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Negócios jurídicos 
Ahyrton Lourenço Neto*
Interpretação dos negócios jurídicos 
Como as leis, os contratos devem ser interpretados, pois suas cláusulas 
nem sempre são muito claras.
Em regra, a manifestação da vontade das pessoas perfaz-se de forma es-
crita no contrato, mas, quando há obscuridade que leva à dúvida na inten-
ção das pessoas, o atual Código Civil disciplina que se deve prevalecer a real 
intenção da vontade das partes sobre o que foi escrito.
Prestigia o Código Civil no tocante à interpretação a boa-fé, os usos e os 
costumes de cada região. Dessa forma, a boa-fé é presumida e a má-fé deve 
ser provada.
Além disso, observa o legislador civilista que os negócios jurídicos bené-
ficos, como a doação pura e a renúncia, devem ser interpretados de forma 
estrita.
CC,
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada 
do que ao sentido literal da linguagem.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do 
lugar de sua celebração.
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.
Dispositivos sobre interpretação 
Contrato de adesão – cláusulas ambíguas – interpretação mais favorá- �
vel ao aderente.
CC,
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, 
dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
* Professor de Direito Civil, 
Direito do Consumidor e 
Direito Internacional Pú-
blico, ministrando aulas 
presenciais e telepre-
senciais. Especialista em 
Administração Tributária, 
pela Universidade Castelo 
Branco (UCB). Graduado 
em Direito, pela Pontifí-
cia Universidade Cató-
lica do Paraná (PUCPR). 
Advogado.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., 
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Negócios jurídicos
123123
Transação � 1 – interpretação restritiva.
CC,
Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se 
declaram ou reconhecem direitos.
Fiança – não admite interpretação extensiva. �
CC,
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não admite interpretação extensiva.
Testamento – interpretações diferentes – prevalece a vontade do tes- �
tador.
CC,
Art. 1.899. Quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, 
prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador.
Consumidor – CDC – prevalece a cláusula mais favorável ao consumidor. �
CDC,
Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao 
consumidor.
Elementos essenciais gerais 
e particulares e elementos acidentais 
Os elementos essenciais são imprescindíveis à existência do negócio jurí-
dico, sem os quais os negócios jurídicos ficam sem substância, dividindo-se 
em:
gerais – � quando são comuns à generalidade dos negócios jurídicos – 
objeto lícito, possível e determinável; capacidade e vontade das partes;
particulares – quando a lei exige para a consecução de um negócio �
jurídico determinado uma formalidade ou uma forma especial.
Os elementos acidentais são estipulações de cláusulas acessórias que as 
partes podem adicionar em seus negócios jurídicos, para modificar uma ou 
mais de suas consequências naturais, tais como condição, termo ou encargo 
(modo).
1 Art. 840. É lícito aos in-
teressados prevenirem ou 
terminarem o litígio me-
diante concessões mútuas.
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Negócios jurídicos
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Elementos essenciais gerais 
Todos os negócios jurídicos devem ter:
Capacidade
Objeto lícito, 
possível e 
determinado
Vontade livre, 
consciente e 
de boa-fé
Negócios 
jurídicos
CC,
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
[...]
Capacidade do agente 
A capacidade do agente é elemento essencial para a validade dos negó-
cios jurídicos, pois sem ela a pessoa não pode expressar a sua vontade de 
forma livre.
A incapacidade absoluta acarreta, de per si, a nulidade do negócio jurídico.
CC,
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
[...]
Contudo, a incapacidade relativa somente pode ser invocada pelo pró-
prio incapaz ou por seu representante legal, ou se o objeto do direito ou da 
obrigação, proveniente do negócio jurídico, for indivisível, diante da impos-
sibilidade de separar o interesse dos contratantes.
CC,
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra 
em benefício próprio, nem aproveita aos cointeressados capazes, salvo se, neste caso, for 
indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.
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Negócios jurídicos
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A lei brasileira permite três formas de representação.
Legal � – pessoas a quem a norma jurídica confere poderes para admi-
nistrar bens alheios – exemplos: pais, em relação aos filhos menores; tu-
tores, quanto aos pupilos; e curadores, quanto aos curatelados.
