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METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÊMICO METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÊMICO copyright © FTC EAD Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização prévia, por escrito, da FTC EAD - Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância. www.ead.ftc.br Presidente ♦ Superintendente Administrativo e Financeiro ♦ Superintendente de Ensino, Pesquisa e Extensão ♦ Superintendente de Desenvolvimento e>> Planejamento Acadêmico ♦ Diretor Administrativo e Financeiro ♦ IMES Instituto Mantenedor de ensino Superior Metroplitano S/C Ltda. FTC - EAD Faculdade de Tecnologia e Ciências - Educação a Distância Diretor Geral ♦ Diretor Acadêmico ♦ Diretor de Desenvolvimento e Inovações ♦ Diretor Comercial ♦ Diretor de Tecnologia ♦ Gerente de Desenvolvimento e Inovações ♦ Gerente de Ensino ♦ Gerente de Suporte Tecnológico ♦ Coord. de Telecomunicações e Hardware ♦ Coord. de Produção de Material Didático ♦ Reinaldo de Oliveira Borba Marcelo Nery Roberto Frederico Merhy Mário Fraga Jean Carlo Nerone Ronaldo Costa Jane Freire Luis Carlos Nogueira Abbehusen Osmane Chaves João Jacomel William Oliveira Samuel Soares Germano Tabacof Pedro Daltro Gusmão da Silva André Portnoi ♦ PRODUÇÃO ACADÊMICA ♦ Gerente de Ensino ♦ Jane Freire Autor (a) ♦ Maria das Graças Cardoso Moura Supervisão ♦ Ana Paula Amorim Coordenação de Curso ♦ Letícia Machado ♦ PRODUÇÃO TÉCNICA ♦ Revisão Final ♦ Carlos Magno Brito Almeida Santos Equipe ♦ André Pimenta, Antonio França Filho, Angélica de Fátima Jorge, Alexandre Ribeiro, Amanda Rodrigues, Bruno Benn, Cefas Gomes, Clauder Frederico, Francisco França Júnior, Hermínio Filho, Israel Dantas, Ives Araújo, John Casais, Lucas do Vale, Márcio Serafi m, Mariucha Silveira Ponte e Ruberval da Fonseca. Editoração ♦ Angélica de Fátima Silva Jorge Ilustração ♦ Angélica de Fátima Silva Jorge EQUIPE DE ELABORAÇÃO/PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO: 3 Ser Humano, Conhecimento e Saber Tipos de Conhecimento Concepções, Natureza e Dimensões da Ciência Características, Objetivos e Funções da Ciência Atividade Complementar Sumário 07 O SER HUMANO, A SOCIEDADE E O CONHECIMENTO O CONHECIMENTO HUMANO E A CIÊNCIA 07 METODOLOGIA CIENTÍFICA E UNIVERSIDADE 09 Método e Estratégia de Estudo e Aprendizagem Leitura e Análise de Textos Técnica para Sublinhar; Técnica para Esquematizar; Técnica para Fichar;Técnica para Resumir A Metodologia Científi ca aplicada às Ciências Sociais 19 25 33 33 12 14 40 40 07 18 16 PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO CONHECIMENTO ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS Estrutura e Redação de Trabalhos Acadêmicos Estrutura e Redação de Trabalhos Acadêmicos; Redação Científi ca ( Normas da ABNT ) Seminário, Painel e Mesa Redonda Cases, Palestra, Conferência e Congresso 40 42 48 49 50A PESQUISA CIENTÍFICA E SUAS FASES Conceito de Pesquisa Científi ca. Finalidades e Requisitos da Pesquisa Científi ca Linguagem Científi ca; Tipos de Pesquisa Científi ca; Pesquisa Quantitativa e Pesquisa Qualitativa Projeto de Pesquisa Científi ca; Relatório de Pesquisa Monografi a Referências Bibliográfi cas 50 54 59 66 79 5 Estimados Alunos , A humanidade tem passado por mudanças signifi cativas a partir das últimas décadas, precisamente nesse período que vem sendo chamado de globalização. Desde o advento da imprensa, que pode ser considerado o grande marco distintivo da cultura moderna, quando o conhecimento produzido e acumulado pela humanidade começou a ser socializado, não assistimos a tantas mudanças em termos de disseminação do conhecimento. Frente às sucessivas mudanças que vem ocorrendo no mundo, evidenciamos a ne- cessidade do homem estar preparado para as demandas sociais, o mercado de trabalho, o conhecimento pluricultural, as novas tecnologias da informação etc. Por isso, investir no estudo e na pesquisa, enfi m, na construção do conhecimento, no desenvolvimento do espírito científi co e do pensamento crítico e refl exivo é o mais seguro método para alcançarmos o progresso da ciência e da humanidade. Nossa disciplina é o eixo norteador que lhe dará subsídios para a sistematização dos conhecimentos adquiridos em todas as outras disciplinas ao longo do curso, viabilizando a instrumentalização de normas e procedimentos acadêmicos e científi cos importantes e necessários para a sua vida profi ssional. Desta forma, ela visa contribuir na formação/desen- volvimento/aprimoramento do espírito crítico-refl exivo acerca das diferentes possibilidades do conhecer e formular acadêmica e profi ssionalmente proposições fazendo uso, de modo sistemático, da Metodologia do Trabalho Acadêmico. Portanto, nossa postura diante do curso, dos textos, das atividades e dos conteúdos que serão trabalhados ao longo de todo o processo é que nos oportunizará absorver os conhecimentos necessários para a compreensão das constantes mudanças que estamos vivendo nos últimos tempos. Desejo discernimento, iniciativa e realizações. Profª. Ana Paula Amorim Apresentação da Disciplina 7 O CONHECIMENTO HUMANO E A CIÊNCIA O SER HUMANO, A SOCIEDADE E O CONHECIMENTO SER HUMANO, CONHECIMENTO E SABER No dia-a-dia, o ato de conhecer se manifesta tão natural que não nos damos conta da sua complexidade. Desde cedo, os mestres nos falam da necessidade de aprender a conhecer o mundo e posteriormente da necessidade de autoconhecimento. Assim, entramos na engrenagem do conhecimento do mundo, considerado real, sem colocar em pauta o que signifi ca conhecer. Todavia, à medida que nos defrontamos, na relação com o mundo, com os vários campos e formas de conhecimento, entramos num emaranhado de conceitos. Se levarmos em consideração que aprendemos e adquirimos conhecimento com as relações, e que estamos constantemente interagindo, seja com pessoas ou até mesmo conosco, é fácil perceber que conhecer é uma forma de estar no mundo. Partindo da etimologia da palavra, o termo conhecimento vem do latim cognoscere, que signifi ca conhecer pelos sentidos. Desta forma, conhecimento é o atributo geral que têm os seres vivos de reagir ativamente ao mundo circundante, na medida de sua organização biológica e no sentido de sua sobrevivência. É o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido. Analisando a palavra francesa connaissance, podemos observar que conhecimento é nascer (naissance) com (con). Os homens se marcam como diferentes dos outros seres exatamente pela capacidade de conhecer. Diferentemente dos outros animais, os homens são os únicos seres que possuem razão, capacidade de relacionar e ir além da realidade imediata. O conhecimento é uma forma de estar no mundo, e o processo do conhecimento mostra aos seres humanos que eles jamais são alguma coisa pronta na medida em que estão sempre nascendo de novo, quando têm a coragem de se mostrarem abertos diante da realidade. Você já parou para pensar que estamos adquirindo conhecimento? 8 Metodologia do Trabalho Acadêmico Parece complexo, não é? Mas, observe: os sujeitos têm a capacidade de fazer conhecimento, usar conhecimento, posicionar-se diante do conhecimento. Pensando desta forma, começamos a desmistifi car essa complexidade. Capacidade dos seres humanos quanto ao conhecimento Vejamos! O sujeito PRODUZ conhecimento quando ele está criativamente no mundo, ou seja, quando ele faz conhecimento. O fazer conhecimento implica exatamente em estar despojado de certezas absolutas acerca da realidade e estar aberto não só para reavaliar uma verdade da realidade como também reavaliar sua própria capacidade no trabalho do conhecer. Quando passa a USAR o conhecimento, o sujeito está simplesmente no mundo, ou seja, a realidade ao conhecimento que já está pronto. E, da mesma maneira, aquele que usa não exercita sua capacidade de renovação de visões da realidade, fi cando estacionária não só a maneira de se relacionar com a realidade, mas também a possibilidade daquele “nascer”, porque esse uso passa a ser apenas o consumir o que está pronto. Toda utilidade técnica propõe um consumo de conhecimento. Quando passa a POSICIONAR-SE diante do conhecimento, ou seja, quando age criticamente no mundo, o sujeito relaciona o fazer e o usar do conhecimento de maneira dialética, porque o conhecimento é feito pelos seres humanos, é utilizado por eles e, fatalmente, de qualquer maneira, utilizado em função deles. Vejamos no quadro abaixo uma síntese de como ocorre o conhecimento no homem. À primeira vista pode até parecer complicado, mas é só impressão... Lembre-se que,entender o conhecimento é entender a nossa realidade. Logo, nos deparamos com ele a todo instante, sem nos darmos conta. O conhecimento é o atributo geral que têm os seres vivos de reagir ativamente ao mundo circundante, na medida de sua organização biológica e no sentido de sua sobrevivência. O ser humano, utilizando suas capacidades, procura conhecer o mundo que o rodeia. Desta forma, a informação, assim como a prática de vida, resulta em conhecimentos. 9 O conhecimento consiste numa relação “sui generis” entre a consciência cognoscente e o objeto conhecido. Mediante a imagem, a consciência cognoscente se identifi ca com o objeto. Cumpre observar que o fenômeno do conhecimento, embora pareça simples, envolve uma multiplicidade de atos. Em primeiro lugar, os sentidos apreendem ou produzem ou evocam imagens. Tanto mais complexo o fenômeno do conhecimento, mais longo é o caminho indutivo ou dedutivo percorrido para se chegar a uma conclusão. O raciocínio denomina-se, especialmente, “discursivo” porque a mente discorre, corre, fl ui, move-se, caminhando do antecedente ao conseqüente. Entretanto, além da forma discursiva do conhecimento racional, incumbe apreciar a questão relativa ao conhecimento intuitivo, isto é, imediato ou sem passagem de antecedente para conseqüente, sem comparações. ´ Intuere” signifi ca ver; intuição é uma espécie de conhecimento que, pela sua característica de atingir o objeto sem “meio” ou sem os intermediários das comparações, assemelha-se ao fenômeno do conhecimento sensorial, especialmente da visão. A intuição sensorial existe com toda evidência, pois os sentidos não analisam, não comparam, não julgam; o conhecimento que se tem da temperatura da água de uma vasilha surge imediatamente, tão logo se a toque com a mão; o prazer ou a dor que se experimenta é um dado de experiência interna apreendido imediatamente. Além da intuição sensorial de experiência interna e externa, existirá uma forma de conhecimento relacional, intelectual, espiritual, também intuitivo? A evidência lógico-metafísica dos primeiros princípios lógicos, éticos ou estéticos, bem como as relações transcendentais do ser, são apreendidas imediatamente, sem necessidade de “meio”, sem discurso, sem movimento. E, quando se fala de intuição como modo de conhecimento, entende-se a intuição intelectual, e não a sensorial. Por outro lado, não seria exato falar-se em intuição racional, pois razão implica não só no fato geral do conhecimento, mas também no seu modo de conhecer raciocinando, isto é, discorrendo, correndo, fl uindo, movendo-se do antecedente conhecido à procura do conseqüente supostamente desconhecido ou ainda não explicitado no processo de conhecimento. Deve-se ressaltar que o conhecimento intuitivo não substitui outros modos de conhecimento; ele pode ser de suma valia na vida prática e nas convicções pessoais de cada um. Mas, por ser de ordem dominantemente subjetiva, não pode aspirar à autonomia ou ao valor objetivo do conhecimento científi co ou do conhecimento racional discursivo, cujas conclusões, demonstradas, têm valor geral e objetivo. Ademais, todo conhecimento intuitivo deve submeter- se, posteriormente, ao tribunal da razão discursiva ou da experimentação científi ca. Apesar desta separação “metodológica” e categórica, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito pode penetrar nas diversas categorias. Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado ao estudo da física, pode ser praticante de determinada religião, estar fi liado a um sistema fi losófi co e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum. Antes de defi nirmos cada um deles, é preciso indagar-nos: TIPOS DE CONHECIMENTO No que se refere ao conhecimento racional, podemos categorizá- lo em quatro: senso comum ou popular; ciência ou científi co; fi losofi a ou fi losófi co; e teologia ou religioso. Qual a contribuição que cada tipo de conhecimento traz? De um modo ou de outro, cada tipo de conhecimento agrega valor ao ser humano. 10 Metodologia do Trabalho Acadêmico Vamos a eles.... Conhecimento Popular Denominado de popular ou senso comum, resulta do modo espontâneo e corrente de conhecer. É o conhecimento do dia-a-dia e se obtém pela experiência cotidiana. Suas características são: superfi cial, isto é, conforma-se com a aparência; sensitivo e valorativo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária; subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos; assistemático, pois esta “organização” das experiências não visa a uma sistematização das idéias; acrítico, pois a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica; assistemático, por basear-se na “organização” particular das experiências próprias do sujeito cognoscente e não em uma sistematização das idéias; verifi cável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia; e, fi nalmente, falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas. Conhecimento Científi co É o conjunto organizado de conhecimentos sobre um determinado objeto, em especial obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio. Diversamente do que acontece com o conhecimento vulgar, o conhecimento científi co não atinge simplesmente os fenômenos na sua manifestação global, ele é caracterizado pela capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar, de justifi car, de induzir ou aplicar leis, de predizer com segurança eventos futuros. Ele explica os fenômenos e não só os apreende. O conhecimento científi co é crítico, rigoroso, objetivo, nasce da dúvida e se consolida na certeza das leis demonstradas. É real (factual) porque lida com ocorrência ou fatos; constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência; é sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente; é verifi cável, visto que as afi rmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência; é falível, em virtude de não ser defi nitivo, absoluto ou fi nal e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente. Conhecimento Filosófi co O primeiro sábio que utilizou a palavra “Filosofi a” foi Pitágoras, no século VI a.C. Em sentido etimológico, Filosofi a signifi ca devotamento à sabedoria / amigo da sabedoria, isto é, interesse em acertar nos julgamentos sobre a verdade e a falsidade, sobre o bem e sobre o mal. Para Aristóteles, a Filosofi a era a ciência de todas as coisas pelas últimas causas, isto é, pelas causas e razões mais remotas e que, por isso mesmo, ultrapassam as possibilidades, o campo e o método das ciências particulares, a estas incumbe a investigação das causas próximas observáveis e controláveis pelos recursos do método científi co ou experimental. Acadê 11 É importante destacar que a Filosofi a usa princípios racionais, procede de acordo com as leis formais do pensamento, tem método próprio, predominantemente dedutivo, nas suas colocações críticas. Portanto, ela indaga, traça rumos, assume posições, estrutura correntes que inspiram ou dominam mentalidades em determinados períodos, mas que, em seguida, perdem vigor diante de novas concepções, que geralmente hostilizam as anteriores, à maneira das correntes literárias, das artes em geral ou das religiões. O conhecimento fi losófi co é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses que não poderão ser submetidas à observação, “as hipótese fi losófi cas baseiam-se na experiência, portanto este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação”; por este motivo, o conhecimento fi losófi co é não verifi cável, já que os enunciados das hipóteses fi losófi cas não podem ser confi rmados nem refutados, ao contrário do que ocorre no campo da ciência; é racional, em virtude de consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados; é sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade; é infalível e exato, já que seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação). Portanto, o conhecimento fi losófi co é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana. Conhecimento Religioso O conhecimento religioso supõe e exige a autoridade divina; nela se fundamenta e só a ela atende, a ciência, ao contrário, não supõe, não exige, não admite autoridade; a ciência só admite o que foi provado, na exata medida em que se podem comprovar experimentalmente os fatos. A Teologia não demonstra o dogma; apela para a autoridade divina que o revelou; exige fé; a ciência demonstra os fatos e só se apoia na evidência dos fatos. Apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, signifi cado, fi nalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verifi cáveis: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso parte do princípio de que as “verdades” tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade. O conhecimento religioso vai favorecer atitudes éticas em busca do bem comum. Vale salientar que a processualidade do saber, quer científi co quer fi losófi co, de forma alguma vem denegrir a ciência e a fi losofi a; pelo contrário, vem reconhecer seu verdadeiro estatuto. Só se sentem denegridos os cientistas e fi lósofos obtusos e dogmáticos, porque, no fundo, não querem ver morrer seus ídolos. E tudo isso nada tem a ver com ceticismo, pois o cético simplesmente não acredita na possibilidade de conhecimento. Aqui se trata apenas de revelar os limites do conhecimento, nunca de negar sua possibilidade. Tanto o conhecimento vulgar como o científi co, tanto o conhecimento fi losófi co como o teológico alimentam o mesmo propósito e lutam pelo mesmo objetivo, que é o de chegar à verdade sobre o homem e sobre o Universo, sobre o ser e sobre cada uma das realidades que constituem infi nitos segmentos da natureza. Para compreender efetivamente os tipos de conhecimento, relacionando-os, analise atentamente o quadro a seguir. 12 Metodologia do Trabalho Acadêmico CONCEPÇÕES, NATUREZA E DIMENSÕES DA CIÊNCIA “Ciência sem consciência não é senão a ruína da alma”. (Rabelais) O homem sempre empreendeu esforços em busca da verdade, da compreensão do real, da explicação de sua natureza interna e da natureza externa que o cerca, sempre buscando dar conta das questões sobre seu surgimento, seu papel no planeta, enfi m, a razão da sua existência, a melhor maneira de superar os desafi os. Nas diferentes dimensões do conhecimento humano, o homem apresenta respostas e avança quanto à compreensão do mundo. Visto que a ciência é fruto da tendência humana para procurar respostas e justifi cações positivas e convincentes, nesse conteúdo iremos analisar a natureza da ciência, conceituando seu aspecto lógico como método de raciocínio e de inferência acerca dos fenômenos já conhecidos ou a serem investigados. A ciência aumentou sobremaneira a capacidade de instrumentalização do homem. Desenvolvendo tecnologias avançadas, liberou a mão de obra para atuar na área de serviços e pesquisas científi cas. À medida que a ciência avança, o indivíduo se torna cada vez mais capaz de dominar as circunstâncias à sua volta. Fonte: SANTOS, Izequias Estevam dos. Textos selecionados de métodos e técnicas de pesquisa científi ca. