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Enviado por Altair Daros Junior em

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CRIMINOLOGIA 
 
 
1. CONCEITO, OBJETO E MÉTODO DA CRIMINOLOGIA 
 
1.1 Considerações iniciais 
 
O Direito Penal é composto por um conjunto de normas 
jurídicas abstratas que possibilitam a análise e posterior da lei ao caso e 
concreto. Com isso, o Direito Penal acaba sendo um instrumento de 
controle social pelo qual o Estado, mediante a edição de leis específicas, 
castiga essas condutas proibidas com sanções. 
Mesmo assim, o Direito Penal não consegue dar um 
diagnóstico da criminalidade e nem consegue sugerir programas ou 
estratégias de intervenção no crime. O Direito Penal somente trabalha 
como a conseqüência (crime). 
Essa situação de sugestão de programas para combater a 
criminalidade, por exemplo, fica a cargo da criminologia (Ex: “Projeto Fica 
Vivo”, em Minas Gerais, como também o sistema de cumprimento de 
pena pelo método APAC). 
A melhor situação para combater a criminalidade é preveni-la. 
É com isso que a criminologia moderna se preocupa, ou seja, com um 
controle da criminalidade e não com o seu utópico desaparecimento. 
Por isso, a criminologia, com a utilização de seu método 
científico, é a ciência apropriada para estudar e apontar os índices de 
criminalidade de um bairro, uma cidade ou de um país, oferecendo ao 
Poder Público informação válida para escolher qual a melhor política 
criminal em cada caso. 
Segundo Sérgio Salomão Shecaira: “Criminologia é um nome 
genérico designado a um grupo de temas estreitamente ligados: o estudo 
e a explicação da infração legal; os meios formais e informais de que a 
sociedade se utiliza para lidar com o crime e com atos desviantes; a 
natureza das posturas com que as vítimas desses crimes serão 
atendidas pela sociedade; e, por derradeiro, o enfoque sobre o autor 
desses fatos desviantes.” (2012, p. 35) 
A criminologia crítica está englobando outras ciências, como a 
biologia criminal, a psicologia criminal, a sociologia criminal dentre 
outras. É uma visão macrocriminal. 
 
1.2 Conceito de Criminologia 
 
Etimologicamente, criminologia deriva do latim crimen (delito) e 
do grego logo (tratado), sendo o antropólogo francês Topinard (1830-
1911) o primeiro a utilizar este termo, que só adquire reconhecimento 
oficial, sendo aceito internacionalmente graças à obra de Garofalo, o qual 
junto com seus compatriotas italianos: Lombroso (que fala de 
Antropologia Criminal) e Ferri (que evoluciona em direção a Sociologia 
Criminal), podem ser considerados como os três grandes fundadores da 
Criminologia Científica. 
A criminologia pode ser conceituada como uma ciência 
baseada em fatos que se ocupa do crime, do criminoso, da vítima e do 
controle social dos delitos. Portanto, a criminologia tem como objeto o 
estudo da criminalidade, ou seja, estuda o crime e o criminoso. 
Para Antonio García-Pablos de Molina: “Cabe definir a 
Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do 
estudo do crime, da pessoa do infrator,da vítima e do controle social do 
comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação 
válida, contrastada,sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do 
crime – contemplado este como problema individual e como problema 
social.” (2012, p. 30). 
Não é pacífico esse entendimento, mas é majoritário que a 
criminologia é uma ciência e não uma disciplina. 
Na visão de Sérgio Salomão Shecaira: “Interessa à 
criminologia não tanto a qualificação formal correta de um acontecimento 
penalmente relevante, senão a imagem global do fato e de seu autor: a 
etiologia do fato real, sua estrutura interna e dinâmica, formas de 
manifestação, técnicas de prevenção e programas de intervenção junto 
ao infrator”. (2012, p. 40-41). 
Portanto, resta claro que o direito penal, a criminologia e a 
política criminal são os três pilares de sustentação do sistema das 
ciências criminais. 
A criminologia é uma ciência plural, ou seja, recebe a influência 
e a contribuição de diversas outras ciências (Psicologia, Sociologia, 
Biologia, Medicina Legal, Criminalística, Direito, Política). 
Ainda, a função da moderna Criminologia, segundo Antonio 
Gárcia-Pablos de Molina é explicar e prevenir o crime, bem como intervir 
na pessoa do infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta ao 
crime. 
 
1.3 Objeto da Criminologia: delito, delinquente, vítima e controle 
social 
 
1.3.1 O delito 
Para Sérgio Salomão Shecaira: “o conceito de delito não é 
exatamente o mesmo para o direito penal e para a criminologia. Para o 
direito penal, o delito é a ação ou omissão típica, ilícita e culpável. Pode-
se notar, dessa definição, que a visão que o direito tem do crime é uma 
visão centrada no comportamento do indivíduo”. (2012, p. 43). 
Já a criminologia vê o crime como um fenômeno comunitário e 
como problema social. Deste modo, o conceito do direito penal é 
insuficiente. 
Segundo a criminologia moderna, deve ser seguida alguns 
requisitos para que tal conduta seja considerada criminosa: 
a) incidência massiva na população: Não pode ser considerado 
crime um fato único, isolado. Ex: filhote de baleia. 
b) o crime deve ter uma incidência aflitiva, ou seja, causar dor à 
vítima ou a comunidade como um todo. Se o crime não tem relevância 
moral para a coletividade, não há que criminalizá-lo. 
c) o crime deve ter persistência espaço-temporal, ou seja, deve 
tomar grandes proporções, como atingir um estado ou todo um território. 
Ex: aumento da pena do furto de veículo. 
d) que se tenha um consenso a respeito das técnicas que 
serão utilizadas para combater o crime. 
 
