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APOSTILA - MEF - 2011 - Rade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
 FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA 
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica 
INCT de Estruturas Inteligentes em Engenharia 
Laboratório de Mecânica de Estruturas Prof. José Eduardo Tannús Reis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Domingos Alves Rade 
 
 
 
 
 
 
 
2011 
 
MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS
APLICADOS À ENGENHARIA 
MECÂNICA 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 1
CAPÍTULO 1 
 
INTRODUÇÃO AO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS 
 
 
1.1 - Fundamentos do método dos elementos finitos 
 
O método dos elementos finitos (MEF) é uma técnica de análise numérica 
destinada à obtenção de soluções aproximadas de problemas regidos por equações 
diferenciais. Embora o método tenha sido originalmente desenvolvido para a análise 
estática de sistemas estruturais, ele tem sido utilizado no estudo de uma grande 
variedade de problemas de Engenharia, nos domínios da Mecânica dos Sólidos, 
Mecânica dos Fluidos, Transmissão de Calor e Eletromagnetismo. Devido à sua 
eficiência e flexibilidade, além de sua adequação à implementação em computadores 
digitais, o MEF tem hoje uma grande difusão tanto no meio acadêmico como no 
industrial, estando disponível em grande número de “pacotes” comerciais existentes 
no mercado (ANSYS®, NASTRAN®, ABAQUS®, SYSTUS®, COMSOL®, etc.). 
Contudo, deve ser lembrado que a utilização eficaz destes programas e a correta 
interpretação dos resultados requerem o amplo conhecimento, por parte do 
Engenheiro, dos fundamentos do MEF. 
 A principal motivação para o uso do MEF reside no fato que, devido à 
complexidade dos problemas práticos de Engenharia, soluções analíticas em forma 
fechada tornam-se inviáveis ou mesmo impossíveis. Assim, devemos recorrer a 
técnicas capazes de fornecer soluções numéricas aproximadas. A título de exemplo, 
consideremos os problemas de determinação da capacidade de carga de uma placa 
contendo enrijecedores e entalhes de formas complexas, ou de determinação da 
concentração de poluentes sob condições atmosféricas não uniformes, ou ainda de 
caracterização do perfil de velocidades em torno de um aerofólio. Para cada um 
destes problemas podemos obter, sem grande esforço, as equações governantes e as 
condições de contorno, utilizando princípios elementares da Física. Contudo, 
nenhuma solução analítica simples poderá ser obtida quando o problema exibir 
geometria e/ou condições de contorno complicadas, o que quase sempre ocorre em 
situações práticas. Para contornar esta dificuldade, uma estratégia possível é a 
simplificação do problema (em termos de sua geometria e/ou condições de contorno) 
de modo a viabilizar a construção de um modelo matemático cuja resolução analítica 
seja possível. Contudo, em grande número de casos (talvez na maioria das vezes), 
este procedimento tem como conseqüência graves imprecisões nas previsões do 
modelo. Uma segunda alternativa consiste em preservar a complexidade do modelo 
e empregar técnicas aproximadas de resolução. Esta segunda estratégia, na qual 
está inserido o MEF, tem sido cada vez mais viabilizada pela crescente capacidade 
de processamento dos computadores digitais. 
 Em todo problema formulado em domínios contínuos, as incógnitas do 
problema, denominadas variáveis de campo (que podem ser grandezas escalares, 
como temperaturas ou vetoriais, como deslocamentos) podem assumir valores 
independentes em cada ponto do domínio. Conseqüentemente, o problema tem 
número infinito de incógnitas, sendo caracterizado como um problema 
infinito-dimensional. Este tipo de problema é geralmente modelado por equações 
diferenciais parciais, cuja solução analítica é dada por funções que fornecem os 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 2
valores das variáveis de campo em função das coordenadas espaciais para todos os 
pontos do domínio. 
O MEF é essencialmente um processo de discretização, que visa transformar 
um problema infinito-dimensional em um problema finito-dimensional, com número 
finito de incógnitas. O método consiste em dividir o domínio sobre o qual o problema 
é estudado em várias regiões interconectadas, denominadas elementos. Cada 
elemento dispõe de um certo número de pontos (interiores e/ou limítrofes), 
denominados nós ou pontos nodais. O conjunto de elementos utilizados na 
discretização é denominado malha. Um exemplo é apresentado na Figura 1.1, que 
mostra a seção transversal de uma palheta de turbina de geometria complexa, 
discretizada em elementos de forma triangular, tendo, em cada vértice, um nó. 
Neste exemplo, o problema em questão poderia ser a determinação da distribuição 
de temperaturas sobre a seção da palheta, conhecidos o fluxo de calor e as condições 
de contorno. 
Uma vez definidos os elementos e seus respectivos nós, no interior de cada 
elemento são admitidas soluções aproximadas para as variáveis de campo, 
expressas como funções arbitrárias dos valores que as incógnitas assumem nos nós 
(valores nodais). Estas funções são denominadas funções de interpolação ou funções 
de forma. São também impostas condições garantindo a continuidade da solução no 
nós compartilhados por vários elementos. As incógnitas do problema, denominadas 
graus de liberdade (g.d.l.), passam a ser os valores das variáveis de campo nos 
pontos nodais, sendo o número destas incógnitas (agora finito), denominado número 
de graus de liberdade do modelo. Dependendo da natureza do problema, após a 
discretização, o modelo matemático regente resulta representado por um número 
finito de equações diferenciais ordinárias ou de equações algébricas, cuja resolução 
numérica conduz aos valores das incógnitas nodais. Uma vez determinadas estas 
incógnitas, os valores das variáveis de campo no interior dos elementos podem ser 
avaliados empregando as funções de interpolação. 
Conforme será visto mais adiante, a precisão da solução obtida depende 
essencialmente do número de elementos e do tipo de funções de forma empregadas 
na discretização. Sendo satisfeitas algumas condições, admite-se que a solução do 
problema discretizado convirja para a solução exata do problema contínuo à medida 
que se aumenta o número de incógnitas nodais. 
 
 
 
Figura 1.1 – Ilustração da malha de um modelo de elementos finitos 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 3
Em comparação com outras técnicas numéricas, as principais vantagens o 
método dos elementos finitos são as seguintes: 
 
• elementos de diferentes formas e tamanhos podem ser associados para 
discretizar domínios de geometria complexa. 
• a divisão do contínuo em regiões facilita a modelagem de problemas 
envolvendo domínios não homogêneos, onde as propriedades físicas variam em 
função das coordenadas espaciais. 
• o método pode ser todo formulado matricialmente, facilitando sua 
implementação computacional. 
 
 A implementação do MEF pode sempre ser efetuada em etapas sucessivas, de 
forma estruturada. As principais etapas são as seguintes: 
 
1ª) Discretização do domínio. O primeiro passo é a divisão do domínio em 
elementos. O tipo e número de elementos a serem utilizados devem ser escolhidos de 
modo a representar adequadamente a geometria do problema e caracterizar 
convenientemente as variações da solução ao longo do domínio. Alguns tipos de 
elementos freqüentemente empregados para a discretização de domínios 
unidimensionais, bidimensionais e tridimensionais são ilustrados na Figura 1.2. 
Neste aspecto, deve-se observar que problemas unidimensionais são aqueles 
definidos em domínios representados por apenas uma coordenada espacial (linhas),
ao passo que problemas bidimensionais e tridimensionais são aqueles definidos em 
domínios representados por duas coordenadas espaciais (superfícies) e três 
coordenadas espaciais (volumes), respectivamente. Os elementos axissimétricos, 
mostrados na Figura 1.2, são elementos utilizados para a discretização de 
problemas tridimensionais caracterizados pela existência de simetria geométrica e 
de carregamento em relação a um dado eixo. Neste caso, o problema tridimensional 
pode ser formulado como um problema bidimensional. 
 
 
 
(a) 
 
elementos unidimensionais 
 
 
(b) 
 
elementos bidimensionais 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 4
 
 
(c) 
 
elementos tridimensionais 
 
(d) 
 
elemento axissimétrico 
 
Figura 1.2 – Ilustração de diferentes tipos de elementos 
 
2ª) Escolha das funções de interpolação. Nesta etapa são escolhidas as funções 
de interpolação que representam as variáveis de campo no interior de cada 
elemento. Freqüentemente, mas nem sempre, funções polinomiais são escolhidas 
como funções de interpolação, devido à facilidade que oferecem para derivação e 
integração. Os graus dos polinômios utilizados estão relacionados ao número de 
incógnitas nodais de cada elemento, devendo também atender a certos requisitos de 
continuidade das variáveis de campo a serem satisfeitos nos nós e nas fronteiras 
entre elementos imediatamente vizinhos. 
 
3ª) Construção das matrizes elementares. Uma vez escolhidos o tipo e número 
de elementos e as funções de interpolação, devemos estabelecer as relações 
matriciais expressando o comportamento (relações de causa-efeito), em termos de 
propriedades físicas e geométricas, para cada elemento, individualmente. Em outras 
palavras, procede-se à formulação em nível elementar. Para tanto, podem ser 
utilizados os seguintes processos: 
 
• processo direto, que é baseado no método da rigidez da análise estrutural, através 
do qual são obtidas as relações matriciais entre forças e deslocamentos nodais, a 
partir das relações de equilíbrio de forças e compatibilidade de deslocamentos. 
Procedimento similar pode ser utilizado na modelagem de problemas 
unidimensionais de transmissão de calor. Embora o processo direto só seja 
conveniente no tratamento de problemas mais simples, ele tem a grande vantagem 
de ser de fácil entendimento, permitindo clara interpretação física do significado das 
relações matriciais obtidas, interpretação esta que pode ser estendida a problemas 
mais complexos. 
 
• processo variacional, que é baseado no Cálculo Variacional e envolve a busca dos 
pontos críticos – geralmente pontos de mínimo – de um funcional associado ao 
problema estudado. De acordo com este processo, as relações matriciais em nível 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 5
elementar resultam da imposição da condição de estacionaridade do funcional 
associado ao problema. Em problemas de Mecânica dos Sólidos, por exemplo, este 
funcional pode representar a energia de deformação ou a energia potencial 
complementar. O processo variacional, embora mais complicado que o processo 
direto sob o ponto de vista teórico, permite estender o MEF a problemas mais 
complexos. Contudo, sua aplicabilidade é limitada aos problemas regidos por 
princípios variacionais, que estabelecem a existência de funcionais. 
 
• processo dos resíduos ponderados. Este é um procedimento ainda mais versátil 
que os dois procedimentos anteriores, sendo baseado integralmente em operações 
matemáticas. O processo opera diretamente sobre as equações diferenciais que 
governam o problema e prescinde da existência de um funcional ou de um princípio 
variacional. 
 
4ª) Montagem das matrizes elementares para obtenção das matrizes 
globais. Para caracterizar o comportamento do sistema completo, resultante da 
associação dos vários elementos, devemos agrupar as matrizes de cada um dos 
elementos de uma forma adequada. Em outras palavras, devemos combinar as 
equações matriciais expressando o comportamento dos elementos individuais para 
formar as equações matriciais que descrevem o comportamento do sistema em todo 
o domínio. Este processo é conhecido como montagem das matrizes globais. No 
processo de montagem, impõe-se a condição que em cada nó onde vários elementos 
estão interconectados, os valores das variáveis de campo são os mesmos para cada 
elemento compartilhando aquele nó. 
 
No final deste processo, as equações matriciais globais devem ser modificadas para 
satisfazer as condições de contorno do problema. A ordem das matrizes globais 
coincide com o número total de incógnitas nodais. Este número é chamado número 
de graus de liberdade do modelo. 
 
5ª) Imposição dos carregamentos externos e das condições de contorno. As 
equações matriciais globais devem ser modificadas para satisfazer as condições de 
contorno do problema, que expressam o fato que alguns valores das incógnitas 
nodais são prescritos. Assim, por exemplo, em problemas de transferência de calor, 
os valores da temperatura em alguns pontos do contorno podem ser previamente 
conhecidos. Da mesma forma, deve-se alterar as equações globais para leva em 
conta que, em alguns nós, cargas externas conhecidas (forças, fluxos de calor, etc.) 
são aplicadas. Ao final deste processo, o número total de incógnitas nodais 
remanescentes define o chamado número de graus de liberdade do modelo. 
 
6ª) Resolução do sistema de equações. Ao final do processo de montagem das 
matrizes globais, o modelo matemático do problema estará representado por um 
conjunto de equações, que podem ser lineares ou não lineares, algébricas ou 
diferenciais, dependendo da natureza do problema enfocado. Estas equações devem 
então ser resolvidas numericamente para a determinação dos valores das variáveis 
de campo nos pontos nodais. Neste processo de resolução, procedimentos numéricos 
apropriados, implementados sob a forma de rotinas computacionais, devem ser 
utilizados. 
 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 6
7ª) Realização de cálculos complementares. Em várias situações, cálculos 
complementares devem ser realizados para a determinação de grandezas 
dependentes das variáveis de campo, determinadas na etapa precedente. Assim, por 
exemplo, nos problemas de Mecânica dos Sólidos, uma vez determinados os 
deslocamentos, cálculos adicionais são necessários para a determinação das 
deformações (utilizando as relações deformação-deslocamento) e das tensões 
(utilizando as relações tensão-deformação). 
 
 
1.2 - Domínios de aplicação do MEF 
 
 Os problemas passíveis de tratamento pelo MEF podem ser divididos em três 
categorias: 
 
• problemas de equilíbrio. Esta é a classe de problemas cuja solução é independente 
do tempo. São exemplos os problemas da Mecânica dos Sólidos envolvendo a 
determinação de tensões e deformações em elementos estruturais submetidos a 
carregamentos estáticos e os problemas da Mecânica dos Fluidos tratando da 
determinação de distribuições de pressão, velocidade em regime permanente e os 
problemas de Transferência de Calor em regime permanente. Para este tipo de 
problema, o processo de discretização através do MEF conduz a um modelo 
matemático representado por um conjunto de equações algébricas, que podem ser 
lineares ou não lineares. 
 
• problemas de autovalor. Nesta classe de problemas, o modelo matemático obtido é 
representado por um conjunto de equações lineares homogêneas, caracterizado pela 
dependência em relação a um parâmetro, cuja resolução conduz a um conjunto de 
autovalores e autovetores. São exemplos os problemas que tratam da determinação 
de freqüências naturais
e modos de vibração de meios sólidos e fluidos, além de 
cargas de flambagem de elementos estruturais. No primeiro caso os autovalores 
correspondem às freqüências naturais e os autovetores associam-se aos modos 
naturais de vibração; no segundo, os autovalores correspondem às cargas de 
flambagem e os autovetores dizem respeito aos campos de deslocamentos 
correspondentes. 
 
• problemas de propagação. Os problemas de propagação são aqueles em que se 
busca caracterizar a evolução das variáveis de campo em função do tempo. É o caso 
típico de fenômenos que se desenvolvem em regime transitório. Os seguintes 
exemplos podem ser mencionados: determinação do movimento de sistemas 
estruturais submetidos a cargas de impacto e determinação de distribuições de 
temperatura geradas por fluxos de calor variáveis. 
 
 Alguns exemplos de aplicações práticas do MEF são ilustrados a seguir. 
 
 
 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 7
 
 
 
 
Figura 1.3 - Modelo de EF para análise aeroelástica de um Airbus A-320 (100.000 g.d.l.) 
(extraído de J.F. Imbert, "Analyse des Structures par Eléments Finis) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 8
 
(b) 
 
Figura 1.4 - Análise térmica por EF de uma tubulação em forma de estrela 
(de Desai C.S. e Abel J.F., "Introduction to the Finite Element Method") 
 
 
 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 9
 
 
 
(c) 
 
Figura 1.5 - Análise por EF do escoamento de um fluido ideal em torno de um cilindro 
posicionado entre duas placas paralelas 
(de Desai C.S. e Abel J.F., "Introduction to the Finite Element Method") 
 
 
 
 
 
 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 10
 
 
 
Figura 1.6 - Análise por EF do resfriamento de um lingote metálico 
(fonte: http://www.comsol.com (Comsol Group)) 
 
 
 
 
Figura 1.7 - Análise dinâmico de freios automotivos pelo MEF 
(fonte: http://www.simulia.com (Dassault Systems)) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 11
 
Figura 1.8 – Simulação numérica do processo de soldagem pelo MEF 
(fonte: http://www.simulia.com (Dassault Systems)) 
 
 
 
 
 
Figura 1.9 – Simulação do comportamento da bexiga humana pelo MEF 
(fonte: http://www.comsol.com (Comsol Group)) 
 
 
 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 12
 
Figura 1.10 – Caracterização do fluxo magnético em um gerador pelo MEF 
(fonte: http://www.comsol.com (Comsol Group)) 
 
 
 
 
 
Figura 1.11 – Simulação de impacto em palhetas de uma turbina pelo MEF 
(fonte: http://www.ansys.com (Ansys, Inc.)) 
 
 
 
 
 
 
 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 13
 
 
 
Figura 1.12 – Simulação de “crash-test” pelo MEF 
(fonte: http://www.ansys.com (Ansys, Inc.)) 
 
 
1.3 - Sobre as limitações do método dos elementos finitos 
 
 Embora o MEF seja reconhecidamente uma ferramenta útil e eficiente para a 
análise de diversos tipos de problemas de Engenharia, é importante estar atento às 
limitações do método, lembrando que ele fornece modelos matemáticos aproximados 
para representar o comportamento de sistemas físicos. Conforme será evidenciado 
no desenvolvimento do curso, em geral, a elaboração de um modelo de EF envolve a 
admissão de uma série de simplificações que terão efeito direto sobre a precisão das 
previsões do modelo. Deve também ser levado em conta que, na maioria das vezes, 
sob considerações de custo e limitações de recursos computacionais, busca-se 
estabelecer um compromisso entre a complexidade do modelo e a precisão 
considerada satisfatória. 
Algumas fontes de incerteza inerentes à modelagem por EF são: 
 
 • a não consideração de certos tipos de efeitos físicos, tais como não 
linearidades, histerese, amortecimento, etc. 
 • erros de discretização, devidos à impossibilidade de se obter uma perfeita 
representação de domínios de geometria complexa utilizando os tipos de elementos 
disponíveis. 
 • conhecimento impreciso dos valores de alguns parâmetros físicos e/ou 
geométricos que são utilizados na elaboração do modelo (ex.: módulo de elasticidade, 
densidade, condutividade térmica, viscosidade, etc.) 
 • dificuldade de modelar efeitos localizados, tais como junções parafusadas e 
rebitadas. 
 • erros oriundos do processo de resolução numérica. 
 
Introdução ao Método dos Elementos Finitos D.A. Rade 
 14
Visando a validação de modelos de elementos finitos, um procedimento 
recomendável é a confrontação de suas previsões com dados provenientes de outros 
tipos de análises, em particular, de análises experimentais. Várias técnicas foram 
desenvolvidas, principalmente no âmbito da Dinâmica Estrutural, objetivando a 
correção sistemática de modelos de elementos finitos a partir da confrontação com 
dados experimentais (consultar, por exemplo, o livro de Friswell e Mottershead). 
 Outro fator a ser considerado é que a elaboração de modelos de EF de 
problemas complexos é, na maioria das vezes, um processo interativo, fazendo apelo 
ao conhecimento do Engenheiro acerca do próprio método e do problema em estudo. 
 
 
1.4 - Bibliografia 
 
• Bathe, K. J., Finite Element Procedures in Engineering Analysis, Prentice-Hall, 
1982. 
• Cook, R.D., Concepts and Applications of Finite Element Analysis, John Wiley & 
Sons, 1974. 
• Cook, R., Finite Element Modeling for Analysis, John Wiley & Sons, 1995. 
• Desai, C.S., Abel, J. F., Introduction to the Finite Element Method, Van Nostrand 
Reinhold Company, 1972. 
• Imbert, J. F., Analyse des Structures par Eléments Finis, 3ième édition, Cépauès 
Editions, 1991. 
• Friswell, M.I., Mottershead, J.E., Finite Element Model Updating in Structural 
Dynamics, Kluwer Academic Publishers, 1995. 
• Moaveni, S., Finite Element Analysis. Theory and Application with ANSYS, 
Prentice-Hall, 1999. 
•Zienkiewicz, O.C., The Finite Element Method, 3rd edition, McGraw-Hill Book Co., 
1977. 
•Zienkiewicz, O.C., Morgan, K, Finite Elements and Approximation, John Wiley & 
Sons, 1983 
•Huebner, K.H., Thornton, E.A., The Finite Element Method for Engineers, John 
Wiley & Sons, 1982 
 
 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
15 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
 
FORMULAÇÃO DO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS 
PELO PROCESSO DIRETO 
 
 No Capítulo 1 havíamos mencionado que as relações matriciais traduzindo o 
comportamento de cada subdomínio (elemento) podiam ser obtidas empregando um 
dos três métodos: Método Direto, Método Variacional e Método dos Resíduos 
Ponderados. 
Neste capítulo vamos ilustrar, com o auxílio de exemplos simples, a utilização 
do Processo Direto, que tem a vantagem de proporcionar facilitar a interpretação 
física para as diversas etapas da elaboração de um modelo de elementos finitos. 
Embora sua utilização seja viável apenas no tratamento de problemas 
unidimensionais simples, os conceitos derivados deste método podem ser estendidos, 
com vantagem, a problemas mais complexos. 
 
