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1042446 I U I'HJr\yI"\U U .r.lv" I. BIBLIOTECA CENTRAL CUIAsA· MT 13 Anatomia e fisiologia do intestino delga Pontos essenciais: - Subdivisões anatômicas; - Diferenciação intra-operatória entre o jejuno e o íleo; - Relações anatômicas do duodeno. 1. Anatomia A - Subdivisões e limites o intestino delgado tem início no piloro e se estende até o ceco, tendo, em média, 4 a 6m de comprimento no adulto. O duodeno tem início no piloro gastroduodenal e termina na flexura duodenojejunal, onde está fixado pelo ligamento suspensor (ângulo ou ligamento de Treitz). É subdividido em 4 porções; a 1ª (também chamada de superior) é a mais mó- vel delas. Essa porção mede, aproximadamente, Sem, sendo sua 1ª metade móvel e com um mesentério (o omento maior e o ligamento hepatoduodenal são fixados a essa parte) e a 2ª metade fixa à parede posterior. Suas principais relações anatômicas são: o lobo quadrado do fígado e a vesícula bi- liar (anteriormente); o dueto colédoco, a veia cava inferior e a artéria gastroduodenal (posteriormente); colo do pâncreas (inferiormente). A 2ª porção é retroperitoneal e é chamada de descen- dente, localizando-se à (lÚreita das vértebras L1 a L3. É nessa porção que o dueto col~dOCO e o dueto pancreático principal desembocam, formando a ampola hepatopancreática (ampo- la de Vater). As suas principais relações anatômicas são com a cabeça do pâncreas (medialmente) e hilo renal direito (pos- teriormente). A 3ª porção (horizontal) passa anteriormente à vértebra L3, sendo retroperitoneal e tendo como principais relações anatômicas a veia cava inferior, a aorta e a veia mesentérica inferior (todas passando posteriormente). Finalmente, a 4ª porção duodenal (ascendente) é curta, retroperitoneal, fixada pelo já citado ligamento de Treitz, mais ou menos na topografia de L2. Suas principais relações anatômicas são a raiz do mesentério (anteriormente), múscu- lo psoas maior esquerdo e aorta (posteriormente). O jejuno tem início no ângulo de Treitz e não há uma de- marcação clara entre ele e o íleo, sendo este maior que aque- le (normalmente, 60% do comprimento do delgado é ileal). Uma das diferenças intra-operatórias entre eles é a espessura da parede, maior no jejuno proximal e diminuindo distalmen- te, sendo bastante delgada no íleo distal, O jejuno e o íleo constituem a porção mesentérica e mó- vel do intestino delgado. Começam ao nível da flexura duode- nojejunal e terminam ao nível da fossa ilíaca direita, onde se estabelece a continuidade com o intestino grosso. B - Irrigação O principal suprimento sangüíneo do duodeno é feito pelas artérias pancreatoduodenais superior (ramo da artéria gastroduodenal) e inferior (ramo da artéria mesentérica su- perior). Portanto, as artérias que irrigam o duodeno vêm do tronco celíaco. O suprimento arterial para o jejuno e o íleo deriva da ar- téria mesentérica superior. Os ramos dentro do mesentério anastomosam-se para formar arcadas, e pequenas artérias "retas" nascem dessas arcadas para penetrar na borda me- sentérica do intestino. Assim, a borda mesentérica é mais su- prida que a antimesentérica, e esta é mais suscetível a isque- mias em caso de fluxo sangüíneo comprometido. Uma importante diferenciação intra-operatória é que, no jejuno, o mesentério forma apenas 1 ou 2 arcadas, com longos vasos retos, enquanto, no íleo, os vasos mesentéricos formam múltiplas arcadas com vasos retos curtos. 