Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
LAGO VAZ advogado DIREITO TRIBUTÁRIO 1. CONCEITO DIREITO TRIBUTARIO Hugo de Brito Machado - O ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra abusos desse poder. 1.1 Fisco – é a denominação dada ao Estado enquanto desenvolve atividade de tributação. 1.2 Objeto do Direito Tributário – regular as relações fisco-contribuinte; regular o poder de tributar do Estado 1.3 - Função dos Tributos – a) Fiscal: quando seu principal objetivo é a arrecadação de recursos financeiros para o Estado; b) Extrafiscal: quando seu objetivo principal é a interferência do domínio econômico, buscando um efeito diverso da simples arrecadação de recursos financeiros. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL O STN é a principal diretriz do Direito Tributário. Estabelece regras básicas regentes da relação do Estado/contribuinte, definindo as espécies de tributos, as limitações do poder de tributar, a distribuição de competências tributárias e a repartição das receitas. O STN é o conjunto de princípios constitucionais que informa o quadro orgânico de normas fundamentais e gerais de Direito Tributário vigentes em determinado país. A CF, em regra, não institui tributos, mas sim estabelece a repartição de competências entre União, Estados e Municípios e permite que os mesmos instituam com o observância do princípio da reserva legal. A CF reservou a Lei Complementar regular as limitações constitucionais ao poder de tributar (art. 146). Em regra, que instui os tributos são as leis, principalmente as ORDINÁRIAS. 2. LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA A CF, em regra, não institui tributos, mas sim estabelece a repartição de competências entre União, Estados e Municípios e permite que os mesmos instituam com o observância do princípio da reserva legal. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, resolução do senado, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes (Art. 96 do CTN). Este rol não é exaustivo, devendo ser compreendido como “legislação tributária” todo ato normativo que verse sobre matéria tributária, desde a Constituição Federal até uma ordem de serviço local. ● Os tributos são instituídos através de Lei Ordinária, ressalvados nos casos expressos, haverá a necessidade de Lei Complementar. Leis (em sentido estrito) Somente a lei pode estabelecer (lei ordinária ou complementar, dependo da exigência constitucional): I - a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos, ou sua redução; III - a definição do fato gerador da obrigação tributária principal e do seu sujeito passivo; IV - a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo; V - a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Medida Provisória - É possível a adoção de medida provisória para tratar de matéria tributária se observados os requisitos constitucionais e não tratar-se de matéria reservada à Lei complementar. Mas tem se tornar lei em 60 dias. 2 2.1 - VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 2.1.1 - Vigência e aplicação - Vigência é a aptidão para incidir, para dar significação jurídica aos fatos. Se a lei é vigente e ocorre a situação nela prevista (hipótese de incidência), a mesma, automaticamente, incidirá. A aplicação depende sempre de alguém e, sendo assim, poderá ocorrer ou não. 2.1.2 - Vigência da legislação tributária no espaço - A legislação tributária vigora nos limites do território da pessoa jurídica que edita a norma. 2.1.3 - Vigência da legislação tributária no tempo - A lei passa a produzir efeitos a partir da data mencionada no seu próprio texto, observado, em relação a exigência ou aumento de tributos, o princípio da anterioridade. Se não constar nenhuma disposição sobre o termo inicial de vigência, a lei entra em vigor 45 após a publicação, conforme a Lei de Introdução ao Código Civil. 2.1.4 - Retroatividade Benigna - A lei, a princípio, não retroage, posto que o tempo é irreversível. Todavia o art. 106 do CTN trata da situação excepcional que consiste na aplicação de uma lei em relação a fatos já ocorridos, quando deixe de tratá-lo como infração ou quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista pela lei vigente quando de sua prática. (Extinção ou redução de penalidades). Esta norma, entretanto, não gera direito a restituição de valores já pagos. 