2.1 – Análise estática de sistemas compostos por associações de molas 
lineares. 
 
 Um dos problemas mais elementares que podem ser examinados sob o
enfoque do MEF é a análise estática do sistema constituído por um conjunto de 
molas lineares, com constantes de rigidez ik , i=1, 2, ..., como aquele exemplificado 
na Figura 2.1. Nesta figura, if e iu designam, respectivamente, as forças externas 
aplicadas e os deslocamentos dos nós. O problema consiste em determinar os 
deslocamentos nodais, dados os valores das forças aplicadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.1 
 
 
 
 
1k 2k 3k 
nó 1 nó 2 nó 3 nó 4 
2f 3f 4f 1f 
1u 2u 3u 4u 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
16 
 
 
 
 
2.1.1 – Obtenção das equações de equilibro em nível elementar 
 
 Cada mola é identificada com um elemento finito. Para obter a matriz de 
rigidez para um elemento genérico, este elemento é considerado isoladamente, 
conforme mostrado na Figura 2.2, onde os índices E e D designam as grandezas 
associadas aos nós das extremidades esquerda e direita, respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.2 
 
 
 Admitindo que todo o conjunto e, portando, cada elemento, encontra-se em 
equilíbrio, podemos escrever: 
 
 EiDi ff −= 
 
 Sabemos ainda que para as molas lineares, o alongamento é proporcional à 
força aplicada em suas extremidades, sendo a constante de proporcionalidade o 
coeficiente de rigidez. Assim, escrevemos: 
 
 ( )EiDiiEi uukf −−= 
 ( )EiDiiDi uukf −= 
 
 As duas equações acima podem ser postas na seguinte forma matricial: 
 
 ⎪⎭
⎪⎬⎫⎪⎩
⎪⎨⎧=⎪⎭
⎪⎬⎫⎪⎩
⎪⎨⎧⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡
−
−
D
i
E
i
D
i
E
i
ii
ii
f
f
u
u
kk
kk (2.1) 
 
 A equação acima pode ainda ser escrita na forma compacta: 
 
E
iu Diu 
ik 
E
if 
D
if 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
17 
 
 ( )[ ] ( ){ } ( ){ }eieiei FUK = i=1,2,... (2.2) 
 
 
onde ( ){ } [ ] ( ){ } [ ]TDiEieiTDiEiei ffFeuuU == são, respectivamente, os vetores de 
deslocamentos nodais e forças nodais em nível elementar e ( )[ ]eiK é denominada 
matriz de rigidez elementar. Sobre esta matriz, podemos observar: 
 
 • o elemento genérico ( )( )mneiK representa a força de reação aplicada no nó m 
quando provocamos um deslocamento unitário no nó n, mantendo bloqueado o nó m. 
 
• é uma matriz simétrica ( )[ ] ( )[ ]Teiei KK = . Levando em conta a interpretação 
dada acima, a simetria da matriz de rigidez traduz o Princípio de Reciprocidade de 
Maxwell-Betti, aplicável a sistemas mecânicos lineares. Isto significa que a força de 
reação que surge no nó m quando provocamos um deslocamento unitário no nó n, 
mantendo bloqueado o nó m é idêntica à força de reação que surge no nó n quando 
provocamos um deslocamento unitário no nó m, mantendo bloqueado o nó n. 
 
• é uma matriz singular (não inversível). Isto porque, como não foram 
introduzidas as condições de contorno em nível elementar, a relação (2.2) deve 
contemplar a existência de uma configuração de equilíbrio sem deformação da mola ( )1+= ii uu e sem o aparecimento de forças nos nós ( )01 == +ii ff . 
 
• é uma matriz semi-definida positiva { } ( )[ ] { } { } { }⎟⎠⎞⎜⎝⎛ ≠∀≥ 00 x,xKx eiT 
 
 
2.1.2 – Obtenção das equações de equilíbrio em nível global 
 
Após a obtenção das equações que descrevem o comportamento de cada 
elemento, isoladamente, devemos considerar o fato que os elementos estão, na 
realidade, interconectados nos pontos nodais. Fisicamente, a interconexão significa 
que deve haver, nos nós compartilhados por mais de uma mola, equilíbrio das forças 
e compatibilidade de deslocamentos. Considerando dois elementos vizinhos, i e i+1, 
ilustrados na Figura 2.3, estas condições são expressas segundo: 
 
11 ++ =+ iEiDi fff (equilíbrio do nó i+1) (2.3) 
 
11 ++ == iEiDi uuu (compatibilidade de deslocamentos no nó i+1) (2.4) 
 
 
 Para imposição destas condições, vamos primeiramente desenvolver a 
equação matricial (2.1) para os elementos i e i+1: 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
18 
 
E
i
D
ii
E
ii fukuk =− (2.5) 
 
D
i
D
ii
E
ii fukuk =+− (2.6) 
 
E
i
D
ii
E
ii fukuk 11111 +++++ =− (2.7) 
 
D
i
D
ii
E
ii fukuk 11111 +++++ =+− (2.8) 
 
Somando as equações (2.7) e (2.8) e introduzindo nas três equações 
resultantes as equações (2.3) e (2.4), obtemos as relações. 
 
E
iii
E
ii fukuk =− +1 (2.9) 
 
( ) iDiiiiiEii fukukkuk =−++− ++++ 1111 (2.10) 
 
D
i
D
iiii fukuk 1111 ++++ =+− (2.11) 
 
Retornando à notação matricial, as equações (2.9) a (2.11) são dispostas sob a 
forma: 
 
⎪⎭
⎪⎬
⎫
⎪⎩
⎪⎨
⎧
=
⎪⎭
⎪⎬
⎫
⎪⎩
⎪⎨
⎧
⎥⎥
⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢
⎣
⎡
−
−+−
−
+
+
+
+
++
++
D
i
i
E
i
D
i
i
E
i
ii
iiii
ii
f
f
f
u
u
u
kk
kkkk
kk
1
1
1
1
11
11
0
0
 (2.12) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.3 
 
 
E
iu Diu 
ik 
E
if 
E
iu 1+ Diu 1+ 
1+ik 
E
if 1+ Dif 1+ 
D
if 
nó i nó i+1 nó i+1 nó i+2 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
19 
 
Considerando o exemplo ilustrado na Figura 2.1, aplicando sucessivamente o 
mesmo procedimento aos dois pares de molas que compartilham os nós 2 e 3, 
obtemos a seguinte relação matricial: 
 
 
 
 
⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
=
⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
⎥⎥
⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎣
⎡
−
−+−
−+−
−
4
3
2
1
4
3
2
1
33
3322
2211
11
00
0
0
00
f
f
f
f
u
u
u
u
kk
kkkk
kkkk
kk
 (2.13) 
 
 A equação acima pode ainda ser escrita na forma compacta: 
 
 ( ) ( ){ } ( ){ }g g gK U F⎡ ⎤ =⎣ ⎦ (2.14) 
 
onde ( ){ } [ ] ( ){ } [ ]1 2 3 4 1 2 3 4eT Tg gU u u u u F f f f f= = são, respectivamente, os 
vetores de deslocamentos e forças em nível global e ( )gK⎡ ⎤⎣ ⎦ é denominada matriz de 
rigidez global. Sobre esta matriz, podemos fazer as mesmas observações 
anteriormente apresentadas para as matrizes de rigidez elementares: 
 
 • o elemento genérico ( )g
mn
K⎡ ⎤⎣ ⎦ representa a força de reação aplicada no nó m 
quando provocamos um deslocamento unitário no nó n, mantendo bloqueado o nó m. 
 
• é uma matriz simétrica ( ) ( )
Tg gK K⎡ ⎤ ⎡ ⎤=⎣ ⎦ ⎣ ⎦ . 
 
• é uma matriz singular. 
 
• é uma matriz semi-definida positiva { } ( ) { } { } { }( )0, 0T gx K x x⎡ ⎤ ≥ ∀ ≠⎣ ⎦ 
 
O processo de obtenção da matriz de rigidez global a partir das matrizes 
elementares e denominado montagem da matriz global. Um procedimento mais 
geral de montagem, bem adaptado à implementação computacional, pode ser 
formulado através da introdução de matrizes de transformação, compreendendo as 
seguintes etapas: 
 
1ª) Para cada elemento, estabelecemos relações matriciais expressando as 
transformações dos deslocamentos nodais em nível elementar com os deslocamentos 
nodais em nível global.. Assim, no exemplo considerado: 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
20 
 
[ ]( )
⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
=⎪⎭
⎪⎬⎫⎪⎩
⎪⎨⎧ ×
4
3
2
1
42
u
u
u
u
T
u
u
iD
i
E
i i=1,2,3
2ª) Pré-multiplicamos as matrizes de rigidez elementares por [ ]TiT e a pós-
multiplicamos por [ ]iT , para obter as matrizes elementares expandidas, com a 
mesma dimensão da matriz de rigidez global: 
 
 ( )[ ]( ) [ ]( ) ( )[ ]( ) [ ]( )42222444 ×××× = ieiTiei TKTK i=1,2,3 (2.15) 
 
3ª) Adicionamos as matrizes elementares expandidas para obter finalmente a 
matriz de rigidez global. No exemplo: 
 
( ) ( )3
1
g e
i
i
K K
=
⎡ ⎤ ⎡ ⎤=⎣ ⎦ ⎣ ⎦∑ (2.16) 
 
Detalhamos, a seguir, o procedimento de construção da matriz de rigidez 
global para o exemplo considerado: 
 
• elemento nº 1: 
 
⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡=⎪⎭
⎪⎬⎫⎪⎩
⎪⎨⎧
4
3
2
1
1
1
0010
0001
u
u
u
u
u
u
D
E
 
 
( )[ ] [ ] ( )[ ] [ ]
⎥⎥
⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎣
⎡
−
−
=⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡
−
−
⎥⎥
⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎣
⎡
==
0000
0000
00
00
0010
0001
00
00
10
01
11
11
11
11
1111
kk
kk
kk
kk
TKTK eTe 
 
 
• elemento nº 2: 
 
⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡=⎪⎭
⎪⎬⎫⎪⎩
⎪⎨⎧
4
3
2
1
2
2
0100
0010
u
u
u
u
u
u
D
E
 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
21 
 
( )[ ] [ ] ( )[ ] [ ]
⎥⎥
⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎣
⎡
−
−=⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡
−
−
⎥⎥
⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎣
⎡
==
0000
00
00
0000
0100
0010
00
10
01
00
22
22
22
22
2222 kk
kk
kk
kk
TKTK eTe 
 
• elemento nº 3: 
 
⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡=⎪⎭
⎪⎬⎫⎪⎩
⎪⎨⎧
4
3
2
1
3
3
1000
0100
u
u
u
u
u
u
D
E
 
 
( )[ ] [ ] ( )[ ] [ ]
⎥⎥
⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎣
⎡
−
−=⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡
−
−
⎥⎥
⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎣
⎡
==
33
3333
33
3333
00
00
0000
0000
1000
0100
10
01
00
00
kk
kkkk
kk
TKTK eTe 
 
 
( ) ( ) ( ) ( )
1 2 3
g e e eK K K K⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎡ ⎤= + +⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎣ ⎦ 
⎥⎥
⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎣
⎡
−
−+−
−+−
−
=
33
3322
2211
11
00
0
0
00
kk
kkkk
kkkk
kk
 (2.17) 
 
 
2.1.3 – Imposição das condições de contorno 
 
As equações (2.13) devem ser modificadas para levar em conta que os valores 
dos deslocamentos nos nós extremos (1 e 4) podem ser prescritos. Admitamos que as 
condições de contorno sejam as seguintes: 
 
11 uu = (2.18.a) 
 
44 uu = (2.18.b) 
 
onde 1u e 4u são os valores conhecidos. 
 
 Desenvolvendo (2.13) considerando as relações (2.18), obtemos o seguinte 
conjunto de equações: 
 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
22 
 
 
( )
( )
( )
( )
⎪⎪
⎪⎪
⎩
⎪⎪
⎪⎪
⎨
⎧
=+−
+=++−
−=−+
=−
⇒
⎪⎪
⎪⎪
⎩
⎪⎪
⎪⎪
⎨
⎧
=+−
=−++−
=−++
=−
44333
43333222
11232221
12111
44333
34333222
23222111
12111
fukuk
ukfukkuk
ukfukukk
fukuk
fukuk
fukukkuk
fukukkuk
fukuk
 (2.19) 
 
 Determinamos os deslocamentos nodais incógnitos 2u e 3u resolvendo 
simultaneamente a segunda e a terceira equações do sistema (2.19): 
 
⎭⎬
⎫
⎩⎨
⎧
−
−
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡
+−
−+=
⎭⎬
⎫
⎩⎨
⎧⇒
⎭⎬
⎫
⎩⎨
⎧
−
−=
⎭⎬
⎫
⎩⎨
⎧⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡
+−
−+ −
433
112
1
322
221
3
2
433
112
3
2
322
221
ukf
ukf
kkk
kkk
u
u
ukf
ukf
u
u
kkk
kkk (2.20) 
 
 
 Os valores das forças de reação nos nós 1 e 4 são finalmente determinados 
através da primeira e quarta equações do sistema (2.19): 
 
⎪⎩
⎪⎨
⎧
+−=
−=
43334
21111
ukukf
ukukf
 (2.21) 
 
 É importante observar que, após a imposição das condições de contorno, a 
matriz de rigidez modificada, deve ser inversível para que a operação indicada em 
(2.20) possa ser efetuada. Este será sempre o caso quando as condições de contorno 
impostas forem suficientes para impedir que o sistema mecânico seja 
cinematicamente variável ou, em outras palavras, que possa se movimentar sem 
que haja deformação de pelo menos uma das molas. 
 Um procedimento sistemático para imposição das condições de contorno e 
cálculo das forças de reação, bem adaptado à implementação computacional, 
consiste em particionar os graus de liberdade em dois conjuntos: graus de liberdade 
livres e graus de liberdade impostos. No nosso exemplo, estes dois conjuntos seriam: 
 
 • graus de liberdade livres: ( ){ } [ ]2 3 TgU u u=A ; ( ){ } [ ]2 3 TgF f f=A 
 
 • graus de liberdade impostos: ( ){ } [ ]1 4 TgU u u=A ; ( ){ } [ ]1 4 TgF f f=A 
 
 Após reordenação das equações, o sistema (2.13) pode ser expresso sob a 
forma: 
 
 
( ) ( )
( ) ( )
( ){ }
( ){ }
( ){ }
( ){ }
g gg g
i
g gg g
i ii ii
U FK K
U FK K
⎡ ⎤ ⎧ ⎫ ⎧ ⎫⎡ ⎤ ⎡ ⎤⎣ ⎦ ⎣ ⎦ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎢ ⎥ =⎨ ⎬ ⎨ ⎬⎢ ⎥⎡ ⎤ ⎡ ⎤ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎢ ⎥ ⎩ ⎭ ⎩ ⎭⎣ ⎦ ⎣ ⎦⎣ ⎦
A AAA A
A
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
23 
 
 
 Do sistema acima tiramos duas equações matriciais: 
 
 ( ) ( ){ } ( ) ( ){ } ( ){ }g g g g gi iK U K U F⎡ ⎤ ⎡ ⎤+ =⎣ ⎦ ⎣ ⎦AA A A A (2.22) 
 
( ) ( ){ } ( ) ( ){ } ( ){ }g g g g gi ii i iK U K U F⎡ ⎤ ⎡ ⎤+ =⎣ ⎦ ⎣ ⎦A A (2.23) 
 
De (2.22) obtemos os valores dos deslocamentos nodais correspondentes aos 
graus de liberdade livres e, em seguida, a partir de (2.23) calculamos as forças de 
reação correspondentes aos graus de liberdade impostos: 
 
 ( ){ } ( ) ( ){ } ( ) ( ){ }( )1g g g g gi iU K F K U−⎡ ⎤ ⎡ ⎤= −⎣ ⎦ ⎣ ⎦A AA A A (2.24) 
 
( ){ } ( ) ( ){ } ( ) ( ){ }g g g g gi i ii iF K U K U⎡ ⎤ ⎡ ⎤= +⎣ ⎦ ⎣ ⎦A A (2.25) 
 
 
2.2 – Exemplo resolvido utilizando o MATLAB® 
 
 Nesta seção apresentamos a resolução do problema mostrado na Figura 2.1, 
particularizado para a seguinte situação: 
 
 41 20 10k = × N/m 42 30 10k = × N/m 43 50 10k = × N/m 
 
 10002 =f N 1 3 0f f= = N 
 
 041 == uu 
 
 A Figura 2.4 mostra o código implementado em ambiente MATLAB® . A 
solução obtida para o problema é a seguinte: 
 
 32 3,64 10 mu −= × 33 2,73 10 mu −= × 
 
 N37271 ,f −= N72724 ,f −= 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
24 
 
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% 
% Programa para análise estática por EF de sistemas constituídos por molas lineares 
% 
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% 
% Domingos Alves Rade 
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% 
 
% ENTRADA DE DADOS 
 
% valores dos coeficientes de rigidez das molas 
 k_values = 1e4*[ 20 30 10 ]; % valores em N/m 
% número de nós 
 nb_node = 4; 
% matriz de conectividade 
 mat_conect=[1 2 ; 2 3 ; 3 4 ] 
% condições de contorno nos gdl impostos 
 cond_cont=[1 0 ; 4 0]; 
% forças externas aplicadas nos gld livres 
 forcas_aplic= [ 2 1000 ; 3 0]; % valores em Newtons 
 nb_ele=length(k_values); 
% CONSTRUÇÃO DAS MAT. ELEMENTARES E MONTAGEM DA MATRIZ DE 
% RIGIDEZ GLOBAL 
 K_global=zeros(nb_node); 
 for ii=1:nb_ele 
 K_elementar=k_values(ii)*[1 -1 ; -1 1]; 
 mat_ident=eye(nb_node); 
 mat_transf=[mat_ident(mat_conect(ii,1),:); mat_ident(mat_conect(ii,2),:)]; 
 K_global=K_global+mat_transf'*K_elementar*mat_transf;
end 
%IMPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PELO MÉTODO DO 
%PARTICIONAMENTO DA MATRIZ DE RIGIDEZ 
% identificação dos gdl livres e gdl impostos 
 gdl_livres=forcas_aplic(:,1); 
 gdl_impostos = cond_cont(:,1); 
% construção das submatrizes de rigidez 
 K_ll=K_global(gdl_livres,gdl_livres); 
 K_li=K_global(gdl_livres,gdl_impostos); 
 K_ii=K_global(gdl_impostos,gdl_impostos); 
% construção dos vetores de forças nos gdl livres e de deslocamentos nos gdl 
% impostos 
 f_liv=forcas_aplic(:,2); 
 d_imp=cond_cont(:,2); 
% CÁLCULO DOS DESLOCAMENTOS NOS GDL LIVRES E FORÇAS DE REAÇÃO % NOS 
GDL IMPOSTOS 
 d_liv=inv(K_ll)*(f_liv-K_li*d_imp) 
 f_imp=K_li*d_liv+K_ii*d_imp 
 
 
Figura 2.4 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
 
 25
2.3 – Análise estática de treliças planas. 
 
 A idéia de modelar estruturas como uma série de elementos finitos surgiu 
como uma extensão dos métodos matriciais utilizados para análise de treliças. Estas 
estruturas consistem de barras interconectadas em certos pontos considerados como 
rótulas perfeitas, de modo que apenas forças axiais podem ser transmitidas às 
barras, não sendo considerados efeitos de flexão e cisalhamento. Um exemplo de 
treliça é ilustrado na Figura 2.5. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.5 
 
 
 Na modelagem, cada barra da treliça é tratada com um elemento finito, e os pontos 
de conexão das barras são associados aos nós do modelo de EF. 
 Para determinar as relações forças-deslocamentos para a treliça completa, 
devemos, primeiramente, determinar estas relações para um elemento genérico, 
considerado isoladamente, levando em conta sua orientação, e proceder, em seguida, 
à montagem das equações matriciais que levam em conta a compatibilidade de 
deslocamentos e o equilíbrio de forças nos nós. 
 Considerando a Figura 2.5, que mostra um elemento genérico i, orientado 
segundo um ângulo iα , cujas propriedades relevantes são: comprimento iL , área de 
seção transversal iA e módulo de elasticidade iE . Vamos utilizar os conceitos 
elementares da Resistência dos Materiais para obter as relações forças-
deslocamentos em nível elementar. 
Para cada elemento, definimos dois sistemas de referência ilustrados na 
Figura 2.6: 
 
- o sistema de referência global X-Y, comum a todos os elementos. 
 
- um sistema de referência local x-y, cuja orientação é determinada pela 
orientação de cada barra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
 
 26
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.6 
 
 
 Deve ser notado, na Figura 2.6, que cada um dos nós apresenta duas 
componentes independentes de deslocamento nas direções X e Y, havendo, portanto, 
dois graus de liberdade por nó. Além disso, as forças aplicadas nos nós são 
orientadas na direção da barra. 
 
