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UFERSA - Aula de Dir. Empresarial ALUNO 2013.2

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UFERSA
Direito Empresarial – 2013.2
Prof. Claudino Carneiro Sales.
Apostila Semestral.
Observações:
1) A apostila foi elaborada com base em doutrina reconhecida do Direito Empresarial, tendo como base principal os seguintes livros: 
a) Manual de Direito Comercial - Direito de Empresa - 25ª Ed. 2013. HYPERLINK "http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/4270048/manual-de-direito-comercial-direito-de-empresa-25-ed-2013/?PAC_ID=18659"��� Coelho, Fábio Ulhoa / SARAIVA.
b) Curso de Direito Comercial - Direito de Empresa - Vols. 1 e 2 - 17ª Ed. 2013. Coelho, Fábio Ulhoa / SARAIVA.
2) A apostila não é obrigatória, pois qualquer livro de Direito Empresarial poderá ser utilizado como fonte de estudo, desde que não seja muito antigo.
3) A apostila é um resumo e não deve ser utilizada como fonte única de estudos.
4) Muitos conteúdos que não estão na apostila serão repassados em sala de aula, portanto a apostila, por si só, não dispensa as anotações de sala de aula.
INÍCIO
Unidade I – O Direito Comercial/Empresarial.
1 – Conceito:
É o ramo do Direito Privado Interno, que se caracteriza como sendo o conjunto de normas destinadas a regular as relações de natureza mercantil, bem como, mais modernamente, as relações de natureza empresarial, por assim dizer, levando-se em conta o advento da Teoria da Empresa.
1.2 – Características do Direito Comercial/Empresarial:
a) Cosmopolitismo: é um direito que extravasa as fronteiras das nações, com a existência de várias regras de caráter internacional.
b) Onerosidade: a atividade tem objetivo de lucro.
c) Simplicidade: é menos formalista, oferece soluções mais simples e mais rápidas que os outros tipos de direito.
d) Elasticidade: tem caráter renovador e dinâmico, face às constantes mutações das relações comerciais.
2 - Origem e evolução histórica do Direito Comercial/Empresarial.
- Na antiguidade já existiam regras elementares de comércio.
- O Código de Hammurabi (2050 A.C.) já trazia regramentos quanto à atividade comercial. 
- Na Roma antiga também já se identificava a existência de normatização de direito comercial marítimo.
- O desenvolvimento maior do Direito Comercial ocorreu na idade média. 
- Motivos para o desenvolvimento do Direito Comercial a partir da idade média:
> Decadência do modelo Feudal de produção;
> Surgimento das grandes cidades com o crescimento do comércio;
> Surgimento da burguesia comerciante, forte e organizada;
> Necessidade de segurança jurídica para o desenvolvimento do comércio.
- Inicialmente as regras de direito comercial – na idade média – eram esparsas e não codificadas.
- O direito aplicável era do tipo consuetudinário.
- Era o período subjetivista do Direito Comercial (1ª Fase), pois funcionava a serviço do comércio. 
- O Juízo Consular teve tanto sucesso e se ampliou tanto, que passou a julgar outros assuntos que não fossem mais estritamente ligados ao comércio e passou a aceitar litígios de não-comerciantes.
- As regras obtiveram tanto sucesso que foram adotadas pelos governos. 
- O Direito Comercial deixou lentamente de ser exclusivo dos comerciantes e do comércio, portanto foi saindo da sua fase subjetiva e passando para a fase objetiva.
- Na fase objetivista (2ª Fase), passa-se a considerar comerciante qualquer pessoa que objetiva ou efetivamente praticasse atos que tradicionalmente eram considerados como atos de comércio.
- Iniciou-se a fase objetivista, com a teoria dos atos de comércio.
- Tentou-se delimitar a matéria de Direito Comercial, diferenciando-a dos de outros ramos.
- O Código Comercial Francês, elaborado por Napoleão Bonaparte – 1807 – adotou a teoria objetivista para regulamentar o comércio, baseando-se na teoria dos atos de comércio.
- O Código Comercial Francês de 1807, seguiu os ideais da Revolução Francesa (1789):
> Liberdade;
> Igualdade;
> Fraternidade.
- Diante dos ideais da Revolução Francesa, não mais se concebia um código destinado a garantir os interesses exclusivamente dos comerciantes.
- Os ideais revolucionários buscavam o fim das corporações de cidadãos, com o objetivo de promover a igualdade e a liberdade profissional de todos.
- O Código de Comércio Francês passou a disciplinar objetivamente os atos de comércio, valendo para toda e qualquer pessoa que os praticasse, e não mais tão somente os comerciantes profissionais e corporativos.
- Em contínuo avanço, o comércio se desenvolveu e a teoria dos atos de comércio (teoria objetivista) foi, aos poucos, sendo substituída por uma nova fase: o subjetivismo moderno (3ª Fase), ou teoria da empresa.
- No início do século XIX, com o grande desenvolvimento do capitalismo, novas figuras surgiram no meio comercial: o empresário e a empresa comercial. 
2.2 – O Direito Comercial/Empresarial no Brasil:
- No período do Brasil-colônia, não existia regramento brasileiro, aplicavam-se as normas de Direito português.
- A construção do Direito Comercial brasileiro somente se iniciou o a independência (1822).
- Por longo período, aplicaram-se ainda as leis estrangeiras no Brasil, por falta de legislação nacional. 
- O Código Comercial brasileiro: 1850. 
- O Novo Código Civil brasileiro (2002) revogou o Código Comercial de 1850, regulamentando a matéria de direito comercial.
3 – Conceito de Comércio.
- É o emprego de atividade econômica destinada a colocar em circulação a riqueza produzida, facilitando as trocas e aproximando o produtor do consumidor.
- O comércio é aquele ramo de produção econômica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposição entre produtores e consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias. 
- É o complexo de atos de intromissão entre o produtor e o consumidor, que exercidos habitualmente com fim de lucros, realizam, promovem ou facilitam a circulação dos produtos da natureza e da indústria, para tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta. 
- Características: 
> Mediação, 
> Fim lucrativo, 
> Habitualidade.
4 – Teoria dos Atos de Comércio X Teoria da Empresa. 
- Teoria dos Atos de Comércio. 
> O Código Comercial francês (1807), foi o grande marco do Direito Mercantil e adotou esta teoria.
> O Código Francês, sob influência do lema da Revolução Francesa, não admitia mais um direito elitista e classista.
> Inovou ao caracterizar de forma objetiva toda a matéria que deveria ser considerada de comércio.
> O Direito Comercial deixa de ser o direito de uma classe profissional e passa a ser o direito de qualquer pessoa que praticasse atos de comércio.
> Não mais importava a qualificação da pessoa como comerciante ou não, mas sim o fato de praticar atos de comércio por quem quer que fosse.
> Esta teoria foi a forma encontrada de retirar os privilégios da classe comerciante, ampliando o alcance do Direito comercial para qualquer indivíduo que praticasse a mercancia.
> Sempre que alguém explorasse atividade econômica que o direito da época considerasse ato de comércio, submeter-se-ia às obrigações do Código Comercial (como a escrituração de livros) e passaria a ter privilégios (como o direito à concordata). 
> Representou também a tentativa de delimitar objetivamente a matéria de interesse do Direito Comercial. 
> Esta teoria teve como ponto fraco a dificuldade de definir claramente quais eram exatamente os atos que eram de comércio separando-os dos demais. 
- Teoria da Empresa.
> Sistema italiano – Código Civil italiano de 1942;
> Com a dificuldade da Teoria dos Atos de Comércio em definir seu objeto, surgiu esta nova teoria para caracterizar a matéria objeto do Direito Comercial.
> Ampliou-se o objeto do Direito Comercial.
> Deixou-se de lado a figura do comerciante, como a pessoa que pratica atos de comércio, passando para o conceito de empresário.
> Empresário: 
Aquele que exercita profissionalmente uma atividade econômica organizada com o fim da produção e/ou da troca de bens e serviços buscando o lucro.
> O Direito Comercial deixa
de cuidar apenas de determinados atos tidos como de comércio e passa a regular a forma específica de produzir e fazer circular bens e serviços: a empresarial.
5 – As Fontes do Direito Comercial/Empresarial:
5.1 – Conceito de fonte do Direito:
- Do latim: fons, que significa nascente ou manancial.
- Fonte: é a origem de alguma coisa. É o local de onde provém.
- Fonte do direito é o ponto de partida do qual se origina o direito. 
- É o estudo da origem e fundamento da norma jurídica.
- Duas são as categorias de fontes do direito:
a) Fontes Materiais (ou de produção):
> São o conjunto de fatores que ocasionam o surgimento de normas, envolvendo fatos e valores.
> São os fatores reais que contribuem para a criação da norma jurídica.
> Incluem-se fatores sociais, psicológicos, econômicos, históricos, políticos etc.
> A principal fonte material do direito é o próprio Estado, entretanto este sofre a influência dos fatores sociais, psicológicos, econômicos etc.
b) Fontes Formais (ou de exteriorização):
> São as maneiras pelas quais o direito se exterioriza e se objetiva.
> As fontes formais se subdividem em a) Primárias e b) Secundárias.
a) As fontes formais primárias:
- As principais fontes formais do direito empresarial são a lei (em sentido amplo) e os contratos. 
- Exemplos: A Constituição Federal, as leis, os decretos, os atos do Poder Executivo, os contratos etc.
b) As fontes formais secundárias:
- As fontes formais secundárias são o costume, a doutrina e a jurisprudência, a analogia e os princípicos gerais do Direito. 
5.2 - Fontes formais primárias em si: 
- A Constituição Federal (artigo 170 e seguintes):
        Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
        I - soberania nacional;
        II - propriedade privada;
        III - função social da propriedade;
        IV - livre concorrência; 
        V - defesa do consumidor; 
        VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;
        VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
        VIII - busca do pleno emprego;
        IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.
        Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.
- Novo Código Civil (Lei 10.406/2002): Título II: Do Direito de Empresa (Inicia-se no artigo 966). 
- Código Comercial, na parte ainda vigente (Lei 556/1850): a parte do comércio marítimo que não foi regulada pelos contratos de transporte e de seguro.
- As leis comerciais especiais. 
- Os contratos.
> Contrato, do latim “contractu”, é trato com. 
> É a combinação de interesses de pessoas sobre determinada coisa. É o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir um Direito.
5.3 – Fontes formais secundárias:
- A Lei de Introdução ao Código Civil em seu art. 4º dispõe: 
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
> A Analogia.
- Definição:
> É uma técnica de integração da norma jurídica ou do ordenamento jurídico, que consiste em aplicar a um caso não previsto em lei, uma outra lei aplicável a casos parecidos.
> É a aplicação de uma regra semelhante para o caso em exame, quando não há um regra específica para ele.
> Já que não há uma lei específica para tratar do caso, aplica-se a lei que mais se aproxime da situação e que se adeque a ele, para que assim, o caso não fique sem solução jurídica por falta da lei ou por lacuna na lei existente.
> O costume: 
“É a prática reiterada em determinada sociedade, de maneira uniforme e contínua, não podendo ser contra a lei e à moral para ser considera fonte do direito”.
- A Lei de Registro Público de Empresa Mercantis e Atividades Afins (8.934/94) determina que os usos e costumes mercantis podem ser assentados em livros especiais nas Juntas comerciais através de processamento específico que poderão ser utilizados por empresários como prova em juízo.
> Os princípios gerais de direito:
“os princípios gerais de direito são enunciações normativas de cunho genérico, que condicionam e norteiam a compreensão do ordenamento jurídico, quer para a sua aplicação, quer para a elaboração de novas normas” (Miguel Reale).
Ex.: p. da igualdade, p. da legalidade, p. da moralidade.
> A jurisprudência.
- É o entendimento dos juízes e tribunais acerca da lei e de sua aplicação aos casos concretos, gerando uma repetição uniforme e constante de uma decisão sempre no mesmo sentido.
> A doutrina.
- É o resultado do estudo de pensadores, juristas e filósofos do Direito sobre fenômenos ligados ao relacionamento e à conduta humana e sua aplicação no campo jurídico.
- São as lições, ensinamentos e descrições explicativas do direito posto, elaboradas pelos mestres e pelos juristas especializados.
6 – Em Resumo:
1ª fase: subjetivista-corporativista:
> Idade média: séc. XII a XVI.
- corporações de ofício.
- direito consuetudinário aplicado só a comerciantes.
- surgimento dos mercados.
- novos institutos: o câmbio, os títulos de crédito, as bolsas de comércio de mercadorias, contratos de seguros.
- surgimento das bolsas de valores: companhias das índias.
2ª fase: período objetivo – séc. XVII e XVIII:
- mercantilismo.
- expansão colonial.
- surgem as codificações pela Europa.
- liberalismo econômico – séc. XIX.
- código francês de comércio – Napoleão – 1807 – França.
- teoria dos atos de comércio.
- 1850, Código Comercial brasileiro. 
3ª fase: direito empresarial:
- Teoria da Empresa – Código Civil italiano – 1942;
- o comerciante é substituído pelo empresário;
- adotada pelo novo CC brasileiro;
Unidade II – A Empresa, o Empresário Comercial e o Estabelecimento Comercial.
1. A Empresa.
> É atividade econômica organizada destinada à produção e circulação de bens e ou de serviços. 
> É toda organização de natureza civil ou mercantil, destinada à exploração, por pessoa física ou jurídica, de qualquer atividade com fins lucrativos. 
1.1. Características:
a) Estrutura organizada: não se atenta mais para o ato de comércio, mas para a estruturação de bens materiais e imateriais, organizados pra a realização, com sucesso, dos objetivos propostos.
b) Atividade profissional: não um ou alguns atos, mas a atividade, isto é, a sucessão contínua de ações para realizar o objeto que motiva a empresa.
c) Patrimônio especificado: os bens materiais e imateriais organizados para a realização do objeto e a atividade com eles realizada são específicos da empresa e deverão ter escrituração própria.
d) Finalidade lucrativa: a atividade realizada com estrutura organizada de bens e procedimentos visa à produção de riquezas apropriáveis, mais especificamente o lucro, ou seja, a remuneração do capital aplicado.
e) Identidade social: a empresa tem um aspecto social ou comunitário, ou seja, uma existência socialmente reconhecida.
1.2. O Registro da Empresa:
- O registro da empresa é obrigatório para permitir sua atuação regular. Ele deve ser feito no Registro Público de Empresas Mercantis (empresário individual ou sociedade empresária).
- O Registro Público de Empresas Mercantis é composto por órgãos de publicidade, possibilitando qualquer pessoa a conhecer tudo o que diz respeito a um empresário individual ou a uma sociedade empresária e pedir certidões, sem ter que provar legitimidade.
- O Registro Público de Empresas Mercantis é, na verdade, um serviço realizado por um conjunto de órgãos públicos organizados, sob forma de sistema, da seguinte forma:
SINREM – Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis é o sistema incumbido de exercer os serviços do Registro Público de Empresas Mercantis, composto por:
> DNRC - Departamento Nacional de Registro do Comércio.
- Que é órgão central do SINREM e integra o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. 
- Função de supervisão, orientação, coordenação e normatização, no plano técnico e função supletiva das Juntas Comerciais dos Estados, no plano administrativo.
> Juntas Comerciais. 
- Órgãos locais com função de execução e administração dos serviços de registro local de empresas mercantis e atividades afins (leiloeiros, tradutores públicos, trapicheiros e administradores de armazéns gerais).
- Existe uma Junta Comercial em cada capital.
- No plano técnico as Juntas subordinam-se ao DNRC e administrativamente ao governo da unidade federativa. 
- Leis que regulam o assunto: 
> Lei de Registros Públicos de Empresas Mercantis (Lei no. 8.934/94); 
> Código Civil (arts. 1.150 a 1.154).
1.2.1. Atos de Registro (Segundo a Lei 8.934/94):
a) O Arquivamento: 
> É o ato através do qual se procede o registro de constituição, alteração, dissolução e extinção de empresas individuais, sociedades empresárias e cooperativas.
> É o depósito de documentos e o registro de atos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis e atividades afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empresas mercantis. 
b) A Matrícula (e seu cancelamento): 
> É o modo pelo qual se procede o registro dos auxiliares do comércio, ou seja, dos leiloeiros, tradutores públicos, intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns gerais.
c) A Autenticação:
> É o reconhecimento oficial da escrituração dos livros mercantis do empresário e dos agentes auxiliares do comércio, feito pela Junta Comercial. 
2. O Empresário.
> O empresário individual ou a sociedade empresarial é o sujeito de direito, é quem exerce a atividade de empresa.
> O empresário individual ou a sociedade empresária podem exercer a atividade de empresa através da indústria, do comércio e/ou da prestação de serviços. 
> É a figura central da empresa, sendo o sujeito que exercita a atividade empresarial, podendo ser tanto pessoa física (empresário individual) como pessoa jurídica (sociedade empresária).
> É a pessoa natural ou jurídica que, profissionalmente, exercita a atividade empresarial.
