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Engenharia de energias renováveis e ambiente
Disciplina: Gestão e Planejamento Ambiental
Professor: Dr. Hélvio Rech
Autor da resenha: Bruna Fontenele Ferreira Silveira
 
FURTADO, Celso. Mensagem aos jovens economistas. In. O Longo Amanhecer: Reflexões sobre a formação do Brasil. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1999 (117pp.)
 
O capítulo apresenta a visão do autor quanto a economia do Brasil, suas experiências ao longo da vida de modo que pudesse fazer uma relação com o desenvolvimento do país. Estudou e demonstrou através de suas ideias e avaliações que o planejamento é o melhor método para se usar como solução para a desigualdade, má distribuição de renda, problemas relativos ao desemprego, e mais. Com sua análise, conclui que precedendo os problemas econômicos estão os sociais.
O autor relata que desde cedo questões como “por que certas regiões brasileiras perecem condenadas á miséria em um pais com tanta riqueza potência?” (P.1) e "Cabia aceitar as doutrinas fatalistas do século XIX que atribui ao clima e à raça nosso atraso?"(p.1) o incomodava. Cresceu numa região assolada pela violência, onde cangaceiros e bandidos dominavam o sertão da Paraíba, tendo como única noção de autoridade os grandes fazendeiros da região, devido a estes fatos cresceu em um ambiente onde miséria violência e desigualdade eram reinantes. Quando ainda era criança a revolução de 30 se manifestou, e no estado da Paraíba um homem se destacou e despertou o interesse de Celso Furtado, este foi João Pessoa que conseguiu uma mobilização popular muito grande a ponto de ser assassinado coincidentemente no dia que Furtado completava 10 anos suas palavras foram "Isso marcou minha vida no sentido de que o meu compromisso com o povo ou os que sofrem tem raízes muito profundas"(p.2). O primeiro tema abordado é a visão dos problemas sociais, a sociedade é algo que os homens não param de refazer, logo as ciências sociais devem ser um processo de modificação e criação constante, pois não existe uma ciência exata que possa dominar algo que está em constante transformação e criação.
Durante sua experiência na CEPAL, em 1949, onde integrou o núcleo fundador, desenvolveu métodos para a quantificação de índices econômicos no Brasil e na América latina, de forma aproximativa o que a época foi um projeto grandioso dada as dificuldade técnicas que existiam. O que surpreendeu Celso Furtado foi descobrir que o Brasil era uma economia atrasada dentro da América latina principalmente dentro do setor industrial. O problema era as teorias do século passado "Havia quem acreditasse que a raça era inferior que a mestiçagem era degradante e que o clima era inadequado para o progresso. Eram as ideias que circulavam para explicar o atraso do país"(p.4). 
Continuando com suas pesquisas, Furtado constatou que o Brasil após a Primeira Guerra Mundial, e a crise nos anos de 1929 e 1930 concluiu que o Brasil tivera uma economia atípica a economia "reflexa", o que fez a mesma andar sozinha, e no ano de 1932 o Brasil tinha recuperado praticamente tudo que perdera na crise. No ano de 1932 as exportações caíram pela metade, devido ao colapso do produtos primários, atingindo principalmente o café, então governo federal decidiu comprar-lo pra que fosse incinerado, "Foi a maior fogueira do mundo: durante dez anos 80 milhões de sacas de café foram incineradas. Isso equivalia a varias vezes a renda nacional" (p.6). Esta medida drástica sustentou a economia que passou a andar por si só. O autor constatou que o medo da inflação era o que impedia o país de se desenvolver e usar toda sua capacidade produtiva.
Quando a segunda guerra mundial eclodiu o país finalmente teve espaço para crescer e se desenvolver, apoiando-se diretamente no mercado interno, esta autonomia de crescimento até então desconhecida se mostrou surpreendente, durante trinta anos fomos a economia com maior dinamismo do chamado terceiro mundo. Existia potencial porem não existia política desenvolvimentista, e somente na era Vargas o Brasil acordou para essa nova realidade. 
A industrialização brasileira foi uma das mais bem sucedidas, pois fundou-se no principio de apoiar o mercado interno e não buscar tecnologias mais avançada que poderiam aumentar os números do desemprego. Celso Furtado acreditava que para o desenvolvimento de um país de Terceiro Mundo o importante seria explorar a mão de obra barata, esta que perdia em qualidade para os países asiáticos e foi essa a estratégia inicial brasileira, porém houveram mudanças ao longo dos anos, estas que perduram até hoje. 