Da condição de equilíbrio do elemento, temos: 
 
 ( ) ( )E Di ix xF F= − (2.26) 
 
 A relação força-deslocamento, derivada da lei de Hooke para o elemento 
considerado permite escrever: 
 
( ) ( ) ( )Ei iD E xi i ix x i i
F L
L u u
E A
Δ = − = − (2.27) 
 
 ( ) ( ) ( )Di iD E xi i ix x i i
F L
L u u
E A
Δ = − = (2.28) 
 
 
 As duas últimas equações acima podem ser dispostas na seguinte forma 
matricial. 
 
Y 
X 
y 
x 
iL
i
α 
E 
D 
ii A,E 
( ) ( ),D Di ix xu F 
( ) ( ),E Ei ix xu F 
( ) ( )XEiXEi F,u
( ) ( )YEiYEi F,u 
( ) ( ),D Di iY Yu F 
( ) ( ),D Di iX Xu F 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
 
 27
 
( )
( )
( )
( )
i i i i E E
i ii i x x
D Di i i i i ix x
i i
E A E A
u FL L
E A E A u F
L L
⎡ ⎤− ⎧ ⎫ ⎧ ⎫⎢ ⎥ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎢ ⎥ =⎨ ⎬ ⎨ ⎬⎢ ⎥ ⎪ ⎪ ⎪ ⎪−⎢ ⎥ ⎩ ⎭ ⎩ ⎭⎣ ⎦
 (2.29) 
 
Devemos observar que, na equação acima os deslocamentos e forças nodais 
estão expressas em termos de suas componentes nas direções dos eixos locais. Como 
cada um dos elementos possui, em geral, orientação diferente da dos demais, antes 
da montagem das equações matriciais globais é necessário expressar as relações 
forças-deslocamentos em termos das componentes no sistema de referência global. 
Isto é feito introduzindo a seguinte transformação para os deslocamentos, que pode 
ser facilmente extraída da Figura 2.4: 
 
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
cos sen cos sen 0 0
0 0 cos sencos sen
E
i X
E E E E E
i i i i i i ix X Y x Yi i
D D D D Di ii i i i i i ix X Y x X
D
i Y
u
u u u u u
u u u u u
u
α α α α
α αα α
⎧ ⎫⎪ ⎪⎪ ⎪⎧ ⎫= + ⎪ ⎪⎡ ⎤⎪ ⎪ ⎪ ⎪⇒ =⎨ ⎬ ⎨ ⎬⎢ ⎥⎣ ⎦= + ⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎩ ⎭ ⎪ ⎪⎪ ⎪⎪ ⎪⎩ ⎭
 
 
ou, em forma compacta: 
 
 
( )
( )
( )
( )
( )
( )
i
E
i X
E E
i ix Y
D D
i ix X
D
i Y
u
u u
T
u u
u
α
⎧ ⎫⎪ ⎪⎪ ⎪⎧ ⎫ ⎪ ⎪⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎡ ⎤=⎨ ⎬ ⎨ ⎬⎣ ⎦⎪ ⎪ ⎪ ⎪⎩ ⎭ ⎪ ⎪⎪ ⎪⎪ ⎪⎩ ⎭
 (2.30) 
 
 
onde: 
 
 
[ ] ⎥⎦⎤⎢⎣⎡= iiii sencossencosT i ααααα 00 00 (2.31) 
 
 
Introduzindo (2.30) em (2.29) e pré-multiplicando a equação resultante por [ ]T
i
Tα , obtemos: 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
 
 28
[ ]T
i
Tα
⎥⎥
⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎣
⎡
−
−
i
ii
i
ii
i
ii
i
ii
L
AE
L
AE
L
AE
L
AE
[ ]
i
Tα
( )( )( )( ) ⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
Y
D
i
X
D
i
Y
E
i
X
E
i
u
u
u
u
= [ ]T
i
Tα
( )
( )
E
i x
D
i x
F
F
⎧ ⎫⎪ ⎪⎨ ⎬⎪ ⎪⎩ ⎭
 (2.32) 
 
 Com base na Figura 2.4, podemos desenvolver o membro do lado direito de 
(2.32) sob a forma: 
 
[ ]T
i
Tα
( )
( )
E
i x
D
i x
F
F
⎧ ⎫⎪ ⎪⎨ ⎬⎪ ⎪⎩ ⎭
 =
⎥⎥
⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎣
⎡
i
i
i
i
cos
cos
sen
cos
α
α
α
α
0
0
0
0 ( )
( )
E
i x
D
i x
F
F
⎧ ⎫⎪ ⎪⎨ ⎬⎪ ⎪⎩ ⎭
=
( )( )( )( ) ⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
=
⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
Y
D
i
X
D
i
Y
E
i
X
E
i
i
D
i
i
D
i
i
E
i
i
E
i
F
F
F
F
senF
cosF
senF
cosF
α
α
α
α
 (2.33) 
 
 Assim, a equação (2.32) assume a seguinte forma, representando a relação 
forças-deslocamentos expressa no sistema de referência global: 
 
 
⎥⎥
⎥⎥
⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎢
⎣
⎡
−
−−
−−
−−
iiiiii
iiiiii
iiiii
iiiiii
i
ii
sensencossensencos
sencoscossencoscos
sensencossensencos
sencoscossencoscos
L
AE
αααααα
αααααα
αααααα
αααααα
22
22
22
22 ( )( )( )( ) ⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
Y
D
i
X
D
i
Y
E
i
X
E
i
u
u
u
u
=
( )( )( )( ) ⎪⎪⎭
⎪⎪⎬
⎫
⎪⎪⎩
⎪⎪⎨
⎧
Y
D
i
X
D
i
Y
E
i
X
E
i
F
F
F
F
 
 
(2.34) 
 
ou: 
 
 ( )[ ] ( ){ } ( ){ }eieiei FUK = i=1,2,... (2.35) 
 
onde: 
 
 
( )[ ] =eiK
⎥⎥
⎥⎥
⎥
⎦
⎤
⎢⎢
⎢⎢
⎢
⎣
⎡
−
−−
−−
−−
iiiiii
iiiiii
iiiii
iiiiii
i
ii
sensencossensencos
sencoscossencoscos
sensencossensencos
sencoscossencoscos
L
AE
αααααα
αααααα
αααααα
αααααα
22
22
22
22
 (2.36) 
 
é a matriz de rigidez elementar do elemento de treliça. 
 Devemos observar que cada elemento possui quatro graus de liberdade (2 
graus de liberdade por nó, correspondendo aos deslocamentos nas direções X e Y. 
 Uma vez desenvolvida a expressão geral da matriz de rigidez para um 
elemento de barra genérico, podemos utilizar os procedimentos já detalhados na 
Seção 2.1 para a montagem da matriz de rigidez global – traduzindo a 
compatibilidade
de deslocamentos e equilíbrio de forças nos nós – e a imposição das 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
 
 29
condições de contorno. No que segue, estas etapas serão detalhadas a partir de um 
exemplo numérico. 
 
 
2.4 – Exemplo resolvido usando o MATLAB®. 
 
 
 Consideremos a treliça plana constituída de três barras, ilustrada na 
Figura 2.7(a), cujas características físicas e geométricas são dadas na Tabela 2.1. 
Interessa-nos determinas os deslocamentos nodais, as reações nos apoios e as 
tensões em cada uma das barras. 
 A Figura 2.7(b) mostra a numeração escolhida para os nós e elementos, bem 
como a indicação das componentes das forças e deslocamentos nodais no sistema de 
referência global adotado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(a) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(b) 
 
Figura 2.7 
 
 
45o 100 KN 
Y 
X 
3
2
1 
1
2
3 ( )Xu3 
( )Yu3 
( )Xu2 
( )Yu2 
( )XF3 
( )YF3 
( )YF2 
( )XF2 
( )Xu1 
( )Yu1 ( )YF1 
( )XF1 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
 
 30
Tabela 2.1 
Elemento A(cm2) E(N/m2) L(m) Conectividade 
(nós) 
α (graus) 
 
1 
 
 
32,3 
 
6,9×1010 
 
2,54 
 
2,3 
 
90 
 
2 
 
 
38,7 
 
20,7×1010 
 
2,54 
 
1,2 
 
0 
 
3 
 
 
25,8 
 
20,7×1010 
 
3,59 
 
1,3 
 
135 
 
 O programa MATLAB® utilizado e os resultados obtidos são apresentados na 
Figura 2.5. 
 Deve ser observado que, após o cálculo das forças e deslocamentos nodais, as 
tensões nas barras foram calculadas de acordo com o seguinte procedimento: 
 Utilizando a equação (2.28), escrevemos: 
 
 
( ) ( ) ( )Di D Ex ii i ix xi i
F E u u
A L
σ ⎡ ⎤= = −⎢ ⎥⎣ ⎦ 
 
 Os valores de ( )Di xu e ( )Ei xu são calculados a partir dos deslocamentos nodais 
expresso no sistema de referência global utilizando a equação (2.30). 
Os resultados obtidos para este exemplo são os seguintes: 
 
• Deslocamentos 
 
( )1 0,6858mmXu = − ( )2 0,9100 mmXu = − ( )2 0,8059 mmYu = − 
 
• Reações de apoio 
 
( )2 70,711KNYF = ( )3 70,711KNXF = ( )3 0YF = 
 
• Tensões nas barras 
 
1 21,819MPaσ = 2 18,271MPaσ = 3 38,760MPaσ = − 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
 
 31
 
 
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% 
% Programa para análise estática por EF de treliças planas 
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% 
% Domingos Alves Rade Última modificação: 
%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%% 
% ENTRADA DE DADOS 
 % propriedades físicas e geométricas das barras [A(m^2) E(N/m^2) L(m) alfa(grau)] 
 propriedades = [ 32.3e-4 6.9e10 2.54 90 
 38.7e-4 20.7e10 2.54 180 
 25.8e-4 20.7e10 2.59 135]; 
 % número total de graus de liberdade 
 nb_gdl = 6; 
 % matriz de conectividade (graus de liberdade ordenados segundo: 
 % 1: nó 1, direção x 
 % 2: nó 1, direção y 
 % 3: nó 2, direção x 
 % 4: nó 2, direção y 
 % 5: nó 3, direção x 
 % 6: nó 3, direção y 
 mat_conect=[ 3 4 5 6 
 1 2 3 4 
 1 2 5 6]; 
 % condições de contorno nos gdl impostos 
 cond_cont=[2 0 
 5 0 
 6 0]; 
 % forças externas aplicadas nos gld livres(valores em Newtons) 
 forcas_aplic= [ 1 0 
 3 -100000*cos(pi/4) 
 4 -100000*sin(pi/4)]; 
 [nb_ele,dummy]=size(propriedades); 
% CONSTRUÇÃO DAS MATRIZES ELEMENTARES E MONTAGEM DA MATRIZ DE RIGIDEZ GLOBAL 
K_global=zeros(nb_gdl); 
for ii=1:nb_ele 
 coef=propriedades(ii,1)*propriedades(ii,2)/propriedades(ii,3); 
 alfa=propriedades(ii,4)*pi/180; 
 K_elementar=coef*[1 -1 ; -1 1]; 
 mat_transf=[cos(alfa) sin(alfa) 0 0 
 0 0 cos(alfa) sin(alfa)]; 
 K_elementar=mat_transf'*K_elementar*mat_transf; 
 mat_ident=eye(nb_gdl); 
 mat_transf1=[mat_ident(mat_conect(ii,1),:); mat_ident(mat_conect(ii,2),:); ... 
 mat_ident(mat_conect(ii,3),:); mat_ident(mat_conect(ii,4),:)]; 
 K_global=K_global+mat_transf1'*K_elementar*mat_transf1; 
end 
% IMPOSIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PELO MÉTODO DO PARTICIONAMENTO 
 %identificacao dos gdl livres e gdl impostos 
 gdl_livres=forcas_aplic(:,1); 
 gdl_impostos = cond_cont(:,1); 
 % construção das submatrizes de rigidez 
 K_ll=K_global(gdl_livres,gdl_livres); 
 K_li=K_global(gdl_livres,gdl_impostos); 
 K_ii=K_global(gdl_impostos,gdl_impostos); 
 % construção dos vetores de forças nos gdl livres e de deslocamentos nos gdl 
impostos 
 f_liv=forcas_aplic(:,2); 
 d_imp=cond_cont(:,2); 
 % CÁLCULO DOS DESLOCAMENTOS NOS GDL LIVRES E FORÇAS DE REAÇÃO NOS GDL IMPOSTOS 
 disp('Deslocamentos nos gdl livres (em milímetros)'); 
 d_liv=inv(K_ll)*(f_liv-K_li*d_imp)*1000 
 disp('Reacoes de apoio (em kN) '); 
 f_imp=(K_li'*d_liv/1000+K_ii*d_imp)/1000 
 des_global=zeros(nb_gdl,1); 
 des_global(cond_cont(:,1))=cond_cont(:,2); 
 des_global(forcas_aplic(:,1))=d_liv/1000; 
 % CÁLCULO DAS TENSÕES NAS BARRAS 
for ii=1:nb_ele 
 alfa=propriedades(ii,4)*pi/180; 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
 
 32
 mat_transf=[cos(alfa) sin(alfa) 0 0 
 0 0 cos(alfa) sin(alfa)]; 
 des_local=mat_transf*des_global(mat_conect(ii,:)); 
 sigma(ii)=propriedades(ii,2)/propriedades(ii,3)*(des_local(2)-des_local(1)); 
end 
 disp('Tensões nas barras (em MN/m^2) '); 
 sigma/1e6 
 
Figura 2.8 
 
 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
33 
 
 
2.5 - Aplicação do processo direto a outros tipos de problemas unidimensionais 
 
A formulação do MEF pelo processo direto, ilustrado na seção 2.1 para 
sistemas formados por associações de molas lineares pode ser utilizado para a 
resolução de vários outros tipos de problemas unidimensionais em regime 
permanente nas áreas de Mecânica dos Sólidos, Mecânica dos Fluidos e 
Transferência de Calor. Para cada um destes tipos de problemas o processo 
consiste em determinar, a partir da aplicação das leis Físicas pertinentes, as 
equações equivalentes às equações de equilíbrio das molas. A partir daí, o 
procedimento de montagem e resolução das equações globais segue o mesmo 
procedimento estudado anteriormente. A obtenção das equações equivalentes é 
ilustrada a seguir. 
 
 
2.5.1 - Barras em solicitação axial 
 
 
Consideramos aqui problemas formados por barras solicitadas por forças 
axiais, como exemplificado na Figura 2.9, na qual, para cada segmento da barra, 
, ,i i iE A l indicam, respectivamente, o módulo de elasticidade, área de seção 
transversal e comprimento. ei iN U designam, respectivamente, as forças axiais e 
os deslocamentos aplicados nos nós que delimitam cada segmento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.9 
 
1 (1) 
(2) 
(3) 
N1 
U1 
N2 
U2 
N3 
U3 
N4 
U4 
E1, A1, l1 
E2, A2, l2 
E3, A3, l3 
2 3 4 
(i) 
NiE 
Ui E 
Ni D 
Ui D 
Ei, Ai, li 
i i+1 
ki= EiAi/li 
fiE 
ui E 
fi D 
ui D 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo
Processo Direto 
34 
 
Da Resistência dos Materiais sabemos que para cada segmento em 
equilíbrio, considerado isoladamente, admitindo comportamento linear elástico, 
valem as seguintes relações: 
 
 D D Ei ii i i i i i i i
i
E AN A E A U U
l
     
 
 E D E Di ii i i i
i
E AN N U U
l
    
 
As duas equações acima por se postas na seguinte forma matricial: 
 
1 1
1 1
E E
i ii i
D D
i i i
U NE A
l U N
               
 (2.38) 
 
 Comparando as equações (2.1) e (2.38) concluímos que cada segmento da 
barra solicitada axialmente pode ser considerado como uma mola linear cuja 
constante de rigidez equivalente é dada por 
 
i i
i
i
E Ak
l
 
 
Desta forma, o procedimento de montagem das equações globais e 
imposição das condições de contorno e carregamentos é feito da mesma forma 
adotada para os sistemas de molas considerados na Seção 2.1. 
 
2.5.2 Eixos sujeitos a torção 
 
Consideramos aqui sistemas formados por eixos solicitados por momentos 
torsores (torques), conforme mostrado na Figura 2.10, na qual, para cada 
segmento, , ,i i iG J l indicam, respectivamente, o módulo de cisalhamento, momento 
polar de inércia da seção transversal e comprimento. Além disso, ei i  
designam, respectivamente, os torques aplicados e ângulos de torção das seções 
transversais nos nós que delimitam cada segmento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.10 
 
Da Resistência dos Materiais sabemos que para cada segmento em 
equilíbrio, considerado isoladamente, admitindo comportamento linear elástico, 
valem as seguintes relações: 
 
 D D Ei ii i i
i
G J
l
    
 
 E D E Di ii i i i
i
G J
l
       
 
As duas equações acima por se postas na seguinte forma matricial: 
 
1 1
1 1
E E
i ii i
D D
i i i
G J
l
 
 
               
 (2.39) 
 
 Comparando as equações (2.1) e (2.39) concluímos que cada segmento da 
barra solicitada em torção pode ser considerado como uma mola linear cuja 
constante de rigidez equivalente é dada por 
 
i i
i
i
G Jk
l
 
 
Para o caso de eixos de seção circular de raio iR , o momento polar de 
inércia é dado por: 
 
4
2
i
i
RJ  
 
G1, J1, l1 G2, J2, l2 
T1 ,1 T2 ,2 
T3 , 3 
(2) (1) 
ki = GiJi,/li 
TiE 
iE 
TiD 
iD 
Gi, Ji, li 
TiE , i E TiD 
(1) 
, i D 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
36 
 
 
O procedimento de montagem das equações globais e imposição das 
condições de contorno e carregamentos é feito da mesma forma adotada para os 
sistemas de molas considerados na Seção 2.1. 
 
 
2.5.3 Problemas de escoamento em regime permanente 
 
 Nesta seção tratamos o problema de escoamento unidimensional em 
regime permanente em tubulações que podem ser consideradas constituída pela 
associação de vários segmentos, como ilustrado na Figura 2.11(a) que mostra a 
vazão total Q e as vazões que percorrem os segmentos, indicadas por qi , i=1,2, ... 
O problema consiste em determinar os valores destas vazões, bem como das 
pressões nos nós que delimitam os segmentos, os quais são também indicados na 
Figura 2.11. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.11(a) 
 
 
 A Figura 2.11(b) mostra um segmento arbitrário, delimitado por dois nós E 
e D, nos quais estão indicadas as respectivas pressões Eip e Dip e vazões Eiq e Diq . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.11(b) 
 
 
Em virtude da hipótese de escoamento em regime permanente, para cada 
segmento i deve-se ter: 
 
A 
E H
D Q Q 
q1 
q2 q2
q3
q4
F G
B Cq1
q1
q3
1/Ri 
E
iq
D
iq
E
ip
D
ip
i 
E
iq
E
ip D
ip 
D
iq 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
37 
 
D E
i i iq q q  (2.41) 
 
 Além disso, sabe-se da Mecânica dos Fluidos que: 
 
D E
i i i ip p R q  (2.42) 
 
onde Ri é o coeficiente de resistência, que depende essencialmente do tipo de 
fluido, da geometria da seção transversal e do acabamento da superfície interna 
do duto. 
 Combinando as equações (2.41) e (2,42) escrevemos: 
 
 
 1E E Di i i
i
q p p
R
 
 
 
 1D E Di i i
i
q p p
R
   
 
ou: 
 
1 11
1 1
E E
i i
D D
ii i
q p
Rq p
             
 (2.43) 
 
 
 Como nos casos anteriores, a comparação de (2.1) e (2.43) permite concluir 
que o problema de escoamento unidimensional em regime permanente pode ser 
modelado da mesma forma que o sistema de molas lineares considerado na Seção 
2.1, sendo a rigidez de mola equivalente dada por 1/ Ri. 
 
 
2.5.4 Transferência de calor unidimensional em regime permanente 
 
 
Tratamos aqui problema de transferência de calor unidimensional em 
regime permanente em uma barra constituída pela associação de vários 
segmentos, como ilustrado na Figura 2.12(a), onde Ki, Ai e li designam, 
respectivamente, o coeficiente de condutividade térmica, a área da seção 
transversal e o comprimento dos segmentos que compõem a barra. O problema a 
ser resolvido consiste em determinar a distribuição de temperatura T(x) para um 
conjunto de condições de contorno impostas nas extremidades 1 e 4. 
A Figura 2.12(b) mostra um segmento genérico i da barra e as grandezas a 
ele associadas. 
 
 
 
 
 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.12(a) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2.12(b) 
 
 
 Recordamos abaixo as equações pertinentes aos dois mecanismos de 
transferência de calor (condução e convecção) que consideramos estar envolvidos 
no problema em questão. 
 