1---- Vasos retos Figura 1-Suprimento sangüíneo do jejuno e do íleo c -Drenagens venosa e linfática A drenagem venosa é paralela à arterial, sendo feita atra- vés da veia mesentérica superior. A drenagem linfática é realizada tanto pelos numerosos linfonodos submucosos das placas de Pever (mais nume- rosos no íleo distal) quanto pelos duetos linfáticos dentro do mesentério, que, em última análise, drenam através de linfonodos regionais e terminam na cisterna do quilo. A dre- nagem linfática desempenha um papel importante para o transporte de lipídios absorvidos na circulação, assim como para a defesa imunológica e para a disseminação de células cancerígenas. D - Camadas da parede intestinal A mucosa do delgado tem, como principal função, a absor- ção. A superfície de absorção da mucosa é multiplicada através de pregas mucosas circulares, que, por sua vez, multiplicam sua superfície pela presença das vilosidades, as quais contêm microvilosidades que multiplicam em 30 vezes a superfície de absorção, sendo a área total de absorção estimada em torno de 500m2• As células da mucosa têm rápida e constante dife- renciação e são substituídas a cada 6 dias, aproximadamente. A submucosa é uma camada fibroelástica que contém vasos e nervos (plexos de Meissner), e é a principal respon- sável pelo suprimento sangüíneo das anastomoses cirúrgicas (portanto, seja qual for a técnica utilizada, as suturas sempre devem envolver a submucosa). iMedcel A camada muscular é subdividida em longitudinal externa e circular interna, e, entre ambas, localizam-se os plexos mio- entéricos de Auerbach. Por fim, a serosa é a camada mais externa, sendo derivada embriologicamente do peritônio. 2. Fisiologia A - Motilidade Os alimentos são propelidos através do intestino del- gado por uma série complexa de contrações musculares. A musculatura lisa do intestino sofre ciclicamente oscilações espontâneas do potencial de membrana, como um ritmo de marca-passo, com origem no duodeno (por isso, a freqüência diminui progressivamente do duodeno para o íleo). Há 2 tipos básicos de contrações: a chamada estacionária (ou não-propagada), que provoca a segmentação, a qual mis- tura o quimo aos sucos digestivos e expõe repetidamente a mistura à superfície de absorção; e a peristáltica (propagada), movimento propulsivo curto e fraco que migra a, aproxima- damente, 1cm/segundo por uma distância de 10 a lScm, an- tes de diminuir. O tempo de trânsito médio de uma refeição sólida é de 4 horas da boca ao cólon. O plexo mioentérico é responsável, principalmente, pela atividade peristáltica, enquanto o submucoso regula a secre- ção e a absorção. As contrações são estimuladas pelo parassimpático e ini- bidas pelo simpático. B - Absorção A água é absorvida por todo o intestino delgado, mas principalmente em sua porção proximal, e o mecanismo é passivo. Eletrólitos também são absorvidos, sendo o potássio por di- fusão passiva, e o sódio, o cálcio (no jejuno distal) e o ferro (prin- cipalmente no duodeno e jejuno proximal) por transporte ativo. Os lipídios, insolúveis em água, sofrem ação da lipase e aca- bam sendo absorvidos com eficiência na presença de ácidos biliares, formando as micelas. Estas liberam monoglicerídeos e ácidos graxos para penetrarem nas células epiteliais, onde são ressintetizados e liberados na linfa como quilomícrons. Os carboidratos são inicialmente digeridos pela amilase sa- livar e, posteriormente, pela amilase pancreática. Sua absorção é feita, principalmente, pelo duodeno e jejuno proximal. As proteínas, inicialmente desnaturadas e digeridas no estômago, no intestino são digeridas por proteases pancreá- ticas, que as transformam em aminoácidos ativamente absor- vidos nos 100cm proximais do jejuno. Por fim, algumas vitaminas também são absorvidas no delgado, entre elas as lipossolúveis (A, D, E e K) e a vitamina B12 (em complexo com o fator intrínseco secretado pela mu- cosa gástrica). Todas elas são absorvidas no íleo distal, assim como a vitamina C a tiamina e o ácido fólico.