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TUTELAS DE URGÊNCIA Cautelar, Antecipada e de Evidência Adriele da Silva Ferraro RA: 1054021232 Profa. Esp. Claudia Mota Estabel Anhanguera Educacional S/A Direito 04/04/2013 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo analisar o instituto das tutelas de urgência, vigente no Código de Processo Civil, bem como conceituá-las . Ainda analisar as tutelas de urgência no anteprojeto do Código de Processo Civil, pois trata-se de assunto de extrema relevância no âmbito jurídico, que já é tema de muitos confrontos. Analisar a nova modalidade, Tutela de Evidência, presente no Anteprojeto do CPC. Palavras-chave: Tutelas; Urgências; Cautelar; Antecipada; Evidência. 1 INTRODUÇÃO No atual sistema jurídico brasileiro existe uma morosidade em relação a satisfação jurisdicional, o que acarreta na demora em garantir ou executar os direitos daqueles que procuram o judiciário para solucionar conflitos. Em muitos casos estes direitos correm riscos, como o perecimento de bens, realizado até mesmo pelo réu, entre outros fatos que colocam a futura realização de um direito em eminente risco. Nestes casos medidas devem ser tomadas, a fim de garantir uma futura execução ou de antecipar os efeitos provenientes da sentença. Buscando garantir execuções e efeitos da sentença com uma maior celeridade, o Código de Processo Civil regulamenta as chamadas Tutelas de Urgência, que se dividem em: Tutela Antecipada e Tutela Cautelar. Estas tutelas serão estudadas no presente trabalho, bem como suas diferenças. Atualmente tramita no Congresso Nacional o Anteprojeto do Código de Processo Civil, que além de trazer diversas modificações, apresenta mudanças em relação as Tutelas de Urgência. Outorga a chamada Tutela de Evidência, que será estudada ao longo do trabalho. Com base no anteprojeto far-se-á um estudo sobre como o mesmo regula a sistemática das tutelas, comparando-as com o regulamento do Código atual. Este trabalho tem como objetivo aprofundar o conteúdo sobre as Tutelas de Urgência, propiciando uma melhor reflexão sobre os temas abordados, e principalmente gerar uma posição acerca das questões polêmicas do Anteprojeto do CPC. É de suma importância analisar as semelhanças e as diferenças das Tutelas de Urgência, já que trata-se de medidas que visam proporcionar àqueles que procuram o judiciário para sanar suas lides, a efetivação da execução futura, e ainda a antecipação dos direitos pleiteados. Mais valoroso é estudar e obter uma posição frente ao novo Anteprojeto, pois este visa uma modificação do Código, o que resultará na mudança na legislação processual. Embora ainda não esteja vigente, é importante já fazer o prévio estudo, a fim de evitar surpresas tardias. O trabalho está estruturado inicialmente com o estudo de cada Tutela, após uma breve comparação entre as atuais medidas, contando ainda com tópicos sobre o Anteprojeto e as tutelas de urgência. Todos os tópicos acrescido de posições doutrinárias, importantes para uma melhor fundamentação. Ao final o desfecho do trabalho, com considerações importantes sobre os temas abordados. 2. TUTELA CAUTELAR Trata-se de medida destinada a evitar o perecimento do direito principal, assegurando desta forma o resultado efetivo da futura sentença, garante a satisfação de um direito vindouro. É o processo que proporciona meios para garantir a eficácia plena do futuro processo de conhecimento ou até mesmo de execução. Possui caráter instrumental em relação ao direito material, pois busca satisfazer a efetivação desde direito. Assim dispõe Márcio Louzada Carpena: “[...] pode-se dizer que os processos de conhecimento ou execução atuam para satisfação do direito substancial do jurisdicionados ao passo que o cautelar age para proteger e garantir o resultado útil desses, não podendo ir além, realizando o escopo que lhes é reservado.” Ainda que o CPC discipline esta medida com cunho preparatório, esta pode ser satisfativa, quando o resultado do processo cautelar não necessite da