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* *AULA 2 DIREITO CIVIL II Profa. Dra. Edna Raquel Hogemann AULA 17 * *AULA 2 EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES - PAGAMENTO AULA 17 * *AULA 2 CONTEÚDO DE NOSSA AULA EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES - PAGAMENTO 1. Pagamento – generalidades: e) Prova, lugar e tempo de pagamento. f) Pagamento antecipado. g) Pagamento em moeda estrangeira. * *AULA 2 Uma vez solvido o débito, surge o direito do devedor receber do credor um elemento que prove que o pagou, que é a quitação regular; de reter o pagamento enquanto esta não lhe for dada, ou de consignar em pagamento, ante a recusa do credor em dar a quitação, citando o credor para esse fim, de forma que o devedor ficará quitado pela sentença que condenar o credor. * *AULA 2 Como se prova o pagamento? Com o recibo/quitação. Quitação vem do latim “quietare”, que significa aquietar, acalmar, tranqüilizar. Quitação é o documento escrito em que o credor reconhece ter recebido o pagamento e exonera o devedor da obrigação. * *AULA 2 A quitação tem vários requisitos no art. 320, mas em muitos casos da vida prática a quitação é informal/verbal e decorre dos costumes (ex: compra e venda em banca de revista/bombom). Mas, se o credor não quiser fazer a quitação, o devedor poderá não pagar (art. 319). * *AULA 2 Mas pagar não é só uma obrigação do devedor, pagar é também um direito, pois o devedor tem o direito de ficar livre das suas obrigações, é até um alívio para muita gente pagar seus débitos. Assim, o devedor pode consignar/depositar o pagamento se o credor não quiser dar a quitação, e o Juiz fará a quitação no lugar do credor. Veremos em breve pagamento em consignação. * *AULA 2 Espécies de quitação: 1) pela entrega do recibo, é a mais comum; 2) pela devolução do título de crédito (art. 324), assunto que vocês vão estudar em Direito Empresarial/Comercial. * *AULA 2 Pagamento feito ao credor incapaz Se o pagamento foi feito ao absolutamente incapaz, o ato de quitar é nulo de pleno direito. Sendo feito ao relativamente incapaz pode ser confirmado pelo representante legal. A quitação implica em capacidade e sem ela o pagamento não vale. * *AULA 2 A incapacidade inibe o agente para os atos da vida civil. No entanto, a lei usa o termo cientemente (Art. 310), em situações em devedor tem pleno conhecimento da incapacidade do credor, devendo, pois, realizar o pagamento ao seu representante legal. Valerá o pagamento, todavia, se o que paga não tinha conhecimento dessa incapacidade. * *AULA 2 O artigo 310 refere-se ao incapaz, mas não especifica, então, devemos reputar que se trata do relativamente incapaz, pois os atos praticados pelo absolutamente incapaz já são nulos. Como o legislador não especificou já há jurisprudência que considera válido o pagamento efetuado ao absolutamente incapaz, desde que revertido em beneficio do mesmo, podendo este no presente caso, ser responsabilizado. * *AULA 2 Pagamento efetuado ao credor cujo crédito foi penhorado O Art. 312 dispõe “que: “Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o credor”. Este artigo diz que mesmo que o pagamento seja feito ao verdadeiro credor, não terá validade e nem liberará o devedor. * *AULA 2 Isto porque se a penhora recai sobre um crédito, o devedor é notificado a não efetuar o pagamento para o credor, mas deverá depositar em juízo o valor devido. Se o devedor efetuar o pagamento ao credor, este não vale contra o exeqüente ou o embargante, que poderão obrigá-lo a pagar novamente (ficando assegurado o direito de regresso contra o credor). Neste caso, para que o devedor se exonere da dívida deve depositar em juízo a quantia devida, pois isso evitar burla as garantias dos credores. * *AULA 2 Havendo impugnação feitas por terceiros, para efeitos legais, a lei equipara à ciência da penhora. O modo previsto em lei para manifestação da oposição é o protesto ou notificação, (na forma dos Artigos 867 e ss do CPC) que notifica o devedor para sobrestar o pagamento direto ao credor, devendo efetuar em juízo o depósito da importância devida. * *AULA 2 Em qualquer das hipóteses, penhora ou impugnação, se o devedor efetuar o pagamento poderá ser constrangido a pagar novamente. * *AULA 2 Ônus da prova: quem deve provar que houve pagamento? Se a obrigação é positiva, ou seja, de dar e de fazer, o ônus da prova é do devedor, assim se você é devedor, guarde bem seu recibo. Se a obrigação é negativa o ônus da prova é do credor, cabe ao credor provar que o devedor descumpriu o dever de abstenção, pois não é razoável exigir que o devedor prove que se omitiu, e mais fácil exigir que o credor prove que o devedor deixou de se omitir, fazendo o que não podia, descumprindo aquela obrigação negativa. * *AULA 2 Lugar: onde o pagamento deve ser feito? No local de livre escolha das partes, afinal no Direito Civil predomina a autonomia da vontade (art. 78). Se o contrato/sentença for omisso, o lugar do pagamento será no domicílio do devedor (art. 327 e pú). Tratando-se de imóvel, o local da coisa determina o lugar do pagamento (art. 328). * *AULA 2 A doutrina classifica as dívidas em quesível (querable) e portável (portable): nesta, cabe ao devedor ir pagar no domicílio do credor, sob pena de