ou “convencimento” do consumidor) � Ou então: – de luxo e de qualidade cujos preços todavia os deixam somente acessíveis às camadas ricas da população 14 Seção 2 Objetivos organizacionais (Cont.) � Conforme Aktouf, se o lucro fosse objetivo suficiente de uma organização, não importando os meio pelos quais ele se obtém, Al Capone poderia concorrer ao título de empresário do século nos Estados Unidos 15 Seção 2 Objetivos organizacionais (Cont.) � As organizações precisam, portanto (sob um ponto de vista ético), aliar produtividade, lucratividade e qualidade. � Embora a lucratividade seja uma exigência para as empresas (para as organizações mercantis) ela só é admissível se obtida por meios legítimos, civilizados, honestos e corretos 16 Seção 2 Objetivos organizacionais (Cont.) � Isso requer: – A produção de bens e serviços de que as pessoas efetivamente necessitem – A oferta de produtos (bens e serviços) de boa qualidade aos consumidores – A venda de produtos a preços não-extorsivos, e, sim, compatíveis com os custos de produção – A obediência aos Códigos de Proteção dos Direitos do Consumidor – O tratamento correto e educado para com os clientes e os consumidores – Relações honestas e civilizadas com os concorrentes – O respeito à ecologia, ao meio-ambiente e à natureza 17 Seção 2 Objetivos organizacionais (Cont.) � Isso requer (cont.): – O não-financiamento de campanhas políticas por meio de caixa-2 – A inexistência de contabilidade paralela – Uma relação correta e honesta (não corrupta) com as entidades governamentais, assim como os órgãos de fiscalização – Em síntese, comportamentos socialmente responsáveis 18 Seção 2 Humanismo � Para a perspectiva verdadeiramente humanista (cf. Aktouf): – O Humanismo é um sistema centrado no homem, em sua integridade, em seu desenvolvimento, em sua dignidade, em sua liberdade – O Homem é, por vocação, um ser dotado de consciência, de julgamento próprio e de livre arbítrio que aspira à sua própria elevação, o que o particulariza em comparação com o restante dos seres vivos – O Homem deve ser considerado como um “ser gerador”, criador daquilo que constitui seu meio, criador de sua sociedade, logo criador dele mesmo 19 Seção 2 Humanismo (Cont.) � Para a Razão Substantiva, para as Ações em conformidade com os Imperativos Categóricos, para o Comportamento Ético (eticamente orientado): – Os Homens não são (não podem ser reduzidos a) um meio, uma ferramenta, um instrumento, um recurso por intermédio do qual se busca chegar a qualquer resultado que não seja a emancipação e a promoção da própria humanidade e da dignidade humana – Os Homens carregam em si mesmos sua própria finalidade, seu propósito intrínseco. – Os Homens não podem ser concebidos nem tratados como recursos organizacionais (recurso = ferramenta, meio, instrumento, capital...) 20 Seção 2 Humanismo (Cont.) � A Gestão de Recursos Humanos sob a perspectiva tradicional: – Desde os primórdios da “moderna” administração (Taylor: administração “científica”; e Elton Mayo: administração “humanística”) e muitas vezes, ainda hoje, os trabalhadores foram reduzidos a meios, ferramentas ou instrumentos passivos, por intermédio dos quais se busca maximizar a lucratividade, entendida como sinônimo de eficiência; – Por isso é que foram batizados de “recursos”; – É o avesso ou a negação da perspectiva humanista. 21 Seção 2 A Alienação � Na perspectiva tradicional, os trabalhadores estão alienados: – do domínio sobre o tempo (há controle de entrada, saída e permanência) – do controle de seu espaço (o posto de trabalho é um lugar previamente determinado, do qual não se pode sair) – do direto de pensar e decidir (cumprem-se ordens) – da definição sobre as maneiras de trabalhar (as tarefas são padronizadas, previamente estipuladas) – do conhecimento sobre o conjunto do processo de trabalho (na linha de montagem só se conhece uma pequena fração do processo) – do resultado de seu trabalho (o produto gerado não lhes pertence) 22 Seção 2 A Alienação (Cont.) � A crítica instrumental à perspectiva tradicional: sob o ponto de vista da Razão Instrumental (dos Imperativos Hipotéticos ou da Ação Econômico-Racional): – Os Empregados são reconhecidos como o ativo, o capital mais valioso da organização – É indispensável conquistar a adesão dos trabalhadores aos valores, à missão e aos objetivos organizacionais – É preciso contar com a criatividade, a inteligência, a dedicação e o compromisso ativo dos trabalhadores e dos empregados – Eles deixam de ser chamados de recursos e passam a ser chamados de “colaboradores” – Passam a ser tratados com mais cuidado – E permanecem na condição de recursos... (mais sofisticados, cuja finalidade é extrínseca: garantir a lucratividade) 23 Seção 2 A Alienação (Cont.) � A crítica substantiva à perspectiva tradicional: sob o ponto de vista da Razão Substantiva (dos Imperativos Categóricos ou da Conduta Ética) – Mesmo se estão ainda na condição de empregados (pois há outros modelos organizacionais), os homens não são ativo, ou capital da organização – Os valores, a missão e os objetivos organizacionais são definidos de modo parceiro e por isso é que com eles há comprometimento – A uso da criatividade, da inteligência, e do pensamento são direitos. Assim é que nasce a dedicação, o compromisso e a motivação – Os trabalhadores deixam de ser “recursos” e passam à condição de “cidadãos organizacionais” – Passam a ser tratados com respeito 24 Seção 2 Questões para discussão � As empresas devem adotar comportamentos socialmente responsáveis? Por que? � Em que medida, e como, podem conciliar a eficiência e a lucratividade com ética? 25 Seção 2 Pesquisa Complementar � Pesquise e traga para a aula seguinte – para debate – dois casos reais de comportamento organizacional, respectivamente, em desacordo e em conformidade com a postura ética apresentada. 26 Seção 2 Exercício em grupo � As organizações devem mudar suas políticas de gestão de “recursos” humanos? Por que e para que? � Como justificar a mudança sob a perspectiva instrumental? � Como fazê-lo sob a perspectiva ética? 27 Seção 2 Bibliografia � Básica: – AKTOUF, Omar. A economia-administração em face do humanismo: entre o empregado- recurso e o empregado-parceiro”, in Pós-Globalização, Administração e Racionalidade Econômica: a síndrome do avestruz, São Paulo, Atlas, 2004. – LACOMBE, Francisco, A importância da Ética, in Recursos Humanos: princípios e tendências, São Paulo, Saraiva, 2005 � Complementar: – VALLS, Álvaro, O que é Ética, Coleção Primeiros Passos, São Paulo, Brasiliense, 1991 – VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2002. – WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. Rio de Janeiro, Zahar, 1974 – RAMOS, Alberto Guerreiro. A Nova Ciência da Organizações. Rio de Janeiro, Fundação Getulio Vargas, 1981 28