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AULA 02-Oferta e demanda

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AULA 02 - ANÁLISE DA DEMANDA E OFERTA DE MERCADO
Autor(a): Gustavo Casseb Pessoti
Bem pessoal, dando continuidade a nossa disciplina vamos estudar hoje a análise da demanda e da oferta de mercado com o objetivo de demonstrar como se dá o equilíbrio econômico no mercado.
Essa aula será um primeiro passo para que vocês possam conhecer a dinâmica dos mercados e suas estruturas. Para isso precisamos entender bem os conceitos dessas variáveis e seu comportamento no mercado.
INTRODUÇÃO
Antes de iniciarmos o estudo da demanda e da oferta será interessante entendermos o Fluxo Circular da Renda de uma economia, que é uma espécie de grande mercado onde interagem dois dos principais agentes do sistema econômico, que apresentamos em nossa aula 1. A lógica de funcionamento desse fluxo é bastante simplória e vai nos ajudar a estabelecer as relações entre a oferta e a demanda de uma sociedade.
De um lado estão as empresas que são as responsáveis pela produção de todos os bens e serviços que são colocados à disposição da economia. Nessa produção, estão incluídos bens de consumo, como alimentos e artigos de vestuário; os bens de capital como carros, eletrodomésticos e casas; e, mesmo os serviços que são prestados na sociedade, como aulas de economia, serviços de manutenção, música, etc. Enfim, as empresas ofertam para a sociedade todo o conjunto de bens e serviços que processam no interior de seus processos produtivos.
De outro lado, estão as famílias (consumidores) que participam ativamente do fluxo econômico. Como as famílias são formadas por seres humanos, o primeiro pré-requisito deste agente é que ele tem uma série de necessidades básicas que devem ser atendidas para que a vida aconteça. Por exemplo, as famílias precisam comer, vestir-se, transportar-se, etc. Assim sendo, vão demandar os bens e serviços que serão colocados no mercado econômico pelas empresas. Vejamos no esquema a seguir como acontece o fluxo de recursos entre empresas e famílias.
O fluxo circular da renda é assim chamado, pois o processo se inicia em um determinado ponto e retorna para ele, como podemos ver nos esquemas indicados por setas que vão e voltam para cada um dos elementos constituintes da vida econômica. Vamos entender como funciona a economia de uma maneira bastante intuitiva, pois apesar de ser uma representação gráfica, os elementos ai presentes são totalmente reais e as relações estabelecidas são a base do nosso sistema capitalista.
O fluxo se inicia quando os indivíduos procuram as empresas para trabalhar. A premissa é que qualquer indivíduo que participa da vida em sociedade possui um fator de produção a oferecer em troca de salários. Uns possuem terras, capital guardado em banco, máquinas, equipamentos. Outros não possuem nada disso, mas têm os seus braços e sua inteligência para oferecer. Munidos de qualquer um desses itens, que chamamos de fatores de produção (fatores que são empregados na produção para que ela aconteça), as famílias se direcionam para o mercado de fatores de produção para vendê-los para as empresas capitalistas (vide esquema). Portanto, as firmas compram o uso dos fatores de produção dos indivíduos, no mercado de fatores.
De posse dos fatores de produção, as firmas vão realizar uma série de atividade que vai culminar com a produção de todo o conjunto de bens e serviços que são ofertados para a sociedade. Repare que os dois agentes têm igual importância no fluxo: primeiro as famílias vendem seus talentos ou posses para as empresas; depois, dispondo de tecnologia apropriada, as empresas empregam esses fatores para produzir os bens e serviços que serão vendidos no mercado de bens e serviços.
Como dependem de itens que são oferecidos no mercado de bens e serviços para sobreviverem, as famílias que agora têm um salário, por sua participação no processo produtivo, passam a comprar esses bens e serviços. Esse esquema que começa e termina nas famílias representa o Fluxo Circular da Renda, elemento fundamental para se compreender o funcionamento de um determinado sistema econômico e compreender os conceitos de demanda e oferta.