Judiciais � – os nomeados pelo magistrado para exercer certo cargo no 
foro ou no processo – exemplos: curador de herança jacente2; adminis-
trador judicial da massa falida.
Convencionais � – as pessoas que são nomeadas por vontade expressa 
ou tácita, escrita ou verbal, daquele que será representado – exemplo: 
procuradores em contrato de mandato.
CC,
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado.
Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes, 
produz efeitos em relação ao representado.
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o 
representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo.
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o negócio 
realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos.
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em nome do 
representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de, não o fazendo, 
responder pelos atos que a estes excederem.
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses 
com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele 
tratou.
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da cessação 
da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação prevista neste artigo.
Art. 120. Os requisitos e os efeitos da representação legal são os estabelecidos nas normas 
respectivas; os da representação voluntária são os da Parte Especial deste Código.
Lembrando
A capacidade não pode ser confundida com legitimação, pois em 
alguns casos a pessoa pode ser capaz para o exercício de um ato da vida 
civil, mas para poder executá-lo necessita de legitimação (aptidão para a 
prática de determinado ato). Por exemplo: venda de ascendente para 
descendente (CC, art. 496)3.
3 Art. 496. É anulável a 
venda de ascendente a des-
cendente, salvo se os outros 
descendentes e o cônjuge 
do alienante expressamen-
te houverem consentido.
2 Art. 1.819. Falecendo 
alguém sem deixar tes-
tamento nem herdeiro 
legítimo notoriamente co- 
nhecido, os bens da he-
rança, depois de arrecada-
dos, ficarão sob a guarda 
e administração de um 
curador, até a sua entrega 
ao sucessor devidamente 
habilitado ou à declaração 
de sua vacância.
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Negócios jurídicos
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Objeto lícito, possível
e determinável 
Outro elemento essencial para a existência dos negócios jurídicos é frente 
ao objeto.
O objeto deve ser lícito, ou seja, conforme a lei, não sendo contrário aos 
bons costumes, à ordem pública e à moral, caso contrário o negócio jurídico 
será nulo.
O objeto também dever ser, física ou juridicamente, possível, caso seja 
absolutamente impossível, o negócio será nulo – exemplos: venda de heran-
ça de pessoa viva (CC, art. 426); compra e venda de terreno na Lua.
Caso haja impossibilidade relativa – possibilidade de realização por 
alguma pessoa –, o negócio não será nulo.
CC,
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, 
ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.
O objeto determinado é o objeto descrito de forma clara, admitindo a 
legislação que o objeto seja determinável, bastando a indicação de gênero e 
quantidade, que será determinada pela escolha. Admite-se também a venda 
alternativa, nesses casos, a indeterminação cessa com a concentração.
CC,
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.
[...]
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se 
estipulou.
Vontade livre e consciente 
Para a consubstanciação dos negócios jurídicos, é indubitável a manifes-
tação da vontade, exercendo papel preponderante.
É necessária uma manifestação de vontade livre, consciente e de boa-fé, 
não podendo conter vícios do consentimento, nem negocial, sob pena de 
nulidade do negócio jurídico.
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Negócios jurídicos
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CC,
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão 
quando a lei expressamente a exigir.
A manifestação da vontade pode ser expressa ou tácita, desde que o ne-
gócio, em virtude de sua natureza, não exija forma expressa.
CC,
Art. 432. Se o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa, ou o 
proponente a tiver dispensado, reputar-se-á concluído o contrato, não chegando a tempo 
a recusa.
O silêncio pode ser forma de manifestação da vontade, exceto quando a 
lei exigir manifestação expressa e, nessas hipóteses, o silêncio não significará 
vontade.
CC,
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, 
e não for necessária a declaração de vontade expressa.
Por exemplo, na doação pura:
CC,
Art. 539. O doador pode fixar prazo ao donatário, para declarar se aceita ou não a 
liberalidade. Desde que o donatário, ciente do prazo, não faça, dentro dele, a declaração, 
entender-se-á que aceitou, se a doação não for sujeita a encargo.