 
 
Condução (Lei de Fourier): 
 
 
 
 
 
i i i
dTq K A
dx
  (2.44.a)
 
 
Convecção: 
 
 
 
 
 
  i i i Pq h A T T  (2.44.b)
 
 
qi 
D 
Ki, Ai, li EiT
E 
i 
D
iT
E
iq
D
iq
E D
i iT T
Ki 
TiE 
qiE 
TiD 
qiD 
Q1 
T1 
Q4 
K1, A1, l1 
K2, A2, l2 
K3, A3, l3 
1 3 4 
T2 T3 T4 
2 
x 
T 
TP 
qi 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
39 
 
Análise em nível elementar 
 
E
i iq q Di iq q  
 
 E Di ii i i
i
K Aq T T
l
  Di iq q  
 
Assim, para o elemento i: 
 
 
1 1
1 1
E E
i ii i
D D
ii i
q TK A
lq T
             
 (2.45) 
 
 Como nos casos anteriores, a comparação de (2.1) e (2.44) mostra que o 
problema de transferência de calor unidimensional em regime permanente pode 
ser modelado da mesma forma que o sistema de molas lineares considerado na 
Seção 2.1, sendo a rigidez de mola equivalente dada por KiAi/li. 
 Uma especificidade a ser considerada neste problema é que são possíveis 
combinações de três tipos de condição de contorno aplicadas nas extremidades da 
barra: 
 
1) valor do calor imposto; 
2) valor da temperatura
imposta; 
3) condição de contorno do tipo convecção com o valor da temperatura T 
imposto; 
 
A condição de contorno do tipo temperatura imposta deve ser tratada da 
mesma forma que os deslocamentos impostos, apresentada na Seção 2.1.3 e a 
condição de valor imposto é análoga à aplicação de uma força de valor conhecido 
nos problemas estruturais. 
O tratamento das condições de contorno do tipo convecção requer algumas 
transformações adicionais das equações, uma vez que este tipo de condição de 
contorno envolve as temperaturas das extremidades da barra, conforme pode ser 
visto na Equação (2.44.b). 
Considerando, para exemplificação, a barra discretizada com três 
elementos finitos, as equações globais resultantes do procedimento de montagem, 
tomam a forma: 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
40 
 
1 1 1 1
1 1
1 11 1 1 1 2 2 2 2
1 1 2 2 2
33 3 3 32 2 2 2
4 42 2 3 3
3 3 3 3
3 3
0 0
0
0
0
0
0 0
K A K A
l l
q TK A K A K A K A
l l l l T
TK A K AK A K A
q Tl l l l
K A K A
l l
                                       
 (2.46) 
 
Admitamos que na extremidade 1 tenhamos uma condição de contorno do 
tipo temperatura imposta e na extremidade 4 tenhamos uma condição de 
contorno de convecção, as quais são expressas segundo : 
 
1 1T T 
  4 4 3 4q h A T T  
 
 Introduzindo estas expressões em (2.46), obtemos: 
 
1 1 1 1
1 1
1 11 1 1 1 2 2 2 2
1 1 2 2 2
33 3 3 32 2 2 2
4 3 2 2 3 3 4
3 3 3 3
4 3
3 3
0 0
0
0
0
0
0 0
K A K A
l l
q TK A K A K A K A
l l l l T
TK A K AK A K A
h A T l l l l T
K A K A h A
l l

                                        
 
 
O sistema de equações acima pode ser decomposto em dois conjuntos de 
equações cuja resolução fornece o valor das temperaturas desconhecidas T2, T3 e 
T4 e o calor transferido através da seção transversal no nó 1, segundo: 
 
1 1 2 2 2 2
1 2 2
2
3 3 3 32 2 2 2
3
2 2 3 3
4 3 4
3 3 3 3
4 3
3 3
0
0
0
0
K A K A K A
l l l
T
K A K AK A K A T
l l l l
h A T T
K A K A h A
l l

                              
 
 
 
D.A.Rade Formulação do MEF pelo Processo Direto 
41 
 
1
21 1 1 1
1
1 1 3
4
0 0
T
TK A K Aq
l l T
T
              
 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 42
CAPÍTULO 3 
 
FUNDAMENTOS DE CÁLCULO VARIACIONAL 
 
É possível, e muito conveniente, considerar o procedimento de obtenção de 
modelos de elementos finitos como um processo variacional. Através deste 
processo procura-se estabelecer as equações do movimento ou de equilíbrio em 
nível elementar e em nível global mediante a busca dos pontos estacionários (ou 
pontos críticos, ou pontos extremos) de certas funções, denominadas funcionais, 
que são funções escalares de funções que definem a distribuição da variável de 
campo sobre o domínio considerado. Neste contexto o Cálculo Variacional 
constitui o conjunto de técnicas matemáticas destinadas à determinação dos 
pontos estacionários de funcionais. 
 Os chamados Princípios Variacionais são leis que estabelecem que a 
configuração de equilíbrio estático ou de equilíbrio dinâmico de um dado sistema 
mecânico devem corresponder a pontos estacionários de determinados funcionais 
associados ao problema. Em diversos problemas da Mecânica do Contínuo, os 
funcionais representam a energia do sistema. As equações de equilíbrio ou do 
movimento podem então ser obtidas desenvolvendo, matematicamente, as 
condições de estacionaridade destes funcionais. 
 Neste Capítulo, apresentaremos os fundamentos do Cálculo Variacional e 
ilustraremos os desenvolvimentos apresentados através de exemplos baseados no 
uso de Princípios Variacionais da Mecânica, notadamente o Princípio da Energia 
Potencial Estacionária e o Princípio de Hamilton. Tais princípios serão 
apresentados detalhadamente no Capítulo 5. 
 
 
3.1 Funcionais envolvendo uma variável dependente e uma variável 
independente 
 
 Consideremos inicialmente o problema de determinação dos pontos 
estacionários do seguinte funcional: 
 
       dxxu,xu,xFuI x
x  21 (3.1) 
 
 Admitiremos ainda que a função u deva satisfazer as seguintes condições 
de contorno: 
   11 uxu  ;   22 uxu  (3.2) 
 
Nas equações acima, x designa a variável independente,  xu é a variável 
dependente, que representa a variável de campo associada ao problema, u indica 
a derivada de  xu em relação à variável independente,     xu,xu,xF  indica 
genericamente uma relação funcional envolvendo x,  xu e  xu e 1u e 2u 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 43
designam valores prescritos, assumidos pela variável dependente nos extremos 
do intervalo em que o problema é definido. 
Designando doravante por u=u(x) a função que corresponde à solução 
estacionária exata do funcional definido em (3.1), o procedimento variacional 
consiste em definir as chamadas funções de comparação, representadas sob a 
forma: 
      xuxuxu~  21 xxx  (3.3.a) 
 
com: 
    xxu   (3.3.b) 
 
onde 1 é um parâmetro escalar arbitrário e  x é uma função contínua 
arbitrária definida no intervalo 21 xxx  , que assume valor nulo nos extremos 
deste: 
 
   01 x   02 x (3.4) 
 
Em decorrência de (3.4), as funções de comparação satisfazem as condições 
de contorno do problema: 
   11 uxu~  ;   22 uxu~  (3.5) 
 
 Em (3.3.b),  x é entendida como uma função arbitrária que representa 
uma perturbação infinitesimal acrescentada à solução exata u(x) para cada valor 
da variável independente x, conforme ilustra a Figura 3.1, onde ficam 
evidenciadas as condições (3.4) e (3.5). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.1 
 
x 2x 1x
u, u 
 xy   
 xu 
 xu~ 
1u 
2u 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 44
 Na seqüência do processo variacional, devemos introduzir a solução 
variada (3.3) no funcional dado por (3.1) e impor a condição de estacionariedade 
do funcional, que determina que sua variação I , associada a qualquer variação 
arbitrária u deve ser nula. Esquematicamente, este processo é ilustrado como 
segue: 
 
 
0 IIIFFuu  
 
 
Buscaremos, primeiramente, expressar a variação da função 
    xu,xu,xF  , designada por     xu,xu,xF  , resultante da substituição de  xu 
por    xuxu  . Assim, definimos: 
            xu,xu,xFuu,uu,xFxu,xu,xF   (3.6) 
 
 Em decorrência de (3.3.b), temos: 
 
  xu   (3.7) 
 
 Introduzindo (3.3.b) e (3.7) em (3.6), obtemos: 
               xu,xu,xFxu,xu,xFxu,xu,xF   (3.8) 
 
 Negligenciando os termos de ordem igual e superior à segunda em  , 
procedemos à expansão do primeiro termo do lado direito de (3.8) em série de 
Taylor, obtendo: 
 
             

 

 x
u
Fx
u
Fxu,xu,xFxu,xu,xF  (3.9) 
 
 Introduzindo (3.9) em (3.8), temos: 
 
       F FF x,u x ,u x x x
u u
               (3.10) 
 
A variação do funcional I correspondente à variação da função F é definida 
segundo: 
 
   FIFFII   =           dxxu,xu,xFxu,xu,xFx
x 21  
      dxxu,xu,xFx
x  21      dxxu,xu,xFxx  21  (3.11) 
 
 Introduzindo (3.10) em (3.11), temos: 
 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 45
        2
1
x
x
F FI x,u x ,u x x x dx
u u
               (3.12) 
 
A condição necessária para a estacionaridade do funcional I é que sua 
variação deve anular-se, ou seja,      0 xu,xu,xI . Assim, com base em (3.12), 
devemos ter: 
 
   2
1
0
x
x
F Fx x dx
u u
        (3.13) 
 
Procedemos, em seguida, à integração por partes da segunda parcela do 
integrando: 
 
       





 2
1
2
1
2
1
x
x
x
x
x
x
dxx
u
F
dx
dx
u
Fdxx
u
F  (3.14) 
 
Introduzindo (3.14) em (3.13), temos: 
 
   22
1 1
0
xx
x x
F F d Fx x dx
u u dx u
                    (3.15) 
 
Em decorrência de (3.4), a primeira parcela de (3.15) se anula: 
 
  02
1




 x
x
x
u
F  , (3.16) 
 
de modo que: 
 
 2
1
0
x
x
F d F x dx
u dx u
          (3.17)
 
Neste ponto, evocamos o seguinte lema: 
 
Lema: Se 1x e 2x ( 1x < 2x ) são constantes e G(x) é uma função contínua de x 
no intervalo  21; xx e se 
 
    02
1
 dxxGx
x
x
 
 
para toda e qualquer função continuamente diferenciável  x que satisfaz 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 46
 
   01 x   02 x , 
 
conclui-se que   0xG identicamente no intervalo  21; xx . 
 
Com base neste lema podemos afirmar que a equação (3.17) se verifica se: 
 
0F d F
u dx u
       (3.18) 
 
 A equação (3.18) é denominada Equação de Euler-Lagrange associada ao 
funcional dado por (3.1). Por outro lado, a equação (3.16) indica todas as possíveis 
combinações de condições de contorno impostas nos extremos do intervalo  21; xx . 
No caso do funcional analisado, as condições de contorno que satisfazem (3.16) 
são: 
 
 • Em x= 1x :   01 x (3.18.a) 
 
0
1


xxu
F (3.18.b) 
 
 • Em x= 2x :   02 x (3.18.c) 
 
0
2


xxu
F (3.18.d) 
 
 Neste ponto, introduzimos a seguinte classificação para as condições de 
contorno: 
 
a) condições de contorno geométricas ou de Dirichlet: são aquelas que 
envolvem diretamente a função de comparação e suas derivadas. 
 
b) condições de contorno naturais ou de Neumann: são aquelas 
representadas por expressões que envolvem as derivadas da função 
    xu,xu,xF  em relação a um de seus argumentos ou derivadas de 
 x . 
 
De acordo com estas definições, as condições de contorno indicadas pelas 
equações (3.18.a) e (3.18.c) são condições de contorno geométricas, ao passo que 
aquelas indicadas pelas equações equações (3.18.b) e (3.18.d) são condições de 
contorno naturais. 
 
 
 
 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 47
Observações: 
 
• a equação de Euler-Lagrange (3.18) apresenta-se sob a forma de uma 
equação diferencial, cuja resolução, complementada pelas condições de contorno 
(3.2), fornece a função u(x) que corresponde ao ponto estacionário do funcional 
(3.1). 
 
• para um determinado ponto estacionário do funcional, pode-se 
determinar sua natureza (máximo ou mínimo), a partir da análise do sinal da 
segunda variação do funcional I. A segunda variação é obtida pela expansão de  uuI  em torno de  uI utilizando uma série de Taylor limitada aos termos de 
segunda ordem em u . Para o funcional em questão, escrevemos: 
 
        uu
uu
Fu
u
Fu
u
Fu
u
Fu
u
Fu,u,xFuu,uu,xF 




 
2
2
2
2
2
2
2
2
1
2
1
 
ou: 
 
       u,u,xFu,u,xFu,u,xFuu,uu,xF  2 (3.19) 
 
com: 
 
  u
u
Fu
u
Fu,u,xF 

  (3.20) 
 
      uu
uu
Fu
u
Fu
u
Fu,u,xF 


 
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
2
1 (3.21) 
 
Introduzimos agora a segunda variação do funcional I: 
 
    dxuu,uu,xFuuI x
x  21  (3.22) 
 
Introduzindo (3.19) em (3.22), temos: 
 
         2
1
2
1
2
1
22
x
x
x
x
x
x
dxu,u,xFdxu,u,xFdxu,u,xFuuI  (3.23) 
 
Levando em conta (3.1) e (3.11), reescrevemos a equação acima sob a 
forma: 
 
     IIuIuuI 2  (3.24) 
 
onde: 
 
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 48
   2
1
222
x
x
dxu,u,xFI  (3.25) 
 
é a segunda variação do funcional I. 
 
Introduzindo (3.21) em (3.25) e levando em conta (3.3.b), escrevemos: 
 
  


 



2
1
2
2
2
2
2
2
2
22 2
2
1 x
x
dx
uu
F
u
F
u
FI  (3.26) 
 
 Pode-se mostrar que um dado ponto estacionário do funcional I é um ponto 
de mínimo se 02 I e um ponto de máximo se 02 I para qualquer função 
arbitrária  . 
 
 
Exemplo 1: O problema de equilíbrio de uma corda tensionada 
 
Consideremos a corda elástica de comprimento L ilustrada na Figura 3.2, 
sujeita a uma tração axial constante T e a um carregamento transversal 
distribuído (força por unidade de comprimento) q(x). Nesta mesma figura u=u(x) 
indica o campo de deslocamento transversais correspondente à posição de 
equilíbrio da corda. 
Pode-se mostrar que a energia potencial total do sistema, incluindo a 
energia de deformação da corda e o trabalho da carga distribuída é dada pelo 
seguinte funcional: 
 
     dxquuTuI L   0
2
2
 (a) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.2 
 
 
 Confrontando a equação (a) com a equação (3.1), reconhecemos: 
L
q(x) 
x 
y 
u(x) 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 49
 
     quuTu,uF  2
2
 (b) 
 
 Após o cálculo das derivadas parciais necessárias, as equações (3.18) e 
(3.16), nos fornecem, respectivamente, a equação de Euler-Lagrange e os termos 
de contorno do problema: 
  
T
xqu  (c) 
 
  00  LuT  (d) 
 
 Admitindo    constanteqxq  , integrando duas vezes (c) e introduzindo as 
condições de contorno determinadas pelos vínculos mostrados na Figura 3.1: 
 
   00 u   0Lu , 
 
obtemos a seguinte expressão para o campo de deslocamentos transversais da 
corda em equilíbrio:
   xLx
T
qxu 
2
 
 
 Investiguemos agora a natureza do ponto estacionário, mediante a análise 
do sinal da segunda variação do funcional (a), dada pela equação (3.26). Para 
tanto, a partir de (b) avaliamos as seguintes derivadas: 
 
02
2


u
F ; T
u
F 

2
2
 ; 0
2


uu
F 
 
 Introduzindo as equações acima em (3.26), obtemos: 
 
 22
0
1 2
2
L
I T dx     
 
Observamos que a segunda variação do funcional é sempre positiva, 
independentemente da função  x , o que indica que o ponto estacionário 
determinado corresponde a um ponto de mínimo do funcional (a). 
 
 
 
 
 
 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 50
3.2 Funcionais envolvendo derivadas de ordem superior. 
 
O procedimento desenvolvido na seção precedente pode ser estendido para 
a determinação dos pontos extremos de um funcionais envolvendo derivadas de 
ordem superior à primeira. Consideremos o funcional expresso dado por: 
 
         dxxu,,xu,xu,xFuI x
x
n  2
1
 (3.27) 
onde a função  u x satisfaz às seguintes condições de contorno: 
   11 uxu  ;   22 uxu  
   11 uxu  ;   22 uxu  (3.28) 
 
   
 
    1111   nn uxu ;      1221   nn uxu 
 
Por procedimento similar àquele apresentado na seção anterior, 
introduzimos a seguinte função de comparação: 
      xuxuxu~  21 xxx  
 
com: 
 
    xxu   
 
onde 1 é um parâmetro escalar arbitrário e  x é uma função contínua 
arbitrária definida no intervalo 21 xxx  , que satisfaz às seguintes condições: 
   01 x ;   02 x 
   01  x ;   02  x (3.29) 
 
   
 
    011  xn ;     021  xn 
 
Em decorrência de (3.4), as funções de comparação satisfazem às condições 
de contorno do problema dadas por (3.28). 
 
A variação da função F resulta: 
 
         nnn uFuFuFu,,u,u,xF   (3.30) 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 51
 
e a condição de estacionariedade fica: 
 
   02
1
  dxu,u,u,xFI xx n (3.31) 
 
 Introduzindo (3.30) em (3.31), obtemos: 
 
  





2
1
0
x
x
)n(
)n( dxu
F
u
F
u
F   (3.32) 
 
 Desenvolvemos (3.32) fazendo integrações por partes sucessivas até a 
eliminação, no integrando, das derivadas  n,,   . Para tanto, utilizamos o 
seguinte desenvolvimento para a integração por partes: 
 
 
     
2 2
1 1
1
x x k
kk
kk k
x x
F d Fdx dx
dxu u
          
 
 
                     
2
1
2 1
0 1 2 11 2 3
2 11 1 1 1
xk
kk k k
kk k k k
x
F d F d F d F
dx dx dxu u u u
   
  

                                

 
 
ou, de forma mais compacta: 
 
 
           
22 2
1 1 1
1
1
0
1 1
xx x k jk
k jk k j
k jk k k
jx x x
F d F d Fdx dx
dx dxu u u
    

                      (3.33) 
 
 
Introduzindo (3.33) em (3.32), a condição de estacionariedade do funcional 
toma a forma: 
 
   
2
1 0
1
x kn
k
k k
kx
d F dx
dx u


            
  01
0
1
0
1
2
1



 







n
k
k
j
x
x
jk
kj
j
j
u
F
dx
d  (3.34) 
 
 Em (3.34), a segunda parcela do lado esquerdo se anula em virtude das 
condições (3.29), o que conduz a: 
 
   
2
1 0
1 0
x kn
k
k k
kx
d F dx
dx u


         (3.35) 
 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 52
Utilizando mais uma vez o Lema fundamental do Cálculo Variacional 
apresentado na seção precedente, concluímos que a equação (3.35) se verifica 
para qualquer função arbitrária  x à condição que: 
 
    
0
1 0
kn
k
k k
k
d F
dx u
     (3.36) 
 
A equação (3.36) é a Equação de Euler-Lagrange associada ao funcional 
dado por (3.27). 
Os termos de contorno que figuram em (3.34): 
 
      01
0
1
0
1
2
1



 







n
k
k
j
x
x
jk
kj
j
j
u
F
dx
d  (3.37) 
 
representam o conjunto de todas as possíveis condições de contorno do problema. 
 
 
Exemplo 2: O problema de equilíbrio de uma viga de Euler-Bernoulli 
 
 Consideremos a viga de uniforme ilustrada na Figura 3.3, de módulo de 
rigidez à flexão EI, submetida a um carregamento transversal distribuído q(x). 
Neste caso, com base na teoria de vigas de Euler-Bernoulli, a energia potencial 
total do sistema, incluindo a energia de deformação elástica e o trabalho da carga 
distribuída, associada a um campo de deslocamentos transversais representado 
por u(x), é dada pelo seguinte funcional: 
 
    dxxyxq
dx
udEII
L
 







0
2
2
2
2
1 (a) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.3 
L
q(x) 
x 
u 
u(x) 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 53
 
 Confrontando as equações (a) e (3.27), identificamos n=2 e 
 
       21
2
F u,u EI u q x u x   (b) 
 
 Particularizando (3.36) e (3.37) para n=2, obtemos: 
 
 
 equação de Euler-Lagrange: 
 
 02
2










u
F
dx
d
u
F
dx
d
u
F (c) 
 
 termos de contorno: 
 
0
0




 





 




 L
u
F
u
F
dx
d
u
F  (d) 
 
 Do desenvolvimento de (c) a partir de (b), resulta a seguinte equação de 
Euler-Lagrange: 
 
    
EI
xqu 4 , (e) 
 
que é a bem conhecida equação diferencial da linha elástica de vigas de Euler-
Bernoulli. 
 
Desenvolvendo os termos de contorno dados por (d), obtemos a expressão: 
 
   00  LuEIuEI  (f) 
 
 Em (f), associamos a função  ao deslocamento transversal da viga,  à 
rotação da seção transversal. Relembramos ainda as seguintes definições: 
 
 • uEIM  : momento fletor 
 
 • uEIV  : esforço cortante 
 
 Observamos que qualquer que seja o tipo de vínculo existente nas 
extremidades da viga, em x=0 e x=L, a equação (f) será satisfeita. Com efeito: 
 
 • Para uma extremidade livre: M = 0 ; V = 0. 
 