DEFINIÇÃO DE DEMANDA
Oferta e demanda são duas expressões que nós, economistas, usamos com muita freqüência e que estão por traz de todos os fatos econômicos que acontecem no mercado econômico. Por trás de um vendedor, tem que existir antes um comprador, para que o negócio aconteça. Como define Mankiw (2005, p. 64) oferta e demanda são as forças que fazem as economias de mercado funcionar. São elas que determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual este será vendido. Se alguém quiser saber como a economia será afetada por essa crise financeira internacional, como esta que marcou a conjuntura econômica mundial em 2008, precisa antes entender os movimentos sobre a oferta e demanda da sociedade.
Assim, há que se esclarecer uma coisa: os conteúdos expostos nessa aula são uma sistematização dos principais manuais de economia que estão colocados nas referências bibliográficas do nosso curso. No caso dessa aula, não há como fugir do curso de explicar como se dá o equilíbrio de mercado. Dessa forma, precisaremos nos apoiar em conceitos que são, há muito, estudados e sistematizados pelos pensadores econômicos.
E para entender à lógica de funcionamento dos mercados e, por conseguinte, os conceitos de oferta e demanda, basta olhar o fluxo circular da renda que apresentamos na seção anterior. Os termos oferta e demanda se referem àquela lógica de comportamento dos agentes envolvidos na visa econômica de uma sociedade. É a interação entre famílias que aparecem para nós como os compradores e as empresas que ofertam bens e serviços que vai definir o conceito de demanda e oferta.
Vamos voltar ao fluxo: a idéia dele é que existe uma interação entre dois mercados (vide figura anterior), o de fatores de produção e o mercado de bens e serviços. Então o mercado aparece para nós, como o espaço (que hoje em dia pode ser até virtual) onde compradores e vendedores se relacionam objetivando maximizar a sua satisfação. De um lado, os compradores querem comprar o máximo possível ao menor preço e melhor qualidade; de outro, estão os vendedores, interessados em maximizar suas vendas para aumentar o lucro. Sem perceber, estamos falando de demanda e oferta a todo o momento.
A demanda ou procura é a quantidade de um bem qualquer (ou uma cesta deles) que os compradores desejam e podem comprar (alocação de sua renda). A quantidade demandada pelo consumidor é a quantidade de produto que ele vai procurar no mercado, de acordo com suas preferências, sua renda e outros fatores.
Dentre esses fatores está a qualidade dos bens necessitados, mas sobretudo, há um determinante que, no caso de nós consumidores é fundamental para que a compra efetivamente aconteça: o preço. Se você está com uma vontade tremenda de tomar um sorvete e ao passar em frente á uma sorveteria descobrir que cada bola de sorvete custa R$ 20,00, muito provavelmente, se você for um consumidor de classe média vai preferir abrir mão da vontade, em função do preço. Assim sendo, por incrível que pareça, nesse exemplo simplório, já definimos uma complexa relação econômica: quanto maior o preço de um bem ou serviço, tanto menor será a demanda (procura) por esse bem ou serviços. Dito conforme nós economistas gostamos de fazer, a quantidade demanda é negativamente relacionado com o preço.
Essa relação entre o preço e quantidade demandada da maioria dos bens é tão válida e aceita universalmente pela economia que nós economistas chamamos essa relação entre preço e procura de Lei da Demanda. Então, para complicar um pouco (como nós adoramos fazer), a formulação da lei da demanda fica assim enunciada: tudo mais permanecendo constante (coeteris paribus), quando o preço de um bem aumenta diminui; quando o preço do bem diminui, sua quantidade demanda aumenta.
Coeteris Paribus é uma expressão muito utilizada por nós, pois a economia como ciência também faz muitos testes antes de determinar uma lei de funcionamento econômico. Assim, essa
expressão significa, simplesmente, que todas as demais variáveis são tomadas como constantes para que se possa entender apenas o comportamento de determinada variável. Assim, dizemos que: coeteris paribus, a demanda de um bem é afetada unicamente pelo seu preço. Ou seja, estamos dizendo que, supondo inalterados a renda e os gostos ou preferências dos consumidores, sua demanda sofrerá influência em função da variação do preço do bem ou serviço em questão.
É por isso que quando analisamos o gráfico a seguir, que mostra a demanda de um produto qualquer, podemos perceber uma reta negativamente inclinada. No gráfico um dos eixos é a quantidade demandada e o outro é o preço. A reta indica que todo aumento no preço significa diminuição na quantidade demandada por esse produto. Vejamos o gráfico que evidencia a lei da demanda, conceito universalmente aceito por qualquer corrente do pensamento econômico.