A idéia de planejamento surgiu com o capitalismo moderno, significa ter referências em relação ao futuro, portanto usar a imaginação para abrir espaço. Furtado relata que uma experiência muito bonita de planejamento foi vista por ele na França, planejamento indicativo, durante 1948. O planejamento mobilizava toda a sociedade para discutir os interesses globais, e decidir qual a melhor alternativa dentro das limitações do país, limitações financeiras por exemplo. Os franceses diziam que o planejamento era necessário para resolver os problemas após a guerra e Celso faz uma analogia a situação que se encontrava o Brasil " O subdesenvolvimento é como uma devastação, portanto precisa-se de planejamento para que se possa superá-lo" (p.10). Deve-se tomar o cuidado na hora de se realizar um planejamento, e não destruir as raízes da criatividade, pois como um planejamento consiste de ideias e ações racionais que devem ser admitidos e executado por todos, esse risco é existente, este risco é tão real que de fato ocorreu na União Soviética, onde segundo Furtado o sistema endureceu se cristalizou e perdeu toda a capacidade de renovação.
Segundo o autor Brasil moderno se desenvolveu usando a técnica do planejamento, um exemplo é o BNDES, cuja função é coletar recursos da sociedade e aplicar tais recursos de uma forma mais racional que a do mercado. O autor ainda ressalta a importância do planejamento dentro do país "Numa economia como a brasileira, que tem imenso atraso acumulado, desequilíbrios regionais e setoriais, e um potencial enorme de recursos não utilizados, abandonar a ideia de planejamento é renunciar a ideia de ter governo efetivo"(P.12).
Quando responsável pela política de desenvolvimento do nordeste percebeu que os problemas mais graves não eram os de natureza econômica e sim os sociais, ligados as estruturas do poder, de modo que, percebeu que ou se mudava a estrutura de forma radical ou o crescimento agravaria as deformações sociais. Trabalho em projetos para melhor a situação frente ao problema natural da seca encontrado em todo o nordeste, nesta época aprovaram uma lei para que todo investimento publico em irrigação fosse precedido de desocupação de terras para colonização de emergência por agricultores em situações criticas, reduzindo assim a fuga de trabalhadores para as grandes cidades. Outra frente em que trabalhou foi no Rio São Francisco utilizou as águas da usina Paulo Afonso, que já estava funcionando, para a irrigação, mas antes disso destinou uma área de dois mil hectares para um estudo feito por especialistas das nações unidas, após o estudo implementaram o projeto, hoje em dia são 80 mil hectares irrigados, o que mudou a fisionomia da região, o autor completa que graças aos incentivos fiscais o nordeste cresceu mais que as outras regiões, o que diminuiu a distância econômica e social das outras áreas do Brasil.
Furtado encontrou problemas pelo caminho como por exemplo o slogan que dizia "ajude teu irmão" que era uma forma de pedir esmola para o Nordeste, sem planejamento algum, o que desviava dinheiro para o nordeste e era apoiado por muitos políticos a época que criticavam o trabalho de Celso. Estes políticos que eram contra seu trabalho são citados como outro problema, pois demoram a entender que mudanças necessárias deveriam ser tomadas, e por fim os beneficiários de latifúndios, que barraram o projeto de irrigação.
O autor debate que as privatizações realizadas pelo governo variam em resultados,
porem ele afirma que as ultimas privatizações realizadas nos últimos quatro anos criaram compromissos permanentes com o exterior de remessas de lucros, e ainda questiona "O Brasil, endividado do jeito que está, pode se dar ao luxo de assumir compromissos externos crescentes sem prazo fixo, como os criados pelas privatizações?"(P.24).
Em se tratando de Mercosul, Celso Furtado afirma que vem dando certo e é o que de mais importante se fez em política externa brasileira a muito tempo. Segundo o autor os Estados Unidos parecem estar contra o Mercosul criando dificuldades para o ingresso de outras nacionalidades da América latina, devido a seus próprios interesses. A ALCA, projeto estadunidense se da numa visão norte-americana devido ao fato de o país antes independente ter agora, por assim dizer, medo de que suas fontes sequem e que seu déficit aumente, então levando em conta o alto nível de consumismo, decide implementar a Área de livre comércio das Américas. 
É falado pelo autor sobre o problema da agricultura brasileira que segundo ele é política, questiona "Haveria outras opções de emprego tão fácil como as da agricultura para milhões de brasileiros?"(P. 32) questiona também se o nosso país possui terras abundantes e inutilizadas, e gente querendo retornar ao campo, por que não utilizar uma medida de planejamento e estruturar uma reforma agrária que resolva esse problema.
O autor finaliza o capitulo enfatizando que é preciso escolher um modelo de desenvolvimento para o Brasil nos próximos anos e que é fundamental solucionar o problema de desemprego, onde expõe uma vantagem em relação a outros países que é a agricultura, com ainda muito potencial a ser explorado, afirma que é preciso ter um sistema de preços adequados, de modo que seja possível combater a inflação, tanto a conhecida por todos quanto a que segundo Celso o Brasil possui, esta, embutida que é o déficit em conta corrente da balança de pagamentos.

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