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História do Direito Aula 4 - Prova (1ª nota): 17/01 - Entrega do Artigo (2ª nota): 24/01 Trabalho em grupo de até 5 pessoas com pelo menos 15 páginas, enviado por email - Prova Final: 07/02 - Segunda Chamada: 31/01 Prova oral Continuação: Sistemas Jurídicos Contemporâneos Na última aula começamos a estudar os grandes sistemas jurídicos contemporâneos segundo o modelo de Rene David. Vimos os sis temas Romanista e Common Law. O terceiro sistema apontado por David é o Sistema Socialista. Quais seriam as principais características desse sistema? Para entender isso, precisamos contextualizar. Para o autor, ele tem início em 1917 e, a partir do momento em que os bolcheviques são vitoriosos, pretendem fundamentar uma sociedade comunista. Mas sabemos que não tem como, de forma imediata, alcançar essa sociedade comunista, passando, portanto, pela uma fase de transição chamada de ditadura do proletariado. Para eles, o direito era uma superestrutura que garantia o poder que a elite exercia nos mais pobres. Logo, pela ausência da divisão de classes, não haveria necessidade do direito, pois não haveriam conflitos a serem solucionados. Porém, precisávamos de uma fase transitória. Na ditadura do proletariado, o direito tem uma função muito específica, marcante desse sistema, pois em relação à fonte, a principal fonte do sistema socialista não é muito diferente do romanista, sendo a lei. A grande diferen ça é a função do direito na sociedade. Logo, para o socialismo, parte transitória, segundo Lênin e Marx, fundamentada na teoria Marxista-Leninista, a função do direito seria não resolver os conflitos entre as pessoas, mas sim preparar a sociedade. Em nossa sociedade, a função do direito é resolver os conflitos. No sistema socialista, seu objetivo é preparar a sociedade, educar o povo e tirá-lo da inércia, mos trando o caminho para o comunismo. Dentro dessa características, teremos características jurídicas muito importantes: o fim da ideia de sociedade privada e o sistema entenderá, dentro dessa perspectiva, que os interesses econõmicos do Estado sempre prevalecem sobre os direitos individuais. Essa é uma diferença marcante do sistema Socialista para os outros, que o interesse econômico (e político, na prática), sempre prevalece sobre os direitos individuais. Na nossa sociedade, embora há momentos em que o interesse do Estado seja prevalente aos direitos individuais, mas essas situa ções são exceções à regra, pois temos direitos individuais que nem mesmo o Estado pode violar. O Estado não pode determinar quantos filhos alguém pode ter, ou cobrar o quanto ele quiser pelo serviço do indivíduo. Essa característica dos interesses do Estado sempre prevalecendo sobre os interesses individuais (a economia é mais importante que o direito civil). Porém, David escreveu isso durante a década de 60, no início da Guerra Fria, logo, parecia naquele momento que os sistemas socialistas iriam crescer e se desenvolver, o que não aconteceu. Logo, hoje diz-se que os sistemas socialistas estão fadados a desaparecer. A ideia desse sistema é sempre conduzir a sociedade à um futuro melhor, e o Estado fará o que for preciso para garantir essa realidade. O Direito, em vez de ser a superestrutura que vai garantir o poder do burguês ao proletariado, garantirá que os interesses do Estado sejam alcançados. O quarto sistema, segundo Rene David, é mais de um sistema, são os Sistemas Religiosos e Tradicionais. Quais são os sistemas englobados nessa categoria? Temos o sistema Mulçumano, os sistemas do Extremo Oriente (como exemplo da China e do Japão), o sistema Hindú e os sistemas dos países africanos. Não vamos falar muito desses sitemas ao longo do semestre. O próprio Rene David sabe que, para nossa realidade, esses siste mas são muito distantes e, por mais que critique e aponte defeitos, é muito distante da nossa realidade. O Sistema Mulçumano tem como fonte principal do sistema jurídico o Alcorão. Dentro dele, não há diferença entre o que é norma jurídica e norma religiosa. Porém, isso, em nenhum país, é tomado de forma absoluta, pois o alcorão e suas interpreta ções não é capaz de compreender toda a realidade da população. Então, se divide de forma que os assuntos do interesse público , como exemplo da forma de governo, funciona dentro de um caráter Laico e os assuntos do direito privado, principalmente os do Direito de Família, são trabalhados pelo Alcorão. Porém, a força dada ao Alcorão depende do Estado. No egito, há maior número de assuntos regulamentados pelo direito laico do que no afeganistão. Porém, essa divisão é característica dos sistemas religiosos. O alcorão, atualmente, é muito mais um livro simbólico que fonte de direito própriamente dita pois, assim como no direito hebraico, com o Torá, o alcorão é fonte sagrada e simbólica mas, o que realmente é consultado pelos juristas são as interpre tações dos "doutores da lei" sobre o Alcorão, chamada de Idjma. Os do extremo oriente são vistos como os exemplos da China e Japão. Em ambos, temos uma característica tradicional muito mar cante. Cada um deles vai sofrer um processo histórico diferente. Na China, além da influência religiosa, teremos a chegada do comunismo. Temos, segundo David, no sistema jurídico Chinês a fusão do comunismo com as tradições locais, sendo que o comu nismo é diferente do soviético. Já no Japão, é visto, segundo David, uma grande ocidentalização, resultando em um sistema jurídico fundido pelas tradições japonesas com as outras regras ocidentais. Nossos estudos desses dois sistemas jurídicos são muito pequenos. Para entendermos, de fato, como é o sistema jurídico japo nês e chinês, precisamos analisar suas transformações históricas. O direito Hindu é considerado diferente por conta das Castas. Para estudá-lo, o primeiro elemento estudado é o código de Manu, porém, não o estudaremos a fundo. O sistema de castas hoje já é duramente questionado. Ele resiste pois é muito tradi cional, em lugares mais remotos e conservadores, ele ainda existe. Por último, temos os sistemas africanos. Os sistemas jurídicos de boa parte desses países são sistemas em construção por serem muito novos. Sua características gerais são tentativas de renascer suas tradições locais, tendo em vista seu longo período de dominação. A partir de suas independências, seu desafio era reconstruir as raízes locais pelo sistema jurídico novo. Porém, ainda não conseguiram construir um sistema jurídico muito diferente dos deixados por seus colonizadores.