Gráfico 1 - Lei de demanda
A interseção de P1 - Q1 representa o ponto de equilíbrio na demanda desse bem. Significa que: dada uma restrição orçamentária (isto é, dado seu nível de renda) ao preço 1, a sociedade aceita adquirir a quantidade 1. Esse é o ponto de equilíbrio da demanda.
A restrição orçamentária mencionada refere-se ao poder de compra dos consumidores. Esse gráfico foi uma simples esquematização de um bem qualquer, mas na vida real, nós consumidores temos muitos desses gráficos em nosso imaginário, pois para atender às nossas necessidades, precisamos de uma combinação de vários bens e serviços que são ofertados pelas empresas. A combinação desta cesta de bens vai depender de duas variáveis principais: do tamanho da minha restrição orçamentária (renda) e da minha preferência por qualquer tipo de bem ou serviço. Tendo um orçamento limitado, ou seja, um determinado nível de renda, o consumidor procurará distribuir esse seu orçamento (renda) entre os diversos bens e serviços de forma a alcançar a melhor combinação possível, ou seja, aquela que lhe trará maior nível de satisfação ou utilidade.
Ou seja, percebemos agora que a demanda não é só influenciada pelo preço. Existe uma série de variáveis que afetam direta ou indiretamente a procura pela composição da melhor cesta de bens por parte dos consumidores. A formulação econômica a esse respeito diz o seguinte: saindo da condição de coeteris paribus e analisando as relações do mundo real, cada consumidor busca alocar sua renda na aquisição de uma cesta de produtos (uma combinação de bens e serviços) de acordo com: o nível de sua renda, suas preferências (gosto), o preço do bem e de seus similares ou substitutos e de suas expectativas em relação ao comportamento da economia.
A idéia subjacente a essa formulação é a de que cada consumidor é um agente extremamente racional e sabe perfeitamente, dada a sua restrição orçamentária, isto é, sua renda, maximizar a aquisição de bens e serviços de acordo com a utilidade que esses bens e serviços vão atender na sua vida em sociedade. A análise de quão importante é cada uma dessas variáveis na determinação da demanda vai depender do perfil de consumidor que estamos analisando.
Assim sendo, tomando Antônio Erminio de Moraes (dono do grupo Votorantim) como referência, certamente as variáveis que vão mais influenciar no seu padrão de demanda serão as suas preferências e as expectativas em relação ao comportamento do mercado econômico, dado que sua restrição ao consumo é muito baixa. Assim analisando o perfil de consumidor do qual esse seu professor faz parte, as variáveis que mais afetam o nosso padrão de consumo são os preços dos bens e a existência ou não de substitutos.
Para esse perfil de consumidor existe uma dupla alternativa quando o preço de um bem sobe: ou ele troca de marca e passa a consumir produtos similares (como substituir o consumo de manteiga por margarina, quando o preço da primeira sobe, ou carne de primeira por carne se segunda na mesma situação) ou reduz o consumo, até que o preço desse produto volte a encaixar na sua restrição orçamentária.
Quanto mais baixo o padrão de vida (menor nível de renda), mais as demais variáveis como gosto e expectativas tendem a se tornar nulas na determinação da demanda, isto é, maior a relação entre a demanda e o preço do bem. Quanto maior o padrão de vida maior importância é conferida à preferência de um bem que maximize o prazer daquele que o adquire, em detrimento do nível de preço que acaba assumindo importância menor.
DEFINIÇÃO DE OFERTA
Vamos agora analisar o que acontece do lado dos produtores, ou seja, das empresas que produzem e vendem os diversos tipos de bens no mercado. A definição é similar à da demanda com a mudança de uma palavra, senão vejamos: a quantidade ofertada de um bem ou serviço é a quantidade que os vendedores querem e podem vender.
E olha que coisa interessante é análise econômica! A oferta do bem depende basicamente do próprio preço deste bem. Admitindo-se a hipótese coeteris paribus, podemos afirmar que quanto maior for o preço do bem, mais interessante será produzi-lo e, portanto, a oferta é maior. Ou seja, a análise entre oferta e demanda é bastante parecida, só mudando o foco dos compradores (caso da demanda) para os produtores (que são responsáveis pela oferta de bens e serviços no mercado econômico).