- No Código Civil:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
2.1. O empresário individual.
- É aquela pessoa natural que, por conta e risco próprios, exerce sozinha a atividade de empresa.
- Observe que o empresário individual, em regra, não é pessoa jurídica, é apenas equiparado à pessoa jurídica, depois de registrado na Junta Comercial.
- Recebe CNPJ diferenciado do CPF.
- A partir de julho de 2011 foi criada a figura no empresário individual de responsabilidade limitada, dotado de personalidade jurídica, e que será abordado mais à frente.
2.2. A sociedade empresária.
- O que é uma sociedade?
> É a união de duas ou mais pessoas, que se combinam no intuito de realizar determinada tarefa ou atividade.
- No Código Civil:
> De acordo com o artigo 981, considera-se contrato de sociedade (empresarial) aquele mediante o qual as pessoas reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, os resultados.
> Observe que nem toda sociedade é empresária, pois há muitos casos em que seu objeto não se identifica como atividade empresarial. 
> A sociedade pode ser empresária, se tiver por objeto a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços ou simples, nos demais casos.
2.3. Requisitos para ser Empresário.
> Código Civil, Art. 972. 
“Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.”
> Mas o que é capacidade civil ou capacidade jurídica? 
- É a aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações e exercer por si ou por outrem os atos da vida civil. Exprime poderes ou faculdades.
- É a capacidade de exercer diretamente os direitos e praticar os atos da vida civil.
- Para o exercício pessoal de direitos é necessário que se tenha capacidade psíquica para entender as situações e fazer opções.
- Nem todos têm idoneidade psíquica para exercer pessoalmente os seus direitos e obrigações. Esta incapacidade pode ocorrer em virtude da pouca idade, da idade elevada, por razões de saúde etc.
- Quando o indivíduo não pode exercer seus direitos e obrigações pessoalmente ele não pode constituir uma empresa na Junta Comercial.
- O Código Civil Brasileiro distingue as pessoas quanto à sua capacidade civil em: 
a) Absolutamente Incapaz.
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
b) Relativamente Incapaz.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
- A capacidade civil dos índios é regulamentada em legislação especial.
- Pródigo: aquele que dilapida o seu próprio patrimônio. O pródigo pode ser impedido de administrar seu patrimônio, entretanto pode praticar os demais atos da vida civil, como casar ou trabalhar.
- Os absolutamente incapazes não conseguem exprimir sua vontade, logo os seus interesses devem ser determinados por um tutor ou curador, que irá representá-lo. 
- Os relativamente incapazes podem exprimir sua vontade, mas recebem o acompanhamento de um assistente, assim, a vontade dele deve ser conjugada com o entendimento e o auxílio da pessoa que exerce a assistência. 
2.4. Aquisição da Capacidade Civil de Fato ou de Exercício.
- Adquire-se a capacidade civil de exercício ou de fato de duas diferentes maneiras:
> com o desaparecimento da causa que gerava a incapacidade, em qualquer momento. 
> ou pela emancipação, no caso de menores.
- O que é emancipação do menor?
> É a situação em que a pessoa menor de 18 anos adquire capacidade jurídica, habilitando-se para todos os atos da vida civil.
- A emancipação do menor ocorre de seis modos diferentes:
1- ao atingir a maioridade.
2- pelo casamento.
3- pelo exercício de emprego público efetivo.
4- pela colação de grau em curso superior.
5- pelo estabelecimento civil ou comercial com economia própria, que permita o autossustento.
6- por concessão do pai, mãe ou juiz, a partir dos dezesseis anos de idade.
2.5. Os impedidos de exercer atividade empresarial como empresários individuais ou controladores. 
> Agentes políticos: 
- Deputados federais e estaduais, senadores, e vereadores não podem ser proprietários, controladores ou diretores de empresas que contratem c/o Poder Público (CF, art. 54, II, a). 
- Presidente, Ministros, Governadores, Secretários e Prefeitos não são proibidos por lei, mas não devem em virtude dos princípios gerais da Adm. Pública. 
> Promotores de Justiça e Juízes, não podem ser controladores nem empresários individuais (CF, art. 128, £ 5º,II,C).
> Servidores públicos não podem ser controladores ou empresários individuais:
- Federais, estaduais e municipais:
- Militares das três Forças Armadas e das Polícias Militares; 
> O leiloeiro;
> O despachante aduaneiro;
> Os médicos, através da atividade de farmácia.
> Os falidos,
enquanto não forem legalmente reabilitados. 
> Os penalmente proibidos:
- Pessoas que exercem ofício dependente de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público, quando condenados por violação dos deveres inerentes sofrem interdição temporária do direito de exercer a atividade. 
Ex.: atividade securitária, financeira, transporte rodoviário de bens, consórcios, vigilância e transp. de valores.
> Os estrangeiros: 
- Atividades de pesquisa e exploração de riquezas minerais, aproveitamento de potencial de energia hidráulica, não naturalizados.
- Os naturalizados há menos de 10 anos, para explorar empresa jornalística, de radiodifusão se sons e imagens.
- Aqueles que têm visto turista não podem ser empresário individual, mas podem ser sócios ou acionistas não controladores.
- Os diplomatas e representantes de países estrangeiros no Brasil, salvo os cônsules honorários.
2.6. O empresário casado.
- Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. (CC, Art. 977).
- Significa que marido e mulher, caso sejam casados no regime de comunhão universal de bens ou de separação obrigatória, não podem criar uma sociedade cujos sócios sejam somente eles dois, assim como não podem criar uma sociedade em que os dois sejam sócios em conjunto com terceiros, na mesma sociedade.
- O impedimento restringe-se aos cônjuges entre si ou de ambos com terceiros em uma mesma sociedade.
- Não proíbe que pessoas casadas nesses regimes de bens, individualmente, contratarem sociedade com terceiros, sem qualquer vínculo entre si.
- Este impedimento não atua sobre marido e mulher casados sob o regime bens de comunhão parcial, participação final dos aquestos ou separação de bens, desde que não obrigatória.
3. O Estabelecimento Comercial/Empresarial: 
> Estabelecimento comercial ou empresarial é o complexo de bens, materiais e imateriais, que o empresário reúne, organiza e usa para exercer atividade econômica comercial organizada.
- O estabelecimento empresarial não é o simples somatório de bens que o compõem, ele é mais do que isso.
- O imóvel faz parte dele, mas também não se confunde com ele. 
- Também chamado de “Fundo de Comércio” ou “Fundo de Empresa” ou “Azienda”.
- No Código Civil:
Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.
- Quando o empresário reúne bens de variada natureza, em função do exercício de uma atividade, ele agrega a esse conjunto de bens uma organização racional que implicará em aumento de seu valor para algo mais do que o simples valor somado de cada bem em separado.
- O Estabelecimento Empresarial é essa disposição racional de bens em vista do exercício de uma atividade econômica.
- Este valor a mais que é adicionado ao valor dos bens, ou seja, este plus, também tem valor econômico ou valor de mercado.
- O Direito Empresarial procura proteger este valor organizacional, desta forma, em caso de desapropriação do imóvel em que mantém seu estabelecimento, ou no caso de sucessão por morte do empresário, este valor deverá ser levado em conta.
- Faz-se a analogia do Estabelecimento Empresarial com uma biblioteca para melhor explicar:
> Uma biblioteca não é apenas um número de livros reunidos ao acaso, mas um conjunto de livros sistematicamente reunidos, dispostos organizadamente, com vista a um fim, que é possibilitar o acesso racional a determinado tipo de informação. Uma biblioteca deveria ter o valor comercial superior ao da simples soma dos preços dos livros que a compõem.
3.1 A Composição do Estabelecimento Empresarial.
> O Estabelecimento Empresarial é composto de bens corpóreos e incorpóreos, sendo considerado um bem móvel, sendo objeto de direitos e o seu titular, sujeito de direitos.
3.1.1 Os bens corpóreos:
- Podem ser móveis ou imóveis;
- Ocupam espaço físico;
- São palpáveis;
- Têm valor econômico.
- Exemplos:
> Máquinas;
> Veículos;
> Prédios;
> Equipamentos de escritório;
> Computadores etc.
3.1.2 Os bens incorpóreos:
- São considerados móveis;
- Não ocupam espaço físico;
- Não têm existência material, física ou corpórea;
- Não são palpáveis;
- Têm valor econômico;
- Podem até ser visualmente perceptíveis, mas não podem ser tocados, a exemplo da marca.
- Exemplos:
> O nome empresarial;
> Marcas e patentes; (Componentes da propriedade industrial).
> Know How; 
> Créditos;
> Contratos; 
> Clientela;
> Aviamento etc.
3.1.2.1 Os bens incorpóreos em si.
a) O nome.
- Identifica o empresário, individual ou sociedade, pois é o nome com que o empresário se apresenta nas Juntas Comerciais, nos órgãos públicos e no comércio.
- É registrado na junta comercial e recebe proteção a partir daí. 
- Não se confunde com a marca, que é um sinal ou expressão identificadora junto ao mercado consumidor nem com o título do estabelecimento. 
- O nome tem a função de identificar o sujeito, diferentemente da marca, que identifica o produto ou serviço.
- É com o nome empresarial que o empresário assume obrigações e adquire direitos.
- Exemplos:
> Determinada empresa comerciante de veículos tem o seguinte nome empresarial: Silveira, Nogueira e Cia. Ltda., que por sua vez comercializa carros da Marca FIAT, cujo título do estabelecimento (ou nome de fantasia) é Itália Autos. 
> O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que denotem atividade não prevista no objeto da sociedade.
> Não são registráveis os nomes empresariais que incluam ou reproduzam, em sua composição, siglas ou denominações de órgãos públicos da administração direta ou indireta e de organismos nacionais e internacionais.
> O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que sejam atentatórias à moral e aos bons costumes.
a.1) Espécies de nome empresarial/comercial:
- O Direito contempla duas espécies de nome comercial, que variam de acordo com a sua estruturação e com a utilização como assinatura da firma ou apenas como identificação.
- As espécies de nomes empresariais são:
I - Firma, que pode ser:
a) Firma Individual ou Razão Individual. 
b) Firma Social ou Razão Social.
II - Denominação.
I - A Firma: 
> Firma é o nome utilizado pelo empresário individual (em regra) e também por alguns tipos específicos de sociedade empresarial. 
> Até a criação do Empresário Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), em 2011, todo empresário individual tinha que utilizar obrigatoriamente o nome do tipo firma, mas o EIRELI pode optar entre firma ou denominação.
> O EIRELI sempre tem que acrescentar esta sigla ao seu nome empresarial, seja ele firma ou denominação.
> A firma só pode ter por base o nome civil do empresário individual ou dos sócios da sociedade empresarial.
> Pode ser seguido ou não do ramo de atividade em que atua. É opcional.
> É a própria assinatura do empresário. 
> O nome da firma será sempre um ou mais nomes civis, completos ou abreviados.
> Se a firma for utilizada por empresário individual, seu prenome pode ser abreviado, mas o nome não pode, podendo ainda ser acrescido de palavra identificadora da atividade. 
- Exemplos: 
- João Cardoso Relojoeiro – ME; 
- J. Cardoso Relojoeiro – ME; 
- João Cardoso – ME.
- J. Cardoso – ME.
- Não pode: J. C. – ME; João C. – ME.; J. C. Relojoeiro – ME; João C. Relojoeiro – ME. 
> Se a firma for utilizada por sociedade empresária, é possível a abreviatura dos nomes (que chamamos vulgarmente de sobrenomes) e até a supressão dos prenomes (que chamamos vulgarmente de nomes).
> O nome da firma não pode coincidir com outros já registrados na Junta Comercial, assim, se o nome do empresário ou sócio for igual ao de outro já registrado, ele terá que fazer uma abreviatura do prenome, ou acrescentar uma designação da sua
atividade a fim de diferenciá-lo. 
> O aditivo "e companhia" ou "& Cia." poderá ser substituído por expressão equivalente, tal como "e filhos" ou "e irmãos", dentre outras. 
II - A Denominação: 
> Denominação é o nome empresarial utilizado pela sociedade anônima e pela cooperativa e, em caráter opcional, pela sociedade limitada e em comandita por ações, bem como pelo empresário individual de responsabilidade limitada – EIRELI.
> A denominação é formada com palavras de uso comum ou vulgar na língua nacional ou estrangeira e ou com expressões de fantasia, com a indicação do objeto da sociedade, podendo também incluir o nome civil do empresário e de seus sócios.
- Exemplos:
- Pezão Calçados S.A.
- Autocar Veículos Ltda.
- A. Silva Cosméticos Ltda. 
> Na denominação quase sempre haverá a indicação do objeto da empresa, podendo ou não usar nomes civis dos sócios e nomes de fantasia. Quase sempre, porque se for uma ME ou EPP haverá dispensa da indicação!
> Repita-se: se for uma EIRELI ou uma sociedade enquadrada como ME ou EPP não precisará indicar o ramo de atividade, sendo facultativo, mesmo quando usar denominação.
> A denominação serve apenas para identificar a empresa, mas não pode ser utilizada como assinatura. 
> O Empresário Individual somente poderá utilizar Denominação se for registrado como Empresário Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI. Caso contrário ele será sempre identificado por Firma, lançando sua própria assinatura civil. 
> O responsável pela sociedade empresarial, bem como o EIRELI que utilize denominação, ao assinar, deverá lançar sua própria assinatura civil sobre o nome empresarial, escrito, impresso ou carimbado, não podendo assinar os termos “Ltda.” ou “e Cia.” ou “S.A.”, por exemplo. 
> O EIRELI sempre tem que acrescentar esta sigla ao seu nome empresarial, seja ele firma ou denominação.
> Observe que na Firma, não é possível a utilização de nomes de fantasia, mas é possível a indicação do objeto da empresa.
> Observe que na Denominação é possível que apareça nem um nome civil de sócio, enquanto na Firma, a base tem que ser de nomes civis, acrescidos ou não do objeto da empresa.
> Se o nome empresarial utilizar expressão de fantasia não poderá se tratar de Firma.
> Mesmo com todas estas exclusões, nem sempre é possível identificar se o nome empresarial é do tipo Firma ou Denominação, somente sendo possível esta verificação na Junta Comercial.
a.2) Quem pode utilizar Firma (Razão) ou Denominação?
> Só podem usar Firma ou Razão:
- O empresário individual de responsabilidade ilimitada, que até 2011 era o único tipo de empresário individual existente (utiliza firma individual ou razão individual);
- A Sociedade em Nome Coletivo;
- A Sociedade em Comandita Simples; 
> Só podem usar Denominação:
- A Sociedade Anônima ou S.A. 
> Podem usar qualquer um dos dois:
- O Empresário Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI.
- A Sociedade por Cotas de Responsabilidade Limitada ou Ltda.; 
- A Sociedade em Comandita Ações;
a.3) A alteração do Nome Empresarial:
I – Alteração Voluntária:
> Livremente, pela vontade dos sócios com mais de 50% do Capital Social, respeitando as regras de formação dos nomes.
II – Alteração Obrigatória:
> Sendo o nome empresarial baseado em nomes civis:
a) Por retirada, exclusão ou morte de sócio cujo nome civil consta no nome empresarial.
- Enquanto não for registrada a alteração na Junta Comercial, o ex-sócio ou o espólio respondem pelas obrigações, pois continuam fazendo parte oficialmente da sociedade.
b) Por alteração da categoria do sócio quanto à sua responsabilidade patrimonial. 
c) Por alienação do estabelecimento: 
- O empresário individual ou a sociedade empresária não podem alienar o seu nome empresarial (CC, art. 1.164). 
- Mas na hipótese de alienação do estabelecimento empresarial, havendo previsão no contrato, o adquirente pode usar o nome do alienante colocado depois do seu.
- Neste caso, o adquirente deverá usar o seu novo nome empresarial, podendo manter o nome anterior, desde que o acrescente ao final do seu, juntamente com a expressão “sucessor de”.
- Ex.: J. Carvalho Veículos Ltda. Sucessor de M. Malta e Cia. Ltda.
> Outras hipóteses aplicáveis a quaisquer nomes empresariais:
a) Transformação do tipo societário:
- A sociedade empresária pode mudar o seu tipo societário, passando, por exemplo, de sociedade limitada para sociedade anônima.
- Se isto ocorrer, seu nome deverá ser modificado para se adaptar à nova forma.
- Enquanto a modificação não for averbada na Junta Comercial ficará sem validade.
b) Lesão a direito de outro empresário:
- O nome empresarial é juridicamente protegido, depois de registrado na Junta Comercial, através do direito de exclusividade de sua utilização. 
- A grande semelhança ou a coincidência de nomes empresariais pode gerar a alteração coercitiva do nome daquele que conseguir registrar nome igual ou semelhante ou de outra empresa, gerando inclusive a possibilidade de ajuizamento de ação de reparação de danos.
a.4) Princípios informadores da composição do nome empresarial: 
> Princípio da Veracidade:
- Proíbe a adoção de nome que veicule informação falsa sobre a empresar e/ou empresário.