A grande maioria das manifestações de vontade são receptícias, princi-
palmente na esfera obrigacional, mas existem manifestações de vontade 
não receptícias.
Elementos essenciais particulares 
São solenidades exigidas pela lei ou pela vontade das partes como condi-
ção necessária para a existência do negócio jurídico.
Alguns negócios jurídicos, nos termos da legislação, exigem ainda, para 
que opere a sua validade, uma forma prescrita ou não defesa em lei.
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
[...]
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
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Negócios jurídicos
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A forma é o meio pelo qual se externa a manifestação da vontade nos 
negócios jurídicos (LIMONGI FRANÇA, 1977, p. 192).
A regra civilista brasileira inspira-se na forma livre, devendo as partes ob-
servarem forma específica apenas quando a lei assim determinar:
Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão 
quando a lei expressamente a exigir.
Caso o negócio jurídico não esteja revestido das formalidades ou soleni-
dades determinadas pela lei, serão nulos.
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
[...]
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
[...]
Forma livre ou geral
Quando a lei não disciplina formas diversas, a vontade pode perfazer-se 
de qualquer forma, inclusive escrita, verbal, mímica, gestos e mesmo o silên-
cio, que terão a mesma validade que uma manifestação expressa.
Por exemplo:
CC,
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno 
valor, se lhe seguir incontinenti a tradição.
[...]
Art. 656. O mandato pode ser expresso ou tácito, verbal ou escrito.
Forma especial ou solene
É o conjunto de solenidades que a norma elege para dar validade para 
um determinado negócio jurídico.
Forma única � – é a forma determinada pela lei como exclusiva para a va-
lidade de certos negócios jurídicos – exigência de escritura pública para: 
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Negócios jurídicos
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pactos antenupciais; contratos constitutivos, translativos, modificativos ou 
renunciativos de direitos reais sobre imóveis, de valor superior a 30 vezes o 
maior salário mínimo vigente no país; constituição de bem de família; alie-
nação e hipoteca de embarcações de navegação em alto-mar etc.
Forma plural ou múltipla � – quando a norma estabelece a formaliza-
ção do negócio jurídico de várias formas, podendo a parte optar por 
qual deseje – reconhecimento de filho havido fora do matrimônio (no 
termo do nascimento, escritura pública ou particular, por testamento, 
manifestação expressa e direta para o juiz); transação (termo nos autos, 
escritura pública ou particular); partilha amigável com herdeiros capazes 
e sem testamento (pode ser feita em cartório, termo nos autos ou escrito 
particular homologado pelo juiz) etc.
Forma genérica – � uma solenidade geral imposta pela norma – em-
preitada necessita de instruções escritas (CC, art. 619); benfeitorias ne-
cessárias e úteis, autorizadas pelo locador, gozam de direito de retenção 
pelo locatário, salvo disposição em contrário (CC, art. 578) – a autorização 
pode ser feita por escrito ou verbalmente, desde que seja inequívoco (STF, 
súmula 158).
CC,
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos 
negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de 
direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente 
no País.
Forma contratual
As partes podem livremente estabelecer no contrato formas para a mate-
rialização do negócio jurídico, desde que a lei não determine uma forma.
CC,
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento 
público, este é da substância do ato.
Reserva mental 
A reserva mental subsiste quando um dos declarantes oculta a sua verda-
deira intenção, “enganando” a outra parte.
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Negócios jurídicos
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A lei brasileira determina que se a outra parte não tinha conhecimento da 
reserva mental, o negócio é válido como acordado e não como imaginado 
pela parte que reservou mentalmente, pois o que se passa na mente do de-
clarante e não foi expressado é irrelevante para o mundo jurídico.
CC,
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva 
mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento.
Elementos acidentais 
As cláusulas estabelecidas pelas partes nos negócios jurídicos, com o ob-
jetivo de modificar algumas consequências
naturais, são denominadas de 
elementos acidentais.
O objetivo dos elementos acidentais é modificar os efeitos normais do 
negócio jurídico, restringindo no tempo ou retardando o seu nascimento ou 
exigibilidade, e são classificadas em condição, termo ou encargo.