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2002. Fonte: SANTOS, Izequias Estevam dos. Textos selecionados de métodos 13 Então... Para Ander-Egg (1978) a ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e verifi cáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza. Para Freire-Maia (1991) a ciência é um conjunto de descrições, interpretações, teorias, leis, modelos, etc., visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, que resulta da aplicação deliberada de uma metodologia especial (metodologia científi ca). Desses conceitos emana a característica de apresentar a ciência como um pensamento racional, objetivo, lógico e confi ável. Não existe uma concepção única de ciência. Podemos dividi-la em períodos históricos, cada um com modelos e paradigmas teóricos diferentes a respeito da concepção de mundo, de ciência e de método, destacando-se três grande concepções: a ciência grega, que abrange o período que vai do século VIII a. C. até o fi nal do século XVI; a ciência moderna, do século XVII até o início do século XX; e a ciência contemporânea, que surge no início deste século até nossos dias. Com os gregos, a ciência é conhecida como fi losofi a da natureza. Tinha como única preocupação a busca do saber, a compreensão da natureza das coisas e do homem. A concepção de ciência moderna opõe-se à ciência grega e ao dogmatismo religioso. Propõe como caminho do conhecimento, o caminho da ciência, através do experimentar, do medir e comprovar. Surge o cientifi cismo, isto é, a crença de que o único conhecimento válido era o científi co e de que tudo poderia ser conhecido pela ciência. A visão contemporânea de ciência na incerteza e na ruptura com o cientifi cismo (dogmatismo e a certeza da ciência). É o contexto de crise da ciência e da ruptura do paradigma cartesiano, fundamentado na experiência e adotando a indução e a confi rmabilidade para constatar a certeza de seus enunciados. Natureza / Dimensão da Ciência Além da mente humana e como um impulso livre, cria-se a ciência. Esta se renova, assim como as gerações, frente a uma atividade que constitui o melhor jogo do “homo ludens” (Jacques Barzun) Etimologicamente, a ciência deriva do latim scientia, isto é, conhecimento, arte, habilidade. Ela pode ser entendida como uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar. E então, mãos à obra! Lembre-se que quanto mais informações adquirimos mais condições temos de construir conhecimento. Portanto, busque investigar um pouco mais acerca dessas concepções de ciência: ciência grega, ciência moderna e ciência contemporânea. Aproveite para descobrir outras concepções de ciência que não estão citadas aqui. 14 Metodologia do Trabalho Acadêmico Para compreendermos a natureza e dimensão da ciência, observemos a fi gura abaixo: Em se tratando de analisar a natureza da ciência, podem ser explicitadas duas dimensões, na realidade inseparáveis, ou seja, a compreensiva (contextual ou de conteúdo) e a metodológica (operacional), abrangendo tanto aspectos lógicos quanto técnicos. Pode-se conceituar o aspecto lógico da ciência como o método de raciocínio e de inferência acerca dos fenômenos já conhecidos ou a serem investigados; em outras palavras, pode-se considerar que o aspecto lógico constitui o método para a construção de proposições e enunciados, objetivando, dessa maneira, uma descrição, interpretação, explicação e verifi cação mais precisas. Podemos ainda considerar a natureza da ciência sob três aspectos. São eles: CARACTERÍSTICAS, OBJETIVOS E FUNÇÕES DA CIÊNCIA As ciências caracterizam-se por possuírem: a) objetividade ou fi nalidade - preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determinados eventos; b) função - aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo; c) objeto - subdividido em material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verifi car, de modo geral; formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto material. 15 Suas principais características são: • É racional; • Representa a realidade; • Promove uma discussão sistemática e questionadora; • É analítica; • É coerente; •Exige investigação e utiliza-se de métodos científi cos; • É comunicável. Pode-se classifi car as ciências em duas grandes categorias: formais e empíricas. As primeiras tratam de entidades ideais e de suas relações, sendo a Matemática e a Lógica as mais importantes. As segundas tratam de fatos e de processos, incluem-se nesta categoria ciências como a Física, a Química, a Biologia, a Psicologia. As ciências empíricas, por sua vez, podem ser classifi cadas em naturais e sociais. Dentre as ciências naturais estão: a Física, a Química, a Biologia, a Astronomia. Dentre as ciências sociais estão: a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política, a Economia, a Psicologia, a História. De maneira geral, a ciência possui características e exigências comuns a serem consideradas. São elas: Conhecimento pelas causas (racionalismo) Implica em conhecer pelas causas. Se o cientista observa a chuva, ele quer saber porque chove, dispensando a infl uência dos deuses. Utiliza-se o raciocínio analítico, lógico e despojado de impactos emocionais. Trata-se da racionalização do conhecimento. Profundidade e generalidade de suas condições O conhecimento pelas causas é o modo mais íntimo e profundo de se atingir o real. A ciência não se contenta em registrar fatos, quer também verifi car a sua regularidade, a sua coerência lógica, a sua previsão, etc. A ciência generaliza porque atinge a constituição íntima e a causa comum a todos os fenômenos da mesma espécie. A validade universal dos enunciados científi cos confere à ciência a prerrogativa de fazer prognósticos seguros. Objeto formal A fi nalidade da ciência é manifestar a evidência dos fatos e não das idéias. Procede por via experimental, indutiva, objetiva; suas demonstrações consistem na apresentação das causas físicas determinantes ou constitutivas das realidades experimentalmente controladas. Não se submete a argumentos de autoridade, mas tão-somente à evidência dos fatos. Controle dos fatos Ao utilizar a observação, a experiência e os testes estatísticos tenta dar um caráter de exatidão aos fatos. Embora os enunciados científicos possam ser passíveis de revisões pela sua natureza “tentativa”, no seu estado atual de desenvolvimento, a ciência fixa degraus sólidos na subida para o integral conhecimento da realidade (Ruiz, 1979, pp. 124 a 126). 16 Metodologia do Trabalho Acadêmico Exige investigação e a utilização de métodos Investigar implica em pesquisar, e a ciência ocorre à base de questionamentos, buscas e descobertas. Na ciência, a investigação é também a disposição do pesquisador em submeter-se a um rigor metodológico. É comunicável Os estudos e resultados das investigações científicas devem ser comunicados à sociedade. Para tal, o cientista deve fazer uso das defi nições, conceitos e termos a fi m de representar fi elmente as idéias que quer expressar. Objetivos e Funções da Ciência Os objetivos da ciência são determinados pela necessidade que o homem tem de compreender e controlar a natureza das coisas e do universo. Delineados os objetivos, cabe à ciência realizar suas três funções, a saber: descrever, explicar e prever os dados que permeiam a realidade em estudo. Segundo Ferrari (1982), a ciência ainda deve proporcionar “aumento e melhoria de conhecimento; descoberta de novos fatos e fenômenos; aproveitamento espiritual; aproveitamento material do conhecimento”. O papel da Ciência: • Aumento e melhoria do conhecimento; • Descoberta de fatos e fenômenos; • Aproveitamento espiritual e material do conhecimento; • Estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza. 1.Agora que você já aprendeu o que é conhecimento e como ele pode ser categorizado, relacione as principais características de cada um dos diversos tipos de conhecimento. Vamos lá! É importante que teste sua memória. Olhar no texto...não vale! Atividades Complementares 17 2.Você já aprendeu os tipos de conhecimento e suas principais características. Agora que você já se apropriou desses conceitos e características já pode construir sua própria concepção de conhecimento. Para você, como o homem adquire conhecimento e de que forma ele pode usar desse conhecimento em prol de uma sociedade mais justa e equilibrada? 3. Agora que você já compreendeu o que é ciência, e já se apropriou de alguns dos seus elementos e características, já é possível fazer algum juízo de valor acerca da ciência. Portanto, descreva as principais concepções de ciência e as características que as diferem umas das outras. 4. Na medida em que evoluímos no tempo, tem sido cada vez mais evidente o nível de casos em que estamos inseridos, seja social seja individual. Mesmo com a evolução e os avanços da ciência, a humanidade ainda tem sofrido uma série de epidemias que se alastram assustadoramente e uma série de crises sociais que parecem não ter fi m. Será que a ciência tem se desvirtuado da sua função principal? Expresse sua refl exão sobre esse questionamento num texto de 05 linhas. 18 Metodologia do Trabalho Acadêmico 5. Qual o real papel da ciência? Com base no texto e na sua construção acerca da vida como um todo, expresse sua opinião em um texto de 05 linhas. METODOLOGIA CIENTÍFICA E UNIVERSIDADE Metodologia Científi ca não é um simples conteúdo ministrado através de um componente curricular. É uma disciplina que está intimamente relacionada com o estudo crítico dos fatos. Ela estuda e avalia os métodos disponíveis e suas implicações, além de avaliar as técnicas de pesquisa. De modo geral, ela é uma reunião de procedimentos utilizados por uma técnica. Trata-se de fornecer aos estudantes um instrumental indispensável para que sejam capazes de atingir os objetivos da Academia, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área do conhecimento. Portanto, trata-se de se aprender fazendo, como sugerem os conceitos mais modernos da Pedagogia. É através da Metodologia Científi ca que ocorre o contato entre o conhecimento e a análise crítica, possibilitando a ampliação do saber, posicionando-o no plano sócio- histórico e político. Vale considerar que a Metodologia Científi ca não aponta soluções, mas indica o caminho para encontrá-las. O que se deve fazer na medida do possível, é seguir rigorosamente as regras defi nidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT - para elaboração de trabalhos científi cos. Caso alguma regra não esteja sendo cumprida, a responsabilidade é da desatenção do autor. Quando falamos de um curso superior, estamos nos referindo, indiretamente, a uma Academia de Ciências, já que qualquer Faculdade nada mais é do que o local próprio da busca incessante do saber científi co. Neste sentido, a Metodologia Científi ca tem uma importância fundamental na formação do profi ssional. Se os alunos procuram a Academia para buscar saber, precisamos entender que Metodologia Científi ca nada mais é do que o “estudo dos caminhos do saber”, se entendermos que “método” quer dizer caminho, “logia” quer dizer estudo e “ciência” quer dizer saber. Visto que essa disciplina permite o questionamento da realidade, ela tem função também de oferecer suporte à Pesquisa Científi ca. Desta forma, ela pode ser entendida como uma abstração, observando-se a relação intrínseca entre o conhecer e o intervir. A sua maior importância está na apresentação e exame de diretrizes para a efi cácia do estudo e da aprendizagem. Ela está sincronicamente relacionada com o principal objetivo da universidade que é ensinar e divulgar o procedimento científi co. Portanto, para adquirir o método de estudo mais adequado e conveniente, o estudante deve fazer uso dos fundamentos e estratégias da Metodologia Científi ca, a fi m de sistematizar o conhecimento que o orientará no processo de investigação para tomadas de decisão oportunas na busca do saber e na formação do seu espírito crítico. 19 MÉTODO E ESTRATÉGIA DE ESTUDO E APRENDIZAGEM Estudar corresponde a trabalhar. Exige empenho responsável e dedicação generosa. Conseqüentemente, pressupõe sacrifícios e escolhas conscientes. Quem de fato quer estudar deve estabelecer uma hierarquia de valores em sua vida. Já vimos anteriormente que o vocábulo metodologia vem do grego “methodos” (meta + hodos = caminho), em latim “methodus”, e indica um caminho para chegar a um fi m ou a um determinado resultado. Nos estudos, a metodologia pretende oferecer ao estudante os instrumentos necessários e úteis para obter êxito no seu trabalho intelectual, tornando assim essa atividade menos pesada e mais efi ciente. Agir metodologicamente é condição básica de qualquer pesquisa científi ca, por mais elementar que seja. Trata-se efetivamente de um conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade. Não devemos considerar o método como o essencial, lembrar que ele é um instrumento intelectual, um meio de acesso, enquanto a inteligência, junto com a refl exão, descobre o que os fatos realmente são. Um estudo é efi caz quanto se torna signifi cativo, isto é, quando os novos conhecimentos e informações são assimilados pessoalmente e confrontados e integrados no complexo de conhecimentos já existentes, podendo ser reutilizados em outras situações. Assim, o estudo contribui para a formação integral da pessoa e de sua maturação. Pois então... Vamos destacar o método correto de estudo e, após análise, você verá se o faz corretamente. Fundamentos do Método do Estudo Entre duas pessoas que tenham o mesmo grau de escolaridade, processos cognitivos semelhantes e graus de motivação semelhantes, certamente aquele que fi zer uso de um método de estudar compatível terá melhor rendimento. A efi ciência do estudo depende de método, mas o método depende de quem o aplica, da maneira como o faz, adequando-o as suas necessidades e convicções. Podemos citar como pontos essenciais para efi ciência nos estudos o que se segue: a) fi nalidade: desenvolver hábitos de estudo efi cientes que não se restrinjam apenas a determinado setor de atividade ou matéria específi ca; b) abrangência: servir de instrumento a todos os que tenham as mesmas necessidades e interesses, em qualquer fase de desenvolvimento e escolaridade, podendo aperfeiçoar- se à medida que o indivíduo progride, através de seus próprios recursos. Levando em consideração esse aspecto, é importante que aprendamos algumas técnicas para estudar. Alguma vez você já parou e se questionou quanto ao seu método de estudo? Já se perguntou se a falta de compreensão de uma determinada leitura está associada a como você está estudando? 20 Metodologia do Trabalho Acadêmico Fatores Condicionantes do Estudo O ofício de estudar requer algumas qualidades específi cas que podemos sintetizar na seguinte trilogia: constância, paciência e perseverança. A constância vence as impressões de falso cansaço que freqüentemente se apoderam do espírito e do corpo. A persistência, no entanto, faz as articulações se desenferrujarem, os músculos se revigorarem, a respiração se dilatar, de repente, um novo ânimo empurra para frente; coisa semelhante pode acontecer com os estudos, em vez de ceder diante dos primeiros sintomas de fadiga, o estudante deve romper para frente, forçar a saída da energia interior. E a paciência para aguardar com amor o natural resultado dos esforços desenvolvidos. É regra de ouro não empreender nada além da capacidade pessoal. Cada um tem seu ritmo próprio e suas limitações. O presunçoso é aquele que se julga superior ao que realmente é e pode ser, contenta-se com aparências e facilmente é vítima de auto-ilusão. Conhecer os reais limites pessoais é fator de honestidade para consigo mesmo e para com os outros. Quando o trabalho é fruto do próprio esforço, então é que tem valor, mesmo não atingindo inteiramente a qualidade acadêmica exigida. Deve-se desistir da tentação de sempre querer comparar-se com os outros. O que eu mesmo sou capaz de produzir, dentro das minhas condições pessoais, é o que contribui efetivamente para minha realização humana. Portanto, as condições físicas e as do seu ambiente de estudo devem ser favoráveis, possibilitando o trabalho atento e tranqüilo. Criar melhores condições físicas de estudo é melhorar o seu rendimento. Veja agora alguns fatores e dicas que podem melhorar o seu desempenho nos estudos: Fatores Externos: • Ambiente: Procurar, se possível, um lugar sossegado. O quarto de estudo deve ser bem arejado e iluminado. Na escrivaninha do estudante devem ser afastados todos os objetos que podem distrair. O que não pode faltar é um bom dicionário, papel ou fi chas, lápis, borracha e caneta. Uma boa iluminação para estudos à noite, também, é de fundamental importância. Cada um deve averiguar suas próprias condições de concentração, criando em torno de si uma “zona de silêncio” que o capacite para o trabalho intelectual. Lembremos sempre que o silêncio é indispensável para concentração. Logo, rádio, gravador e músicas gritantes são completamente descartados. 