- Impõe que a firma seja constituída sob o patronímico (sobrenome) do empresário individual e, quando firma social, sob o patronímico de sócios que a compõem.
- Se o empresário modificar seu nome civil, o nome da empresa também deverá ser modificado, caso faça parte dele. 
- Se o nome civil do empresário não fizer parte do nome empresarial, mas for modificado, não será necessário mudar o nome da empresa, mas ainda assim o contrato social deverá ser atualizado.
- A retirada, expulsão ou morte de sócio de sociedade limitada impõe a alteração da firma, quando o dissidente, expulso ou falecido havia emprestado seu nome civil à composição do nome empresarial.
- O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que indiquem atividade não prevista no objeto social da empresa, ou siglas e denominações de órgãos públicos da administração direta ou indireta e de organismos internacionais. 
- Impede a adoção, pelo empresário individual, de pseudônimo ou de denominação (exceto o EIRELI), porque a utilização de um destes artifícios oculta o nome, prejudicando o interesse de terceiros, fornecedores ou financiadores. 
> Princípio da Novidade:
- Impede a adoção de nome igual ou semelhante ao de outro empresário.
- O primeiro empresário que arquivar firma ou denominação, na Junta Comercial, tem o direito de impedir que outro adote nome igual ou semelhante.
- Os dois princípios se justificam pelo fato de coibirem a concorrência desleal e preservarem a reputação dos empresários junto a fornecedores e financiadores. 
b) O título do estabelecimento. 
- Conceito: 
“Por título do estabelecimento entende-se a designação por que o mesmo se torna conhecido perante o público, conste essa designação de um nome de fantasia, de um termo ou expressão relativa às atividades comerciais do estabelecimento ou mesmo da firma ou denominação do estabelecimento”. 
- É o nome de fantasia, é o apelido pelo qual se conhece o estabelecimento. Nada impede que se use o nome empresarial como título. 
- O título pode ser vendido em separado, se não contiver o patronímico dos sócios. 
- A lei de propriedade industrial não o protege especificamente, só através da responsabilização civil.
- Se o empresário quiser proteger o seu nome de fantasia ou título, deverá registrá-lo no INPI, assim ele passará a ser uma marca registrada. 
c) A Marca. 
- Conceito:
> É o sinal distintivo visualmente perceptível usado para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa, bem como para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas e, ainda, para identificar produtos ou serviços provindos
de membros de determinada comunidade. 
- Identifica os produtos, mercadorias e serviços ao invés do estabelecimento ou da empresa.
- Sua proteção dá-se através do registro no INPI.
- Comparando o Nome Empresarial com a Marca:
- O nome tem proteção no âmbito da UF para toda e qualquer atividade, extensível ao território nacional, se solicitado na Junta. Já a proteção da marca, geralmente só vale para a atividade ou classe de produtos e serviços para a qual foi registrada, mas tem abrangência nacional.
- A marca é registrada no INPI e o nome na Junta Comercial.
- No caso de coincidência entre o nome empresarial de determinada empresa, com a Marca Registrada de outra, o STJ tem entende que a prioridade é da Marca Registrada no INPI, pois este tem abrangência nacional, enquanto as Juntas restringem-se à UF.
- A proteção dada à Marca tem prazo de duração, enquanto a proteção ao nome empresarial dura enquanto a empresa existir.
d) O Ponto Comercial ou Empresarial.
- Conceito:
> É o lugar onde o empresário se estabelece e para o qual a clientela se dirige.
> Constitui um direito abstrato de localização.
> Não se confunde com os demais bens do estabelecimento, pois se o locatário retirar todos os bens por ele instalados, o ponto comercial continuará a existir para os consumidores. 
- O Ponto Comercial pode nascer e se concretizar de duas formas:
a) Quando a empresa se estabelece em imóvel próprio.
b) Quando a empresa se estabelece em imóvel locado (alugado).
- Quando o ponto comercial está localizado em imóvel locado, ele torna-se verdadeiramente um direito abstrato ou um bem incorpóreo pertencente ao Estabelecimento Empresarial, sendo inclusive juridicamente protegido pela Lei do Inquilinato.
- Caso o ponto seja alugado, rege-se pela Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91) permite ao locatário pedir judicialmente a renovação do aluguel (ação renovatória de aluguel), caso não ocorra de forma amigável.
- A Ação Renovatória de Contrato de Locação Comercial é a forma adequada para a proteção jurídica do ponto comercial, quando a empresa não está instalada em imóvel próprio.
e) Patentes.
- Conceito:
> Patentes são títulos que são dados pelo Poder Público, em conformidade com a lei de patente (9.279/96), a um inventor para que estes excluam terceiros da utilização (venda, fabricação etc.) de sua obra ou invenção sem a devida autorização.
> Através da patente o inventor garante que sua criação não será utilizada sem seu consentimento.
> Referem-se às invenções e aos modelos de utilidade, devem ser requeridas no INPI.
3.2 A proteção do Estabelecimento Empresarial.
- Se o Estabelecimento Empresarial têm valor econômico e este valor é superior ao simples somatório dos bens que o compõem, faz-se necessária a proteção jurídica deste valor a mais que é agregado pelo empresário.
- O Estabelecimento, enquanto organização racional de bens corpóreos e incorpóreos para o exercício de atividade econômica, precisa ter seu valor protegido pelo Direito, assim sendo:
> O Direito Civil apresenta normas de proteção dos bens, corpóreos e incorpóreos;
> O Direito Penal apresenta normas de proteção dos bens, quando a agressão configura crime.
> O Direito Industrial protege as marcas, as patentes, as invenções etc.
> A Lei de Locação protege o ponto explorado pelo comerciante.
> O Direito Empresarial regula a atividade de empresa, na qual se inclui o Estabelecimento Empresarial.
3.3 A alienação do Estabelecimento Empresarial.
- O Estabelecimento Empresarial ou Comercial é um conjunto ou universalidade de bens que pode ser objeto de negócios jurídicos que resultem na sua transferência de propriedade de uma pessoa para outra.
- A operação através da qual um empresário transfere a outro o seu estabelecimento empresarial chama-se trespasse.
- Trespasse: É a transferência do estabelecimento através de alienação (ou venda). 
- Trespasse se formaliza por meio do contrato de compra e venda do estabelecimento empresarial através do qual ocorre a transferência de sua titularidade.
- Através do trespasse, o empresário trespassante se obriga a transferir o domínio do complexo unitário de bens instrumentais que servem à atividade empresarial e o adquirente/trespassário, se obriga a pagar o preço pela aquisição.
-Abrange o aviamento, a clientela, o material, os utensílios, as máquinas, as mercadorias, as marcas de comércio, salvo estipulação expressa em contrário. 
- O estabelecimento é considerado como bem móvel, mas se no meio estiverem bens imóveis, estes devem ser registrados no Cartório de Registro de Imóveis, da área.
- O trespasse só produz efeitos em relação a terceiros depois de averbado na Junta Comercial. 
- Os débitos anteriores já contabilizados são de responsabilidade do adquirente, mas o alienante fica solidariamente obrigado por um ano (Art. 1.146 CC.). 
- Os débitos trabalhistas e tributários passam para o adquirente. 
- Há a obrigação do alienante de não atuar no mesmo ramo por 05 anos, salvo expressa autorização do adquirente (1.147 CC).
4. Os livros empresariais ou comerciais.
- Todo empresário está sujeito a três importantes obrigações:
1) Registrar-se no Registro de Empresas. 
2) Escriturar regularmente os livros obrigatórios.
3) Levantar balanço patrimonial e de resultado econômico a cada ano. 
- Há somente uma categoria de empresários dispensados de escriturar os livros obrigatórios: é a dos microempresários (incluindo o MEI) e empresários de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional. 
- O SIMPLES é um regime tributário que permite o recolhimento de diversos impostos e contribuições mediante um único pagamento mensal.
- Observe que o MEI, ao se registrar, já é classificado obrigatoriamente no regime do Simples.
4.1 Espécies de livros comerciais.
- Os livros comerciais são de dois tipos:
a) Livros obrigatórios:
I – Comuns: São aqueles impostos a todos os empresários indistintamente:
> Somente o Livro Diário. 
II – Especiais: São aqueles impostos a apenas uma determinada categoria de empresários.
> Livro de Registro de Duplicatas, somente para empresários que as emitem.
> Livro de Entrada e saída de Mercadorias, para empresários que operam Armazéns-Gerais.
> Livro de Registro de Ações Nominativas e livro de Atas das Assembleias Gerais, ambos somente aplicáveis às S.A.
b) Livros facultativos:
- O Livro Caixa e o livro de Conta Corrente. 
- Livro de cópia de cheques;
Obs.: Há outros livros de escrituração obrigatória das empresas, mas que não são impostos pelo Direito Empresarial, mas sim por outras áreas de conhecimento, por exemplo:
Livro de Registro de Empregados, imposto pela legislação trabalhista.
Livros fiscais, impostos pela legislação fiscal e contábil, cujo interesse maior é do Poder Público: Apuração de IPI; apuração de ICMS.
4.2 As consequências da irregularidade da escrituração comercial.
- A falta de livros obrigatórios ou o desrespeito aos requisitos dos mesmos sujeita a consequências jurídicas na área cível e penal.
- No plano civil, o empresário ou a sociedade empresária não poderá promover a própria falência (art. 105, inciso V, da Lei 11.101/05). 
- Não poderá requer a falência de outro empresário, pois o parágrafo 1º do artigo 97 da Lei 11.101/05 estabelece que o credor empresário apresente a certidão do registro público de empresas mercantis (junta comercial) que comprove a regularidade de suas atividades. 
- Não pode requer a recuperação judicial e extrajudicial de empresas, porque para tanto necessitará de apresentar diversos documentos exigidos pela Lei de Falências.
- Se for requerida a exibição de livro obrigatório contra o empresário, não o possuindo, ou possuindo-o irregular, presumir-se-ão como verdadeiros os fatos relatados pelo requerente, acerca dos quais fariam prova os livros em questão. 
- Os livros empresariais perdem sua eficácia probatória. 
- O Fisco pode lançar o pagamento do imposto de renda com base
no lucro anual presumido por arbitramento devido à ausência ou inidoneidade da escrituração.
- A ausência ou irregularidade na escrituração de livro obrigatório encontra-se no art. 178, da Lei de 11.101/05, que reputa crime falimentar "deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios.
> Atenção: Os livros empresariais devem ser conservados até a prescrição das obrigações neles escrituradas (art. 1.194, do Código Civil). Após o decurso do prazo prescricional a sua inexistência ou mesmo a sua irregularidade não acarretam as consequências, civis e penais, acima listadas.
4.3 A exibição dos livros comerciais.
- O acesso aos livros empresarias é restrito ao empresário e seus funcionários, e não podem ser manuseados por pessoas estranhas à atividade do empresário. 
- Os livros comerciais são sigilosos por isso sua exibição não é livre, devendo a mesma ocorrer conforme as hipóteses legais.
- É que os livros mercantis devem registrar com fidelidade os resultados e o andamento do negócio, fatos que, se revelados de forma maliciosa, podem comprometer sérios prejuízos à atividade do empresário, podendo até levá-lo ao estado falimentar.
- O Código Civil estabelece que, ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observa, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei (arts. 1.190 e 1.191, do Código Civil).
- Faz-se necessária a existência de lei que autorize o acesso aos livros comerciais para que isto ocorra, por meio de ordem judicial ou por meio de requisição de autoridades administrativas.
- O Código Tributário Nacional impõe a exibição dos livros empresariais para efeito de fiscalização.
- A fiscalização da Seguridade Social também tem a prerrogativa de examinar tais livros (Art. 33, § 1º, da lei n. 8.212/91).
- A Nova Lei de Falência prevê hipóteses de exibição dos livros empresariais.
- O empresário não pode se recusar a atender à ordem judicial de exibição dos seus livros. 
5. As Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte.
- A CF/88, em seu artigo 179, estabelece que o Poder Público dará tratamento diferenciado às microempresas e empresas de pequeno porte.
- Os objetivos deste artigo da CF/88:
> Simplificar o atendimento às obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias, creditícias e contábeis.
> Reduzir ou simplificar as exigências para a formalização e funcionamento destas empresas.
> Incentivar a criação de microempresas e empresas de pequeno porte, tendo em vista o seu grande potencial socioeconômico.
- Cumprindo a ordem contida no referido artigo da CF/88, foi editada a Lei Complementar n. 123 de 2006, conhecida como Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.
- Atualmente as empresas (Individuais ou Sociedades) são enquadradas como Microempresas, Empresas de Pequeno Porte ou Empresa Normais, de acordo com sua receita bruta anual:
> Microempresa: até R$ 360.000,00
> Empresa de Pequeno Porte: de R$ 360.000,00 até R$ 3.600.000,00.
> Empresa que não se encaixa como ME ou EPP: acima de R$ 3.600.000,00. (Art. 3º, Lei Complementar 123/06).
- Receita bruta anual é também conhecida como faturamento anual: significa a soma de todos os ingressos de capitais resultantes da atividade empresarial exercida, ou seja, o produto da venda de bens e serviços realizados.
- Empresas individuais ou sociedades empresárias que se encaixem nos limites de receita bruta anual deverão acrescer ao seu nome empresarial as expressões Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte, por extenso ou abreviadas, conforme o caso.
5.1 O Simples Nacional ou Super Simples.
- Entrou em vigor em julho de 2007, também conhecido como Super Simples. 
- Trata-se de um “Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte”. 
- Por este regime as empresas com receita bruta anual de até R$ 3.600.000,00 poderão recolher, em um único documento de arrecadação, uma série de tributos federais, além de um tributo estadual e um tributo municipal, o que significa economia de tempo e de gastos com o recolhimento de cada tributo. 
- Importantes benefícios são estabelecidos: 
> Redução dos custos operacionais dos órgãos fazendários.
> Redução da carga tributária.
> Linhas especiais de crédito a essas empresas.
> Simplificação de suas obrigações trabalhistas.
> Previsão de mecanismos de favorecimento em caso de licitações públicas. 
> Dispensa de escrituração mercantil, embora devam emitir nota fiscal e guardar a documentação referente às suas operações. 
- Nem todas as atividades empresariais têm a opção de adotar o regime unificado, por exemplo:
Fabricação de bebidas alcoólicas, cigarros e refrigerantes.
Serviços de arquitetura, de engenharia, de tradução e interpretação; 
Agências de publicidade, design e decoração de interiores; 
Atividades veterinárias e laboratórios clínicos, dentre outros. .
- A adesão ao Simples Nacional é facultativa. 
5.2 O Microempreendedor Individual (MEI).
- Definição:
> Considera-se MEI o empresário individual aquele que tenha auferido receita bruta anual, no ano-calendário anterior, de até R$ 60.000,00.
- Qual a lei que instituiu o Microempreendedor individual?
> Lei complementar nº 128 de 19 de dezembro de 2008. 
> Início dos efeitos desta lei: 01/07/2009.
- Qual o objetivo desta Lei?
> Tirar da informalidade os milhões de microempreendedores brasileiros que atuam de forma irregular.
- Como e onde é feita a formalização?
> A formalização é feita pela internet no endereço no endereço www.portaldoempreendedor.gov.br.
> Há um considerável número de empresas contábeis espalhadas pelo Brasil que poderão realizar esse trabalho de graça.
> Para saber quem são essas empresas consulta-se a relação, por município, que está disponível no Portal do Empreendedor (endereço eletrônico acima). 
> Lembre-se de que toda atividade a ser exercida, mesmo na residência, necessita de autorização prévia da Prefeitura que, nesse caso, será também de graça. 
> O SEBRAE é outro parceiro que oferecerá orientação de graça sobre a formalização.  
- Quanto tempo demora o processo de formalização?
> Como a formalização é feita pela Internet, o CNPJ, o número de inscrição na Junta Comercial, no INSS e um documento de alvará que equivale ao alvará de funcionamento são obtidos imediatamente, gerando um documento que deve ser impresso, assinado e encaminhado à Junta Comercial acompanhado de cópia da Identidade e do CPF. 
> É necessário conhecer as normas da Prefeitura para desenvolver o seu negócio, seja ele qual for. 
> Não se registre se não estiver dentro dos requisitos municipais, principalmente em relação à possibilidade de atuar naquele endereço e ao exercício de sua atividade no município.
- Qual o custo da formalização?
> O ato de formalização está isento de todas as tarifas. 
> Para a formalização e para a primeira declaração anual existe uma rede de empresas de contabilidade que são optantes pelo SIMPLES NACIONAL que irão realizar essas tarefas sem cobrar nada no primeiro ano. 
> Após a formalização o empreendedor terá o seguinte custo:
- Para a Previdência: R$ 31,10 por mês (representa 5% do salário mínimo que é reajustado no início de cada ano); 
- Para o Estado: R$ 1,00 fixo por mês se a atividade for comércio ou indústria;
- Para o Município: R$ 5,00 fixos por mês se a atividade for prestação de serviço.
- Como são pagos estes valores?