São utilizados nos contratos e testamentos, mas existem situações que 
não comportam os elementos acidentais4: casamento (condição ou termo); 
emancipação (condição); reconhecimento de filho (condição, termo ou encar-
go) etc.
Condição 
A condição é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico a 
evento futuro e incerto, derivando exclusivamente da vontade das partes.
Um negócio jurídico terá condição quando seu efeito ficar subordinado a 
uma situação futura e incerta, por exemplo, na compra e venda de um imóvel 
em prestações, caso o vendedor ganhe na loteria, dará quitação ao comprador, 
não importando quantas parcelas foram pagas.
CC,
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das 
partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
As condições podem ser classificadas:
4 Porque, eventualmente, 
pode ocorrer uma eman-
cipação com termo, um 
casamento com encargo 
etc.
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Negócios jurídicos
131131
Quanto à possibilidade
Podem ser classificadas como possíveis e impossíveis.
As possíveis são as condições que física ou juridicamente podem ser 
executadas.
Impossíveis são as condições que física ou juridicamente não se podem 
executar, tal como condicionar a venda de um bem à ida ao Sol ou negociar 
herança de pessoa viva.
Caso as condições físicas ou juridicamente impossíveis constituam con-
dições resolutivas ou suspensivas, serão consideradas inexistentes, assim 
como as contraditórias e as cláusulas que estabelecem condições ilícitas, ou 
de fazer coisas ilícitas.
CC,
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas, e as de 
não fazer coisa impossível.
Quanto à licitude
As partes podem estabelecer qualquer condição que não seja proibida 
em lei, contrária à ordem pública ou aos bons costumes. Sendo ainda proibi-
da a condição que priva todo o efeito do negócio jurídico ou esteja no puro 
arbítrio de uma das partes.
CC,
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou 
aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito 
o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.
Não se podem estabelecer condições ilícitas, tais como: recompensa se 
a pessoa viver em concubinato, entregar-se à prostituição, furtar certo bem; 
se casado, dispensar os deveres de coabitação e fidelidade mútua; mudar de 
religião, sair do emprego etc.
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Negócios jurídicos
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No caso de casamento, é ilícita se exigir situação absoluta – exemplos: 
proibido casar ou necessário manter a condição de viúva – mas se for relativa, 
é permitida – exemplo: proibido casar com certa pessoa.
Quanto à natureza
Legais � – serão condições necessárias se for inerente da natureza do ne-
gócio jurídico, não sendo classificada como uma condição tecnicamen-
te – exemplo: somente vende um imóvel se for com escritura pública.
Voluntárias � – são as condições que derivam da vontade das partes, 
são as condições autênticas.
Quanto à participação dos sujeitos
Casual � – se o evento depender de caso fortuito ou força maior – exem-
plos: chuva, eclipse, neve etc.
Potestativa � – se decorrer da vontade de apenas uma das partes:
puramente potestativa � – se decorrer do arbítrio ou capricho de uma 
das partes, sem influência de qualquer fator externo – exemplo:“dou 
tal coisa se eu quiser” – proibida, CC, art. 122, última parte;
simplesmente potestativa � – dependem de certo ato ou circuns-
tância – exemplo: ”dou uma soma em dinheiro a um piloto de corrida 
se ele chegar à Fórmula 1” – são admitidas pela legislação brasileira 
porque não dependem exclusivamente de um capricho, e sim de 
fatores externos.
Mistas � – dependem simultaneamente da vontade de uma das partes e 
de terceiro – exemplo: “dar-te-ei uma casa se casares com fulana”.
Promíscuas � – são as condições que de início são simplesmente potes-
tativas, mas surge um fato externo, alheio, que torna a execução difícil 
ou impossível – exemplo: “dou-te um carro se jogar a próxima tempora-
da de tênis.” No meio da temporada atual o jogador machuca as costas, 
o que o impossibilita de jogar a próxima temporada.
Quanto ao modo de atuação
Suspensiva � – estabelece-se a condição e o ato não acontece até que a 
condição futura e incerta seja realizada – exemplo: “darei uma viagem 
à Disney se tirar nota máxima em todas as provas”.