21 • Intercâmbio: É de grande utilidade reunir-se de tempos em tempos com colegas estudantes para trocar experiências de estudo, confrontar resultados, preparar um exame ou um debate em aula. Esse tipo de intercâmbio abre novos horizontes, estimula o esforço e esclarece dúvidas. Vale ressaltar que, os encontros de estudos devem ser encarados com seriedade, com tarefas e objetivos determinados, a fi m de não se desviar com bate-papos desnecessários. • Saúde: Questões psicossomáticas infl uem diretamente nos estudos. Às vezes tratam-se de casos relativamente simples de serem resolvidos. Assim, por exemplo, sonolência constante em períodos de estudos pode ter como motivação a inadequação do horário de estudo ou tipo de alimentação efetuada antes do estudo. • Aspectos Gerais: Conserve-se em boas condições de saúde; cuide dos problemas físicos porventura existentes e que difi cultam a sua atividade de estudar; cuide de sua higiene pessoal para manter a boa saúde (usando alimentação completa e equilibrada, comendo lenta e moderadamente, praticando diariamente exercícios físicos, equilibrando trabalho com repouso e lazer); procure tomar melhores as condições do seu local de estudo; antes de iniciar o seu estudo, providencie todo o material de que vai necessitar e arrume-o convenientemente; adquira o hábito de estudar no lugar certo. Fatores Internos: • Autodisciplina: No campo da formação intelectual nada se faz sem autodisciplina. A concentração – elemento primordial nos estudos – depende em boa parte dela, pelo fato de exigir força de vontade e tenacidade na ação. Sem esta disposição fi rme e empenho decidido não adianta absolutamente nada oferecer subsídios metodológicos, acompanhamento pessoal nos estudos ou técnicas sofi sticadas de aprendizagem. • Motivação: Um fator absolutamente central no estudo é a motivação, ou seja, uma disposição interior que nos impulsiona a adotar e manter um estilo de vida e um comportamento que expressam e concretizam valores tidos com importantes. Sem objetivos concretos, que devem ser constantemente lembrados, corremos o risco de desanimar diante das primeiras difi culdades que se apresentam, enquanto a experiência de fracasso provoca uma profunda frustração psicológica. Ao contrário, uma forte motivação garante um estudo perseverante e bem-sucedido. • Senso de realismo: É requisito fundamental não empreender nada além da capacidade pessoal. Cada um tem seu ritmo próprio e suas limitações. Conhecer os reais limites pessoais é fator de honestidade para consigo mesmo e para com os outros. Deve-se m e 22 Metodologia do Trabalho Acadêmico • Aceitação de críticas: O espírito intelectual se traduz no espírito de observação, no gosto pela precisão e pelas idéias claras, na imaginação ousada, mas regida pela necessidade de prova, na curiosidade que leva a aprofundar as questões, na sagacidade e poder de discernimento. Na formação desta mente intelectual a crítica desempenha um papel primordial. Criticar é julgar, distinguir, analisar para melhor poder avaliar os elementos da problemática levantada. Em si, nada tem de negativo, pelo contrário, é elemento imprescindível em toda verdadeira pesquisa científi ca. O espírito crítico deve ser formado ao longo dos anos de estudos. Impor-se uma honesta autocrítica e dispor- se a acolher com benevolência as críticas de outros, principalmente dos educadores, contribui largamente para o progresso nos estudos. Críticas que partem da sincera preocupação do fazer o outro crescer incentivam o estudante a sempre dar o melhor de si, enquanto omissões ou elogios, feitos com o receio de ferir sensibilidades, só conduzem ao comodismo e à falta de empenho pessoal. A aprendizagem O “todo” ajuda a aprender as partes, não são as partes que ajudam a aprender o “todo”, portanto não se deve procurar aprender por “pedaços”. Toda aprendizagem é uma “estrutura” que deve ser assimilada globalmente, portanto, deve-se pensar sempre em termos de totalidade e relação das partes entre si. Um estudo efi ciente passa necessariamente por três etapas que, articuladas, levarão o educando a atingir com mais efi ciência a aprendizagem desejada, denominada aqui de síncrese, a primeira etapa, análise, a etapa intermediária, e síntese, a etapa fi nal. • Síncrese - Antes de começar o estudo, marcar o objetivo, dizer a si mesmo até onde vai chegar, realizar pequenos objetivos de cada vez. Os planos muito arrojados terminam por desencorajar. Começar o estudo por uma “visão de conjunto” sincrética ou global, como quem lê uma carta de um fôlego, vá até o fi m, não pare no meio, em seguida faça um resumo do que fi cou, não pensando que isto foi aprendizagem. Todo trabalho que não é encadeado facilmente se perde. Aprender mediante uma esquematização lógica, pois a inteligência é que é o verdadeiro instrumento da aprendizagem, é fundamental. • Análise – Na fase analítica, procura ver e compreender todos os detalhes. Mas fi cando nisso não há aprendizagem, são apenas informações, sem, contudo virá perder a noção de conjunto adquirida na fase da síncrese. No esquema analítico, procura-se criar um esquema utilizando diagramas, esboços dos assuntos, fl echas, círculos, quadros onde entrem todos os detalhes, de modo que se coloque em ordem crescente ou decrescente os itens do texto, valorando cada um deles. A melhor forma para isso é você quem vai decidir. • Síntese – Nesta etapa deve-se procurar as leis que regem o fenômeno, procurar os princípios, as causas e estabelecer os pontos-chaves. Conclusões, regras, defi nições, princípios, esquemas, diagramas são sínteses. desistir da tentação de sempre querer comparar-se com os outros. O que eu mesmo sou capaz de produzir, dentro das minhas condições pessoais, é o que contribui efetivamente para minha realização humana. 23 Estudar é, pois, ir do sincrético (global) pelo analítico (pesquisa e investigação) para o sintético. Ninguém pode fazer isso por ninguém, se o fi zer estará traindo a boa-fé do estudante, só a pessoa pode aprender, ninguém aprende por ninguém. Veja o quadro abaixo. De forma resumida, é possível perceber os passos básicos para uma boa compreensão de texto. Planejamento e Organização Não se pode esperar ter êxito nos estudos sem planejamento e organização. O planejamento diz respeito ao tempo disponível, enquanto a organização se refere à utilização efi ciente deste tempo em termos de estudo. Estudo exige, por sua própria natureza, autodisciplina e disponibilidade. Devemos garantir o espaço de tempo necessário para a atividade intelectual através de um horário elaborado a partir da situação pessoal. Elaborar um “Quadro de Horário” prevendo a distribuição do tempo dedicado ao estudo é um excelente recurso para otimização do tempo, possibilitando o acompanhamento das tarefas a médio e longo prazo. Também no sentido de contribuir na organização das atividades seria bom elaborar um “Quadro de Tarefas”, possibilitando acompanhar as atividades. Regras gerais de estudo: As regras que se seguem ajudam a melhorar o rendimento do estudo. Conheça-as e use-as com bom senso. • estude individualmente, salvo se tiver a certeza de que estudando com outros você aumenta a própria efi cácia (discutindo pontos de dúvidas, por exemplo); • tenha idéia clara dos resultados que você deseja alcançar e afaste do seu pensamento tudo o que seja alheio ao seu estudo; • aprenda os conceitos, princípios e regras gerais antes de tentar aplicá-los; • destaque os aspectos importantes de sua tarefa, seja ela qual for, e considere-os de acordo com essa importância; • faça constantes revisões, aproveitando tais oportunidades para eliminar os seus pontos fracos; • procure resolver as suas difi culdades sozinho, mas não deixe de pedir auxílio se perceber que ele é mesmo necessário; • distribua bem os seus esforços durante o estudo, ou seja, estude por etapas a matéria muito vasta, importante ou difícil. Distribua as etapas por mais de um período de estudo; 24 Metodologia do Trabalho Acadêmico • aprenda a matéria estudada de modo a poder reduzi-la a uma unidade; • aplique o aprendido, usando sempre que lhe seja possível. Se você adotar as técnicas aqui expostas, em pouco tempo terá aprendido a aprender. Seu estudo renderá mais, terá maior efi cácia. Mas as regras apresentadas não devem escravizá- lo. Você deverá dominá-las e aplicá-las como um senhor, usando-as em seu proveito. Agora, segue uma dica muito importante para que todas essas regras gerais de estudo tenham uma maior relevância: Para ter uma visão mais ampla, observe o quadro abaixo. Não se esqueça de que os bons resultados do seu estudo dependem de sua capacidade de concentrar-se. A concentração é um dos grandes segredos da superioridade intelectual. Concentrado, você estará desperto, ativo e consciente, pronto para compreender, aprender e pensar. Aí está a chave do sucesso: use-a! 25 LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS É preciso ler, e, principalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá tomar apontamentos e, fi nalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas. O processo de aprendizagem, no que tange às atividades estudantis, depende, dentre outros elementos, da capacidade de leitura e assimilação refl exiva dos conteúdos trabalhados. As leituras necessárias e justifi cáveis podem ser realizadas de modo proveitoso e com menor grau de esforço quando efetuadas com base em algumas técnicas. O que é uma leitura proveitosa, que técnicas podemos fazer uso, que cuidados devemos ter para maior proveito serão agora objeto do nosso estudo. Elementos da Leitura A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos de um todo que não se atingiu. 26 Metodologia do Trabalho Acadêmico Modalidades de Leitura A realidade da leitura é extremamente complexa e variada, visto que o diálogo que se estabelece entre emissor e receptor não se dá sempre da mesma forma. As nossas leituras têm origens e objetivos bastante diferenciados. Assim, há leituras de pura informação, como noticiários, jornais, revistas; leituras de passatempo, como revistas em quadrinhos, romances etc.; leituras literárias que são, antes de tudo, uma comunicação íntima entre o texto e o leitor. No caso específi co de leituras acadêmicas, trata-se de uma linguagem científi ca que se caracteriza pela clareza, precisão e objetividade. Ela é fundamentalmente informativa e técnica, fi rma-se em dados concretos, a partir dos quais analisa e sintetiza, argumenta e conclui. A objetividade e racionalidade da linguagem científi ca a distingue de outras expressões, igualmente válidas e necessárias. O que é mais presente é a leitura de estudo ou informativa, pois visa à coleta de informações para determinado propósito, destacando-se três objetivos predominantes: • certifi car-se do conteúdo do texto, constatando o que o autor afi rma, os dados que apresenta e as informações que oferece; • correlacionar os dados coletados a partir das informações do autor com o problema em pauta; • verifi car a validade dessas informações. Etapas da Leitura • Decodifi cação - Tradução dos sinais gráfi cos em palavras; • Intelecção - Percepção do assunto, emissão de signifi cado ao que foi lido; • Interpretação - Apreensão das idéias e estabelecimento de relações entre o texto e o contexto. • Aplicação - Função prática da leitura, de acordo com os objetivos que se propôs. Apesar de todo o avanço tecnológico observado na área de comunicações, principalmente audiovisuais, nos últimos tempos, ainda é, fundamentalmente, através da leitura que se realiza o processo de transmissão/aquisição do conhecimento. Daí a importância capital que se atribui ao ato de ler, enquanto habilidade indispensável. Aprender a ler não é uma tarefa tão simples, pois exige uma postura crítica, sistemática, uma disciplina intelectual por parte do leitor, e esses requisitos básicos só podem ser adquiridos através da prática, da experiência. Os livros, de modo geral, expressam a forma pela qual seus autores vêem o mundo. Para entendê-los é indispensável não só penetrar em seu conteúdo básico, mas também ter sensibilidade e espírito de busca, para identifi car, em cada texto lido, os vários níveis de signifi cação e as várias interpretações das idéias expostas por seus autores. Os livros ou textos selecionados servem para leituras ou consultas: podem ajudar nos estudos em face dos conhecimentos técnicos e atualizados que contêm, ou oferecer subsídios para a elaboração de trabalhos científi cos, incluindo seminários, trabalhos escolares, monografi as, etc. 27 Finalidades da Leitura Informação com ou sem objetivo da aquisição de conhecimentos. • Leitura informativa – cultura em geral. • Leitura formativa – aquisição ou ampliação de conhecimentos. Motivação para Leitura A leitura pode ser feita com diferentes finalidades. Em outras palavras, você está lendo para adquirir conhecimentos suficientes para o levarem ao sucesso. A seleção dos seus textos de leitura deve ser feita a partir daí. As técnicas de leitura que você deverá usar serão escolhidas também a partir dessa finalidade principal. Portanto: • Determine inicialmente a principal fi nalidade da leitura mantendo as unidades de pensamento, avaliando o que se lê; • Escolha os textos (livros, apostilas, etc.) tendo em vista a fi nalidade principal da leitura; • Use as técnicas de leitura mais indicadas à fi nalidade fi xada e aos textos a ler; • Proceda à leitura com objetivo determinado, preocupando-se com o conhecimento de todas as palavras, utilizando, para isso, glossários, dicionários especializados da disciplina ou mesmo dicionário geral; • Interrompa a leitura, quer periódica quer defi nitivamente, se perceber que as informações não são as que esperava ou não são mais importantes; • Discuta, freqüentemente, o que foi lido com colegas, professores e outras pessoas. Condições para uma Leitura Proveitosa Para um estudo proveitoso de um texto, de um artigo ou de um livro, com boa assimilação de seu conteúdo, alguns passos se fazem necessários: a) atenção - aplicação cuidadosa e profunda da mente, buscando o entendimento, a assimilação dos conteúdos básicos do texto; b) intenção - interesse ou propósito de conseguir algum proveito por meio da leitura; c) refl exão - consideração e ponderação sobre o que se lê, observando todos os ângulos, tentando descobrir novos pontos de vista, novas perspectivas e relações; d) espírito crítico - ler com espírito crítico signifi ca fazê-lo com refl exão, não admitindo idéias sem analisar ou ponderar, proposições sem discutir, nem raciocínio sem examinar, 28 Metodologia do Trabalho Acadêmico Técnicas de Leitura A leitura não é simplesmente o ato de ler. É uma questão de hábito ou aprendizagem, que pressupõe uma teoria que fundamente o método; uma estratégia a ser empregada; um conjunto de técnicas; e treinamento. Não há, portanto, soluções miraculosas, é preciso que o interessado conheça os métodos, verifi que a sua real contribuição e, através do treinamento, adquira hábitos de leitura tecnicamente mais adequados. Antes de iniciar uma leitura, e particularmente antes de iniciar o período de treinamento, é importante observar as seguintes condições: a) ambiente sossegado; b) luz em posição correta; c) procurar ler sempre no mesmo local e no mesmo horário (isso ajuda a condicionar o organismo); d) posição correta do livro: a mais indicada é a que forme um ângulo próximo de 90 graus com o tórax, a uma distância aproximada de 30 cm dos olhos (estes devem alcançar um ângulo de visão tal que toda a extensão da linha seja abarcada, sem movimento ocular); e) não ler tendo pensamentos que o preocupam e possam obstruir freqüentemente a dinâmica da leitura: não trabalhar com duas idéias ao mesmo tempo (acaba não havendo defi nição de nenhuma); f) ler com propósito defi nido e com decisão. Quem tem possibilidade de fazer leitura oral, convém que, de vez em quando, a exercite. A leitura oral é sempre indicada quando, após ler e reler um parágrafo ou trecho, ainda não se conseguiu captar-lhe o sentido. Lembre-se que: a) o “bom leitor” é capaz de ler alto (caso não tenha impossibilidade física ou de outra procedência), com clareza e expressão; b) lê sem tropeços; c) todos o entendem e ele gosta do que lê; d) sabe fazer as pontuações e modulações com naturalidade e agrado; e) o “bom leitor” revela-se pela leitura oral, porque não lê, mas interpreta através da leitura oral. Maus Hábitos de Leitura A maioria dos chamados “maus hábitos” de leitura está relacionado com o emprego dos olhos. Certos hábitos em si não são nem “bons” nem “maus”, mas passam a sê-lo a partir do momento em que seu uso prejudica a leitura; isso, provavelmente, vai variar de pessoa para pessoa, de situação para situação. e) análise - divisão do tema em partes, determinação das relações existentes entre elas, seguidas do entendimento de toda sua organização; f) síntese - reconstituição das partes decompostas pela análise, procedendo- se ao resumo dos aspectos essenciais, deixando de lado tudo o que for secundário e acessório, sem perder a seqüência lógica do pensamento. 29 Eis alguns: a) Movimentos labiais durante a leitura silenciosa - geralmente são indício de leitura vagarosa: quem o faz está falando para si mesmo, quer tenha consciência disso, quer não. Está lendo palavras e não conjunto de palavras de uma só vez. É possível que o leitor não saiba que move os lábios enquanto lê. É fácil verifi cá-lo: basta colocar o dedo indicador sobre os lábios enquanto estiver lendo – sentirá se os lábios se movem ou não; b) Movimento da cabeça durante a leitura – este é um defeito apontado unanimemente pelos autores de técnicas de leitura. Quem move a cabeça enquanto lê está fazendo com a cabeça o que os olhos deveriam fazer; c) Percurso do dedo ao longo da linha durante a leitura – é a prática mais controvertida, inclusive há cursos de leitura dinâmica cuja técnica fundamental é recomendar e treinar o leitor a ler percorrendo com o dedo a linha que se lê. Por outro lado, outros condenam a prática alegando que o percurso do dedo, particularmente através de movimento – parada – movimento – parada ..., está substituindo o movimento que os olhos deveriam fazer. É difícil decidir quem tem razão. Fica a critério de cada um verifi car o que lhe é mais proveitoso; d) Hábito de ler os sinais e letras e não as idéias – já foi observado em investigações que o “bom leitor” geralmente não constata muitos erros gráfi cos, trocas de letras, deslizes de ortografi a, concordância, etc. Justamente por que lê idéias e não palavras. Análise de texto Tendo efetuado a leitura de maneira adequada você pode avançar para a etapa subseqüente do processo de aprendizagem, que perpassa a análise e interpretação. Vale destacar que podemos e devemos ter criticidade sobre aquilo que lemos ou ouvimos, usando do nosso discernimento para identifi car o necessário, justifi cável e essencial, do circunstancial, esporádico e superfi cial, pois, ainda que sejamos pelos condicionantes sociais e acadêmicos obrigados a reproduzir certos conhecimentos, não podemos perder a noção de análise e refl exão sobre todas as coisas. Sendo assim, comecemos então a destacar o que é analisar. Analisar signifi ca estudar, decompor, dissecar, dividir, interpretar. De acordo com esse conceito citado, não nos parece claro que a todo instante estamos analisando? A análise de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade e implica o exame sistemático dos elementos; portanto, é decompor um todo em suas partes a fi m de poder efetuar um estudo mais complexo, encontrando o elemento-chave do autor, determinando as relações que prevalecem nas partes constitutivas, compreendendo a maneira pela qual estão organizadas e estruturadas as idéias de maneira hierárquica. Através da análise iremos observar os componentes de um conjunto, perceberemos suas possíveis relações, ou seja, passaremos de uma idéia-chave para um conjunto de idéias mais específicas. 