> Por meio de um documento chamado DAS que é gerado pela Internet no endereço www.portaldoempreendedor.gov.br. 
> Esse documento pode ser gerado por qualquer pessoa em qualquer computador ligado à
Internet. 
> É possível gerar, de uma só vez, os DAS do ano inteiro e ir pagando mês a mês. 
> O pagamento será feito na rede bancária e casas lotéricas, até o dia 20 de cada mês.
- Como farei se quiser ter direito a aposentadoria por tempo de contribuição?
> Nesse caso, deverá complementar o pagamento em favor do INSS à alíquota complementar de 15%, perfazendo um total de 20% calculado sobre o salário-mínimo. 
- Que outras obrigações o MEI tem com a Receita Federal, Secretaria da Fazenda do estado e Secretaria de Finanças do município?
1. Anualmente deverá fazer uma Declaração do faturamento, também pela Internet e nada mais. Essa declaração deverá ser feita até o último dia do mês de Janeiro de cada ano. 
2. Mensalmente deverá fazer uma declaração correspondente, basicamente, à informação de quanto o empreendimento faturou. 
> Pode ser de próprio punho e não precisa ser enviada a lugar algum. Basta guardá-la. 
3. Além disso, o empreendedor deverá guardar as notas fiscais de suas compras. 
- Que atividades podem ser enquadradas como Microempreendedor Individual?
> Quase todas as atividades que podem optar pelo Simples Nacional podem também optar pela nova modalidade (MEI). 
> Observe que o público-alvo pretendido para o MEI é aquele que exerce atividade por conta própria, urbana, e de baixa renda.
> São dezenas de atividades, por exemplo: açougueiro, adestrador de animais, alfaiate, alinhador de pneus, animador de festas, manicure, artesão, barbeiro, baby siter, doceira, barraqueiro etc.
> Como MEI, a pessoa só pode ter UMA empresa e não pode ser sócia de nenhum outro tipo de negócio.
- Poderá o Microempreendedor Individual trabalhar em sua residência? 
> Ele deve, antes de proceder ao registro, consultar o município para saber se naquele endereço residencial pode ser instalado um negócio, lembrando que o bem estar coletivo se sobrepõe ao interesse Individual. Isso quer dizer que atividades barulhentas ou com grande circulação de pessoas dificilmente poderão ser exercidas em residências.
> No ato de inscrição será gerado alvará provisório. O município poderá, no prazo de 180 dias após a inscrição, caso verifique que requisitos legais não foram obedecidos, cancelar todas as inscrições e opções do Microempreendedor Individual.
- O Empreendedor Individual é obrigado a emitir nota fiscal?
> O Empreendedor Individual estará dispensado de emitir nota fiscal para consumidor pessoa física, mas estará obrigado à emissão quando vender para destinatário cadastrado no CNPJ.
> Caso venda para destinatário cadastrado no CNPJ, poderá emitir Nota Fiscal Avulsa. 
- Para o ambulante que trabalha na rua como funciona o sistema?
> O ambulante ou quem trabalha em lugar fixo deverá consultar a Prefeitura antes de fazer o registro, com relação ao tipo de atividade e ao local onde irá trabalhar. 
> Apesar do Portal do Empreendedor emitir documento que autoriza o funcionamento imediato do empreendimento, as declarações do empresário, de que observa as normas e posturas municipais, são fundamentais para que não haja prejuízo à coletividade e ao próprio empreendedor que, caso não seja fiel ao cumprimento das normas como declarou, estará sujeito a multas, apreensões  e até mesmo fechamento do empreendimento e cancelamento dos seus registros.
> O município poderá, no prazo de 180 dias após a inscrição, caso verifique que requisitos legais não foram obedecidos, cancelar todas as inscrições e opções do Microempreendedor Individual.
- Preciso ter contabilidade?
> A contabilidade formal como livro diário e razão está dispensada. Não é preciso também ter Livro Caixa. 
> Contudo, o empreendedor deve zelar pela sua atividade e manter um mínimo de controle em relação ao que compra, ao que vende e quanto está ganhando. Essa organização mínima permite gerenciar melhor o negócio e a própria vida, além de ser importante para crescer e se desenvolver. 
> O empreendedor deverá registrar, mensalmente, em formulário simplificado, o total das suas receitas. Deverá manter em seu poder, da mesma forma, as notas fiscais de compras de produtos e de serviços.
- Quais os benefícios da formalização?
A) Cobertura Previdenciária para o Empreendedor e sua família, traduzida nos seguintes benefícios:
> Para o Empreendedor:
1- Aposentadoria por idade: mulher aos 60 anos e homem aos 65. É necessário contribuir durante 15 anos pelo menos e a renda é de um salário mínimo;
2- Aposentadoria por invalidez: é necessário 1 ano de contribuição;
3- Auxílio doença: é necessário 1 ano de contribuição;
4- Salário maternidade (mulher): são necessários 10 meses de contribuição;
> Para a família:
1- Pensão por morte: a partir do primeiro pagamento em dia;
2- Auxílio reclusão: a partir do primeiro pagamento em dia;
B) Acesso a serviços bancários, incluindo crédito.
C) Apoio técnico do SEBRAE sobre a atividade exercida;
D) Possibilidade de crescimento em um ambiente seguro;
E) Desempenhar a atividade de forma legal, sabendo que não sofrerá ações do Estado;
F) Formalização simplificada e sem maiores burocracias;
G) Baixo custo da formalização em valores mensais fixos
H) Simplificação no processo de baixa e ausência de pagamento de taxas.
- Posso contratar alguém para me ajudar?
> A lei prevê a possibilidade da contratação de até um empregado com remuneração de um salário mínimo ou piso da categoria
- Em qualquer caso é preciso fazer a Guia do FGTS e Informação à Previdência? 
> Só deve ser feita se o Empreendedor individual tiver empregado.
- Como fica a situação do Alvará de funcionamento e do cumprimento de posturas municipais?
> A concessão do Alvará de localização depende da observância das normas contidas na legislação municipal. 
> O empreendedor deve investigar se o local escolhido para estabelecer se a sua empresa está de acordo com as normas emanadas nesses Códigos.
> Antes de qualquer procedimento, o empreendedor deve consultar a Prefeitura para saber se existe ou não restrição para exercer a sua atividade no local escolhido, bem como outros requisitos a serem cumpridos, como sanitários, por exemplo, para quem manuseia alimentos.
> Ciente de sua viabilidade em termos de local, o registro como Empreendedor individual terá força de alvará provisório (também conhecido como autorização de funcionamento).
> Caso desconheça as regras de localização, não deve concluir o processo de registro, pois isso poderá acarretar prejuízos futuros à coletividade e também ao próprio empreendedor, que estará sujeito a multas, apreensões e até mesmo o fechamento de seu negócio pela fiscalização.
> No ato de inscrição será gerado alvará provisório. 
> O município poderá, no prazo de 180 dias após a inscrição, caso verifique que requisitos legais não foram obedecidos, cancelar todas as inscrições e opções do Microempreendedor Individual.
5.3 O empresário individual de responsabilidade ilimitada e o empresário individual de responsabilidade limitada - EIRELI.
5.3.1 O empresário individual de responsabilidade ilimitada.
> Até a instituição do EIRELI, em julho de 2011 (Lei nº 12.441/11), somente existia no ordenamento jurídico brasileiro o empresário individual de responsabilidade ilimitada, no que diz respeito ao exercício de atividade empresarial de forma individual. 
> Definição de empresário individual de responsabilidade ilimitada: é aquela pessoa natural que, por conta e risco próprios, exerce sozinha a atividade de empresa.
> Características do empresário individual de responsabilidade ilimitada:
- Não tem personalidade jurídica;
- Não é pessoa jurídica;
- Não há separação patrimonial;
- Somente pode usar nome empresarial do tipo Firma;
- Tem CNPJ, apesar de não ter personalidade jurídica;
- É equiparado à pessoa jurídica para fins de tributação e registro em órgãos públicos e cumprimento de obrigações tributárias. 
- A ausência de personalidade jurídica é evidenciada em caso de falência.
5.3.1 O empresário individual de responsabilidade limitada.
> O que é EIRELI?
- A empresa individual de responsabilidade limitada (ou “EIRELI”) é aquela constituída por apenas uma pessoa que detém 100% do capital social.  O capital social deve ser de no mínimo 100 salários mínimos e deve ser totalmente integralizado no momento da abertura da empresa. 
- O EIRELI foi criado pela Lei n. 12.441, de 11 de julho de 2011. 
- Normas complementares relativas ao EIRELI junto ao DNRC: IN 117/2011 e IN 118/2011.
> Características:
- Tem personalidade jurídica.
- É pessoa jurídica. 
- Há separação patrimonial entre a empresa e o seu titular (pessoa natural).
- A pessoa natural pro trás do EIRELI tem responsabilidade patrimonial limitada, frente às dívidas da empresa.
- É possível a aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica, em caso específicos.
- A lei exige um capital social inicial de no mínimo 100 salários-mínimos.
- O nome empresarial pode ser do tipo Firma ou Denominação.
- O nome empresarial deverá conter a expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação da empresa individual de responsabilidade limitada.
- Se o empresário individual for EIRELI e for simultaneamente uma ME ou EPP, deverá incluir além da sigla EIRELI, a sigla ME ou EPP, conforme o seu faturamento.
- Quando a EIRELI estiver enquadrada como ME ou EPP e for optante de SIMPLES, será facultativa a indicação da atividade no objeto, mesmo que utilize o nome do tipo denominação.
- Por ser detido por apenas um titular, o capital da EIRELI não precisa ser dividido em quotas.
- É vedada a contribuição ao capital que consista em prestação de serviços.
- A EIRELI poderá ser administrada pelo titular e/ou por não titular. 
- A pessoa jurídica não pode ser administradora.
- A administração de EIRELI somente poderá ser exercida por pessoa natural residente no País.
UNIDADE III – As Sociedades Empresárias.
1. INTRODUÇÃO.
- O que é uma sociedade?
> É a união de duas ou mais pessoas, que se combinam no intuito de realizar determinada tarefa ou atividade.
- No Código Civil:
> De acordo com o artigo 981, considera-se contrato de sociedade aquele mediante o qual as pessoas reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, os resultados.
> Observe que nem toda sociedade é empresária, pois há muitos casos em que seu objeto não se identifica como atividade empresarial. 
> A sociedade pode ser empresária, se tiver por objeto a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços ou simples, nos demais casos.
- O Código Civil prevê a existência de diversos tipos de sociedades, sendo que algumas são empresárias e outras não, conforme quadro abaixo:
	
Sociedade não personificada
	Sociedade em comum. 
	
	Sociedade em conta de participação. 
	
Sociedade personificada
	Sociedade simples. 
	
	Sociedade empresária. 
	
Sociedade empresária
	Sociedade em Nome coletivo.
	
	Sociedade em Comandita Simples.
	
	Sociedade Limitada.
	
	Sociedade Anônima.
	
	Sociedade em Comandita por Ações.
- Para o Direito Empresarial, o que mais interessa são as sociedades empresárias:
> Sociedade em Nome Coletivo.
> Sociedade em Comandita Simples.
> Sociedade Limitada.
> Sociedade Anônima.
> Sociedade em Comandita por Ações.
2. AS SOCIEDADES NO CÓDIGO CIVIL.
- De acordo com a tabela anterior, têm-se os seguintes tipos societários e suas respectivas definições:
a) Sociedade não personificada:
> É aquela que não possui personalidade jurídica, podendo ser de dois tipos:
I - Sociedade em comum (ou de fato); 
II - Sociedade em conta de participação.
I - Sociedade em Comum (ou de fato):
> É aquela existente enquanto seus atos constitutivos ainda não foram regularizados. 
> Trata-se de sociedade irregular.
> É sociedade de fato, mas não é sociedade de direito porque não foi registrada.
> Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. 
> Não é sociedade empresária.
II - Sociedade em Conta de Participação - SCP:
> A sociedade em conta de participação é o outro tipo de sociedade não personificada. 
> Diferencia-se da sociedade em comum, uma vez que está dispensada do arquivamento de seus atos constitutivos no registro competente. 
> Esta sociedade não possui patrimônio próprio e nem personalidade jurídica, sendo formada para realizar negócios de curta duração, extinguindo-se após sua concretização. 
> Nelas existe um sócio ostensivo, que exerce unicamente e por sua própria e exclusiva responsabilidade a atividade empresarial para o qual se formou a sociedade (o objeto social), e existem os sócios ocultos ou participantes.
> O sócio ostensivo exerce a atividade em seu próprio nome, através de firma individual ou de sociedade, os outros participam apenas dos resultados
> Os sócios ocultos participam dos resultados da atividade e fiscalizam a atividade do sócio ostensivo, mas não exercem diretamente a atividade empresarial.
> A  SCP cria para os sócios ocultos (ou participantes) a obrigação de contribuir, e para o sócio ostensivo, além do dever de contribuir, a obrigação de gestão e prestação de contas.
> Sua principal característica é que o contrato social produz efeitos apenas entre os sócios e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.
> Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante (ou oculto) não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervir.
> Este tipo de sociedade não pode ser registrada na Junta Comercial como sociedade empresária. 
b) Sociedade personificada:
> Considera-se sociedade personificada aquela que possui personalidade jurídica, obtida mediante registro de seus atos constitutivos no órgão competente.
> As sociedades personificadas se subdividem em:
I - Sociedades simples.
II - Sociedades empresárias.
I - Da sociedade simples.
> É considerada sociedade simples aquela cujo objeto social seja decorrente de profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo que tenha auxiliares ou colaboradores. 
> É inscrita no Cartório Civil das Pessoas Jurídicas ao invés da Junta Comercial.
> As cooperativas são consideradas sociedades simples, independentemente de seu objeto de funcionamento.
II – Da Sociedade Empresária.
> É definida como sociedade empresária aquela que tem por objeto o exercício de atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
> Toda sociedade empresária exerce a atividade empresarial, diferindo da sociedade simples, que exerce atividades não empresariais.
> Considera-se sociedade empresária a antiga sociedade comercial.
> Antes de iniciar a atividade econômica, o empresário individual ou a sociedade empresária deverá inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais, tendo como elemento essencial o nome empresarial.   
> A partir deste registro, a sociedade empresária adquire sua personalidade jurídica.
3. Tipos de Sociedades Empresárias.
- A sociedade empresária deve constituir-se segundo um dos seguintes tipos jurídicos:
a) sociedade em nome coletivo; 
b) sociedade em comandita simples; 
c) sociedade limitada; 
d) sociedade anônima; 
e) sociedade em comandita por ações. 
3.1 A Sociedade em Nome Coletivo.
> Nesta sociedade, todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, ou seja, as dívidas da empresa podem alcançar o patrimônio pessoal dos sócios, mas existe o benefício de ordem.
> Somente pessoas físicas podem participar. Pessoas jurídicas não podem ser sócias.
> Formação do nome: só pode usar firma ou razão social. Fica excluída a denominação.
> Todos os nomes pessoais dos sócios podem fazer do nome
empresarial, sendo ligados pelo símbolo &. É possível a utilização do nome de alguns sócios ao invés de todos, colocando-se no final a expressão “& Companhia”, por extenso ou abreviado. Por exemplo:
Jorge Silveira, Francisco Silveira & Arnoldo Lima Comércio de Couros.
Jorge Silveira & Companhia.
Jorge Silveira & Cia.
3.2 A Sociedade em Comandita Simples.
> Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias, a saber:
a) os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; São os comandantes ou administradores. Entram com capital e trabalho. 
b) os comanditários (pessoas físicas ou jurídicas), obrigados somente pelo valor de sua quota. São investidores, pois entram apenas com o capital. Não podem trabalhar na sociedade como empregados nem como gestores.
> O contrato deve discriminar os comanditados e os comanditários. 
> Os comanditários não podem praticar nenhum ato de gestão nem ter o nome da firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado.   
> Os comanditários, embora não possam gerir a empresa, podem participar das deliberações da sociedade e de fiscalizar suas operações.
> Estas sociedades empresariais podem usar como nome a firma ou razão social, não podendo utilizar denominação.
> No nome empresarial só podem constar os nomes pessoais dos sócios comanditados (administradores).
> A responsabilidade dos sócios:
a) Comanditados: Respondem solidária e ilimitadamente pelas dívidas da sociedade. 
b) Comanditários: Respondem pelas dívidas da sociedade somente até o limite do capital que investiram.
3.3 A Sociedade Limitada. 
3.3.1 Características:
> Nasce a partir de um contrato entre duas ou mais pessoas: o Contrato Social. 
> Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, quando já integralizadas. 
> A responsabilidade patrimonial dos sócios restringe-se ao valor das suas quotas integralizadas dentro da sociedade, ou seja, o seu patrimônio pessoal fica protegido. Os sócios somente poderão perder, no máximo, as quotas já integralizadas.
> Observe que o que é limitada é a responsabilidade de cada sócio, mas não da própria sociedade, já que esta sempre responderá ilimitadamente por suas próprias dívidas.