 • Para uma extremidade engastada:  = 0 ;  = 0 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 54
 
 • Para uma extremidade simplesmente apoiada: M = 0 ;  = 0 
 
 
3.3 Funcionais envolvendo várias variáveis independentes 
 
 Em diversos tipos de problemas de Engenharia, duas ou mais variáveis 
independentes podem intervir. É o caso, por exemplo, de problemas de equilíbrio
bidimensionais nos quais a variável de campo são funções de duas coordenadas 
espaciais. 
 Consideraremos, no desenvolvimento que segue, funcionais do tipo: 
 
    
D
yx dydxu,u,y,x,uFuI (3.38) 
 
onde x e y são as variáveis independentes, D é um domínio bidimensional 
definido no plano x-y (ver Figura 3.4),  y,xuu  é a variável dependente e yx uu e 
designam, respectivamente, as derivadas da função u, em relação a x e y. 
Admitiremos, ainda, que a função u deva assumir um conjunto de valores 
prescritos ao longo de uma curva fechada C que constitui a fronteira do domínio 
D: 
 
    y,xuy,xu CC  (3.39) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.4 
x 
y 
D
C 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 
 55
 Para o estabelecimento das condições de estacionariedade do funcional 
(3.38), procedemos de forma análoga àquela adotada na seção anterior, 
introduzindo a função de comparação: 
 
      y,xuy,xuy,xu  , 
 
com: 
    y,xy,xu   (3.40) 
 
A função de comparação deve satisfazer as seguintes condições de 
fronteira: 
 
    y,xuy,xu~ CC  (3.41) 
 
 De (3.39) e (3.41) decorre que a função  y,x deve anular-se identicamente 
na fronteira C: 
   0Cy,x (3.42) 
 
 A variação da função  yx u,u,y,x,uF associada a  y,xu é dada por: 
 
 









 y
y
x
x
y
y
x
x u
F
u
F
u
Fu
u
Fu
u
Fu
u
FF  (3.43) 
 
de modo que a condição necessária para que o funcional I tenha um ponto 
estacionário é: 
 
 
D
dydxFI  0






 
D
y
y
x
x u
F
u
F
u
F  (3.44) 
 
o que conduz a: 
 
 0







D
y
y
x
x u
F
u
F
u
F  (3.45) 
 
 Para efetuar as integrações por partes das duas últimas parcelas do 
integrando em (3.45), empregaremos o Teorema de Green em duas dimensões, 
expresso sob a forma: 
 
               dxy,xFdyy,xGy,xdydx
v
y,xy,xF
x
y,xv,xG
CD





   
 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 
 56
      dydx
y
y,xF
x
y,xGy,x
D
 




  (3.46) 
 
 Utilizando (3.46), procedemos à integração dos dois últimos termos de 
(3.45) da seguinte forma: 
 







D
y
y
x
x
dydx
u
F
u
F  
 
=






 dyuFdxuF yxC dydxu
F
dy
d
u
F
dx
d
D yx
 













  (3.47) 
 
Introduzindo (3.47) em (3.45), obtemos: 
 






 dyuFdxuF yxC dydxu
F
dy
d
u
F
dx
d
u
F
D yx
 














  = 0 (3.48) 
 
Em virtude da condição (3.42) e do Lema 1, de (3.48) resulta: 
 
0











yx u
F
dy
d
u
F
dx
d
u
F (3.49) 
 






 dyuFdxuF yxC = 0 (3.50) 
 
A equação (3.49) é a Equação de Euler-Lagrange associada ao funcional 
dado por (3.38) e os termos de contorno (3.50) fornecem todas as combinações 
possíveis de condições de contorno naturais e geométricas a serem satisfeitas na 
fronteira do domínio de definição do problema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 
 57
Exemplo 3: O problema de equilíbrio de uma membrana tensionada 
 
Consideremos a membrana mostrada na Figura 3.5, a qual se encontra em 
equilíbrio estático, submetida a um carregamento transversal externo q(x,y) e a 
uma tensão constante T em seu plano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.5 
 
 
 A energia potencial total, incluindo o trabalho da carga distribuída q(x,y) é 
dada pelo funcional: 
 
       D yx dxdyquuuTuI 2221 (a) 
 
onde u=u(x,y) designa o campo de deslocamentos transversais da membrana. 
 
 Confrontando a equação (a) com (3.38), identificamos: 
 
   yx u,u,u,y,xF   quuuT yx  2221 (b) 
 
Aplicando a equação (3.49), obtemos a seguinte equação de Euler-
Lagrange: 
   022  quuT yx (c) 
 
Em particular, se D for um domínio circular de raio R, convém expressar 
(c) em coordenadas polares, introduzindo as transformações (ver Figura 3.6): 
 
y 
x 
z 
q(x,y) 
T 
T 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 
 58
cosrx  senrx  222 yxr  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.6 
 
Assim procedendo, (c) assume a forma: 
 
0

 q
dr
dur
dr
d
r
T (d) 
 
Admitindo que a carga distribuída seja constante, a integração da equação 
(d), subsidiada pela condição de contorno: 
   0,ru para r = R, 
 
conduz à seguinte expressão para o campo de deslocamentos transversais da 
membrana: 
 
    22
4
rR
T
qru  
 
 Observemos que, devido à axissimetria geométrica e de carregamento, o 
deslocamento transversal é independente do ângulo . 
 
 
 
 
 
 
 
x 
y 
 r 
P(x,y) 
R 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 
 59
3.4 Funcionais envolvendo várias variáveis dependentes 
 
 Nesta seção, consideraremos funcionais envolvendo mais de uma variável 
dependente e uma única variável independente. No que segue, trataremos de 
funcionais envolvendo apenas duas variáveis dependentes, sendo imediata a 
extensão dos desenvolvimentos ao caso de funcionais envolvendo um número 
maior de variáveis dependentes. 
 Buscaremos estabelecer as condições de estacionariedade do seguinte 
funcional: 
 
   dxv,u,v,u,xFv,uI x
x xx 21 (3.51) 
 
onde x é a variável independente, u=(x) e v=(x) são as variáveis dependentes e 
xx vu e são, respectivamente, as derivadas de u e v em relação a x. 
Admitiremos que as funções u e v satisfaçam as seguintes condições de 
contorno: 
   11 uxu  ;   22 uxu  
 
(3.52)   11 vxv  ;   22 vxv  
 
Adotando procedimento análogo àquele empregado nas seções anteriores, 
introduzimos as seguintes funções de comparação: 
      xuxuxu~  21 xxx  (3.53.a) 
      xvxvxv~  21 xxx  (3.53.b) 
 
com: 
 
    xxu   (3.53.a) 
 
    xxv   (3.53.b) 
 
onde 1 é um parâmetro escalar arbitrário e  x e  x são funções contínuas 
arbitrárias definidas no intervalo 21 xxx  , que devem assumir valores nulos 
nos extremos deste intervalo: 
 
   01 x   02 x (3.55.a) 
 
   01 x   02 x (3.55.b) 
 
 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 
 60
Em decorrência de (3.55), as funções de comparação satisfazem as 
condições de contorno do problema: 
  
11 uxu~  ;   22 uxu~  (3.56.a) 
   11 uxv~  ;   22 uxv~  (3.56.b) 
 
 Empregando mais uma vez o procedimento baseado na expansão em série 
de Taylor limitada aos termos de primeira ordem, obtemos a seguinte expressão 
para a variação F : 
 








 x
x
x
x v
F
u
F
v
F
u
FF  (3.57) 
 
e a variação do funcional I correspondente à variação da função F resulta: 
 
 








2
1
x
x
x
x
x
x
dx
v
F
u
F
v
F
u
FI  (3.58) 
 
De (3.58) resulta a seguinte condição de estacionariedade do funcional I: 
 
00
2
1








 
x
x
x
x
x
x
dx
v
F
u
F
v
F
u
FI  (3.59) 
 
Procedemos, em seguida, à integração por partes das duas últimas parcelas 
do integrando, conforme detalhado abaixo: 
 
 









 2
1
2
1
2
1
x
x x
x
xx
x
x
x
x
dx
u
F
dx
d
u
Fdx
u
F  (3.60.a) 
 
 









 2
1
2
1
2
1
x
x x
x
xx
x
x
x
x
dx
v
F
dx
d
v
Fdx
v
F  (3.60.b) 
 
Introduzindo (3.60) em (3.50), obtemos: 
 
2 2 2
1 1 1
0
x x x
x x x xx x x
F F F d F F d Fdx dx
u v u dx u v dx v
                                           (3.61) 
 
Em virtude de (3.55), os termos de contorno em (3.61) se anulam: 
 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 
 61
0
2
1





 x
xxx v
F
u
F  (3.62) 
 
de modo que, de (3.61), resulta a condição: 
 
2 2
1 1
0
x x
x xx x
F d F F d Fdx dx
u dx u v dx v
                              
 
 Mais uma vez, evocando o Lema Fundamental do Cálculo Variacional 
empregado anteriormente, concluímos que a condição acima se verifica para 
quaisquer funções arbitrárias  x e  x se, e somente se: 
 
0
x
F d F
u dx u
      
 (3.63.a) 
 
 0
x
F d F
v dx v
      
 (3.63.b) 
 
 Os termos de contorno expressos por (3.62) representam todas as possíveis 
condições de contorno geométricas e naturais do problema, enquanto (3.63) 
constituem as Equações de Euler-Lagrange associadas ao funcional I. 
 O procedimento desenvolvido acima pode ser imediatamente estendido ao 
caso de funcionais envolvendo um número qualquer de variáveis dependentes, 
representados genericamente sob a forma: 
 
   dxz,,v,u,z,v,u,xFz,,v,uI x
x xxx 21  (3.64) 
 
Neste caso, os termos de contorno resultam: 
 
0
2
1






 x
xxxx z
F
v
F
u
F   (3.65) 
 
e haverá tantas equações de Euler-Lagrange quantas forem as variáveis 
dependentes: 
 
0
x
F d F
u dx u
      
 (3.66.a) 
 
 0
x
F d F
v dx v
      
 (3.66.b) 
 
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 
 62
  
 
0
x
F d F
z dx z
      
 (3.66.c) 
 
 
 
Exemplo 4: O problema de vibrações de um sistema mecânico discreto de dois 
graus de liberdade. 
 
Para o sistema mecânico ilustrado na Figura 3.7, dado um conjunto de 
deslocamentos 1u e 2u e as respectivas velocidades 1u e 2u , são as seguintes as 
expressões para a energia cinética e a energia de deformação do sistema: 
 
  22221121 umumT   (a) 
 
  212122220211021 uukukukV  (b) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3.6 
 
 Formemos o seguinte funcional: 
 
    2
1
t
t
dtVTI   dtuukukukumumt
t
 2
1
2
1221
2
220
2
110
2
22
2
112
1  (c) 
 
 Em (c), identificamos: 
 
     21221222021102222112121 21 uukukukumumu,u,u,uF   (d) 
 
 Empregando as equações (3.66), obtemos as seguintes equações de Euler-
Lagrange: 
10k 20k 12k
1m 2m
 tu1  tu2
D.A. Rade Fundamentos de Cálculo Variacional 
 
 63
 
   0121211011  uukukum  (e.1) 
 
   0121222022  uukukum  (e.2) 
 
 Podemos colocar as equações (e) sob a seguinte forma matricial: 
 
 
10 12 121 1 1
12 20 122 2 2
0 0
0 0
k k km u u
k k km u u
                           

 (f.1) 
 
ou ainda: 
 
        0 uKuM  (f.2) 
 
onde: 
 
 




2
1
u
u
u (g.1) 
 
  


2
1
0
0
m
m
M (matriz de inércia) 
(g.2) 
 
  10 12 12
12 20 12
k k k
K
k k k
      
 (matriz de rigidez) (g.3) 
 
 As equações (f) constituem as equações do movimento em regime livre (sem 
forças externas) do sistema mecânico. Sua resolução, subsidiada por um conjunto 
de condições iniciais, conduzem à determinação das funções  tu1 e  tu2 , que 
descrevem o movimento das massas 1m e 2m em função do tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
64 
 
CAPÍTULO 4 
 
PRINCÍPIOS VARIACIONAIS DA MECÂNICA 
 
 Neste Capítulo apresentaremos dois dos principais princípios variacionais 
da Mecânica: o Princípio da Energia Potencial Estacionária, aplicável a corpos 
deformáveis em equilíbrio estático e o Princípio de Hamilton, que rege os 
problemas de dinâmica de sistemas rígidos ou flexíveis. A partir do princípio de 
Hamilton, aplicando as técnicas do Cálculo Variacional, apresentadas no 
Capítulo 3, obteremos as Equações de Lagrange do Movimento. 
 Será também apresentado o Método de Rayleigh-Ritz destinado à obtenção 
de soluções aproximadas de problemas regidos por princípios variacionais. Nos 
capítulos subseqüentes, o método de Rayleigh-Ritz, combinado com a noção de 
aproximação por subdomínios, será utilizado para a formulação do método dos 
elementos finitos, considerando alguns tipos particulares de elementos. 
 
 
4.1 Fundamentos da Teoria da Elasticidade em pequenos deslocamentos 
 
Nesta seção recapitularemos os fundamentos da Teoria da Elasticidade 
com base na hipótese de pequenos deslocamentos. Esta hipótese admite que as 
componentes do deslocamento de um ponto qualquer P do corpo, denotadas 
doravante por u, v e w (ver Figura 4.1), sejam pequenas o bastante para justificar 
a linearização das equações que governam o problema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.1 
 
 
 
 
y 
x 
z 
v 
u 
w 
P’ 
P 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
65 
 
A Figura 4.2 ilustra o estado mais geral de tensões a que pode estar 
submetido um elemento diferencial de volume de um corpo elástico, onde 
zyx ,,  são as componentes de tensões normais, zyyzzxxzyxxy ,,,,,  são as 
componentes de tensões cisalhantes e X , Y e Z são as componentes da força 
externa
de volume (força por unidade de volume) atuante sobre o elemento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.2 
 
• Tensor das tensões. O estado de tensões em um ponto qualquer do corpo 
deformável é determinado por nove componentes formando o chamado tensor das 
tensões, definido da seguinte forma: 
 
 
 









zzyzx
yzyyx
xzxyx



 (4.1) 
 
 
 
 
 
 
 
 
y 
x 
z 
x 
xz 
xy 
z 
zx 
zy 
y 
yx 
yz 
Z
Y
X
dx 
dy 
dz 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
66 
 
• Equações de equilíbrio. Impondo as o equilíbrio de forças e momentos para o 
elemento diferencial de volume mostrado na Figura 4.1, pode-se mostrar que as 
componentes de tensão devem satisfazer as seguintes equações de equilíbrio: 
 
 yxxy   (4.2a) 
 
zxxz   (4.2b) 
 
zyyz   (4.2c) 
 
0



X
zyx
xzxyx  (4.2d) 
 
0



Y
zyx
yzyxy  (4.2e) 
 
0



Z
zyx
zyzxz  (4.2f) 
 
As equações (4.2a)-(4.2c) implicam a simetria do tensor das tensões que, 
doravante, será expresso em termos de apenas seis componentes independentes 
de tensões: 
 
 









zyzxz
yzyxy
xzxyx



 (4.3) 
 
• Tensor das deformações. O estado de deformações em um ponto qualquer do 
corpo deformável é determinado por nove componentes formando o chamado 
tensor das deformações, definido da seguinte forma: 
 
 









zzyzx
yzyyx
xzxyx



 (4.4) 
 
onde zyx ,,  são as deformações normais e yzxzxy ,,  são as deformações 
cisalhantes. 
 
 
 
 
 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
67 
 
• Relações deformações-deslocamentos. Pode-se demonstrar que, admitindo a 
hipótese de pequenos deslocamentos, são válidas as seguintes relações 
envolvendo as componentes de deslocamento e as deformações: 
 
 
x
u
x 
 (4.5a) 
 
y
v
y 
 (4.5b) 
 
z
w
z 
 (4.5c) 
 
x
v
y
u
xy 

 (4.5d) 
 
x
w
z
u
xz 

 (4.5e) 
 
y
w
z
v
yz 

 (4.5f) 
 
 
• Relações tensões-deformações. Para materiais obedecendo à Lei de Hooke 
(proporcionalidade entre tensões e deformações), as chamadas equações 
constitutivas, relacionando as componentes de tensões e as componentes de 
deformações são expressas através da seguinte relação: 
 
      E (4.6) 
 
onde: 
 
    Tyzxzxyzyx   (4.7) 
 
é o vetor contendo as componentes de tensões 
 
    Tyzxzxyzyx   (4.8) 
 
é o vetor contendo as componentes de deformações e 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
68 
 
  













666564636261
565554535251
464544434241
363534333231
262524222221
161514131211
eeeeee
eeeeee
eeeeee
eeeeee
eeeeee
eeeeee
E (4.9) 
 
é o chamado tensor de rigidez ou tensor das constantes elásticas. As constantes 
elásticas satisfazem às seguintes relações, que conferem simetria ao tensor de 
rigidez. 
 
 jiij ee  para i,j = 1,2, ..., 6 (4.10) 
 
A relação (4.6) pode ser invertida, fornecendo: 
      S (4.11) 
 
onde: 
 
      SE 1 












666564636261
565554535251
464544434241
363534333231
262524232221
161514131211
ssssss
ssssss
ssssss
ssssss
ssssss
ssssss
 (4.12) 
 
é o chamado tensor de flexibilidade. Este é um tensor simétrico cujas 
componentes satisfazem as relações: 
 
 jiij ss  para i,j = 1,2, ..., 6 (4.13) 
 
 Para materiais isotrópicos, cujas características mecânicas independem da 
direção, o número de constantes elásticas independentes fica reduzido a apenas 
dois. Neste caso, as relações tensões-deformações assumem a forma: 
 
    zyxxx G  212 (4.14a) 
 
    zyxyy G  212 (4.14b) 
 
    zyxzz G  212 (4.14c) 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
69 
 
 
 xyxy G  (4.14d) 
 
 xzxz G  (4.14e) 
 
 yzyz G  (4.14f) 
 
e, inversamente: 
 
  zyxx E   1 (4.15a) 
 
  zxyy E   1 (4.15b) 
 
  yxzz E   1 (4.15c) 
 
com: 
 
   12
EG (4.16) 
 
• Condições de contorno. No que diz respeito às condições de contorno, podemos 
imaginar a superfície externa do corpo deformável dividida em duas regiões: a 
região 1S , sobre a qual as condições de contorno são estabelecidas em termos de 
forças externas aplicadas e a região 2S , sobre a qual as condições de contorno são 
expressas em termos de deslocamentos impostos. 
 Denotando por  Z,Y,X as componentes cartesianas as forças impostas 
por unidade de área em 1S , as condições de contorno que traduzem o equilíbrio de 
forças na fronteira são expressas segundo: 
 
  XX   YY   ZZ  em 2S (4.17) 
 
onde: 
 
nmX xzxyx    (4.18a)
 
nmY yzyxy    (4.18b) 
 
nm zyzxz    (4.18c)
 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
70 
 
 As equações (4.18) são obtidas impondo o equilíbrio do tetraedro 
infinitesimal mostrado na Figura 4.3, onde knjmin
  é o vetor unitário na 
direção da normal exterior à superfície 1S . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.3 
 
 
 Denotando as componentes de deslocamentos impostos por w,v,u , as 
condições de contorno ditas geométricas, aplicáveis à região 2S , são expressas 
segundo: 
 
 uu  (4.19a) 
 
vv  em 2S (4.19b) 
 
ww  (4.19c)
 
 No problema geral de Elasticidade temos um total de 15 incógnitas: 3 
componentes de deslocamento, 6 componentes de deformação e 6 componentes de 
tensão. Estas incógnitas podem ser determinadas mediante a resolução de 15 
equações diferenciais: 3 equações de equilíbrio (4.2), 6 relações deformações-
deslocamentos (4.5) e 6 relações tensões-deformações (4.6). A solução deve 
também satisfazer as condições de contorno (4.17) e (4.19). 
 