30 Metodologia do Trabalho Acadêmico A análise de texto tem como objeto: a) aprender a ler, a ver, a escolher o mais importante dentro do texto; b) reconhecer a organização e estrutura de uma obra ou texto; c) interpretar o texto, familiarizando-se com idéias, estilos, vocabulários; d) chegar a níveis mais profundos de compreensão; A primeira medida a ser tomada pelo leitor é o estabelecimento de uma unidade de leitura. Unidade é um setor do texto que forma uma totalidade de sentido. Assim, pode-se considerar um capítulo, uma seleção ou qualquer outra subdivisão. Toma-se uma parte que forme certa unidade de sentido para que se possa trabalhar sobre ela. Dessa maneira, determinam-se os limites no interior dos quais se processará a disciplina do trabalho de leitura e estudo em busca da compreensão da mensagem. De acordo com essa orientação, a leitura de um texto, quando feita para fi ns de estudo, deve ser feita por etapas, ou seja, apenas terminada a análise de uma unidade é que se passará à seguinte. Terminado o processo, o leitor se verá em condições de refazer o raciocínio global do livro, reduzindo-o a uma forma sintética. Etapas da Análise e Interpretação de Textos: O que devo identifi car num texto? Recomendações Esquemáticas: e) reconhecer o valor do material, separando o importante do secundário; f) desenvolver a capacidade de distinguir fatos, hipóteses e problemas; g) encontrar as idéias principais ou diretrizes e as secundárias; h) perceber como as idéias se relacionam; i) identifi car as conclusões e as bases que as sustentam. a) Evite pensar preconceituosamente; b) É preciso distinguir fatos de opiniões; c) Evite concluir quando tem insufi ciência de dados e quando ainda não formulou todas as hipóteses possíveis; d) Pensamentos e opiniões devem ser comprovados. Recomendações 31 a) Para uma análise textual (Superfi cial) • Estabeleça as várias unidades de leitura; • Leia rapidamente o texto completo, assinalando na margem as palavras desconhecidas e pontos que requerem melhor esclarecimento; • Esclareça o sentido das palavras desconhecidas e as eventuais dúvidas que tenham surgido no texto; • Faça um esquema do teor do texto estudado; • Se possível, informe-se melhor sobre o autor e o texto. b) Para uma análise temática • Releia o texto por unidade de leitura, de modo refl exivo, com o propósito de aprender o conteúdo; • Procure no texto completo as respostas para perguntas do tipo: de que trata esse texto? O que mantém a sua unidade global? • Examine cada elemento do texto identifi cando se faz parte do esboço do texto ou se é um elemento que, apesar de importante, rico ou bem documentado é, no máximo, um elemento complementar ou secundário; • Só encerre a análise temática quando estiver seguro de que o esquema defi nitivo que produziu realmente expressa o pensamento do autor. c) Para uma análise interpretativa (Raízes) • Não se deixe tomar pela subjetividade, dramaticidade ou persuasão do texto; • Relacione as idéias do autor com o contexto fi losófi co e científi co de sua época e da atualidade; • Faça uma leitura das entrelinhas a fi m de inferir o que não está explícito no texto; • Adote uma posição crítica, a mais objetiva possível, com relação ao texto; • Faça o resumo do que estudou; • Discuta o resultado obtido no estudo. Tema - idéia central ou assunto tratado pelo autor, o fenômeno que se discute no decorrer do texto. Em primeiro lugar, busca-se saber do que fala o texto. A resposta a esta questão revela o tema ou assunto da unidade. Problema - apreensão da problemática, aquilo que “provocou” o autor, isto é, pode ser visto como o questionamento de motivação do autor. Tese - a idéia de afirmação do autor a respeito do assunto. Captada a problemática, a terceira questão surge espontaneamente: o que o autor fala sobre o tema, ou seja, como responde à difi culdade, ao problema levantado? Que posição assume, que idéia defende, o que quer demonstrar? A resposta a esta questão revela tese, proposição fundamental: trata-se sempre da idéia mestra, da idéia principal defendida pelo autor naquela unidade. Objetivo - a finalidade que o autor busca atingir. Que mensagem ele espera transmitir com o texto. O objetivo pode estar explícito ou implícito no texto. Idéias centrais - idéias principais do texto. A cada parágrafo podemos selecionar idéias centrais ou secundárias. 32 Metodologia do Trabalho Acadêmico d) Para uma problematização: discussão do texto • Levantar e debater questões explícitas ou implícitas no texto; • Debater questões afi ns sugeridas pelo leitor. e) Para uma síntese pessoal: reelaboração pessoal • Desenvolver a mensagem mediante retomada pessoal do texto e raciocínio personalizado; • Elaborar um novo texto, com redação própria, com discussão e refl exão pessoais. 33 Sistematização do Conhecimento A necessidade de romper com a tendência fragmentadora e desarticulada do processo do conhecimento justifi ca-se pela compreensão da importância da interação e transformação recíprocas entre as diferentes áreas do saber. Essa compreensão crítica colabora para a superação da divisão do pensamento e do conhecimento, que vem colocando a pesquisa e o ensino como processo reprodutor de um saber parcelado que conseqüentemente muito tem refl etido na profi ssionalização, nas relações de trabalho, no fortalecimento da predominância reprodutivista e na desvinculação do conhecimento do projeto global de sociedade. Portanto, faz-se necessária a produção e a sistematização do conhecimento, no sentido de ampliar as possibilidades de minimizar a complexidade do mundo em que vivemos. Neste sentido, a interdisciplinaridade aparece como entendimento de uma nova forma de institucionalizar a produção do conhecimento, possibilitando a articulação de novos paradigmas, as determinações do domínio das investigações, as pluralidades dos saberes e as possibilidades de trocas de experiências. A seguir, verifi caremos as diversas técnicas de sistematizar o conhecimento e as suas devidas aplicações práticas. Vamos a elas! Técnica para Sublinhar A leitura informativa, também, denominada de leitura de estudo, como visto, pretende, através das técnicas, evidenciar ao estudante como deve ele proceder para melhor estudar e absorver os conteúdos e signifi cados do texto. As sucessivas etapas são o caminho a ser percorrido. Para tanto, mais duas outras técnicas são necessárias: saber como sublinhar e como fazer os resumos da parte lida. Em primeiro lugar, devemos compreender que cada texto, capítulo, subdivisão ou mesmo parágrafo tem uma idéia principal, um conceito fundamental, uma palavra-chave que se apresenta como fi o condutor do pensamento. Como geralmente não se destaca do restante, descobri-lo é a base de toda a aprendizagem. Na realidade, em cada parágrafo deve-se captar esse fator essencial, pois a leitura que conduz à compreensão é feita de tal modo que as idéias expressas são organizadas numa hierarquia para se descobrir a palavra-chave. Ao descobrir, concretizar e formular as idéias diretrizes dos parágrafos, encontra-se todo o fi o condutor que dá unidade ao texto, que desenvolve o raciocínio que demonstra as proposições. Por sua vez, a idéia-mestra não se apresenta desprovida de outras, que revelam pormenores importantes, gravitando ao seu redor, como uma miniatura do sistema solar. Nas proximidades da idéia principal aparecem argumentos que a justifi cam, analogias que a esclarecem, exemplos que a elucidam e fatos aos quais ela se aplica. É por esse motivo que o bom leitor utiliza o recurso de sublinhar, de assinalar com traços verticais às margens, de utilizar cores e marcas diferentes para cada parte importante do todo. Normas para Sublinhar a) Leitura integral do texto; b) Esclarecimento de dúvidas de vocabulário, termos técnicos e outras; c) Releitura do texto, para identifi car as idéias principais; d)Não sublinhar após a primeira leitura; TÉCNICA PARA SUBLINHAR; TÉCNICA PARA ESQUEMATIZAR; TÉCNICA PARA FICHAR; TÉCNICA PARA RESUMIR 34 Metodologia do Trabalho Acadêmico Técnica para Esquematizar Depois de assinalar, com marcas ou cores diferentes, as várias partes constitutivas do texto, após sucessivas leituras, devemos proceder à elaboração de um esquema que respeite a hierarquia emanada do fato de que, em cada frase, a idéia expressa pode ser condensada em palavras-chaves; em um parágrafo. A idéia principal é geralmente expressa numa frase-mestra; e fi nalmente, na exposição, a sucessão das principais idéias concretiza-se nos parágrafos-chaves. No esquema, devemos levar em consideração também que as idéias secundárias têm de ser diferenciadas entre si. Portanto, depois de desprezar as não importantes, deve-se procurar as ligações que unem as idéias sucessivas, quer sejam paralelas, opostas, coordenadas ou subordinadas, analisando-se sua seqüência, encadeamento lógico e raciocínio desenvolvido. Dessa forma, o esquema emerge naturalmente do trabalho de análise realizado. Assim, teríamos através do esquema uma radiografi a do texto, pois nele aparece apenas o “esqueleto”, ou seja, as palavras-chaves, sem necessidade de se apresentar frases redigidas. Deve ser elaborado com base na hierarquia das palavras, frases e parágrafos- chave que, destacados após várias leituras, devem apresentar ligações entre as idéias sucessivas para evidenciar o raciocínio desenvolvido. Normas para Esquema a) seja fi el ao texto; b) aponte o tema do autor, destaque títulos, subtítulos; c) seja simples, claro, distribuindo organicamente o conteúdo; d) subordine idéias e fatos, não os reúna apenas; e) faça uma distribuição gráfi ca do assunto, mediante divisões e subdivisões que representem a sua subordinação hierárquica; f) construa o esquema através de chaves de separação ou por listagens itemizadas com diferenciação de espaço e/ou classifi cação numérica para as divisões e subdivisões dos elementos; e) Ler e sublinhar, em cada parágrafo, as palavras que contêm a idéia-núcleo e os detalhes mais importantes. Não se sublinha a mesma palavra novamente; f) Sublinhar apenas as idéias principais e os detalhes importantes, usando dois traços para as palavras-chave e um para os pormenores mais signifi cativos, assinalar com uma linha vertical, à margem do texto, os tópicos mais importantes, com dois os tópicos importantíssimos; g) Assinalar, à margem do texto, com um ponto de interrogação, os casos de discordância, as passagens obscuras, os argumentos discutíveis; h) Reconstruir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas; i) Ler o texto sublinhado com continuidade e plenitude de um telegrama. O esquema é utilizado como trabalho preparatório para o resumo, para memorizar mais facilmente o conteúdo integral de um texto. Utiliza-se de setas, linhas retas ou curvas, círculos, colchetes, chaves, símbolos diversos. Pode ser montado em linha vertical ou horizontal, é importante que nele apareçam as palavras que contêm as idéias principais, de forma clara, compreensível. 35 g) lembre-se que o esquema tem, também, um conteúdo pessoal. Cada parágrafo do texto possui a idéia central e as idéias secundárias. Técnica para Fichar Fichar é transcrever anotações em fi chas, para fi ns de estudo ou pesquisa. À medida que o pesquisador tem em mãos as fontes de referência deve transcrever os dados em fi chas, com o máximo de exatidão e cuidado. A fi cha, sendo de fácil manipulação, permite a ordenação do assunto, ocupa pouco espaço e pode ser transportada de um lugar para outro. Até certo ponto, leva o indivíduo a pôr ordem no seu material. Possibilita ainda uma seleção constante da documentação e de seu ordenamento. Fichas Para o pesquisador, a fi cha é um instrumento de trabalho imprescindível. Como o investigador manipula o material bibliográfi co, que em sua maior parte não lhe pertence, as fi chas permitem: a) identifi car as obras; b) conhecer seu conteúdo;c) fazer citações; d) analisar o material; e) elaborar críticas. O sistema de fi cha é atualmente utilizado nas mais diversas instituições para serviços administrativos e nas bibliotecas, onde, para consulta do público, existem fi chas de autores, de títulos, de séries e de assuntos, todas em ordem alfabética. Apresentam vantagens como: a) fácil manipulação; b) permite ordenação; c) ocupa pouco espaço; d) fácil de transportar; e) possibilita obter a informação exata, na hora necessária. Composição/Estrutura das Fichas A estrutura das fichas, de qualquer tipo, compreende três partes principais: cabeçalho, referência bibliográfi ca e corpo ou texto, a indicação da obra (quem, principalmente, deve lê-la) e o local em que ela pode ser encontrada (qual biblioteca). • cabeçalho - compreende o título genérico, título específi co, número de classifi cação da fi cha, e a letra indicativa da seqüência (quando se utiliza mais de uma fi cha, em continuação). Esses elementos são escritos na parte superior da fi cha, em duas linhas: na primeira, consta apenas, à esquerda, o título genérico remoto, na segunda, em quatro quadrinhos, da esquerda para a direita, o título genérico, o título específi co, o número de classifi cação e o código indicativo da seqüência; • referência bibliográfi ca - deve sempre seguir normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. Para proceder-se corretamente é importante consultar também a Ficha Catalográfi ca da obra, que traz todos os elementos necessários e, na ausência dela, a folha de rosto e outras partes do livro, até obter as informações completas. Quando se trata de revistas e outros periódicos, muitas vezes os elementos importantes da referência bibliográfi ca localizam-se na lombada. No caso de jornais, a primeira página é que fornece a maioria das indicações; • corpo - o conteúdo que constitui o corpo ou texto das fi chas varia segundo o tipo e fi nalidade da fi cha; áririaa. 36 Metodologia do Trabalho Acadêmico Ficha Bibliográfi ca Também denominada de fi cha de indicações bibliográfi cas, trata da reunião de elementos que permitem a identifi cação, no todo ou em parte, de documentos impressos ou registrados em diversos tipos de material, sendo fundamentalmente os seguintes: autor, título, número da edição (da segunda em diante); local de publicação; editora; data da publicação; outras informações (campo do saber; tema; aspectos signifi cativos). Essas indicações bibliográfi cas obedecem às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Constituem-se, também, num grande auxílio no momento de colocar as obras em ordem alfabética, para organizar a bibliografi a de um trabalho. Recomenda-se: a) ser breve - quando se desejam maiores detalhes sobre a obra, o ideal é a fi cha de resumo ou conteúdo, ou, melhor ainda, a de esboço. Na fi cha bibliográfi ca algumas frases são sufi cientes; b) utilizar verbos ativos - para se caracterizar a forma pela qual o autor escreve, as idéias principais devem ser precedidas por verbos, tais como: analisa, compara, contém, critica, defi ne, descreve, examina, apresenta, registra, revisa, sugere. c) evitar repetições desnecessárias - não há nenhuma necessidade de colocar expressões como: esse livro, esta obra, este artigo, o autor. Ficha de Citações Enquanto se realiza a leitura analítica ou interpretativa das fontes bibliográfi cas convém selecionar trechos de alguns autores, que poderão (ou não) ser usados como citações no trabalho ou servir para destacar idéias fundamentais de determinados autores, nas obras consultadas. Deve-se observar os seguintes cuidados: a) toda citação tem de vir entre aspas - é através desse sinal que se distingue uma fi cha de citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das aspas evita que, mais tarde, ao utilizar a fi cha, se transcreva como do fi chador os pensamentos nela contidos; b) após a citação deve constar o número da página de onde foi extraída - isso permitirá a posterior utilização no trabalho, com a correta indicação bibliográfi ca; c) a transcrição tem de ser textual - isso inclui os erros de grafi a, se houver. Após eles, coloca-se o termo sic, em minúsculas e entre parênteses ou colchetes; • indicação da obra - onde poderá ser utilizada (quer para estudos, pesquisa em determinada área ou para campos específi cos); • local - onde pode ser encontrado o livro, pois é possível que uma obra, depois de fi chada, seja necessário voltar a consultá-la. O conteúdo das fichas será delineado pelo propósito da fi cha, podendo ser: a) bibliográfi ca; b) citações; c) resumo ou conteúdo; d) esboço; e) comentário ou analítica. 37 d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se no local da omissão três pontos precedidos e seguidos por espaços, no início ou fi nal do texto e entre parênteses, no meio; e) a supressão de um ou mais parágrafos também deve ser assinalada, utilizando- se uma linha completa de pontos; f) a frase deve ser complementada, se necessário - quando se extraí uma parte ou parágrafo de um texto, este pode perder seu signifi cado, necessitando de um esclarecimento, o qual deve ser intercalado, entre colchetes; g) quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado - muitas vezes o autor fi chado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa. Nesse caso, é imprescindível indicar, entre parênteses, a referência bibliográfi ca da obra da qual foi extraída a citação. Ficha de Resumo Apresenta uma síntese bem clara e concisa das idéias principais do autor ou um resumo dos aspectos essenciais da obra. Caracteriza-se por: a) não é um sumário ou índice das partes componentes da obra, mas exposição abreviada das idéias do autor; b) não é transcrição, como na fi cha de citações, mas é elaborada pelo leitor, com suas próprias palavras, sendo mais uma interpretação do autor; c) não é longa, apresenta mais informações do que a fi cha bibliográfi ca, que por sua vez é menos extensa do que a do esboço; d) não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra; lendo a obra, o estudioso vai fazendo anotações dos pontos principais. Ao fi nal, redige um resumo, contendo a essência do texto. Técnica para Resumir Um resumo é uma apresentação breve, concisa e seletiva de um texto que permite ao destinatário tomar conhecimento de um documento sem a necessidade de ler as partes componentes. Nele destacam-se os elementos de maior interesse e importância, identifi cando as idéias principais do autor e da obra. Um resumo precisa explicitar a abordagem implícita, o valor dos achados e a originalidade, se houver. A fi nalidade de se resumir consiste na difusão das informações contidas em livros, artigos, teses, etc., permitindo, a quem o ler, resolver sobre a conveniência ou não de consultar o texto completo. O como fazer um resumo depende muito do objetivo ou demanda que se tenha. Ele pode ser uma apresentação de um sumário narrativo das partes mais signifi cativas, não dispensando a leitura do texto; uma condensação do conteúdo, expondo ao mesmo tempo tanto a metodologia e as fi nalidades quanto os resultados obtidos e as conclusões, permitindo a utilização em trabalhos acadêmicos, dispensando, assim, a leitura posterior do texto original; uma análise interpretativa de um documento criticando os diferentes aspectos inerentes ao texto. 38 Metodologia do Trabalho Acadêmico A seguir, volta-se a ler o trabalho para responder a duas questões principais: de que trata este texto? o que pretende demonstrar? Com isso, identifi ca-se a idéia central e o propósito que nortearam o autor. Em uma terceira leitura, a preocupação é com a questão: como disse? Em outras palavras, trata-se de descobrir as partes principais em que se estrutura o texto. Esse passo signifi ca a compreensão das idéias, provas, exemplos, etc. que servem como explicação, discussão e demonstração da proposição original (idéia principal). É importante distinguir a ordem em que aparecem as diferentes partes do texto. Geralmente, quando o autor passa de uma idéia para outra, inicia novo parágrafo. Uma vez compreendido o texto, selecionadas as palavras-chaves e entendida a relação entre as partes essenciais, pode-se passar à elaboração do resumo. Tipos de Resumo Com efeito, um resumo pode ser de três tipos: Como Resumir Levando-se em consideração que quem escreve obedece a um plano lógico através do qual desenvolve as idéias em uma ordem hierárquica, ou seja, proposição, explicação, discussão e demonstração, é aconselhável, em uma primeira leitura, fazer um esboço do texto, tentando captar o plano geral da obra e seu desenvolvimento. a) Resumo descritivo ou indicativo Nesse tipo de resumo descrevem-se os principais tópicos do texto original e indicam- se sucintamente seus conteúdos. b) Resumo informativo ou analítico É o tipo de resumo que reduz o texto a 1/3 ou 1/4 do original, abolindo-se gráfi cos, citações, exemplificações abundantes, mantendo-se, porém, as idéias principais. c) Resumo crítico Consiste na condensação do texto original a 1/3 ou 1/4 de sua extensão, mantendo as idéias fundamentais, mas permite opiniões e comentários do autor do resumo sobre o trabalho e não sobre o autor; pode se centrar na forma (com relação aos aspectos metodológicos), do conteúdo (análise do teor em si do trabalho), do desenvolvimento (da lógica utilizada na demonstração) e da técnica de apresentação das idéias principais. 