> Mas atenção: se os sócios subscreverem quotas e deixarem de integralizá-las, os mesmos terão responsabilidade subsidiária e solidária referente ao valor que faltou integralizar. 
> Caso o capital subscrito já tenha sido integralizado, a responsabilidade dos sócios desaparece, permanecendo somente a responsabilidade da sociedade empresária.
3.3.2 Exemplo numérico:
- Suponha que três pessoas – A, B e C - se uniram para constituir uma sociedade de responsabilidade limitada, contribuindo com os seguintes valores:
	Sócio 
	Capital Subscrito
	Capital Integralizado
	A
	R$ 20,00 (20%)
	R$ 20,00
	B
	R$ 30,00 (30%)
	R$ 20,00
	C
	R$ 50,00 (50%)
	R$ 20,00
	Capital Total
	R$ 100,00 (100%)
	R$ 60,00
	Falta Integralizar
	R$ 40,00
	Dívidas contraídas pela sociedade (Respons. Ilimitada)
	R$ 160,00
	Dívida paga pela própria sociedade
	R$ 60,00
	Dívida paga pelos sócios, solidariamente
	R$ 40,00
	Dívida que ficará em aberto
	R$ 60,00 (160 – 60 – 40)
> Palavras-chave:
- Capital subscrito.
- Integralização.
- Responsabilidade subsidiária. 
- Responsabilidade solidária.
> Pergunta-se: Quem pagará as dívidas da sociedade caso esta não tenha patrimônio suficiente?
- Respostas:
a) Se os sócios ainda não integralizaram o capital subscrito, estes responderão solidariamente, até o limite do que faltou integralizar. A dívida que estiver além desses valores ficará em aberto.
b) Se os sócios integralizaram todo o capital subscrito, a responsabilidade deles será nula e as dívidas da sociedade ficarão em aberto.
3.3.3 Outras Características: 
> Nome Empresarial: pode usar firma/razão social ou denominação, sempre acrescido do termo “Limitada” ou “Ltda.”
> Expulsão de sócio, hipóteses: 
a) sócio remisso; 
b) sócio que comete falta grave contra a sociedade, p. ex., concorrer com a própria sociedade de que faz parte.
> Administração: o gerente ou os gerentes são designados no próprio contrato social ou em ato separado. Ocorrendo escolha em ato separado, o contrato social deverá ser atualizado na Junta.
> Direito de retirada: Ocorre quando o sócio sai da sociedade e é reembolsado pela própria sociedade.
- O sócio somente pode exercer o direito de retirada ou recesso nas sociedades limitadas, quando houver: 
a) Modificação do contrato;
b) Fusão da sociedade;
c) Incorporação de outra, ou dela por outra.
3.3.4 A extinção da sociedade.
> Sua extinção ocorre em três etapas:
1ª) Dissolução, que pode ocorrer pelos seguintes motivos (art. 1.033 e 1.034, CC):
I – Por vontade dos sócios. 
II - Por decurso do prazo de duração. 
III – Falência.
IV – Unipessoalidade: admite-se a existência de um único sócio por no máximo 180 dias, sob pena de dissolução (Art. 1.033, IV, CC). 
V – Irrealizabilidade do objeto social: 
- Quando a sociedade não desperta mais o interesse dos consumidores; não há demanda.
- Quando há grave dissenso entre os sócios.
- Quando não há capital suficiente para a empresa realizar seu objeto social.
VI – Exaurimento do objeto social.
- A sociedade já cumpriu o objetivo para a qual foi criada, p. ex., já construiu a obra a que se propunha ou realizou o serviço que era seu objeto social.
VII – Extinção de autorização para funcionar.
VIII – Causas contratuais.
- O próprio contrato social pode prever causas para a dissolução da sociedade, p. ex., a redução do número de sócios abaixo de um número “x”, a não obtenção de percentual “x” de lucratividade etc.
2ª) Liquidação:
- É o meio pelo qual uma sociedade mercantil dissolvida dispõe do seu patrimônio, transformando-o em recursos para pagar suas dívidas e apurar o saldo positivo ou negativo. 
- Um dos sócios deverá ser escolhido como liquidante.
- O nome da sociedade deverá ser acrescido da expressão “em liquidação”.
3ª) Partilha:
- É a distribuição do saldo da sociedade entre os sócios, de forma que estes devem receber a parte que lhes cabe ou dividir entre si os prejuízos que se verificarem, contribuindo para saldar as eventuais dívidas restantes.
3.4 A Sociedade Anônima. 
3.4.1 Definição.
> É um tipo de sociedade empresarial também chamada de companhia, na qual o capital social é dividido em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. 
> A sociedade anônima rege-se por lei especial (Lei n° 6.404/76 e disposições posteriores), aplicando-se, nos casos omissos, as disposições do Novo Código Civil (artigos 1.088 e 1.089). 
3.4.2 Nome.
> Somente podem utilizar nome empresarial do tipo denominação. Inviável a utilização de Firma/Razão Social.
> Somente podem utilizar um nome de fantasia ou, excepcionalmente o nome de civil de alguém que se deseje homenagear – geralmente o fundador. 
> O nome será sempre acrescido da expressão “Sociedade Anônima” ou “Companhia”, por extenso ou abreviadamente (S.A. ou Cia).
> Caso se opte pela utilização do termo “Companhia” ou “Cia”, este somente poderá ser utilizado antes da denominação, para evitar a confusão com o termo “& Companhia, utilizado em outros tipos societários. Exemplos:
- Banco do Ceará S.A.
- Banco do Ceará Sociedade Anônima.
- S. A. Banco do Ceará.
- Sociedade Anônima Banco do Ceará.
- Cia. Banco do Ceará.
- Companhia Banco do Ceará.
> Inviável:
- Banco do Ceará Cia.
- Banco do Ceará Companhia.
3.4.3 A responsabilidade dos Sócios.
> Os sócios respondem somente até o limite do que falta para a integralização das ações subscritas e ainda não integralizadas.
> Significa dizer que uma vez integralizada a ação, o acionista não terá mais nenhuma responsabilidade
adicional, nem mesmo em caso de falência, quando somente será atingido o patrimônio da companhia;
> Integralizar uma ação significa pagar o valor ou preço pelo a ela referente.
3.4.4 Características.
> Toda Sociedade Anônima é necessariamente uma sociedade empresarial.
> Seus titulares podem ser estrangeiros ou brasileiros.
> Em virtude de sua alta complexidade, esta forma societária normalmente aplica-se às grandes empresas.
> É uma sociedade de capitais, pois nelas o que importa é a aglutinação de capitais, e não a pessoa dos acionistas. 
> As ações são negociáveis, podendo circular no mercado como títulos de crédito.
> Constante mutação no quadro de acionistas.
> A Companhia ou Sociedade Anônima pode ser constituída por SUBSCRIÇÃO PÚBLICA (quando dependerá de prévio registro da emissão na Comissão de Valores Mobiliários e haverá a intermediação obrigatória de instituição financeira – art. 82 da Lei 6.404/76) ou por SUBSCRIÇÃO PARTICULAR (quando poderá fazer-se por deliberação dos subscritores em assembleia geral ou por escritura pública – art. 88 da Lei 6.404/76). . 
- Subscrição Pública: quando o capital social forma-se a partir do apelo ao público através da venda a muitos subscritores. É a chamada Companhia de capital aberto. 
- Subscrição Particular: quando os sócios fundadores são eles mesmos os subscritores do capital, ou seja, não há apelo ao público para que pessoas de fora venham a participar da sociedade. É a chamada companhia de capital fechado.
> A S.A. deverá ter uma estrutura organizacional composta de: 
- Assembleia Geral; 
- Conselho de Administração (facultativo em caso de companhia fechada);
- Diretoria;
- Conselho fiscal
* Todos terão, além das atribuições fixadas na lei 6.404/76, aquelas determinadas no estatuto social.
3.4.5 Os dois tipos de S.A:
I – De capital aberto.
- Também chamadas de companhias abertas.
- A subscrição do seu capital é pública.
- São aquelas cujas ações são negociadas em bolsa de valores.
- Para terem suas ações negociadas em bolsa, necessitam de registro e autorização da CVM – Comissão de Valores Mobiliários. 
II – De capital fechado.
- São também chamadas de companhias fechadas.
- A subscrição do seu capital é particular.
- Não negociam suas ações em bolsas de valores.
- Não são registradas na CVM.
- Em geral trata-se de grandes empresas familiares.
- O controle da sociedade é interno, por seus sócios majoritários.
3.4.6 A constituição de uma S.A.
> Requisitos preliminares:
a) Subscrição da integralidade das ações; 
b) Integralização de pelo menos 10% das ações em dinheiro. 
c) Depósito do valor de entrada no Banco do Brasil ou em outra instituição autorizada pela CVM.
> Formalidades básicas:
a) Subscrição Pública:
- Ocorre quando o capital social se forma a partir de apelo ao público através da venda de ações a inúmeros subscritores.
- Os sócios fundadores terão responsabilidade ilimitada pelos danos decorrentes do não cumprimento das formalidades de constituição.
b) Subscrição Particular:
- Ocorre quando os sócios subscritores de capital reúnem para constituir a sociedade e eles próprios integralizam o capital social, sem apelo ao público.
> Requisitos complementares:
1) O arquivamento dos atos constitutivos na Junta Comercial - Registro e 2) a publicação do seu ato constitutivo no Diário Oficial ou em jornal de grande circulação no local em que estiver sediada.
3.4.7 O Capital Social. 
> É composto de contribuição prestada por acionistas, sendo dividido em ações. 
> Difere do Patrimônio Social que é composto de ativo e passivo e é instável, pois está sempre em mutação. O Capital social é estável, mas não é imutável.
> Tipos de Capital:
a) Capital Subscrito: representa o total adquirido pelos acionistas. 
b) Capital Integralizado: é a parcela do capital subscrito já quitada pelos acionistas.
c) Capital Autorizado: é o montante autorizado pela Assembleia Geral para efeito de elevação do valor do capital social.
3.4.8 Os Sócios.
> Nas S.A. há dois tipos de sócios ou acionistas:
a) Os majoritários ou controladores:
- São os que têm o controle acionário, ou seja, são proprietários da maior porcentagem das ações que dão direito a voto na assembleia geral. (Ações Nominativas com direito de voto).
- São os gestores ou controladores da sociedade.
> Podem ser pessoa física ou jurídica. 
> Devem utilizar seu poder para realizar o objeto social.
> Respondem por exercício abusivo. 
b) Os minoritários: 
- São os sócios que têm ações com direito a voto em quantidade menor do que os majoritários. 
Obs.: 
- Há ainda o sócio dissidente.
> É o que, inconformado com as deliberações da maioria, por ato próprio, resolve retirar-se da companhia levando consigo sua parte do capital social (é o direito de recesso ou de retirada). Tem direito de reembolso do valor de suas ações pelo valor patrimonial ou pelo valor de mercado ou pelo valor econômico.
- Há ainda o sócio remisso:
> É aquele que subscreveu uma parte do capital social mas não o integralizou.
> Será constituído em mora, devendo pagar o principal mais encargos decorrentes do atraso. 
> Poderá sofrer execução judicial ou ter suas ações vendidas em leilão na Bolsa de Valores.
3.4.8.1 Os Direitos dos Sócios ou Acionistas.
> Tanto os sócios majoritários quanto os minoritários têm direitos e deveres comuns a todo acionista:
- Dever de integralizar as ações que subscreveu, 
- Dever de votar no interesse da companhia quando tiver direito e interesse, 
- Direito de participação nos resultados sociais,
- Direito de participar do acervo da companhia em caso de liquidação, 
- Direito de fiscalizar a gestão dos negócios, 
- Direito de preferência na subscrição dos títulos da sociedade, 
- Direito de retirada quando discordar de decisões da assembleia geral, recebendo o reembolso de suas ações, etc. 
> O direito de voto não é direito essencial, pois muitos acionistas não têm esse direito.
3.4.9 Os Órgãos da Sociedade Anônima.
> Identificam-se quatro órgãos principais nestas sociedades empresárias:
a) Assembleia Geral:
- É o mais importante e poderoso órgão.
- É o órgão que tem o poder de decidir os rumos da sociedade.
- Neste órgão encontram-se os acionistas com direito a voto, majoritários e minoritários.
- Tipos de Assembleia Geral:
1 - Assembleia Geral Ordinária – AGO.
- Deve ocorrer ao menos uma vez por ano. 
2 - Assembleia Geral Extraordinária – AGE.
- Convocada sempre que necessária, para assuntos não rotineiros.
b) Conselho Administrativo:
- É órgão obrigatório no caso de sociedade de capital aberto.
- Trata-se de órgão de deliberação colegiada, destinado a fixar a orientação geral dos negócios.
- Seus membros não podem ser pessoas jurídicas.
c) Diretoria:
- É o órgão de representação legal da companhia e de execução das deliberações da Assembleia Geral e do Conselho de Administração. 
- Os diretores não precisam ser, necessariamente, acionistas da companhia. 
- Seus membros não podem ser pessoas jurídicas.
- São eleitos pelo conselho de administração. 
- São, a qualquer tempo, destituíveis pelo órgão competente para a eleição. 
- A representação legal compete àquele diretor ao qual foi atribuída esta competência específica pelo estatuto, ou, omisso este, por deliberação do conselho de administração. 
d) Conselho Fiscal: 
- Destinado a fiscalização dos negócios nas sociedades anônimas, a exemplo do que fazem pessoalmente os sócios nas sociedades de pessoas. 
- É o órgão incumbido de examinar a marcha dos negócios e se manifestar nos assuntos mais importantes relacionados com os atos da administração. 
- Seus atos são pareceres destinados ao conhecimento do conselho de administração ou da diretoria.
- Compete-lhe fiscalizar a gestão dos negócios pelos administradores e verificar o cumprimento dos deveres legais e estatutários.
> O estatuto deve dispor sobre seu funcionamento.
3.4.10 Títulos emitidos pelas S/A ou valores mobiliários. 
1) Ações. 
> São títulos de investimento que a sociedade anônima emite para obtenção dos recursos que necessita. 
> São bens móveis, que representam frações do capital social e dão aos seus titulares a qualidade de sócios. 
> São também títulos de crédito. 
1.1 Classificação das ações: 
a) Quanto à espécie: 
> Ordinárias ou comuns: São as que conferem os direitos comuns de sócio, sem restrições e sem privilégios, ou seja, dão direito aos dividendos e ao voto. 
- São ações de emissão obrigatória para qualquer S/A.
> Preferenciais: São as que dão aos seus titulares algum tipo privilégio ou preferência, como dividendos fixos ou mínimos ou recebimento prioritário. 
- Podem ou não conferir direito de voto. 
> De fruição ou gozo: São ações dadas em substituição à ações ordinárias ou preferencias que já foram amortizadas, isto é, seu valor já foi antecipadamente pago ao seu titular e que por isso não mais representam uma fração do capital social.
- Os direitos assegurados pelas ações de fruição ou gozo serão os mesmos das ações que substituíram.
b) Quanto à forma:
> Nominativas: São aquelas que contêm o nome de seu proprietário no próprio título. 
- São transferidas através de termo lavrado no “Livro de Registro de Ações Nominativas” datado e assinados pelo cedente e pelo cessionário, e guardado na companhia.
- O nome do novo proprietário também deve ser escrito nas novas ações que receber quando da cessão.
> Nominativas endossáveis: Trazem também o nome de seu proprietário, mas poderiam ser transferidas por simples endosso, sem mais formalidades. 
> Ao portador: Eram as que não tinham declarado no título o nome de seu proprietário, logo presumia-se que o legítimo proprietário era o portador. 
- Sua transferência operava-se pela simples tradição e não davam direito ao voto.
- Com a Lei 8.021/90, foram extintas as ações nominativas endossáveis e as ao portador, restando somente as nominativas e as escriturais.
> Escriturais: São aquelas em que não há emissão de certificados, pois elas são mantidas em conta de depósito, em nome de seus titulares, numa instituição financeira. 
- Não são representadas por papel, mas por mero lançamento contábil.
- Sua propriedade decorre de seu registro na conta, com o nome do acionista e registrado em livro próprio da instituição financeira.
- Sua transferência ocorre por mero lançamento por ordem, a débito do alienante e a crédito do adquirente.
c) Quanto ao valor:
> Valor nominal: É o valor obtido pela simples divisão do capital social pelo número de ações que a companhia pretende emitir, estando previsto nos estatutos. 
- Valor patrimonial ou real: Resulta da operação matemática de divisão do patrimônio líquido pelo número de ações em que se divide o capital social. 
- É o valor que seria devido a cada acionista em caso de liquidação da sociedade. 
- É determinável pelas demonstrações contábeis que a S/A é obrigada a levantar ao término de cada exercício. 
- Valor de mercado ou bolsístico: É o valor que alcançam na bolsa de valores e no mercado de balcão, seguindo as regras de mercado, ou seja, oferta e demanda e, de acordo com o desempenho da empresa e do mercado em geral. 