3. PODER DE LIMITAÇÃO DE TRIBUTAR A limitação ao poder de tributar é essencial para a garantia da segurança jurídica e dos direitos individuais, em especial o de propriedade, evitando abusos e arbitrariedade e permintindo 1 relação respeitosa entre a Fazenda Pública e o contribuinte. A limitação ao poder de tributar é feito através dos princípios constitucionais tributários, imunidades e isenções tributárias. 3.1 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIO a) Princípio da Legalidade (art. 150, I, da CF/88) - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. A União/Estados/Municípios só poderão instituir tributos através de lei. A inobservância acarretará a inconstitucionalidade desde a sua origem. ● Tal princ. expressa a justiça e a segurança jur. que devem permear a relação jur. tributária estabelecida entre o particular/fisco, e funciona como verdadeiro instrumento de limitação aos governantes. ● Os tributos são instituídos através de Lei Ordinária, ressalvados nos casos expressos, haverá a necessidade de Lei Complementar. b) Princípio da Igualdade ou da Isonomia (art. 150, II, da CF/88) Não deve haver tratamento desigual a contribuintes que se encontrem em situação equivalente, assim como qualquer distinção em razão da ocupação profissional ou função por eles exercida, independente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos. (art. 150, II): todos são iguais perante a lei, mas há necessidade de tratamento igual ‘aqueles contribuintes que se encontrem em situação idêntica, e desigual aos que estejam em situações diversas, na medida da desigualdade, não devendo ser consideradas as distinções operadas em razão de profissão ou função exercida. c) Princípio da Irretroatividade (art. 150, III, “a” da CF/88) – É vedado a cobrança de tributos em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado. ● A lei a ser aplicada é sempre aquela vigente à época da ocorrência do fato gerador. ● Exceção: lei expressa – redução ou dispensa de pagamento de tributo (benefício ao contribuinte). d) Princípio da Anterioridade (do exercício e nonagesimal) (art. 150, III, “b” e “c” da CF/88) - É vedada a cobrança de tributos no mesmo exercício financeiro (ano) e antes de decorridos noventa dias em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. Exceções: imposto de importação (II), imposto de exportação (IE), imposto sobre produto industrializado (IPI), imposto sobre operações financeiras (IOF), ICMS monofásico sobre combustíveis e lubrificantes, CIDE petróleo, empréstimo compulsório para casos de 3 calamidade publica ou guerra externa, imposto extraordinário de guerra e contribuições para o financiamento da seguridade social, que juntamente com o IPI obedecem somente a noventena. (art. 150, III, “b”): nenhum tributo poderá ser cobrado no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicado a lei que o instituiu ou aumentou. e) Princípio da Capacidade Contributiva (art. 145, §1º da CF/88) Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte. f) Princípio da Vedação do Confisco (art. 150, IV da CF/88) - É vedada a utilização do tributo com efeito de confisco, impedindo que o Estado, com o pretexto de cobrar tributo, se aposse dos bens do contribuinte. ● Confisco – é o ato do poder público de decretar a apreensão, adjudicação ou perda de bens pertencentes aos contribuintes, sem contrapartida ou justa indenização. g) Princípio da Liberdade de Tráfego (art. 150, V da CF/88) – É vedada estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público. tem como fundamento o direito constitucional assegurado no art. 5º - direito de locomoção em todo o território nacional. ● Pedágio – é permitido desde que tenha caminho alternativo. h) Princípio da Transparência dos Impostos (Art. 150, §5º da CF/88) - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços. i) Princípio da Uniformidade (Art. 151,I da CF/88) - É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País. ● Finalidade: evitar guerra fiscal entre os Estados. j) Princípio da Seletividade (Art. 153, §3º da CF/88) - A tributação deve ser maior ou menor dependendo da essencialidade do bem. Possui aplicação obrigatória quanto ao IPI e facultativa para o ICMS e IPVA. h) Princípio da Não-Diferenciação Tributária (Art. 152 da CF/88) - É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino. i) Princípio das Imunidades Tributárias (Art. 150, VI, “a” da CF/88) É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre: patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; templos de qualquer culto; patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. j) Princípio da