39 Normas Gerais para Resumir a) evitar começar a resumir antes de levantar o esquema do texto ou de preparar as anotações da leitura; b) apresentar, de maneira sucinta, o assunto da obra; c) não apresentar juízos críticos ou comentários pessoais; d) respeitar a ordem das idéias e fatos apresentados; e) empregar linguagem clara e objetiva; f) evitar a transcrição de frases do original; g) apontar as conclusões do autor; h) deve-se usar o verbo na voz ativa e na terceira pessoa do singular. 40 Metodologia do Trabalho Acadêmico PRODUÇÃO CIENTÍFICA DO CONHECIMENTO ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICOS Estrutura e redação de trabalhos acadêmicos; redação Científi ca (Normas da ABNT) Toda atividade pressupõe o uso de normas que visam auxiliar e uniformizar os procedimentos, melhorando a comunicação de modo geral, além de imprimir qualidade e facilitar o intercâmbio de informações. Desta forma, a normalização ou o conjunto de procedimentos padronizados se aplica à elaboração de documentos técnicos e científi cos, organizando conteúdo e forma destes documentos de forma geral. No caso específi co de redação de trabalhos acadêmicos, esta deve atender a algumas características para que a transmissão da informação e a sua compreensão por parte do leitor sejam efi cazes. Alguns dos princípios básicos desta interação que deve existir entre autor e leitor são os seguintes: a) Clareza de expressão: Todo o texto escrito deve ser perfeitamente compreensível pelo leitor. Este não deve ter nenhuma difi culdade para entender o texto. As sentenças estão bem construídas? As idéias estão bem encadeadas? Há uma seqüência adequada na apresentação dos seus resultados e de sua argumentação? Leia cuidadosamente o que escreveu, como se você fosse o seu leitor. b) Objetividade na apresentação: Convém selecionar os conteúdos que farão parte do seu texto. Selecione a informação que você dispõe e apresente só o que for relevante. Elabore um relato lógico, objetivo e, se possível, retilíneo, tanto das observações como do raciocínio. Isto é ainda mais importante em um artigo, em que a concisão é geralmente desejada pelo periódico e pelo leitor. c) Precisão na linguagem: A linguagem científi ca deve ser precisa. Cuidado com termos vagos ou que podem ser mal interpretados. As palavras e fi guras que entrarão no seu texto devem ser escolhidas com cuidado para exprimir o que o você tem em mente d) Utilização correta das regras da língua: Escrever erradamente pode resultar de ignorância ou de desleixo. Se for por ignorância, informe-se melhor, consulte dicionários e textos de gramática. Se for por desleixo, o leitor (e membro da Banca Examinadora) terá todo direito de pensar que o trabalho em si também foi feito com desleixo. Seja qual for a razão, é um desrespeito ao leitor. Trabalho Científi co Os trabalhos científi cos devem ser elaborados de acordo com normas preestabelecidas e com os fi ns a que se destinam, devendo ser inéditos ou originais e contribuírem não só para a ampliação de conhecimentos ou a compreensão de certos problemas, mas também servirem de modelo ou oferecer subsídios para outros trabalhos. 41 Os trabalhos científi cos, originais, devem permitir a outro pesquisador, baseado nas informações dadas: a)reproduzir as experiências e obter os resultados descritos, com a mesma precisão e sem ultrapassar a margem de erro indicada pelo autor; b)repetir as observações e julgar as conclusões do autor; c) verificar a exatidão das análises e deduções que permitiram ao autor chegar às conclusões. Aponta-se como trabalhos científi cos, aqueles que apresentam uma das seguintes características: a) Observações ou descrições originais de fenômenos naturais, espécies novas, estruturas e funções e variações, dados ecológicos, etc.; b) Trabalhos experimentais cobrindo os mais variados campos e representando uma das mais férteis modalidades de investigação, por submeterem o fenômeno estudado às condições controladas da experiência; c)Trabalhos teóricos de análise ou síntese de conhecimentos, levando à produção de conceitos novos por via indutiva ou dedutiva; apresentação de hipóteses, teorias, etc. Os trabalhos científi cos podem ser realizados com base em fontes de informações primárias ou secundárias e elaborados de várias formas, de acordo com a metodologia e com os objetivos propostos. A seguir, apresentamos algumas normas atualizadas para elaboração de trabalhos científi cos, retiradas da própria ABNT. 42 Metodologia do Trabalho Acadêmico Resenha A Resenha é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos. Resenha crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista. Pode ser conceituado, também, como um resumo crítico, contudo, mais abrangente, além de reduzir o texto, permite opiniões e comentários, incluindo, ainda, julgamentos de valor, tais como comparações com outras obras da mesma área e avaliação da relevância da obra com relação às outras do mesmo gênero (ANDRADE, 1995). É um tipo de trabalho que exige conhecimento do assunto, para estabelecer comparação com outras obras da mesma área, e maturidade intelectual, para fazer avaliação e emitir juízo de valor (ANDRADE, 1995). Sua fi nalidade é informar ao leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto tratado no livro, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. A resenha visa, portanto, apresentar uma síntese das idéias fundamentais da obra. Estrutura e redação de trabalhos acadêmicos; redação Científi ca (Normas da ABNT) “Resenhar s igni f ica fazer uma re lação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o envolvem”. Fiorini e Platão apud Medeiros, 2003. 43 Elementos de uma resenha • Reais: reuniões e acontecimentos em geral; • Textuais: livros, peças teatrais, texto, fi lmes e, etc. Aspectos Gerais (da Resenha) • Desenvolve a capacidade de síntese, interpretação e crítica; • Utiliza-se a linguagem na terceira pessoa; • Conduz o leitor para informações puras; • Resenha é diferente de Resumo. Ela admite juízo valorativo, comentário, crítica, enquanto o resumo pode abolir tais elementos. Estrutura da Resenha Crítica a) Referência Bibliográfi ca: • Autor. Título da obra. Local da edição, Editora, Data. Número de páginas. b) Credenciais do autor: • Informações sobre o autor, nacionalidade, formação universitária, títulos, cargos exercidos e obras publicadas. c) Resumo da obra (digesto): • Resumo das principais idéias expressas pelo autor; • Descrição sintetizada do conteúdo dos capítulos ou partes em que se divide a obra. d) Conclusões da autoria: • Podem ser separadas no fi nal da obra ou apresentadas no fi nal dos capítulos. Caso não se apresentem separadas do corpo da obra, o resenhista, analisando o trabalho, deve indicar os principais resultados obtidos pelo autor. • Indica os resultados obtidos pelo autor; • Quais as conclusões a que o autor chegou? 44 Metodologia do Trabalho Acadêmico e) Metodologia do autor: • Método de abordagem; • Método de procedimento; • Modalidade empregada; • Técnicas utilizadas. f) Crítica do resenhista (apreciação da obra): • É o momento de posição pessoal do resenhista: • Julgamento da obra do ponto de vista metodológico (coerência entre a posição central e a explicação, discussão e demonstração; adequado emprego de métodos e técnicas específi cas). • Qual a contribuição da obra? • Como é o estilo do autor: conciso, objetivo, simples? Idealista? Realista? g) Indicações do resenhista: • A quem é dirigida a resenha (estudantes, especialistas, leitores em geral) • Fornece subsídios para o estudo de que disciplina(s)? • Pode ser adotada em que tipo de curso? Artigo Científi co O artigo científi co consiste na apresentação sintética dos resultados da pesquisa ou estudo realizados a respeito de uma questão, contendo idéias novas ou abordagens que complementam estudos já feitos, observando-se a sua apresentação em tamanho reduzido, o que limita de constituir-se em matéria para dissertação, tese ou livro. O objetivo principal de um artigo é o de ser uma maneira rápida e sucinta de divulgar, em revistas especializadas, a dúvida investigada, o referencial teórico utilizado (as teorias que serviram de base para orientar a pesquisa), a metodologia empregada, os resultados alcançados e as principais difi culdades encontradas no processo de pesquisa ou análise de uma questão (KOCHE, 1997, p. 149). 45 A arte de escrever artigos científi cos constrói-se no dia-a-dia, através da experiência e da cultura. Para se fazer um bom artigo científi co deve-se fazer uma descrição seqüencial dos componentes típicos de um documento desta natureza. O artigo científi co comunica idéias e informações de maneira clara e concisa. Sua característica principal é ser publicado em periódicos científi cos. Quanto à análise de conteúdo, os artigos estão divididos nos seguintes tipos: • Artigo de divulgação: É o relato analítico de informações atualizadas sobre um tema de interesse para determinada especialidade. Não requer necessariamente uma revisão de literatura retrospectiva. • Artigo de revisão: São conhecidos como “reviews”. Os artigos de revisão com enfoque histórico devem obedecer a uma ordem cronológica de pensamento. A estrutura e a apresentação de um artigo científico se modificam de uma revista para outra. A ABNT apresenta na NBR 6022 (antiga NB 61) algumas condições exigíveis para orientar colaboradores e editoras de publicações periódicas, no sentido de uma apresentação racional e uniforme dos artigos nela contidos. Considera-se como didático para a elaboração de um artigo científi co a estrutura que segue abaixo: • Título (Title). Descreve de forma lógica, rigorosa, breve e gramaticalmente correta a essência do artigo. Por vezes, opta-se por títulos com duas partes. • Autor e fi liação (Author and affi liation). Indicação do nome do autor (ou autores) e da instituição a que pertence(m). É freqüente indicar também o endereço de correio eletrônico. • Resumo (Abstract). Não deve exceder 200 palavras e deve especifi car de forma concisa, mas não telegrafi camente. O resumo não é uma introdução ao artigo, mas sim um descrição sumária da sua totalidade, na qual se procura realçar os aspectos mencionados. Não se devem citar referências bibliográfi cas no resumo. Convém lembrar que um resumo pode vir a ser posteriormente reproduzido em publicações que listam resumos (de grande utilidade para o leitor decidir se está ou não interessado em obter e ler a totalidade do artigo). • Palavras-chaves (Keywords). Por vezes é pedido que um artigo seja acompanhado por um conjunto de palavras-chaves que caracterizem o domínio ou domínios em que ele se inscreve. Estas palavras são normalmente utilizadas para permitir que o artigo seja posteriormente encontrado em sistemas eletrônicos de pesquisa. Por isso, deve-se escolher palavras-chaves tão gerais e comuns quanto possível. • Introdução (Introduction). A introdução fornece ao leitor o enquadramento para a leitura do artigo e deve esclarecer a natureza do problema cuja resolução se descreve no artigo. • Corpo do artigo (Body of the paper). Constitui a descrição, ao longo de vários parágrafos, de todos os pontos relevantes do trabalho realizado. • Conclusões (Conclusions). Devem ser enunciadas claramente e deverão cobrir o que é que o trabalho descrito no artigo conseguiu e qual a sua relevância, e as vantagens e limitações das propostas que o artigo apresenta. •Agradecimentos (Acknowledgments). Um artigo científi co resulta, com freqüência, do empenho de muita gente, para além dos que o assinam como autores 46 Metodologia do Trabalho Acadêmico Papers Paper consiste em um “pequeno artigo científico ou texto elaborado para comunicação em congressos sobre determinado tema ou sobre os resultados de um projeto de pesquisa. Deve possuir a mesma estrutura formal de um artigo” (MARCANTONIO; SANTOS; LEHFELD, 1993, p. 71). Comunicações Científi cas A comunicação científi ca, segundo Asti Vera (1976, p. 164), “é uma informação limitada pela sua extensão pelas normas estabelecidas pelo local onde é apresentada” (congressos, jornadas, sociedade científi ca, seminários, semanas de estudos e outros eventos científi cos), “na qual se expõem os resultados de uma pesquisa original”, inédita e criativa, a ser posteriormente publicada em anais ou revistas científi cas. A comunicação científi ca deve trazer informações científi cas novas e atualizadas de um tema ou problema ou conter revisão crítica dos estudos realizados, mas “não permite, devido à sua redação, que os leitores possam verifi car tais informações: as notas simplesmente informam” (SALVADOR, 1982, p. 23). A comunicação é considerada um trabalho informativo devido ao tempo limitado do relato da informação em eventos científi cos e também aos resultados da pesquisa que, muitas vezes, ainda estão em andamento. Ao apresentar a comunicação, o pesquisador deverá enfatizar o que está estudando, os procedimentos metodológicos, formulando de forma precisa, clara e simples o tema investigado e a síntese completa das principais informações e/ou argumentos ao público apresentados (MARCANTONIO; SANTOS;LEHFELD, 1993, p. 71). Tendo em vista os princípios da comunicação, esta não precisa se deter muito em desenvolvimento analítico, o importante é apresentar a idéia, a teoria ou o experimento realizado de maneira bem fundamentada (ASTI VERA, 1976, p. 164). Embora a comunicação científi ca seja predominantemente uma apresentação oral, pode o pesquisador pretender publicá-la sobre a forma escrita. Para tal, deve-se cuidar da linguagem, da forma e da estrutura de sua apresentação, exigindo um rigor metodológico e aparato técnico comuns a todo tipo de trabalho científi co. Relatório O relatório consiste na apresentação fi nal de estudo, pesquisa e atividade em que, além dos dados coletados, o autor comunica resultados, conclusões e recomendações a respeito do assunto trabalhado. Para Keller e Bastos (1991, p. 74), o relatório é constituído dos seguintes elementos: a) apresentação: capa e folha de rosto; elementos da equipe e amigos que contribuíram, de uma forma ou outra, para a sua existência e qualidade. É neste ponto de um artigo científi co (entre as “Conclusões” e as “Referências”) que se colocam os “Agradecimentos”. • Referências (References). Trata-se de uma listagem dos livros, artigos ou outros elementos bibliográfi cos que foram referenciados ao longo do artigo. 47 b) resumo: Ver texto “Artigo científi co”; c) introdução: inclui objetivos, justifi cativas e hipóteses trabalhadas; d) metodologia: inclui técnicas utilizadas, universo (população) da pesquisa e amostra; e) embasamento teórico: teoria que sustenta o trabalho, levantamento de estudos já realizados sobre o assunto e defi nição de conceitos; f) apresentação dos dados coletados e análise dos mesmos; g) interpretação dos dados coletados e analisados; h) conclusão: decorrência natural da análise e interpretação dos dados; i) recomendação e sugestões: indicações práticas extraídas das conclusões; j) apêndice: materiais ilustrativos elaborados pelo autor do relatório; k) anexo: materiais ilustrativos não elaborados pelo autor do relatório; l) referências bibliográfi cas: relação das obras e documentos consultados, de acordo com as normas atuais da ABNT. Memorial Trata-se de uma autobiografi a que descreve, analisa e critica acontecimentos sobre a trajetória acadêmico-profi ssional e intelectual do autor, avaliando cada etapa da sua experiência. Deve incluir todas as fases do autor, enfatizando-se as fases mais signifi cativas e importantes. Deve- se destacar as experiências mais relevantes, fazendo-se um comparativo entre a vida profi ssional e a vida pessoal, evidenciando-se as infl uências de uma para com a outra e vice-versa. O memorial deve ser iniciado com uma breve introdução, evidenciando a fi nalidade da elaboração do mesmo. Deve-se incluir em sua estrutura informações signifi cativas, como formação do autor, atividades tecno-científi cas e artístico-culturais importantes, produções científi cas, dentre outras. O texto do memorial deve ser escrito na primeira pessoa do singular. Estrutura de um Memorial: a) Capa e folha de rosto – deve conter nome, título (memorial), local, ano; b) Sumário – deve vir logo depois da folha de rosto; c) Corpo do memorial – apresenta-se de forma narrativa. Deve-se inserir comentários sobre as diversas etapas da vida pessoal, acadêmica e profi ssional do autor. As folhas devem vir numeradas com algarismos arábicos. Apresentação Gráfi ca de um Memorial (formatação) a) Formato do papel – recomenda-se a utilização de papel A4 (210x297mm); b) Digitação – margens: superior, inferior e esquerda = 3cm e inferior = 2cm; c) Entrelinhamento do texto – 1,5 linha; 48 Metodologia do Trabalho Acadêmico d) Fonte e tamanho da letra – preferencialmente Times New Roman ou Arial 12; e) Paginação – Numerar as páginas com algarismos romanos minúsculos no centro inferior, sendo que a capa e a folha de rosto não são contadas e não recebem número. As folhas textuais são numeradas com algarismos arábicos, no canto superior direito, ou centralizada ao pé da folha. A primeira folha de texto é contada, mas não numerada. Seminário, painel e mesa redonda Seminário O seminário é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate, constituindo-se numa das técnicas mais efi cientes de aprendizagem, quando convenientemente elaborado e apresentado. A pesquisa, especialmente a bibliográfi ca, é o primeiro passo, requisito indispensável na elaboração do seminário. A pesquisa leva à discussão do material pesquisado, mas, para que os objetivos sejam alcançados, não se pode dispensar o debate. Objetivos do seminário: • aprofundar o estudo a respeito de determinado assunto; • desenvolver a capacidade de pesquisa, de análise sistemática dos fatos, através do raciocínio, da refl exão, preparando o aluno para a elaboração clara e objetiva dos trabalhos científi cos. O seminário possibilita: • Ensinar pesquisando; • Revelar tendências e aptidões para a pesquisa; • Ensinar a utilização de instrumentos lógicos de trabalho intelectual; • Ensinar a coletar material para análise e interpretação crítica de trabalhos mais avançados; • Ensinar a trabalhar em grupo e desenvolver o sentimento de comunidade intelectual entre os educandos; • Ensinar a sistematizar fatos observados e a refl etir sobre eles; • Levar a assumir atitude de honestidade e exatidão nos trabalhos efetuados; • Dominar a metodologia científi ca geral. 