Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Interfaces Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) – Campus Itabira Itabira, 15 de abril de 2013. Interface O comportamento de um compósito é um resultado do comportamento combinado de três entidades: • Fibra ou elemento de reforço • Matriz • Interface fibra/matriz • Pode-se definir uma interface entre quaisquer duas fases, por exemplo, matriz e reforço, como uma superfície de contato onde ocorre algum grau de descontinuidade. Esta pode ser abrupta ou gradual. 3 Molhabilidade e adesão • Adequada molhabilidade é uma condição necessária (mas não suficiente) para boa adesão entre um líquido e uma superfície sólida. • O ângulo de contato entre uma gota líquida e uma superfície sólida é um indicativo de compatibilidade entre o líquido e o sólido. q sólido vapor liquido gSV gLV gSL (S = Sólido, V = Vapor, L = Líquido) 4 Energias superficiais (g) q sólido vapor liquido gSV gLV gSL Condições diferentes de molhabilidade. •Se q < 90°, o líquido “molha” a superfície do sólido. •Se q = 0°, o líquido ‘espalha’ na superfície (completo molhamento). •Se q = 180°, o líquido ‘não molha’ a superfície. 6 Trabalho de adesão (Wa) O trabalho de adesão, Wa, entre o sólido e o líquido pode ser calculado pela equação de Dupré: Wa = gLV + gSV - gSL (3) Efetuando-se a combinação algébrica das equações (2) e (3), obtém-se a equação de Young-Dupré: Wa = gLV (cosq + 1) (4) • Quando q = 0 , cosq = 1 então: Wa = 2gLV (5) • Quando q = 180 , cosq = -1 então: Wa = 0 (6) 7 Assim, boa molhabilidade (q = 0o ) surge quando a energia superficial do sólido é igual ou maior que a soma da energia energia superficial da interface líquido-vapor e a energia superficial da interface sólido-líquido. Quanto menor o ângulo de contato, maior a molhabilidade: Líquido é atraído para ele mesmo, e não é atraído para superfície do sólido. Líquido é atraído para a superfície do sólido. Medidor de ângulo de contato Em compósitos, boa molhabilidade da fibra ocorre se a energia superficial da fibra é maior do que a energia superficial da matriz. Fibras de vidro e fibras de carbono que possuem energias livres superficiais de ~56 mJ/m2 e ~45 mJ/m2 respectivamente, exibem molhabilidade suficiente com matrizes poliméricas do tipo epóxi e poliéster, que possuem energias livres superficiais de de ~43 mJ/m2 e ~35 mJ/m2 , respectivamente. Efeito da rugosidade (a) Uma interface ideal entre o reforço e a matriz. (b) Uma interface rugosa mais provável de existir entre o reforço e a matriz . A molhabilidade pode ser aumentada ou diminuída em função da rugosidade superficial. (WAD)r = WAD + (r-1) (gSV - gSL) Efeito da rugosidade Micrografias bi e tridimensionais de AFM de superfícies de fibras. Medida indireta: pode ser feita pela imersão da fibra em um líquido de interesse e pela medição da força de imersão ou emersão (técnica de Wilhelmy da microbalança). Uma balança permite que o cálculo do ângulo de contato seja realizado se o perímetro da fibra e a energia superficial do líquido são conhecidos. 2 métodos para determinar o ângulo de contato: Método da gota Método Wilhelmy Determinação do ângulo de contato para reforços fibrosos Princípio do método de Wilhelmy: Uma fibra de diâmetro cilíndrico é parcialmente imersa em um líquido de energia superficial conhecida gLV. A força exercida na fibra pelo líquido é dada por: Fd = gLV d cosq Esta força é balanceada por FF = Vg V é o volume do líquido deslocado e é a densidade do líquido. Uma microbalança registra a massa M durante a imersão ou emersão. Então o ângulo de contato é: = - LVd Mg g q 1cos Tipos de ligações na interface Entrelaçamento molecular (dirigido por difusão) Atração eletrostática Reorientação catiônica-aniônica Reação química (Adesão Química) Intertravamento mecânico (Adesão Mecânica) Ligação mecânica: A ligação mecânica envolve ancoramento mecânico na interface. A resistência desse tipo de interface normalmente não é de grande magnitude quando submetida a esforços de tensão transversal, a menos que haja grande número de reentrâncias, na forma de microporosidade na superfície do reforço. Tipos de ligações na interface Tipos de ligações na interface Aderência mecânica devido a contração radial de uma matriz em um compósito no resfriamento a partir de uma alta temperatura. (a) Boa ligação mecânica (b) Baixa molhabilidade podem fazer um líquido polimérico ou metal incapaz de penetrar nas rugosidades da superfície da fibra, conduzindo à vazios interfaciais. Tipos de ligações na interface Ligação mecânica Ligação física: Forças de baixa energia, como por exemplo, como interações intermoleculares (ligações de hidrogênio e forças de van der Waals). Tipos de ligações na interface • Ligação química: • Uma ligação é formada entre um grupamento químico na superfície da fibra e um