Competência (segundo Hugo de Brito Machado) A entidade tributante há de restringir sua atividade tributacional àquela matéria que lhe foi constitucionalmente destinada. k) Princípio da Razoabilidade: exige proporcionalidade, justiça e adequação entre a instituição do tributo e o fim almejado. ● A instituição de tributo deve ser da maneira menos gravosa possível para os contribuintes 3.2 IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS (CF, art. 150, VI) As imunidades tributárias implicam 1 dispensa constititucionalmente qualificada de pagamento de tributos, e que, por se encontrar fora do campo de incidência da exação desde a origem. Sua importância é tamanha no contexto do STN que o STF considera as normas imunitórias verdadeiras cláusulas petreas, inalcançáveis por meio EC, e, portanto, só passíveis de alteração mediante a instalação do Poder Constituinte Originário. 4 a. IMUNIDADE RECÍPROCA (art. 150, VI, a): também conhecida como “imunidade das entidades políticas” ou “imunidade mútua”. ● Impossibilidade da instituição de tributos entre os entes federativos – União, Estados e Municípios. B) IMUNIDADE DOS TEMPLOS RELIGIOSOS (art. 150, VI, b) – tem como fundamento resguardar 1 direito e garantia fundamental dos cidadãos, o que impede a cobrança de impostos sobre templos, independentes da extensão da igreja, beneficiada ou da quantidade de adeptos. ● o STF tem o seguinte entendimento sobre templo – é aquilo que o apresenta em sua esfera institucional, como entidade, organização ou associação mantenedora do templo religioso, desde que haja o reinvestimento integral do montante oriundo das atividades conexas na consecução dos objetivos institucionais da Igreja, e que não ocorra prejuízo à livre concorrência. C)IMUNIDADE PARA PARTIDOS POLÍTICOS, ENTIDADES SINDICAIS, INSTITUIÇÕES DE ENSINO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (art. 150, VI, c) ● Partidos Políticos – visa a proteção da liberdade política nacional, estimulando o debate de idéias e de posições políticas variadas por meio dos partidos políticos, que servem de instrumento de sustentação e autenticidade do regime democrático nacional. Desta forma, estimula o pluripartidarismo. Para gozar desse direito o partido político deve, obter, perante o TSE, o seu registro. ● Entidades Sindicais - encerra tutela da liberdade sindical. Esta isenção é tão somente para as entidades sindicais dos trabalhadores – sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais. ● Entidades Assistenciais – tem como finalidade difundir a prática da assistência social (arts. 203 e 204) tais como maternidade, segurança, saúde, moradia, trabalho, etc. ● Instituições de Ensino – visa estimular a difusão da educação e do ensino no país. A imunidade, neste caso, deve ser vista da forma mais ampla possível, ou seja, estimula-se tanto a educação formal ou curricular (escolas, universidades, faculdades, etc) como a informal e extracurricular (bibliotecas, centros de pesquisas, museus, etc). d) IMUNIDADE PARA LIVROS, JORNAIS, PERIODICOS E O PAPEL DESTINADO À SUA IMPRESSAO (CF, art.150, VI, d) - visa tutelar a liberdade de expressão, a ampla difusão da cultura e utilidade social. 3.3 ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS As imunidades tributárias não se confundem com a possibilidade dos entes federativos concederem isenções tributárias, que correspondem a dispensa do pgto do tributo por expressa disposição legal e não constitucional (STF). A concessão de isenção é ato discricionário do ente federativo competente para instituição do tributo, aplicável a todas as espécies tributárias e deve estrito respeito ao princípio da reserva legal. A isenção poderá revogada a qualquer tempo, tornando-se o tributo exigível de imediato. 4. TRIBUTOS 4.1 Conceito: art. 3.º do CTN - “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” 4.2 CARACTERÍSTICAS a) o caráter pecuniário da prestação tributária (como prestação em moeda); b) compulsoriedade (obrigatoriedade) c) natureza não sancionatória de ilicitude (não pode ser encarado como 1 pena ou multa); Não têm o escopo de ser uma punição pelo eventual descumprimento de alguma norma jurídica por parte do contribuinte. d) origem legal do tributo; - só pode ser instituido por lei/principio da legalidade 5 e) natureza vinculada da atividade administrativa (a atividade de cobrar tributos deve seguir exatamente a previsão legal. 