interposição de processo principal no prazo legal. É ação autônoma, que antecede a ação principal, ou pode ser instaurada no curso da mesma. É dotada de pressupostos, são esses 'fumus boni iuris' e o 'periculum in mora'. O primeiro significa 'fumaça do bom direito', quer dizer que há indícios de que o que se está pedindo é direito de fato. Claro que o mérito não seja julgado, mas precisa-se de uma mera comprovação de que o direito material pode ser buscado futuramente no processo principal. O segundo significa 'perigo na demora', ou seja, se o magistrado não conceder a medida cautelar, futuramente o direito já irá restar danificado, de forma irreparável. Sobre as características da tutela cautelar observa Luiz Rodrigues Wambier: “O processo cautelar é autônomo, ou seja, é um outro processo, que nasce com uma petição inicial e termina necessariamente por sentença. Não se trata de um mero incidente de outro processo qualquer.” Também sobre algumas características, comenta Antônio José de Souza: “O processo cautelar, finalmente, refere-se às medidas de caráter preventivo ou cautelatório que se tornam necessárias no curso do processo principal, ou para preparar o ajuizamento deste, tais como o arreto, o sequestro, a busca e apreensão, o atentado, a prova antecipada, a justificação, a posse em nome do nascituro etc.,[...]” 3. TUTELA ANTECIPADA É a concessão, total ou parcial, à parte que reclamar, do bem jurídico que se refere a prestação do direito material. É a faculdade que o magistrado tem de adiantar um direito que só seria concedido em fase decisória, com a sentença. Assim escreve Humberto Theodoro Júnior: “O que o novo texto do art. 273 do CPC autoriza é, nas hipóteses nele apontadas, a possibilidade de o juiz conceder ao autor (ou ao réu, nas ações dúplices) um provimento imediato que, provisoriamente, lhe assegure o bem jurídico a que se refere a prestação de direito material reclamada como objeto da relação jurídica envolvida no litígio.” Para que a tutela seja concedida é exigido que exista prova inequívoca, verossimilhança da alegação, que haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, e que fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu. Relata Humberto Theodoro Júnior sobre o Princípio da necessidade: “Justifica-se a antecipação da tutela pelo principio da necessidade, a partir da constatação de que sem ela a espera pela sentença de mérito importaria denegação de justiça,já que a efetividade da prestação jurisdicional restaria gravemente comprometida.” Para corroborar o estudo sobre Tutela Antecipada segue a ementa: “AGRAVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. TUTELA ANTECIPADA. SUSPENSÃO DE DESCONTO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO. VEROSSIMILHANÇA NA ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE CONTRATAÇÃO. Presença de verossimilhança na alegação deduzida na inicial ao sustentar o debate sobre o débito, havendo a necessidade de melhor averiguação a respeito da autenticidade da assinatura aposta nos documentos trazidos pela instituição financeira; tal circunstância autoriza a manutenção da tutela antecipada para a cessação do desconto do benefício da parte autora. AGRAVO DESPROVIDO. UNÂNIME. (Nº 70053546206)” 4. DIFERENÇA DE TUTELA CAUTELAR E ANTECIPADA Após o estudo destas duas medidas, pode-se ressaltar algumas diferenças entre estas. Observa-se que a tutela cautelar é um dispositivo com o escopo de alcançar uma pretensão antecipadamente, que limita-se à asseguraro resultado do processo no qual o autor julga ter direito, porém sem afetar a sentença do processo que sobrevém. A tutela cautelar não acolhe antecipadamente o que é pedido pelo autor, apenas resguarda o direito, para que o mesmo possa ser concedido ou executado futuramente. É uma tutela preventiva. Já a tutela antecipada é um adiantamento dos efeitos da sentença, sendo total ou parcial. A antecipada visa conceder em sede liminar ao autor o que foi pedido na inicial. 