grupo químico compatível na matriz. • A resistência adesiva dependerá do número e tipo de ligações. • Dois tipos de ligações químicas: – Interação entre componentes ocorrendo em escala atômica. (Adesão química propriamente dita). – Transporte de moléculas, átomos ou íons ocorrendo de um ou ambos componentes ao sítio da reação. Transporte controlado por processos difusionais. (Adesão reativa). Tipos de ligações na interface Tipos de ligações na interface Zona de interface em um compósito de matriz metálica mostrando solução sólida e formação de compostos intermetálicos. Vidro-epóxi: papel do agente de acoplamento • Óxidos em vidros (SiO2, Al2O3) formam ligações com grupos hidroxilas durante contato com a água e formam ligações de hidrogênio com as moléculas de água. Isto reduz a molhabilidade das fibras, reduzindo de 500-600 mJm-2 a 10-20 mJm-2 ! • Agentes de acoplamento silanos [R-Si-X3]: Fornecem uma forte ligação química entre os grupos óxidos da superfície da fibra e as moléculas do polímero (um revestimento resistente à agua que também fornece uma forte ligação com a matriz). Interações na interface (a) Hidrólise de um organo- silano ao correspondente silanol, (b) Ligação de hidrogênio entre os grupamentos hidroxila do silanol e aqueles ligados à superfície do vidro, (c) Polisiloxanos ligados ao vidro após secagem (após reação de condensação). (d) Ligação entre o radical R e a matriz polimérica. Carbono-epóxi • Um tratamento utilizado para melhorar a adesão em compósitos epóxi- carbono é pela oxidação da superfície da fibra. • Oxidação é realizada via úmida (ácido nítrico, ácido sulfúrico, ácido crômico, hipocloreto de sódio, KMnO4, etc) ou métodos via seca (ar, oxigênio, ozônio, etc). • Ligações covalentes entre a fibra e a matriz podem ocorrer. Exemplo: Ligações ter (COC) ou éster (COO) devido a reação entre o grupo epóxi e os grupos carboxila ou hidroxila na superfície da fibra de carbono oxidada. Interações na interface Adesão interfacial • Os principais fatores que influenciam as propriedades mecânicas e mecanismos de falhas em compósitos com reforço de fibras são as seguintes: – Propriedades do reforço e da matriz – Fração volumétrica do reforço – Orientação do reforço e comprimento do mesmo – Propriedades das interface reforço/matriz • As propriedades da interface reforço/matriz, por sua vez, são influenciadas por: – Resistência ao cisalhamento interfacial (i). – Tenacidade à fratura interfacial (Gi). – Encolhimento da matriz. – Coeficiente interfacial de fricção. Importância da resistência adesiva Exemplo simples: Compósito unidirecional carbono/epóxi A presença de interfaces, e sua resistência adesiva, é crítica para várias propriedades físicas dos compósitos Fraca interface conduz a compósitos tenazes Forte interface conduz a compósitos frágeis Mecanismo de transferência de carga Como medir a adesão interfacial fibra-matriz de um dado compósito de uma maneira universal? Adesão pode ser quantificada com referência a um tipo específico de teste: ela não é uma propriedade física básica (uma “constante do material”). Adesão interfacial fibra-matriz • Duas metodologias gerais: – Teste Indireto (ou macromecânico) – focaliza o comportamento coletivo de fibras em uma matriz polimérica [resistência interfacial é interpretada via considerações simplificadas]. – Teste direto (ou micromecânico) – sonda o comportamento interfacial de fibras isoladas interagindo com uma matriz polimérica (informação mais fundamental). Teste direto (ou micromecânico) 1. O teste do puxamento de uma única fibra F ~ 1 mm ~ 1 mm F dt F i = Onde: F é a força para romper a lig. fibra/matriz, d o diâmetro da vareta de fibra e t a espessura do disco de matriz polimérica. Expressão para resistência ao cisalhamento interlaminar: 2. Teste da microdureza de uma única fibra 3. Teste de fragmentação de uma única fibra Única fibra embebida em uma matriz Fibra fragmentada Pré-condições para o sucesso do teste: (a) a matriz deve apresentar um limite de deformação pelo menos três vezes maior que o da fibra e deve ser suficientemente tenaz para evitar a falha da fibra induzida. (b) Ligação interfacial deve ser de média a boa. Perfil de tensão em fragmentos de fibras Microscopia de luz polarizada: Baixa deformação Alta deformação Limite de saturação Fibra quebrada A saturação na fragmentação do filamento, ou seja, o menor comprimento de filamento fragmentado, obtido por amostragem estatística, corresponde ao comprimento crítico de transferência (lC), que permite o cálculo da resistência ao cisalhamento interfacial. i f x c d L 2 = Tensão de falha do filamento no comprimento crítico. 3. Teste de fragmentação de uma única fibra • Vídeos: • http://www.youtube.com/watch?v=a9KHZDYW9mE • http://www.youtube.com/watch?v=POyhJQdrkd4 • http://www.youtube.com/watch?v=H3yA3BTE350