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Negócios jurídicos
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CC,
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto 
esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Caso uma parte estabeleça uma condição suspensiva sobre um bem, e 
enquanto estiver pendente a realização do ato, realizar negócio com outra 
pessoa sobre o bem, caso o novo negócio seja incompatível com o encargo, 
o novo negócio será nulo.
CC,
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, 
fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com 
ela forem incompatíveis.
Resolutiva � – será a condição que, caso ocorra, extingue o negócio jurí-
dico praticado – exemplo: “doação de um bem com condição resolutiva 
de que se casar com tal pessoa a doação se desfaz e o beneficiário casa-
-se com a pessoa, extingue-se a doação”. Contudo, salvo disposição em 
contrário, a extinção do negócio jurídico não atinge os atos praticados 
durante a liberalidade, por exemplo, os aluguéis pagos ao possuidor du-
rante a não materialização da condição resolutiva.
CC,
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio 
jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a 
que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua 
realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, 
desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames 
de boa-fé.
Caso a condição estabelecida não seja cumprida porque maliciosamen-
te o beneficiário manipula para não acontecer, entender-se-á cumprida; ou, 
caso dolosamente se manipule certa situação para preencher a condição, 
entender-se-á não cumprida.
CC,
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for 
maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, 
não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o 
seu implemento.
O beneficiário de direitos, nas hipóteses de condição suspensiva ou �
resolutiva, pode praticar os atos de conservação da coisa.
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133
Negócios jurídicos
133
CC,
Art. 130. Ao titular do direito eventual,
nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é 
permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.
Termo 
O termo é uma data predeterminada pela parte para que inicie ou termi-
ne a eficácia de um negócio jurídico.
O termo é um elemento acidental, estabelecido pelas partes, que condi-
ciona a eficácia do negócio jurídico a um evento futuro e certo.
Importante
Pode ou não ter data certa no calendário para começar ou terminar, pois 
o que importa é se o evento é certo ou não, como, por exemplo, “herda-se 
esse bem quando o ascendente morrer”; a morte será um evento certo, 
mas ninguém saberá a data do calendário em que o evento acontecerá.
O termo pode ser:
de direito � – estabelecido pela lei;
de graça � – dilação de prazo ao devedor, estabelecido pelo magistrado 
ou parte;
inicial ou suspensivo � (dies a quo) – quando é fixada a data em que 
o negócio jurídico deve começar o seu exercício do direito, mas a sua 
aquisição opera-se na data da celebração – exemplo: contrato de loca-
ção de imóvel, celebrado no dia 25, para início da locação no 1.º dia do 
mês subsequente.
CC,
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
Final, peremptório ou resolutivo ( � dies ad quem) – data fixada pe-
las partes para terminar os efeitos do negócio jurídico, extinguindo as 
obrigações dele oriundas – exemplo: contrato de locação com prazo de 
duração de um ano.
Diante da semelhança entre o termo inicial e final com as condições sus-
pensivas e resolutivas, aplicam-se as regras das condições aos termos, no 
que couber.
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Negócios jurídicos
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CC,
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à 
condição suspensiva e resolutiva.
Importante
Não se pode confundir termo com prazo. Termo é uma data futura e 
certa. Prazo é um lapso de tempo, um intervalo temporal entre o dies a 
quo e o dies ad quem.
CC,
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, 
excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento.
§1.º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o 
seguinte dia útil.
§2.º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§3.º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no 
imediato, se faltar exata correspondência.
§4.º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em 
proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, 
resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes.
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se 
a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
Encargo ou modo 
O modo ou encargo é um elemento acidental acessório que impõe um 
ônus ou uma obrigação à pessoa natural ou jurídica, que seja beneficiada 
por, em regra, uma doação, um testamento, por uma promessa de recom-
pensa ou em outras declarações unilaterais.
É a hipótese de que a pessoa recebe em doação um terreno, mas possui 
o encargo de construir um orfanato ou cuidar de uma determinada pessoa, 
animal de estimação ou coisa.