49 Palestra A palestra é uma atividade pedagógica centrada em exposição oral acerca de um tema ou assunto. Objetiva suscitar, motivar, esclarecer e divulgar, em linhas gerais, a experiência e o trabalho desenvolvido pelo palestrante acerca de um dado tema ou assunto. A palestra caracteriza-se enquanto atividade na qual o palestrante desenvolve de modo metódico e estruturado o tema ou assunto, sem aprofundar-se, ainda que de modo esclarecedor e contributivo para a sua audiência, evidenciando a relevância de tais estudos e/ou experiências. A duração considerada adequada para uma palestra e esclarecimento de possíveis indagações é de 1:30 min (uma hora e trinta minutos), que poderão ser dirigidas durante ou ao fi nal da palestra, como melhor convier ao palestrante. Conferência Conferência é uma exposição científi ca, oral, acerca de um determinado tema, realizada por especialista, de modo simples e direto, permitindo ao público compreender e assimilar melhor o que está sendo exposto. Ao término da conferência, o conferencista poderá facultar aos participantes a formulação de indagações sobre os pontos que desejam esclarecer. A duração considerada adequada para a conferência deve ser de 1h (uma hora), em razão de indagações dirigidas pela platéia ao conferencista. Considera-se 30’ min (trinta minutos) um tempo ideal para exposição, pois o alongar da mesma torna-a cansativa, com perda de interesse. Palestra e conferência 50 Metodologia do Trabalho Acadêmico A PESQUISA CIENTÍFICA E SUAS FASES Conceito de Pesquisa Científi ca. Finalidades e Requisitos da Pesquisa Científi ca Conceito, Finalidades e Requisitos da Pesquisa Científi ca Pode-se defi nir pesquisa como um processo formal e sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informações sufi cientes para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa, portanto, é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. O desenvolvimento de um projeto de pesquisa compreende seis passos: 1.Seleção do tópico ou problema para a investigação; 2. Defi nição e diferenciação do problema; 3. Levantamento de hipóteses de trabalho; 4. Coleta, sistematização e classifi cação dos dados; 5. Análise e interpretação dos dados; 6. Relatório do resultado da pesquisa. Linguagem Científi ca Há, de modo geral, uma tendência a descuidar-se da linguagem quando se redige um trabalho científi co ou técnico, talvez sob a alegação de que não se trata de trabalho literário. Importa respeitar, ao menos, os seguintes aspectos fundamentais: a) correção gramatical: convém sempre solicitar a contribuição de um conhecedor da língua e da gramática para nos auxiliar; b) exposição clara, concisa, objetiva, condizente com a redação científi ca; c) cuidado em evitar parágrafos extensos, construir períodos com no máximo duas ou três Aquilo que se sabe quando ninguém nos interroga, mas que não se sabe mais quando devemos explicar. É algo sobre o que se deve refl etir. E evidentemente algo sobre o que, por alguma razão,difi cilmente se refl ete. WITTGESTEIN apud MEDEIROS, 2003, p. 56. 51 linhas, bem como parágrafos com cinco linhas cheias, em média, e no máximo oito; d) preocupação em redigir com um estilo capaz de equilibrar a simplicidade com o movimento, evitando o colóquio excessivamente familiar e vulgar, os recursos retóricos; e) simplicidade do texto: com palavras conhecidas de todos é possível escrever de maneira original e criativa e produzir frases elegantes, variadas, fl uentes e bem articuladas; f) linguagem direta, pois conduz mais facilmente o leitor à essência do texto, dispensando detalhes irrelevantes e indo diretamente ao que interessa, sem rodeios; g) precisão e rigor com o vocabulário técnico, sem cair no hermetismo; h) impessoalidade: contribui grandemente para a objetividade da redação dos trabalhos científi cos, devendo-se usar verbos nas formas que tendem à impessoalidade; i) não começar períodos ou parágrafos seguidos com a mesma palavra, nem usar repetidamente a mesma estrutura de frase; j) evitar longas citações e relatar o fato com o menor número possível de palavras; k) recorrer aos termos técnicos somente quando absolutamente indispensáveis e, nesse caso, colocar o seu signifi cado entre parênteses; l) evitar palavras e formas empoladas ou rebuscadas, que tentem transmitir ao leitor mera idéia de erudição; m) ser rigoroso na escolha das palavras do texto, desconfi ando dos sinônimos perfeitos ou de termos que sirvam para todas as ocasiões; n) encadear o assunto de maneira suave e harmoniosa, evitando a criação de um texto no qual os parágrafos se sucedem uns aos outros como compartimentos estanques, sem nenhuma fl uência entre si. Técnicas de Pesquisa Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos. As técnicas de pesquisa podem ser categorizadas em três grandes grupos: documentação indireta; documentação direta; e observação direta intensiva, a seguir delineadas. • Documentação indireta: Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregados. É a fase da pesquisa realizada com intuito de recolher informações prévias sobre o campo de interesse. Esse levantamento de dados, primeiro passo de qualquer pesquisa científi ca, é feito de duas maneiras: pesquisa documental (ou de fontes primárias) e pesquisa bibliográfi ca (ou de fontes secundárias). a) Pesquisa documental: a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. 52 Metodologia do Trabalho Acadêmico b) Pesquisa bibliográfi ca: A pesquisa bibliográfi ca ou de fontes secundárias, •Documentação direta: A documentação direta constitui-se, em geral, no levantamento de dados no próprio local onde os fenômenos ocorrem. Esses dados podem ser obtidos de duas maneiras: através da pesquisa de campo ou da pesquisa de laboratório. a) Pesquisa de campo: Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. b) Pesquisa de laboratório: A pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação mais difícil, porém mais exato. Ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas. Exige instrumental específi co, preciso e ambientes adequados. Níveis de Pesquisa Outro modo de delinear os diferentes tipos de pesquisa é considerar o nível de progresso decorrente da pesquisa, assim como do uso de conhecimentos já a disposição, da utilização dos mesmos e da constituição desse conhecimento inovador. • Pesquisa Bibliográfi ca: A pesquisa bibliográfi ca é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científi cos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográfi cas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográfi cas. • Pesquisa Documental: A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfi ca. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfi ca se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. O desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa bibliográfi ca, cabendo considerar que, enquanto na pesquisa bibliográfi ca as fontes são constituídas sobretudo por material impresso localizado nas bibliotecas, na pesquisa documental as fontes são muito mais diversifi cadas e dispersas. Há, de um lado, os documentos “de primeira mão”, que não receberam nenhum tratamento analítico, e os “de segunda mão”, que, de alguma maneira, já foram analisados. • Pesquisa Experimental: De modo geral, o experimento representa o melhor Abrange toda bibliografi a já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, monografi as, teses, etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fi ta magnética e audiovisuais: fi lme e televisão. Sua fi nalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto. Esses documentos permitem ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações. 53 exemplo de pesquisa científi ca. Essencialmente, a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de infl uenciá-lo, defi nir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. •Estudo de Caso: O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos considerados. A maior utilidade do estudo de caso é verifi cada nas pesquisas exploratórias. Por sua fl exibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. Também se aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é sufi cientemente conhecido a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal. Por exemplo, se as informações disponíveis fossem sufi cientes para afi rmar que existem três tipos diferentes de comunidades de base e houvesse interesse em classifi car uma comunidade específi ca em algum desses tipos, então o estudo de caso seria o delineamento mais adequado. • Pesquisa-Ação: A pesquisa-ação tem sido objeto de bastante controvérsia, em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos científi cos. A despeito, porém, destas críticas, vem sendo reconhecida como muito útil, sobretudo por pesquisadores identifi cados por ideologias “reformistas” e “participativas”. • Pesquisa Participante: A pesquisa participante, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. Há autores que empregam as duas expressões como sinônimas. Todavia, a pesquisa-ação geralmente supõe uma forma de ação planejada, de caráter social, educacional, técnico ou outro. A pesquisa participante, por sua vez, envolve a distinção entre ciência popular e ciência dominante. Esta última tende a ser vista como uma atividade que privilegia a manutenção do sistema vigente e a primeira como o próprio conhecimento derivado do senso comum, que permitiu ao homem criar, trabalhar e interpretar a realidade, sobretudo a partir dos recursos que a natureza lhe oferece. Fases da Pesquisa Científi ca • Escolha do Tema: tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar. O trabalho de defi nir adequadamente um tema pode, inclusive, perdurar por toda a pesquisa. Nesse caso, deverá ser freqüentemente revisto. • Levantamento de Dados: Para obtenção de dados podem ser utilizados três procedimentos: pesquisa documental, pesquisa bibliográfi ca e contatos diretos. A pesquisa bibliográfi ca é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema. • Formulação do Problema: Problema é uma difi culdade, teórica ou prática, no conhecimento de alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma solução. Defi nir um problema signifi ca especifi cá-lo em detalhes precisos e exatos. Na formulação de um problema deve haver clareza, concisão e objetividade. 54 Metodologia do Trabalho Acadêmico • Defi nição dos Termos: O objetivo principal da defi nição dos termos é torná-los claros, compreensivos e objetivos e adequados. É importante defi nir todos os termos que possam dar margem a interpretações errôneas. O uso de termos apropriados, de defi nições corretas contribui para a melhor compreensão da realidade observada. • Indicação de Variáveis: Ao se colocar o problema e a hipótese, deve ser feita também a indicação das variáveis dependentes e independentes. Elas devem ser defi nidas com clareza e objetividade e de forma operacional. • Delimitação da Pesquisa: Delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investigação. A pesquisa pode ser limitada em relação ao assunto – selecionando um tópico, a fi m de impedir que se torne ou muito extenso ou muito complexo; a extensão – porque nem sempre se pode abranger todo o âmbito onde o fato se desenrola. • Seleção dos Métodos e Técnicas: Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa científi ca podem ser selecionados desde a proposição do problema, da formulação das hipóteses e da delimitação do universo ou da amostra. • Organização do Instrumental de Pesquisa: A elaboração ou organização dos instrumentos de investigação não é fácil, necessita de tempo, mas é uma etapa importante no planejamento da pesquisa. Em geral, as obras sobre pesquisa científi ca oferecem esboços práticos que servem de orientação na montagem dos formulários, questionários, roteiros de entrevistas, escalas de opinião ou de atitudes e outros aspectos, além de dar indicações sobre o tempo e o material necessários à realização de uma pesquisa. Linguagem Científi ca; tipos de pesquisa científi ca; pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa. Tipos de Pesquisa A pesquisa é denominada de pura quando busca o progresso da ciência, procura desenvolver os conhecimentos científi cos sem a preocupação direta com suas aplicações e conseqüências práticas. Seu desenvolvimento tende a ser bastante formalizado e objetiva à generalização, com vistas à construção de teorias e leis. A pesquisa aplicada, por sua vez, apresenta muitos pontos de contato com a pesquisa pura, pois depende de suas descobertas e se enriquece com o seu desenvolvimento; todavia, tem como característica fundamental o interesse na aplicação, utilização e conseqüências práticas dos conhecimentos. Sua preocupação está menos voltada para o desenvolvimento de teorias de valor universal que para a aplicação imediata numa realidade circunstancial. De modo geral é este o tipo de pesquisa a que mais se dedicam os psicólogos, sociólogos, assistentes sociais e outros pesquisadores sociais. As pesquisas podem ainda ser classifi cadas segundo diferentes categorias. Podemos, entretanto, distinguir três níveis de pesquisa descrição, classifi cação e explicação. A classifi cação mais adotada, na atualidade, classifi ca as pesquisas em três tipos: estudos exploratórios, estudos descritivos e estudos que verifi cam hipóteses causais. • Pesquisas Exploratórias: Têm como principal fi nalidade desenvolver, esclarecer e modifi car conceitos e idéias, com vistas à formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa, estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento. Habitualmente, 55 envolvem levantamento bibliográfi co e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso. Procedimentos de amostragem e técnicas quantitativas de coleta de dados não são costumeiramente aplicados nestas pesquisas. São desenvolvidas tais pesquisas com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis. • Pesquisas Descritivas: Têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classifi cados sob este título e uma de suas características mais signifi cativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Dentre as pesquisas descritivas salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde, etc. Pesquisas que se propõem estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, etc. Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identifi cação da existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso, tem-se uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. • Pesquisas Explicativas: Têm como preocupação central identifi car os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Pode-se dizer que o conhecimento científi co está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos. Isto não signifi ca, porém, que as pesquisas exploratórias e descritivas tenham menos valor, porque quase sempre constituem etapa prévia indispensável para que se possam obter explicações científi cas. Uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de outra, descritiva, posto que a identifi cação dos fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja sufi cientemente descrito e detalhado. As pesquisas explicativas nas ciências naturais valem-se quase que exclusivamente do método experimental. Nas ciências sociais, em virtude das difi culdades já comentadas, recorre-se a outros métodos, sobretudo ao observacional. Nem sempre se torna possível a realização de pesquisas rigidamente explicativas em ciências sociais, mas em algumas áreas, sobretudo da Psicologia, as pesquisas revestem-se de elevado grau de controle, chegando mesmo a ser designadas “quase-experimentais”. Pesquisa Quantitativa Adequada quando se deseja conhecer a extensão (estatisticamente falando) do objeto de estudo, do ponto de vista do público pesquisado. Aplica-se nos casos em que se busca identifi car o grau de conhecimento, as opiniões, impressões, seus hábitos, comportamentos, seja em relação a um produto, sua comunicação, serviço ou instituição. Ou seja, o método quantitativo oferece informações de natureza mais objetiva e aparente. Seus resultados podem refl etir as ocorrências do mercado como um todo ou de seus segmentos, de acordo com a amostra com a qual se trabalha. O instrumento de coleta de dados mais utilizado é o questionário, que pode conter questões fechadas (alternativas pré-defi nidas) e/ou abertas (sem alternativas e com resposta livre). 56 Metodologia do Trabalho Acadêmico Técnicas Utilizadas na Pesquisa Quantitativa A metodologia quantitativa, de modo geral, é a mais utilizada em pesquisa de mercado e opinião. Esta metodologia permite mensurar opiniões, reações, sensações, hábitos e atitudes, etc., de um universo (público-alvo) através de uma amostra que o represente de forma estatisticamente comprovada. As amostras podem ser aleatórias ou por cotas (estratos pré-defi nidos de sexo, idade, classe social, região, etc). O método quantitativo orienta para a utilização de questionários estruturados predominantemente elaborados com questões fechadas (lista de respostas pré-codifi cadas). Em toda pesquisa quantitativa, sem exceção, é necessário calcular a margem de erro para o grau de confi ança que se pretende, podendo, assim, tomar decisões com segurança. A pesquisa quantitativa é realizada a partir de entrevistas individuais, apoiadas por um questionário convencional (impresso) ou eletrônico (computador ou Pocket PC). As entrevistas são conduzidas por um entrevistador ou através de auto-preenchimento. Algumas técnicas de abordagem utilizadas são: • Face a face: Entrevistas realizadas pessoalmente junto ao entrevistado. Estas entrevistas, dependendo do objetivo da pesquisa, podem ser realizadas no domicilio, no local de trabalho, em pontos de fl uxo (abordagem de indivíduos em trânsito) ou em local pré-defi nido, preparado para realização de entrevistas com indivíduos recrutados previamente. • Por telefone: Entrevistas realizadas via telefone, assistenciadas por um questionário eletrônico formatado para receber as informações diretamente no sistema de processamento. Esta técnica garante um controle de qualidade ainda maior que as demais técnicas de abordagem, pois, além de permitir o acompanhamento simultâneo das entrevistas (através de escuta programada), é possível também realizar uma crítica eletrônica em tempo real, evitando inconsistências de aplicação do questionário. Outras vantagens asseguradas são o prazo e o custo, que normalmente tendem a ser menores. • Pela Internet: Entrevistas realizadas junto a um público especifico que comprovadamente tenha acesso à internet. Esta técnica permite agilidade na fase de coleta e processamento de dados, além de garantir ao entrevistado total impessoalidade no registro das informações. • Auto-Preenchimento: Até pouco tempo a única maneira utilizada era o questionário impresso, enviado para um grande número de pessoas (em virtude do baixo índice de retorno de questionários preenchidos) de um determinado segmento. Com os recursos tecnológicos, este método passou a ser realizado, também, através de palm e internet. • Arrolamento: Esta técnica, na realidade, é um levantamento ou contagem de eventos, realizado através da observação e registro de informações de transeuntes, veículos ou equipamentos urbanos, seja de caráter público, empresarial ou domiciliar. Normalmente usa-se esta técnica quando queremos saber, por exemplo, qual o número diário de freqüentadores de um shopping center, ou qual o número de consumidoras que foram atraídas por uma promoção em um supermercado, ou quantos supermercados, farmácias, postos de gasolina, etc. existem em uma determinada região geográfi ca. O instrumento de coleta pode ser através de planilha de preenchimento linear, gravador, palm (coletor de dados) ou um contador mecânico utilizado especialmente para este fi m. 57 Na pesquisa quantitativa, a fi m de comprovar as hipóteses, os recursos de estatística nos dirão se os resultados obtidos são signifi cativos ou mero fruto do acaso. A pesquisa qualitativa é baseada em rígidos critérios estatísticos, que servem de parâmetro para defi nição do universo a ser abordado pela pesquisa. Como o nome já diz, o método quantitativo é útil para o dimensionamento de mercados, levantamento de preferências por produtos e serviços de parcelas da população, opiniões sobre temas políticos, econômicos, sociais, dentre outros aspectos. Os passos para o desenvolvimento e aplicação do método quantitativo