5. A TUTELA DE EVIDÊNCIA DO ANTEPROJETO DO CPC O anteprojeto do CPC nos trás a Tutela De Evidência, que substituirá a Tutela Antecipada. Até o presente momento a Tutela Antecipada é assim regulada pelo CPC: “Art. 273 - O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: (Alterado pela L-008.952-1994) I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu. § 1º - Na decisão que antecipar a tutela, o juiz indicará, de modo claro e preciso, as razões do seu convencimento. (Acrescentado pela L-008.952-1994) § 2º - Não se concederá a antecipação da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. § 3º - A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A. (Alterado pela L-010.444-2002) § 4º - A tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer tempo, em decisão fundamentada. § 5º - Concedida ou não a antecipação da tutela, prosseguirá o processo até final julgamento. § 6º A tutela antecipada também poderá ser concedida quando um ou mais dos pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso. (Acrescentado pela L-010.444-2002) § 7º Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.” É perante estes requisitos que hoje a Tutela Antecipada é concedida. Com o novo CPC essa medida será chamada de Tutela de Evidência e terá o seguinte texto: “Art. 285. Será dispensada a demonstração de risco de dano irreparável ou de difícil reparação quando: I – ficar caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do requerido; II – um ou mais dos pedidos cumulados ou parcela deles mostrar-se incontroverso, caso em que a solução será definitiva; III – a inicial for instruída com prova documental irrefutável do direito alegado pelo autor a que o réu não oponha prova inequívoca; ou IV – a matéria for unicamente de direito e houver jurisprudência firmada em julgamento de casos repetitivos ou súmula vinculante. Parágrafo único. Independerá igualmente de prévia comprovação de risco de dano a ordem liminar, sob cominação de multa diária, de entrega do objeto custodiado, sempre que o autor fundar seu pedido reipersecutório em prova documental adequada do depósito legal ou convencional.” O novo texto deixa claro que a urgência não é mais um pressuposto para a concessão da medida, quando fundamentado na evidência, assim como apresenta a novidade da definitividade à decisão que concede a liminar, posto que não haverá qualquer risco para processo, tão pouco para o direito material. Tratando-se então de sentença, até mesmo a parcial, de mérito. Outro aspecto é a forma probatória documental oportunizar a evidência. A tutela será concedida independentemente da demonstração de risco de dano irreparável ou de difícil reparação. 6. CONCLUSÃO Por fim pode-se concluir que as Tutelas de Urgência são de extrema importância no Processo Civil, pois visam beneficiar e resguardar direitos. O Anteprojeto do CPC oportuniza formas diferente de concessão das tutelas, bem como novos requisitos e pressupostos. Entende-se que com essas modalidades o legislador oportunizará maiores possibilidades de procedência das tutelas, visto que o novo texto apresenta uma facilidade ao pleitear as tutelas. O anteprojeto busca uma maior efetividade das tutelas urgentes, trazendo um procedimento menos burocrático. BIBLIOGRAFIA - THEODORO Junior, Humberto, Curso de Direito Processual Civil – Processo de Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência – vol. II – Humberto Theodoro Junior – Rio de Janeiro: Forense, 2012. - WAMBIER, Luiz Rodrigues, Curso Avançado de Processo Civil, volume 3 : processo cautelar e procedimentos especiais / Luiz Rodrigues Wambier, Eduardo Talamino, Flávio Renato Correia de Almeida; coordenação Luiz Rodrigues Wamber. - 9. ed. Rev., atual. E apl. - São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2008. - CARPENA, Márcio Louzada, 1975- Do processo cautelar moderno/ Márcio Louzada Carpena. - Rio de Janeiro: Forense, 2005. - LEVENHAGEM, Antônio José de Souza, Comentários ao código de processo civil / Antônio José de Souza Levenhagem. - São Paulo: Atlas, 1980-1992. - http://jus.com.br/