- Valor econômico: É o calculado por especialistas do mercado, levando em conta as perspectivas de rentabilidade da companhia emissora ou a sua capacidade de gerar lucros (aviamento).
2) Partes Beneficiárias. 
> São títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital social, que conferem aos seus titulares direito de crédito eventual, consistente na participação nos lucros anuais da companhia emissora, até o limite de 10% dos mesmos. 
> O direito de crédito é eventual porque só existirá se a empresa tiver lucros.
> A companhia aberta não pode emitir partes beneficiárias. As fechadas, ao emiti-los podem aliená-los ou atribuí-los gratuitamente ou como pagamento de prestação de serviços. 
3) Debêntures.
> São títulos de crédito negociáveis, que conferem direito de crédito contra a sociedade, nas condições estabelecidas no certificado. 
> Representam empréstimo público contratado pela companhia e podem conter cláusula de correção monetária, juros fixos ou variáveis, participação nos lucros, prêmios, etc. 
> Não representam fração do capital social.
> Quem tem ações é sócio-acionista, quem tem parte beneficiária é credor eventual, quem tem debêntures é credor efetivo e incondicional.
4) Bônus de Subscrição. 
> São títulos negociáveis, emitidos pelas companhias de capital autorizado, que conferem o direito de subscrever ações da companhia emissora, quando e se houver futuro aumento de capital social desta. 
> Resumidamente: conferem direito de preferência para futura subscrição acionária.
3.4.11 As Formas de Surgimento das S/A.
a) Fundação Inicial. 
- A principal forma de surgimento das S/A é através da sua própria criação e registro de seus estatutos na Junta Comercial. 
- As demais formas de surgimento das S/A não são originárias, mas sim derivadas de mutações em sociedades pré-existentes. 
- Essas mutações são representadas pela transformação, incorporação e cisão e fusão.
b) Transformação.
- Ocorre quando uma sociedade passa de um tipo societário para outro, alterando sua estrutura. Ex.: Uma LTDA que se transforma em S/A. 
C) Incorporação.
- Quando uma sociedade incorpora outra, sucedendo-a nos direitos e obrigações. E.: A incorpora B, que desaparece, ficando somente A.
c) Fusão.
- Ocorre quando duas ou mais sociedade se unem, formando uma outra inédita, de forma que as antecessoras desaparecem. Ex.: A + B + C = D, de forma que somente D continua no mercado.
d) Cisão.
- É o contrário da fusão. Ocorre quando uma empresa se dissolve dando origem a outras empresas inéditas. Ex.: A se divide C e D. 
3.4.12 Os Demonstrativos Financeiros das S/A.
> A lei das S/A exige uma série de demonstrativos financeiros contábeis, ao término de cada exercício social, com vistas a possibilitar o conhecimento pelos acionistas, pela própria companhia e por terceiros a situação patrimonial, econômica e financeira, bem como os resultados positivos ou negativos alcançados pela empresa.
> DEMONSTRATIVOS OBRIGATÓRIOS:
a) Balanço Patrimonial: “É a demonstração financeira que procura retratar o ativo, o passivo e o patrimônio líquido da S/A.” 
b) Demonstrativo de Lucros ou Prejuízos Acumulados: “Revela a parcela dos lucros aferidos pela companhia e não distribuídos aos acionistas ou os prejuízos não absorvidos por sua receita.”
c) Demonstrativo de Resultados do Exercício: “Apresenta dados sobre o desempenho da companhia durante o último exercício e possibilita ao acionista avaliar não somente o grau de retorno de seu investimento, como a eficiência administrativa.”
d) Demonstrativo de Origens e Aplicações de Recursos: ‘Visa evidenciar as modificações dos recursos financeiros da companhia, possibilitando analisar o fluxo de recursos a partir da identificação da operação que os gerou ou nas quais foram empregados. A partir dessa análise, a diretoria pode tomar a decisão de distribuir dividendos”.
3.4.13 A Dissolução e a Liquidação da S/A.
> A sociedade anônima se extingue das seguintes formas:
1- Pela dissolução seguida sempre pela liquidação e partilha.
2- Pela incorporação, fusão e cisão com versão de todo patrimônio em outras sociedades. 
> A dissolução ocorre quando a sociedade paralisa sua atividade e se dissolve.
> A dissolução ou distrato pode ocorrer de três formas:
a) Dissolução de pleno direito.
- Quando estava previsto no estatuto, que a empresa existiria por prazo determinado. 
- Por decisão dos próprios sócios, que decidem desfazer a sociedade.
- Por unipessoalidade incidental.
b) Dissolução por decisão judicial.
- Por anulação da constituição da companhia. 
- Por irrealizabilidade do objeto social. 
- Por falência.
c) Dissolução por decisão de autoridade administrativa competente.
- Por extinção da autorização para funcionar quando cassada ou não renovada.
- Ocorre quando sociedade necessita de autorização especial para funcionar. Ex.: atividade securitária, financeira, transporte rodoviário de bens, consórcios, vigilância e transp. de valores.
> A liquidação.
- É o procedimento que tem a finalidade de arrecadar bens, avaliá-los e vendê-los para o pagamento de credores. 
- Neste procedimento, a sociedade transforma todo o seu patrimônio em dinheiro para saldar suas dívidas e encerrar suas atividades.
> A partilha.
- É a distribuição entre os sócios do eventual saldo positivo que restar depois da realização dos ativos da empresa e da liquidação do passivo. 
3.5 A Sociedade em Comandita por Ações
> Esta sociedade tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima. 
> Aplicam-se todas as regras das S.A.
> Todavia, neste tipo societário, há algumas diferenças em relação às S.A.:
a) Os diretores.
- Somente acionistas podem ser diretores. 
- Têm responsabilidade subsidiária e ilimitada pelas obrigações sociais. 
- Os diretores são os sócios comanditados.
b) O nome empresarial.
- Pode ser firma/razão social ou denominação. 
- Se optar por firma/razão social, somente os nomes civis dos sócios diretores poderão ser aproveitados. 
3.6 – A CLASSIFICAÇÃO DAS SOCIEDADES.
3.6.1 - QUANTO À PERSONIFICAÇÃO: 
A) Sociedades não personificadas: são as que não têm personalidade jurídica.
- Sociedades em comum;
- Sociedade em conta de participação; 
> Mas o que é a Personalidade Jurídica? 
- É a coletividade de homens, constituída para certo fim, com vida e patrimônio próprios, distintos dos indivíduos que a compõem.
- É uma ficção jurídica.
> Efeitos da personalidade jurídica: 
- Titularidade negocial e processual, a partir de sua inscrição.
- Individualidade própria: os sócios não mais se confundem com a sociedade.
- Autonomia e responsabilidade patrimonial
B) Sociedades Personificadas: são as que adquirem personalidade jurídica própria, distinta das dos sócios.
- Sociedades simples. 
- Sociedades empresárias.
3.6.2 – QUANTO À ESTRUTURA ECONÔMICA.
A) Sociedades de pessoas: 
- Os sócios se aceitam tendo em vista as qualidades pessoais de cada um. 
- Elas fundam-se na confiança recíproca entre os sócios, na capacidade, na honra, na honestidade, na experiência e no conhecimento dos componentes. 
- A substituição de um dos sócios pode causar a dissolução da sociedade. 
- São elas: 
- Soc. em nome coletivo;
- Soc. Limitada; 
- Soc. Simples.
B) Sociedades de capital: 
- São as que se formam tendo em vista, principalmente o capital social, deixando em segundo plano as qualidades pessoais dos sócios. 
- A substituição dos sócios se faz livremente, já que o que interessa é o capital.
- É o caso das S/A.
C) Sociedades mistas:
- São aquelas em que há sócios escolhidos em virtude de suas características pessoais juntamente com sócios para os quais não se leva em conta sua condição pessoal, mas somente o seu capital. 
- São elas:
- Soc. em conta de participação;
- Soc. em comandita simples;
- Soc. em comandita por ações
3.6.3 – QUANTO À RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS.
A) Sociedades ilimitadas: Aquelas em que os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. 
- Somente a Sociedade em Nome Coletivo.
B) Sociedades limitadas: aquelas em que todos so sócios respondem limitadamente pelas obrigações sociais. 
- São as Limitadas e as S/A.
C) Sociedades mistas: são aquelas em que uma parte dos sócios têm responsabilidade ilimitada e outra parte tem responsabilidade limitada.
- São as sociedades em comandita simples: 
> O sócio comanditado responde ilimitadamente.
> O sócio comanditário responde limitadamente.
- São as sociedades em comandita por ações: 
> Os sócios diretores (comanditados) respondem ilimitadamente.
> Os demais acionistas (comanditários) respondem limitadamente.
3.6.4 – QUANTO AO REGIME DE CONSTITUIÇÃO.
- Estatutárias (ou institucionais): as S/A e em Comandita por Ações. 
- Contratuais: todas as demais
3.6.5 – QUANTO À NACIONALIDADE.
a) Nacionais. 
- São as sociedades organizadas de conformidade com a lei brasileira e que tenham no País a sede de sua administração. (art. 1.126 CC).
b) Estrangeiras. 
- São as sociedades não organizadas conforme a lei brasileira e/ou que não tenham a sede de sua administração no País, necessitando, por isto, da autorização do Poder Executivo para funcionar no Brasil (art. 1.134).
- A autorização do Poder Executivo se dá mediante concessão, em requerimento do interessado.
- A concessão da autorização poderá estabelecer condições convenientes à defesa dos interesses nacionais (art. 1.135).
3.6.6 – QUANTO À FORMA DE CAPITAL.
- De capital variável: “É de capital variável a cooperativa para cuja constituição concorre um número mínimo de sócios, mas sem a limitação de número máximo, possibilitando, adesões posteriores de novos cooperados, sem que seja necessária a alteração da cláusula correspondente, o aumento do montante do capital social”. ( art. 1.094 CC)
- De capital fixo: todas as demais, já que o capital de toda sociedade tem que ser previamente estipulado no contrato ou estatuto e para ser modificado tem que sofre alteração da respectiva cláusula. 
3.6.7 – QUANTO À INTERLIGAÇÃO COM OUTRAS EMPRESAS.
1- Não coligadas: São aquelas em que o seu capital social não possui qualquer ligação com o capital de outras sociedades.
2- Coligadas: São aquelas cujo capital ou parte dele pertence a outra sociedade, podendo ser do tipo controlada, filiada ou de simples participação.
a) Controlada: é aquela cujo capital pertence a outra sociedade que possui a maioria de votos nas deliberações dos cotistas ou assembleia geral, permitindo-lhe eleger a maioria dos administradores (art. 1.098, I, CC). 
b) Filiada: São aquelas em que 10% ou mais do capital social pertence a outra sociedade que não a controla. (art. 1.099, CC).
c) De simples participação: São aquelas em que menos de 10% do capital social com direito a voto pertence a outra sociedade. (art. 1.100 CC).
Unidade IV – TÍTULOS DE CRÉDITO.
4.1 Conceito.
- É o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado.
- Os títulos de crédito são documentos representativos de obrigações pecuniárias. Não se confundem com a própria obrigação, mas se distinguem dela na exata medida em que a representam.
4.2 Princípios Aplicáveis aos Títulos de Crédito.
I – Princípio da Cartularidade. 
> O título se exterioriza por meio de um documento, a Cártula. 
> Este princípio indica que a posse e a exibição do documento, ou seja, do próprio título de crédito, são necessárias para o exercício do direito de crédito nele mencionado.
> O direito não existe sem a existência e sem a apresentação do documento em si.
II – Princípio da Literalidade.
> O título é literal, isto é, obedece rigorosamente ao que está escrito no documento. Desta maneira, o conteúdo do direito que o título confere a seu portador limita-se ao que nele estiver escrito.
> Os atos jurídico-cambiais não escritos no próprio documento não têm validade, em regra.
III – Princípio da Autonomia. 
> As obrigações contidas em um título são autônomas ou independentes entre si, ou seja, se uma dessas obrigações for juridicamente viciada, isso não comprometerá a validade das demais obrigações contidas no mesmo título.
> Cada coobrigado fica responsável pelo que assinou, independentemente da causa ou origem do título e da validade das demais obrigações.
> Quem saca (ou emite), quem aceita, quem endossa ou quem avaliza uma cártula fica responsável pela realização do valor que afirma existir no tempo e lugar determinados. 
IV – Princípio da Abstração. 
> Abstração: É uma extensão da autonomia e significa a desvinculação do próprio título em relação à sua causa. 
> As relações
cambiárias são abstratas, ou seja, uma vez emitido um título, o mesmo desprende-se da sua origem (chamada de relação fundamental).
> O título é um documento constitutivo de um direito novo, não sendo consubstanciado na relação causal que o originou.
> O título basta-se a si mesmo, os direitos inerentes ao título independem de sua causa debendi. 
> O direito do seu beneficiário atual não pode ser anulado em virtude das relações existentes entre os seus antigos titulares e o devedor da obrigação.
> As obrigações decorrentes do título terão que ser cumpridas, não se admitindo a recusa baseada na causa que o originou. 
- Atenção: o princípio da abstração somente passa a viger quando o título circula por endosso.
- Abstração  -  significa que o título, uma vez endossado, liberta-se da causa que lhe deu origem.
4.3 Características dos Títulos de Crédito.
I – Cartularidade.
- Em regra, exige-se a apresentação do documento original para o exercício do direito de crédito.
- A exigência é feita para evitar que o mesmo título possa ser cobrado várias vezes.
II – Força Executiva.
- Títulos de crédito são equiparados a uma decisão judicial com trânsito em julgado ou sentença judicial irrecorrível.
- São títulos executivos extrajudiciais.
III – Circulabilidade.
- Podem ser transferidos, mudando de titularidade com muita facilidade, por meio do endosso.
4.4 Requisitos formais indispensáveis:
> Denominação do título
> Assinatura do emissor
> Identificação de quem deve pagar,
> Valor a pagar
> Data de vencimento
> Data de emissão
- A ausência destes requisitos pode gerar a nulidade do título. 
4.5 A Classificação dos Títulos de Crédito.
4.5.1 Quanto ao modelo:
a) Modelo livre: são os títulos cuja forma não precisa observar um padrão normativamente estabelecido.
> Não significa que não tenha requisitos essenciais, mas apenas que podem ser dispostos livremente no documento.
> Ex.: Letra de Câmbio e Nota Promissória. 
b) Modelo vinculado: aqueles para os quais a lei definiu um padrão formal de preenchimento dos requisitos, não podendo ser modificado pelo emissor.
> Ex.: Cheque e Duplicata Mercantil.
4.5.2 Quanto à estrutura.
a) Ordem de pagamento.
> Nesses títulos, há uma ordem de pagamento a ser cumprida por terceiros.
> É o caso do cheque, da letra de câmbio e das duplicatas mercantis.
> Neles se verifica a existência de três personagens cambiários com situações jurídicas diferentes.
> Analisando-se, por exemplo, o cheque. Nele tem-se:
1 – O emitente: é a pessoa que assina o cheque, dando assim a ordem de pagamento. Observe que no cheque vem escrito: “pague por este cheque a quantia de...” 
- Temos, então, uma ordem dada ao Banco, que poderia ser colocada nos seguintes termos: Banco, pague por este cheque a quantia de ...
2 – O sacado: é o Banco, ou seja, a pessoa jurídica que deve cumprir a ordem de pagamento expressa no cheque. É do Banco que será retirado (sacado) o valor escrito no cheque.
3 – O tomador ou beneficiário: é a pessoa que se beneficia da ordem de pagamento. É quem recebe o valor expresso no cheque.
b) Promessa de pagamento.
> Nesses títulos, existe uma promessa de pagamento que deverá ser cumprida pelo próprio emitente e não por terceiros.
> É o caso da Nota Promissória, somente ela!
> Observe que na nota promissória não vem escrito “pague-se”, mas “pagarei”: o verbo está na primeira pessoa do singular (eu pagarei).
> Na promessa de pagamento podemos identificar a presença de apenas dois personagens:
1 – O emitente: é a pessoa que emite a promessa de pagamento em nome próprio, isto é, na primeira pessoa do singular (eu pagarei). O emitente é o devedor da obrigação. 
2 – O beneficiário: é a pessoa que se beneficia da promessa de pagamento. É o credor do título.
4.5.3 Quanto às hipóteses de emissão.
a) Título causal.
> É aquele que somente pode ser emitido se ocorrer o fato que a lei elegeu como causa possível para a sua origem e emissão.
> É o caso da Duplicata Mercantil.
> A emissão de Duplicata Mercantil somente pode decorrer de uma relação de compra e venda ou de prestação de serviço por parte de empresário a terceiro também empresário.
b) Título não-causal (ou abstrato).
> É aquele para o qual a lei não exige origem ou causa específica, podendo se originar a partir de qualquer situação jurídico-obrigacional que possa ser representada por título de crédito.
> É o caso do cheque, da nota promissória e da letra de câmbio.
4.5.4 Quanto à circulação.
a) Ao portador.
> É aquele no qual não consta o nome do beneficiário. 