Relacionando a quantidade ofertada de um bem com seu preço, obteremos, portanto a curva de oferta, ilustrando uma relação crescente entre preços e quantidades:
Gráfico 2 - Curva de oferta
Reparou que apesar de parecida com a curva da demanda, no caso da oferta a curva é positivamente inclinada? É que nesse caso, estamos analisando a ótica de um produtor. Assim sendo, quanto maior o preço de mercado, maior será a possibilidade de lucro desses produtos e assim mais ele vai querer ofertar. Aumentos nos preços provocam maior interesse em oferecer produtos para a sociedade, pois aumenta a expectativa de lucros dos empresários
Com isso, podemos também definir a Lei da Oferta, aceita universalmente por toda a corrente do pensamento econômico e traduzida no seguinte enunciado: com tudo mais mantido constante (coeteris paribus), quando o preço de um bem aumenta, a quantidade ofertada desse bem também aumenta; quando o preço de um bem cai, a quantidade ofertada desse bem também cai.
Como já entendemos que a lógica de funcionamento é a mesma, só invertendo os papeis, podemos passar logo para entender quais são os fatores que afetam a oferta, no mundo real, isto é, quando as demais variáveis não são tidas como constantes.
Como a oferta está condicionada ao produtor, as variáveis são menos subjetivas, como no caso do consumidor em que, por exemplo, os gostos podem interferir na demanda. No caso do produtor, o nível de oferta vai depender: do preço do bem que ele se propõe a produzir; do preço dos demais bens e serviços produzidos por outros produtores; do custo de produção (insumos e mão-de-obra); do nível de tecnologia e capital que o produtor dispõe; do número de vendedores concorrentes; e das expectativas em relação ao comportamento da economia.
Assim, o número de variáveis que interfere, direta ou indiretamente, na oferta é muito maior e pode excluir muitos pretensos vendedores do mercado. Se por exemplo, o número de vendedores de um determinado produto for muito grande, eles terão que oferecer o mesmo produto com preços diferenciados. A depender do custo de produção e da escala de vendas, pode acontecer que determinados produtores tenham que ofertar a um preço mais alto. Certamente, o consumidor vai preferir aqueles produtos com preços mais baixos, obrigando o ofertante a baixar o preço ou a sair desse mercado.
Em outra análise, o preço das demais mercadorias também influencia na produção de um determinado bem qualquer. Suponha um fabricante de derivados de açúcar que produz x quantidades de chocolates e yquantidades de sorvetes. Se o preço do sorvete no mercado econômico for mais alto do que o chocolate, esse fabricante, na busca de maximização dos lucros, vai direcionar sua fábrica para fazer mais sorvete e menos
chocolate, pois as expectativas de lucros serão maiores no mercado do sorvete do que no de chocolate. A mesma formulação, agora dita no vocábulo do economista diz que: se os preços dos demais bens subirem e o preço de um bem x qualquer permanecer idêntico, sua produção tornar-se-á menos atraente em relação à produção dos outros bens, conseqüentemente diminuindo sua oferta.
Se sobre os consumidores impera uma lei da racionalidade para maximização da sua satisfação, dada sua restrição orçamentária, os produtores maximizam sua utilidade, intensificando a produção daqueles bens e serviços que tem vantagens comparativas aos demais produtores da sociedade, isto é: vai aumentar a oferta quanto maior o preço de mercado e menor o seu custo de produção.
Essa lógica funciona para todo o entendimento das relações econômicas. Se um agricultor acreditar que o preço da soja vai estar elevado em 2009, aumenta o plantio já em 2008. Caso contrário, substitui a sua produção por de outro produto mais rentável, até que o preço volte a aumentar e estimular a sua produção.
A lógica do consumidor é maximização de satisfação ao menor preço de mercado; o do produtor é maximizar o seu lucro ao maior preço de mercado.
O EQUILÍBRIO DE MERCADO
A aula já teria acabado se os ofertantes e demandantes não interagissem em um mesmo ambiente econômico, o mercado. Assim sendo, precisamos entender agora que já conhecemos o comportamento da oferta e demanda, como se dá o equilíbrio entre esses dois agentes que têm a mesma lógica de atuação, mas objetivos completamente diferentes.