1.3.2 O delinquente 
É a pessoa que infringe a norma penal, sem justificação e de 
forma reprovável. Aos delinquentes condenados e submetidos a um 
devido processo legal aplica-se uma sanção criminal, uma pena 
(privativa de liberdade, restritiva de direitos, multa) que tem como função 
prevenir e também a repressão do delito. 
O delito foi o objeto central do estudo da Escola Clássica 
criminal. Com o aparecimento da Escola Positivista, houve uma mudança 
do paradigma e passou ser objeto de estudo o delinquente. 
A Psicologia Criminal tem ajudado bastante a determinar a 
personalidade do criminoso. A personalidade aqui é estudada a partir do 
comportamento, pensamento, reação e experiência sociais do criminoso. 
 
1.3.3 A vítima 
A vítima passou por 3 fases principais na história da civilização 
ocidental. A primeira fase ficou conhecida como “idade do ouro”, onde a 
vítima era supervalorizada, onde ela mesma buscava a pacificação dos 
conflitos. Na segunda fase, a vítima foi “neutralizada”, uma vez que o 
Estado tomou para si a pretensão punitiva. Na terceira fase, a partir da 
segunda grande guerra mundial, várias conferências e fóruns foram 
realizados para novamente resgatar o papel da vítima dentro da seara do 
crime. 
A criminologia busca descobrir as consequências da prática do 
crime em relação a pessoa da vítima. Vítima é a pessoa que, individual 
ou coletivamente, tenha sofrido danos, inclusive lesões físicas ou 
mentais, sofrimento emocional, perda financeira ou diminuição 
substancial de seus direitos fundamentais, como consequências de 
ações ou omissões que violem a legislação penal vigente, nos Estados 
membros, incluída a que prescreve o abuso de poder”. (Resolução n.º 
40/34 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 29 de novembro 85). 
A vítima é entendida como um sujeito capaz de influir 
significativamente no fato delituoso, em sua estrutura, dinâmica e 
prevenção. São apontados algumas variáveis que intervêm nos 
processos de vitimização, como por exemplo a cor, raça, sexo, condição 
social. 
Tem-se a vitimização primária: os danos causados pelo crime 
que afetam diretamente a vítima. Vitimização secundária: é o sofrimento 
adicional que a dinâmica da Justiça Criminal (Poder Judiciário, Ministério 
Público,
polícias e sistema penitenciário), com sua falta de estrutura e 
outros problemas, provocam normalmente às vítimas. Vitimização 
terciária: vem da falta de amparo dos órgãos públicos e da ausência de 
receptividade social em relação à vítima. 
Exemplos: Lei 9.099/95 e Lei 11.340/06. 
 
1.3.4 O Controle Social 
É o conjunto de instituições, estratégias e sanções sociais que 
pretendem promover à obediência dos indivíduos aos modelos e regras 
comunitárias. Encontra-se dividido em: 
1. Controle social formal: polícia, judiciário, administração 
penitenciária etc.; 
2. Controle social informal: família, escola, igreja. 
 
1.4 Método da Criminologia 
Tem-se dois métodos que despontam no estudo da 
criminologia: o método abstrato, formal e dedutivo defendido pelos 
estudiosos considerados clássicos no estudo da criminologia. E o método 
empírico e indutivo que tem como seus defensores os positivistas. 
O método científico, isto é, o método empírico (baseado na 
observação e, no caso da Criminologia, na experimentação), é 
considerado, na atualidade, extensível também ao estudo do 
comportamento delitivo, sem descartar, em razão disso, o possível 
emprego de outros métodos, é dizer, aplicação de forma não excludente. 
O princípio da unidade do método científico pôs fim, assim, à tradicional 
dicotomia metodológica defendida por Dilthey, autor que sustentou a 
necessidade de que as ciências “naturais”, de uma parte, e as do 
“espírito”, de outra, tivessem seus respectivos métodos. 
Em definitivo, o método empírico garante um conhecimento 
mais confiável e seguro do problema criminal desde o momento em que 
o investigador pode verificar ou refutar suas hipóteses e teorias sobre ele 
pelo procedimento mais objetivo: não a intuição, nem o mero sentido 
comum ou a communis opinio, mas sim a observação. 
A Criminologia é uma ciência do “ser”, empírica; o Direito, uma 
ciência cultural, do “dever ser”, normativa. Em consequência, enquanto a 
primeira se serve de um método indutivo, empírico, baseado na análise e 
na observação da realidade, as disciplinas jurídicas utilizam um método 
lógico, abstrato e dedutivo. 
O método que predomina na criminologia é o empírico que 
pode ser entendido como aquele que busca por meio da observação 
conhecer o processo, utilizando-se da indução para depois estabelecer 
as suas regras, o oposto do método dedutivo utilizado no Direito Penal. 
Foi graças à Escola Positiva que surgiu a fase científica da 
Criminologia e generalizou-se a utilização do método empírico. 
Vale mencionar que, o Empirismo não é achismo ou meras 
deduções sem nenhuma base científica. O método empírico é árduo e de 
pouco conhecimento dos profissionais do mundo jurídico. Assim, o 
método empírico parte de determinada premissa correta para deduzir 
dela as consequências. 
Antonio García-Pablos de Molina informa sobre as principais 
técnicas de investigação criminológicas empíricas utilizadas na 
atualidade; reconhecimentos médicos, exploração, entrevista, 
questionário, observação, discussão em grupos, testes psicológicos, 
dentre outros (2002, p. 43-63).

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