4.3. ESPÉCIES DE TRIBUTOS As 5 espécies de tributos (impostos, taxas, contribuições de melhorias, empréstimo compulsório e contribuições sociais) estão inseridas no Capítulo I do Título VI da CF. Esse capítulo é denominado “Sistema Tributário Nacional”. Já no CTN, só estão descritas 3 espécies de tributos – impostos (art. 16); taxas (art. 77) e contribuiçao de melhoria (art. 81). 4.3.1. Impostos (CF, art. 145, I e CTN, art. 16) Conceito: é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte” (CF, art. 145, I e CTN, art. 16). Denominado pelos tributaristas ibéricos tributo sem causa, tem fundamento de validade no poder de império do ente tributante. A título de ex. (ICMS), (ISS), IPI, IOF, ETC. São os tributos economicamente mais importantes, pois se destinam, primordialmente, à arrecadação de fundos para consecução dos fins do Estado (ex. pagamento dos servidores, construção de escolas, estradas e hospitais, etc). De acordo com a classificação desenvolvida por Geraldo Ataliba, os impostos são tributos não vinculados, isto é, não se faz necessário que a União, os Estados-membros, os Municípios ou o Distrito Federal prestem, por ex., um serviço público ou realizem uma obra pública para poderem cobrar imposto, pois não há uma equivalência entre o montante que 1 pessoa paga a título de imposto e o que o Estado reverte em seu benefício, ou seja, não há necessidade de uma contraprestação por parte do ente tributante. Como já mencionado, imposto é modalidade de tributo que tem por hipótese de incidência um comportamento do contribuinte ou uma situação jurídica na qual ele se encontra, e nunca uma atuação estatal. A CF é quem diz quais são os impostos e quem tem competência para instituí-los e cobrá-los. Os impostos podem ser instituídos pela União (IR (imposto de renda), IPI (imposto sobre produtos industrializados, etc); Estados (IPVA (imposto sobre propriedade de veículos automotores); ITCMD (imposto sobre transmissão causa mortis e doação) ; ICMS (imposto sobre circulação de produtos e mercadorias), etc; Municípios (IPTU (imposto predial e territorial urbano), ITBI (imposto sobre transmissao de bens imóveis); ISS (imposto sobre serviços), etc; Distrito Federal (tem competência híbrida – tanto de Estado como de município). 4.3.2. Taxa (CTN, art. 77 e CF, art, 145, II) Trata-se de modalidade prevista no inciso II do artigo 145 da CF, 2º o qual taxa é tributo que tem por hipótese de incidência uma atuação estatal diretamente referida ao contribuinte consistente em um serviço específico e divisível ou em um ato de polícia. Assim, é de se afirmar que se trata, de acordo com a clássica classificação de Geraldo Ataliba, de tributo vinculado a uma atuação estatal. Deve-se salientar que a especificidade da taxa advém de seu fato gerador ser uma atividade estatal específica relativa ao contribuinte. Assim, somente a prestação de um serviço público ou a prática de ato de polícia são hipóteses de incidência deste tributo. Outrossim, qualquer outra pretensa modalidade de taxa deve ser repugnada por absoluta inconstitucionalidade. As taxas podem ser instituídas por todos os entes federativos. a) Taxa de serviço: É modalidade de taxa que tem por hipótese de incidência um serviço público específico e divisível prestado ao contribuinte ou colocado à sua disposição. Ex. serviço de segurança pública, o serviço diplomático, o serviço de defesa da soberania nacional e serviço de iluminação pública; serviço de fornecimento domiciliar de água potável, o serviço de fornecimento domiciliar de energia elétrica, o serviço de transporte coletivo etc b) Taxa de polícia: É a espécie de tributo que tem por hipótese de incidência um ato de polícia de efeitos concretos, ou seja, um ato que se refere diretamente ao contribuinte e que envolve o exercício do chamado poder de polícia. Poder de polícia é a faculdade que o Estado tem de, observados os limites constitucionais, baixar regras de nível constitucional legal ou infralegal para disciplinar o exercício dos 6 direitos à liberdade e à propriedade das pessoas, compatibilizando-os com o bem comum. Ex. porte de arma, passaporte, etc. 4.3.3 Contribuição de Melhoria (CTN, arts. 81 e CF, art. 145, III) Prevista no artigo 145, inciso III, da Carta Magna, e regulamentada pelos artigos 81 e 82 do CTN, trata-se de modalidade de tributo que tem por hipótese de incidência uma atuação estatal indiretamente referida ao contribuinte. Diz-se que a atuação estatal é indiretamente referida uma vez que se faz necessário que o contribuinte experimente uma valorização imobiliária que decorra de obra pública. Desta forma, temos que a contribuição de melhoria tem como fato gerador a valorização do imóvel do contribuinte em decorrência de obra pública. As contribuições de melhorias podem ser instituídas por todos os entes federativos. 