Em economia, a palavra equilíbrio define uma situação em que diversas forças estão em igualdade. Trazendo essa definição para nosso estudo do mercado econômico, o equilíbrio ocorreria em uma situação em que a determinado preço, a quantidade de um bem que os compradores desejam e podem comprar é exatamente igual à quantidade que os vendedores desejam e podem vender. Nesse caso, o mercado está satisfeito e maximizado: os compradores compram tudo o que desejam e os vendedores maximizam seus lucros. O gráfico a seguir mostra a interação entre as forças de oferta e demanda.
Gráfico 3 - Interação entre as forças de oferta e demanda
Observe a interseção das curvas no ponto E, pois este é o único ponto em que o mercado está em equilíbrio. Nele, consumidores e vendedores conseguem maximizar a sua função utilidade. Uma vez que o mercado atinja o seu equilíbrio, todos os compradores e vendedores ficam satisfeitos e não há pressão nem para cima nem para baixo dos preços. Analisado o ponto de equilíbrio, vejamos agora os casos em que não equilíbrio entre oferta e demanda. Isso também pode ser visualizado nesse mesmo gráfico.
Para qualquer preço superior a P1, a quantidade que os ofertantes desejam vender é maior que aquela que os consumidores desejam comprar. Em linguagem técnica, dizemos que existe excesso de oferta. De outra parte, para qualquer preço inferior a P1, surgirá excesso de demanda. Em qualquer dessas situações não existe equilíbrio pela incompatibilidade de desejos entre os agentes econômicos. Vejamos o que acontece em cada uma dessas situações.
Quando existe excesso de demanda: já sabemos que se existe um excesso de demandantes no mercado por um produto é porque o preço desse bem está compatível com a restrição orçamentária de toda a sociedade. Nesse caso, os consumidores estão dispostos a pagar mais de suas receitas para conseguirem quantidades adicionais de determinado produto. A conseqüência imediata é que os vendedores percebendo essa situação passam a fabricar mais desse produto de modo a suprir o excesso de demanda e trazer a economia de volta para o equilíbrio. Se não for possível produzir quantidades extras do produto que atendam à demanda da sociedade, a conseqüência natural é que os produtores subam o preço do produto, de forma a restringir o consumo e trazer de volta a economia ao equilíbrio.
Quando existe excesso de oferta: nesse caso diversos produtores ofertaram produtos no mercado e a resposta do público foi uma retração no consumo. Isso indica que pela maior concorrência e pela grande quantidade de produtos no mercado, os preços dessa mercadoria deverão cair, de modo a sugerir um aumento no consumo. Suponha que você vá ao mercado para comprar um saco de pão e perceba que a lata de leite saiu de R$ 5,00 para R$ 1,99. Mesmo que não precise naquele momento, como você precisará de leite no futuro, impulsionado pela queda no preço aumenta a demanda de leite. Assim sendo, o ajustamento do equilíbrio no caso de um excesso de oferta se dá pela queda no preço que estimula o consumo e fazendo a economia voltar para o equilíbrio de mercado.
ESTRUTURAS DE MERCADO
Infelizmente ainda não podemos encerrar essa aula, pois embora já saibamos de muitos elementos que caracterizem a oferta e demanda de mercado, o equilíbrio a que nos referimos na seção passada vai depender justamente do tipo de mercado em que as relações econômicas acontecem. Se só existisse uma situação em que compradores e vendedores pudessem ajustar a produção e preço de equilíbrio, a própria lei da oferta ou da demanda se encarregaria de colocar a economia no nível de equilíbrio. Entretanto, a depender do número de ofertantes, o mercado pode ser mais ou menos competitivo. E quanto menos competitivo, maior a dificuldade para chegar ao equilíbrio.
Os mercados assumem diferentes formas. Às vezes são altamente organizados, tais como os mercados de produtos agrícolas. Neles, compradores e vendedores se encontram em lugares e horários determinados. Os preços quase todos são conhecidos e as vendas são organizadas nas feiras. Mas, existem também mercados completamente desorganizados, onde os compradores estão em diferentes pontos do mundo e os vendedores oferecem seus produtos diferenciados. Cada vendedor estabelece o seu preço e cada comprador escolhe onde comprar
Cada estrutura de mercado se destaca pela interação entre a oferta e a demanda, e se diferencia uma da outra pela observância de uma ou de todas as características observadas em mercados existentes, tais como: a quantidade e o tamanho das empresas; o grau de diferenciação dos produtos; o grau de transparência do mercado; a possibilidade da entrada de novas empresas, etc. Assim, os mercados podem ser mais competitivos (concorrência perfeita) ou menos competitivos (oligopólio e monopólio).
