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Pirataria de software é crime e exige punição Assespro – Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação / 05-01-2012 (texto adaptado) Grandes obras literárias são publicadas, músicas viram trilhas sonoras de filmes e marcam época. Por trás dessas produções estão seus criadores, que passaram dias e noites debruçados em cima de um trabalho desenvolvido com muito cuidado. Essas criações pertencem exclusivamente aos seus autores. E, no Brasil, a legislação protege qualquer tipo de informação produzida no país, evitando a publicação ou distribuição ilegal do conteúdo. O que chamamos de propriedade intelectual (PI). Com o software não é diferente, além do seu desenvolvimento não ser considerado tão simples, está em vigor no Brasil a Lei nº 9.609/98, que "dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador e sua comercialização no país". Sendo assim, copiar, distribuir, vender, fazer download de software e compartilhar programas com colegas do trabalho ou amigos são ações consideradas ilegais perante a lei, ou seja, a pessoa está pirateando o software. Além disso, a legislação de software brasileira estabelece punição para quem comete essas ações. O infrator pode pegar seis meses a dois anos de detenção e pagar multas diárias pelo uso ilegal de programas. Pesquisa realizada pela Business Software Alliance (BSA) e pelo Ipsos Research em 2011, com 15 mil usuários de software em 32 países - entre eles está o Brasil - mostra que existe um apoio amplo à propriedade intelectual, um reconhecimento aos seus benefícios, porém a análise revela uma carência destes entrevistados ao diferenciar o uso legal de software do ilegal. De acordo com a pesquisa, cerca de 50% dos brasileiros, por exemplo, não sabem que o fato de instalar um software em diversos computadores no trabalho é considerado ilegal. E, infelizmente, o Brasil está em destaque no quadro mundial da pirataria de software. O país amargou a quinta posição no ranking global de pirataria de softwares on-line durante o primeiro semestre de 2011, apontou um estudo da Business Software Alliance, organização que representa as maiores empresas de software do mundo. Foram registrados, de janeiro a junho de 2011, cerca de 97 mil downloads não licenciados de softwares, segundo a pesquisa. O país fica atrás apenas dos Estados Unidos, Itália, França e Espanha na lista, que inclui redes de compartilhamento de arquivos, redes sociais, sites de leilão e outros canais. No entanto, a pesquisa apresentou uma queda nos níveis de pirataria on-line e mostra ainda que ocorrem muito mais infrações do que as que foram registradas, pois muitos infratores hospedam sites de compartilhamento e de leilões fora do país. O prejuízo aos fabricantes de software causado pela pirataria em 2010, no Brasil, chegou a US$ 2,62 bilhões, contra US$ 2,25 bilhões em 2009. Estes números foram obtidos por meio de um estudo da BSA, divulgado no mês de maio. Combate à pirataria no Brasil depende de mudança cultural Projeto Escola Legal / 01-07-2010 (texto adaptado) O combate à pirataria será efetivo no País apenas quando houver uma mudança na cultura vigente, que é de tolerância por grande parte da população a esse tipo de crime. Esta é a avaliação dos especialistas que participaram no último sábado (29/05) do “IV Fórum de Conscientização de Educadores no Combate à Pirataria”, ação que integra o Projeto Escola Legal (PEL), iniciativa da Amcham voltada a sensibilizar estudantes, pais e professores sobre o tema. “A vertente educativa é a primordial no combate à pirataria. Esse tipo de criminalidade só será vencido se houver uma visão diferenciada. Sem isso, nenhuma outra medida, incluindo esforços repressivos, terá sucesso. O grande problema é que se criou uma cultura complacente com a pirataria no Brasil e é importante mudar isso, fazer com que as pessoas entendam os malefícios”, enfatizou Alfonso Presti, promotor de Justiça, coordenador do Programa de Atuação Integrada de Combate à Pirataria do Estado de São Paulo e professor de Direito Penal da PUC-SP. De acordo com ele, a forte aceitação em relação à pirataria ocorre por conta de três fatores: impunidade, corrupção no setor público e exclusão social. As pessoas excluídas dos direitos básicos tendem a não se identificar mais com o ordenamento jurídico e, somado a isso, há o chamado “efeito Robin Hood”. “Os criminosos da pirataria surgem como paladinos, com produtos baratos e papel importante na redução da exclusão digital e no acesso à cultura. Daí vem essa simpatia que se nutre pelo produto pirata. A mudança desse cenário passa pela escola”, explicou o promotor. Os educadores, segundo Presti, têm papel fundamental no engajamento da sociedade contra esse fenômeno criminal. Os estudantes devem entender que os produtos piratas trazem uma ideia errônea de que sejam vantajosos e perceber que representam na verdade uma concorrência desleal aos negócios no País, reduzindo os empregos formais e a arrecadação de tributos, recursos que deixam ser revertidos em benefício da sociedade, como na construção de escolas e hospitais. PI e o ciclo de desenvolvimento O advogado Luis Bernardo Coelho Cascão, mestre em Direito Econômico e integrante do escritório Barbosa, Mussnich & Aragão Advogados, acrescentou que cabe aos educadores transmitir para os alunos a importância da propriedade intelectual (PI) no sentido de derrubar a visão equivocada que se tem da pirataria. Ele comentou que a questão tem sido tratada como um embate entre o interesse público e o privado, quando se trata de um assunto bem mais complexo. “A propriedade intelectual é importante para todo o ciclo econômico, não apenas para a geração de empregos e impostos. Ela resulta também em maior oferta de produtos inovadores e qualidade diferenciada que trazem ganhos à sociedade. Há ainda outros benefícios que circundam os investimentos em PI, como os materiais científicos que divulgados”, disse Cascão. A proteção de PI é extremamente necessária porque os investimentos em projetos de inovação exigem longos períodos de amadurecimento e têm risco elevado. Sem esse devido respeito, ressaltou o advogado, reduz-se o interesse dos agentes econômicos pela alocação de recursos no País.