 
4.2 O Princípio do Trabalho Virtual em Elasticidade 
 
 Considerando um corpo deformável em equilíbrio sob a ação de forças 
externas e um conjunto de restrições cinemáticas impostas, introduzimos o 
conceito de deslocamentos virtuais: 
 
 kwjviur
   (4.20) 
x 
y 
z 
n 
z 
zx 
zy 
y 
yx 
yz 
x 
xy 
xz 
dS1 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica
71 
 
entendidos como um campo de deslocamentos infinitesimais arbitrários aplicados 
aos pontos do corpo. Os deslocamentos virtuais são deslocamentos imaginários, 
diferindo dos deslocamentos reais pelo fato que a eles não associamos nenhuma 
variação do tempo. Deste modo, as forças atuantes sobre o corpo permanecem 
inalteradas durante a ocorrência dos deslocamentos virtuais. Admite-se ainda 
que os deslocamentos virtuais não violem as condições de contorno geométricas. 
Desta forma, devemos ter: 
 
 0u 0v 0w em 2S (4.21) 
 
 Define-se o trabalho virtual de uma força F

 como sendo o trabalho 
realizado por esta força quando seu ponto de aplicação sobre um deslocamento 
virtual: 
 
 rFW    (4.22) 
 
 Em termos de componentes cartesianas: 
 
     wFvFuFkwjviukFjFiFW zyxzyx    (4.23) 
 
 Com base nestas definições, é a seguinte a expressão para o trabalho 
virtual das forças externas impostas sobre o contorno do corpo: 
 
  dSwZvYuXW
S
S  
1
  (4.24) 
 
 Considerando as condições de contorno na fronteira 1S , dadas por (4.17), a 
equação (4.24) se reescreve: 
       dSwnmvnmunmW
S
zyzxzyzyxyxzxyx
S  
1
  (4.25) 
 
 Aplicando o Teorema de Gauss, expresso sob a forma: 
 
   dV
z
N
y
M
x
LdSNnMmL
S V
  






 (4.26) 
 
a equação (4.25) fica: 
 
      dVwvu
z
wvu
y
wvu
x
W
V
yzyzxzyzyxyxzxyx
S  

 


  
 
 Desenvolvendo as derivadas indicadas na equação acima, temos: 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
72 
 
dVw
zyx
v
zyx
u
zyx
W
V
zxyxzyzyxyxzxyxS  
























  + 
 
                  dV
z
w
z
v
y
w
y
v
z
u
x
w
y
u
x
v
x
u
V
zyzyxzxyx 

 

















  
 
(4.27) 
 
 Introduzimos agora as seguintes deformações associadas aos 
deslocamentos virtuais: 
      
z
w
y
v
x
u
zyx 


  
 
(4.28) 
            
z
v
y
w
z
u
x
w
y
u
x
v
yzxzxy 





  
 
Utilizando as definições (4.28) e levando em conta as equações de equilíbrio 
(5.2), reescrevemos (4.27) sob a forma: 
 
  dVwZvYuXW
V
S    + 
  dV
V
yzyzxzxzxyxyzzyyxx   (4.29) 
 
Por fim, confrontando (4.24) e (4.29), escrevemos: 
 
 
  dSwZvYuX
S
 
1
   dVwZvYuX
V
   = 
  dV
V
yzyzxzxzxyxyzzyyxx   (4.30) 
 
ou ainda: 
 
 IVS WWW   (4.31) 
 
onde: 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
73 
 
•  dSwZvYuXW
S
S  
1
  (4.32) 
é o trabalho virtual das forças externas impostas na fronteira S1; 
 
•  dVwZvYuXW
V
V    (4.33) 
é o trabalho virtual das forças externas de volume; 
 
 •  dVW
V
yzyzxzxzxyxyzzyyxx
I    (4.34) 
é o trabalho virtual das forças internas, associadas às tensões distribuídas sobre 
o volume do corpo. 
 As equações (4.30) e (4.31) expressam o chamado Princípio do Trabalho 
Virtual para corpos deformáveis em equilíbrio, sob a hipótese de pequenos 
deslocamentos. 
 
 
4.3 O Princípio da Energia Potencial Estacionária 
 
Consideremos os casos em que seja possível definir uma função energia 
potencial de deformação  ,,,,,,UU yzxzxyzyx  de modo que: 
 
x
x
U
 
 
y
y
U
 
 
z
z
U
 
 
 (4.35) 
xy
xy
U
 
 
xz
xz
U
 
 
yz
yz
U
 
 
 
No caso de materiais obedecendo as relações constitutivas (4.6), podemos 
facilmente verificar que a energia potencial de deformação é dada por: 
 
         EU TT
2
1
2
1  (4.36) 
 
Mais particularmente no caso particular de materiais isotrópicos, regidos 
pelas equações constitutivas (4.14), o desenvolvimento de (4.36) conduz à 
expressão: 
 
     2222222 212121 yzxzxyzyxzyxU  (4.37) 
 
Com base em considerações físicas, pode-se mostrar que, em (4.36) U é uma 
função definida positiva das componentes de deformação. Isto significa que U>0 
para qualquer campo de deformações correspondente a um campo de 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
74 
 
deslocamentos cinematicamente admissível. Tal fato fica evidenciado na forma 
particular (4.37). 
Introduzindo (4.35) em (4.34), podemos expressar o trabalho virtual das 
forças internas em termos da energia potencial de deformação da seguinte forma: 
 
dVUUUUUUW
V
yz
yz
xz
xz
xy
xy
z
z
y
y
x
x
I  











  
 
Na última equação acima observamos que o integrando representa o 
diferencial total da função  ,,,,,,UU yzxzxyzyx  . Assim, podemos escrever: 
 
dVUW
V
I   (4.38) 
 
com: 
 
yz
yz
xz
xz
xy
xy
z
z
y
y
x
x
UUUUUUU  





 (4.39) 
 
Podemos ainda permutar a ordem dos operadores integração e 
diferenciação em (4.38), escrevendo: 
 
dVUW
V
I   (4.40) 
 
Consideremos agora o trabalho virtual das forças externas (forças de 
volume e forças impostas na fronteira S1. Admitindo que estas forças sejam 
conservativas (o trabalho por elas realizado independe do caminho percorrido por 
seu ponto de aplicação), suas componentes podem ser expressas em termos de 
derivadas parciais de funções potenciais da seguinte forma: 
 
u
X 
  
v
Y 
  
w
Z 
  
 
(5.41) 
u
X 
  vY 
  wZ 
  
 
onde  w,v,u  e  w,v,u  são, respectivamente, as funções potenciais 
associadas às forças externas de volume e às forças externas impostas na 
fronteira S1. 
 Nestas condições, partindo de (4.32) e (4.33), o trabalho virtual das forças 
externas pode ser expresso sob a forma: 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
75 
 
  









VS
IS dVw
w
v
v
u
u
dSw
w
v
v
u
u
WW 
1
 
 
Os integrandos na equação acima correspondem aos diferenciais totais das 
funções  e , fato que nos permite escrever: 
 
   dVwvudSwvuWW
SS
IS  
11
,,,,  (4.42) 
 
Assim, combinando as equações (4.38) e (4.42), o Princípio do Trabalho 
Virtual, expresso por (5.31), assume a forma: 
 
0
1




  
V V S
dSdVdVU  (4.43a) 
 
ou ainda: 
 
 0 (4.43b) 
onde: 
 
   
V V S
dSdVdVU
1

(4.44) 
 
é a energia potencial total. 
 
 As equações (4.43) expressam o chamado Princípio da Energia Potencial 
Estacionária, o qual estabelece que, dentre todos os campos de deslocamentos 
(u,v,w) que satisfazem as condições de contorno geométricas, aquele que 
corresponde à real configuração de equilíbrio é um ponto estacionário da energia 
potencial total. 
 Do ponto de vista do Cálculo Variacional, podemos observar que as 
equações de equilíbrio e as condições de contorno naturais em S1 são, 
respectivamente, as equações de Euler-Lagrange e os termos de contorno do 
problema de estacionariedade do funcional (4.44). Resta mostrar que o extremo 
associado ao campo de deslocamentos da configuração de equilíbrio estático 
corresponde a um ponto de mínimo do funcional (4.44). Para tanto, denotaremos, 
a seguir, por (u,v,w) as componentes de deslocamento correspondentes à 
configuração de equilíbrio e por   wvu ,, um campo de deslocamentos 
arbitrário, próximo a (u,v,w), que satisfazem as condições de contorno 
geométricas. Relacionaremos ambos os campos de deslocamentos através das 
relações: 
 
 uuu  vvv  www  (4.45) 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
76 
 
 Introduzindo (4.45) em (4.44) e empregando uma expansão em série de 
Taylor limitada à segunda ordem, escrevemos: 
 
        wvuwvuwvuwvu ,,,,,,,, 2  
 
 Como (u,v,w) é um ponto estacionário do funcional , temos   0,, wvu 
e a equação acima fica: 
 
      wvuwvuwvu ,,,,,, 2  (4.46) 
 
 A equação (5.46) nos mostra que a natureza do ponto crítico (mínimo ou 
máximo) é determinada pelo sinal da segunda variação  wvu ,,2 , de modo que: 
 
 •    0,,2 wvu ponto de mínimo 
 
 •    0,,2 wvu ponto de máximo 
 
 Podemos mostrar que: 
 
   dVwvuU
V
  ,,2 (4.47) 
 
onde U é a energia potencial de deformação, dada por (4.36). Do fato de U ser 
uma função definida positiva resulta que 02  para quaisquer valores 
arbitrárias de wvu  e, , o que demonstra que o campo de deslocamentos 
correspondente à posição de equilíbrio do corpo deformável corresponde a um 
ponto de mínimo do funcional que representa a energia potencial total. Por esta 
razão, o Princípio da Energia Potencial Estacionária é às vezes denominado 
Princípio da Energia Potencial Mínima. 
 
 
4.4 – Princípio do Trabalho Virtual Aplicado à Dinâmica de Sistemas de 
Partículas 
 
Visando deduzir o Princípio Variacional de Hamilton, aplicável a sistemas 
mecânicos em movimento, estabeleceremos primeiramente o Princípio do 
Trabalho Virtual para um conjunto arbitrário de n partículas, ilustrado na 
Figura 4.4, ficando subentendido que qualquer sistema mecânico discreto ou 
contínuo poderá ser considerado como formas particulares deste tipo de conjunto. 
Na Figura 4.4, sobre uma partícula genérica iP , de massa im , estão indicadas: 
• iF

: a resultante das forças impostas sobre a partícula, representando as 
ações mecânicas dos corpos a ela vizinhos, incluindo as forças exercidas pelas 
outras partículas do sistema; 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
77 
 
• if

: a força de restrição exercida sobre pela superfície de restrição iS sobre 
a qual iP é forçada a se mover. Negligenciaremos, por enquanto, o atrito, de modo 
que a força de restrição terá sempre a direção normal à superfície de restrição, 
indicada na Figura 7.1 por in . 
 • ir
 : vetor posição da partícula em relação ao sistema de referência, 
suposto fixo, OXYZ . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.4 
 
 
 Aplicando a Segunda Lei de Newton para cada partícula do sistema, 
considerada isoladamente, escrevemos: 
 
 iiii rmfF 
  i=1, 2, ..., n (4.48) 
 
O Princípio de d’Alembert, apresentado na Seção 3.6, nos permite escrever 
(4.49) sob a forma: 
 
 0 iiii rmfF 

 i=1, 2, ..., n (4.49) 
 
com a interpretação de que, para um observador movimentando-se juntamente 
com a partícula, esta é observada em estado de equilíbrio sob a ação das forças 
Y 
nP 
1r
 
X 
Z 
ir
 
nr
 
iP 
1P 
O 
1F

 
iF

 
nF

 
nf

 
if

 
1f

 
1r
 
ir
 
nr
 
it 
in 
1S 
iS 
nS 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
78 
 
iF

, if

 e da força de inércia ii rm  . Esta situação é denominada equilíbrio 
dinâmico. 
 Introduzimos agora o conceito dos chamados deslocamentos virtuais, que 
serão denotados por 1r
 , ..., ir , ..., nr . Tais deslocamentos virtuais são 
concebidos com as seguintes propriedades: 
 
 • são perturbações imaginárias, infinitesimais e arbitrárias das posições 
das partículas, que não violam as restrições cinemáticas impostas pelas 
superfícies de restrição. Esta última condição implica que os deslocamentos 
virtuais devem ter a direção tangente à superfície de restrição, na posição 
instantaneamente ocupada pela partícula. Assim, conforme ilustra a Figura 7.1, 
os vetores if

 e ir
 são mutuamente perpendiculares. 
 
 • são admitidos ocorrer instantânea e simultaneamente, de modo que aos 
deslocamentos virtuais não associamos nenhum lapso de tempo finito. Desta 
forma, as forças aplicadas às partículas do sistema não variam em decorrência 
dos deslocamentos virtuais. 
 
 Em termos de coordenadas cartesianas, os vetores posição das partículas 
são dados por: 
 
kZjYiXr iiii
  , i=1, 2, ..., n 
 
de modo que os deslocamentos virtuais podem ser expressos segundo: 
 
kZjYiXr iiii
   , i=1, 2, ..., n 
 
onde iii ZYX  ,, são entendidos como variações dadas às coordenadas que 
representam a posição das partículas em relação ao sistema de referência 
empregado. 
 Em virtude de (4.49), podemos afirmar que, na situação de equilíbrio 
dinâmico, o trabalho realizado por todas as forças aplicadas sobre a partícula iP , 
incluindo a força de inércia, associado ao deslocamento virtual ir
 é nulo, ou seja: 
 
   0 iiiii rrmfF   i=1, 2, ..., n (4.50) 
 
 Do fato dos vetores if

 e ir
 serem mutuamente perpendiculares resulta 
que as forças de restrição produzem trabalho virtual nulo ( 0 ii rf 
  ) e (4.50) fica: 
 
   0 iiii rrmF   i=1, 2, ..., n (4.51) 
 
 Adicionando as n equações (4.51), obtemos: 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
79 
 
   0
1


n
i
iiii rrmF
  (4.52) 
 
ou ainda: 
 
 0 IF WW  (4.53) 
 
onde: 
 



n
i
ii
F rFW
1
  e IW 


n
i
iii rrm
1
  (4.54) 
 
desingam o trabalho virtual das forças impostas e o trabalho virtual das forças de 
inércia, respectivamente. 
 A equação (4.53) expressa o Princípio do Trabalho Virtual, o qual 
estabelece que para qualquer posição de um sistema de partículas, o trabalho 
virtual total realizado por todas as forças impostas e todas as forças de inércia 
resulta nulo para todo e qualquer conjunto arbitrário de deslocamentos virtuais 
introduzidos a partir daquela posição. 
 
 
4.5 – Princípio de Hamilton 
 
 
 No desenvolvimento
que segue, ao operador  , que designa uma variação 
virtual, serão atribuídas as mesmas propriedades do operador diferencial do 
Cálculo Diferencial. 
 A fim de desenvolver (4.52), introduzimos a identidade: 
 
     iiiiiiiiii rrrrrrrrdt rrd 

2
1 
 
donde: 
 
     iiiiii rrdt rrdrr 

2
1 (4.55) 
 
 Introduzindo (4.55) em (4.52) e desenvolvendo a equação resultante, 
escrevemos: 
 
 

n
i
ii rF
1
    0
2
1
11



  

n
i
iii
n
i
ii
i rrmdt
rrdm 
  (4.56) 
 
 Em (4.56), reconhecemos: 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
80 
 
 


n
i
iii rrmT
12
1  (energia cinética do sistema de partículas), (4.57) 
 
de modo que, considerando (4.54), podemos reescrever (4.56) sob a forma: 
 
  TW F   

n
i
ii
i dt
rrd
m
1
  (4.57) 
 
 Observamos que, no caso geral, a energia cinética pode ser expressa como 
uma função de várias variáveis. Em termos das componentes cartesianas dos 
vetores posição e velocidade das partículas do sistema, tal função assume a 
forma: 
 
  nnnnnn zyxzyxzyxzyxzyxzyxTT  ,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 222111222111 , (4.58) 
 
de modo que T designa o diferencial total da função T, expresso segundo: 
 
 n
n
n
n
n
n
z
z
Ty
y
Tx
x
Tz
z
Ty
y
Tx
x
TT  





 1
1
1
1
1
1
 
 
 n
n
n
n
n
n
z
z
Ty
y
Tx
x
Tz
z
Ty
y
Tx
x
T   





 1
1
1
1
1
1
 (4.59) 
 
 Multiplicando (4.57) por dt e integrando entre dois instantes de tempo 1t e 
2t , temos: 
 
    dtTWtt F21   
2
1
2
1 11
t
t
n
i
iii
t
t
n
i
ii
i rrmdtdt
rrd
m 


  


  (4.60) 
 
 Neste ponto, admitiremos que os deslocamentos virtuais, embora 
arbitrários, sejam nulos nos instantes 1t e 2t ., ou seja,     021  trtr ii   , 
i=1,2,...,n, de modo que, da equação (4.60), resulta: 
 
   02
1
 dtTWtt F  (4.61) 
 
 Admitindo que as forças impostas sejam todas conservativas, podemos 
escrever: 
 
 VW F   (4.62) 
 
onde V é a função potencial ou energia potencial associada às forças impostas, 
que depende exclusivamente das posições ocupadas pelas partículas do sistema. 
Em coordenadas cartesianas, esta função é expressa segundo: 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
81 
 
 
  nnn z,y,x,,z,y,x,z,y,xVV 222111 (4.63) 
 
de modo que V é interpretado como o diferencial total da função V, dado por: 
 
 n
n
n
n
n
n
z
z
Vy
y
Vx
x
Vz
z
Vy
y
Vx
x
VV  





 1
1
1
1
1
1
 (4.64) 
 
 Assim, introduzindo (4.62) em (4.61), escrevemos: 
 
  2
1
0
t
t
dtVT  
 
ou ainda: 
 
0
2
1
 
t
t
dtL (4.65) 
 
onde: 
 
 VTL  (4.66) 
 
é o chamado Lagrangeano do sistema. 
 Levando em conta (4.59) e (4.64), observamos que o Lagrangeano assume a 
forma de uma função de várias variáveis, em termos das componentes dos vetores 
posição e velocidade da partículas. Assim, escrevemos: 
 
  nnnnnn zyxzyxzyxzyxzyxzyxLL  ,,,,,,,,,,,,,,,,,,, 222111222111 , (4.67) 
 
e, 
 n
n
n
n
n
n
z
z
Ly
y
Lx
x
Lz
z
Ly
y
Lx
x
LL  





 1
1
1
1
1
1
 
 
 n
n
n
n
n
n
z
z
Ly
y
Lx
x
Lz
z
Ly
y
Lx
x
L   





 1
1
1
1
1
1
 (4.68) 
 
Podemos permutar os operadores integração e diferenciação, expressando 
então (4.65) sob a seguinte forma: 
 
  2
1
0
t
t
dtL (4.69) 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
82 
 
 A equação (4.69) expressam o Princípio Variacional de Hamilton, que se 
aplica aos casos em que todas as forças impostas são conservativas. Este princípio 
estabelece que dentre todos os movimentos possíveis de ser realizados pelo 
sistema mecânico, satisfazendo as restrições cinemáticas impostas, entre dois 
instantes de tempo subseqüentes quaisquer t1 e t2, o movimento realmente 
desenvolvido pelo sistema será aquele que corresponde a um ponto estacionário 
do funcional: 
 
  2
1
t
t
dtLI (4.70) 
 
Conforme ilustrado no exemplo a seguir, a imposição das condições 
necessárias para a ocorrência de um ponto crítico, estudadas no âmbito do 
Cálculo Variacional, abordado no Capítulo 3, conduz às equações do movimento 
do sistema mecânico, que são determinadas pelas equações de Euler-Lagrange 
associadas ao funcional expressso em (4.70). 
 
4.6 O Princípio de Hamilton Estendido 
 
Quando, além das forças impostas conservativas, houver forças impostas 
não conservativas, podemos, em (4.61), separar os trabalhos realizados por estes 
dois tipos de forças, escrevendo: 
 
 FncFcF WWW   (4.71) 
 
onde FncFc WW e designam, os trabalhos realizados pelas forças impostas 
conservativas e não conservativas, respectivamente. 
 Fazendo uso da relação (4.62), para as forças impostas conservativas, 
escrevemos: 
 
 VW Fc   (4.72) 
 
 Associando (4.71) e (4.72) com (4.61), escrevemos: 
 
 02
1
2
1
  dtWdtL tt Fnctt  (4.73) 
 
 A equação (7.27) traduz o chamado Princípio de Hamilton Estendido, 
aplicável aos casos em que existem forças impostas não conservativas. 
 É importante observar que, no lado esquerdo de (4.73), o termo FncW , que 
representa o trabalho virtual das forças não conservativas não pode ser expresso 
sob a forma de diferencial total de uma função de várias variáveis. Em 
conseqüência (4.73) não pode ser interpretada como a condição de ocorrência de 
um ponto crítico de uma função de várias variáveis, o que significa que, 
estritamente, o Princípio de Hamilton Estendido não pode ser considerado como 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
83 
 
um princípio variacional. Contudo, (4.73) pode ser utilizada para obter as 
equações do movimento, conforme mostraremos com o auxílio do exemplo 
apresentado a seguir. 
 Uma outra observação importante a ser feita é que, embora tenham sido 
desenvolvidos para sistemas de partículas, o Princípio de Hamilton e o Princípio 
de Hamilton Estendido por ser imediatamente aplicáveis a sistemas mecânicos 
formados por corpos rígidos e deformáveis, desde que sejam corretamente 
computadas suas energias cinética e potencial e os trabalhos virtuais das forças e 
momentos aplicadas a estes corpos. 
 