Um mercado competitivo é aquele em que há muitos compradores e muitos vendedores, de modo que cada um deles, individualmente, tem impacto insignificante sobre o preço de mercado. Cada vendedor tem um controle limitado sobre o preço porque os outros produtores oferecem produtos similares. Nesse mercado, um vendedor não tem motivos para realizar promoções e se cobrar mais caro, os compradores vão fazer suas compras em outro lugar. Da mesma forma, comprador algum pode influenciar os preços de mercado, porque cada um deles compra uma pequena quantidade em relação ao total comercializado no mercado. Nesse caso, estamos diante de um mercado perfeitamente competitivo ou em concorrência perfeita.
O mercado em concorrência perfeita é estudado por muitos economistas, dentro da idéia do que seria uma estrutura ideal de funcionamento para beneficiar, sobretudo, a classe de consumidores. Mankiw (2005, p.64) define as seguintes características de uma estrutura de concorrência perfeita:
existe grande número de compradores e vendedores; o
os produtos são homogêneos, isto é, são substitutos perfeitos entre si;
existe informação completa sobre o preço do produto (e todo mundo sabe onde é mais barato comprar e vender);
a entrada e a saída das firmas no mercado é livre, não havendo barreiras para quem quiser participar (compradores e vendedores);
os compradores e vendedores precisam aceitar o preço de equilíbrio do mercado, por isso ambos são tomadores de preço. O mercado determina e eles assumem.
Além disso, esse mercado de concorrência perfeita assume a idéia de que firmas que apresentarem custos de produção superiores àquele que é imposto pelo mercado
fecharão suas portas. Do mesmo modo, se um mercado apresentar elevados ganhos para suas empresas, essa situação vai atrair novas firmas para esse mercado e eventuais ganhos adicionais tendem a desaparecer. De modo que a economia nunca sai do equilíbrio, onde a oferta é exatamente igual a demanda.
Há mercados em que o conceito competição perfeita se aplica perfeitamente. Isso acontece normalmente nos mercados agrícolas. No mercado produtor de mandioca, que é um produto com baixa capacidade de exportação para exterior, há milhares de agricultores que vendem mandioca e outros tantos consumidores que a utilizam como subsistência. Como não há um comprador ou vendedor específico que seja capaz de influenciar o preço da mandioca, cada um deles aceita o preço como dado.
Mas nem todos os bens e serviços são negociados em mercados plenamente competitivos. Alguns mercados têm um só vendedor, que é quem determina o preço. Um mercado nessas condições é chamado de monopólio. Em alguns casos, o monopólio pode acontecer porque a entrada de mais firmas encareceria demais, para os consumidores, os preços das mercadorias.
Assim, por exemplo, o transporte ferroviário. Imagine se houvesse duas firmas que ofertasse esse serviço. Cada uma teria que construir sua própria via férrea e isso terminaria por encarecer os serviços para toda a sociedade. Nesses casos, em que a entrada de mais concorrentes encarece o preço dos bens ou serviços produzidos por uma economia, dizemos que existe um monopólio natural.
Assim, as características de um monopólio são completamente diferentes da concorrência perfeita. Neste caso, basta negar as características contempladas na concorrência perfeita que entenderemos bem a ocorrência de um monopólio. No monopólio, o setor é a própria firma, porque existe um só produtor que realiza toda a produção. Dessa forma, a oferta da firma é a oferta da economia. Negando as demais características da concorrência perfeita chegamos ao pleno entendimento de monopólio, senão vejamos:
o setor é constituído de uma única firma;
existem barreiras à entrada de novas firmas;
a firma produz um produto para o qual não existe substituto próximo;
existe concorrência entre os consumidores;
a firma não é “tomadora”, mas sim “formadora do preço de mercado”.
Alguns mercados ficam entre o extremo da concorrência perfeita e do monopólio. Um mercado nessas condições é chamado de oligopólio e é caracterizado por ser o meio termo entre uma e outra estrutura de mercado. Um oligopólio tem um pequeno número de empresas produzindo ou uma grande quantidade de empresas, mas apenas as maiores dominam a maior parte do mercado. Suas características o aproximam mais de um monopólio do que da concorrência imperfeita, mas os empresários nesse mercado não têm tanto poder de mercado como os monopolistas.