têm início com a defi nição dos objetivos que o cliente pretende alcançar. Em seguida, faz-se o levantamento amostral do universo, ou seja, o número de entrevistas a serem realizadas; elaboração e aplicação de pré-teste para validação do questionário e, posteriormente, a pesquisa em campo; apuração, cruzamento e tabulação dos dados; e, por fi m, elaboração de relatórios para análise estratégica. Pesquisa Qualitativa A pesquisa qualitativa é uma designação que abriga correntes de pesquisa muito diferentes. Em síntese, essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos contrários ao modelo experimental e adotam métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudos experimentais. Os cientistas que partilham da abordagem qualitativa em pesquisa se opõem, em geral, ao pressuposto experimental que defende um padrão único de pesquisa para todas as ciências, calcado no modelo de estudo das ciências da natureza. Estes cientistas se recusam a admitir que as ciências humanas e sociais devam-se conduzir pelo paradigma das ciências da natureza e devam legitimar seus conhecimentos por processos quantifi cáveis que venham a se transformar, por técnicas de mensuração, em leis e explicações gerais. Um segundo marco que separa a pesquisa qualitativa dos estudos experimentais está na forma como apreende e legitima os conhecimentos. A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um signifi cado. O objeto não é um dado inerte e neutro; está possuído de signifi cados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações. Aspectos da Pesquisa Qualitativa A pesquisa qualitativa tem alguns aspectos característicos, tais como: a) A delimitação e formulação do problema - o problema, na pesquisa qualitativa, não é uma defi nição apriorística, fruto de um distanciamento que o pesquisador se impõe para extrair as leis constantes que o explicam e cuja freqüência e regularidade pode-se comprovar pela observação direta e pela verifi cação experimental. O problema decorre, antes de tudo, de um processo indutivo que se vai defi nindo e se delimitando na exploração dos contextos ecológico e social, onde se realiza a pesquisa; da observação reiterada e participante do objeto pesquisado e dos contatos duradouros com informantes que conhecem esse objeto e emitem juízos sobre ele. b) O pesquisador - é parte fundamental da pesquisa qualitativa. Ele deve, preliminarmente, despojar-se de preconceitos, predisposições para assumir uma atitude aberta a todas as manifestações que observa, sem adiantar explicações nem conduzir-se pelas aparências imediatas, a fi m de alcançar uma compreensão 58 Metodologia do Trabalho Acadêmico c) os pesquisados - na pesquisa qualitativa todas as pessoas que participam da pesquisa são reconhecidas como sujeitos que elaboram conhecimentos e produzem práticas adequadas para intervir nos problemas que identifi cam. Pressupõe-se, pois, que elas têm um conhecimento prático, de senso comum e representações relativamente elaboradas que formam uma concepção de vida e orientam as suas ações individuais; d) os dados - os dados não são coisas isoladas, acontecimentos fi xos, captados em um instante de observação. Eles se dão em um contexto fl uente de relações: são “fenômenos” que não se restringem às percepções sensíveis e aparentes, mas se manifestam em uma complexidade de oposições, de revelações e de ocultamentos. Na pesquisa qualitativa todos os fenômenos são igualmente importantes e preciosos: a constância das manifestações e sua ocasionalidade, a freqüência e a interrupção, a fala e o silêncio. Algumas pesquisas qualitativas não descartam a coleta de dados quantitativos, principalmente na etapa exploratória de campo ou nas etapas em que estes dados podem mostrar uma relação mais extensa entre fenômenos particulares. Técnicas de Pesquisa Qualitativa A pesquisa qualitativa privilegia algumas técnicas que coadjuvam a descoberta de fenômenos latentes, tais como a observação participante, pesquisa-ação e pesquisa- intervenção, história ou relatos de vida, análise de conteúdo, entrevista não-diretiva, estudo de caso etc., que reúnem um corpus qualitativo de informações que, segundo Habermas, se baseia na racionalidade comunicacional. Observando a vida cotidiana em seu contexto ecológico, ouvindo as narrativas, lembranças e biografi as e analisando documentos obtém- se um volume qualitativo de dados originais e relevantes, não fi ltrados por conceitos operacionais, nem por índices quantitativos. A pesquisa qualitativa pressupõe que a utilização dessas técnicas não deve construir um modelo único e exclusivo. A pesquisa é uma criação que mobiliza a acuidade inventiva do pesquisador, sua habilidade artesanal e sua perspicácia para elaborar a metodologia adequada ao campo de pesquisa, aos problemas que ele enfrenta com as pessoas que participam da investigação. O pesquisador deverá, porém, expor e validar os meios e técnicas adotados, demonstrando a cientifi cidade dos dados colhidos e dos conhecimentos produzidos. 59 O projeto é uma das etapas componentes do processo de elaboração, execução e apresentação da pesquisa. Esta necessita ser planejada com extremo rigor, caso contrário o investigador, em determinada altura, encontrar-se-á perdido num emaranhado de dados colhidos, sem saber como dispor dos mesmos ou até desconhecendo seu signifi cado e importância. Entretanto, antes de redigir um projeto de pesquisa, alguns passos devem ser dados. Em primeiro lugar, exigem-se estudos preliminares que permitirão verifi car o estado da questão que se pretende desenvolver sob o aspecto teórico e de outros estudos e pesquisas já elaborados. Tal esforço não será desperdiçado, pois qualquer tema de pesquisa necessita de adequada integração na teoria existente e a análise do material já disponível será incluída no projeto, sob o título de “revisão da bibliografi a”. A seguir, elabora-se um anteprojeto de pesquisa, cuja fi nalidade é a integração dos diferentes elementos em quadros teóricos e aspectos metodológicos adequados, permitindo também ampliar e especifi car os quesitos do projeto, a “defi nição dos termos”. Finalmente, prepara- se o projeto defi nitivo, mais detalhado e apresentando rigor e precisão metodológicos. Projeto de Pesquisa Científi ca; Relatório de Pesquisa Em uma pesquisa, nada se faz ao acaso. Desde a escolha do tema, fi xação dos objetivos, determinação da metodologia, coleta dos dados, sua análise e interpretação para a elaboração do relatório fi nal, tudo é previsto no projeto de pesquisa. Este, portanto, deve responder às clássicas questões: o quê? por quê? para quê e para quem? onde? como, com quê, quanto e quando? quem? com quanto? 60 Metodologia do Trabalho Acadêmico Pesquisa-Piloto ou Pré-Teste Uma vez terminado o projeto de pesquisa defi nitivo, a tentação de iniciar imediatamente a pesquisa é muito grande. Todas as etapas foram previstas, as hipótese enunciadas, as variáveis identifi cadas, a metodologia minuciosamente determinada, incluindo as provas estatísticas a que serão submetidos os dados colhidos; portanto, por que não começar incontinente a coleta de dados? A aplicação da pesquisa-piloto é um bom teste para os pesquisadores. Finalmente, o pré-teste permite também a obtenção de uma estimativa sobre os futuros resultados, podendo, inclusive, alterar hipóteses, modifi car variáveis e a relação entre elas. Dessa forma, haverá maior segurança e precisão para a execução da pesquisa. Estrutura do Projeto de Pesquisa • Capa: Constituída pelos seguintes elementos: a) entidade b) título (e subtítulo, se houver) - denominação do projeto. • Sumário: Relacionar nos itens e subitens que compõem o projeto, com o respectivo número da página onde o mesmo pode ser encontrado. • Apresentação: Composto por dois elementos chaves, Quem apresenta, que deverá efetuar um breve histórico e experiências desenvolvidas e realizadas pela Organização e pela Coordenação responsável, e O que apresenta, que também será composto por um breve histórico da atividade em questão e O que espera com tal apresentação. • Objeto: Composto pela caracterização do O que é a atividade ou trabalho científi co de maneira sucinta, óbvia e lúcida. • Finalidade: Composto pelo termo Para que é tal trabalho científi co, descrito no seu contexto geral e específi co. a) Objetivo Geral b) Objetivos Específi cos • Justifi cativa / fundamentos: Versa acerca do O por quê da existência da atividade proposta, evidenciando ainda os fundamentos, quer teóricos, quer práticos que o sustentam. • Método: Versa acerca de como será realizada a atividade, o modo, a maneira. • Recursos: Busca atender às indagações acerca de com quem, com quanto e com que será realizado, desdobrando-se nos seguintes elementos: a) Humanos b) Financeiros c) Técnicos (conhecimento teórico/prático científi co) d) Materiais - De consumo - De uso permanente • Bibliografi a: Relacionar as fontes consultadas, indicadas e/ou existentes afeitas ao assunto desenvolvido no projeto em questão. 61 • Anexos: Relacionar e inserir os formulários citados no corpo do projeto e que serão utilizados no desenvolvimento das atividades propostas pelo mesmo. • Capa de fundo: Contendo a identifi cação e o contato do autor/realizador Elementos do projeto de pesquisa Apesar de haver uma série de formulações de projeto de pesquisa, é preciso que o pesquisador saiba que a estrutura apresentada tem sido utilizada nos últimos anos com grande aproveitamento por grande parte dos pesquisadores orientados pelos autores deste livro. A critério do orientador, o projeto de pesquisa pode incluir ou suprimir algum elemento, para que ocorra uma aproximação do projeto com o assunto da pesquisa. Durante a elaboração da redação do projeto ou de qualquer pesquisa científi ca, a linguagem empregada deve ser impessoal, evitando o uso de termos como: ‘eu acho’; ‘meu/minha’, e ‘mostro com isso que...’. Esses termos podem ser substituídos por: ‘o autor entende que...’ e ‘a pesquisa mostra que...’. A estrutura de um projeto de pesquisa é composta dos elementos a seguir, que são discutidos com exemplos: 1. Tema 2. Justifi cativa do tema 3. Objetivo geral 4. Objetivo específi co 5. Formulação do problema da pesquisa 6. Formulação da hipótese da pesquisa 7. Metodologia da pesquisa 8. Defi nição dos termos da pesquisa 9. Bibliografi a 10. Cronograma 11. Custos 1. Tema O tema nada mais é do que o assunto, ou seja, o objeto da pesquisa. Ele pode ser identifi cado a partir de uma necessidade pessoal ou externa — da curiosidade do pesquisador ou do coordenador da pesquisa, dos desafi os da própria teoria ou das propostas de outros trabalhos científi cos. Na formulação do tema da pesquisa, deve-se considerar que a redação do trabalho pode sofrer mudanças de acordo com o desenvolvimento da pesquisa, ou seja, o título fi nal pode ser constantemente revisto (Ruiz, 1980:60). E importante que o título fi nal seja o mais completo possível, podendo, dessa forma, refl etir o que é tratado na pesquisa. Não é preciso se preocupar com o número de palavras que venham a compor esse título. Quanto à delimitação do tema, isso ocorre em função da necessidade de a pesquisa apresentar um aprofundamento em um ponto específi co. 62 Metodologia do Trabalho Acadêmico 2. Justifi cativa do tema O pesquisador deve expor as razões para a elaboração da pesquisa. Esse item contribui para a aceitação da pesquisa por parte do coordenador ou da entidade interessada, que possivelmente fi nanciará a pesquisa. A justifi cativa do tema envolve motivos de ordem teórica e prática e pode ser apresentada da seguinte forma: •Tendo-se em vista a necessidade de provar a contribuição da pesquisa para o avanço do conhecimento, torna-se necessária a demonstração do estágio atual do tema. • Esse posicionamento do tema pode ser feito a partir da apresentação do estudo de vários autores que tenham trabalhado o referido assunto, citando os avanços ocorridos, assim como o estágio em que se encontra o tema. • Deve-se apresentar também a contribuição e o provável avanço que ocorrerá com o desenvolvimento da pesquisa, seja no campo teórico seja no prático. É a partir desse acréscimo ao conhecimento já existente que será definida a execução ou não do projeto. • A justifi cativa pode ser também para um avanço de ordem pessoal, pois o avanço do profi ssional na área acadêmica poderá ser de suma importância na qualidade do futuro trabalho que ele desenvolverá profi ssionalmente. Deve ser ressaltada a importância da pesquisa num contexto mais amplo. Muitas vezes determinados temas só adquirem importância dentro de um conjunto maior de situações. • Muitas vezes as pesquisas servem para confi rmar determinadas realidades ou encontrar soluções para um problema existente no dia-a-dia das pessoas ou das comunidades. Muitos trabalhos são desenvolvidos para resolver problemas restritos a pequenos grupos ou comunidades. Embora não tenham repercussão de descobertas científi cas, resolvem problemas que não são englobados na generalidade dos casos. 3. Objetivo geral Procura dar uma visão geral do assunto da pesquisa. Mostrar o significado desse assunto em relação ao conhecimento do conteúdo mais abrangente está relacionado à apresentação do tema. A redação do objetivo geral deve conter dados que relatem o assunto da pesquisa sem se preocupar em mostrar o que se pretende identifi car com o desenvolvimento do trabalho. E importante que o pesquisador desenvolva uma redação dentro da teoria do objetivo geral, embora nada impeça que ele imprima ao texto suas próprias características. 4. Objetivo específi co Está intrínseco ao objetivo geral; porém, nessa fase há necessidade de se expor o motivo específi co da pesquisa, seu ponto central. Em outras palavras, o pesquisador deve identifi car a questão de profunda relevância da investigação científi ca de maneira que seja o que se deseja mostrar dentro do tema proposto. Nessa fase também o texto escrito identifi ca o conteúdo da pesquisa, ou seja, o que se pretende responder com o desenvolvimento da monografi a. Assim, o pesquisador deve se preocupar em expor o ponto central e os elementos que o cercam. Em geral, o primeiro parágrafo da redação contém o elemento-central, muitas vezes com o título da pesquisa nas entrelinhas. 63 5. Formulação do problema da pesquisa Identifi ca a difi culdade específi ca que se pretende resolver por intermédio da pesquisa. Em geral, o problema é elaborado em forma de pergunta, sendo possível uma investigação sistemática, crí¬tica e operacional. Está diretamente relacionado ao objetivo específi co, ou seja, pode-se valer do conteúdo do primeiro parágrafo para formular o problema da pesquisa. 6. Formulação da hipótese da pesquisa É uma possível solução antecipada para o problema da pesquisa. Uma afirmativa não-verdadeira que somente o resultado final da pesquisa vai aceitar ou não. Pode-se formular várias hipóteses. 7. Metodologia da pesquisa A metodologia da pesquisa informa os meios empregados na coleta dos dados para posterior apresentação destes na pesquisa. Ou seja, estabelece o procedimento do pesquisador para o levantamento das informações, que pode ser por meio de questionário, formulário, teste, pesquisa de mercado, entrevista, dados estatísticos, livros, jornais, revistas, entre outros. A seguir, um exemplo da redação desse item. Exemplo: “A presente pesquisa emprega dados bibliográfi cos com base histórica e contemporânea, bem como dados estatísticos dispostos em tabelas e gráfi cos, para auxiliar na interpretação das informações.” 8. Defi nição dos termos da pesquisa Nessa fase é necessário fazer um levantamento dos termos que deixam dupla interpretação na pesquisa e discutir seu significado com apoio bibliográfico. Esse levantamento inclui os termos espe¬cífi cos do assunto pesquisado, que muitas vezes podem ser encontrados nos dicionários especializados. 9. Bibliografi a Relacionar todas as fontes consultadas para a elaboração do projeto de pesquisa, podendo ser livro, jornal, revista, boletim, ensaio, entrevista, questionário e outros elementos. 10. Cronograma Todo trabalho científico pressupõe planejamento, que normalmente envolve recursos materiais e humanos e exige prazos estabelecidos, tendo-se em vista o acompanhamento durante sua execução. É importante definir cada fase do trabalho para que prováveis atrasos na execução sejam devidamente corrigidos. Isso permite constatar se a data estabelecida no cronograma está sendo cumprida ou não. Um projeto de pesquisa envolve várias etapas, e é importante estabelecer os períodos necessários para sua execução. Deve-se ressaltar que toda pesquisa pode ser executada por uma pessoa ou por um grupo, ocorrendo, no último caso, execução de etapas simultâneas. 64 Metodologia do Trabalho Acadêmico As várias etapas de uma pesquisa, a título de exemplo, podem ser as seguintes: • Elaboração do projeto A partir da idéia inicial, ponto de partida do trabalho, o pesquisador deverá fazer uma pesquisa preliminar que servirá de base para a elaboração do projeto. Essa primeira fase é importante para se ter o conhecimento do nível do desenvolvimento do assunto a ser pesquisado. Cabe ressaltar que a elaboração do projeto pode envolver uma gama enorme de recursos; daí a necessidade de aprovação da idéia inicial para sua conclusão. • Execução do projeto Após a sua aprovação, o projeto será executado dentro de uma programação previamente estabelecida. Caso ele seja de grande amplitude, pode utilizar-se o critério de fazer um teste, utilizando uma pesquisa-piloto que terá como fi nalidade captar eventuais problemas, determinando, muitas vezes, o redirecionamento do trabalho ou sua paralisação. Cabe frisar que a execução de um projeto terá tantas etapas quantas forem necessárias, tendo-se em vista um melhor acompanhamento e controle. Essas etapas deverão constar do cronograma juntamente com os devidos prazos de execução. No desenvolvimento do trabalho, os dados obtidos, se for o caso, serão codifi cados e tabulados. Eles deverão ser devidamente analisados para que se tenha uma interpretação e uma conclusão extremamente precisas. A apresentação dos resultados deve ser feita da forma mais clara e precisa possível, evitando- se ambigüidades e falsas interpretações. Essa apresentação deve estar sempre subordinada às normas que regem a apresentação de trabalhos científi cos. Na maioria dos projetos, os trabalhos são desenvolvidos em equipe, havendo sempre a necessidade de um coordenador para responder pelo grupo, propiciando um desenvolvimento harmonioso, pois, quando se tem muitos nomes envolvidos, é importante não ferir a suscetibilidade dos integrantes. O cronograma envolve datas e etapas de apresentação parcial do relatório juntamente com os resultados daquele momento da pesquisa. Apresenta dois parâmetros básicos, que são a data de início do projeto e a data para sua entrega, ou seja, do relatório fi nal, sendo este último negociável de acordo com possíveis difi culdades durante o desenvolvimento da pesquisa. Pode ocorrer coincidência de datas entre as etapas, ou seja, execução simultânea de etapas. Devem ser estabelecidas as respectivas datas para cada etapa, de acordo com o prazo para a execução do trabalho. Essas datas podem ser semanais, mensais, bimestrais e assim por diante, dependendo das características da pesquisa. O período projetado deve ser apresentado no cronograma com uma linha contínua, e a execução do trabalho com uma linha tracejada, ou qualquer tipo de legenda que permita identifi car duas situações diferentes. A apresentação dos relatórios parciais poderá acontecer logo após o término da execução de cada uma das fases mencionadas, bem como a dos demais relatórios. 