4.3.2.4 EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO Modalidade tributária prevista no art. 148 da CF, os empréstimos compulsórios são tributos restituíveis. Segundo Aliomar Baleeiro, “no empréstimo forçado, não há acordo de vontades nem contrato de qualquer natureza. Unilateralmente, o Estado compele alguém, sob sua jurisdição, a entregar-lhe dinheiro, prometendo o reembolso sob certas condições ou dentro de certo prazo”. De acordo com a hipótese de incidência, os empréstimos compulsórios poderão assumir quaisquer formas que correspondam às espécies de tributo. Normalmente os empréstimos compulsórios acabam revestindo-se da natureza de imposto. Somente a União, por meio de lei complementar, pode instituir empréstimos compulsórios, e quando o fizer deverá permanecer dentro de seu campo de competência tributária. Não poderia, por exemplo, criar empréstimo compulsório sobre venda de mercadorias, uma vez que essa atribuição é de competência dos Estados-membros. A aplicação dos recursos provenientes desse tributo deve ser vinculada à despesa que o fundamentou (artigo 148, parágrafo único, da Constituição Federal). Esse dispositivo representa uma garantia ao contribuinte. “Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b. 4.3.5 CONTRIBUIÇÕES Modalidade tributária prevista nos artigos 149 e 195 da Constituição Federal são instituídas pela União. Também chamadas de contribuições parafiscais (seu objetivo é a arrecadação de recursos para o custeio de atividades que, em princípio, não integram funções próprias do Estado, mas que esta desenvolve através de entidades especificas). Ela se traduz pela delegação da capacidade tributária ativa, com a conseqüente utilização do montante arrecadado pela entidade autorizada (entidade beneficiada pela delegação). Tal benesse é concedida por meio de lei, só podendo se voltar em favor de pessoas jurídicas de direito público (como autarquias - INSS) e de pessoas jurídicas de direito privado perseguidoras de finalidade pública (SESI, SESC, SENAI, SENAC, OAB, CREA, etc). Na realidade, são tributos destinados à coleta de recursos para certas áreas de interesse do poder público, na Administração direta ou indireta, ou na atividade de entes que colaboram com a Administração. a) Classificação das Contribuições (Artigo 149 da Constituição Federal) As contribuições sociais tem destinação certa, possuem finalidades específicas e, de acordo com essas, classificam-se em: 7 • Contribuição de intervenção no domínio econômico: possuem, como principal finalidade,a intervenção do Estado nas relações econômicas, de forma a regulá-las em prol dos objetivos constitucionais. Ou seja, na medida em que os princípios da Ordem Econômica, inseridos no art. 170 e os princípios do art. 3º, ambos da CF, não estão sendo exercitados pela iniciativa privada em suas relações econômicas, o Estado poderá intervir para restabelecer o controle em prol do desenvolvimento social. Para tanto, poderá utilizar-se da contribuição interventiva para alcançar esses objetivos e realizar suas políticas públicas necessárias para o alcance de suas finalidades. Certo, é que qualquer tributo interfere no domínio econômico. Porém, esta espécie de contribuição social tem como objetivo exclusivo o da intervenção no domínio econômico, com função nitidamente extra-fiscal. A extrafiscalidade é entendida através do emprego dos instrumentos (por quem os tenha à disposição), com finalidade de não auferir receita para os cofres públicos, mas de disciplinar comportamentos, tendo em vista alcançar objetivos econômicos ou sociais. Ex. CIDE DO COMBUSTÍVEL (contribuição de intervenção no domínio econômico – Lei 10.336/01 - A Cide serve para isso, para ser um colchão e evitar que o preço do petróleo brasileiro mude no sobe-e-desce do mercado internacional) Contribuição social de interesse de categorias econômicas ou profissionais: na lição de Hugo de Brito Machado, temos que esta se trata de contribuição “destinada a propiciar a organização dessas categorias, fornecendo recursos financeiros para a manutenção de entidade associativa”. – São tributos pagos no interesse de categorias profissionais ou econômicas, exercem atividade de cunho estatal, quando atuam e fiscalizam