> Presume-se que o titular é a pessoa que estiver com a posse do mesmo.
> Sua transferência ocorre facilmente, através da simples tradição. 
> Têm grande facilidade de circulação.
> Ex.: Cheque ao portador. 
b) Título nominativo.
> É aquele no qual consta o nome do beneficiário.
> Trata-se de título emitido em nome de pessoa determinada.
> Sua transferência não pode ocorrer através da simples tradição, mas sim através do endosso ou da cessão de civil de crédito aliada à tradição.
> Ex.: Cheque nominal.
Obs.: Os títulos nominativos podem ainda ser de dois tipos:
I – Nominativos “à ordem”.
> São aqueles que contêm a ordem escrita da seguinte forma: “Pague-se a José Pereira ou à sua ordem.
> A cláusula “à ordem” significa que o título pode circular pelo endosso somado à tradição.
> Geralmente trata-se de cláusula tácita, mas especificamente no cheque é sempre expressa.
II – Nominativos “não à ordem”.
> São aqueles nos quais o seu emitente expressou o desejo de que o título não circule com facilidade pelo endosso.
> É cláusula que tem que estar expressa.
> Uma vez inserida esta cláusula, o título não mais pode circular pelo endosso aliado à tradição, somente circula por meio da cessão civil de crédito.
> O seu titular ou beneficiário não pode transferir a titularidade do documento pelo endosso somado à tradição.
> É cláusula de exceção do direito cambiário, uma vez que dificulta a circulação do título.
> No cheque pode vir inserido depois do nome do beneficiário.
> A duplicata e a LC não podem conter esta cláusula.
4.6 Os principais atos cambiários.
4.6.1 Saque.
> É o ato que tem como objetivo criar um título de crédito. Saque é sinônimo de emissão. 
> O sacador é coobrigado ou codevedor.
> Sacador é o emitente do título.
4.6.2 Aceite.
> É o ato cambiário pelo qual o sacado reconhece a validade da ordem de pagamento.
> Consiste na assinatura do sacado no próprio título (anverso), admitindo-se também no verso, desde que contenha a expressão “aceito”. 
> Apresentação para aceite: É o ato de submeter uma ordem de pagamento ao reconhecimento do sacado. 
> O título pode ser apresentado para aceite até a data do seu vencimento. 
> Só existe apresentação para aceite quando o título de crédito for letra de câmbio ou duplicata. 
> O aceitante passa a ser o devedor principal do título, ficando o sacador como codevedor.
> O aceite é facultativo para a letra de câmbio. Se não for dado, provoca o vencimento antecipado do título. 
> Para a duplicata, o aceite é obrigatório.
> O aceite somente é utilizável no caso de ordem de pagamento a prazo. 
- Aceite Parcial: É possível na LC., neste caso, o sacado aceita pagar somente uma parte do título.
- O aceite parcial provoca o vencimento antecipado do título, de forma que o beneficiário poderá cobrar de imediato o pagamento, por parte do sacador, referente à parte não aceita. 
- Aceite Modificativo: É possível na LC. e ocorre quando o aceite é dado, porém com alteração de alguma condição prevista no título, como o lugar do pagamento ou a data do pagamento.
- O aceite modificativo provoca o vencimento antecipado do título, de forma que o beneficiário poderá cobrar de imediato o pagamento, por parte do sacador.
4.6.3 Protesto.
> É o ato público formal extrajudicial, que prova o inadimplemento ou a falta de aceite (para LC e Duplicata),
sem relevante razão jurídica, levado a efeito por oficial público, a requerimento do titular de um documento representativo de crédito líquido e certo. 
> Deve ser feito no cartório de protestos. 
> É só a constatação autêntica do não-pagamento.
> Ele é necessário porque o vencimento de uma obrigação sem pagamento, por si só, não traduz a inadimplência cambial. É necessário que se prove tanto o vencimento do débito, quanto a mora do devedor.
> Efeitos: 
- Torna público o título.
- Atesta a inadimplência.
- Comprova que o credor tentou receber o crédito. 
- Prova a impontualidade.
- Constitui o devedor em mora.
- “Suja” o nome do devedor, dificultando seu crédito na praça. 
4.6.4 Endosso.
> É o ato cambiário através do qual se opera a transferência do crédito representado no título “nominativo à ordem” (chamado de endosso próprio).
> É uma forma de transmissão dos títulos de crédito, através do lançamento da assinatura do proprietário do título no verso ou no anverso do documento. > Somente o credor ou titular do documento pode realizar o endosso.
- Espécies de Endosso:
a) Endosso em preto ou completo.
> É aquele em que o endossante (pessoa que dá o endosso) expressamente identifica o nome do endossatário.
> É o que contém indicação do beneficiário (endossatário). Ex. “Endosso em nome de Francisco José” e assina, ou “Pague-se a fulano de tal” e assina.
> Endosso em preto pode ser lançado no verso ou no anverso.
b) Endosso em branco ou ao portador.
> É aquele em que o endossante não identifica a pessoa do endossatário.
> Consiste na simples assinatura do titular sem qualquer dizer, lançada obrigatoriamente no verso do título.
> Endosso em branco deve ser lançado no verso do documento para não se confundir com o aceite, que é feito no anverso.
> Faz com que um título nominal passe a circular como se fosse título ao portador.
c) Endosso parcial.
> É aquele que transfere apenas uma parte do valor do título.
> É nulo no direito brasileiro.
d) Endosso condicional.
> É aquele que transfere o crédito somente se cumprida determinada condição imposta. 
> Não é aceito no direito brasileiro.
e) Endosso mandato. 
> Quando junto ao endosso vem a expressão “por procuração”, ou “para cobrança”, ou “valor a cobrar”, traduz um mandato, para que o endossatário possa agir em nome do endossante afim de receber o valor representado entregando-o ao endossante. Não transmite os direitos da cártula, mas tão somente a posse.
> É uma espécie de endosso impróprio porque não transfere a titularidade, mas apenas legitima a posse.
f) Endosso caução.
> É aquele em que o título é onerado por penhor em favor de credor do endossante, de modo que, cumprida a obrigação garantida pelo penhor, o título retorna ao endossante. 
> O endosso-caução não transfere a titularidade do crédito. Somente na eventualidade de não cumprimento da obrigação garantida, é que o endossatário por endosso-caução apropria-se do crédito representado pelo título. 
> Vem acompanhado dos termos:
“Pague-se a fulano, este valor em garantia” ou 
“Pague-se a fulano este valor em penhor”.
> É uma espécie de endosso impróprio porque não transfere a titularidade de imediato, mas apenas num segundo momento, caso não tenha sido cumprida a obrigação assumida, que foi garantida pelo título dado por endosso caução.
> O endosso deve ser lançado no próprio título (Princípio da Literalidade e da Cartularidade), mas a negociação subjacente deve estar especificada em contrato assinado pelas partes.
> Garante obrigação extracartular.
> Não pode o endossatário pignoratício transferir o título a outra pessoa na qualidade de proprietário.
> Representando caução ou garantia de uma obrigação principal entre o devedor-endossante e o credor endossatário, o endosso-caução (endosso-garantia ou endosso pignoratício) cessará o seu efeito jurídico se houver o adimplemento dessa obrigação pelo endossante, quando haverá o dever de restituição da posse da caução representada pelo título de crédito; caso contrário, se a obrigação principal caucionada pelo título de crédito for inadimplida pelo endossante, a propriedade do título de crédito será consolidada em favor do endossatário, que passará a dispor juntamente da posse e da propriedade do título de crédito.
g) Endosso sem garantia.
> É uma exceção aos efeitos do endosso próprio, pois significa que o endossante está transferindo o título ao endossatário, mas não se responsabiliza pelo seu pagamento, caso devedor principal não o pague.
> Por ser exceção tem que ser expresso, através da inclusão do dizer: “Pague-se a fulano, sem garantia”. 
h) Endosso póstumo.
> É o endosso feito depois do protesto por falta de pagamento. 
> Produz efeito de cessão ordinária ou cessão civil de crédito, ou seja, sem as garantias cambiárias, de forma que o endossante não fica coobrigado ao pagamento do título.
- Efeitos do endosso próprio ou translativo. 
- Em regra, o endosso feito antes do protesto produz os seguintes efeitos jurídicos:
a) Transfere a titularidade da cártula;
b) Transforma o endossante em coobrigado pelo pagamento do crédito, gerando uma nova garantia de pagamento, pois o endossante passa a ser responsável solidariamente pelo pagamento do crédito, junto com o emitente, o aceitante, o avalista e os outros endossantes se houver.
- O devedor que paga sua dívida com a simples tradição do título (Título ao portador), sem endossá-lo, não se responsabiliza solidariamente pelo pagamento da cártula emitida por terceiros. 
4.6.5 Aval. 
> É garantia cambiária utilizada nos títulos de crédito, em que um terceiro, denominado o avalista, garante o pagamento do título de crédito.
- Avalista: é a pessoa que presta o aval. Para isso, basta a sua assinatura, em geral, na frente do título, precedida do termo “Por aval”. 
- O avalista assume RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA pelo pagamento da obrigação, o que significa que se o título não for pago no dia do vencimento por seu devedor principal, o credor poderá cobrá-lo diretamente do avalista, se assim o desejar. 
- Avalizado: é o devedor que se beneficia do aval, tendo sua dívida garantida perante o credor. 
- Se o avalizado não pagar o título, o avalista terá que fazê-lo. 
- Se o avalista for obrigado a pagar o título no lugar do seu devedor principal, terá este avalista o direito de cobrar posteriormente do avalizado aquilo que pagou por ele. 
- Aval parcial: É possível, pois o avalista pode optar em avalizar o valor total do crédito ou somente uma parte dele.
- Se o aval for parcial, o avalista deverá expressamente especificar no aval lançado no título, o valor pelo qual está disposto a se comprometer.
- Aval em preto: aquele que identifica o nome do avalizado.
- Aval em branco: aquele que não identifica o nome do avalizado. 
- Obs.:
- O aval tem que ser por escrito, no próprio título, no verso ou no anverso. 
- Deve conter a expressão: “Por aval” ou “Bom para aval”, seguido da assinatura do avalista.
- Aval X Fiança.
> O Aval é concedido somente nos títulos de crédito, enquanto a fiança é prestada nos contratos.
> Na fiança, é possível ser evocado o chamado benefício de ordem, enquanto no Aval isto não é possível.
> Exige-se a outorga do cônjuge do avalista, exceto se casados no regime de separação total de bens
4.6.6 Pagamento.
> Pagamento é a forma de extinção de uma, algumas ou todas as obrigações representadas em um título de crédito.
> O pagamento feito pelo devedor principal extingue todas as obrigações contidas em um título.
> O pagamento de um título cambial (ou de crédito) deve cercar-se de cuidados. O devedor que paga deve exigir que lhe seja entregue o título original, com quitação dada na própria cártula. 
4.7 Ação Cambial.
> É a ação judicial de cobrança de título de crédito quando este não foi espontaneamente liquidado.
4.8 Principais Títulos de Crédito.
> Os principais títulos de crédito são:
1. Letra de câmbio;
2. Nota promissória.
3. Cheque.
4. Duplicata.
4.8.1 A Letra de Câmbio.
- Conceito: 
> É uma ordem de pagamento que uma pessoa (sacador) emite, por escrito, contra alguém (sacado) em benefício de uma terceira pessoa (tomador) ou à ordem deste. É uma ordem de pagamento de determinado valor, à vista ou a prazo.
> Na LC, assim como em qualquer ordem de pagamento, aparecem três personagens cambiários:
a) Sacador ou emitente: É a pessoa que dá a ordem de pagamento, a favor de outrem ou à sua ordem, autorizado por um crédito contra outra pessoa, que é o sacado.
b) Sacado: Pessoa obrigada a pagar a letra. Quem deverá realizar o pagamento. Pessoa que recebe a ordem.
c) Tomador ou beneficiário: É a pessoa a quem o título deve ser pago. É aquele que recebe a letra e deve cobrá-la, sendo, pois, o primeiro portador. É quem se beneficia com a ordem.
> Observe que o sacado transforma-se em Aceitante, após o aceite.
- EXEMPLO: Joaquim é credor de João e devedor de José. Joaquim (sacador) emite uma letra de câmbio, dando ordem a João (sacado) para que pague determinado valor a José (tomador).
- Características:
> É materializada em um documento.
> É sempre à ordem: é cláusula obrigatória na LC para permitir a circulação.
> É formal: obedece a requisitos da lei.
> É literal: só vale o que nela está escrito.
> É abstrato: não há necessidade de indicação do negócio fundamental originário.
> É autônomo: as obrigações contidas são autônomas.
> É cártula: o original tem que ser apresentado.
- Função da LC.
> Possui função de papel moeda destinada a efetuar o transporte fácil de valores de um lugar para outro, sem os perigos e as dificuldades do transporte real, facilitando assim, a efetivação de transações comerciais. 
> A LC é título de formato livre.
- Requisitos da letra de câmbio:
a) palavra “letra de câmbio” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para redação;
b) ordem incondicional de pagar uma quantia determinada. A quantia deve ser exata; 
c) o nome de quem deve pagar o título (o sacado), identificado pelo CPF ou CNPJ, título de eleitor ou carteira profissional;
d) o nome da pessoa a quem (ou à ordem de quem) a letra deve ser paga (tomador);
e) indicação da data em que a letra é sacada;
f) indicação do lugar onde a letra é sacada;
g) assinatura do sacador.
h) A data de vencimento.
> Cambial incompleta: a ausência de qualquer um desses requisitos tornará prejudicada a liquidez, exigibilidade e certeza do título, que será considerado nulo.
> Saque: é o ato de criação, de emissão da letra de câmbio, vinculando o sacador à posição de codevedor e ao pagamento da letra, se o sacado não aceitar pagar o título. 
> Aceite: O ato em que o sacado concorda em acolher a ordem incorporada pela letra chama-se aceite e resulta da simples assinatura do sacado lançada no anverso do título, ou no verso, neste caso devendo ser identificado pela expressão “Aceito”.
- O sacado não está obrigado a aceitar o título, mas uma vez aceitando, ele passa a ser o devedor principal do título.
- A recusa do aceite pelo sacado gera o vencimento antecipado da letra de câmbio, podendo o tomador cobrar o título de imediato do sacador. 
> Aceite parcial: O aceite pode ser limitativo ou parcial quando o aceitante concorda em pagar somente uma parte do valor.
> Aceite modificativo: Ocorre quando o sacado aceita a ordem, mas altera as condições fixadas, como o prazo de vencimento, o local de pagamento. (ou a moeda de pagamento, se for letra internacional).
- O sacado deveria aceitar a letra em seus exatos termos, mas não é obrigado a isso, por isso, tanto o aceite limitativo quanto o modificativo provocam o vencimento antecipado da letra.
- Diante da negativa de aceite, ou do aceite limitativo ou do aceite modificativo, o tomador deve protestar o título para ter direito de cobrá-lo de todos os coobrigados, além de cobrar imediatamente do sacador.
- Se o aceite for parcial, o tomador deverá cobrar do sacador a diferença que ficou excluída do aceite parcial dado pelo sacado.
> Recusa do aceite: A recusa é comportamento lícito. O sacado somente se vincula ao pagamento se concordar com a ordem que lhe foi dada. A falta ou recusa do aceite prova-se pelo protesto.
> Protesto: Por falta de aceite ou pagamento. 
a) Por falta de aceite. 
b) Por falta de pagamento
> Endosso: A letra de câmbio é título com cláusula “à ordem” obrigatória, o que permite o endosso, de forma que o credor poderá negociar o crédito. Não há limites para o número de endossos.
- O endosso dos títulos de crédito deixa de ser efetivamente endosso e passa a ser simples cessão civil de créditos quando for feito nas seguintes situações.
a) Quando feito depois de protestado o título por falta de pagamento, chamado de endosso póstumo.
b) Quando feito em título no qual conste a cláusula “não à ordem”, que impede a transferência da letra por endosso, permitindo apenas a cessão civil.
> Cessão civil de créditos: É o ato jurídico, de efeitos não cambiais, de transferência do crédito. Na cessão civil, o cedente responde apenas pela existência do crédito e não pela solvência do devedor. 
- Solvência é a capacidade de pagar a dívida, ou seja, a liquidação efetiva do título.
> O aval: O aval é o ato através do qual o avalista garante o pagamento do título em favor do devedor principal. 
- O avalista que for obrigado a pagar título no lugar do devedor principal, depois poderá exercer o direito de regresso contra o avalizado. 
- O devedor: Os devedores da letra de câmbio podem ser:
a) O Principal: que é o aceitante.
b) Os Coobrigados: são os endossantes e o sacador. 
- Pagamento:
> Deve ser apresentada para pagamento no dia/lugar em que é pagável, conforme escrito no título, ou no próximo dia útil.
4.8.2 A Nota Promissória.
> Conceito: 
- É uma promessa de pagamento pela qual o emitente (devedor) se compromete diretamente como beneficiário (credor) a pagar-lhe certa quantia em dinheiro.