Exemplo 4.1: Sabendo que no sistema ilustrado a mola está indeformada quando 
r=ro, obteremos as equações diferenciais do movimento. Na figura abaixo,  t 
representa um torque externo, m e mo designam, respectivamente, a massa do 
cursor e da barra uniforme OA e k é a constante de rigidez da mola. Obtenhamos 
as equações do movimento do sistema em termos das grandezas r
e  definidas 
na figura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Considerando o torque externo  t como um esforço não conservativo, 
utilizaremos o Princípio de Hamilton Estendido, dado pela equação (7.27), 
repetida abaixo: 
 
 02
1
2
1
  dtWdtL tt Fnctt  (a) 
 
 
mo 
m 
L 
O 
A 
r 
k 
r 
 
 t Ref. 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
84 
 
 Em termos das coordenadas radial-transversal indicadas na figura, 
escrevemos as seguintes expressões para a energia cinética e potencial do 
sistema: 
 
 
barracursor TTT  
 
 
onde: 
 
       2222 2121   rrmvvmT rcursor 
 
 222
6
1
2
1   LmJT oobarra  (rotação não baricêntrica) 
 
 
(elást.)(gravit.)(gravit.) molabarracursor VVVV  
 
onde: 
 
 cosmgrVcursor  
 
 cos
2
LgmV obarra  
 
 2
2
1
omola rrkV  
 
Com base nas equações acima, escrevemos o Lagrangeano sob a forma: 
 
    2221  rrmL 2261 Lmo cosmgr cos2Lgmo  221 orrk  (b) 
 
O trabalho virtual do torque não conservativo é dado por: 
 
  FncW (c) 
 
 Com o entendimento que o operador  funciona como o diferencial total, 
escrevemos: 
 
 
 



 LLr
r
Lr
r
LL (d) 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
85 
 
 A partir de (b), avaliamos as derivadas parciais indicadas na equação 
acima: 
 
 2mr
r
L 
   cosmgrrk o  rmr
L  
 
 
 sen2sen
LgmmgrL o
 

22
3
1 LmmrL o
 
 
 
Introduzindo estas derivadas em (d), escrevemos: 
 
      rrmrmgrrkmrL o   cos2 
 
   

 

  222
3
1sen
2
sen LmmrLgmmgr oo (e) 
 
 Introduzindo (c) e (e) em (a), obtemos: 
 
       rrmrmgrrkmrt
t
o  
2
1
cos2 
  0
3
1
2
222 

 

  dtLmmrsenLgmsenmgr oo   (f) 
 
 Desenvolvemos, em seguida, eliminar os diferenciais das variações 
temporais das coordenadas que aparecem em (f). Para tanto, efetuamos as 
seguintes integrações por partes: 
 
 •   2
1
2
1
2
1
t
t
t
t
t
t dtrrrrmdtrrm   
 
 •  

 

 

 2
1
2
1
2222
3
1
3
1t
t
t
t
oo LmmrdtLmmr   
 dtLmmrrmrt
t o
   12 22 3
12  
 
 Introduzindo as duas últimas equações em (f), após rearranjo, escrevemos: 
 
    2
1
2
t
t
o rrmcosmgrrkmr   
   dtLmmrrmrsenLgmsenmgr oo   22 3122 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
86 
 
0
3
1 2
1
22 

 

 
t
t
o Lmmrrrm   (g) 
 
 Relembrando que  e r devem ser nulas em t=t1 e t=t2, o último termo do 
lado esquerdo da equação acima resulta nulo. Além disso, como a equação 
resultante deve ser satisfeita para quaisquer incrementos arbitrários  e r , (g) é 
satisfeita se forem nulas as funções que multiplicam estes incrementos. Deste 
fato, resultam as equações diferenciais do movimento do sistema: 
     02   cosmgrrkrrm o (h) 
 
 tgLmmrrmrLmmr oo  

 

  sen
2
2
3
1 22  (i) 
 
 Observemos que as equações do movimento são acopladas e não lineares. A 
partir de um conjunto de condições iniciais e dada a função que define o torque 
externo aplicado  t , estas equações podem ser integradas numericamente (ver 
Seção 3.8) para obtenção das funções que  tr e  t que definem a configuração 
do sistema em função do tempo. 
 
 
4.7 Número de graus de liberdade e coordenadas generalizadas 
 
Considerando o sistema de n partículas mostrado na Figura 4.4, podemos 
afirmar que, se todas as partículas puderem se mover livre e independentemente 
uma das outras, a posição de cada uma delas fica determinada por três 
coordenadas espaciais  iii zyx ,, i=1,2,...,n, de modo que, para a completa 
determinação da configuração espacial do sistema são necessárias 
3n coordenadas. Contudo, se houver restrições cinemáticas que limitam o 
movimento das partículas a uma dada região do espaço ou impedem algum tipo 
de movimento relativo entre as partículas, algumas destas 3n coordenadas 
tornam-se dependentes entre si. Neste caso, o número de coordenadas 
independentes necessárias e suficientes para determinar a configuração espacial 
do sistema é dado por: 
 
N = 3n – p (4.74) 
 
onde p é o número de equações de restrição impostas pelas restrições cinemáticas 
e N é o denominado número de graus de liberdade do sistema. 
 No caso de sistemas formados por corpos rígidos, o número de coordenadas 
necessárias para definir a posição espacial de cada corpo é 6 (3 coordenadas 
lineares e 3 coordenadas angulares), de modo que o número de graus de liberdade 
de um sistema formado por n corpos rígidos é dado por: 
 
N = 6n – p (4.75) 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
87 
 
 A escolha do conjunto de coordenadas independentes é arbitrária, embora 
seu número permaneça invariável. Qualquer conjunto de N coordenadas 
independentes constitui um conjunto de coordenadas generalizadas, que serão 
aqui denotadas por  Nqqq ,,, 21  . Ilustramos os conceitos de número de graus de 
liberdade e coordenadas generalizadas com o auxílio do seguinte exemplo. 
 
 
Exemplo 4.2: No sistema ilustrado na figura abaixo, as partículas P1 e P2 são 
forçadas a se mover sobre o plano x-y, estando ligadas pela barra rígida de 
comprimento L. Para este sistema, determinemos o número de graus de liberdade 
e um conjunto de coordenadas generalizadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 No caso em questão temos um sistema com duas partículas (n=2) e número 
toal de coordenadas é 3n=6. Em termos das componentes de seus vetores posição 
em relação ao sistema de eixos indicados na figura, estas seis coordenadas são 
denotas por  222111 z,y,x,z,y,x . No entanto, estas seis coordenadas não são todas 
indepentes, uma vez que as seguintes as equações de restrição devem ser 
satisfeitas. 
 
 z1=0 z2=0     2212212 Lyyxx  
 
P1 
P2 
L 
y 
x 
z 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
88 
 
 Temos então p = 3 (três equações de restrição), de modo que, de acordo com 
a equação (4.74), o número de graus de liberdade do sistema resulta ser 
N=323=3. 
 Alguns conjuntos possíveis de coordenadas generalizadas são: 
 
 ( 11 xq  , 12 yq  , 23 xq  ) 
 
( 11 xq  , 12 yq  , 13 yq  ) 
 
( 11 xq  , 12 yq  , 3q ) 
 
 
4.8 Equações de Lagrange 
 
Nesta seção, desenvolveremos a formulação que, partindo do Princípio de 
Hamilton Estendido, conduz às chamadas Equações de Lagrange, as quais 
constituem uma forma bastante elegante e expedita para a obtenção das equações 
do movimento de sistemas dinâmicos. 
As equações
de Lagrange são formuladas em termos de coordenadas 
generalizadas, cujo conceito foi introduzido na Seção 4.7. 
Para o conjunto de n partículas mostrado na Figura 4.4, podemos sempre 
expressar os vetores posição das partículas em função de um conjunto 
previamente escolhido de N coordenadas generalizadas através de relações do 
tipo: 
  tqqqrr Nii ,,,, 21   i=1,2, ..., n (4.76) 
 
 Em termos de coordenadas cartesianas, a transformação (4.76) pode ser 
detalhada como segue: 
 
 kzjyixr iiii
  (4.77) 
 
com: 
 
  tqqqxx Nii ,,, 21  
  tqqqyy Nii ,,, 21  (4.78) 
  tqqqzz Nii ,,, 21  i=1,2, ..., n 
 
 Buscaremos, em seguida, representar as velocidades das partículas em 
termos das coordenadas generalizadas. Para tanto, empregando a regra da cadeia 
da derivação, derivamos (4.77) em relação ao tempo, escrevendo: 
 
 kzjyixv iiii
  (4.79) 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
89 
 
com: 
 
 
t
x
q
q
x
t
x
q
q
x
q
q
x
q
q
x
dt
dx
x i
N
j
j
j
ii
N
N
iiii
i 





 
1
2
2
1
1
 
 
t
y
q
q
y
q
q
y
q
q
y
dt
dy
y iN
N
iiii
i 



  2
2
1
1
 
t
yq
q
y iN
j
j
j
i


 
1
 (4.80)
 
t
z
q
q
z
q
q
z
q
q
z
dt
dz
z iN
N
iiii
i 



  2
2
1
1
 
t
z
q
q
z iN
j
j
j
i


 
1
 i=1,2, ..., n 
 
 Levando em conta (4.79), a expressão da energia cinética do sistema de 
partículas, dada por (4.57), é desenvolvida da seguinte forma: 
 
  


n
i
iiii
n
i
iii zyxmvvmT
1
222
1 2
1
2
1  (4.81) 
 
 Introduzindo (4.80) em (4.81), escrevemos: 
 


























 

2
1
2
1
2
112
1
t
zq
q
z
t
yq
q
y
t
xq
q
xmT i
N
j
j
j
ii
N
j
j
j
ii
N
j
j
j
i
n
i
i  
 
 Na equação acima podemos perceber que, de modo geral, a energia cinética 
será função das coordenadas generalizadas  nqqq ,, 21 , de suas derivadas 
temporais  nqqq  ,, 21 e do tempo t. Assim, escrevemos: 
 
  tqqqqqqTT NN ,,,,,, 2121  (4.82) 
 
 Da mesma forma, a energia potencial, que é função exclusiva dos vetores 
posição (e, eventualmente, do tempo), é expressa sob a forma: 
 
  tqqqqqqVV NN ,,,,,, 2121  (4.83) 
 
 Com base em (4.82) e (4.83), podemos expressar o Lagrangeano como uma 
função das coordenadas generalizadas, das coordenadas generalizadas  nqqq ,, 21 , de suas derivadas temporais  nqqq  ,, 21 e do tempo t: 
 
  tqqqqqqLVTL NN ,,,,,, 2121  (4.84) 
 
 A partir de (4.84), podemos expressar da seguinte forma a variação do 
Lagrangeano associada a um conjunto arbitrário de deslocamentos virtuais: 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
90 
 
N
N
N
N
q
q
Lq
q
Lq
q
Lq
q
Lq
q
Lq
q
LL   





 2
2
1
1
2
2
1
1
 
 
ou: 
 

 








N
j
j
j
j
j
q
q
Lq
q
LL
1
  (4.85) 
 
Notemos que, de acordo com as propriedades atribuídas aos deslocamentos 
virtuais (ver Seção 4.4), a variação no tempo, representada pelo termo dttL  não 
é incluída no desenvolvimento que conduz a (4.85). 
 No desenvolvimento que segue, buscaremos expressar o trabalho virtual 
das forças não conservativas em termos das coordenadas generalizadas. Para 
tanto, escrevemos: 
 
 


n
i
ii
F
nc rFW
1
  (4.86) 
 
 Fazendo uso da equação (4.77), expressamos os deslocamentos virtuais sob 
a forma: 
 
ir N
N
iii q
q
r
q
q
r
q
q
r  


 

2
2
1
1
 
 

N
j
j
j
i q
q
r
1


 (4.87) 
 
onde os termos jq , j=1,2, ..., N, são entendidos como variações arbitrárias e 
independentes introduzidas nas coordenadas generalizadas. 
Notemos, mais uma vez que, de acordo com as propriedades atribuídas aos 
deslocamentos virtuais na Seção 4.4, a variação no tempo, representada pelo 
termo dttri  não é incluída no desenvolvimento (4.87). 
 Introduzindo (4.87) em (4.86), escrevemos: 
 
 FncW  
  







N
j
j
n
i j
i
i qq
rF
1 1


 (4.88) 
 
ou ainda: 
 
 FncW 

N
j
jj qQ
1
 (4.89) 
 
onde: 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
91 
 

 

n
i j
i
ij q
rFQ
1

 (4.90) 
 
são os denominados esforços generalizados. 
 Voltemos agora ao Princípio de Hamilton Estendido, expresso pela equação 
(4.73), repetida abaixo: 
 
 02
1
2
1
  dtWdtL tt Fnctt  (4.91) 
 
 Introduzindo (7.85) e (4.89) em (4.91), escrevemos: 
 










 

dtq
q
Lq
q
Lt
t
N
j
j
j
j
j
2
1 1
  0
2
1 1



 

dtqQ
t
t
N
j
jj 
 
 Rearrajando: 
 
0
2
1 1 1








 
  
 
dtq
q
LqQ
q
Lt
t
N
j
N
j
j
j
jj
j
  (4.92) 
 
 Efetuamos em seguida as seguintes integrações por partes: 
 
dtq
q
L
dt
dq
q
Ldtq
q
L t
t
N
j
j
j
t
t
j
j
t
t
N
j
j
j
   





















2
1
2
1
2
1 11
  (4.93) 
 
 Considerando a hipótese que os deslocamentos virtuais (e, portanto, as 
variações correspondentes das coordenadas generalizadas) devem anular-se nos 
instantes 1t e 2t , ou seja,     021  tqtq jj  , o primeiro termo do lado direito de 
(4.93) resulta nulo. Introduzindo então a equação resultante em (4.92), 
escrevemos, após alguns rearranjos: 
 
0
2
1 1







 





 

dtqQ
q
L
q
L
dt
dt
t
N
j
jj
jj
 (4.94) 
 
 Uma vez que a equação acima deve ser satisfeita para todo e qualquer 
conjunto de variações virtuais arbitrárias e independentes, jq , j=1,2, ..., N, 
resulta que as funções que multiplicam cada uma das variações jq em (4.94) 
devem anular-se identicamente. Assim, temos: 
 
j
jj
Q
q
L
q
L
dt
d 






 j=1,2, ..., N (4.95) 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
92 
 
As equações (4.95) são as denominadas Equações de Lagrange do 
movimento. Note-se que tais equações apresentam-se sob a forma de equações 
diferenciais de segunda ordem na variável tempo, que constituem as equações do 
movimento do sistema mecânico. 
Devemos também observar que, embora tenham sido deduzidas para 
sistemas de partículas,
as Equações de Lagrange na forma (4.95) podem ser 
imediatamente aplicadas a sistemas constituídos de corpos rígidos e deformáveis, 
bastando que se usem as expressões adequadas para o cálculo das energias 
cinética e potencial que compõem o Lagrangeano. 
O uso das equações de Lagrange para a obtenção das equações do 
movimento é ilustrado no exemplo a seguir. 
 
Exemplo 4.3: Considerando o sistema mecânico apresentado do Exemplo 4.1, 
obtenhamos as equações diferenciais do movimento utilizando as Equações de 
Lagrange. 
Como as coordenadas  ,r são independentes, podemos adotá-las como 
coordenadas generalizadas e as duas equações de Lagrange do movimento, 
expressas por (4.95) tomam as formas: 
 
rQr
L
r
L
dt
d 





 (i) 
 
 Q
LL
dt
d 





 (ii) 
 
 
Sendo o trabalho virtual do torque não conservativo, dado por: 
 
  FncW 
 
e desenvolvendo (4.89) considerando a escolha feita para as coordenadas 
generalizadas: 
 
 FncW  QrQr  , 
 
constatamos que: 
 
0rQ  Q (iii) 
 
Efetuando as derivadas parciais indicadas em (i) e (ii), a partir da 
expressão do Lagrangeano dada pela Eq. (a) do Exemplo 4.1, obtemos: 
 
    2221  rrmL 2261 Lmo cosmgr cos2Lgmo  221 orrk  (b) 
 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
93 
 


r
L
 rm  rmr
L
dt
d  



 

r
L  orrkmgmr   cos2 
 



L   22
3
1 Lmmr o 





L
dt
d   22
3
12 Lmmrrmr o 
 



L  senLgmmgrsen o 2 (iv) 
 
 
Introduzindo as equações (iii) e (iv) em (i) e (ii), obtemos, as seguintes 
equações do movimento, que são idênticas às equações (h) e (i) obtidas no 
Exemplo 4.1: 
 
     0cos2   mgrrkrrm o (h) 
 
 tgsenLmmrrmrLmmr oo  

 

 
2
2
3
1 22  (i) 
 
 
4.9 Método de Rayleigh-Ritz 
 
Conforme vimos nas seções anteriores deste capítulo, os métodos 
variacionais conduzem às equações diferenciais de equilíbrio, no caso de 
problemas estáticos, ou equações diferenciais do movimento, no caso de 
problemas dinâmicos. Em diversas situações, notadamente no caso de sistemas 
mecânicos complexos, as equações de equilíbrio ou do movimento podem ser 
obtidas de forma mais simples e elegante, em comparação com os procedimentos 
baseados nos princípios da Mecânica Newtoniana. Entretanto, a resolução do 
problema completo requer a resolução destas equações, a qual pode ser feita 
através de métodos analíticos apenas nos casos mais simples. Este fato justifica o 
uso de métodos que forneçam soluções aproximadas dos problemas estudados, 
conhecidos como métodos diretos do Cálculo Variacional. 
O método de Rayleigh-Ritz, também conhecido como Método de Ritz é um 
método destinado à obtenção de soluções aproximadas de problemas regidos por 
princípios variacionais. Ilustraremos seus princípios considerando um problema 
regido por um funcional do tipo: 
 
         dxxu,,xu,xu,xFuI x
x
n  2
1
 (4.96) 
 
com as condições de contorno: 
   11 uxu  ;   22 uxu  
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
94 
 
  11 uxu  ;   22 uxu  (4.97) 
 
   
 
    1111   nn uxu ;      1221   nn uxu 
 
 Diante da impossibilidade (ou não conveniência) de se encontrar a solução 
exata da função  u x que extremiza o funcional (4.96), propõe-se uma solução 
aproximada expressa da seguinte forma: 
 
   
1
n
i i
i
u x c x

 (4.98) 
 
 As funções   , 1, 2, ,i x i n   são escolhidas arbitrariamente e devem ser 
tais que pelo menos as condições de contorno geométricas do problema sejam 
satisfeitas por  u x . Estas funções são denominadas funções de comparação (trial 
functions). Note-se que, na aproximação (4.98), permanecem desconhecidas as 
constantes , 1, 2, ,ic i n  . 
Introduzindo (4.98) em (4.96), e efetuando as operações de derivação e 
integração indicadas, obtém-se o funcional sob a forma: 
 
   1 2, , , nI u I c c c  
 
 Observa-se que este funcional resulta expresso como uma função escalar de 
n variáveis, para o qual as condições de estacionariedade são: 
      
1 2
0; 0; ; 0
n
I u I u I u
c c c
      
   (4.99) 
 
 As equações (4.99) representam um sistema de n equações algébricas com n 
incógnitas que, uma vez resolvido, fornece os valores de , 1, 2, ,ic i n  . 
Introduzindo estes valores em (4.98) tem-se a solução aproximada do problema. 
 Conforme veremos no próximo capítulo, o Método de Rayleigh-Ritz é a base 
para a formulação do Método de Elementos Finitos pelo processo variacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
95 
 
 
Exemplo 4.4. Ilustraremos o método através do problema de flexão de uma viga 
de Euler-Bernoulli, uniforme, de módulo de rigidez à flexão EI, submetida a um 
carregamento transversal uniformemente distribuído q, conforme ilustrado na 
Figura 4.5. Desejamos obter uma aproximação para o campo de deslocamentos 
transversais da viga, indicado por y(x). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4.5 
 
 O problema de equilíbrio é regido pelo Princípio da Energia Potencial 
Mínima, que, para o problema em questão, é formulado sob a seguinte forma 
variacional: 
 
 
22
2
0
1 0
2
L d yI y EI qy dx
dx
                 
(a)
 
 Vamos admitir uma solução aproximada do problema sob a forma: 
 
  1 2 2x xy x a sen a senL L
   (b)
 
ou 
 
     1 1 2 2y x a x a x   (c)
 
onde: 
 1 xx sen L
   2 2 xx sen L
  
 
 
são denominadas funções de Ritz. Estas funções são escolhidas de modo que  y x 
satisfaça às condições de contorno geométricas do problema. 
 
   0 0y y L   
 
y(x) 
L
q 
EI 
x 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
96 
 
 Visando formular a condição de estacionariedade (a), vamos primeiramente 
avaliar: 
 
 
22
2
0 2
L EI d yI y qy dx
dx
        
  
 
22 2
1 2 1 2
0
2 2 2
2
L EI x x x xa sen a sen q a sen a sen dx
L L L L L L
                                 
 
 
 Desenvolvendo a expressão acima e efetuando as integrações, temos: 
 
  4 42 2 2 21 2
0
2 2
2
L EI x xI y a sen a sen
L L L L
                   
 
2 2
1 2 1 2
2 2 22 x x x xa a sen sen qa sen qa sen dx
L L L L L L
                    
 
Efetuando as integrações indicadas na equação acima, obtemos: 
 
 
  4 42 2 11 22 22 2 2 2
a LEI L EI LI y a a q
L L
 

           
(d)
 Devemos agora impor a condição de estacionariedade do funcional I. 
Observamos em (4.99), que ele é função de duas incógnitas a1 e a2. Assim, a 
condição de estacionariedade conduz a: 
 
1 2
1 2
0I II a a
a a
        1 0
I
a
  ; 2
0I
a
  
 
1
0I
a
   
4
1 5
4 qla
EI 
 
2
0I
a
   2 0a  
 
 Assim, o campo de deflexões aproximado fica: 
 
  454 qL xy x senEI L

 
(4.100)
 
 As soluções exata e aproximada para o deslocamento no ponto médio da 
viga são: 
 
D.A. Rade Princípios Variacionais da Mecânica 
 
 
97 
 
45
2 384
exato L qLy
EI
     
4
.
5
4
2
aprox L qLy
EI
     
 
 O erro da aproximação é de apenas 0,39 %, o que mostra a boa precisão. 
 