Segundo Vasconselos (2006, p. 78) as estruturas oligopólicas, das quais o mercado aéreo brasileiro faz parte têm as seguintes características:
existência de empresas dominantes, com poder de influência e, portanto, de fixação do preço de mercado;
os consumidores têm baixo poder de reação às variações do preço;
existem barreiras à entrada de novas firmas no mercado;
os lucros extraordinários persistem no longo prazo, como conseqüência das barreiras à entrada de novas firmas.
Outra estrutura de mercado que está entre a concorrência perfeita e o monopólio é a concorrência imperfeita. Tal como oligopólio, esta estrutura está no meio termo, mas diferente do oligopólio que pende mais para as características do monopólio, no caso da concorrência imperfeita (também chamada de concorrência monopolística), as características são um pouco mais parecidas com os da concorrência perfeita.
De modo semelhante à concorrência perfeita, a concorrência monopolística (ou competição imperfeita) apresenta um elevado número de empresas; todavia, a grande diferença entre os dois modelos é que na concorrência monopolística, as empresas produzem produtos ligeiramente diferenciados, embora substitutos próximos (isto é, existe diferença na forma e na qualidade de empresa para empresa, de marca para marca). Por isso, esta estrutura é mais próxima da realidade que a concorrência perfeita, na qual se supõe um produto homogêneo, produzido por todas as empresas (aqui se supõe que não há diferenças na qualidade entre os produtos).
A existência de substitutos próximos confere aos consumidores muitas alternativas para reagirem a eventuais aumentos de preços. Outra característica da concorrência monopolística que a aproxima da concorrência perfeita é o fato de que não existem barreiras à entrada de novas firmas no mercado. Isso significa que, diferentemente dos sistemas de monopólio e oligopólio onde os lucros tendem a ser potencializados, na concorrência imperfeita, pelo menos a longo prazo, há uma tendência de lucros normais, isto é, mais repartidos entro todas as firmas que participam do sistema econômico.
Por fim é importante destacar ainda existem outras estruturas de mercado como o monopsônio onde existem muitos vendedores, mas um único comprador que pode definir o preço de compra e a qualidade esperada.
As estruturas de mercado mais conhecidas podem ser sistematizadas da seguinte forma, conforme indica Vasconselos (2006, p.85):
	Estrutura de Mercado
	Quantidade de Firmas
	Produto
	Barreiras à entrada
	Concorrência Perfeita
	Infinita
	Homogêneo
	Não existem
	Monopólio
	Uma única firma
	Sem substitutos próximos
	Existem
	Concorrência Monopolística (Imperfeita)
	Grande número de firmas
	Diferenciado
	Não existem
	Oligopólio
	Poucas firmas dominam o mercado
	Homogêneo ou Diferenciado
	Existem
As estruturas de mercados, dessa forma, impõem condicionantes para o equilíbrio das forças de mercado entra a lei da demanda e a lei da oferta. Quanto mais competitiva é uma estrutura de mercado, maior o poder da demanda e dos consumidores; quanto mais concentrado, maior o poder dos empresários.
SÍNTESE
Essa aula foi de extrema importância para entendermos um conjunto de relações econômicas que podem ser modificadas ou potencializadas pela conjuntura econômica. Aqui, conhecemos os conceitos e o comportamento das variáveis oferta e demanda.
De um lado estão os vendedores que querem aumentar preços para maximizar suas receitas e seus lucros. De outro estão os compradores que fazem parte das famílias de consumidores. Estes participam do mercado cedendo seus fatores de produção para as empresas e por isso têm direito a uma determinada renda que os condiciona a participar diretamente do fluxo circular da economia. Seu papel é maximizar a sua satisfação através de uma cesta de produtos que atendam às suas necessidades.
No jogo entre ofertantes e demandantes é a estrutura de mercado que vai definir o ponto de equilíbrio, situação em que tanto as empresas como os consumidores estão satisfeitos com os níveis de preços e quantidades transacionadas no mercado econômico.
QUESTÃO PARA REFLEXÃO
Em que sentido a estrutura de um mercado pode interferir no equilíbrio entre a oferta e a demanda?

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