as atividades desenvolvidas por estes grupos. Destinando-se aos custeio das atividades dos órgãos sindicais e profissionais, inclusive para execução de programas das aludidas categorias, como a contribuição para a OAB, CFM, Sesi/Senai/Sesc/Senac e etc. Encontram fundamento constitucional no art. 149, que diz que poderão ser instituídas contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de atuação estatal nas respectivas áreas. Funcionam como instrumento do Estado no acompanhamento do exercício das atividades dessas categorias, profissionais ou econômicas, que estejam sob sua coordenação. Contribuição Social para custeio da Seguridade Social: São tributos destinados ao custeio da Seguridade Social, financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do DF e dos Municípios – ex. COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), PIS (programa de integração social), SAT (Contribuição ao Seguro Acidente de Trabalho); etc. Conforme definido pela CF, tem-se que as contribuições sociais possuem regime jurídico bem definido, conforme ensina o artigo 195/CF: “A Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, de recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das seguintes contribuições Sociais:” dos empregadores, incidente sobre a folha de salários, o faturamento e o lucro; dos trabalhadores; sobre a receita de concursos de prognósticos. 5. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA e PARTILHA DE RECEITAS A Competência tributária é a aptidão para criar, através de lei, os tributos, de acordo com o previsto na Constituição. Partilha de receitas é a distribuição entre a União, Estados, Distrito Federal e municípios das receitas dos impostos. 5.1. Competência Tributária da União a) Impostos de Importação, Exportação, IPI, Imposto de Renda, IOF, ITR e Imposto sobre as Grandes Fortunas, previstos no art. 153. b) empréstimos compulsórios (art. 148); c) contribuições (art. 149 e 195); d) taxas e contribuições de melhoria. 5.2 - Competência Tributária dos Estados e Distrito Federal a) ITCD, ICMS, IPVA (art. 155); b) taxas e contribuições de melhoria. c) contribuição social dos servidores (art. 149) 5.3 - Competência Tributária dos Municípios 8 a) IPTU, ISS, e ITBI (art. 156) b) taxas e contribuições de melhoria. c) contribuição social dos servidores (art. 149) 6. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA (CTN, art. 113) 6.1 Conceito – É a relação jurídica em virtude da qual o sujeito passivo tem o dever de prestar dinheiro ao Estado, ou de fazer, não fazer ou tolerar algo no interesse da fiscalização de tributos e o Estado tem o direito de constituir contra o particular um crédito. 6.2 - Obrigação principal – Obrigação de dar (moeda). 6.3 - Obrigação acessória – Obrigação de fazer, não fazer ou tolerar algo no interesse da fiscalização. 6.4 - Fato gerador – é 1 situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. É 1 fato que 1 vez ocorrido nasce a obrigação tributária. 6.5 - HIPOTESE DE INCIDENCIA – É a simples descrição, simples previsão. Sendo que o diferencial entre as duas expressões é que o fato gerador é a ocorrência de um fato concretamente, é o acontecimento do fato, enquanto que a hipótese de incidência é a descrição abstrata de um fato na lei que gerará uma obrigação tributária, caso ocorra. 6.6 – Sujeito Ativo - a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento (art. 119 do CTN). 6.7 – Sujeito passivo - pessoa jurídica ou natural (física) obrigada ao cumprimento da obrigação tributária (pagamento de tributo ou penalidade pecuniária). É O CONTRIBUINTE. 6.8 – Domicílio Tributário (Art. 127 do CTN): na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considera-se como tal: I - quanto às pessoas naturais: a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais: o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III - quanto às pessoas jurídicas de direito público: qualquer de suas repartições no território da entidade tributante. OBS. Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer hipóteses acima, considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação. 7. CRÉDITO TRIBUTÁRIO 7.1 – Conceito - é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional). 