 
 
 
4.9 Bibliografia 
 
 
 FOWLES, G.R. CASSIDAY, G.L., Analytical Mechanics, 6th Edition, Harcourt 
Brace College Publishers, 1998. 
 WASHIZU, K., Variational Methods in Elasticity and Plasticity (Monographs 
in Aeronautics & Astronautics), 2nd Ed., Elsevier, 1975. 
 LEMOS, N., Mecânica Analítica, 2ª Edição, Editora Livraria da Física, 2007. 
 LANCZOS, C., The Variational Principles of Mechanics, 4th Edition, 
University of Toronto Press, 1977. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 98
 
 
CAPÍTULO 5 
 
FORMULAÇÃO DO MEF PELO PROCESSO VARIACIONAL. APLICAÇÃO 
À MODELAGEM DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE VIGAS DE 
EULER –BERNOULLI 
 
 
5.1 – Introdução 
 
 
Neste capítulo, o método dos elementos finitos é formulado para obtenção das 
equações do movimento para vigas de Euler-Bernoulli, utilizando o processo 
variacional enfocado no Capítulo 3. 
 
São admitidas as seguintes hipóteses: 
 
1ª. Consideram-se exclusivamente os efeitos da flexão transversal, não sendo 
considerados os efeitos associados ao movimento longitudinal; 
 
2ª. São adotadas as simplificações da teoria de vigas de Euler-Bernoulli: 
desprezam-se os efeitos do cisalhamento transversal e de inércia de rotação das 
seções transversais; 
 
3ª. Os deslocamentos e rotações são considerados pequenos e os materiais 
apresentam comportamento linear elástico linear isotrópico. 
 
4ª. Desprezam-se os efeitos dissipativos, isto é, considera-se o sistema sem 
amortecimento. 
 
Será considerada a viga mostrada na Figura 5.1 de comprimento  e com 
condições de contorno arbitrárias, para a qual se admitem as hipóteses da teoria de 
Euler-Bernoulli, sendo  m x (kg/m) e E(x) (N.m-2) a densidade linear e módulo de 
elasticidade longitudinal do material que constitui a viga, respectivamente,  I x 
(m4) é o momento de inércia de área da seção transversal da viga em relação ao eixo 
baricêntrico z, q(x,t) (N.m-1) é o carregamento transversal distribuído aplicado 
externamente e v(x,t) (m) indica o campo de deslocamentos transversais da viga. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 99
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5.1 
 
 
Serão a seguir detalhadas as etapas típicas de uma análise por elementos 
finitos, a saber: 
 
1ª. Obtenção das equações do movimento em nível elementar, empregando as 
o Princípio Variaciona de Hamilton; 
 
2ª. Obtenção das equações do movimento em nível global; 
 
3ª. Imposição das condições de contorno; 
 
4ª. Resolução das equações do movimento para obtenção de diferentes tipos de 
respostas dinâmicas. 
 
 
 
5.2 – Obtenção das equações do movimento em nível elementar 
 
 
A viga mostrada na Figura 5.1 é admitida dividida em um certo número 
arbitrário de elementos cada um deles delimitado por dois nós. A Figura 5.2 mostra 
um destes elementos, identificado genericamente pelo índice i, contendo dois nós iL e 
iR , cujas propriedades relevantes são indicadas por i ,  im x ,  iE x ,  iI x . Além disso 
 ,iq x t e  ,iv x t indicam o carregamento externo e o campo de deslocamentos 
transversais no interior do elemento ( 0 ix   ). As forças transversais    ,L Ri iV t V t e 
os momentos    ,L Ri iM t M t representam as ações mecânicas exercidas pelos 
elementos vizinhos, à esquerda e à direita, sobre o elemento considerado. Também 
são indicados os graus de liberdade escolhidos para o elemento, que são constituídos 
pelos valores dos deslocamentos transversais nos nós, indicados por  Liv t e  Riv t , e 
v(x,t)
q(x,t)
y 
x 
L 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 100
pelas rotações das seções transversais nos nós, indicadas por  Li t e  Ri t . Estes 
graus de liberdade são agrupados no vetor: 
 
 
 
              Te L L R Ri i i i iu t v t t v t t     (5.1)
 
onde o superscrito (e) designa os graus de liberdade em nível elementar. 
Deve-se observar que, de acordo com a teoria de Euler-Bernoulli, vale a 
seguinte relação entre as rotações das seções transversais e os deslocamentos 
transversais da viga: 
 
    ,, ii v x tx t x
  
(5.2)
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5.2 
 
 
Os deslocamentos transversais são interpolados pelo seguinte polinômio 
cúbico: 
 
 
          2 31 2 3 4, 0i iv x t c t c t x c t x c t x x       (5.3)
 
 
Em conseqüência, levando em consideração a Eq. (5.2), as rotações das seções 
transversais ficam aproximadas pela seguinte função quadrática: 
 
 
         22 3 4, 2 3 0i ix t c t c t x c t x x       (5.4)
 
 
As equações (5.3) e (5.4) devem satisfazer as condições cinemáticas: 
 
    0, Ei iv t v t    , Di i iv t v t  (5.5.a)
y 
x 
Ei Di 
 Riv t
 Ri t Li t
 Liv t 
Ei(x), Ii(x),  i(x)
 ,i x t ,iv x t
qi(x) 
 RiV t LiV t
 LiM t  RiM t
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 101
 
  
0
Ei
i
x
v t
x


 

 
 
i
Di
i
x
v t
x


  

 
 
(5.5.b)
 
Impondo as condições (5.5) às aproximações (5.3) e (5.4), são obtidas quatro 
equações algébricas lineares que, uma vez resolvidas, fornecem as expressões das 
constantes  ic t em função dos graus de liberdade que formam o vetor dado por (5.1) 
e o campo de deslocamentos transversais resulta expresso da seguinte forma: 
 
                  1 2 3 4, E E D Di i i i iv x t x v t x t x v t x t         (5.6.a)
 
ou: 
 
         , ei iv x t x u t    (5.6.b)
 
com: 
 
 
          1 2 3 4x x x x x           (5.7)
 
   2 31 1 3 2x xx l l
            
(5.8.a)
 
   2 32 2 x xx x l ll l
            
(5.8.b)
 
   2 33 3 2x xx l l
           
(5.8.c)
 
   2 34 x xx l ll l
            
(5.8.d)
 
As funções , i = 1 a 4 são chamadas funções de forma ou funções de 
interpolação. São mostradas graficamente na Figura 5.3. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 102
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 5.3
As equações (5.6) mostram que o campo de deslocamentos transversais e 
rotações das seções transversais são expressos como combinações lineares dos 
deslocamentos e rotações nodais, sendo os coeficientes de combinação linear dados 
pelas funções de forma. 
Visando obter as equações do movimento em nível elementar através do 
Princípio Variacional de Hamilton, devemos formular as energias cinética e 
potencial, além do trabalho virtual do carregamento externo, conforme 
desenvolvimento a seguir. 
 
 
 Energia Cinética 
 
A energia cinética do elemento é dada pela expressão: 
 
 
    
2
0
,1
2
i
i
i i
v x t
T m x dx
t
    

 
(5.9)
1(x) 
x 
1 
4(x) 
x
45o
45o 
3(x) 
x 
1 
2(x) 
x 
 
i i
i i 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 103
 
Introduzindo (5.6.b) em (5.9) após derivação de  iv t em relação ao tempo, 
escrevemos: 
 
            12 Te e ei i i iT u t M u t     (5.10)
 
 
onde: 
 
 
  
       4 4
0
i
Te
i iM m x x x dx            

 
(5.11)
 
 
é a chamada matriz de massa ou matriz de inércia do elemento de viga de Euler-
Bernoulli, cujo elemento geral é calculado segundo: 
 
 
        
0
i
e
i i m nmn
M m x x x dx     

, , 1a 4m n  (5.12)
 
 
Para o caso em que  im x é constante, as equações (5.11) e (5.12) conduzem à 
seguinte matriz: 
 
 
 
  2 2
2
156 22 54 13
4 13 3
156 22420
4
i i
e i i ii i
i
i
i
mM
simétrica
          
 
  


 (5.13)
 
 
 Energia Potencial 
 
 
Para a viga de Euler-Bernoulli, a energia potencial, incluindo a energia de 
deformação e os trabalhos das forças e momentos externos aplicados, é expressa 
segundo: 
 
      
2
2
2
0
,1
2
i
i
i i i
v x t
V E x I x dx
x
    
    
0
, ,i i iq x t v x t dx   
                E E E E D D E Di i i i i i i iV t u t M t t V t u t M t t     
 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 104
Introduzindo (5.6.b) em (5.14), após derivação dupla de  ,iv x t em relação a x, 
escrevemos: 
 
 
            12 Te e ei i i iV u t K u t             Te ei iu t Q t          Te ei iu t Q t 
 
 
(5.15)
 
onde: 
 
 
  
         4 4
0
i
Te
i i iK E x I x x x dx             

, , 1a 4m n  (5.16)
 
é a chamada matriz de rigidez do elemento de viga de Euler-Bernoulli, cujo 
elemento geral é calculado segundo: 
 
          
0
i
e
i i i m nmn
K E x I x x x dx      

, , 1a 4m n  , (5.17)
 
Além disso: 
 
        0 ,i Tei iQ t x q x t dx     (5.18) 
 
é o vetor de esforços generalizados em nível elementar, cujo elemento geral é dado 
por: 
 
 
        0 ,iei m imQ t x q x t dx   , 1a 4m  , (5.19.a) 
 
e 
 
             Te E E D Di i i i imQ t V t t V t t     (5.19.b) 
 
 
Para o caso em que o módulo de rigidez à flexão e o carregamento distribuído 
são independentes de x no interior do elemento:    i i i iE x I x E I ,    ,i iq x t q t , as 
equações (5.16) e (5.18) conduzem às seguintes expressões: 
 
 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 105
 
  2 2
3
2
12 6 12 6
4 6 2
12 6
4
i i
e i i ii i
i
i i
i
E IK
simétrica
           
 
  
 

 (5.20)
 
 
 
    
 
 
 
 
2
2
2
12
2
12
i
i
i
i
e
i
i
i
i
i
q t
q t
Q t
q t
q t
              




 
 
 
 
 
(5.21) 
 
 
O Princípio Variacional de Hamilton estabelece: 
 
 
 
 2
1
0
t
i it
T V dt   (5.22) 
 
 Combinando as equações (5.10), (5.15) e (5.22), temos: 
 
                                           2
1
1 1 0
2 2
T T T Tt e e e e e e e e e e
i i i i i i i i i it
u t M u t u t K u t u t Q t u t Q t dt                
 
 Na equação acima reconhecemos um funcional do tipo dado pela equação 
(3.51), no qual a variável independente é o tempo, as variáveis dependentes são os 
graus de liberdade elementares que formam o vetor     eiu t e as derivadas de mais 
alta ordem são as derivadas de primeira ordem em relação ao tempo. 
As equações de Euler-Lagrange associadas ao funcional, dadas por (3.63), 
podem ser expressas, de forma alternativa, segundo: 
 
       0i ie ei iL Lddtu u
        
 (5.23) 
 
 
sendo i i iL T V  o Lagrangeano. 
Efetuando as operações indicadas em (5.23), obtemos as seguintes equações 
do movimento em nível elementar: 
 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 106
                    ( ) ( )e e e ee ei i i i i iM u t K u t Q t Q t         (5.24) 
 
 
5.2 Montagem das equações do movimento em nível global 
 
Na seção anterior, as equações do movimento foram obtidas para um 
elemento genérico considerado isolado. Entretanto, deve ser considerado que a viga 
é discretizada em vários elementos de modo que elementos vizinhos compartilham 
nós, conforme ilustrado na Figura 5.4 para dois elementos contíguos i e j. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
             Te L L R Ri i i i iu t v t t v t t                  Te L L R Rj j j j ju t v t t v t t    
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
                1 1 2 2 3 3 Tgu t v t t v t t v t t      
 
 
 
Figura 5.4 
graus de liberdade elementares
Li Ri 
 Riv t
 Ri t Li t
 Liv t
Lj Rj 
 Rjv t 
 Rj t Lj t
 Ljv t
3 
 3v t
 3 t 1 2 
 2v t
 2 t 1 t 
 1v t
graus de liberdade globais 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 107
 
As equações do movimento dos dois elementos devem ser combinadas de 
modo que seja assegurado o equilíbrio dinâmico e a continuidade de deslocamentos e 
rotações nos nós que são compartilhados dois elementos vizinhos. Este 
procedimento será ilustrado a seguir para os dois elementos mostrados na Figura 
5.4. 
 Estabelecem-se, para cada elemento, transformações lineares relacionando os 
graus de liberdade elementares e os graus de liberdade globais, sob a forma: 
 
 
              4 64 1 6 1e gi iu t L u t     (5.25.a)
 
              4 64 1 6 1e gj ju t L u t     (5.25.b)
 
 
O esquema da Figura 5.4 permite facilmente construir as matrizes iL   e 
jL   , conforme mostrado abaixo. Nota-se que são matrizes booleanas (formadas por 
zeros e uns) nas quais as posições dos uns permitem localizar os graus de liberdade 
elementares dentre os graus de liberdade globais. 
 
 Elemento i 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
1
2
2
3
3
1 0 0 0 0 0
0 1 0 0 0 0
0 0 1 0 0
0
0 0 0 1 0 0
L
i
L
i
R
i
R
i
v t
v t t
t v t
v t t
t v t
t





                                 
 
 
 
 
(5.26.a)
 
 Elemento j 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1
1
2
2
3
3
0 0 1 0 0 0
0 0 0 1 0 0
0 0 0 0 1 0
0 0 0 0 0 1
L
j
L
j
R
j
R
j
v t
v t t
t v t
v t t
t v t
t





                                 
 
 
 
 
(5.26.b)
 
 
Para o sistema formado pelos elementos i e j escreve-se a energia cinética 
total sob a forma: 
 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 108
 
 i jT T T  (5.27) 
 
Utilizando a Eq. (5.10) para ambos os elementos e as equações (5.25), obtém-
se a energia cinética total expressa sob a seguinte forma, em termos dos graus de 
liberdade globais: 
 
            12 Tg g gT u t M u t     (5.28) 
 
onde a matriz de massa global é expressa segundo: 
 
  
         6 6
TTg e e
i i i j j jM L M L L M L
                   (5.39) 
 
De modo semelhante, opera-se sobre a energia potencial total e o trabalho 
virtual total do carregamento externo: 
 
 
i jV V V  =                      12 T Tg g g g gu t K u t u t Q t    (5.30) 
 
com: 
 
  
         6 6
TTg e e
i i i j j jK L K L L K L
                   (5.31) 
 
e: 
 
            6 1 TTg e ei i j jQ L Q L Q      (5.32) 
 
 Vale observar que, de acordo com a terceira Lei de Newton, as forças e 
momentos exercidos pelo elemento 1 sobre o elemento 2 são iguais aos 
correspondentes exercidos pelo elemento 2 sobre o elemento 1. Isso faz com que as 
operações que conduzem a (5.30) eliminem tais esforços correspondentes aos nós 
intermediários da formulação, permanecendo apenas aqueles correspondentes aos 
nós das extremidades da viga. Estes últimos são tratados quando são impostas as 
condições de contorno, conforme detalhado na Seção 4.3. 
 
Aplicando novamente o princípio de Hamilton expresso segundo: 
 
 2
1
0
t
i it
T V dt   (5.33) 
 
obtemos as seguintes equações de Euler-Lagrange associadas: 
 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 109
 
        gg gi
L d L Q
dtu u
        
 com L T V  
 
(5.37) 
 
 
Associando as equações (5.28), (5.30) e (5.37), obtêm-se as equações do 
movimento em nível global, formado pelos dois elementos finitos conectados: 
 
 
                   g g g g gM u t K u t Q t        (5.38) 
 
As equações (5.39) constituem um sistema de 6 equações diferenciais 
ordinárias no tempo que possuem exatamente a mesma forma das equações do 
movimento de sistemas discretos não amortecidos. Desta forma, os métodos 
apresentados naquele capítulo podem ser utilizados para calcular os diferentes tipos 
de respostas dinâmicas do sistema sujeito a diferentes formas de excitação, que 
podem ser completadas por um conjunto de condições iniciais: 
 
        00g gu u        00g gu u  (5.39) 
 
O procedimento aqui ilustrado para o acoplamento de apenas dois elementos pode 
ser aplicado sucessivamente para o acoplamento de um número qualquer de 
elementos. 
 
4.3 Imposição das condições do contorno 
 
Ao contrário do que ocorre nos problemas de equilíbrio (problemas estáticos) 
os problemas de análise dinâmica podem ser resolvidos sem dificuldades 
particulares quando o sistema estrutural estiver livre no espaço, sem nenhuma 
vinculação ao sistema de referência fixo. Este é o caso de estruturas aeronáuticas ou 
espaciais. Nestes casos, o sistema de equações diferenciais (5.38) pode ser 
processado diretamente. Por outro lado, caso haja vinculações cinemáticas 
representadas por deslocamentos impostos em alguns pontos da estrutura, as 
equações do movimento devem ser devidamente modificadas para levar em conta 
tais vinculações. Apresenta-se, a seguir um procedimento para esta finalidade. 
As matrizes e vetores que figuram em (5.38) são particionados segundo os 
graus de liberdades ditos “livres”, que não são afetados pelos vínculos cinemáticos e 
os graus de liberdade denominados “impostos” que são aqueles cujos valores são 
prescritos. Os primeiros são doravante indicados por subscritos “L” e os últimos por 
subscritos “I” nas equações do movimento, que se expressam segundo: 
 
 
    
   
    
    
   
   
    
    
    
    
g g gg g g g
L L LLL LI LL LI
g g g gg g g
IL II IL III I I
u t u t Q tM M K K
M M K Ku t u t Q t
                             


 
 
(5.40) 
 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 110
Os dois blocos de equações resultantes do particionamento indicado em (5.40) 
podem ser postos sob a forma: 
 
 
                                 g g g g g g g g gLL L LL L L LI I LI IM u t K u t Q t M u t K u t                   (5.41)
 
                                g g g g g g g g gI IL L II I IL L II IQ t M u t M u t K u t K u t                   (5.42) 
 
A resolução das equações (5.41) e (5.42) permite determinar a resposta 
dinâmica nas coordenadas livres e, subseqüentemente, os esforços de reação 
associados aos graus de liberdade impostos. 
 
 
4.4 Realização de análise dinâmicas 
 
A partir das equações do movimento globais resolução das equações (5.41) e 
(5.42), podem-se computar diferentes tipos resposta dinâmica, cuja formulação é 
apresentada a seguir: 
 
Análise Modal 
 
Para o problema homogêneo (respostas em regime livre): 
 
               0g g g gLL L LL LM u t K u t        (5.43) 
 
procuram-se soluções harmônicas do tipo: 
 
      g i tLu t U e  (5.44) 
 
Introduzindo (5.44) em (5.43), chega-se ao seguinte problema de autovalor: 
 
        2 0g gLL i LL iK M U        (5.45) 
 
cujas soluções   ,i iU , i=1,2, ...são, respectivamente, as freqüências naturais e os
modos naturais de vibração. 
 
 
 
Análise Harmônica 
 
Considera-se o problema não-homogêneo (respostas em regime forçado): 
 
                  g g g g gLL L LL L LM u t K u t Q t        (5.43) 
 
com as forças excitadoras e respostas harmônicas dadas, respectivamente, por: 
D.A. Rade Formulação do MEF pelo Processo Variacional 
 
 
 111
 
      g i tL LQ t Q e  (5.44) 
 
       g i tL Lu t U e  (5.45) 
 
 
Introduzindo (5.44) e (5.45) em (5.43), obtêm-se a seguinte relação entre as
amplitudes de excitação e amplitudes das respostas harmônicas: 
 
       2g gLL LL L LK M U Q        (5.46) 
 
ou: 
 
        12g gL LL LL LU K M Q        (5.47) 
 
 
 
Análise Transiente 
 
 
O problema de análise transiente consiste na determinação das respostas 
temporais da estrutura sob a ação de forças externas variáveis no tempo e/ou a um 
conjunto de condições iniciais (deslocamentos e/ou velocidades) impostas no instante 
inicial. Alternativamente, a excitação pode ser provocada por deslocamentos 
impostos variáveis no tempo. 
Nestes casos, a resolução é feita integrando as equações do movimento (5.41), 
utilizando algoritmos de integração numérica, tais como os métodos de Newmark, 
Runge-Kutta, Huboldt, dentre outros existentes para esta finalidade. Ao final da 
integração, são conhecidos os valores dos graus de liberdade do modelo de elementos 
finitos em um conjunto discreto de pontos dentro do intervalo de tempo escolhido. 
 
 
4.5. Bibliografia 
 
 CRAIG JR., R. R. e KURDILA, A. J. Fundamentals of Structural Dynamics. 2.ed., 
New Jersey – USA: John Wiley & Sons, 2006. 744p. 
 MEIROVITCH, L. Methods of Analytical Dynamics. New York – USA: McGraw-Hill, 
1970. 524p.

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