juros e multa ( = mora, art. 395). Já na dívida querable cabe ao credor ir exigir o pagamento no domicílio do devedor, a iniciativa é do credor, sob pena de mora do credor (arts. 394, 400, bom, veremos mora mais adiante). * *AULA 2 Tempo do pagamento O momento em que se pode reclamar a dívida designa-se vencimento; se há determinação negocial a respeito, sendo que as partes estipularam data para o cumprimento da dívida, esta deverá ser paga no seu vencimento, sob pena de incorrer em mora e em suas consequências; se a omissão do vencimento, isto é, se as partes não ajustaram data para o pagamento, o credor poderá exigi-lo imediatamente. * *AULA 2 No vencimento previsto no título, e se não houver vencimento é porque o credor pode exigir o pagamento imediatamente. É a chamada satisfação imediata do art. 331. Mas deve-se sempre tolerar um prazo moral, que é aquele prazo razoável, do bom-senso, para dar ao devedor um tempo mínimo de se organizar, sacar o dinheiro no banco, esperar a mercadoria chegar do exterior, etc. * *AULA 2 O vencimento é uma data que favorece o devedor, então o devedor pode pagar antes do vencimento, mas o credor só pode exigir a partir do vencimento, sob as penas do 939. A lei todavia permite, excepcionalmente, cobrança antes do vencimento caso o devedor esteja em dificuldade financeira, nos casos do art. 333. * *AULA 2 CORREÇÃO DOS EXERCÍCIOS * *AULA 2 CASO CONCRETO 1 Salim Rockfeller milionário solteirão, fez fortuna como empresário do setor de seguros. Seu único parente conhecido é Bernardinho, filho de seu meio-irmão, já falecido. Ao saber do falecimento do tio num acidente automobilístico, Bernardinho tratou de dar entrada em seu inventário para poder botar a mão na grana do velho tio. Do mesmo modo, Sr. João de Deus que devia grande quantia em dinheiro ao falecido Sr. Salim, procurou o sobrinho deste e promoveu o imediato pagamento. Algum tempo aberto o testamento do falecido, descobriu-se que o “de cujus”, em disposição de última vontade, nomeou outra pessoa, seu fiel mordomo Charles, como seu herdeiro testamentário. Após a leitura, responda: * *AULA 2 Por haver pago indevidamente a Bernardinho, Sr. João de Deus está em débito junto ao herdeiro testamentário, mordomo Charles? Por quê? Gabarito sugerido – Não, pois a boa-fé valida os atos, que em princípio, seriam nulos. E o verdadeiro credor, Charles, que não recebeu o pagamento, pode voltar-se contra o credor putativo, que recebeu indevidamente, embora de boa-fé, pois o devedor/solvens nada mais deve. b) Por que Bernardinho é um credor putativo? Gabarito sugerido - Credor putativo é aquele que, aos olhos de todos passa pelo verdadeiro credor * *AULA 2 CASO CONCRETO 2 É importante observar a quem se deve pagar na hora de efetuar o pagamento, pois “quem paga mal, paga duas vezes.” Estas foram as palavras de Marcelo Cantareira ao seu vizinho José Honório quando este alegou em Juízo que já havia quitado a dívida que tinha junto a Marcelo, tendo entregue o dinheiro a Marcelinho Cantareira Jr., conhecido como Juninho e filho do requerente. Ocorre que Juninho depositou o dinheiro na conta bancária do pai e o advogado de José Honório apresentou em Juízo o recibo do depósito como prova do pagamento. * *AULA 2 a) Diante desta situação, você, como juiz dessa causa, o que decidiria? Gabarito sugerido – Como juiz decidiria que quem paga mal nem sempre paga duas vezes, isto porque de acordo com a segunda parte do artigo 308 do CC, considera válido o pagamento que foi efetuado a terceiro se o pagamento reverter em seu favor. Nesse caso, há prova do depósito do valor na conta corrente do requerente. B) Quais as consequências o caso do credor ratificar o pagamento? Gabarito sugerido - A ratificação do credor retroage ao dia do pagamento e produz todos os efeitos do mandato. * *AULA 2 E se o recibo do depósito não fosse apresentado? Gabarito sugerido - Teria que apresentar qualquer outra prova ou pagar novamente. Porque o solvens tem o ônus de provar que o pagamento reverteu em proveito do credor, mesmo tendo sido efetuado a terceiro não qualificado. Isto porque a lei condiciona a validade do pagamento realizado ao terceiro não qualificado, à verificação de que foi revertido em benefício do credor. * *AULA 2 QUESTÃO OBJETIVA Com relação ao pagamento, analise as afirmativas a seguir. I. Terceiros não interessados podem pagar a dívida em seu próprio nome, desde que esteja vencida. II. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, a não ser que seja substancialmente mais valiosa. III. O pagamento cientemente feito a credor incapaz de quitar não vale, a não ser que o devedor prove que o pagamento efetivamente reverteu em benefício do credor. Assinale: (A) se todas as afirmativas estiverem corretas. (B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (C) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (E) se somente a afirmativa III estiver correta. * *AULA 2 Gabarito sugerido – Alternativa D. Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor. Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu. Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa. * *AULA 2 Por hoje é só! Não esqueça de ler o material didático para a próxima aula e de fazer os exercícios que estão na webaula. *