- É uma promessa de pagamento que uma pessoa faz em favor de outra pessoa, documentando-a por escrito, segundo as exigências da lei.
> A NP difere da LC principalmente porque a NP é promessa de pagamento, enquanto a LC é ordem de pagamento.
> Sendo promessa de pagamento, a NP envolve apenas dois personagens cambiários:
a) O devedor chama-se: sacador, emitente ou subscritor
b) O credor chama-se: beneficiário. 
> A promessa tem que ser incondicional, de pagar quantia em dinheiro, sendo esta quantia determinada.
> Requisitos da NP.
a) A expressão “nota promissória” inscrita no próprio texto;
b) A promessa incondicional, pura e simples, de pagar quantia determinada;
c) O nome do beneficiário (inexiste NP ao portador);
d) A data do saque;
e) O local do saque;
f) A assinatura do sacador e sua identificação.
- A NP deve ainda conter a data e o local do pagamento, mas se não for especificado, a cártula não será nula, pois presumir-se-á que ela é pagável à vista e no local do saque.
- Na NP não existe aceite, em razão da existência da assinatura do emitente que é o próprio devedor.
- Endosso, aval, vencimento, pagamento, protesto e execução da NP são idênticos ao na LC.
4.8.3 O Cheque.
> Conceito:
- O cheque é uma ordem de pagamento a vista, de uma certa quantia em dinheiro, dada com base em suficiente provisão de fundos ou decorrente de contrato de abertura de crédito disponíveis em banco ou instituição financeira equiparada. 
> Personagens intervenientes:
- Emitente: É a pessoa que dá a ordem de pagamento para o sacado, após a verificação dos fundos, pagar. É o devedor principal.
- Sacado: É o banco ou instituição financeira a ele equiparada. O sacado de um cheque não tem, em nenhuma hipótese, obrigação cambial.
- Beneficiário: É a pessoa a quem o sacado deve pagar a ordem emitida pelo sacador. 
- Requisitos: 
1) A palavra cheque inscrita no título;
2) A ordem incondicional de pagar quantia determinada;
3) O nome do banco ou da instituição
que deve pagar;
4) A indicação de lugar de pagamento; 
5) O dia e lugar onde é passado; 
6) A assinatura do emitente ou mandatário.
> O cheque é título de modelo vinculado, cuja emissão só pode ser feita em documento padronizado, fornecido pelo banco.
> Circula por meio de simples tradição ou da tradição somada ao endosso.
> É título não-causal ou abstrato.
> O cheque pode ser nominativo ou ao portador (até R$100,00), podendo ser transmitido por endosso.
- Modalidades de Cheques.
a) Cheque visado: é aquele cuja quantia é, desde logo, transferida para o banco, à disposição do beneficiário, deixando de figurar na conta corrente do emitente. Não pode ser ao portador.
> Para que o cheque seja visado, o seu emitente deverá apresentá-lo ao banco sacado para que seja posto o visto do representante do banqueiro, indicando que a respectiva quantia foi reservada em sua conta corrente e se encontra à disposição do beneficiário. Depois disso o cheque visado é entregue ao beneficiário. 
b) Cheque administrativo: é um cheque emitido pelo banco contra suas próprias caixas. 
> É o cheque emitido por um banco contra ele mesmo, por solicitação de um de terceiro. 
> O cheque administrativo também pode ser chamado de “cheque emitido contra a própria caixa”, “cheque bancário”, “cheque de caixa” e “cheque de tesouraria”. 
> Geralmente, os correntistas solicitam ao respectivo banco a emissão do cheque administrativo, trata-se de serviço cobrado e debitado na conta do próprio correntista. 
> É através do cheque administrativo, no qual consta a assinatura do representante do banco emitente, que o documento passa a ser reconhecido por bancos correspondentes no país e no exterior. Assim, este tipo cheque permite uma maior amplitude de negociação para seu beneficiário, inclusive a nível internacional.
>Só pode ser nominativo. 
c) Cheque cruzado: só poderá ser pago via depósito em banco. 
- Pode ser de dois tipos:
a) Cruzamento geral: apenas dois traços paralelos colocados no anverso. 
b) Cruzamento especial: quando tem escrito entre os dois traços o nome do banco, caso em que só a este poderá ser pago. 
d) Cheque para ser creditado em conta: tem o mesmo objetivo do cheque cruzado, não é pago em dinheiro. Sua liquidação será feita somente por lançamento contábil.
- Para isto, basta que o emitente coloque o dizer “para ser creditado em conta”, no anverso do título, no sentido transversal.
- As formas de emissão do cheque.
> O cheque pode ser emitido de três formas: 
Nominal (ou nominativo) à ordem: só pode ser apresentado ao banco pelo beneficiário indicado no cheque, podendo ser transferido por endosso do beneficiário;
Nominal não à ordem: não pode ser transferido pelo beneficiário;
Ao portador: não nomeia um beneficiário e é pagável a quem o apresente ao banco sacado. Não pode ter valor superior a R$ 100.
> Para tornar um cheque não à ordem, basta o emitente escrever, após o nome do beneficiário, a expressão “não à ordem”, ou “não-transferível”, ou “proibido o endosso”, ou outra equivalente.
> Cheque de valor superior a R$100,00 tem que ser nominal, ou seja, trazer a identificação do beneficiário. O cheque de valor superior a R$100,00 emitido sem identificação do beneficiário será devolvido pelo motivo 48 (cheque emitido sem identificação do beneficiário - acima do valor estabelecido). 
- O cheque especial.
- O chamado cheque especial é um produto que decorre de uma relação contratual em que é fornecida ao cliente uma linha de crédito para cobrir cheques que ultrapassem o valor existente na conta. O banco cobra juros por esse empréstimo.
- Endosso. 
> O cheque ao portador transmite-se pela simples tradição, mas o cheque nominativo exige o endosso e a correspondente tradição.
> O cheque não admite o endosso-caução. 
> São nulos o endosso parcial, o endosso condicional e o endosso do sacado.
> O Endosso de cheque com cláusula “não à ordem” tem efeitos de cessão civil de crédito.
> Com o fim da CPMF, o cheque pode ser endossado repetidamente. 
- Aval.
> Pode ser feito no anverso do cheque, pela simples assinatura do avalista. Se for feito no verso do cheque, tem que se indicar que a assinatura refere-se a um aval, para não se confundir com o endosso.
> Na falta de indicação do avalizado, considera-se como beneficiário do aval o emitente.
- Aceite.
> O cheque não admite aceite.
- Vencimento.
> Sempre à vista, no momento da apresentação ao banco.
> Mas e existem dois prazos que devem ser observados: 
O prazo de apresentação, que é de 30 dias, a contar da data de emissão, para os cheques emitidos na mesma praça do banco sacado; e de 60 dias para os cheques emitidos em outra praça; 
O prazo de prescrição, que é de 6 meses decorridos a partir do término do prazo de apresentação.
- Mesmo após o prazo de apresentação, o cheque é pago se houver fundos na conta. 
- A perda do prazo de apresentação (30 ou 60 dias) implica na perda do direito de cobrança contra coobrigados, mas não contra o devedor principal. 
- Quando o cheque é apresentado após o prazo de prescrição, o cheque é devolvido, não podendo ser pago pelo banco, mesmo que a conta tenha saldo disponível. 
- Mas o que é prazo de prescrição, no caso do cheque?
> É o prazo que se tem para receber o valor do cheque através do sistema bancário.
- Perguntas e respostas.
> Um cheque apresentado antes do dia nele indicado (pré-datado) pode ser pago pelo banco?
- Sim. O cheque é uma ordem de pagamento à vista, válida para o dia de sua apresentação ao banco,  mesmo que nele esteja indicada uma data futura. Se houver fundos, o cheque pré-datado é pago; se não houver, é devolvido. 
- Na verdade, o que se chama comumente de cheque pré-datado é, tecnicamente, cheque pós-datado!
> O motivo de devolução deve ser registrado no cheque?
- Sim. Ao recusar o pagamento de cheque apresentado para compensação, o banco deve registrar, no verso do cheque, o código do motivo da devolução, a data e a assinatura de funcionário autorizado. 
> O banco é obrigado a comunicar ao emitente a devolução de cheques sem fundos? 
- Somente nos motivos 12, 13 e 14, que implicam inclusão do seu nome no CCF (Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos). 
> O correntista pode impedir o pagamento de um cheque já emitido?
- Sim. Existem duas formas: 
A oposição ao pagamento ou sustação, que pode ser determinada pelo emitente ou pelo portador legitimado, durante o prazo de apresentação; 
A contra-ordem ou revogação, que é determinada pelo emitente após o término do prazo de apresentação.
- Os bancos não podem impedir ou limitar o direito do emitente de sustar o pagamento de um cheque. No entanto, os bancos podem cobrar tarifa pela sustação, cujo valor deve constar da tabela de serviços prioritários da instituição. 
- No caso de cheque devolvido por sustação, cabe ao banco sacado informar o motivo alegado pelo oponente, sempre que solicitado pelo favorecido nominalmente indicado no cheque ou pelo portador, quando se tratar de cheque cujo valor dispense a indicação do favorecido. 
> O banco pode fornecer informações sobre o emitente de cheque devolvido?
- Dependendo do motivo da devolução, informações podem ser dadas. Isso é possível quando o cheque for devolvido, por exemplo, por falta de fundos na 1ª e na 2ª vez que foi depositado ou quando a conta estiver encerrada, dentre outros.
> O que fazer no caso de ter cheque furtado ou roubado?
- No caso de cheque furtado ou roubado, o correntista deve, primeiro, registrar ocorrência policial. No ato de sustação, deve ser apresentado, ao banco, o boletim de ocorrência. Assim, o cheque, se apresentado, será devolvido. 
- A solicitação de sustação pode ser realizada em caráter provisório, por telefone ou por meio eletrônico, pelo prazo máximo de dois dias úteis. Após esse prazo, se não for confirmada, a solicitação será considerada inexistente pela instituição financeira. 
> Quais as consequências para o correntista que emitir cheque sem
fundos ou sustar indevidamente o seu pagamento?
- A emissão de cheque sem fundo acarretará a inclusão do nome do emitente no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF) e nos cadastros de devedores mantidos pelas instituições financeiras e entidades comerciais. Além disso, o beneficiário do cheque poderá protestá-lo e executá-lo. A emissão deliberada de cheque sem provisão de fundos é considerada crime de estelionato. 
- Embora o banco não possa julgar o motivo alegado pelo emitente para a sustação de cheque, o beneficiário pode recorrer à justiça para pagamento da dívida, bem como pode protestar o cheque, que é um título de crédito.
> O cheque pode ser preenchido com tinta de qualquer cor?
Sim, porém os cheques preenchidos com outra tinta que não azul ou preta poderiam, no antigo processo de microfilmagem, ficar ilegíveis, mas hoje os sistemas de digitalização superaram esse problema.
> Quais os prazos para pagamento de cheques?
- Existem dois prazos que devem ser observados: 
prazo de apresentação, que é de 30 dias, a contar da data de emissão, para os cheques emitidos na mesma praça do banco sacado; e de 60 dias para os cheques emitidos em outra praça; e
prazo de prescrição, que é de 6 meses decorridos a partir do término do prazo de apresentação.
- Mesmo após o prazo de apresentação, o cheque é pago se houver fundos na conta. Se não houver, o cheque é devolvido pelo motivo 11 ( relativo à primeira apresentação) ou 12 (segunda apresentação), sendo, neste caso, o seu nome incluído no CCF.
- Quando o cheque é apresentado após o prazo de prescrição, o cheque é devolvido pelo motivo 44, não podendo ser pago pelo banco, mesmo que a conta tenha saldo disponível. 
> O banco é obrigado a fornecer talão de cheques a todo correntista?
Não. Para recebimento de cheque o cliente não pode estar com o nome incluído no CCF e tem que atender às condições estipuladas na ficha-proposta de abertura da conta. 
> Qual a idade mínima para eu receber talão de cheques?
A partir de 16 anos de idade, desde que autorizado pelo responsável que o assistir.
4.8.4 A Duplicata.
> Conceito.
- A duplicata é o título de crédito emitido com base em obrigação proveniente de compra e venda mercantil ou prestação de serviços, feitos por uma empresa para outra empresa.
- A compra e venda mercantil é aquela realizada entre empresas, diferentemente da venda realizada ao consumidor. 
- A duplicata mercantil somente pode ser emitida com base em compra e venda mercantil. Não pode ser emitida quando a venda for direta ao consumidor. 
- Para a compra e venda ser mercantil, comprador e vendedor devem ser empresários; em decorrência, a coisa objeto de contrato deve ser uma mercadoria ou a prestação de serviços e o negócio deve se inserir na atividade empresarial de circulação de bens e serviços. 
- Ao fazer a venda mercantil, a empresa emite obrigatoriamente um documento denominado Nota Fiscal-fatura, que é uma relação descritiva das mercadorias e/ou serviços vendidos. 
- A “nota fiscal-fatura” tem efeitos de fatura para o direito comercial e de nota fiscal para o direito tributário, devendo ser emitida para venda à vista ou a prazo.
- Venda a prazo é aquela cujo pagamento deverá ser feito em prazo igual ou superior a trinta dias, contados da data da entrega ou despacho da mercadoria ou prestação do serviço; venda à vista é aquela a ser paga em prazo inferior a 30 dias.
> Procedimento:
* Na venda de uma mercadoria ou prestação de serviço, com pagamento a prazo ou à vista, o vendedor (empresa) deverá extrair a respectiva Nota Fiscal-fatura para apresentá-la ao comprador, discriminando os bens e/ou serviços fornecidos.
* Por fatura (ou NF-fatura) entende-se a relação de mercadorias vendidas ou serviços contratados, discriminados por sua natureza, quantidade e valor.
* Emitida a NF-fatura e apresentada ao comprador, este poderá pagar o valor devido imediatamente, encerrando aí a transação comercial, sem a emissão de duplicata.
* Se o comprador não quiser liquidar a dívida imediatamente, na contra entrega, ele poderá solicitar ao vendedor que emita uma duplicata a partir da fatura de venda, ou seja, uma cópia a ser entregue ao comprador para que este fique documentado acerca de sua aquisição e das condições de pagamento, caso o pagamento não tenha sido feito de imediato. Esta duplicata da NF-fatura é o que se chama de “Duplicata Mercantil”, que constitui título de crédito. 
* Uma vez emitida a duplicata, esta deverá ser assinada (aceite) pelo devedor e devolvida ao credor-vendedor, de forma que, na data do vencimento, o vendedor-credor deverá procurar o devedor-comprador para que este realize o pagamento do valor devido e resgate, ou seja, receba a duplicata com a respectiva quitação, encerrando a operação mercantil.
- A emissão da nota fiscal-fatura é obrigatória, mas da duplicata é facultativa. 
- A emissão da NF-fatura é sempre obrigatória, mas a emissão da duplicata é sempre facultativa, pois o vendedor não está obrigado a sacar o título contra o comprador.
- A duplicata mercantil deve ser emitida com base na NF-fatura da venda.
- A duplicata é título causal. A emissão de duplicata sem a correspondente causa é considerada emissão de duplicata fria ou fraudulenta, configurando crime (art. 172, Código Penal). 
- A duplicata é título de modelo vinculado, devendo ser lançada em impresso próprio do vendedor, confeccionado conforme Resolução 102 do CMN. 
- O empresário que emite duplicatas é obrigado a registrar seu lançamento em livro obrigatório especial. 
- Requisitos.
a) A expressão “duplicata”, a data de emissão e o número de ordem; 
b) O número de ordem da fatura ou da NF-fatura da qual foi extraída a duplicata; 
c) A data certa do vencimento ou indicação de título a vista
d) A identificação do vendedor e comprador; 
e) A importância a pagar, em algarismos e por extenso;
f) O local de pagamento;
g) A cláusula “à ordem”, pois a duplicata é obrigatoriamente título transferível por endosso. 
g) A declaração de reconhecimento de sua exatidão e da obrigação de pagá-la destinada ao aceite do comprador;
h) A assinatura do emitente. 
- Vencimento.
> À vista; 
> A prazo.
- Aceite.
- A duplicata é título de ACEITE OBRIGATÓRIO, mas não é irrecusável. Este só pode ser recusado nos casos previstos em lei. 
- A recusa do aceite de uma duplicata só é admissível nos seguintes casos previstos em lei:
a) avaria ou não-recebimento de mercadorias. 
b) vícios na qualidade ou quantidade das mercadorias;
c) divergência nos prazos e nos preços ajustados.
- A recusa tem que ser motivada tem que ser expressa, por escrito e fundamentada. 
- Protesto. 
a) Por falta de aceite. 
b) Por falta de devolução.
c) Por falta de pagamento.
- O protesto de ser feito na praça de pagamento constante na duplicata e no prazo de 30 dias a contar do seu vencimento.
- Prazo prescricional.
- Contra o sacado e seus avalistas: 3 anos, a contar do vencimento.

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