65 Abordagens metodológicas O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros -, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. Método e técnica • MÉTODO signifi ca o traçado das etapas fundamentais da pesquisa, • TÉCNICA signifi ca os diversos procedimentos ou a utilização de diversos recursos peculiares a cada objeto de pesquisa, dentro das diversas etapas do método. Desenvolvimento histórico A preocupação em descobrir • conhecimento religioso • conhecimento fi losófi co • senso comum Método científi co • descobrimento do problema • colocação precisa do problema • procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema • tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identifi cados • invenção de novas idéias • obtenção de uma solução • investigação das conseqüências da solução obtida • prova (comprovação) da solução • correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta Concepção atual do método • descobrimento do problema • colocação precisa do problema • procura de conhecimentos ou instrumentos relevantes ao problema • tentativa de solução do problema com auxílio dos meios identifi cados • invenção de novas idéias • obtenção de uma solução 66 Metodologia do Trabalho Acadêmico • investigação das conseqüências da solução obtida • provas (comprovação) da solução • correção das hipóteses, teorias, procedimentos ou dados empregados na obtenção da solução incorreta Relatório de pesquisa O relatório de pesquisa é composto de Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. A Introdução descreverá, em termos gerais, os objetivos e a fi nalidade do estudo realizado. É uma breve formulação histórica sobre o tema-problema, acompanhada da justifi cativa pela escolha do problema, com a delimitação (indicação) do campo de pesquisa. Apresenta, também, o roteiro do projeto, divisão do trabalho, idéias principais que são discutidas e conclusões relevantes. Monografi a Do ponto de vista etimológico, MONOGRAFIA forma-se do grego monos (um só) e graphein (escrever). Deste modo, é comum defi nir-se monografi a como o estudo por escrito de um só tema exaustivamente estudado e bem delimitado. Mas, dependendo dos objetivos e da metodologia adotada, o trabalho pode ser apresentado de maneiras distintas: dissertação científi ca, memória científi ca, tese doutoral e outras. É o tipo de relato mais usado nas pesquisas científi cas. Pode ser defi nida como tratamento escrito de um tema específi co que resulte da interpretação científi ca, com escopo de apresentar uma contribuição relevante ou original e pessoal à ciência. Podemos também defi ni-la como um estudo sobre um tema específi co ou particular, com sufi ciente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. Objetivos da Monografi a A monografi a tem como objetivo externo satisfazer a uma avaliação acadêmica, visando à obtenção do grau pretendido. Como objetivo interno, podemos destacar a manifestação da própria personalidade e a comunicação por escrito do resultado de uma descoberta pessoal. 67 Características da Monografi a • Trabalho escrito, sistemático e completo; • Tema específi co ou particular de uma ciência ou parte dela; • Estudo pormenorizado e exaustivo, abordando vários aspectos e ângulos do caso; • Tratamento em profundidade; • Metodologia científi ca; • Contribuição importante e pessoal para a ciência. Tipos de Monografi a A monografi a pode ser dividida em três tipos: análise teórica, análise teórico-empírica e estudo de caso. • Análise Teórica Evidencia uma organização coerente de idéias originadas de bibliografi a de autores consagrados que escreveram sobre o tema escolhido pelo aluno. Pode ser desenvolvida como uma análise crítica ou comparativa de uma teoria ou modelo já existente, a partir de um esquema conceitual bem defi nido. • Análise Teórico-Empírica Nesta categoria a monografi a pode analisar a correspondência entre um caso real e modelos/ teorias. Pode ser ainda a descrição dos resultados de teste de modelos ou teorias a partir de dados primários e secundários. Técnicas: coleta de dados por meio de questionários estruturados e/ou semi-estruturados e análise dos dados quantitativos e qualitativos. 68 Metodologia do Trabalho Acadêmico • Estudo de Caso Sugere uma análise específi ca da relação entre um caso real e hipóteses, modelos e teorias. 69 Etapas de uma Monografi a a) Escolha do assunto – fase de questionamento e de defi nições dos objetivos. É o momento de delimitação do tema sugerido como problema. É a partir do estabelecimento do problema básico que se inicia o trabalho. b) Pesquisa bibliográfi ca – fase do levantamento bibliográfi co e seleção da literatura pertinente, supondo conhecimento das fontes. c) Documentação – fase da coleta dos dados capaz de oferecer solução ao problema colocado. Para isto se faz necessário elaborar fi chas de documentação (bibliográfi ca e assunto). Nesta fase já se pode delinear um plano provisório do trabalho a fi m de nortear as leituras e a crítica do material encontrado. d) Crítica da documentação – fase de exame do material, geralmente múltiplo e disperso. A análise dos dados coletados depende da diretriz que se segue para interpretar a autenticidade das fontes e o valor interno dos conteúdos. Os pressupostos dependem dos seus critérios de verdade. e) Construção – fase da síntese, capaz de dar unidade ao material coletado. Do ponto de vista da estrutura textual, o trabalho deve ter três etapas: Introdução, Desenvolvimento, Conclusão. Aí será desenvolvido o raciocínio demonstrativo do tema em questão. Nesta fase poderá haver a revisão do plano provisório do trabalho porque muitas vezes o estudo feito ilumina a compreensão do tema de tal modo que há necessidade de cortes e acréscimos. Agora se estabelece o plano defi nitivo. f) Redação – fase de elaboração literária do texto a ser apresentado. É preciso lembrar que as fi chas usadas servirão apenas de suporte para a elaboração do texto. Trata-se de uma nova redação, abrangente, capaz de revelar a mensagem mediante um fi o condutor que une todos os dados coletados. 70 Metodologia do Trabalho Acadêmico Estrutura do Trabalho Monográfi co • Capa; • Folha de rosto; • Dedicatória (opcional); • Agradecimentos (opcional); • Epígrafe (opcional); • Resumo; • Abstract; • Sumário; • Introdução; • Revisão bibliográfi ca; • Metodologia; • Fundamentação teórica; • Texto principal; • Conclusão; • Anexos; • Notas; • Referências. Capa: deverá conter apenas os dados indispensáveis à identifi cação do trabalho; título em destaque, autor e imprensa (local, editor e data); Folha de rosto: A página de rosto deve conter os elementos identifi cadores da obra, na seguinte ordem: • Na parte superior, o nome completo do autor, sem abreviaturas, em maiúsculas e centralizado; • Título real do trabalho com subtítulos, se houver, separados por dois pontos, em maiúsculas e centralizados; • Número do volume, caso haja mais de um; • Nota indicando a natureza do trabalho e seu objetivo acadêmico (ou grau pretendido), nome da instituição e área de concentração (a 3cm do título/subtítulo e a 9 cm da borda lateral esquerda) • Nome do orientador e do co-orientador, se houver, precedidos da respectiva titulação; • Nome do local (cidade) centralizado; • Ano de entrega (depósito) do trabalho, centralizado. Dedicatória: folha em cuja parte fi nal o autor dedica a sua obra. 71 Agradecimentos: folha dedicada aos agradecimentos àqueles que contribuíram para a realização do trabalho (orientadores, pessoas, entidades). Resumo: constitui-se numa síntese dos pontos relevantes do trabalho. Deve ressaltar de que trata o trabalho, seus objetivos, metodologia empregada e conclusões. Escrito em linguagem clara e objetiva. Deve ter, no máximo, quinze (15) linhas. Abstract: é a versão, em língua inglesa, do resumo. Sumário: fornece a enumeração das principais divisões, seções e outras partes que compõem o trabalho, na mesma ordem em que se sucedem no texto, com a indicação das páginas iniciais de localização. Caso haja mais de um volume, em cada qual deve fi gurar o sumário completo da obra. Não deve ser confundido com índice, mais comum em livros e localizado ao fi nal do documento, com o objetivo de remeter ao texto. Segundo a NBR 6034, índice é uma “lista de entradas ordenadas segundo determinado critério, que localiza e remete para as informações contidas num texto”. O sumário deverá ser localizado imediatamente após as folhas de rosto, dedicatórias e agradecimentos. As seções devem ser numeradas em algarismos arábicos, da introdução até à conclusão e/ou recomendações. Listas, resumo, abstract, anexos e referências bibliográfi cas não são considerados capítulos, por isso não recebem numeração de seção. As seções preliminares não recebem paginação e não fi guram no sumário. Para maiores detalhes, ver a norma NBR-6027 da ABNT. É aconselhável o uso do sistema de numeração progressiva para numerar as divisões e subdivisões do texto, conforme a norma NBR-6022 da ABNT. No caso do trabalho ser apresentado em mais de um volume, cada um deve conter o sumário geral da obra, bem como seu próprio sumário, ocupando páginas consecutivas. Introdução: fornece uma visão global do trabalho. Devem constar na Introdução a defi nição do tema e delimitações do assunto tratado; revisão inicial da literatura; objetivos de pesquisa, objeto de estudo e esclarecimentos acerca das etapas do trabalho. Revisão bibliográfi ca: deve constar uma refl exão sobre as leituras já realizadas acerca do assunto estudado, as quais servem de embasamento teórico para a pesquisa. Metodologia: nesta parte o aluno indica os procedimentos metodológicos utilizados para alcançar os objetivos propostos no trabalho. Deve evidenciar as estratégias empregadas em cada etapa da pesquisa. Fundamentação teórica: explicitam-se e justifi cam-se os argumentos e/ou os procedimentos teóricos e técnicos utilizados. Obs: a mesma formatação e caracteres gráficos usados na indicação de capítulos e seções do texto devem ser mantidos no sumário. 72 Metodologia do Trabalho Acadêmico Texto principal: nesta etapa o aluno deve desenvolver o assunto, discutir as hipóteses, explicar os problemas e apresentar os argumentos e as soluções. É o corpo do trabalho, a parte mais importante da pesquisa. Conclusão: é a síntese do trabalho. Deve apresentar, de forma clara e precisa, as conclusões a que o autor chegou e refl exões críticas sobre os resultados obtidos. Evidenciar também, nesta etapa, as hipóteses confi rmadas e refutadas. Anexos: nesta parte deve constar material informativo adicional, tabelas e outros documentos que ilustram e/ou serviram de referência para a pesquisa. Em notas devem constar esclarecimentos adicionais julgados convenientes, enumerados em ordem crescente, na seqüência do corpo do trabalho. As notas podem ser apresentadas no rodapé, ao fi m de cada página do trabalho ou no fi nal do trabalho, antes das referências bibliográfi cas. Nas referências o aluno apresenta as indicações completas das obras utilizadas durante as etapas de elaboração do projeto experimental. Essas indicações devem estar no fi m do trabalho, em ordem alfabética. As referências envolvem a apresentação em ordem alfabética, dos sobrenomes dos autores das obras citadas ou indicadas, no decorrer do trabalho. Com elas permite-se a identifi cação, no todo ou em parte, das fontes citadas no texto, podendo ser documentos impressos ou registrados. Segundo a NBR 6023, a referência é constituída de elementos indispensáveis à identifi cação do documento, fonte de consulta ou utilização. Quanto à ordenação, cabe esclarecer que a ordem alfabética tem sido sempre recomendada em trabalhos acadêmicos, ainda que seja comum em outros tipos de trabalhos a apresentação por ordenação numérica, cronológica ou geográfi ca. No caso de várias obras do mesmo autor, da segunda em diante pode-se substituir o nome do autor por um traço, feito com seis toques ininterruptos, seguido de ponto. O mesmo procedimento pode ser adotado para a referenciação de edições diferentes da mesma obra; nesse caso, substituem-se o autor e o título, cada qual, por seis toques, seguidos de ponto. Elementos da Referência - Autor Autor pessoal Em obra com até 3 autores mencionam-se todos na entrada, na ordem em que aparecem na publicação, separados por ponto e vírgula ( ; ) seguido de espaço. Ex.: ROHMANN, Chris HESKETT, J. L.; SASSER, W. E.; CHRISTOPHER, W. L. Quando há mais de três autores, menciona-se somente o primeiro seguido da expressão et al. Ex.: SERRA, José et al. Organizador (Org.), compilador (Comp.), coordenador (Coord.), editor (Ed.) Ex.: BRADLEY, Keith (Coord.) DRUMMOND, Helena (Ed.) 73 Autor entidade/evento Obras com responsabilidade de entidade (órgãos governamentais, empresas, congressos, seminários, etc.) têm entrada pelo seu nome próprio, por extenso. Ex.: CONSELHO FEDERAL DE BIOLOGIA CONFERÊNCIA ANGLO-BRASILEIRA DE Gestão Ambiental BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia Quando a entidade coletiva tem uma denominação específi ca (sigla) que a identifi ca, a nível nacional e/ou internacional, pode se indicar diretamente sua sigla. Ex.: IBGE FIOCRUZ Autoria não determinada Quando não for possível identifi car a autoria da obra, a entrada deve ser feita pelo título, transcrevendo a primeira palavra com letras maiúsculas. Ex. HIGH technology. Beverly Hills: Sage, 1985. - Título O título deve ser transcrito conforme fi gura na publicação, em negrito. O subtítulo deve ser acrescentado desde que contenha informação essencial sobre o conteúdo do documento, sem negrito. Em títulos demasiadamente longos, pode-se suprimir algumas palavras, desde que a supressão não incida sobre as primeiras e não altere o sentido. A supressão é indicada por reticências. - Edição Indicar a edição ou versão, exceto a primeira, em algarismos arábicos, após o título. A abreviatura da palavra edição é de acordo com o idioma da publicação. Ex.: 2. ed. 3. ed. rev. 5th ed. - Local Indicar o nome da cidade tal como aparece na publicação. Quando há mais de uma cidade para a mesma editora, indicar a primeira ou mais destacada. Não sendo possível determinar o local, indicar entre colchetes. 74 Metodologia do Trabalho Acadêmico Exemplo: [S.l.] Local identifi cado como provável, indicar entre colchetes. Exemplo: [Porto Alegre] - Editora Indicar o nome da casa publicadora ou editora, suprimindo elementos que designem natureza jurídica ou comercial. Ex.: Campus (para Editora Campus) Elsevier Quando há mais de uma editora, mencionar a mais destacada. Se as editoras estiverem com igual destaque, indica-se a primeira. As demais podem ser registradas com os respectivos locais, se necessário. Quando a editora é a mesma instituição responsável pela autoria e já tiver sido mencionada, não é indicada. Não sendo possível determinar a editora, indicar entre colchetes. Exemplo: [s.n.] Quando o local e a editora não puderem ser identifi cados na publicação, utilizam- se ambas as expressões, abreviadas e entre colchetes. Exemplo: [S.l.: s.n.] - Data Indicar a data sempre em algarismos arábicos. Se nenhum ano for determinado, registar um ano aproximado entre colchetes. Ex.: [1973 ou 1974] um ano ou outro [1993?] para ano provável [2000] para ano certo não indicado no item [199 ] década certa [199 ?] década provável [18--] século certo [18--?] século provável [ca. 1960] data aproximada - Indicação de número de páginas ou volumes Quando a publicação só tiver um volume, indicar o número de páginas ou folhas seguido da abreviatura p. ou f. Ex.: 169 p. 175 f. 75 Quando a publicação tiver mais de um volume, indicar o número destes, seguidos da abreviatura v. Ex.: 5 v. Indicar números inicial e fi nal de páginas, separados por hífen e antecedidos da abreviatura p. Ex.: p. 7 78 Quando a publicação não for paginada ou paginada irregularmente, indicar em nota: Ex.:Não paginada. Paginação irregular - Indicação de materiais especiais Indicar o número de unidades físicas do material e a designação específi ca. Se necessário, indicar entre parênteses outras especifi cações. Ex.: 1 fi ta de vídeo 1 CD-ROM 1 disquete 3.5” - Área de Notas Sempre que necessário à identifi cação da obra, as notas devem ser incluídas ao fi nal da referência, sem destaque tipográfi co. • Séries e coleções Transcrever os títulos de séries e coleções com sua numeração entre parênteses, tal como fi guram na publicação. Ex.: (Documentos, 5) (Texto para Discussão, n. 33) • Notas de Dissertação e Tese Dissertação (Mestrado em Administração) - Programa de Pós-Graduação em Administração, Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001. • Outras notas Inclui bibliografi a. Aceito para publicação. Não paginado. 76 Metodologia do Trabalho Acadêmico Ordenação das Referências As referências bibliográfi cas devem ser apresentadas em ordem alfabética de autor e título (sistema alfabético) para todo tipo de documento consultado, devendo ser incluídas após a conclusão do trabalho. devem ser alinhadas à margem esquerda, sem recuo na segunda linha, com espaço simples e não devem ser numeradas. Autor repetido O nome do autor de várias obras referenciadas pode ser repetido e as referências organizadas em ordem cronológica. Ex.: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1993. 920 p. ______. Teoria, processo e prática. 3. ed. São Paulo: Makron Books, 2000. 416 p. Eventualmente, o nome do autor de várias obras referenciadas sucessivamente pode ser substituído, nas referências seguintes à primeira, por um traço (equivalente a seis espaços) e ponto. Autor com diversos documentos publicados no mesmo ano Ordenam-se várias obras de um mesmo autor, editadas no mesmo ano, acrescentando se a letra minúscula após o ano de publicação, conforme indicado nas citações do texto. Ex.: CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999a. 457 p. CHIAVENATO, Idalberto. Administração de recursos humanos: fundamentos básicos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999b. 194 p. Autor e título repetidos O título de várias edições de um documento deve ser listado obedecendo à ordem seqüencial das edições. Ex.: MOTTA, Fernando Cláudio Prestes. Teoria geral da administração: uma introdução. 6. ed. São Paulo: Pioneira, 1977. 213 p. ______. ______. 7. ed. São Paulo: Pioneira, 1979. 213 p. 77 78 Metodologia do Trabalho Acadêmico Capítulos, paginação, citações e indicação bibliográfi ca Capítulo: cada capítulo inicia em uma nova folha. O título deve ser digitado cerca de 3,0 cm da borda superior do papel e o texto cerca de 5 espaços após o título. A numeração é feita com algarismos romanos. Paginação: as páginas são numeradas com algarismos arábicos, postos no ângulo superior direito do papel. A contagem da numeração inicia na folha de rosto. Citações: • citação livre - ocorre quando se reproduzem idéias ou informações de um texto, sem, entretanto, transcrever as próprias palavras do autor. • citação textual - é a transcrição (ipsis litteris) de um texto que integra um livro ou documento. É usada para enriquecer o trabalho e permite ao leitor verifi car o alcance e a propriedade da pesquisa bibliográfi ca. 79 AMARAL, Hélio Soares do. 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