O encargo não suspende a aquisição nem o exercício de um direito, salvo se 
estiver expressamente determinado no negócio jurídico como condição sus-
pensiva. Dessa forma, aberta a sucessão, o herdeiro logo tem a posse e a transmis-
são do bem, mas deve cumprir o encargo para não perder a liberalidade.
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Negócios jurídicos
135
CC,
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo 
quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição 
suspensiva.
Exemplo:
CC,
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício 
do doador, de terceiro, ou do interesse geral.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigir 
sua execução, depois da morte do doador, se este não tiver feito.
Caso o encargo seja considerado ilícito ou impossível, a lei considera que 
não foi escrito, persistindo o negócio jurídico. Contudo, se o encargo ilícito 
for o motivo da liberalidade, invalida o negócio jurídico – exemplo: deixa-se 
uma casa com o encargo de montar um prostíbulo.
CC,
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o 
motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
Resolução de questão
1. (Esaf ) “A” constitui uma renda em favor de “B”, enquanto este estiver estu-
dando. Trata-se de negócio que contém:
a) condição resolutiva.
b) encargo.
c) condição necessária.
d) condição contraditória.
e) condição suspensiva.
 Assertivas:
a) Condição resolutiva – elemento acidental de um negócio jurídico 
que estabelecido exclusivamente pela vontade da parte condiciona 
esse negócio a um evento futuro e incerto, no qual quando ocorrer 
extingue, resolve, o negócio jurídico. Certa.
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Negócios jurídicos
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b) Encargo – o modo ou encargo é um elemento acidental acessório 
que impõe um ônus ou uma obrigação à pessoa natural ou jurídica, 
que seja beneficiada por, em regra, uma doação, um testamento, por 
uma promessa de recompensa ou em outras declarações unilaterais. 
Errada.
c) Condição necessária – serão condições necessárias se for inerente 
da natureza do negócio jurídico, não sendo classificada como uma 
condição tecnicamente – exemplo: somente vende um imóvel se for 
com escritura pública. Errada.
d) Condição contraditória – também denominada de condições per-
plexas, são as condições que privam os efeitos do negócio jurídico 
a que estão subordinadas, por isso são nulas. Exemplo: fulano doa a 
casa para seu afilhado, com a condição de que a filha de fulano fique 
com a propriedade. Errada.
e) Condição suspensiva – elemento acidental de um negócio jurídico que, 
estabelecido exclusivamente pela vontade da parte, condiciona esse ne-
gócio a um evento futuro e incerto, no qual, enquanto não ocorrer a con-
dição, o negócio jurídico a que ela se subordina fica suspenso. Errada.
 Solução: A
Atividades de aplicação
1. (Esaf ) Assinale a opção correta.
a) Na condição suspensiva, a ocorrência do acontecimento futuro e in-
certo produz efeitos ex nunc.
b) Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se o direito que a ela se 
opõe.
c) Enquanto não ocorrer o fato previsto como condição resolutiva apos-
ta no contrato, o negócio jurídico não operará efeitos.
d) Pendente a condição resolutiva não haverá direito adquirido, mas ex-
pectativa de direito ou direito eventual.
e) A condição suspensiva subordina a eficácia do negócio a um evento 
futuro e certo.
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Negócios jurídicos
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2. (Esaf ) A doação de um apartamento a João, jogador de golfe, se ele tiver 
bom desempenho no PGA Tour, circuito anual, com cerca de 45 torneios 
masculinos de golfe, é negócio jurídico que contém condição:
a) simplesmente potestativa.
b) puramente potestativa.
c) ilícita.
d) perplexa.
e) resolutiva.
Dica de estudo
Muita atenção nas condições, em especial nas resolutivas e suspensivas, 
pois as provas normalmente vêm com exemplos, e o aluno tem que enqua-
drar a teoria no exemplo prático.
Referências
DINIZ,
Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: teoria geral do Direito 
Civil. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 1.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil – parte geral. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 
2003. (Coleção Sinopses Jurídicas).
LIMONGI FRANÇA, R. Forma do Ato Jurídico. São Paulo: Saraiva, 1977. p. 192. 
(Enciclopédia Saraiva do Direito). v. 38.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: parte geral. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003.
Gabarito
1. B
2. A
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