7.2 - Lançamento – é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributária e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível (art. 142 do CTN) 7.3 - Modalidades de lançamento – a) De ofício – é feito por iniciativa da autoridade administrativa, independentemente de qualquer colaboração do sujeito passivo; b) Por declaração – é feito em face de declaração prestada pelo contribuinte ou por terceiro, quanto a matéria de fato indispensável a sua efetivação (art. 147 CTN). c) Por homologação – é aquele feito quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem o prévio exame da autoridade administrativa. (art. 150 CTN). 9 7.4 - Suspensão da exigibilidade do crédito tributário – O crédito tributário, uma vez constituído, é exigível, pois o sujeito ativo pode compelir o sujeito passivo a satisfazê-lo, através dos meios legais. Todavia, existem determinadas circunstâncias legais que suspendem esta exigibilidade (art. 151 CTN): a. Moratória – significa prorrogação concedida pelo credor ao devedor do prazo para pagamento da dívida, de uma só vez ou parceladamente. b. Depósito – o sujeito passivo pode depositar o valor do crédito tributário, quando entender o mesmo indevido, optando por discutir sua exigibilidade administrativa ou judicialmente. Não é necessária autorização judicial para tanto. Findado o processo (administrativo ou judicial), se a decisão for favorável, ao contribuinte, o montante depositado será levantado pelo mesmo, ao contrário, o montante depositado será convertido em renda do sujeito passivo. c. Reclamações e recursos – as impugnações e os recursos administrativos enquanto não julgados impedem o sujeito passivo de exigir o crédito contestado. d. Medida liminar em mandado de segurança – o mandado de segurança é um processo através do qual o cidadãos buscam proteção de direito líquido e certo, lesado ou ameaçado por ato de autoridade administrativa. Tal ação é muito utilizada no direito tributário, sempre que uma lei inconstitucional determinar a exigência de uma tributo e sempre que a autoridade fiscal comete uma ilegalidade. Neste processo é possível requerer a concessão de uma liminar (antecipação da decisão final) se os argumentos forem plausíveis e se existir risco de prejuízos em vista da demora natural para julgamento do processo. e. Parcelamento. 7.5 Extinção do crédito tributário – é o desaparecimento deste. Como nas obrigações, em geral, sua forma mais comum de extinção é o pagamento, que significa a satisfação do direito creditório. 7.5.1 - Hipóteses de extinção do crédito tributário a) pagamento – principal meio de extinção do crédito tributário. Na hipótese de pagamento indevido, resta ao contribuinte a possibilidade de buscar a restituição através da ação de repetição de indébito (art. 165 e 166). b) compensação – tendo o contribuinte crédito contra o sujeito ativo decorrente de pgto. indevido é possível extinguir o crédito tributário mediante a compensação com tais valores a receber. (Lei 8.383, art. 66 e art. 170 do CTN). Se o direito à compensação for decorrente de decisão judicial, o mesmo não poderá ser usufruído antes do trânsito em julgado (art. 170 – A – LC 104/2001) c) transação – (art. 171) – Negociação visando a extinção do Crédito Tributário. d) remissão – (art. 172) – perdão do crédito tributário. e) decadência – (art. 173) – é a extinção do direito de constituir o crédito tributário em visto do transcurso do tempo (cinco anos). f) prescrição – (art. 174) – é a perda do direito de ação em relação a cobrança do crédito tributário (cinco anos). g) Conversão do depósito em renda – o valor depositado para suspender a exigibilidade (art. 151, III), quando o contribuinte perde o processo é convertido em renda, extinguindo o crédito tributário. h) Pagamento antecipado e homologação – nos tributos submetidos ao lançamento por homologação (ICMS, IPI, COFINS) o contribuinte apura o montante devido e faz o recolhimento. (art. 150 § 4o). A homologação ocorre quando a autoridade administrativa ratifica o agir do contribuinte (expressa) ou em vista do transcurso do tempo sem que a autoridade tenha ratificado (tácita). i) consignação em pagamento – quando existe discussão em relação ao montante devido. O sujeito passivo consigna o valor judicialmente (art. 164 CTN) e se vencer o processo o valor consignado considera-se como pagamento, extinguindo o crédito tributário. j) decisão administrativa – a decisão administrativa definitiva e favorável ao contribuinte extingue o crédito tributário, não podendo mais ser discutido na justiça. Discussão acerca do Recurso Hierárquico. l) decisão judicial - a decisão judicial definitiva e favorável ao contribuinte extingue o crédito tributário. m) dação em pagamento de bens imóveis.